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Material_Problema e projeto

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Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação em Educação – Doutorado
Disciplina: Abordagens e Técnicas de Pesquisa (Edc 557)
Professores: Robinson Tenório e Roberto Sidnei Macedo
Aluna: Adriane Halmann (adriane_halmann@yahoo.com.br)
Salvador, julho de 2008.
ATIVIDADE: 
Ensaio teórico individual sobre o tema: 
Situação problema e problema de pesquisa na pesquisa social
Abordagem: 
Articulação do problema 
com a construção do projeto como um todo
O estabelecimento e a clarificação da problemática e do problema é 
fundamental para definir e guiar as operações posteriores. Um problema de 
pesquisa bem delimitado contribui de forma significativa na construção dos objetivos, 
objetivos específicos, hipóteses (quando couberem), bem como as ações de 
pesquisa que serão demandadas para contemplar a pesquisa do objeto proposto. 
Dessa forma, a formulação da pergunta de pesquisa passa por um processo de 
construção-reconstrução durante toda a elaboração do projeto, de maneira que o 
pesquisador retorna para a elaboração das etapas subseqüentes e reformula-a 
sempre que ela demonstrar que não é significativa, clara ou exeqüível. 
Para tanto, serão abordadas neste ensaio as relações da problemática e do 
problema de pesquisa com a constituição do tema, dos objetivos, as hipóteses, a 
revisão de literatura e o conjunto de ações de pesquisa demandadas pelo problema 
de pesquisa. Vale ressaltar que este ensaio não pretende englobar todas as 
características de cada uma destas etapas da elaboração do projeto, e sim ressaltar 
a problemática e o problema de pesquisa como um ponto de ancoragem para a 
construção do projeto como um todo, onde todas as partes se relacionam e o 
problema de pesquisa se estabelece como um guia. 
1. A situação problemática e o problema como ponto inicial e 
permanente da pesquisa
Primeiramente é necessário localizar este estudo, pois estamos falando 
especificamente das 'ciências do homem' ou 'ciências sociais', em pesquisas 
fundamentais1. Isto implica em uma atitude do pesquisador e uma abordagem 
metodológica específica. Embora as abordagens qualitativas e quantitativas se 
complementem (GATTI, 2006, 25-35; LORENZO, 2006), é notória a posição dos 
pesquisadores desta área, mais especificamente da educação, no sentido de 
procurar lacunas no conhecimento atual, considerando-o como contextual, histórico 
e produzido pelos sujeitos. Esta é uma postura um pouco diferenciada da adotada 
nas ciências exatas, onde idéias vagas e imprecisas, por muito tempo, foram 
afastadas dos campos de pesquisa.
Segundo Moles e Rohmer (1995,15), viver é se confrontar com coisas vagas.
A palavra “ciência” significa conhecimento das formas regulares que se 
apresentam ao espírito e portanto que ela não se confina às ciências 
“convencionais” por serem exatas, que existe aí um desvio, certamente 
proveitoso em um certo momento do pensamento, mas desvio assim 
mesmo, do espírito humano que se afastou de um grande número de 
fenômenos porque eram vagos e portanto difíceis de manipular com os 
instrumentos de que dispunha. Era mais simples, mais rentável, mais 
confortável concentrar seu esforço sobre as ciências da natureza cujos 
objetos são pouco dependente do homem ou, em todo caso, assim 
pareciam ser até o nascimento da microfísica, na qual “a noção de uma 
realidade independente do observador surgiu como desprovida de 
sentido”(d'Espagnat). (MOLES; ROHMER, 1995, 17-18)
Para as 'ciências do homem', a pesquisa surge de um contexto, onde o 
observador/pesquisador atua (muitas vezes interferindo nele) e confere sentido a 
partir de sua óptica. Segundo Richardson (1989, 15) a investigação é um produto 
humano, e seus produtores são sempre falíveis. Dessa forma, os produtos das 
ciências sociais não serão acabados, pois os seres humanos, que constroem os 
contextos, não o são, estão em constante processo de reconstrução. É necessário 
um olhar sensível para identificar os pontos problemáticos que se fazem na relação 
entre as pessoas, no dito e no não dito, no aparente e nos múltiplos ocultos junto 
deste. 
