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DIREITO ADMINISTRATIVO 1

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DIREITO ADMINISTRATIVO 1
Direito Administrativo:
Conceito: é o ramo do direito público, que estuda os princípios e normas reguladoras das atividades e funções desenvolvidas pelas pessoas, órgãos e agentes do Estado.
O Direito Administrativo é recente (final do século XIX) e não foi codificado, vigorando, assim, leis específicas e legislação esparsa. A falta de codificação não induz à ausência de autonomia. 
Na França, as causas de interesse da Administração públicas não são julgadas pelo Poder Judiciário, mas por órgãos administrativos. No Brasil, não existe o contencioso administrativo, já que todas as causas são decididas pelo Poder Judiciário, pois utilizamos a jurisdição una ou única. (art. 5º, incisos XXXV da CF/88 - princípio do livre acesso ao judiciário)
Ex.: Servidor demitido pela Administração Pública após o Processo Administrativo Disciplinar (P.A.D.), não estará impedido de, buscando o Poder Judiciário, se for o caso, ser "reintegrado" ao serviço público.
Administração Pública: art. 37,caput da CF
Lei 9784/99
        Art. 1o ....
....
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
        I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta;
        II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
        III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.
.
Responsabilidade Civil do Estado (Responsabilidade Civil da Administração Pública)
REF. LEGAIS BÁSICAS: 
ART. 18 CF
ART.37, caput, XIX e XX CF
ART. 37, § 6º CF
ART. 927 ao 954; art. 186 e 187 do CC
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” (CÓDIGO CIVIL)
TÍTULO III
Dos Atos Ilícitos
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. ( C.C.)
A Responsabilidade Civil (direito privado) também pode ser denominada como responsabilidade não contratual (extracontratual)
Regra Geral:
Ato lesivo produzido por dolo ou culpa, ação ou omissão;
Existência de dano moral ou patrimonial
Nexo subjetivo de causa (ligação do dano a conduta do agente causador do dano)
Atenção: Não há responsabilização por aquilo que não se deu causa.( teoria da causalidade direta e imediata)
 
A Responsabilidade Civil (direito público) é a responsabilidade civil que a Administração Publica tem para indenizar os danos que seus agentes, ou quem agindo nesta qualidade, causarem a terceiros (art. 37,§ 6º da CF). Alcança os danos patrimoniais e morais.
EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Teoria da irresponsabilidade civil do Estado: É, sem dúvida, o primeiro estágio, tem início no Estado Absolutista, a ideia central é de que o Rei não lesa o súdito. “The King can not wrong”.
Esta teoria já está ultrapassada e não encontra mais respaldo no nosso universo jurídico.
Teoria da Responsabilidade com culpa: Equipara o Estado ao indivíduo, entendendo que o Estado deve reparar os danos causados ao indivíduo da mesma maneira que o indivíduo deve indenizar o Estado que lhe causa danos. (teoria subjetiva)
Teoria da culpa administrativa: (culpa anônima) Representa a transição entre a teoria da responsabilidade subjetiva e a teoria da responsabilidade objetiva. Evidencia-se a culpa administrativa pela falta do serviço. O que pode decorrer do retardamento, ineficácia ou ineficiência do serviço. Não decorre da existência de culpa subjetiva do agente público, mas sim da falta do serviço. Sendo assim, o prejudicado deverá provar a que a falta do serviço lhe causou danos.
Teoria do Risco Administrativo: (culpa presumida) Neste caso o que importa é a existência do dano. Podemos compreender que dois fatores são necessários: o serviço e nexo direto de causalidade entre o fato ocorrido e o dano.
- Nesta Teoria é dispensada a prova de culpa da Administração Pública. Entretanto a responsabilidade civil poderá ser atenuada (compartilhada) ou até mesmo excluída.
Ex. Um acidente automobilístico envolvendo viatura oficial do Estado e o carro de um particular,isto não significa que a Administração Pública estará imediatamente obrigada a reparar o dano, apesar de existir relação entre o fato e dano. Caso a Administração Pública (cabe a ela) prove que o particular deu causa ou contribuiu para o acidente, a responsabilidade civil do Estado poderá ser compartilhada, ou, até mesmo, excluída, conforme o caso.
Atenção: Segundo a doutrina o nosso sistema jurídico não adotou a Teoria do Risco Integral, segundo a qual a relação do fato com dano causado eram suficientes para a responsabilidade civil do Estado. Para alguns autores esta teoria é incompatível com o Estado Contemporâneo por ser injusta e inadmissível. 
FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO: igualdade
- Se todos se beneficiam das atividades do Estado. Então todos podem ser responsabilizados (através do Estado)
- A existência da desigualdade jurídica entre o particular e o Estado, justifica a inversão do ônus da culpa.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART. 37, § 6º (Teoria do Risco Administrativo)
- As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Pessoas Jurídicas de Direito Público: Entidades da administração pública direta; autarquias e fundações públicas.
Pessoas Jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviços públicos: empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas de direito privado, concessionárias, permissionárias e entidades autorizadas de serviços públicos.
Atenção: Não estão inclusas as entidades que prestam serviços de natureza econômica, ainda que integrantes da administração pública indireta. Estas responderão na forma da lei civil (teoria subjetiva).
Agente que causou o dano: A expressão agente não é exclusiva para os servidores público, devendo ser interpretada no sentido amplo, alcançando inclusive os empregados de instituições de direito privado que prestem serciços públicos, integrantes os não da administração pública.
TEORIA DO ÓRGÃO – TEORIA DO MANDATO E TEORIA DA REPRESENTAÇÃO:
1. Teoria do Órgão: É a teoria aceita no direito brasileiro. Os órgãos públicos exercem, através de seus agentes as funções públicas e portanto acarretam responsabilidades para as pessoas jurídicas que representam.
Órgãos Públicos: São centros de competências, desprovidos de personalidade jurídica e criados para o desenvolvimento das funções públicas. 
O Estado age por meio de agentes públicos que estão vinculados aos órgãos públicos que pertencem às pessoas jurídicas que integram a Administração Pública.
2. Teoria do Mandato: A relação formal entre o Estado e o Agente público se dá através de Mandato, cujo instrumento é a procuração.
Problemas sobre a Teoria do Mandato:
 A) Impossibilidade lógica do Estado, que não possui vontade própria, outorgar o Mandato.
 B) Impossibilidade responsabilizar o Estado, quando o mandatário atuasse além dos poderes do mandato.
 
3. Teoria da Representação: A ideia é de que o Agente Público representa o Estado, eis que, o Estado seria equiparado aos incapazes. Sendo assim, o Agente Público seria o tutor do Estado.
Problemas sobre a Teoria da Representação:
 A) considerar pessoa jurídica como incapaz.
 B) impossibilidade de responsabilizar o Estado pelos atos do Agente Público, haja visto que, o Agente Público é o tutor do Estado, que é incapaz.
Atenção: O Direito brasileiro adotou a Teoria do Órgão.
ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA:
1. DIRETA:- PESSOAS POLÍTICAS: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
 - Ver art. 18 da CF/88
2. INDIRETA:
- Autarquias
- Fundações
-Empresas Públicas 
- Sociedades de economia Mista
- Ver art. 37, Incisos XIX e XX da CF/88
	ENTIDADES
CARACTERISTICAS
	AUTARQUIA
	FUNDAÇÃO
PÚBLICA
	EMPRESA PÚBLICA
	SOCIEDADE ECON. MISTA
	ÁREA
	ADMINISTRATIVA
	DIR. SOCIAIS
	ATIVIDADE ECONÔMICA OU SERV. PÚBLICO
	ATIVIDADE ECONÔMICA
OU SERV. PÚBLICO
	EXEMPLO
	BANCO CENTRAL
	IBGE
	BNDES
	PETROBRAS
	PESSOA JURÍDICA
	DIREITO PUBLICO
	DIREITO PÚBLICO OU PRIVADO
	DIREITO PRIVADO
	DIREITO PRIVADO
	CAPITAL 
	PÚBLICO
	PÚBLICO
	PÚBLICO
	MAJORITÁRIO PÚBLICO
	CONCURSO
PÚBLICO
	SIM
	SIM
	SIM
	SIM
	REG.JURÍDICO (REGRA)
	ESTATUTO
	ESTATUTO
	CONTRATUAL
	CONTRATUAL
	CRIAÇÃO
	LEI ESPECÍFICA
	AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA
	AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA
	AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA
PRIVILÉGIOS DAS ENTIDADES AUTÁRQUICAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS:
1. IMPENHORABILIDADE
2. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
3. PRERROGATIVA DE FORO
4. EXECUÇÃO POR PRECATÓRIO JUDICIAL
*Atenção: Segundo a jurisprudência alguns destes privilégios podem ser estendidos às Empresas estatais, desde que, desempenhem servicos públicos.
