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Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71 AULA 11: CONTROLE ADUANEIRO / LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA SUMÁRIO PÁGINA 1-Palavras Iniciais 2 2- Controle Aduaneiro 3 - 33 3- Legislação Tributária 33 – 61 4- Lista de Questões e Gabarito 62 - 71 Olá, amigos, tudo bem? Grande satisfação encontrar novamente com vocês! Antes de qualquer coisa, vamos aqui à nossa errata! Alguns de vocês podem ter feito o download do arquivo já com as correções feitas. No entanto, alguns podem estar ainda com a versão antiga. Vamos lá! 1)- Aula 07- Questão nº 77: Depois de um recurso apresentado pela nossa colega Natália, vi que o enunciado dessa questão não foi bem formulado! Assim, considerem o seguinte enunciado (os comentários continuam os mesmos!): 77- (Questão Inédita)- As medidas antidumping e as medidas compensatórias obedecem ao princípio da seletividade em razão da origem, o que não se aplica às medidas de salvaguarda. Comentários: As medidas antidumping e medidas compensatórias são seletivas em razão da origem, isto é, possuem um “alvo” determinado. Já as medidas de salvaguarda incidem sobre um produto, independentemente de sua origem (são não-seletivas). Questão correta. 2)- Aula 10-Questão nº 59: Repito! É bem provável que você deva ter feito o download do arquivo correto. Mas se não o fez, por favor, faça as correções! Os comentários precisos dessa questão são os seguintes (agradeço ao amigo João!) Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 71 59- (CODESP-2011) Uma empresa habitualmente, não exportadora, vendeu para o exterior, via remessa postal, mercadoria no valor de US$ 40.000,00 (quarenta mil dólares dos Estados Unidos) para pagamento em dois anos a juros de 10% a.a. e está dispensada de inscrição no REI. Questão muito difícil! As exportações via remessa postal, com ou sem expectativa de recebimento, realizadas por pessoa física ou jurídica até o limite de US$ 50.000,00 estão dispensadas de inscrição no REI. No entanto, de acordo com o art. 9º, inciso IV, da Portaria SECEX nº 23/2011 a dispensa de inscrição no REI não alcança as exportações sujeitas a registro de operações de crédito. Considerando-se que na situação apresentada trata-se de exportação financiada, ela se sujeita a registro de crédito e, portanto, haverá necessidade de inscrição no REI. Questão errada. Feitas essas correções, vamos em frente! Na aula anterior, nós estudamos o controle administrativo, cuja responsabilidade é da Secretaria de Comércio de Exterior (SECEX). O controle administrativo, como vimos, é um dos três pilares do controle governamental sobre o comércio exterior. Os outros dois são, respectivamente, o controle aduaneiro (competência da Receita Federal) e o controle cambial (competência do Banco Central) Na aula de hoje, estudaremos o controle aduaneiro no comércio exterior brasileiro e, ainda, os principais aspectos dos tributos incidentes sobre o comércio exterior. Essa é uma aula que vai permitir aos futuros Analistas de Comércio Exterior (ACE’s) conhecer um pouco mais da nossa querida Receita Federal do Brasil. No meu caso, como minha esposa é Auditora da RFB, posso dizer que a aula irá lhes permitir conhecer um pouco mais da minha amada RFB! Preparados? Então “vamo simbora”! Um abraço a todos, Ricardo Vale ricardovale@estrategiaconcursos.com.br http://twitter.com/#!/RicardoVale01 http://www.facebook.com/rvale01 “O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 71 1-O CONTROLE ADUANEIRO: 1.1-Introdução: O controle aduaneiro é competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), sendo regulamentado, fundamentalmente, pelo Decreto nº 6759/2009 e, ainda, por diversas Instruções Normativas da RFB. De início, cumpre destacar que o Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6759/2009) é uma norma infralegal, isto é, não constitui-se norma primária. Ao contrário, ele reproduz diversos dispositivos de leis esparsas, consolidando em um só documento os pontos centrais da legislação aduaneira. Trata-se de verdadeiro roteiro em matéria aduaneira para exportadores, importadores, órgãos anuentes e órgãos gestores do SISCOMEX. Entretanto, faz-se necessário destacar que a legislação aduaneira não se esgota nesse diploma normativo, estando prevista em diversas outras normas infralegais, como é o caso das inúmeras instruções normativas da RFB. A atividade desempenhada pela RFB tem por objetivo realizar o controle de tudo o que entra e sai do território aduaneiro, tutelando bens jurídicos importantes para o Estado, como a segurança nacional e a saúde de pessoas e animais. Além disso, visa a impedir delitos transfronteiriços, como o tráfico ilícito de entorpecentes, o contrabando, o descaminho e a importação de produtos com violação aos direitos de propriedade intelectual. 1.2-A Jurisdição Aduaneira e o Controle Aduaneiro sobre veículos: 1.2.1- Jurisdição Aduaneira: Para iniciar nosso estudo sobre controle aduaneiro, precisamos fazer uma breve explanação sobre o conceito de jurisdição! Afinal, o que significa jurisdição aduaneira? Jurisdição aduaneira é o poder que detém a autoridade aduaneira para submeter à sua fiscalização e controle todas as operações de comércio exterior, ainda que após a entrada dos bens no país. Em outras palavras, a jurisdição aduaneira é a autoridade conferida à Receia Federal do Brasil (RFB) para exercer a fiscalização e o controle sobre o comércio, o que reflete o comando constitucional do art. 237 da CF/88. Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda Nos termos do art. 3º do Decreto nº 6759/2009, a jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território aduaneiro, que, por sua vez, compreende todo o território nacional. Destaque-se que o Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 71 território aduaneiro pode ser dividido em zona primária e zona secundária, as quais, somadas, formam o território nacional. A zona primária compreende os locais por onde entram e saem as mercadorias e pessoas do território nacional. Dessa forma, integram a zona primária as áreas ocupadas pelos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados. Também são consideradas como zona primária, para fins de controle aduaneiro, as zonas de processamento de exportações. A zona secundária, por sua vez, compreende o restante do território nacional, inclusive o espaço aéreo e as águas territoriais. Esquematizando: O controle fiscal sobre a entrada de bens no país se manifesta, ainda, na existência das chamadas zonas de vigilância aduaneira. As zonas de vigilância aduaneira são áreas demarcadas por ato do Ministro da Fazenda, na orla marítima ou na faixa de fronteira, em que a permanência de mercadorias ou sua circulação e a de veículos, pessoas e animais ficam sujeitas a exigências fiscais, proibições e restrições especiais. O objetivo das zonas de vigilânciaaduaneira é, justamente, estabelecer um controle mais cerrado sobre áreas propícias à realização de operações clandestinas. Art. 4o O Ministro de Estado da Fazenda poderá demarcar, na orla marítima ou na faixa de fronteira, zonas de vigilância aduaneira, nas quais a permanência de mercadorias ou a sua circulação e a de veículos, pessoas ou animais ficarão sujeitas às exigências fiscais, proibições e restrições que forem estabelecidas. § 1o O ato que demarcar a zona de vigilância aduaneira poderá: I - ser geral em relação à orla marítima ou à faixa de fronteira, ou específico em relação a determinados segmentos delas; II - estabelecer medidas específicas para determinado local; e TERRITÓRIO ADUANEIRO TERRITÓRIO NACIONAL - ZONA PRIMÁRIA - ZONA SECUNDÁRIA Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 71 III - ter vigência temporária. § 2o Na orla marítima, a demarcação da zona de vigilância aduaneira levará em conta, além de outras circunstâncias de interesse fiscal, a existência de portos ou ancoradouros naturais, propícios à realização de operações clandestinas de carga e descarga de mercadorias. § 3o Compreende-se na zona de vigilância aduaneira a totalidade do Município atravessado pela linha de demarcação, ainda que parte dele fique fora da área demarcada. O controle da entrada de mercadorias, veículos e pessoas no território aduaneiro ocorrerá nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados. Esses locais são alfandegados por meio de ato declaratório da autoridade aduaneira competente, a fim de que neles possam, sob controle aduaneiro: - estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele destinados; - ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; e - embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados. Em outras palavras, somente após o alfandegamento torna-se possível a entrada de mercadorias, pessoas e veículos por um porto, aeroporto ou ponto de fronteira. Assim, não é lícito que uma mercadoria, pessoa ou veículo provenientes do exterior adentrem o território nacional sem passar por um porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. Esse é exatamente o entendimento do art. 8º do Regulamento Aduaneiro, que dispõe que somente nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados poderá efetuar-se a entrada ou a saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas. A exceção fica por conta da importação e exportação de mercadorias conduzidas por linhas de transmissão ou por dutos ligados ao exterior. Seria o caso, por exemplo, da exportação ou importação de gás natural ou energia elétrica. A fiscalização aduaneira poderá ser ininterrupta, em horários determinados, ou eventual, nos portos, aeroportos, pontos de fronteira e recintos alfandegados. Cabe à administração aduaneira determinar os horários e as condições de realização dos serviços aduaneiros nesses locais. Destaque- se que, na área de portos, aeroportos, pontos de fronteira e recintos alfandegados, bem como em outras áreas nas quais se autorize carga e descarga de mercadorias, ou embarque e desembarque de viajante, procedentes do exterior ou a ele destinados, a autoridade aduaneira tem precedência sobre as demais que ali exerçam suas atribuições. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 71 1.2.2- Recintos Alfandegados: Há recintos alfandegados na zona primária e na zona secundária. O alfandegamento é condição sine qua non para que possam ocorrer, no referido recinto, sob controle aduaneiro, operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias, bagagem de viajantes e remessas postais internacionais. Os recintos alfandegados localizados na zona secundária são os chamados portos secos, denominação essa que se refere a todos os tipos de terminais, à exceção dos aeroportuários e portuários. Na definição do art. 11 do Regulamento Aduaneiro, portos secos são recintos alfandegados de uso público nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro. Destaque-se que os portos secos não podem ser instalados na zona primária de portos ou aeroportos alfandegados. A existência dos portos secos facilita muito a logística das operações de comércio exterior. Imagine que você seja o proprietário de uma empresa situada em Feira de Santana-BA. E aí você está importando mercadorias que entram no território aduaneiro pelo Porto de Salvador. Nessa situação, você concorda comigo que seria mais interessante realizar o despacho aduaneiro de importação em Feira de Santana ao invés de realizá-lo em Salvador? Se o despacho fosse realizado em Salvador, haveria necessidade de que você ou algum de seus funcionários se deslocassem até aquela cidade para acompanhar os procedimentos. Com o despacho ocorrendo em Feira de Santana, as coisas ficam bem mais fáceis... 1.2.3- Controle Aduaneiro de veículos: A entrada ou saída de veículos procedentes do exterior ou a ele destinados somente poderá ocorrer em porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. Esse controle será exercido desde o ingresso do veículo no território aduaneiro até a sua saída, estendendo-se também às mercadorias e outros bens existentes a bordo, inclusive a bagagem de viajantes. Excepcionalmente, desde que justificado, o titular da unidade aduaneira jurisdicionante poderá autorizar a entrada ou saída de veículo por porto, aeroporto ou ponto de fronteira não-alfandegado. Para visualizarmos melhor isso, vejamos o exemplo de um avião de passageiros vindo da França com destino ao Brasil. Esse avião não pode entrar no Brasil por qualquer aeroporto, mas apenas por aqueles que sejam alfandegados (aeroportos internacionais). Entretanto, caso este avião tenha que fazer um pouso de emergência e, em virtude disso, não possa aterrissar Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 71 em um aeroporto alfandegado, a autoridade aduaneira poderá autorizá-lo a entrar no país por meio de um aeroporto não-alfandegado. Sempre que um veículo entra ou sai do território aduaneiro, o transportador deverá prestar informações à Receita Federal do Brasil (RFB) sobre as cargas transportadas, assim como sobre sua chegada ou saída para o exterior. Uma vez prestadas as informações e tendo ocorrido, efetivamente, a entrada do veículo no País, será emitido o termo de entrada pela RFB. Destaque-se que as empresas de transporte internacional (quer operem por via aérea ou marítima) também deverão prestar informações à RFB a respeito de seus tripulantes e passageiros. A autoridade aduaneira poderá realizar buscas em qualquer veículo com o objetivo de prevenir e reprimir a ocorrência de infrações à legislação aduaneira, inclusive antes da prestação das informações referentes ao veículo. A busca pela autoridade aduaneira deverá, entretanto, ser precedida de comunicação verbal ou por escrito ao responsável pelo veículo. É, meus amigos! O Auditor Fiscal da RFB tem poder mesmo... Aqui, em casa, no entanto, quem dá a última palavra é o Analista de Comércio Exterior: “Sim, senhora!” Há algumasoperações proibidas ao condutor de veículos procedente do exterior ou a ele destinado. Segundo o art. 27 do R/A, não é autorizado ao condutor de veículo procedente do exterior ou a ele destinado: a) estacionar ou efetuar operações de carga ou descarga de mercadoria, inclusive transbordo, fora de local habilitado. b) trafegar no território aduaneiro em situação ilegal quanto às normas reguladoras do transporte internacional correspondente à sua espécie. c) desviá-lo da rota estabelecida pela autoridade aduaneira, sem motivo justificado. Um documento essencial para o controle aduaneiro de veículos é o manifesto de carga. Mas o que vem a ser esse tal manifesto de carga? Para compreendermos o que é o manifesto de carga, precisamos, antes, saber o que é o conhecimento de carga. O conhecimento de carga é um documento que materializa o contrato de frete, servindo como prova de posse da mercadoria. É emitido pelo transportador em nome do importador. Para cada contrato de frete, haverá um conhecimento de carga. O manifesto de carga, por sua vez, é um documento no qual estão consolidados vários conhecimentos de carga. Cada trajeto corresponde a um Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 71 manifesto de carga. A título de exemplo, imagine que um navio está trazendo cargas provenientes dos EUA, Canadá e México, as quais serão descarregadas no Porto de Santos e no Porto de Paranaguá. Nessa situação, teríamos 6 manifestos de carga: - Manifesto 1: referente ao trecho EUA-Porto de Santos - Manifesto 2: referente ao trecho EUA-Porto de Paranaguá - Manifesto 3: referente ao trecho Canadá-Porto de Santos - Manifesto 4: referente ao trecho Canadá-Porto de Paranaguá - Manifesto 5: referente ao trecho México- Porto de Santos - Manifesto 6: referente ao trecho México-Porto de Paranaguá. Cada um desses manifestos de carga consolida todos os conhecimentos de carga referente ao trecho específico. Esse é o entendimento que se tem a partir da leitura do art. 43 do R/A, que dispõe que, “para cada ponto de descarga no território aduaneiro, o veículo deverá trazer tantos manifestos quantos forem os locais, no exterior, em que tiver recebido carga.” Ao ingressar no território nacional, o responsável pelo veículo deverá apresentar à autoridade aduaneira o manifesto de embarque, com cópia dos conhecimentos de carga correspondentes, a lista de sobressalentes e as provisões de bordo. A não apresentação de manifesto de carga (ou de declaração com efeito equivalente) será considerada declaração negativa de carga. A Receita Federal irá verificar se as mercadorias previstas no manifesto de carga efetivamente chegaram ao país. Para isso, basta que sejam comparados o manifesto de carga e os registros de descarga (documento no qual constam os volumes que efetivamente foram descarregados). Tal procedimento é chamado de conferência final de manifesto e está previsto no art. 53 do R/A: Art. 658- A conferência final do manifesto de carga destina-se a constatar extravio ou acréscimo de volume ou de mercadoria entrada no território aduaneiro, mediante confronto do manifesto com os registros de descarga. O objetivo da conferência final de manifesto é apurar eventual extravio ou acréscimo de mercadoria. Se, na conferência final de manifesto, for apurado extravio ou acréscimo de volume ou de mercadoria, serão exigidos do transportador os tributos e multas cabíveis. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 71 É possível que as mercadorias importadas sofram avaria ou extravio. Mesmo sobre essas mercadorias (avariadas ou extraviadas) haverá incidência do imposto de importação. Entretanto, a responsabilidade pelo pagamento dos tributos caberá àquele que deu causa à avaria ou ao extravio. Para determinar a responsabilidade pelo pagamento dos tributos nessa situação, a RFB realiza um procedimento administrativo denominado vistoria aduaneira. Segundo o art. 650 do R/A, “a vistoria aduaneira destina-se a verificar a ocorrência de avaria ou de extravio de mercadoria estrangeira entrada no território aduaneiro, a identificar o responsável e a apurar o crédito tributário dele exigível.” Mas como é que a Receita Federal consegue apurar a responsabilidade pela avaria ou extravio? Não é tão complicado assim... Quando as mercadorias são entregues pelo transportador ao depositário, este deverá, caso constatada avaria ou extravio, lavrar um termo em que registre a ocorrência. Se o depositário não fizer qualquer registro e, posteriormente, verificar-se extravio ou avaria da mercadoria, a responsabilidade pelo pagamento dos tributos recairá sobre ele. Em sentido oposto, caso seja lavrado pelo depositário termo constatando a avaria ou extravio, a responsabilidade será do transportador. O art. 652 do R/A é esclarecedor quanto a isso: Art. 652. Cabe ao depositário, logo após a descarga de volume avariado, ou a constatação de extravio, registrar a ocorrência em termo próprio, disponibilizado para manifestação do transportador, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil A formalização da exigência do crédito tributário decorrente de vistoria aduaneira será feita por meio de auto de infração instruído com o termo de vistoria. Destaque-se que o importador, por ser o maior beneficiado pelo processo de vistoria aduaneira, poderá dispensá-la nos termos do art. 655 do R/A. Entretanto, nesses casos, ele assume a responsabilidade pelo pagamento do imposto de importação e penalidade cabíveis. Art. 655. Poderá ser dispensada a realização da vistoria se o importador assumir a responsabilidade pelo pagamento do imposto de importação e das penalidades cabíveis. Parágrafo único. A desistência implicará perda de benefício de isenção ou de redução do imposto, na proporção das mercadorias contidas em volumes extraviados. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 71 A vistoria aduaneira é acompanhada pelo depositário, importador e transportador (que são as pessoas que têm interesse direto no processo). Outras pessoas que comprovem legítimo interesse no caso (e.g, empresas seguradoras) também poderão acompanhar a vistoria aduaneira. Nos termos do art. 660 do R/A, caberá ao responsável (transportador ou depositário) indenizar a Fazenda Nacional no valor do imposto de importação que, em consequência do extravio ou avaria, deixou de ser recolhido. Além disso, a Receita Federal irá aplicar multa de 50% no caso de extravio de mercadoria. 1.3- O Controle Aduaneiro de Mercadorias: 1.3.1- Despacho de Importação: O despacho de importação é regulamentado pela IN SRF nº 680/2006 e, ainda, por dispositivos do Regulamento Aduaneiro. Desde já, cumpre esclarecer que todas as mercadorias importadas se submetem ao despacho aduaneiro de importação, estejam elas ingressando no país a título definitivo ou em caráter temporário. Entende-se por despacho de importação o procedimento fiscal mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica. Trata-se de procedimento mediante o qual se processa o desembaraço aduaneiro de uma mercadoria importada.Há três tipos de despacho aduaneiro de importação: -Despacho para consumo: aplicável às mercadorias nacionalizadas, isto é, importadas a título definitivo. Também se submetem a despacho para consumo as mercadorias importadas ao amparo do regime aduaneiro especial de drawback. Da mesma forma, o despacho para consumo é aplicável às mercadorias que ingressem na ZFM sem o benefício de isenção tributária. - Despacho para admissão: aplicável às mercadorias importadas ao amparo de regimes aduaneiros especiais e regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais, quando, nessa última hipótese, receberem isenção tributária. - Despacho para internação: aplicável às mercadorias que saem da Zona Franca de Manaus com destino ao restante do território nacional. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 71 O documento base do despacho de importação é a Declaração de Importação (DI), cujo registro no SISCOMEX materializa o início do despacho aduaneiro. A Declaração de Importação (DI) consiste na prestação de informações de natureza comercial e fiscal pelo importador, sendo um documento instrutivo do despacho. Registre-se que, em determinadas situações, o despacho aduaneiro é realizado com base em Declaração Simplificada de Importação (DSI). A Declaração de Importação consiste na prestação de informações pelo importador à autoridade aduaneira. Não será admitido agrupar, em uma mesma DI, mercadoria que proceda do exterior e mercadoria que já esteja no País submetida a algum regime aduaneiro especial. Imaginemos, por exemplo, que a empresa Alpha Bética possui 3 (três) guindastes no Brasil em admissão temporária e está comprando mais 2 (dois) guindastes do exterior. Nesse caso, se ela desejar nacionalizar os 3 (três) guindastes, ela deverá fazê-lo por meio de DI diversa àquela que se referir à compra (nacionalização) dos outros dois guindastes. Ainda sobre os limites ao registro de DI, é possível que seja formulada uma única DI para o despacho de mercadorias que, procedendo diretamente do exterior, tenham uma parte destinada a consumo e outra a ser submetida ao regime aduaneiro especial de admissão temporária ou a ser reimportada. Suponha, por exemplo, que a empresa Strategus Ltda esteja comprando 200 geladeiras e admitindo temporariamente outras 100 geladeiras. Essa operação como um todo poderá ser objeto de uma única declaração. O registro da DI no SISCOMEX somente será efetivado após o cumprimento dos requisitos elencados no art. 15 da IN SRF nº 680/2006, quais sejam: - verificação da regularidade cadastral do importador; - após o licenciamento de importação (quando exigível) e a verificação do atendimento às normas cambiais; - após a chegada da carga; Se a banca disser que o despacho aduaneiro de importação sempre irá se processar com base em uma DI, ela estará tentando te enganar! O despacho aduaneiro de importação também pode ter como base uma DSI! Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 71 - confirmação pelo banco da aceitação do débito relativo aos tributos, contribuições e direitos devidos, inclusive da Taxa de Utilização do Siscomex; - não ter sido constatada qualquer irregularidade impeditiva do cadastro. Destaque-se que, em algumas situações, não é necessário que seja confirmada a presença de carga, isto é, que a mercadoria seja descarregada na unidade da SRF de despacho. Isso é o que ocorre nas hipóteses em que a IN SRF nº 680/2006 autoriza o registro antecipado da DI. Art. 17. A DI relativa a mercadoria que proceda diretamente do exterior poderá ser registrada antes da sua descarga na unidade da SRF de despacho, quando se tratar de: I - mercadoria transportada a granel, cuja descarga deva se realizar diretamente para terminais de oleodutos, silos ou depósitos próprios, ou veículos apropriados; II - mercadoria inflamável, corrosiva, radioativa ou que apresente características de periculosidade; III - plantas e animais vivos, frutas frescas e outros produtos facilmente perecíveis ou suscetíveis de danos causados por agentes exteriores; IV - papel para impressão de livros, jornais e periódicos; V - órgão da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal, inclusive autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas; e VI - mercadoria transportada por via terrestre, fluvial ou lacustre. A DI deve ser instruída com os seguintes documentos: i) via original do conhecimento de carga ou documento equivalente; ii) via original da fatura comercial, assinada pelo exportador; iii) romaneio de carga (packing list), quando aplicável; e iv) outros, exigidos exclusivamente em decorrência de Acordos Internacionais ou de legislação específica Vejamos o que são cada um desses documentos... O conhecimento de carga, também chamado conhecimento de transporte, é um documento que materializa o contrato de frete internacional. Ele é emitido pelo transportador assim que é celebrado o contrato de frete e constitui prova de posse ou de propriedade da mercadoria. A cada conhecimento de carga corresponde uma única declaração de importação, salvo algumas exceções estabelecidas pela RFB. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 71 A fatura comercial, por sua vez, é o documento comprobatório da transação comercial, sintetizando o contrato de compra e venda celebrado entre o exportador e o importador. O art. 557 do R/A define as informações que deverão estar presentes na fatura comercial: Art. 557. A fatura comercial deverá conter as seguintes indicações: I - nome e endereço, completos, do exportador; II - nome e endereço, completos, do importador e, se for caso, do adquirente ou do encomendante predeterminado; III - especificação das mercadorias em português ou em idioma oficial do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, ou, se em outro idioma, acompanhada de tradução em língua portuguesa, a critério da autoridade aduaneira, contendo as denominações próprias e comerciais, com a indicação dos elementos indispensáveis a sua perfeita identificação; IV - marca, numeração e, se houver, número de referência dos volumes; V - quantidade e espécie dos volumes; VI - peso bruto dos volumes, entendendo-se, como tal, o da mercadoria com todos os seus recipientes, embalagens e demais envoltórios; VII - peso líquido, assim considerado o da mercadoria livre de todo e qualquer envoltório; VIII - país de origem, como tal entendido aquele onde houver sido produzida a mercadoria ou onde tiver ocorrido a última transformação substancial; IX - país de aquisição, assim considerado aquele do qual a mercadoria foi adquirida para ser exportada para o Brasil, independentemente do país de origem da mercadoria ou de seus insumos; X - país de procedência, assim considerado aquele onde se encontrava a mercadoria no momento de sua aquisição; XI - preço unitário e total de cada espécie de mercadoria e, se houver, o montante e a natureza das reduções e dos descontos concedidos; XII - custo de transporte a que se refere o inciso I do art. 77 e demais despesas relativas às mercadorias especificadas na fatura; XIII - condições e moeda de pagamento; e XIV - termo da condição de venda (INCOTERM).Parágrafo único. As emendas, ressalvas ou entrelinhas feitas na fatura deverão ser autenticadas pelo exportador. O conhecimento de carga aéreo equipara-se à fatura comercial, desde que nele constem as indicações de quantidade, espécie e valor das mercadorias que lhe correspondam. A fatura comercial poderá ter validade mesmo com emendas, ressalvas ou entrelinhas. No entanto, para isso, será necessária a autenticação pelo exportador. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 71 O romaneio de carga, também conhecido como packing list, é um documento que descreve o conteúdo e as características específicas de cada volume (peso, dimensões, tipo). O art. 553 do R/A não relacionou o romaneio de carga como um documento instrutivo da DI. Isso foi feito apenas pela IN SRF nº 680/2006. Pronto! Já sabemos quais são os documentos instrutivos da Declaração de Importação! Mas aí eu te pergunto: o importador pode verificar a mercadoria antes do registro da DI? Sim, pode. O importador poderá requerer, previamente ao registro da DI, a verificação das mercadorias efetivamente recebidas do exterior, para dirimir dúvidas quanto ao tratamento tributário ou aduaneiro, inclusive no que se refere à sua perfeita identificação com vistas à classificação fiscal e à descrição detalhada. Destaque-se que essa verificação por parte do importador não dispensa a verificação física pela autoridade aduaneira, por ocasião do despacho de importação. Com efeito, a verificação prévia é realizada com o acompanhamento de qualquer servidor, que não necessariamente é uma autoridade aduaneira (Auditor da RFB). Vejamos agora o que acontece a partir do registro da DI! Após o registro da DI, esta é submetida a uma análise fiscal e, com base em critérios parametrizados no SISCOMEX, é direcionada para 1 (um) entre 4 (quatro) canais disponíveis. Os canais para os quais a DI poderá ser direcionada são os seguintes: a) Canal Verde: a mercadoria é desembaraçada automaticamente, isto é, a mercadoria é liberada sem qualquer exame documental ou físico. Ter a DI direcionada para o canal verde é o que todo importador quer! b) Canal Amarelo: a autoridade aduaneira realizará apenas o exame documental da importação. c) Canal Vermelho: a autoridade aduaneira realizará, além do exame documental, a verificação física da mercadoria. d) Canal Cinza: a autoridade aduaneira irá submeter a mercadoria a procedimento de valoração aduaneira, além, é claro, de realizar o exame documental e a verificação física. A seleção de uma DI será realizada por intermédio do SISCOMEX, com base em uma série de critérios, os quais estão relacionados no art.21, § 1º, da IN SRF nº 680/2006. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 71 Art. 21. Após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira: I - verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria; II - amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria; III - vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação da mercadoria; e IV - cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em norma específica. § 1o A seleção de que trata este artigo será efetuada por intermédio do Siscomex, com base em análise fiscal que levará em consideração, entre outros, os seguintes elementos: I - regularidade fiscal do importador; II - habitualidade do importador; III - natureza, volume ou valor da importação; IV - valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importação; V - origem, procedência e destinação da mercadoria; VI - tratamento tributário; VII - características da mercadoria; VIII - capacidade operacional e econômico-financeira do importador; e IX - ocorrências verificadas em outras operações realizadas pelo importador. Mesmo que uma DI seja direcionada para o canal verde (desembaraço automático), é possível que ela seja objeto de conferência física ou documental. Isso irá acontecer quando o Auditor da RFB responsável por essa atividade identificar elementos que evidenciem irregularidade na importação. Assim, é possível que, à sua discricionariedade, o Auditor da RFB agrave o nível do exame a ser realizado no despacho de importação. As DI’s direcionadas para o canal verde, conforme vimos, são automaticamente desembaraçadas. Já as DI’s direcionadas para os outros canais (amarelo, vermelho e cinza) serão objeto da conferência aduaneira. As DI”s selecionadas para conferência aduaneira serão distribuídas entre os Auditores-Fiscais da RFB. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 71 Segundo o art. 564 do R/A, a conferência aduaneira na importação tem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. Cuidado para não confundir com o conceito de despacho aduaneiro! A conferência aduaneira pode ser realizada em zona primária ou zona secundária. A conferência aduaneira em zona secundária poderá ocorrer em recintos alfandegados (portos secos), no estabelecimento do importador ou, excepcionalmente, em outros locais, mediante prévia anuência da autoridade aduaneira. Na conferência aduaneira, poderá ser realizada inspeção documental, verificação física ou procedimento especial de controle aduaneiro. A inspeção documental é procedimento fiscal tendente a verificar: i) a integridade dos documentos; ii) a exatidão e correspondência das informações prestadas na declaração em relação àquelas constante dos documentos que a instruem, inclusive origem e valor aduaneiro; iii) o cumprimento dos requisitos de ordem legal ou regulamentar correspondentes aos regimes aduaneiros e de tributação solicitados; iv) o mérito de benefício fiscal pleiteado; e v) a descrição da mercadoria na declaração, com vistas a verificar se estão presentes os elementos necessários à confirmação de sua correta classificação fiscal. Um bom exemplo de situação em que a inspeção documental é importante é a importação de bens sujeitos a medidas de defesa comercial. Imagine que estejam sendo importados ferros de passar roupa! Atualmente, existe uma medida antidumping aplicada contra esse tipo de produto, quand originários da China. Aí, o Auditor da RFB olha a DI e aparece pra ele a informação de que os ferros importados são originários do Japão. Como bom Fiscal, ex-aluno do Prof. Ricardo Vale, ele desconfia... Ao pedir o certificado de origem na inspeção documental, ele vê que os ferros de passar roupa são, na verdade, originários da China! Ih, o importador se deu mal! Só pode ser um “brincante” mesmo pra tentarenganar um Auditor da RFB! A verificação física, por sua vez, é, segundo o art. 29 da IN SRF nº 680/2006, o procedimento fiscal destinado a identificar e quantificar a mercadoria submetida a despacho aduaneiro, a obter elementos para confirmar sua classificação fiscal, origem e seu estado de novo ou usado, assim como verificar sua adequação às normas técnicas aplicáveis. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 71 A autoridade competente para proceder à verificação física é o Auditor Fiscal da RFB. Entretanto, é possível que esta seja realizada por um Técnico ou Analista Tributário da RFB, sob a supervisão de um Auditor Fiscal da RFB A verificação da mercadoria deve ocorrer na presença do importador ou de seu representante, na data e horário previstos. Caso não compareça o importador ou seu representante, a verificação poderá ser realizada na presença do depositário ou de seu preposto, que, nessa situação, representará o importador. Na hipótese de constatação de indícios de fraude na importação, independentemente do início ou término do despacho aduaneiro ou, ainda, do canal de conferência atribuído à DI, o servidor deverá encaminhar os elementos verificados ao setor competente, para avaliação da pertinência de aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro. Ao final da conferência aduaneira, a importação poderá ser liberada. Diz-se que a importação foi liberada quando a DI é desembaraçada. O desembaraço aduaneiro é, portanto, o ato final do despacho aduaneiro de importação, por meio do qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira. Após o desembaraço aduaneiro, poderá ser emitido pelo importador o comprovante de importação, mediante transação específica do SISCOMEX. A entrega da mercadoria ao importador, após o desembaraço aduaneiro, fica condicionada à comprovação do pagamento do AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante) e do ICMS, conforme preveem o art. 575 e 576 do R/A. A verificação da regularidade do pagamento ou exoneração do AFRMM é realizada mediante consulta eletrônica do SISCOMEX ao Mercante (sistema de controle da arrecadação do AFRMM). No caso do ICMS, o importador deverá apresentar declaração por meio de transação própria do SISCOMEX. 1.3.2- Despacho de Exportação: O despacho aduaneiro de exportação é regulamentado pela IN SRF nº 028/1994 e suas diversas alterações. Entende-se por despacho de exportação o procedimento fiscal mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas a seu desembaraço aduaneiro e a sua saída para o exterior. São objeto de despacho de exportação as mercadorias nacionais ou nacionalizadas destinadas ao exterior, seja a título definitivo ou não. Também sofrem despacho de exportação as mercadorias que Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 71 entram no país em caráter temporário e depois retornam ao exterior, isto é, mercadorias que são reexportadas.1 Cabe destacar, por tratar-se de exceção à regra geral, que a mala diplomática e consular é dispensada do despacho de exportação, o que está em perfeita sintonia com a Convenção de Viena de 1961 e a Convenção de Viena de 1963, que tratam, respectivamente, das imunidades diplomáticas e consulares. Importante ressaltar que a mala diplomática ou consular deverá conter sinais exteriores que indiquem seu caráter e serem entregues a pessoa formalmente credenciada pela missão diplomática ou consular. O despacho aduaneiro de exportação será processado por meio do SISCOMEX e somente terá início após o registro de exportação (RE). O início do despacho de exportação ocorre com o registro da Declaração de Exportação (DE)2, isto é, na data em que essa declaração receber numeração específica. Segundo o art. 16 da IN SRF nº 028/94, o despacho de exportação será instruído com os seguintes documentos: i) primeira via da Nota Fiscal; ii) via original do conhecimento e do manifesto internacional de carga, nas exportações por via terrestre, fluvial ou lacustre; iii) outros, indicados em legislação específica. Uma mesma Declaração de Exportação (DE) poderá conter um ou mais registros de exportação, desde que estes se refiram, cumulativamente: i) ao mesmo exportador; ii) a mercadorias negociadas na mesma moeda e na mesma condição de venda; iii) ás mesmas unidades da SRF de despacho e de embarque. Assim, estaria errada a afirmativa que dissesse que a cada Declaração de Exportação associa-se apenas um RE. Por outro lado, cada Registro de Exportação somente poderá ser utilizado em uma única Declaração para Despacho Aduaneiro. O despacho de exportação poderá ser realizado: a) em recinto alfandegado de zona primária: esse é o caso em que o despacho de exportação é realizado em um porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. 1 Reexportação é uma operação comercial que fica caracterizada pelo retorno ao exterior de um bem que ingressou no país a título temporário. Por analogia, podemos conceituar reimportação como a operação comercial em que um bem exportado temporariamente retorna ao país. 2 A Declaração de Exportação (DE) também é conhecida por Declaração de Despacho de Exportação (DDE). Optamos por utilizar a primeira denominação em virtude de esta ser a que aparece no “Manual de Despacho de Exportação”, elaborado pela Receita Federal do Brasil. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 71 b) em recinto alfandegado de zona secundária: é o caso em que o despacho de exportação ocorre em um porto seco. c) em qualquer outro local não-alfandegado de zona secundária, inclusive no estabelecimento do exportador: nessa hipótese, o recinto em que ocorre o despacho de exportação não é alfandegado. Nas duas últimas situações (despacho realizado em recinto alfandegado de zona secundária e despacho realizado em recinto não- alfandegado de zona secundária), a mercadoria deverá ser submetida ao regime de trânsito aduaneiro de exportação, seguindo até a unidade da RFB que jurisdiciona o local de saída do país. Trata-se de hipótese de antecipação do despacho aduaneiro de exportação. Para visualizar melhor tudo o que explicamos até agora, vamos a um exemplo! Imagine que você possui uma empresa que exporta produtos têxteis para o exterior. Pois bem, o primeiro passo de toda exportação será providenciar o registro de exportação (conforme já estudamos, a regra é que toda exportação necessita do RE!). Ok! Até aqui tudo bem! Após o registro de exportação, caberá a você, na condição de exportador, registrar a Declaração de Exportação, que é o documento base do despacho aduaneiro de exportação. O registro da DE marcará, então, o início do despacho. Você possui três opções: i) levar a mercadoria a um porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado; ii) levar a mercadoria a um porto seco; iii) chamar a RFB para que realize o despacho em seu próprio estabelecimento. Uma vez iniciado o despacho de exportação por meio do registro da DE, será realizada a parametrização pelo SISCOMEX, que determinará, então, o nível de conferência aduaneira. A conferência aduaneira na exportação tempor finalidade identificar o exportador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e preço, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da exportação.] A Declaração de Exportação pode ser direcionada para três canais de conferência diferentes: a) Canal verde: desembaraço de exportação é automático, sem qualquer exame físico ou documental. b) Canal laranja: será realizado o exame documental. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 71 c) Canal vermelho: será realizado o exame documental e a verificação física da mercadoria. Mas quais documentos devem instruir a declaração de exportação? Nos termos do art. 588 do R/A, a declaração de exportação será instruída com os seguintes documentos: i) a primeira via da nota fiscal; ii) a via original do conhecimento e do manifesto internacional de carga, nas exportações por via terrestre, fluvial ou lacustre; e iii) outros documentos exigidos na legislação específica. Tais documentos deverão ser entregues à autoridade aduaneira, na forma, prazo e condições estabelecidos pela SRFB. Aqui é preciso chamar sua atenção para um detalhe importante! Não é porque a DE foi direcionada para o canal verde ou laranja que ela não poderá ser redirecionada, pela autoridade aduaneira, para o canal vermelho. Sempre é possível que a autoridade aduaneira, à sua discricionariedade, decida agravar o nível da conferência aduaneira. Assim, suponha que uma DE foi direcionada para o canal verde (desembaraço automático!), mas o Auditor Fiscal da RFB tenha certa desconfiança quanto aos dados informados. Ela poderá, então, simplesmente redirecionar a DE para o canal vermelho, realizando exame documental e físico da mercadoria. Em situações especiais, o registro da declaração de exportação poderá ser efetuado após o embarque da mercadoria ou sua saída do território nacional. Trata-se de situações em que ocorre o chamado despacho a posteriori, as quais estão relacionadas no art. 52 da IN nº 028/1994. O ato final do despacho de exportação é a averbação, que consiste na confirmação, pela fiscalização aduaneira, do embarque ou da transposição de fronteira da mercadoria. Após a averbação, é emitido o comprovante de exportação. 