1 Laville e Dionne (1999, 84-85) conceituam as pesquisas como fundamenais ou aplicadas. Enquanto as 
pesquisas fundamentais tem como motivação preencher uma lacuna para melhor conhecer e compreender, as 
pesquisas aplicadas visam contribuir para resolver um problema.
Richardon (1989, 19) também coloca que “o método científico pode ser 
considerado algo como um telescópio; diferentes lentes, aberturas distâncias 
produzirão formas diversas de ver a natureza”. Assim, o ato de pesquisar constitui-
se em um constante ir-e-vir, onde o pesquisador aproxima-se do contexto, visualiza 
suas lacunas e elabora um problema de pesquisa para investigá-las. Este problema 
de pesquisa se desdobra nos objetivos gerais e específicos, demanda uma busca 
por referenciais, pede abordagens específicas e um respectivo tratamento adequado 
das informações para alcançar a investigação desejada. Porém, este não é um 
processo linear, pois a elaboração de cada etapa da pesquisa pode mostrar 
aspectos mais significativos do contexto a ser analisados, incongruências da 
proposta, inexeqüibilidade ou falta de clareza. 
Além da percepção do pesquisador sobre o contexto que se propôs a estudar, 
existem também as alterações no próprio contexto durante a pesquisa. Vejamos este 
exemplo de Richardson:
Por exemplo, ao realizarmos uma pesquisa sobre a influência de certos 
procedimentos de ensino utilizados em sala de aula sobre resultados 
alcançados pelos alunos (produtos de aprendizagem), podemos perceber 
durante o seu processo de execução que as atitudes do aluno em termos de 
interesses, valores, apreciações etc. (domínio afetivo) têm, também, peso 
sobre os produtos de aprendizagem. Nesse sentido, faz-se necessário um 
retorno ao referencial teórico para um acréscimo quanto à relação do 
domínio afetivo com o domínio cognitivo. (RICHARDSON, 1989, 22).
Segundo a minha opinião, não trata-se apenas de um acréscimo, mas sim de 
uma reconstrução em todo o procedimento do pesquisador pois, uma vez notada 
esta nova variável importante, que interfere nas conclusões do pesquisador, é 
plausível que este revisite sua proposta para investigar seu objeto como um todo. 
Isto não significa, porém, que o pesquisador transite sem rumo, aberto a todas as 
abordagens de mundo possíveis. 
Estes aspectos fazem da situação problemática e, mais especificamente, do 
problema de pesquisa, um ponto de ancoragem para o pesquisador no processo de 
elaboração do projeto de pesquisa, bem como na execução da mesma. Sempre que 
houverem novos aspectos ou novas compreensões do pesquisador sobre seu 
objeto/contexto de pesquisa, são razoáveis as devidas alterações no plano de 
atuação e nos quadros referenciais. Serão inúmeras pistas que aparecerão no 
caminho e, se o pesquisador não tiver a devida clareza, acabará seguindo pistas 
equivocadas ou perder tempo. O problema de pesquisa (que também é passível de 
alterações ao longo do processo) bem delimitado pode contribuir nas devidas 
amarrações dentro do projeto para que ele tenha coerência e sirva, efetivamente, 
como um “roteiro” das itinerâncias do pesquisador para alcançar seus objetivos.
2. O problema, a problemática e o tema conduzem a uma pesquisa 
pertinente?
A delimitação do problema de pesquisa e do tema são processos muito 
imbricados,que merecem uma atenção especial. Como já foi colocado 
anteriormente, é provável que o pesquisador retorne para uma nova delimitação 
(ajustes) do problema e do tema ao longo da elaboração do projeto ou mesmo da 
execução da pesquisa. Porém, o pesquisador pode lançar uma atenção especial 
para alguns aspectos que vão ajudá-lo em uma melhor delimitação do problema e 
do tema de pesquisa, o que lhe poupará tempo no futuro.
