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Da punibilidade do psicopata no direito brasileiro JANDER HENRIQUE MACHADO BATISTA

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO - UNIFENAS 
JANDER HENRIQUE MACHADO BATISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA PUNIBILIDADE DO PSICOPATA NO DIREITO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alfenas – MG 
2015 
 
 
 
 
JANDER HENRIQUE MACHADO BATISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA PUNIBILIDADE DO PSICOPATA NO DIREITO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade 
José do Rosário Vellano, como parte 
das exigências do Curso de Direito para 
a obtenção do título de Bacharel em 
Direito. 
 
Orientadora: Prof. Nivalda de Lima Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alfenas – MG 
2015 
 
 
 
JANDER HENRIQUE MACHADO BATISTA 
 
 
 
 
DA PUNIBILIDADE DO PSICOPATA NO DIREITO BRASILEIRO 
 
 
 
Monografia apresentada como parte das exigências para a conclusão do Curso de 
Direito, da Universidade José do Rosário Vellano – Unifenas. 
 
 
 
 
Aprovado em ____/____/________. 
 
 
 
 
 
 
______________________________________ 
Prof.(a) 
Orientador 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________ 
Prof. (a) 
(Banca Examinadora) 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________ 
Prof. (a) 
(Banca Examinadora) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos que me incentivaram 
na busca pelo conhecimento. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço à minha orientadora, por dedicar tanto tempo e trabalho para 
que esta monografia se realizasse; 
 
Aos professores, pela dedicação e comprometimento ao transmitir com 
tanto empenho os conhecimentos adquiridos ao longo de sua jornada profissional; 
 
Aos colegas de curso, pelo companheirismo e pela força durante os anos 
de caminhada juntos; 
 
Aos familiares, pelo apoio e pela paciência que fizeram com que juntos 
pudéssemos vencer os obstáculos para que eu realizasse este sonho; 
 
Ao Deus Criador, pelo fôlego de vida que me vivificou e me capacitou na 
busca do meu ideal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O homem superior atribui a culpa a si 
próprio; o homem comum, aos outros”. 
(Confúcio) 
 
 
 
 
RESUMO 
 
BATISTA, Jander Henrique Machado. Da punibilidade do psicopata no direito 
brasileiro. 
Esta pesquisa teve como objetivo realizar um estudo sobre autores de assassinatos 
em série no Brasil, seus comportamentos e as penalidades aqui aplicadas. Com o 
enfoque direcionado para os aspectos psicológicos e jurídicos, a pesquisa procurou 
expor as características destes homicidas e o que os difere de outros criminosos, 
assim como expor as medidas adotadas até agora para esse complexo indivíduo. 
Para a realização deste estudo foi usada a técnica de pesquisa bibliográfica nos 
seus diversos meios e na legislação nacional. O trabalho foi estruturado em três 
capítulos: o primeiro é um histórico sobre o criminoso serial e conta um pouco da 
história dos Serial Killers brasileiros; o segundo aborda características que 
diferenciam estes indivíduos situando-as dentro de aspectos psicológicos de 
transtornos de personalidade ou de doenças mentais; e o terceiro aborda aspectos 
jurídicos e a punibilidade desses sujeitos. Nos últimos dez anos tem havido um 
crescente interesse pelo assunto e pesquisadores e leigos acabam confundidos pela 
complexidade de teorias e informações existentes, e que no Brasil se faz urgente a 
criação de uma legislação que dê um tratamento adequado a essas pessoas. 
 
Palavras-Chave: Psicopatia; Assassinos Seriais; Doenças Mentais; Transtornos de 
Personalidade; Legislação Penal Brasileira. 
 
 
ABSTRACT 
 
BATISTA, Jander Henrique Machado. Of psychopathic criminality in Brazilian law. 
This study aimed to conduct a study on serial murders of writers in Brazil, their 
behavior and the penalties applied here. With the focus directed to the psychological 
and legal aspects, the survey sought to expose the characteristics of these 
murderers and what differs from other criminals, as well as exposing the measures 
taken so far to this complex individual. For this study we used the literature technique 
in its various media and in national legislation. The work was divided into three 
chapters: the first is a history of the serial criminal and tells a little of the history of 
Brazilian Serial Killers; the second addresses the characteristics that differentiate 
these individuals placing them into psychological aspects of personality disorders or 
mental illness; and the third deals with legal aspects and the criminality of these 
subjects. Over the past decade there has been increasing interest in the subject and 
researchers and lay people end up confused by the complexity of theories and 
existing information, which in Brazil is urgent to create legislation to give proper 
treatment to these people. 
 
Keywords: Psychopathy; Serial killers; Mental Illness; Personality Disorders; 
Brazilian Penal Law. 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 
 
2 NOÇÕES BÁSICAS DA PSICOPATIA E SEUS EFEITOS NOS SEXOS 
MASCULINO E FEMININO ...................................................................................... 10 
2.1 Características dos psicopatas Serial Killers ................................................ 13 
2.2 Crimes cometidos por psicopatas no Brasil ................................................. 15 
 
3 A CULPABILIDADE DOS PSICOPATAS ............................................................ 18 
3.1 Crime: definição ............................................................................................... 22 
3.2 Da imputabilidade ............................................................................................. 24 
3.3 Da inimputabilidade ......................................................................................... 25 
3.4 Semi imputabilidade ......................................................................................... 26 
3.5 Da execução da pena ....................................................................................... 28 
 
4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 30 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 31 
8 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 Diante dos vários crimes bárbaros praticados por psicopatas na sociedade 
brasileira, fácil é perceber a necessidade de estudo de tal demência e quais os fatos 
necessários para se alcançar a semi-imputabilidade, uma vez que, embora grave, a 
psicopatia não é considerada doença mental, não configurando assim 
inimputabilidade do agente. Inúmeros delitos são praticados todos os dias, porém no 
que tange aos praticados pelos psicopatas, causam repúdio e enorme clamor de 
justiça emanado na sociedade, haja vista, na maioria das vezes, estarem presentes 
requintes de crueldade. 
 Os psicopatas, quando se voltam à prática de crimes, têm como cunha algum 
trauma sofrido na infância, alucinações, vozes, entre outros tormentos que os levam 
à prática do fato criminoso. Assim, como o viciado pratica o uso do entorpecente, o 
psicopata para saciar o distúrbio pratica o crime. Neste contexto, observam-se vários 
psicopatas infratores que ganharam destaque nacional e internacional.Na presente monografia serão abordados três casos diagnosticados de 
psicopatia: 
 “Chico Picadinho”, alcunha de Francisco da Costa Rocha, assassino de duas 
prostitutas no Rio de janeiro nos anos de 1966 e 1976 respectivamente, além 
de cometer estupro contra as vítimas, mutilava seus corpos, sendo motivado 
pelo fato de a mãe se prostituir em sua casa, encontra-se internado embora 
cumpridos os 30 anos de prisão. 
 Pedro Rodrigues Filho, o “Pedrinho Matador”, matou pela primeira vez aos 
treze anos e hoje acumula mais de cem homicídios, incluindo o do próprio pai, 
sendo que 47 pessoas foram mortas dentro dos presídios pelos quais passou. 
 Francisco de Assis Pereira, ou “Maníaco do Parque”, entre 1997 e 1998 o 
motoboy Francisco de Assis Pereira, estuprou, torturou e matou pelo menos 
11 mulheres no Parque do Estado, situado na região sul da cidade de São 
Paulo. 
 Embora os homicidas tenham agido de modo cruel, de maneiras e com 
vítimas diversas, o fator psicológico era de grande semelhança entre todos, pois os 
traumas vividos na infância que consequentemente ocasionaram a patologia, ou 
seja, a sina de matar. 
9 
 