1.3.3- Revisão Aduaneira: O imposto de importação e o imposto de exportação são tributos cujo lançamento é realizado por homologação. Por meio da Declaração de Importação (DI), o importador presta informações à Receita Federal do Brasil (RFB), com base nas quais é calculado o montante do imposto devido. O importador faz o recolhimento tributário com base nas informações que ele mesmo apresentou, cabendo à RFB homologar ou não o lançamento. E em quanto tempo deve ocorrer a homologação? Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 71 O prazo para homologação é de cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador. Findo esse prazo sem a manifestação da Receita Federal, considera-se que ocorreu homologação tácita. Durante esse prazo de 5 (cinco) anos, no entanto, o Fisco poderá realizar, especificamente quanto aos tributos incidentes sobre o comércio exterior, o procedimento de revisão aduaneira. Nos termos do art. 638 do R/A, revisão aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação. Trata-se, portanto, do exercício, pelo Fisco, do direito de exigir os tributos incidentes sobre o comércio exterior, que podem ter sido recolhidos a menor ou mesmo não recolhidos. A revisão aduaneira deverá estar concluída, no prazo de 5 (cinco anos) contados da data do registro da declaração de importação (no caso de importação) ou da data do registro de exportação (no caso de exportação). Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 1-(Analista dos Correios – 2011)- O despacho aduaneiro de importação ocorre sob as modalidades de despacho para consumo, admissão e internação, sendo a modalidade definida de acordo com o tipo de regime aduaneiro aplicado à mercadoria em questão. Comentários: Existem três modalidades de despacho aduaneiro: despacho para consumo, despacho para admissão e despacho para internação. Cada uma delas é aplicada segundo o tipo de regime aduaneiro aplicado na mercadoria em questão. O despacho para consumo se aplica às mercadorias importadas ao amparo do regime comum de importação. O despacho para admissão se aplica às mercadorias importadas ao amparo de regimes aduaneiros especiais, à exceção do drawback (ao qual se aplica o despacho para consumo). Por fim, o despacho para internação se aplica às mercadorias que sem da ZFM com destino ao restante do território nacional. Questão correta. 2-(Analista dos Correios – 2011)- A conferência aduaneira é etapa central do despacho aduaneiro e envolve o exame da documentação, a Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 71 verificação da mercadoria e, se constatadas inconsistências ou fraude, a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro. Comentários: A conferência aduaneira é a fase do despacho aduaneiro em que a autoridade aduaneira identifica o importador, verifica a mercadoria e a correção das informações relativas à sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e confirma o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. Questão correta. 3-(Analista dos Correios – 2011)- O despacho aduaneiro consiste na verificação da exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação aplicável; seu objetivo é o desembaraço aduaneiro da mercadoria. Comentários: O despacho aduaneiro é o procedimento que tem por objetivo o desembaraço aduaneiro de mercadoria importada. Nele, verifica-se a exatidão das informações declaradas pelo importador em comparação com a mercadoria e os documentos apresentados. Questão correta. 4-(TRF-2002.2)- A jurisdição dos serviços aduaneiros, exercida atualmente, compreende a zona primária e a zona secundária. Comentários: A jurisdição dos serviços aduaneiros abrange todo o território nacional. O território nacional, por sua vez, se divide em zona primária e zona secundária. Logo, está correto dizer que a jurisdição dos serviços aduaneiros compreende a zona primária e a zona secundária. 5-(TRF-2002.2)- Nas zonas de vigilância aduaneira demarcadas na faixa de fronteira terrestre é proibida a presença ou circulação de mercadorias, animais e veículos em viagem internacional. Comentários: Não é que seja terminantemente proibida a presença ou circulação de mercadorias, animais e veículos nas zonas de vigilância aduaneira. Na verdade, a permanência e circulação mercadorias, veículos, pessoas e animais ficam sujeitas às exigências fiscais, proibições e restrições que forem estabelecidas. Questão errada. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. RicardoVale www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 71 6-(TRF-2002.2)- As operações de despacho aduaneiro nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados a título permanente serão efetuados nos horários, locais e condições determinados pela autoridade aduaneira. Comentários: Os serviços aduaneiros são realizados nos horários, locais e condições determinados pela autoridade aduaneira. Questão correta. 7-(TRF-2002.2)- A busca aduaneira, para prevenir ou reprimir a ocorrência de extravios ou de acréscimos de volumes ou de mercadorias, deve ser precedida da lavratura do termo de entrada do veículo e da comunicação ao responsável, que poderá ser verbal. Comentários: A busca aduaneira tem como objetivo prevenir e reprimir a ocorrência de infrações à legislação aduaneira (e não a ocorrência de extravios ou acréscimos de volumes de mercadorias). Destaque-se que essas buscar deverão ser precedidas de comunicação verbal ou por escrito ao responsável pelo veículo. Questão errada. 8-(ACE-2002)- O documento, com força contratual, emitido por uma companhia de transporte, que atesta o recebimento de uma mercadoria a ser exportada, suas características, as condições de transporte e os compromissos quanto à entrega da mesma ao destinatário legal, denomina-se conhecimento de embarque. Comentários: O conhecimento de embarque materializa o contrato de frete. Ele atesta que o transportador recebeu a mercadoria a ser exportada e, além disso, define as peculiaridades do transporte a ser efetuado. Questão correta. 9-(AFRF-2003)- O importador pode verificar as mercadorias recebidas do exterior, previamente ao início da conferência aduaneira, para dirimir dúvidas quanto à sua perfeita identificação, na presença da autoridade aduaneira e do representante do depositário. Comentários: O importador pode verificar as mercadorias recebidas do exterior, com o objetivo de dirimir dúvidas quanto ao correto tratamento tributário e aduaneiro, antes do registro da DI. A verificação prévia é realizada com o acompanhamento de qualquer servidor. Questão errada. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 71 10-(AFRF-2003)- A verificação da mercadoria compreende o exame documental e a conferência física e será realizada por Auditor Fiscal ou por Técnico da Receita Federal, sob supervisão do AFRF. Comentários: A conferência aduaneira é que abrange o exame documental e a verificação física. Quando se fala em “verificação da mercadoria”, a referência que se faz é tão somente à verificação física. Questão errada. 11- (AFTN-1991)- Conferência aduaneira é o procedimento fiscal destinado a verificar a ocorrência de avaria ou falta de mercadoria estrangeira ou desnacionalizada, entrada no território aduaneiro, a identificar o responsável e a apurar o crédito tributário dele exigível. Comentários: O procedimento fiscal destinado a verificar a ocorrência de extravio ou falta de mercadoria estrangeira ou desnacionalizada, identifica o responsável e apurar o crédito tributário dele exigível é a vistoria aduaneira. Questão errada. 12-(AFRF-2003)- A conferência aduaneira é feita de acordo com a seleção da declaração de importação para os canais verde (desembaraço automático) ou vermelho (verificação pela fiscalização), sendo feito exame de valor no canal cinza. Comentários: Existem quatro canais para os quais uma Declaração de Importação pode ser direcionada: canal verde, canal amarelo, canal vermelho e canal cinza. Por fazer menção apenas a dois canais (verde e vermelho), a questão está errada. 