Segundo Laville e Dionne (1999, 85) a pesquisa parte de um problema e se 
inscreve em uma problemática. Devemos, portanto, entender que o problema, para 
ser considerado como tal, deve ser “resolvível”, ou seja, deve indicar dados a serem 
procurados, além de fundamentar-se em teorias ou aspectos concretos e não em 
crenças infundadas. Para ser um problema de pesquisa, ele deve, como tal, solicitar 
uma ação de pesquisa, ou seja, não é resolvível pela intuição ou senso comum. 
Deve estar notória, ao pesquisador, a necessidade de buscar informações 
suplementares para “cercá-lo, compreendê-lo, resolvê-lo ou eventualmente contribuir 
para a sua resolução”(LAVILLE; DIONNE, 1999, 88). O problema é uma questão que 
merece ser questionada, examinada mais de perto, com substancial relevância para 
um determinado grupo de pessoas ou fenômenos.2
Já a problemática é o quadro geral onde se situa a percepção de um problema 
(LAVILLE; DIONNE, 1999, 98). Quivy e Champenhoudt conceituam a problemática 
como sendo
a abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adoptar para tratarmos 
o problema formulado pela pergunta de partida. É uma maneira de 
interrogar os fenómenos estudados. Constitui uma etapa-charneira da 
investigação, entre a ruptura e a construção. (QUIVY; CHAMPENHOUDT, 
1998, 89)
2 Dentro da proposta da disciplina, a questão da definição de um problema de pesquisa será melhor abordada 
no texto Da problemática ao problema de pesquisa: o que constitui uma pergunta como problema de 
pesquisa? de Rita Virginia Argollo.
Ver também Beaud (1996) nas páginas 30 a 33
A problemática3 é a descrição que o pesquisador elabora sobre uma situação 
ou fenômeno onde se situa o problema de pesquisa . É o contexto, impregnado com 
suas relações sociais, histórias, construções coletivas. Para tanto, o pesquisador, 
frente a tantas informações, precisa elucidar seus pressupostos, comparar as 
diferentes problemáticas possíveis e refletir sobre as implicações metodológicas da 
escolha de uma ou outra. Feito isto, é necessário fazer as delimitações adequadas 
ao problema notado pelo pesquisador, explicitar o quadro conceitual, precisar os 
conceitos e suas relações, ou seja, construir um sistema conceitual adaptado ao 
objeto de investigação. Explicitada a problemática, é também ocasião de reformular 
a pergunta de partida, de forma a delimitá-la de acordo com as condições existentes 
(relação com o objeto, a abordagem teórica e os dispositivos metodológicos) e 
expressá-la de forma mais coerente com a opção teórica desenvolvida na 
problemática (QUIVY; CHAMPENHOUDT, 1998, 89-106).
Todas estas “etapas” se entrelaçam na construção de um conjunto, onde a 
descoberta de um elemento novo pode demandar a reconstrução de vários outros já 
colocados neste plano de pesquisa. Devemos observar este processo como um 
todo, onde cada passo aponta para a pertinência ou não das perguntas, escolhas 
teóricas ou ações de pesquisa, como nota-se neste extrato:
Como se verifica, a formulação da pergunta de partida, as leituras e as 
entrevistas exploratórias e, finalmente, a explicitação da sua problemática 
interagem intimamente. Estas etapas estão sempre a reflectir-se umas nas 
outras num processo que é mais circular ou em espiral do que estritamente 
linear (QUIVY; CHAMPENHOUDT, 1998, 89-106).
Neste contexto encontramos o tema da pesquisa, que vai sendo delimitado 
juntamente com a problemática. A formulação do tema da pesquisa auxilia a 
depreender a questão de pesquisa e os objetivos, intimamente ligados a esta, 
conforme será abordado adiante.
3 A conceituação da problemática e suas implicações para a pesquisa é um tema muito mais amplo do que é 
amostrado aqui, onde aparece unicamente com o objetivo de explicitar as relações entre as etapas da 
pesquisa. Para aprofundar as leituras sobre este tema, pode-se ler o texto Situação problema: o contexto de 
onde emerge o problema de pesquisa; Delimitações do problema de pesquisa,, de Maria Lucileide Mota 
Lima, também proposto nesta disciplina como abordagem da temática Situação problema e problema de 
pesquisa na pesquisa social.
3. O problema e os objetivos
Certa hora Alice, cansada de tudo aquilo, pergunta ao Gato Risonho:
“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para 
sair daqui?” 