 
 A presente pesquisa teve como objetivo explanar o que é a psicopatia e 
consequentemente a punibilidade dos psicopatas, buscando atingir os seguintes 
objetivos específicos: analisar de uma forma ampla a relação da psicopatia com a 
inimputabilidade e se esta patologia é uma característica da doença mental; os fatos 
que impulsionaram a prática do delito; e a ligação do crime com a crueldade e a 
repulsa social. 
 Esta pesquisa buscou ainda verificar o conceito de psicopatia e se a mesma 
pode ser considerada uma doença mental que ocasionará a inimputabilidade, 
conhecer as modalidades de inimputabilidade, identificar quais os elementos 
causadores e permissivos para a declaração da inimputabilidade, caracterizar os 
conceitos de imputabilidade e inimputabilidade no direito penal, elementar para um 
melhor entendimento do assunto, esclarecer qual será a sanção imposta. 
 A metodologia utilizada na pesquisa caracterizou-se como bibliográfico-
documental, tendo sido realizada através do método dedutivo, uma vez que partiu da 
literatura existente a respeito do tema, para tanto foram utilizados livros, artigos e 
publicações para a tessitura da análise que levou ao resultado desta reflexão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
2 NOÇÕES BÁSICAS DA PSICOPATIA NOS SEXOS MASCULINO E FEMININO 
 
 
 De acordo com o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a Psicopatia é 
definida como distúrbio mental grave em que o enfermo apresenta comportamentos 
antissociais e amorais sem demonstração de arrependimento ou remorso, 
incapacidade para amar e se relacionar com outras pessoas com laços afetivos 
profundos, egocentrismo extremo e incapacidade de aprender com a experiência 
(HOUAISS, 2001). Para Monteiro; Freitas; Soares (2013), é a anormalidade 
congênita da personalidade, especialmente nas esferas afetiva, volitiva e instintiva, 
podendo ser normal uma alteração das faculdades intelectuais. 
 De acordo com Silva (2008), normalmente, a palavra psicopata leva a pensar 
em uma pessoa de caráter cruel, no entanto, esse pensamento é equivocado, pois 
nem todos os psicopatas são homicidas ou fisicamente violentos. 
 Segundo o psicólogo canadense Robert Hare, em Diniz (2015, p.1): “Ninguém 
nasce psicopata. Nasce com tendências para a psicopatia. A psicopatia não é uma 
categoria descritiva, como ser homem ou mulher, estar vivo ou morto. É uma 
medida, como altura ou peso, que varia para mais ou para menos”. 
 No âmbito médico e psiquiátrico, a psicopatia é definida como uma desordem 
de personalidade cuja característica principal é a falta de empatia, incapacidade de 
uma lealdade relevante com indivíduos, grupos e valores sociais, além da ausência 
de sentimentos genuínos como remorso ou gratidão; frieza; insensibilidade aos 
sentimentos alheios dentre outras características que serão vistas mais 
profundamente adiante. São irresponsáveis, impulsivos, incapazes de se sentirem 
culpados e de aprenderem algo com a experiência do castigo. Manipuladores e 
egocêntricos. Possuem uma extrema facilidade para mentir; seu nível de tolerância 
de frustrações é baixo; não sentem culpa, mas inclinam-se a culpar os outros ou a 
justificar de modo plausível sua própria conduta (SILVA, 2008). 
 A psicopatia não é uma doença mental e os psicopatas tampouco são 
considerados loucos, visto que não apresentam nenhuma característica, dentro do 
padrão convencional da psiquiatria dos portadores de personalidade antissocial 
como a perda da consciência ou qualquer tipo de desorientação e muito menos 
11 
 
 
sofrem delírios ou alucinações, como na esquizofrenia, ou apresentam um intenso 
sofrimento mental e/ou emocional como no caso da depressão (SILVA, 2008). 
 Segundo uma análise comparativa dos psicopatas, na infância as 
particularidades mais comuns são: isolamento social e/ou familiar, baixa autoestima, 
problemas relativos ao sono, pesadelos constantes, acessos de raiva exagerados, 
dores de cabeça constantes, mentiras crônicas, rebeldia, fugas, roubos, fobias, 
propensão a acidentes, possessividade compulsiva, problemas alimentares, 
convulsões e automutilações, além da masturbação compulsiva, dos devaneios 
diurnos, da destruição de propriedade, piromania (mania de atear fogo) e do abuso 
sádico de animais ou outras crianças (SILVA, 2008). 
 Ocorre que este transtorno continua por toda a vida adulta, é muito mais 
frequente nos homens, podendo, nas mulheres, passar despercebido por muito 
tempo, pois, nelas, a psicopatia de alto grau é muito rara, sendo mais comum a 
psicopatia feminina de grau leve ou moderado. Além do mais, os crimes femininos, 
possuem uma publicidade muito inferior aos masculinos, além de que, a mulher 
psicopata tende a matar pessoas que ela conhece, fazendo com que as mortes, 
pareçam mortes naturais, como suicídio, acidente ou ataque cardíaco, sendo que na 
verdade foram causados por envenenamento (SILVA, 2008). 
 Além disso, normalmente as mulheres cometem o crime em dupla e seu 
parceiro, normalmente, é um homem, o que faz com que a alegação da defesa seja 
sempre de que elas foram forçadas a matar, ou que mataram por amor ao parceiro, 
dando então ao crime uma conotação emocional muito grande e fazendo com que 
muitas psicopatas assassinas fiquem pouco tempo na cadeia e/ou fora de hospitais 
psiquiátricos (SILVA, 2008). 
 A infância da mulher psicopata não é muito diferente da do homem, pois 
muitas sofreram abusos, maus-tratos, presenciaram cenas de violência doméstica, 
entre outros. A diferença é que a mulher psicopata, diferente do homem, é mais 
calma, mais controladora, persuasiva, influenciadora, além de muito sedutora. Ao 
longo da vida, elas, na maioria das vezes, apresentam comportamentos sexuais 
sinistros, possuem um histórico de relacionamentos breves e vários parceiros do 
mesmo ou de outro sexo e às vezes, simultaneamente (SILVA, 2008). 
 A mulher psicopata normalmente é infiel. Namora por puro interesse e vê no 
sexo apenas mais uma das formas de manipulação, um meio a mais para alcançar 
12 
 
 
seus objetivos, acarretando assim a preferência por homens ricos e poderosos. 
Sobre o conceito de psicopatia, discorre Silva: 
 
A palavra psicopata literalmente significa doença da mente (do grego, 
psyche=mente; e pathos=doença). No entanto, em termos médicos-
psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças 
mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam 
qualquer tipo de desorientação. Também não sofremde delírios ou 
alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso 
sofrimento mental (como a depressão ou pânico, por exemplo) (SILVA, 
2008.p.37). 
 