* Empresas Estatais: São as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
PODERES ADMINISTRATIVOS
PODER DA ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA:
- É a capacidade estabelecida pela Lei para que o agente ou órgão da Administração Pública pratique determinados atos administrativos. 
- Toda atuação administrativa do Poder Público deve observar os princípios que regem a atividade administrativa.
- Diferente do ato jurídico cujos elementos são três: agente capaz, objeto lícito e possível e forma prescrita ou não vedada em lei, a Administração Pública na prática de seus atos administrativos, deve observar cinco requisitos:
A) agente competente;
B) finalidade;
C) forma;
D) motivo;
E) objeto.
- O poder da administração apesar da expressão "poder" indicar uma faculdade, na Administração pública o poder é compreendido como "poder-dever". 
CLASSIFICAÇÃO DOS PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
1. PODER VINCULADO:
- É o poder no qual a administração pública não possui a faculdade de opinar sobre questões de oportunidade e conveniência, nem mesmo escolher o seu conteúdo. O conteúdo está definido na lei, cabendo ao agente público a missão de executar o ato vinculado. 
- Ademais, este poder é de fato um dever.
Ex.: A exigência do Tributo pela administração fazendária quando da ocorrência do fato gerador, caso não haja o recolhimento do tributo.
2. PODER DISCRICIONÁRIO:
- É o poder no qual a administração pública possui a faculdade ou liberdade de analisar os critério de oportunidade e conveniência, em razão do interesse público, sempre nos limites estabelecidos pela legislação (lembre-se da competência). 
- O mérito administrativo é próprio do exercício do poder discricionário e, em tese, o poder judiciário não invade o mérito administrativo.
- O exercício do ato discricionário com os limites da lei, permite ao agente competente a sua revogação, sempre que entender necessária.
Ex.: A desapropriação por necessidade pública. O poder judiciário não entra no mérito administrativo ( o que o poder público vai construir etc.), entretanto, poderá apreciar a legalidade do ato de desapropriação (indenização prévia).
ATENÇÃO: O poder vinculado também atua como fundamento do ato discricionário, em face da escolha do conteúdo do ato ser decorrente da previsão legal.
3. PODER REGULAMENTAR:
- É o poder de que dispõe a Administração Pública para editar atos normativos a fim de regulamentar .
- Os atos do poder regulamentar podem ser:
 A) Regulamento executivo – Determina o fiel cumprimento da lei e desenvolve o conteúdo da lei regulamentando dispositivos legais para o desenvolvimento da Administração Pública.
 Ex.: Decreto Regulamentar – art. 84, IV
 B) Regulamento autônomo – Cuida de matérias que dispensam a lei. Foi instituído pela EC32/2001, conforme o art. 84, VI.
 Ex. Decreto Autônomo – art.84, VI
Atenção: 
i) Ver a possibilidade de delegação – art. 84, parágrafo-único.
ii) Aplicação da Simetria aos Governadores e Prefeitos.
4. PODER HIERÁRQUICO:
- È o poder de que dispõe a Administração Pública para instituir níveis de subordinação administrativa.
- O Exercício deste Poder produz as técnicas de Desconcentração e Descentralização Asdministtrastiva.
Características:
a) subordinação às ordens superiores, exceto aquelas manifestamente ilegais.
b) coordenação das atividades;
c) capacidade para delegar competências, exceto aquelas competências exclusivas.
d) avocar competência delegada.
5. PODER DISCIPLINAR:
- Capacidade para aplicar sanções administrativas a todos aqueles submetidos às regras impostas pela Administração Pública.
6 . PODER DE POLÍCIA:
- É o freio da administração pública. O poder de polícia se manifesta em dois sentidos:
A) Polícia Administrativa:
 - Predominantemente preventiva;
 - qualquer órgão com competência fiscalizadora.
 - atuação nos ilícitos administrativos.
 - normas de direito administrativo
 - incide sobre bens e atividades
 - inicia com a administração pública e encerra na própria administração pública.
 B) Polícia Judiciária:
 - predominantemente repressiva.
 - órgãos especializados (art. 144 da CF)
 - ilícitos penais
 - normas do direito processual penal e direito penal.
 - incide especialmente sobre as pessoas.