“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.
“Não me importo muito para onde...”, retrucou Alice.
“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.
“...contanto que dê em algum lugar”, Alice completou.
“Oh, você pode ter certeza que vai chegar”, disse o Gato, “se você caminhar 
bastante.” (CARROLL, 2002, 27)
Este trecho de Alice no País das Maravilhas ilustra muito bem a relação do 
problema com os objetivos e a importância de bem delimitá-los. Qual era o problema 
de Alice? Caso seu problema fosse simplesmente sair, se ela continuasse 
caminhando, embora bastante, ela realmente conseguiria sair. Mas não era este o 
problema dela. Ela, inclusive, não conseguia formular seu problema 
satisfatoriamente, tanto é que o Gato lhe deu uma resposta satisfatória à pergunta, 
mas que não resolvia a situação.
Se você não sabe aonde quer ir, então qualquer caminho serve, porém, irá 
levá-lo a um lugar qualquer. Talvez depois de passar por vários desses lugares 
quaisquer, você chegue a algum ponto que lhe pareça seu ponto de chegada. 
Contudo, se o pesquisador conseguir formular seu problema satisfatoriamente e, a 
partir dele, delimitar seus objetivos, evitará muitas caminhadas desnecessárias, 
dados inúteis e caminhos que não lhe levam a lugar algum.
O objetivo da pesquisa deve definir, de modo muito claro e direto, que aspecto 
da problemática constitui o interesse geral da pesquisa. Ele depende do contexto 
(problemática) e é intrinsecamente ligado ao problema. Por sua vez, o objetivo geral 
demanda as ações de pesquisa, o que será abordado alguns tópicos adiante 
adiante. É provável que o objetivo, por si só, não deixe aparente as ações de 
pesquisa, tampouco o problema deixa claro as nuances da problemática que o 
pesquisador pretende elucidar. Assim, uma estratégia interessante é esquadrinhar 
as questões que estão embutidas no problema de pesquisa, que também nos 
demonstram com mais clareza quais serão nossos objetivos específicos e, 
conseqüentemente, as ações de pesquisa, o que será abordado no próximo tópico.
4. Hipóteses?
Nas pesquisas em Ciências Exatas, especificamente nas pesquisas 
quantitativas, geralmente vemos hipóteses, que serão experimentadas e 
comprovadas ou refutadas com a pesquisa. Já nas pesquisas qualitativas das 
Ciências Humanas, temos alguns complicantes que não nos permitem agir desta 
forma. Neste caso, o pesquisador imerge no contexto e tenta interpretá-lo, sendo 
que para isto não faz sentido irmos a campo com hipóteses pré-formuladas para 
testá-las. 
Qualquer problema científico distingue-se de uma simples pergunta porque 
a resposta àquela não pode ser encontrada na informação decorrente de 
conhecimentos já existentes. Resolver um problema sempre pressupõe ir 
além das fronteiras do já conhecido; portanto,não adianta recorrer a priori a 
regras e métodos previstos de antemão para chegar a um final feliz 
(RUSAVIN,1990; p.31, apud AYALA et al, 2000, [sp]) 
As hipóteses, neste caso, além de difíceis (ou até impossíveis) de formular, 
geralmente se apresentam como meias-verdades (já que foram formuladas sem o 
conhecimento do pesquisado) que cegam o pesquisador para as tantas outras 
possibilidades de explicação do contexto que emergem durante a pesquisa, sendo 
que, dessa forma, podem trazer prejuízos substanciais para os resultados. É como 
se o pesquisador fosse a campo disposto a encontrar o que definiu a priori que 
estaria (ou não) ali, como um atalho para chegar ao “final feliz”.
Muitas vezes as hipóteses são confundidas com os “pressupostos” ou 
“premissas”, que, da mesma forma que as primeiras, são “verdades provisórias”. 
Estas surgem de uma leitura prévia do pesquisador sobre o contexto, refletindo sua 
familiaridade com ele, vivências e sentidos atribuídos, que ajudam a montar a 
problemática sentida. As premissas, ao contrário das hipóteses, não serão testadas 
(experimentadas) ao longo da pesquisa, embora seja compreensível que o 
pesquisador mude suas leituras deste contexto, uma vez que se aproxima de outras 
facetas que antes não eram conhecidas.