Verifica-se que se entrelaçam a personalidade psicopata com a sua 
formação desde a existência do indivíduo e o decorrer da sua formação por 
elementos extrínsecos. Porém, os psicopatas não têm sido considerados portadores 
de mentes doentes, mas sim dotados de um raciocínio frio e calculista, somado a 
uma total incapacidade de lidar com as outras pessoas como seres providos de 
pensamentos e sentimentos. 
Trindade, Behegaray e Cunea (2009) corroboram com Silva (2008) 
quando conceituam psicopatia: 
 
A psicopatia não é um transtorno mental como a esquizofrenia ou a 
depressão, mas um transtorno de personalidade devido a forma 
devastadora de comportamento destes indivíduos perante a sociedade, nos 
levam a crer que os psicopatas são os mais severos predadores da espécie 
humana, não obstante, constroem uma verdadeira carreira de crimes que se 
iniciam na infância até atingirem a vida adulta, desenvolvendo maior grau de 
perversidade a cada crime cometido (TRINDADE, BEHEGARAY e CUNEA, 
2009, p.129). 
 
 
 Para o psiquiatra Hare (apud Araújo 2011) o que impulsionou a discussão 
sobre o diagnóstico da psicopatia foi a Segunda Guerra Mundial, uma vez que surgiu 
a necessidade, por parte do exército, de identificar, diagnosticar e tratar indivíduos 
perigosos que pudessem ameaçar a estrutura militar. E também, face às revelações 
das atrocidades nazistas cometidas, onde, na época, levantou-se o questionamento 
quanto ao comportamento perverso de pessoas aparentemente normais, contra 
outros seres humanos. 
 Robert Hare também identificou os critérios que atualmente são aceitos para 
diagnosticar os portadores de psicopatia, através de uma escala que, além de medir 
os graus de psicopatia, servia para avaliar a personalidade da pessoa. Quanto mais 
13 
 
 
alta a pontuação, mais problemática ela pode ser, por isso costuma ser utilizada em 
pesquisas clínicas forenses para avaliar o risco que um determinado indivíduo 
representa para a sociedade. Como podem ser identificados em escalas, podem 
também ser classificados de maneiras diversas, pois há inúmeros psicopatas que, 
embora portadores do transtorno, não se voltam à prática de crimes (ARAÚJO, 
2011). 
 
 
2.1 Características dos psicopatas serial killers 
 
 
 De acordo com a especialista Ilana Casoy, pode-se classificar um indivíduo 
como serial killer quando “se comete uma série de homicídios durante algum tempo, 
com pelo menos alguns dias de intervalo entre esses homicídios” (CASOY, 2004, p. 
18).O intervalo entre um crime e outro os diferencia dos assassinos de massa. 
 A falta de motivo para o crime é um dos fatores mais importantes para a 
definição de assassinos seriais, pois são raras as vezes em que o assassino 
conhece a vítima. Raramente se percebe algum ganho material com o assassinato, 
visto que a finalidade é ter prazer com a conduta ilícita. O assassino procura exercer 
seu poder sobre a vítima e sua motivação é ódio, desejo, vingança ou humilhação 
da vítima (CASOY, 2004). 
 O serial killer tem uma natureza psicopata e não sabe sentir compaixão ou 
remorso. Costuma imitar pessoas normais, mas apresenta incapacidade plena de 
sentir empatia por alguém, usando a arte da manipulação para colocar suas vítimas 
em armadilha (CASOY, 2004). 
 Uma coisa comum aos assassinos seriais é que todos tiveram uma infância 
cheia de abusos e maus tratos. Isso faz com que eles não saibam lidar tão 
facilmente com a frustração. Muitos seriais tiveram histórico de crueldade com 
animais antes de começar a matar pessoas, como é o caso de “Chico Picadinho” 
(CASOY, 2004). 
 Outro comportamento agressivo comum na infância desses assassinos é a 
crueldade com outras crianças, como é o caso de “Pedrinho Matador”, que matou 
pela primeira vez aos 13 anos, sendo a vítima seu próprio primo. São promíscuos 
14 
 
 
sexualmente, e muitos não conseguem manter um relacionamento por longo período 
de tempo, como é o caso do “Maníaco do Parque” (CASOY, 2004). 
 Embora a maioria dos casos conhecidos seja dos Estados Unidos da 
América, um número cada vez maior de serial é preso em todo o mundo. Na 
América do Sul, os números vêm crescendo de forma alarmante (CASOY, 2004). 
 Psicopatas detêm um quociente de inteligência acima da média e, mesmo 
sem letramento ou semi-analfabetos, são muito perspicazes. Não lidam muito bem 
com a frustração. São luxuriosos e, muitas vezes, a forma de matar caracteriza uma 
satisfação de um desejo sexual, geralmente cercado de sadismo. Especialistas 
acreditam que a faca, usada com frequência, seja um símbolo fálico, pois significa 
penetrar alguém. Citam-se os exemplos do lendário “Jack, o Estripador” na Inglaterra 
e de “Chico Picadinho”, no Brasil (CASOY, 2004). 
 São pessoas eloquentes, capazes de encantar multidões com suas palavras, 
carregando um carisma que atrai. Usam essas características como engodo, pois 
agem visando à atração de vítimas ou à sua proteção. Tudo calculadamente 
pensado (CASOY, 2004). 
 Caracterizam-se também pelo egocentrismo e narcisismo exagerados, 
apresentando autoestima tão elevada que chegam a crer não existirem pessoas no 
mundo tão especiais quanto eles. Dessa forma, conforme ensina Casoy (2004), 
sentem-se o “centro do universo”. Por esse motivo, não se obrigam a seguir as 
normas aplicadas a toda a sociedade, pois, como seres superiores, não precisam 
submeter-se aos seres inferiores. Na verdade, os seres na terra estão aí para serem 
controlados e para servi-los. 
 Quando exprimem algum remorso, eles apenas estão tentando manipular as 
pessoas e continuar com a máscara de pessoa boa. São mentirosos tão talentosos 
que podem convencer muitas pessoas de suas “boas intenções ou do seu azar”. 
Assim, quando pegos pela justiça, os assassinos seriais psicopatas assumem 
repentinamente uma atitude insana para poder se passar por portadores de 
personalidades múltiplas, esquizofrenias, psicose ou qualquer coisa que possa tirar 
deles a responsabilidade do crime. Mesmo no momento em que estão diante de 
autoridades policiais, estão ainda desempenhando papéis de doentes mentais. Não 
gostam que sua verdadeira personalidade apareça (CASOY, 2004). 
 Um psicopata não sente empatia pelas vítimas porque ele não consegue se 
colocar no lugar dos outros, sua deficiência em ver os outros como seres racionais e 
15 
 
 
dignos torna suas vítimas apenas um objeto que saciará suas necessidades. Se 
matar o satisfaz, ele o faz de forma dolorosa para sentir todo o prazer advindo do ato 
(CASOY, 2004). 
 Toda emoção exposta pelo psicopata é superficial, como ele não tem 
sentimentos, tampouco os entende, ele os repete como num teatro. Um assassino 
como Leonardo de Pádua, assassino de uma atriz, na frente das câmaras chorava 
compulsivamente e, logo depois, mostrava um semblante calmo e frio. É uma 
emoção estudada já que eles não conseguem sentir qualquer emoção. Os 
psicólogos John e Quay chegaram a dizer que o psicopata “conhece as palavras, 
mas não a música”, para descrever que conhecem os termos usados para cada 
sentimento, mas não sabem o que realmente eles significam e trazem à vida 
(CASOY, 2004). 
 
 
2.2 Crimes cometidos por psicopatas no brasil 
 
 
 Os casos concretos citados a seguir servem apenas para mostrar as diversas 
formas de agir da mente humana, indivíduos denominados, pelos especialistas 
brasileiros, como psicopatas. 
 