 - inicia na administração pública e encerra no Poder Judiciário.
ATO ADMINISTRATIVO
1. INTRODUÇÃO:
- Iniciemos os estudos do Ato Administrativo esclarecendo a existência da diferença entre FATOS e ATOS.
- O fato é, genericamente, um acontecimento na natureza, enquanto o ato é um evento decorrente da ação humana, produzindo efeitos jurídicos ou não.
Ex.:
O ato de ir à praia, não é um ato jurídico, mas o fato de estacionar o carro em local indevido, permitindo que o agente de trânsito aplique uma multa, neste caso temos um ato jurídico, pois produziu efeitos jurídicos. 
 1.1 FATO DA ADMINISTRAÇÃO E FATO ADMINISTRATIVO:
- Todos os acontecimentos que produzem efeitos jurídicos em face da Administração Pública são considerados como FATOS ADMINISTRATIVOS, diferentemente dos que não produzem efeitos jurídicos, estes são meros FATOS DA ADMINISTRAÇÃO, isto porque ocorreu no ambiente da Administração Pública.
Ex. A queda de luz durante a realização das provas em determinado concurso público é um fato da administração, mas se em razão desta falta de energia alguns alunos não puderem realizar a prova, temos um FATO ADMINISTRATIVO, que poderá acarretar, dependendo do caso, uma nova data de prova.
2. CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO:
- É toda manifestação unilateral de vontade da administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria. (Helly L. Meirelles)
- Podemos verificar que o ATO ADMINISTRATIVO possui algumas características que o diferencia dos atos jurídicos e dos atos da administração.
A) unilateralidade;
B) consequência jurídica;
C) exercido pelo Poder Público.
3. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:
- São as peculiaridades que envolvem os atos administrativos e torna-os distintos dos demais atos jurídicos.
A) presunção de legitimidade;
B) imperatividade;
C) autoexecutoriedade;
A) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE:
- Este atributo permite identificar que todos os atos administrativos são presumivelmente legítimos, ou seja, até que seja provado o contrário, credita-se ao ato administrativo uma presunção, ainda que relativa de legitimidade (presunção juris tantum). 
- Entretanto, esta presunção de legitimidade não impede o uso do controle judicial (art. 5º, inciso XXXV da CF) que poderá reconhecer a ilegalidade ou a inconstitucionalidade doato administrativo.
- Alguns autores discutem a diferença entre a “presunção de legitimidade e a presunção de legalidade”. A legitimidade envolve a análise de elementos subjetivos da vontade da administração pública, enquanto que a legalidade está atrelada ao direito positivo, ou seja, a realidade jurídica possível.
- A legitimidade envolve critérios subjetivos, enquanto que a legalidade repousa sobre os critérios objetivos. 
- Alguns administrativistas preferem usar a expressão “Presunção de Validade” no lugar de presunção de legitimidade (Diogo de Figueiredo)
ATENÇÃO: Presunção de veracidade não significa presunção de legitimidade.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: 
- A presunção de legitimidade produz como conseqüência que os fatos alegados pela administração pública são presumivelmente verdadeiros (ERRADO)
B) IMPERATIVIDADE:
- Os atos administrativos possuem um comando que produz uma vinculação obrigatória em relação ao seu cumprimento. O atributo da imperatividade obriga o administrado a prestação determinada, ainda que esta não seja a sua vontade (Ius Imperii).
- A imperatividade apesar de ser reconhecida como um atributo do ato administrativo não está presente em todos os atos administrativos, como por exemplo, numa licença dada pelo Poder Público, quando solicitada pelo cidadão. Nem todos têm a característica do “Ius imperii”.
- A imperatividade é uma característica que extrapola a esfera jurídica, caracterizando-se numa verdadeira obrigação de origem unilateral é uma autêntica exação do Estado.
C) AUTOEXECUTORIEDADE:
- A autoexecutoriedade é um produto do PRINCÍPIO DA EXIGIBILIDADE e da EXECUTORIEDADE.
- A exigibilidade significa a capacidade que a Administração Pública tem de exigir do administrado que cumpra as obrigações determinadas por ela. A executoriedade decorre da possibilidade de usar da “força administrativa”, quando necessário, para executar a sua decisão.
“força não é violência”.
Ex.: Um carro estacionado em local proibido que impede o tráfego das pessoas. A administração exige a retirada do veículo, caso o motorista não retire o veículo, a administração pública executará a remoção imediata.