Conhecer o contexto, elaborar as premissas e levá-las em consideração na 
construção do problema constitui-se de um raciocínio hipotético. Este raciocínio 
hipotético leva o pesquisador a “destrinchar” as minúcias do problema, identificando 
as questões de pesquisa que o constituem. A compreensão dos elementos que 
compõem o problema contribui para elaborar os objetivos específicos e para montar 
o percurso teórico e das ações de pesquisa. O percurso teórico é composto dos 
conceitos (sabidos pelo pesquisador como) relevantes para a observação do conte o 
desconhecido, assim como será abordado no próximo tópico. As ações de pesquisa, 
fundamentadas pelo referencial teórico, demandadas pelo problema para alcançar 
os objetivos propostos, serão abordadas na seqüência.
5. Referencial teórico: luzes sobre o que não sabemos
As dúvidas expressas no problema e nas questões de pesquisa indicam os 
conceitos relevantes à observação da realidade, realizada através das ações de 
pesquisa (BRAGA, online, [sd], [sp]). O referencial teórico funciona como um guia 
para compreender melhor o aspecto não conhecido, sendo construído parte antes 
da coleta de dados e parte durante a imersão do pesquisador no contexto. Isso por 
que a imersão do pesquisador no contexto trará a tona novas facetas do objeto, 
novos aspectos não conhecidos, que precisam ser interpretados à luz do 
conhecimento já existente.
Uma perplexidade com a qual o pesquisador pode se defrontar nesta hora, é 
uma perda de foco. Imerso no contexto, surgirão inúmeras questões interessantes e 
pesquisáveis, mas que, como já foi ilustrado através do exemplo de Alice, 
conduzirão a caminhos longos e tortuosos, que levam a lugar algum. Ou seja, 
novamente temos que a delimitação clara da problemática constitui-se como um 
guia para a pesquisa.
Porém, um estudo minucioso dos conceitos que o pesquisador já sabe que são 
relevantes ao objeto, evita uma série de imprevistos que podem ser encontrados 
durante o período da coleta de dados. A aproximação do objeto, através do 
conhecimento já existente, é um passo fundamental desde a definição do problema.
[...] o conhecimento requerido para definir o problema de pesquisa varia de 
acordo com o tipo de de estudo realizado. Caso se deseje realizar um 
estudo analítico, por exemplo, necessita-se de maior aprofundamento do 
tema selecionado. (RICHARDSON, 1989, 21)
O pesquisador deve, a partir desta exploração, examinar as diversas correntes 
teóricas e decidir qual delas utilizará, bem como as perspectivas e concepções 
acerca do tema. Este processo também prevê a elaboração do status question, ou 
seja, o estágio do desenvolvimento do assunto (RICHARDSON, 1989, 22-23). Este é 
um estudo também delimitado, pois não são todas as questões que interessam para 
o entendimento de um aspecto, visto que a pesquisa deve ter objetivos claros a 
serem alcançados e geralmente também tem limitações de tempo e recursos 
(humanos e financeiros).
Esta busca deve levar o pesquisador a um melhor delineamento do objeto, o 
que indicará a escolha das melhores técnicas para uma maior aproximação. Cada 
problema/objeto pede um determinado(s) modo(s) para ser abordado, conforme 
veremos no próximo tópico.