Francisco Costa Rocha, “O Chico Picadinho”: 
 
 Nascido em 27 de abril de 1942 na cidade de Vila Velha, EspíritoSanto, 
Francisco Costa Rocha é o fruto de uma relação extraconjugal. Ele sempre sofreu 
com a rejeição do pai, o qual, inclusive, já havia forçado sua mãe a fazer dois 
abortos, além de tê-la ameaçado de morte antes de seu nascimento (CASOY, 2004). 
 Ele apanhava bastante e quase perdeu a mão, ao ser punido com lambadas 
dadas com as costas de uma faca que o acertou com o lado errado. Na infância, 
matava gatos para testar suas sete vidas e no colégio era briguento, desatento, 
dispersivo, irrequieto, indisciplinado e displicente (CASOY, 2004). 
 Aos 16 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com a mãe e o, até então, 
companheiro dela. E aos 23, foi para São Paulo, para trabalhar como corretor de 
16 
 
 
imóveis, onde ganhava bem e, como não tinha horário fixo, divertia-se em bares 
(CASOY, 2004). 
Seu primeiro assassinato foi em agosto de 1966, em seu apartamento da Rua 
Aurora, no centro de São Paulo. A vítima era a bailarina austríaca Margareth Suida, 
uma conhecida dos amigos de Chico. Pelas evidências, Margareth ficou nua por 
vontade própria, mas antes de ser morta, ela foi violentamente agredida (CASOY, 
2004). 
 Chico confessou o crime a um amigo, que o entregou à policia. Foi 
condenado a 18 anos de prisão, mas sua pena posteriormente foi substituída por 14 
anos, 4 meses e 24 dias. Mas Francisco permaneceu preso por apenas 8 anos, 
quando foi solto, voltando a cometer outro crime e sendo novamente preso e 
condenado a mais 22 anos. Devia ter sido solto em 1998 (CASOY, 2004). 
 A justificativa para o seu “pseudônimo” é que, após matar suas vítimas, ele 
retirava as partes moles, vísceras e tudo o que ele conseguisse picar (CASOY, 
2004). 
 De acordo com laudos psiquiátricos feitos desde 1994, Francisco é sádico, e 
de personalidade psicótica. E, com base nisso, a Justiça recorreu à “interdição civil”, 
que permite que, quando comprovada uma/ou a deficiência mental, que impeça o 
criminoso de discernir seus atos, ele seja encaminhado para um hospital 
médico psiquiátrico (CASOY, 2004). 
 
Francisco de Assis Pereira, O “Maníaco do Parque”: 
 
 Entre 1997 e 1998 o motoboy Francisco de Assis Pereira, também conhecido 
como o “maníaco do parque”, estuprou, torturou e matou pelo menos 11 mulheres no 
Parque do Estado, situado na região sul da cidade de São Paulo. Após ser 
capturado pela polícia, o que mais impressionou as autoridades foi como um homem 
feio, pobre, de pouca instrução e que não portava armas conseguiu convencer 
várias mulheres – algumas instruídas e ricas – a subir na garupa de uma moto e ir 
para o meio do mato com um sujeito que elas tinham acabado de conhecer (CASOY, 
2004). 
 No interrogatório, com fala mansa e pausada, Francisco relatou que era muito 
simples: bastava falar aquilo que elas queriam ouvir. Ele as cobria de elogios, 
identificava-se como um fotógrafo de moda, oferecia um bom cachê e convidava as 
17 
 
 
moças para uma sessão de fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma 
oportunidade única, algo predestinado, que não poderia ser desperdiçado (CASOY, 
2004). 
 Com igual tranquilidade, o réu confesso também narrou como matou suas 
vítimas: com o cadarço dos sapatos ou com uma cordinha que às vezes levava na 
pochete. “Eu dava meu jeito”, complementou. Nos vários depoimentos, frases do tipo 
“Matei. Fui eu”, “Sou ruim, gente. Ordinário” ou “Não venha comigo... Não aceite 
meu convite... Se você vier vai se dar mal” fizeram com que o país mergulhasse na 
mente de um assassino brutal (CASOY, 2004). 
 Em 2002, o serial killer foi condenado a mais de 260 anos de reclusão, no 
entanto, como reza a lei, ele cumprirá no máximo trinta anos. Atualmente Francisco 
está no presídio de segurança máxima de Itaí, na região de Avaré, interior de São 
Paulo. Francisco, que já foi professor de patinação, tinha tudo para passar 
despercebido: “era afável e simpático, adorado pelas crianças e fazia o estilo ‘boa 
praça’ ou ‘gente fina’. ‘Disfarce puro!’ Por detrás das aparências se escondia um 
matador cruel e irrefreável”. (SILVA, 2008, p.130-131) 
 
Pedro Rodrigues Filho, “O Pedrinho Matador”: 
 
 Pedrinho matou pela primeira vez aos treze anos e hoje acumula mais de cem 
homicídios, incluindo o do próprio pai, sendo que 47 pessoas foram mortas dentro 
dos presídios pelos quais passou (CASOY, 2004). 
 Na cidade de Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, executou o próprio pai 
numa cadeia da cidade, depois que ele matou sua mãe com 21 golpes de facão. A 
vingança do filho foi cruel: além das facadas, arrancou o coração do pai e comeu um 
pedaço. Tatuou no braço a frase que definiria sua escolha de vida: mato por prazer 
(grifo nosso). 
 Em 2003, Pedrinho deveria ter sido solto, por já ter cumprido 30 anos de 
prisão. O juiz achou uma brecha na lei e, acusando-o dos crimes na cadeia, 
aumentou sua pena até 2017. Entretanto, em 2007, foi libertado depois de 34 anos 
preso. Ao sair da prisão disse que trabalharia num matadouro, pois matar era a 
única coisa que sabia fazer, foi preso novamente em Blumenau, Estado de Santa 
Catarina, acusado por porte ilegal de arma (CASOY, 2004). 
 
18 
 
 
3 A CULPABILIDADE DOS PSICOPATAS 
 
 
 Na Antiguidade, Aristóteles sedimentou a noção da responsabilidade penal ao 
esclarecer que somente existe responsabilidade do comportamento, ou 
imputabilidade, quando o infrator, no momento em que cometeu a infração, tinha a 
real capacidade de reconhecer a natureza e as consequências da mesma. Nos 
casos diversos o infrator deve ser considerado inimputável, ou seja, não responsável 
criminal nem civilmente por seu comportamento. Pelo que não deve ser atribuída 
nenhuma pena judicial, já que se trata de um doente a ser acompanhado pelas 
estruturas da psiquiatria e saúde mental por parte do Estado. De acordo com 
Cordeiro: 
 
Enquanto na Idade Média os doentes mentais eram considerados 
possessos e castigados, a partir da Renascença, muito lentamente e devido 
à influência dos árabes, mais avançados neste domínio, os doentes mentais 
começam, progressivamente, a ser considerados doentes. Mas só em 1784, 
em França, Pinel separa definitivamente, os presos de direito comum dos 
doentes mentais, dando a estes o direito a tratamento. (CORDEIRO, 2003, 
p. 19) 
 
A punibilidade é uma das condições para o exercício da ação penal, conforme 
reza o artigo 43, inciso II do Código de Processo Penal e pode ser definida como a 
possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal ou medida de segurança 
ao autor do ilícito. 
Ocorre que, para que se alcance a punibilidade, necessita que o autor seja 
imputável. A Imputabilidade nada mais é que a capacidade do agente infrator de 
reconhecer a ilicitude do ato praticado (CORDEIRO, 2003). 
Desta feita, conforme ensinamento de Mirabete, que descreve o que se 
entende por imputabilidade, podemos ter um melhor conhecimento sobre tal 
assunto: 
 