13- (AFTN-1991)- Despacho de importação é o procedimento que tem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria, determinar seu valor e classificação fiscal e constatar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais ou não fiscais, para fins de desembaraço da mercadoria. Comentários: Cuidado para não confundir! O conceito apresentado pela questão é o de conferência aduaneira. Questão errada. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 71 14- (AFRF-2002.1)- Estão dispensadas de despacho aduaneiro de importação mercadorias que, tendo sido exportadas em regime de consignação, retornem ao país. Comentários: Todas as mercadorias estão sujeitas a despacho aduaneiro de importação. Excetuam-se dessa regra apenas a mala diplomática e a mala consular. Questão errada. 15-(AFRF-2003)- Havendo indícios de fraude na importação, o despacho será interrompido e a declaração encaminhada ao setor incumbido das consultas e registros no RADAR (Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros). Comentários: O despacho não é interrompido diante de indícios de fraude na importação. Diante de indícios de fraude, o servidor deverá encaminhar os elementos verificados ao setor competente, para avaliação da pertinência de aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro. Questão errada. 16-(AFTN-1991)- Conferência aduaneira é o procedimento fiscal destinado a constatar falta ou acréscimo de volume ou mercadoria, estrangeira ou desnacionalizada, entrada no território aduaneiro, mediante confronto do manifesto com os registros de descarga. Comentários: A assertiva descreve o procedimento fiscal denominado conferência final de manifesto. Nesse procedimento, compara-se o manifesto de carga com os registros de descarga. Questão errada. 17- (AFTN-1991)- Despacho de importação é o procedimento fiscal que deverá ser instruído com a Declaração de Importação, substituível apenas pelo conhecimento de carga original ou pelo conhecimento aéreo original. Comentários: A Declaração de Importação é documento essencial ao despacho aduaneiro de importação. Ela não pode ser substituída pelo conhecimento de carga ou pelo conhecimento aéreo. Questão errada. 18- (TRF-2000)- O procedimento destinado a verificar a ocorrência de avaria ou falta de mercadoria estrangeira, após a conclusão da operação de trânsito, em recinto alfandegado de zona secundária, a Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 71 identificar o responsável e a apurar o crédito tributário dele exigível, identifica a vistoria aduaneira. Comentários A vistoria aduaneira é procedimento fiscal que visa a apurar a responsabilidade pelo extravio ou avaria de mercadoria, exigindo do responsável o correspondente crédito tributário. Questão correta. 19- (AFRF-2003)- A verificação prévia da mercadoria efetuada a pedido do importador, realizada sob acompanhamento da fiscalização aduaneira, não dispensa a verificação física por ocasião do despacho aduaneiro. Comentários: A verificação prévia pelo importador, realizada antes do registro da DI, não dispensa a verificação física por ocasião do despacho aduaneiro. Questão correta. 20- (AFTN-1994)- O procedimento administrativo, mediante o qual se processa o desembaraço aduaneiro de mercadoria, em que se identifica o contribuinte e a mercadoria, apura-se o valor tributável, calcula-se o montante dos tributos devidos, define o que seja conferência aduaneira. Comentários: Novamente a banca examinadora tentou confundir os conceitos! A assertiva descreve o conceito de despacho aduaneiro.Questão errada. 21- (AFTN-1991)- Despacho de importação é o procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço aduaneiro de mercadoria estrangeira, nacional ou nacionalizada, procedente do exterior ainda que não se trate de importação a título definitivo. Comentários: De fato, despacho de importação é o procedimento fiscal que tem por objetivo proceder ao desembaraço aduaneiro de mercadoria procedente do exterior. O despacho aduaneiro de importação aplica-se a todas as mercadorias, mesmo que a importação não tenha caráter definitivo. O que muda é apenas a modalidade de despacho aplicável: despacho para consumo ou despacho para admissão. Questão correta. 22- (AFTN-1994)- O procedimento administrativo que se destina a constatar a ocorrência de falta ou acréscimo de volume ou de Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 71 mercadoria entrada no território aduaneiro, em que se comparam os registros de descarga com os dados constantes no manifesto, refere-se à atividade atinente à revisão aduaneira. Comentários: A revisão aduaneira é procedimento por meio do qual, após o desembaraço aduaneiro, a autoridade aduaneira verifica a regularidade da operação de importação efetuada. Trata-se de uma espécie de reexame da operação. O conceito apresentado pela questão é o de conferência final de manifesto. Questão errada. 23- (AFTN-1991)- Despacho de importação é o procedimento dispensado na reentrada de mercadorias que comprovadamente retornem ao País por defeito técnico que exija sua devolução para reparo ou substituição. Comentários: O despacho de importação se aplica a todas as mercadorias que ingressem no território aduaneiro. Ele somente é dispensado na entrada no País de mala diplomática ou mala consular. Questão errada. 24- (CODESP-2011)- Previamente ao registro da declaração de importação, o importador poderá requerer a verificação das mercadorias efetivamente recebidas do exterior. Comentários: Antes do registro da DI, o importador poderá requerer a verificação das mercadorias com vistas a dirimir dúvidas sobre o correto tratamento tributário ou aduaneiro, inclusive no que se refere à sua perfeita identificação com vistas à classificação fiscal e à descrição detalhada. Questão correta. 25- (CODESP-2011)- O registro da declaração de importação (DI) ocorrerá sempre após a descarga da mercadoria na unidade da Secretaria da Receita Federal de despacho. Comentários: A IN SRF nº 680/2006 autoriza que, em certos casos, ocorra o despacho antecipado. Nessas situações, o registro da Declaração de Importação ocorre antes da descarga da mercadoria no território aduaneiro. Questão errada. 26- (CODESP-2011)- Para fins de autorização de entrega ao importador, pela SRF, de mercadoria importada por via marítima, Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 71 deverá o importador exibir guia de recolhimento, ou comprovante de exoneração de pagamento, do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Comentários: O importador não precisa apresentar guia de recolhimento ou comprovante de desoneração. A verificação da regularidade do pagamento do AFRMM é feito mediante consulta eletrônica do SISCOMEX ao Mercante. Questão errada. 27- (AFTN-1991)- Conferência aduaneira é o procedimento fiscal que tem por finalidade identificar o importador, a mercadoria, determinar seu valor e classificação fiscal, bem como constatar o cumprimento das obrigações, fiscais ou não fiscais, exigíveis em razão da importação. Comentários: Exatamente conforme a definição prevista no art. 564 do R/A: “A conferência aduaneira na importação tem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação.” Questão correta. 28- (AFTN-1991)- Despacho de importação é o procedimento fiscal necessariamente efetuado com base na Declaração de Importação e instruído com o conhecimento de carga original ou documento equivalente, não podendo ser dispensada nessa instrução a fatura comercial, contendo todas as indicações especificadas na lei e assinada pelo exportador, salvo se substituída pelo conhecimento aéreo, se este contiver as mesmas indicações. Comentários: O despacho de importação também pode ser realizado com base em uma Declaração Simplificada de Importação (DSI). Questão errada. 29- (AFTN-1991)- A conferência aduaneira é o ato final do despacho aduaneiro através do qual se confere a identidade do importador e se verifica a mercadoria, sua classificação na nomenclatura, o cumprimento das obrigações fiscais para fins de desembaraço aduaneiro, que será concedido se não houver exigência fiscal. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 71 O ato final do despacho aduaneiro de importação é o desembaraço aduaneiro. Questão errada. 30- (CODESP-2011)- O despacho de exportação poderá ser realizado em recinto alfandegado de zona primária ou secundária, em qualquer outro local não alfandegado de zona secundária, inclusive no estabelecimento do exportador. Comentários: Exatamente o que prevê o art. 11 da IN SRF nº 028/94! Art. 11. O despacho de exportação poderá ser realizado: I - em recinto alfandegado de Zona Primária; II - em recinto alfandegado de Zona Secundária; e III - em qualquer outro local não alfandegado de Zona Secundária, inclusive no estabelecimento do exportador. Questão correta. 