Observação:
- Segundo a Prof. Maria S. Z. Di Pietro existe um quarto atributo do Ato Administrativo: TIPICIDADE.
- A necessidade da correlação entre a finalidade do ato administrativo com a lei, o que representa uma autêntica garantia jurídica, a existência de estar previsto em lei.
ELEMENTOS DOS ATO ADMINISTRATIVO 
- Os elementos do ato administrativo são na realidade os requisitos de sua validade, estes elementos são:
A) COMPETÊNCIA
B) FINALIDADE
C) FORMA
D) MOTIVO
E) OBJETO
A) COMPETÊNCIA:
- É a capacidade ou poder atribuído aos órgãos e agentes da administração pública para a prática dos atos administrativos (permissão para fazer – art. 5º, inciso II da CF)
- Este poder atribuído por Lei a um ente da administração pública não pode ser transferido para outro quando tratar-se de competência exclusiva. Entretanto, em certos casos, quando não for algo exclusivo, poderá ser delegado ou avocado.
B) FINALIDADE:
- Todo ato administrativo deve buscar um fim específico ou imediato, caso a finalidade não seja atendida temos o desvio de finalidade.
- A finalidade possui dois alcances:
i) amplo: interesse público ou da coletividade;
II) estrito: é a finalidade específica do ato administrativo.
C) FORMA:
- É a maneira como o ato administrativo se exterioriza, devendo em regra adotar a FORMA ESCRITA.
- Excepcionalmente poderá ser admitida outra forma para exteriorizar o ato administrativo, tal como, a FORMA VERBAL. Porém, a forma verbal nem sempre será aceita, dependendo da solenidade ou formalidade que o ato administrativo exija.
- Quando a forma do ato administrativo é uma condição necessária para a sua validade, se esta não for atendida o ato será nulo.
EX.:
- A desapropriação se dará por Decreto, na forma da lei.
D) MOTIVO:
- Entende-se por motivo do ato administrativo as razões da fato e de direito para a prática do ato administrativo.
- O motivo de fato é a situação real e concreta do que está acontecendo.
- O motivo de direito é a justificativa que a lei dá para o ato administrativo.
E) OBJETO:
- É o conteúdo do ato administrativo.
- O objeto deve ser lícito, moral e possível.
ESPÉCIEIS DE ATOS AMDINISTRATIVOS:
1. NORMATIVOS: São os atos que visam dispor sobre as normas administrativas gerais e abstratas, cuidam de explicar e executar as leis e decorre do exercício poder regulamentar.
Ex.: Decretos, regulamentos, regimentos etc.
2. ORDINATÓRIOS: São aqueles que contêm um comando e estabelecem a organização e o funcionamento da administração pública. Não geram, em si, obrigações aos particulares, mas sim para a própria administração pública.
Ex: Circulares, avisos, ofícios, ordens de serviços etc.
3. NEGOCIAIS: São os atos decorrentes da gestão administrativa, são do interesse administrativo e também particular, produzem sempre um negócio jurídico-administrativo. 
Ex. : Licenças, permissões, autorizações etc.
4. ENUNCIATIVOS: São aqueles nos quais não há um vínculo obrigacional ou negocial, servem apenas para declararem uma situação fática.
Ex.: Atestados, certidões, pareceres etc.
5. PUNITIVOS: São os atos administrativos onde a administração pública impõe uma sanção ou penalidade, pode alcançar seus servidores e agentes ou até mesmo os particulares.
Ex.: multa, interdição, embargo.
ATENÇÃO:
- Cuidado especial com o DECRETO REGULAMENTAR (art. 84, IV, CF) E O DECRETO AUTÔNOMO (art. 84, VI, CF) , tema recorrente nos concursos públicos.
DECRETO: São, em regra, atos do chefe do Poder Executivo, visam regulamentar ou executar as leis, podendo ser geral ou individual.
A) Geral: Quando alcança a todos e de forma abstrata. Ex.: Decreto Regulamentar de uma determinada Lei.
B) INDIVIDUAL: Quando alcançar pessoa determinada e em razão de um fato concreto. Ex.: Decreto de Extradição.
DECRETO AUTÕNOMO:
- É a possibilidade de tratar por meio de ato administrativo de matéria não regulada por Lei. Este Decreto também pode ser denominado como Decreto Independente. O Decreto Autônomo não estava inserido na CF/88, foi acrescentado por Emenda Constitucional (EC 32/2001).