De acordo com a teoria da imputabilidade moral (livre-arbítrio), o homem é 
um ser inteligente e livre, podendo escolher entre o bem e o mal, entre o 
certo e o errado, e por isso a ele se pode atribuir a responsabilidade pelos 
ilícitos que praticou. Essa atribuição é chamada imputação, de onde provém 
o termo imputabilidade, elemento (ou pressuposto) da culpabilidade. 
Imputabilidade é, assim, a aptidão para ser culpável. (MIRABETE, 1999, p. 
28) 
 
19 
 
 
Sobre o meio probante da imputabilidade, Rogério Greco esclarece que: 
 
No âmbito do Direito Penal, a perícia psiquiátrica tem por objetivo 
estabelecer diagnóstico e auxiliar o juiz a estabelecer a culpabilidade. 
Dessa maneira, mostra-se a impossibilidade de atribuir culpabilidade para 
um indivíduo portador de transtornomental que comete algum ilícito, após 
diagnosticada a sua insanidade psíquica por meio de perícia. Nesse 
contexto, existe o reconhecimento de que essa pessoa apresenta 
incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
conforme este entendimento, não podendo ser estereotipado como 
criminoso. (GRECO, 2008, p.14) 
 
 
 A inimputabilidade no direito penal brasileiro é explanada de três maneiras, 
sendo elas a Menoridade, Desenvolvimento Mental Incompleto ou Retardado, e a 
Doença Mental. No que tange à menoridade, esta é amparada pelo artigo 228 da 
carta magna, como também no artigo 101 do Estatuto da Criança e Adolescente, na 
qual menores de 18 anos são imunes a pena, sendo submetidos a medidas sócio- 
educativas. Sobre o desenvolvimento mental reduzido e retardado, a luz do 
entendimento de Mirabete (1999), podemos afirmar que: 
 
O desenvolvimento mental incompleto, pode ter como exemplo o Silvícola, 
ou seja o índio, desde que não adaptado a civilização. Já no 
desenvolvimento mental retardado estão os oligofrênicos, os quais se 
dividem em faixas de acordo com a capacidade de entendimento e, se ficar 
patente que o indivíduo se encontra no nível de debilidade mental limítrofe, 
seja por questões culturais ou orgânicas, é irrecusável o reconhecimento da 
culpabilidade diminuída. (MIRABETE, 1999, p.40) 
 
 Assim, o Código Penal brasileiro de 1940, em seu artigo 26, traz consigo as 
causas de isenção de pena, ou seja, a inimputabilidade: 
 
Art. 26: É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou 
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
 
 Outrossim, Mirabete (1999) esclarece o artigo 26 do Código Penal brasileiro 
no que tange à inimputabilidade: 
 
Trata-se da primeira hipótese de causa de exclusão da imputabilidade. 
Menciona a lei a doença mental. Embora vaga e sem maior rigor científico, a 
expressão abrange todas as moléstias que causam alterações mórbidas à 
saúde mental. Entre elas, há as chamadas psicoses funcionais: a 
esquizofrenia (sobretudo a de forma paranoide, em que são comuns os 
20 
 
 
impulsos em que o sujeito agride e mata por ser portador de mentalidade 
selvagem e primitiva, sujeita a explosão de fúria, mas que não escolhem 
nenhuma classe de delitos e cometem mesmo os que demandam 
meditação e refinamento da execução). A psicose maníaco-depressiva (em 
que existe uma desorganização da sociabilidade e, eventualmente, da 
personalidade, provocando isolamento e condutas antissociais). 
(MIRABETE, 1999, p.62) 
 
 Nesse diapasão, impreende destacar o entendimento de Mirabete que aduz o 
que vem a ser a semi-imputabilidade, prevista no artigo 26, § 1º, da lei penal: 
Embora se fale, no caso, de semi-imputabilidade, semirresponsabilidade ou 
responsabilidade diminuída, as expressões são passíveis de críticas. Na 
verdade, o agente é imputável e responsável por ter alguma consciência da 
ilicitude da conduta, mas é reduzida a sanção por ter agido com 
culpabilidade diminuída em consequência de suas condições pessoais. O 
agente é imputável, mas para alcançar o grau de conhecimento e de 
autodeterminação é lhe necessário maior esforço. Se sucumbe ao estímulo 
criminal, deve ter-se em conta que sua capacidade de resistência diante dos 
impulsos passionais é, nele, menor que em sujeito normal, e esse defeito 
origina uma diminuição da reprovabilidade e, portanto, do grau de 
culpabilidade. [...] Os psicopatas, por exemplo, são enfermos mentais, com 
capacidade parcial de entender o caráter ilícito do fato. (MIRABETE, 1999, 
p. 48) 
 
 
 Importante observar que se verificou, segundo a Classificação Internacional 
de Doenças da Organização Mundial da Saúde (CID 10), que as pessoas portadoras 
de Psicopatia são cientificamente conceituadas como portadoras de “transtornos 
específicos da personalidade”, que apresentam “perturbação grave da constituição 
caracterológica e das tendências comportamentais do indivíduo, usualmente 
envolvendo várias áreas da personalidade e quase sempre associada a considerável 
ruptura pessoal e social. 
 No que tange à psicopatia, há entendimentos sedimentados, esclarecendo 
que esta não está no rol das doenças mentais que acarretam a inimputabilidade. 
Desta feita, podemos observar a entrevista concedida à revista Época, pela 
psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, esclarecendo que: 
 
O psicopata não é um doente mental da forma como nós o 
entendemos. O doente mental é o psicótico, que sofre com delírios, 
alucinações e não tem ciência do que faz. Vive uma realidade 
paralela. Se matar, terá atenuantes. O psicopata sabe exatamente o 
que está fazendo. Ele tem um transtorno de personalidade. É um 
estado de ser no qual existe um excesso de razão e ausência de 
emoção. Ele sabe o que faz, com quem e por quê. Mas não tem 
empatia, a capacidade de se pôr no lugar do outro. Vale lembrar que 
21 
 
 
a psicopatia não tem cura, é um transtorno da personalidade e não 
uma fase de alterações comportamentais momentâneas. 
 
 No mesmo seguimento esclarece Jorge Trindade, o qual também não 
considera a Psicopatia como um transtorno mental: 
 
A psicopatia não é um transtorno mental como a esquizofrenia ou a 
depressão, mas um transtorno de personalidade e devido a forma 
devastadora de comportamento destes indivíduos perante a 
sociedade, nos levam a crer que os Psicopatas são os mais severos 
predadores da espécie humana, não obstante, constroem uma verdadeira 
carreira de crimes que se iniciam na infância até atingirem a vida adulta, 
desenvolvendo maior grau de perversidade a cada crime cometido. 
 