31- (CODESP-2011)- Com exceção dos produtos sujeitos a procedimentos especiais, constantes na Portaria SECEX nº 23/2011, o despacho aduaneiro de exportação será instruído com a primeira via da nota fiscal e o certificado de origem, emitido de acordo com a destinação da exportação. Comentários: O despacho de exportação será instruído com: i) a primeira via da nota fiscal; ii) via original do conhecimento e manifesto internacional de carga, no caso de exportações por via terrestre, fluvial ou lacustre e; iii) outros documentos exigidos na legislação específica. O certificado de origem não é documento exigível no despacho aduaneiro de exportação. Questão errada. 32-(CODESP-2011)- Não será admitido agrupar, numa mesma declaração de importação, mercadorias que, procedendo diretamente do exterior, tenha uma parte destinada a consumo e outra a ser submetida ao regime aduaneiro especial de admissão temporária. Comentários: É possível agrupar, em uma mesma DI, mercadorias que, procedendo diretamente do exterior, tenha uma parte destinada a consumo e outra a ser submetida ao regime aduaneiro especial de admissão temporária. Questão errada. 33- (CODESP-2011)- No caso de mercadorias sujeitas a licenciamento, o registro da declaração de importação no SISCOMEX poderá ser Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 71 efetuado antes do licenciamento, mas sempre após a chegada da carga. Comentários: No caso de mercadorias sujeitas a licenciamento, o registro da Declaraçãode Importação é sempre efetuado após o licenciamento. Questão errada. 34-(CODESP-2011)- Previamente à declaração de exportação é necessário efetuar para todas as exportações de mercadorias o registro de venda (RV), o registro de crédito (RC) e o registro de exportação (RE). Comentários: Conforme estudamos na aula sobre controle administrativo: i) algumas exportações são dispensadas de RE; ii) o RC somente é exigível no caso de exportações financiadas; iii) não existe mais, na legislação brasileira, a previsão de RV. Questão errada. 35-(CODESP-2011)-Uma declaração para despacho aduaneiro de exportação somente poderá conter um registro de exportação (RE). Comentários: Uma declaração para despacho aduaneiro de exportação pode conter vários registros de exportação (RE). Questão errada. 36- (AFTN-1989)- A fatura comercial é substituível pelo conhecimento aéreo, se este contiver as indicações de quantidade, espécie e valor das mercadorias que lhe correspondam. Comentários: Se o conhecimento aéreo contiver as indicações de quantidade, espécie e valor das mercadorias, ele poderá substituir a fatura comercial como documento instrutivo do despacho aduaneiro. Questão correta. 37- (AFTN-1989)- Apurando-se dano ou avaria o responsável, identificado em processo próprio, estará sujeito a multa no valor do tributo que, em conseqüência, deixar de ser recolhido. Comentários: A autoridade aduaneira, ao constatar, por meio de vistoria aduaneira, que houve dano ou extravio de mercadoria, irá formalizar a exigência do Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 71 crédito tributário mediante auto de infração. Caberá ao responsável (transportador ou depositário) indenizar a Fazenda Nacional no valor do imposto de importação que, em consequência do extravio ou avaria, deixou de ser recolhido. Além disso, será aplicada multa pela RFB. Perceba, caro amigo, que o erro da questão é dizer que a multa é no valor do tributo. No caso de extravio, a multa será de 50% do valor aduaneiro. Questão errada. 38- (TTN-1997)- A vistoria aduaneira é o procedimento pelo qual a autoridade aduaneira, após o desembaraço aduaneiro, reexamina o despacho aduaneiro, com a finalidade de verificar a regularidade da importação quanto aos aspectos fiscais e outros, inclusive o cabimento do benefício fiscal aplicado. Comentários: O conceito apresentado pela questão foi o de revisão aduaneira (e não o de vistoria aduaneira!). Questão errada. 39- (AFTN-1989)- A fatura comercial em nenhuma hipótese será aceita, para efeitos fiscais, quando contiver emendas, ressalvas ou entrelinhas. Comentários: Se as emendas, ressalvas ou entrelinhas em uma fatura comercial forem autenticadas pelo exportador, esta terá validade, sendo plenamente aceita. Questão errada. 40- (AFTN-1989)- A fatura comercial deve indicar o país de origem da mercadoria, como tal entendido aquele em que tiver realizado seu embarque. Comentários: Pegadinha! De fato, a fatura comercial deve indicar o país de origem da mercadoria. No entanto, país de origem da mercadoria é aquele onde ela foi produzida ou onde sofreu a última transformação substancial. Questão errada. 41- (TTN-1997)- A vistoria aduaneira verifica a mercadoria, identifica o importador, determina seu valor e classificação, e constata o cumprimento de todas as obrigações fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 71 A assertiva descreve a conferência aduaneira (e não a vistoria aduaneira!). A vistoria aduaneira é o procedimento fiscal cujo objetivo é apurar a responsabilidade pela avaria ou extravio de mercadoria. Questão errada. 42- (TTN-1997)- A conferência final de manifesto em confronto com os registros de descarga da mercadoria dos veículos transportadores feita pela fiscalização aduaneira tem por finalidade constatar a falta ou acréscimo de volume ou de mercadoria entrada no território aduaneiro e adoção de procedimento fiscal adequado contra o transportador. Comentários: A conferência final de manifesto consiste na comparação entre os registros de descarga e o manifesto de carga. Trata-se de procedimento cujo objetivo é apurar a falta ou acréscimo de volume ou de mercadoria entrada no território aduaneiro e, se for o caso, responsabilizar o transportador. Questão correta. 43- (TTN-1998)- A não apresentação de manifesto de carga ou de documento equivalente em relação a qualquer ponto de escala no exterior será objeto de apuração de responsabilidade por eventuais diferenças quanto a falta ou acréscimo de mercadoria por ocasião da conferência final dos manifestos relativos a toda a carga descarregada do veículo transportador. Comentários: A não apresentação de manifesto de carga ou de documento equivalente será considerado como declaração negativa de carga. Questão errada. 44- (TTN-1998)- A formalização da exigência de crédito tributário decorrente de vistoria aduaneira será feita através de notificação de lançamento instruída pelo termo de vistoria. Comentários: A vistoria aduaneira é procedimento fiscal tendente a apurar a responsabilidade pela avaria ou extravio de mercadoria. Apurando-se a avaria ou extravio, o crédito tributário será exigível mediante auto de infração instruído com o termo de vistoria. Questão errada. 45- (AFTN-1998)- Caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação o registro da declaração de importação. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 11 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 71 O registro da Declaração de Importação marca o início do despacho aduaneiro de importação. Questão correta. 2- LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA: 2.1- Imposto de Importação: 2.1.1- Introdução: O imposto de importação é um tributo de caráter eminentemente extrafiscal, isto é, visa a permitir que o governo exerça a função de regulação econômica por meio do controle das importações. Assim, está incorreto afirmar que o imposto de importação possui finalidade arrecadatória, embora a arrecadação de recursos para os cofres públicos seja um efeito da imposição desse tributo. Mas como assim o governo exerce controle das importações? Simples. Ao aumentar o imposto de importação, o governo confere proteção à indústria nacional em detrimento de bens estrangeiros. Ao reduzir o imposto de importação, por outro lado, o governo estimula a entrada de bens estrangeiros no território nacional. Assim, se a indústria nacional de têxteis está enfrentando forte concorrência externa e, em razão disso, acumulando prejuízos, o governo poderá aumentar a alíquota do I.I para produtos têxteis. Por outro lado, o governo pode reduzir a alíquota do I.I incidente para um determinado tipo de máquina / equipamento que não possua produção nacional, estimulando, assim, os investimentos produtivos no país. Da mesma forma, diante de uma crise de desabastecimento interno, é interesse do governo estimular a entrada de produtos, o que é feito por meio da redução da alíquota do imposto de importação. Diante de todas essas hipóteses, é fácil perceber que o governo brasileiro precisaria de flexibilidade para poder alterar as alíquotas do imposto de importação de forma rápida.