6. Cada problema uma sentença: articulação com as ações de pesquisa
O estudo de situações que envolvem seres humanos precisa de um enfoque 
metodológico específico, coerente com as particularidades que se espera 
reconhecer em suas relações. Muitas vezes, os problemas correlatos às relações 
humanas são complexos e precisam de um olhar que dê conta da multiplicidade de 
fatores que contemple o “objeto”. Embora a abordagem qualitativa seja a mais 
apropriada na maioria destes casos, muitas vezes se faz necessário fazer 
combinações entre abordagens e técnicas de pesquisa que dêem conta da 
observação do fenômeno: 
El estudio de situaciones naturales de seres humanos precisa de un 
encuadre metodológico congruente con tal particularidad. Si bien es verdad, 
que no se resuelve todo con un enfoque de investigación cualitativo. El logro 
de un investigador es conocer en profundidad la situación estudiada y 
aportar nuevos descubrimientos a la comunidad científica. Ello no debe 
obligar al investigador a aferrarse a un único paradigma, sino que una 
combinación bimetódica puede resultar útil en el desarrollo del estudio, 
atendiendo en toda su plenitud a las exigencias del problema de 
investigación planteado (LORENZO, 2006, online [sp])
A natureza do processo a ser investigado, com todas as suas singularidades, 
pede do pesquisador um olhar sensível para perceber quais são os métodos mais 
pertinentes e que lhe trarão dados que respondam à pergunta de pesquisa. Para 
tanto é necessário, como já foi abordado anteriormente, conhecer as principais 
características, ou as que é possível conhecer a priori, do que rodeia a problemática. 
Por exemplo, qual é a natureza da realidade a ser investigada (é um fenômeno que 
acontece em uma hora/época ou local específico? Quais são as condições de 
acesso? ...), as relações estabelecidas entre os sujeitos, as técnicas que serão 
necessárias para recolher as informações desejadas no contexto específico, que tipo 
de análise pode ser feita com os dados que serão coletados...
Todo este planejamento deve andar com forte coerência com o problema a ser 
investigado. Se meu problema é notado em uma determinada escola, não é tudo o 
que acontece nesta escola que me interessa, ao mesmo tempo que devo estar 
atento (e meu método deve permitir isto) a outros fatores que eu não tenha notado a 
priori como importantes.
É necessário se deslocar até o locus da pesquisa? Fazer observações? As 
observações vão elucidar quais aspectos? Para observar isto é necessário estar 
onde e quando? Quais situações específicas me interessam? Como serão coletados 
e registrados os dados das observações – apenas olhando, participando do grupo, 
vai escrever diário de campo, vai gravar suas observações em um dispositivo de 
gravação de voz para depois transcrever? Serão entrevistadas pessoas? Quais são 
as pessoas que podem apresentar pontos de vista interessantes para a elucidação 
do problema? Quantas são?Onde eu as encontro? Outros documentos ou produtos 
devem ser analisados? Quais? Onde eu os encontro? Qual a melhor técnica para 
analisar cada um (uma lei, o projeto da escola, um vídeo, fotografias, sites...)?
Da mesma forma como devemos nos questionar quais são os dados que nos 
interessam para responder ao problema, devemos atentar para as formas de coleta 
destas informações, bem como seus registros. Porém, tampouco adianta ao 
pesquisador ter uma imensidão de dados desorganizados, com os quais não se 
sabe o que fazer.
Dados registrados devem ser dados catalogados e analisados. Mas catalogar 
com quais critérios? Novamente vemos a importância da pergunta de pesquisa bem 
delimitada, pois ela nos indicará categorias de análise, que também contribuem na 
busca por referenciais teóricos. Outro aspecto interessante é quando fazer a análise 
do material coletado. Se deixarmos para ler e analisar tudo ao final, muitos detalhes 
terão sido esquecidos e características que emergiram durante o processo não terão 
mais espaço para coletas mais específicas.
Como se vê, uma listagem seria infinda. Pensar nas suas alternativas 
específicas é relevante, porque esta vai ser a investigação propriamente 
dita. Você vai ocupar uma boa parte do seu tempo fazendo estas coisas – e 
não deve ser apanhado de surpresa, na hora da investigação, sem saber 
direito o que fazer, nem descobrir de última hora que aquele problema exige 
estas observações.(BRAGA, online, [sd], 14)
Podemos sistematizar estas relações através da figura que segue:
 Questão de pesquisa Objetivo específico 
Objetivo GeralProblema Questão de pesquisa Objetivo específico 
Questão de pesquisa Objetivo específico 
Objetivos 
Específicos
Campo 
empírico
Fontes Critério de 
seleção de 
fontes
Instrumentos
AnálisesDocu
mentos Pessoas
Fenô
menos
Análise 
documental
Questionário 
entrevista
Obser
vação
1.
2.
3.