 
 Sobre o estudo da psicopatia, Silva (2008) volta a esclarecer como 
diagnosticar um psicopata: 
 
Os psicopatas nascem com um cérebro diferente. Os seres humanos têm 
o chamado sistema límbico, a estrutura cerebral responsável por 
nossas emoções. É uma espécie de central emocional, o coração da 
mente. Em 2000, dois brasileiros, o neurologista Ricardo Oliveira e o 
neurorradiologista Jorge Moll, descobriram a prova definitiva dessa 
diferença da mente psicopata, por meio da chamada ressonância 
magnética funcional, que mostra como o cérebro funciona de acordo 
com diferentes atividades. Nesse exame, mostraram imagens boas 
(belezas naturais, cenas de alegria) e outras chocantes (morte, 
sangue, violência, crianças maltratadas). Nas pessoas normais, o 
sistema límbico reagia de forma diversa. Nos psicopatas, não há 
diferença. O sistema límbico dessas pessoas não funciona. O pôr do 
sol ou uma criança sendo espancada geram as mesmas reações. Da 
mesma forma, não há repercussão no corpo. Eles não têm 
taquicardia, não suam de nervoso. Por isso passam tranquilamente 
num detector de mentiras. (SILVA, 2008, p.26) 
 
 Porém, nem sempre todo psicopata tem o desejo sádico de matar, 
podendo levar a vida de maneira natural, segundo Trindade, Behegaray e Cunea 
(2009), é impossível afirmar que o psicopata nasce criminoso, porém a psicopatia 
pode se manifestar a partir da infância: 
 
Não se pode afirmar que o psicopata nasce criminoso, senão com 
certa predisposição para atuar de maneira violenta diante de 
determinadas circunstâncias sociais. Traços psicopáticos podem se 
manifestar desde a infância e a adolescência, fases em que o 
22 
 
 
comportamento anti-social costuma aparecer progressivamente 
(TRINDADE, BEHEGARAY e CUNEA, 2009, p.129). 
 
O fator que leva o indivíduo psicopata a se tornar um serial killer se dá pelo 
fato de o mesmo não reconhecer o caráter da pena, reincidindo novamente no crime 
específico, conforme explana Trindade; Behegaray e Cunea (2009,p.129): 
 
Alguns estudos já constataram que prisioneiros identificados como 
psicopatas, estão duas vezes mais inclinados à reincidência criminal do que 
os demais prisioneiros, além de manifestarem refratariedade ao tratamento 
e maior quantidade de registros por indisciplina. 
 
Há diferença entre o serial killer e o assassino em massa, pois a maneira de 
agir de cada um é completamente diferente conforme esclarece Ilana Casoy: 
 
Aceitamos como definição que serial killers são indivíduos que 
cometem uma série de homicídios durante algum período de tempo, 
com pelo menos alguns dias de intervalo entre eles. O espaço de 
tempo entre um crime e outro os diferencia dos assassinos de 
massa, indivíduos que matam várias pessoas em questão de horas. 
(CASOY, 2004, p. 28) 
 
 A autora especifica ainda que: 
 
A grande maioria dos serial killers (cerca de 82%) sofreu abusos na infância. 
Esses abusos foram sexuais, físicos, emocionais ou relacionados à 
negligência e/ou abandono. Não é fácil identificar um abusador de crianças. 
Gente de todas as raças, religiões, profissões, classes sociais, etc. está 
representada entre eles. Em sua maioria, são homens, entre a adolescência 
e a meia-idade. (CASOY, 2004, p.33) 
 
 
 Tradicionalmente, o comportamento psicopata é consequência de fatores 
familiares ou sociológicos, havendo também as diferenças cerebrais entre 
psicopatas e pessoas normais que não podem ser descartadas. 
 
 
3.1 Crime: definição 
 
 
 Dentre os diversos doutrinadores que conceituam o Direito Penal, vale 
ressaltar as definições dadas por Mirabete e Fabbrini (2014, p.3): 
23 
 
 
 
Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece 
para combater o crime, através das penas e medidas de segurança”; é “o 
conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo 
em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os 
pratica”; é “o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena 
como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí 
derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a 
tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado”; é “o 
conjunto de normas e disposições jurídicas que regulam o exercício do 
poder sancionador e preventivo do Estado, estabelecendo o conceito do 
crime como pressuposto da ação estatal, assim como a responsabilidade do 
sujeito ativo, e associando à infração da norma uma pena finalista ou uma 
medida de segurança. (MIRABETE e FABBRINI, 2014, p.3): 
 
 O conceito de crime está inserido na Lei de Introdução ao Código Penal, 
Decreto-Lei nº 3914, de 9 de dezembro de 1941, em seu artigo 1º: 
 
Art. 1º: Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de 
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou 
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a 
que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou 
ambas, alternativa ou cumulativamente. 
 
 O crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Só é punido aquele que 
pratica fato contrário à lei. Para haver punição, deve haver um nexo causal entre a 
conduta do agente, fato típico e antijurídico e o resultado, desde que não estejam 
amparados pelas causas de exclusão inseridas no artigo 23 da lei penal: “Não há 
crime quando o agente pratica o fato: I- em estado de necessidade; II- em legítima 
defesa; III- em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito” 
 Portanto, se houver algumas das causas de exclusão de ilicitude, o fato será 
típico, mas não antijurídico, daí não há que se falar em crime, pois falta um elemento 
essencial para configurá-lo. Desse modo, conclui-se que tudo aquilo que não é 
proibido é permitido. 
 Mirabete e Fabbrini (2014, p.81), sob o aspecto formal, citam os seguintes 
conceitos de crime: 
 
“Crime é o fato humano contrário à lei”; “Crime é qualquer ação legalmente 
punível”; "Crime é toda ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça de 
pena”; “Crime é uma conduta (ação ou omissão) contrária ao Direito, a que 
a lei atribui uma pena. ” 
 
 Baseado no art. 5º, inciso XXXIX da Constituição Federal, que diz: “Não há 
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. ” 
24 
 
 
 Greco (2008, p.1) explica o princípio da legalidade e aduz que: 
 
É o princípio da legalidade, sem dúvida alguma, um dos mais importantes 
do Direito Penal. Conforme se extrai do art. 1º do Código Penal, bem como 
do inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Federal, não se fala na existência 
de crime se não houver uma lei definindo-o como tal. A lei é a única fonte do 
Direito Penal quando se quer proibir ou impor condutas sob a ameaça de 
sanção. Tudo o que não for expressamente proibido é lícito em Direito 
Penal. 
 
Sendo assim, uma vez definido o que seja crime perante o Código Penal 
brasileiro, é possível passar à analise da aplicação de penas cabíveis, em se 
tratando do tema proposto, a psicopatia. 
 
 
3.2 Da imputabilidade 
 
 
 De acordo com Trindade, Beheregaray e Cunea (2009, p.124): 
 
Imputabilidade é a capacidade que o indivíduo possui de entender o caráter 
ilícito do fato e de conduzir-se de acordo com esse entendimento. Em outras 
palavras, é o conjunto de atributos inerentes à pessoa dotada de 
capacidade intelecto-volitiva. O juízo de culpabilidade pressupõe um juízo 
de imputabilidade. A imputabilidade é, portanto, elemento – pressuposto, 
juízo de valor ou requisito – da culpabilidade. No Código Penal, o conceito 
de imputabilidade é fornecido de maneira indireta pelo de inimputabilidade. 
Em outras palavras, a culpabilidade não é definida pelo Código Penal, mas 
sim as causas de sua exclusão, ou tipos permissivos exculpantes ou 
dirimentes. Imputável é o sujeito mentalmente sadio, capaz de entender o 
caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com este entendimento. 
Portanto, para haver imputabilidade, há necessidade de haver integridade 
da cognição e de volição. (TRINDADE, BEHEREGARAY e CUNEA, 2009, p. 
124) 
 
 O psicopata na maioria das vezes é considerado imputável justamente por ter 
plena consciência de seus atos e das consequências as quais poderá ser 
submetido, mas isso não o intimida e nem diminui sua capacidade de cometer 
ilícitos. Isso ocorre porque são seres sem nenhum tipo de sentimento de culpa, 
remorso, compaixão, medo, angústia ou sofrimento: 
 
A psicopatia não é um transtorno mental da mesma ordem da 
esquizofrenia ou da depressão. O psicopata apresenta ausência de 
afetividade; egoísmo; narcisismo e um tipo particular de 
25 
 
 
exibicionismo. Não tem consciência crítica e é incapaz de se colocar 
no lugar do outro para julgar seu comportamento” (TRINDADE, 
BEHEREGARAY e CUNEA, 2009, p.59). 
 