- O Decreto Autônomo somente será admitido nas hipóteses do art. 84, VI da CF e, pode ser usado no âmbito dos Estados, Municípios e no Distrito Federal, por simetria constitucional.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
- Os atos administrativos podem ser extintos por diversas modalidades, sendo que duas modalidades sempre se destacam nos estudos: a Revogação e a Anulação. Entretanto, existem outras modalidades de retirada do ato administrativo.
1. CASSAÇÃO: Ocorre a extinção do ato administrativo por Cassação quando, mesmo legítimo o ato administrativo, a execução posterior produziu irregularidades. A cassação não é uma modalidade da anulação, na anulação constata-se a ilegalidade do ato desde a sua edição, o que não ocorreu na Cassação.
Ex.: Licença para obras, quando o destinatário realiza algo não previsto na licença.
2. CADUCIDADE; È o produto de lei posterior sobre um ato administrativo anterior, tornando a situação inadmissível. 
Ex.: Um autorização para a prática de jogos quando a lei o permitia, se a lei posterior não o permite, temos a Caducidade.
3. RENÚNCIA: Ocorre quando o beneficiário de um ato administrativo abre mão ao seu exercício. 
Ex.: Nomeação do servidor, que renuncia ao cargo público.
4. ANULAÇÃO: É a retirada do ato administrativo com base em critérios de legalidade, ou seja, trata-se da retirada do ato administrativo tendo em vista o reconhecimento de sua ilegalidade. a ANULAÇÃO também é conhecida como INVALIDAÇÃO.
- A anulação ou invalidação de um ato administrativo pode ser realizada tanto pela Administração Pública, quanto pelo Poder Judiciário:
a) Administração Pública no poder de autotutela:
- O Poder de autotutela permite a administraçãopública rever seus próprios atos de ofício ou a requerimento. Neste caso, o poder de anular seus atos administrativos independe de provocação.
b) O Poder Judiciário (Art. 5º, inciso XXXV da CF/88)
- O poder de anular o ato administrativo dependerá de provocação e a análise será restrita ao aspecto da legalidade do ato.
EFEITOS DA ANULAÇÃO: 
- A anulação do ato administrativo produz efeitos "Ex tunc" - retroativos. 
- Na anulação podem ser apreciados os limites temporais e materiais.
5. REVOGAÇÃO: A revogação é a retirada do ato administrativo com base em critérios de oportunidade e conveniência, ou seja, trata-se da retirada do ato administrativo tendo em vista o reconhecimento de sua inoportunidade e inconveniência. Na revogação temos um ato administrativo legal.
ATENÇÃO:
COMPETÊNCIA PARA REVOGAÇÃO:
- Somente a administração pública detém competência para revogar o ato administrativo, ou seja, neste caso, a princípio, não se admite que a revogação seja exercida pelo Poder Judiciário.
Há possibilidade do Poder Judiciário revogar um ato administrativo, desde que esteja no exercício de atividade administrativa, neste caso, o Poder Judiciário poderá revogar o seu ato administrativo. 
- Sendo assim, qualquer dos Poderes de Estado poderá REVOGAR ato administrativo desde que no exercício de suas funções administrativas.
EFEITOS DA REVOGAÇÃO:
- Os efeitos são "Ex nunc", ou seja, valem a partir da revogação. 
- Não está a Administração Pública sujeita a limtes temporais para a REVOGAÇÃO, esta poderá ocorrer a qualquer tempo.
ATENÇÃO:
Não se admite a revogação de:
a) Ato vinculado;
b) Ato que produz direito adquirido;
c) Atos de procedimentos;
d) Atos de controle;
e) Atos exauridos ou consumados;
- CONVALIDAÇÃO: 
- A convalidação é o ato de correção. 
- Na correção do ato administrativo que possui um vício sanável, o vício é suprido através da edição de outro ato administrativo. Normalmente, a convalidação é operada pela administração pública.
- No tocante a forma admite-se a convalidação, desde que esta não se constitua em elemento essencial do ato. Entretanto na hipótese de violação da finalidade ou na ausência do motivo é impossível a convalidação do ato administrativo. 
- Quando o vício está ligado ao sujeito é possível a Ratificação do ato.
- Nos casos de ilegalidade não há como se falar em convalidação.
- EFEITOS DA CONVALIDAÇÃO:
- Os efeitos são "ex tunc".

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