Fig.1: Esquema-guia do projeto4
Como podemos notar, o problema de pesquisa está presente em todas as 
etapas da elaboração do projeto. Ele também é presente em todo o processo do 
desenvolvimento da pesquisa, uma vez que um universo de dados novos surgem e 
o pesquisador pode ter este como guia. Porém, como todo esquema, possui suas 
limitações de expressão: note que este é um processo retro-alimentado, onde as 
setas deveriam andar em ambos sentidos. Por exemplo, caso o planejamento das 
observações não pareça articulado com o problema, é interessante pensar em 
outras observações. Porém, se as observações pretendidas sejam muito 
interessantes e apontem para dados significativos, talvez seja hora de rever as 
perguntas de pesquisa e, conseqüentemente, os objetivos, os principais conceitos, 
as outras fontes e instrumentos de coleta e de análise. O problema de pesquisa 
deve ser adequado para encontrar os elementos da lacuna do conhecimento, 
processo este que se dá num ir-e-vir guiado pelas inquietações do pesquisador, 
como veremos adiante.
4 Este esquema-guia está fundamentado nas falas e exposições do professor Robinson Tenório, nas aulas do 
semestre 2008.1 da disciplina Abordagens e Técnicas de Pesquisa (EDC557) do Programa de Pós-Graduação 
em Educação da Universidade Federal da Bahia.
7. Construção do projeto como ir-e-vir: reflexão-ação-reflexão
Como vimos, o estabelecimento e a clarificação da problemática e do problema 
são pontos chaves para a pesquisa. Desde seu planejamento, passando pelas 
buscas teóricas, incursões de campo, análises dos dados e escrita final. Porém não 
é um processo linear, tampouco sem método.
A falta de rigorosidade metódica (ou ao menos no formato das ciências exatas) 
por muito tempo fez pairar sobre as Ciências Humanas uma dúvida sobre sua 
cientificidade. Porém, quando afirmamos que o planejamento e a execução da 
pesquisa é um processo retro-alimentado pelo problema de pesquisa, não estamos 
afirmando que esta não tem método, ou que usa qualquer método sem nenhuma 
rigorosidade. Afirmamos, com isto, que todas as escolhas devem ser pautadas na 
lacuna do conhecimento que se pretende investigar, adaptando os métodos 
existentes (ou criando novos) à multiplicidade do objeto e da abordagem que se 
pretende fazer dele.
O processo de construção-reconstrução não é um movimento a esmo, ao 
acaso, sem rumo. Pelo contrário, deve ser profundamente refletido pelo pesquisador, 
que deve considerar toda a complexidade de seu objeto, a clareza de sua pergunta, 
a significatividade da pesquisa, bem como as possibilidade de executá-la (se é 
exeqüível). São exercícios interativos, “isto é, que podem (e devem) ser reiterados, 
em um processo de ida e volta entre as proposições iniciais sobre o tema; as 
perguntas (em sua variedade de tipos); e o conjunto de construção de consistência 
no questionamento” (BRAGA, online, [sd], 12). É um processo de reflexão-ação-
reflexão que acompanha o pesquisador durante todo o período da pesquisa.
Se propomos aqui esquemas que facilitem a organização dos dados, foi no 
intuito de gerar uma imagem clara do todo da pesquisa para o próprio pesquisador, 
de forma que este consiga gerar mais facilmente uma amarração entre o que 
pretende, o que observa, o sentido que atribui a isto e os produtos que são gerados. 
Foi proposto, assim, que o problema de pesquisa seja um ponto de ancoragem entre 
o contexto (a problemática), os sujeitos, as ações de pesquisa, as buscas teóricas e 
as análises. É um ponto de ancoragem mas não é uma camisa de força, pois 
possibilita que o pesquisador transite dentro do que pretende e faça todas as 
alterações necessárias, mesmo durante a execução da pesquisa, com coerência.
Referências
AYALA, Eduardo; NASCIMENTO, Núbia; ZEVALLOS, Martha. Problema de 
pesquisa e hipótese argumentativa: uma proposta para a pesquisa em educação. 
Cadernos Educação Especial, Santa Maria, n. 16, 2000. Disponível em 
<http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2000/02/a7.htm> Acesso em 05 jul. 2008.
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