 Para Mirabete e Fabbrini (2014, p.207), a imputabilidade ocorre quando: 
 
O sujeito é capaz de entender a ilicitude de sua conduta e de agir de acordo 
com esse entendimento. Só é reprovável a conduta se o sujeito tem certo 
grau de capacidade psíquica que lhe permita compreender a antijuridicidade 
do fato e também a de adequar essa conduta a sua consciência. Quem não 
tem essa capacidade de entendimento e de determinação é inimputável, 
eliminando-se a culpabilidade. 
 
Portanto, considera-se passível de pena, conforme visto, aquele cuja 
consciência dos atos se faz presente, ainda que os mesmos se justifiquem, em 
determinado entendimento, pela doença mental que o acomete. 
 
 
3.3 Inimputabilidade 
 
 
 O Código Penal traz a inimputabilidade em seu art. 26 da seguinte forma: 
 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimentomental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou 
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
A redução de pena é abordada no Parágrafo único: 
 
A pena é reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de 
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou 
de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
O art. 26 isenta de pena o agente doente psíquico, aquele que tem o 
desenvolvimento psíquico incompleto e também o desenvolvimento psíquico 
atrasado. Essas situações bastam para que o agente acusado seja isento de pena. 
E, como não tem pena, essa não pode ser reduzida e nem modificada, mas, sim, o 
que acontece em casos de crimes praticados por doentes psíquicos é a verificação 
de sua insanidade diretamente junto ao acusado, realizada através de perícia por 
26 
 
 
psiquiatra especializado, levando o agente, a partir de laudo psiquiátrico, a realizar 
tratamento em local adequado (MIRABETE, 1999). 
Na doutrina, a inimputabilidade é a falta da capacidade de um indivíduo para 
entender a ilicitude de um fato, não sendo entendido e/ou percebido pelo agente que 
praticou um crime de se arrepender por ter feito o mal para si e para outras pessoas. 
Nas palavras de Bitencourt: 
 
Todas as pessoas adultas com o psiquismo normal têm a capacidade de 
entender. Se essa capacidade de entendimento não for demonstrada pela 
pessoa é porque ela não existe, e isso quer dizer que a constituição 
psíquica da pessoa é incompleta; existe então a “falta de capacidade de 
discernir, de avaliar os próprios atos, de compará-los com a ordem 
normativa” (BITENCOURT, 2002, p. 305). 
 
Já Mirabete esclarece que: 
 
Excluída a imputabilidade por incapacidade total de entendimento da 
ilicitude do fato ou de autodeterminação, o autor do fato é absolvido e 
aplicar-se-á obrigatoriamente a medida de segurança de internação em 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro 
estabelecimento adequado. (MIRABETE 1999, P. 210-211). 
 
A imputabilidade por incapacidade total de entendimento não exclui a 
aplicação de medida, sendo esta a internação em hospital psiquiátrico. 
 
 
3.4 Da semi-imputabilidade 
 
Para Trindade, Beheregaray e Cunea (2009, p.130-131): 
 
A semi imputabilidade não exclui a culpabilidade, sendo tão-
somente uma causa especial de diminuição de pena. O grau da 
redução deve levar em conta a gravidade do fato e o vulto da perturbação 
mental ou da eficiência mental do réu, responsável pela diminuição da 
capacidade de entendimento ou autodeterminação. Dessa forma, quando 
houver dúvida quanto à integridade psíquica do autor de um crime, deve ser 
realizado um exame, que se instrumentaliza através do incidente de 
insanidade mental, nos termos dos artigos 149 a 151 do Código de 
Processo Penal. 
 
Esse exame psiquiátrico pode ser solicitado em qualquer etapa do 
procedimento criminal, ou seja, tanto na fase inquisitorial, quanto na fase processual 
executória. Assim, a capacidade de imputação é avaliada pela perícia, mas a 
27 
 
 
responsabilidade penal é de competência da jurisdição. Ao perito cabe auxiliar o juiz 
sempre que houver suspeita de insanidade mental, avaliando se, no momento da 
prática criminosa, havia supressão do entendimento ou da vontade, em decorrência 
de doença mental ou desenvolvimento mental retardado. E ainda complementam 
Trindade, Beheregaray e Cunea: 
 
Ao juiz caberá dizer se o agente deverá ou não ser responsabilizado, de 
acordo com o seu livre convencimento, não estando vinculado ao laudo 
apresentado. Atualmente, os semi imputáveis são regidos pelo sistema 
vicariante ou monista, que consiste na possibilidade de se estabelecer pena 
ou medida de segurança, ao contrário do sistema anterior, o duplo binário, 
no qual se determinava pena e medida de segurança. (TRINDADE, 
BEHEREGARAY E CUNEA, 2009, p. 130-131) 
 
 O parágrafo único, do art. 26 do Código Penal, prevê que: 
 
A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de 
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
No entanto, segundo Greco (2008), há uma diferença entre o caput do art. 26 
e seu parágrafo único. A seguir: 
 
A diferença básica entre o caput do art. 26 e seu parágrafo 
único reside no fato de que neste último o agente não era 
inteiramente incapaz de entender a ilicitude do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. Isso quer 
dizer que o agente pratica um fato típico, ilícito e culpável. 
Será, portanto, condenado, e não absolvido, como acontece 
com aqueles que se amoldam ao caput do art. 26. Contudo, o 
juízo de censura que recairá sobre a conduta do agente deverá ser menor 
em virtude de sua perturbação da saúde mental ou de seu desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, razão pela qual a lei determina ao julgador 
que reduza a sua pena entre um a dois terços. (GRECO, 2008, p. 115) 
 
 Importante ressaltar a visão de Trindade, Beheregaray e Cunea, quanto à 
culpabilidade do psicopata: 
 
Embora a jurisprudência considere os psicopatas como pertencentes à 
categoria da culpabilidade diminuída, contemplada no parágrafo único do 
art. 26 do Código Penal, que prevê redução da pena em função do que a 
doutrina denomina semi imputabilidade, semi responsabilidade 
responsabilidade diminuída, do ponto de vista científico e psicológico a 
tendência é considerá-los plenamente capazes, uma vez que mantém 
intacta a sua percepção, incluindo as funções do pensamento e da 
28 
 
 
sensopercepção, que, em regra, permanecem preservadas. Isso significa 
que o agente não apresenta alucinações, como no caso das esquizofrenias, 
nem delírios, como costuma acontecer nas perturbações paranoides. A 
semi-imputabilidade aplica-se a impulsos mórbidos, ideias prevalentes e 
descontrole impulsivo somente quando os fatos criminais se devem, de 
modo inequívoco, a comprometimento parcial do entendimento e da 
autodeterminação. Nos delitos cometidos por psicopatas – convém registrar 
– verifica-se pleno entendimento do caráter ilícito dos atos e a conduta está 
orientada por esse entendimento (premeditação, escolha de ocasião 
propícia para os atos ilícitos, deliberação consciente e conduta sistemática). 
Portanto, do ponto de vista psicológico-legal, psicopatas devem ser 
considerados imputáveis. (TRINDADE, BEHEREGARAY E CUNEA, 2009, 
p. 133) 
 
 Neste sentido é entendimento de Mirabete e Fabrini (2014): 
 
Embora se fale, no caso, de semi-imputabilidade, semi-responsabilidade ou 
responsabilidade diminuída, as expressões são passíveis de críticas. Na 
verdade, o agente é imputável e responsável por ter alguma consciência da 
ilicitude da conduta, mas é reduzida a sanção por ter agido com 
culpabilidade diminuída em consequência de suas condições pessoais. O 
agente é imputável, mas para alcançar o grau de conhecimento e de 
autodeterminação é-lhe necessário maior esforço. Se sucumbe ao estímulo 
criminal, deve ter-se em conta que sua capacidade de 17 resistência diante 
dos impulsos passionais é, nele, menor que em um sujeito normal, e esse 
defeito origina uma diminuição da reprovabilidade e, portanto, do grau de 
culpabilidade. Observa-se que o semi-imputável tem algum grau de 
conhecimento sobre o que praticou e por isso, é-lhe imputada algum tipo de 
pena. (MIRABETE; FABBRINI, 2014, p. 211) 
 
 
Deste modo, é possível relacionar todos os psicopatas com base na 
afirmação deCasoy (2004), uma vez que todos eles sofreram abusos ou foram 
submetidos a situações que influenciaram de maneira crucial para o 
desenvolvimento de sua patologia. 
 Porém, não se pode alegar sofrimentos da infância como excludente de 
ilicitude, e nesse aspecto entende-se que o psicopata, que muitas vezes é taxado 
como indivíduo portador de doença mental, deve ser considerado imputável quando 
de sua condenação por crime, tendo em vista que este age com juízo crítico de seus 
atos e mostra-se, por vezes, bem mais perigoso que o criminoso comum. 
 
 
3.5 Da execução da pena 
 
29 
 
 
 De acordo com Alexandra Lopes de Carvalho Oliveira (2012), o Judiciário 
brasileiro ainda não está preparado para utilizar as técnicas da Psicologia Forense e 
as experiências neurocientíficas que tornam possível diagnosticar o criminoso 
psicopata, devido a custos com os peritos qualificados, máquinas de ressonância, 
capacitação dos aplicadores destas, ou qualquer outra forma de aplicação das 
técnicas existentes para esse fim. 
 Ainda que houvesse a possibilidade da realização de tais exames, verificando 
a psicopatia in casu, a relevância prática de tal diagnóstico é quase nula, conforme 
pontua Oliveira (2012, p. 80): 
 
Conforme debatemos, a semi-imputabilidade é ainda tema questionável, 
poucos juízes teriam as formações necessárias para julgar o caso e chegar 
ou não à conclusão se houve ou não julgamento moral feito pelo indivíduo. 
Assim, certamente, boa parte Dops criminosos psicopatas seria condenada 
comumente, conforme preceitua o Código Penal, e seriam encarcerados em 
prisões juntamente com outros criminosos comuns. 
 
 A autora ainda chama a atenção para dois pontos importantes decorrentes 
de tais afirmações, sendo o primeiro a fixação da pena: 
 
Os juízes que acreditarem não ser possível a aplicação da semi-
imputabilidade nos casos de psicopatas podem, ao contrário, entender uma 
maior periculosidade desses indivíduos, aumentando o mínimo legal na 
primeira fase de dosimetria da pena. Logo, mesmo que o crime de um 
psicopata tenha sido perfeitamente correspondente a um crime de um 
sujeito comum, a pena do primeiro seria elevada no mínimo legal, no que 
tange à sua personalidade, a título de punição – questiona-se, então, se 
isso seria de alguma maneira eficaz para punir o psicopata, e prevenir 
outros crimes. (OLIVEIRA, 2012, p.81) 
 
 A necessidade de aplicação de uma pena decorre da informação que se tem a 
respeito de diagnóstico da psicopatia, conforme pontua Terezinha Pereira de 
Vasconcelos: 
 
Diz respeito ao diagnóstico do indivíduo portador deste distúrbio, tendo em vista 
que eles não têm crises como os doentes mentais, sendo o transtorno constante 
ao longo da vida, além de não terem funções cerebrais como a capacidade de 
raciocínio afetadas. Uma das características mais marcantes para se chegar ao 
diagnóstico é o hábito de mentir, a ausência da culpa, este último atributo-chave, 
e justamente por achar que não fazem nada errado é que repetem seus erros. 
(VASCONCELOS, 2012, p.8) 
 
30 
 
 
Os psicopatas reincidem três vezes mais que os criminosos comuns além de 
acharem que são imunes a punições de qualquer situação. Nesse sentido analisa-se a 
falha do sistema penitenciário brasileiro, o qual não possui um procedimento de 
diagnóstico para os presos que pedem redução de pena, tendo em vista que países que 
o aplicam têm a reincidência dos criminosos diminuída em dois terços, já que mantém 
mais psicopatas longe das ruas, como afirma Vasconcelos, (2012). Nesse sentido 
posiciona-se pelo afastamento do psicopata do convívio social. 
31 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
 
A tessitura desta pesquisa buscou a análise da psicopatia, revelando suas facetas 
e exemplos concretos, levando à tentativa de defini-la enquanto crime passível de 
sanção criminal, conforme o Código Penal. 
Frente a tais considerações verificou-se a relevância do assunto e a dificuldade 
da sociedade em poder conviver com tais indivíduos em vista da periculosidade. Além 
disso o Judiciário tem a sua frente uma grande responsabilidade, ao mesmo tempo em 
que enfrenta a inércia, tendo em vista a dificuldade do diagnostico e os meios de se 
verificar o transtorno, que estão um tanto quanto escassos no Brasil. 
A punição deve levar em conta fatores que o psicopata não controla, porém o 
mesmo tem algum discernimento sobre os seus atos. Pelo fato de o cérebro estar 
danificado, a capacidade de sentir remorso também fica danificada. Desta forma, pode-
se afirmar que um portador deste transtorno pode até saber que está errado, a diferença 
é que ele não consegue sentir que está errado. 
Do ponto de vista penal, existe o dilema, amplamente discutido, sobre se uma 
personalidade doente é imputável, especialmente se é de origem psicopática. Mesmo 
que se trate de uma personalidade doente, há tendência para sustentar que há urna 
punição correspondente, dado que, mesmo doente, a pessoa mantém consciência dos 
seus atos e pode evitar cometê-los. 
O direito penal usa como formas de classificar a capacidade mental do agente: o 
entendimento por parte do agente se o ato que ele cometeu é ilegal e se, mesmo 
sabendo que é ilegal, consegue se autodeterminar, ou seja, consegue não cometer o 
ato. Os psicopatas, no entanto, muitas vezes conseguem entender que seus atos são 
errados, porém não conseguem se autodeterminar com relação ao seu entendimento. 
Ocasionando, com isso, os crimes bárbaros, e na maioria das vezes, podem tornar-se 
assassinos em série. 
É preciso considerar a sua culpabilidade e, principalmente, o perigo a que expõe 
a sociedade, devendo o poder Judiciário dispor de formas de aplicação de penas, para 
que este tipo de indivíduo, tão nocivo quanto ao direito à vida do cidadão comum, seja 
impedido de reincidir em seus crimes. 
 
 
32 
 
 
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