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O Casal, a Criança e a Família, Diversas Faces de Uma Relação

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O Casal, a Criança e a Família, Diversas Faces de Uma Relação

Introdução
Saímos de uma sociedade patriarcal para um conceito de família baseado em apoio e afeto entre seus membros. A lei do divórcio, a igualdade entre filhos gerados dentro e fora do casamento, o reconhecimento da união estável e da família monoparental foram grandes mudanças que se processaram desde 1973 para cá, ou seja, a menos de 40 anos.
O panorama atual das famílias é de muitas mudanças, as novas configurações, os desafios encontrados pelos pais para educar seus filhos em uma sociedade que tem passado por diversas mudanças de paradigmas sociais é desafiador e entra em conflito algumas vezes com o papel de educador que os pais atuais herdaram de seus próprios pais.
Os estudos sobre família tiveram origem na necessidade de trabalhar com a família de crianças e esquizofrênicos para maior êxito no tratamento. Hoje está claro que as famílias estão no cerne da doença e da saúde (FALCETO apud CORDIOLLI, 2008). O casal é a unidade fundamental da família e trabalhar com casais é trabalhar com subjetividades que se unem para compartilhar uma vida em comum, vida essa que passa a ser compartilhada com mais uma, duas, seis ou mais pessoas. É uma pessoa que se propõe a ser duas e essas duas acabam por gerar uma terceira ou mais.
É fato que o estudo e o trabalho com a família é de fundamental importância, pois a família é o primeiro contato do ser humano com a vida em sociedade. Estudar como se formam as famílias, os principais obstáculos enfrentados por ela, seja na hora de se constituir em casal, ou na hora de educar seus filhos, objetiva ajudar a preparar famílias e filhos mais sadios emocionalmente, trazendo benefícios para os filhos, para os pais e consequentemente para a sociedade.
Analisando os dilemas enfrentados pelas mães ao deixar o filho em casa e ir trabalhar, as modificações no papel do pai nesse momento e as mudanças que ocorrem na relação após a chegada do filho, que tipo de autoridade exercer sobre o filho com tão pouco tempo presente no dia a dia dele, entre outros desafios enfrentados, percebi uma necessidade de contribuir para construir uma orientação possível entre tantas demandas.
Segundo Peçanha apud Rangé (2011) o Brasil ainda esta em uma fase inicial nos estudos sobre a prática da Terapia Cognitivo Comportamental com casais. Rangé nos traz que a partir de 1970 a teoria da aprendizagem social foi aplicada a terapia com casais, enfatizando a análise do cônjuge em relação ao companheiro e a si mesmo (JACOBSON E HOLTZWORTH-MUNROE, 1986; SCHMALING, FRUZZETTI E JACOBSON, 1997).
O enfoque da terapia conjugal predominantemente cognitiva ocorre com a terapia emocional corretiva (TREC) de Albert Ellis (RANGÉ, 2011). Os conflitos do casal seriam influenciados pelas crenças distorcidas sobre o que é uma relação conjugal e expectativas irreais.
As primeiras pesquisas com casais utilizando dos métodos da terapia cognitivo comportamental de Aaron Beck foram realizados no inicio dos anos 80. Sendo em 90 utilizadas técnicas e teorias especificas para casais (ESPSTEIN, 2010 apud RANGE, 2011).
 Investigamos então o casal, como se formam, as expectativas que já trazem para o casamento, sua visão pessoal de família e que influencia de maneira clara o funcionamento da mesma. Conseguir ajudar a construir um casal mais funcional é o primeiro passo para começar a diminuir outras dificuldades. Afinal é de conhecimento corrente no curso de psicologia da forte influência dos pais nas atitudes dos filhos, como um descontentamento entre o casal, mesmo não expresso, pode afetar as crianças.
O objetivo geral, considerando que o presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica consiste em aglutinar conhecimento na área estudada para que um trabalho efetivo e bem estruturado possa ser realizado pela terapia Cognitivo Comportamental na área apresentada. Levando em consideração o enorme crescimento, com a consequente validação dos métodos utilizados pela TCC.
Portanto este trabalho tem como objetivos específicos estudar como surgiu a terapia de casal e família, as principais dificuldades encontradas entre os casais no momento em que passam a dividir uma vida, verificar os métodos utilizados pela Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) de intervenção e psicoeducação para a família e quais as melhores intervenções para o treinamento de pais.
 Na área de treinamento de pais existem várias abordagens que vêm aderindo a essa forma de apoio ás famílias e mais uma vez a TCC se mostra efetiva, com apoio individual ou em grupos, utilizando técnicas cognitivas e comportamentais para ajudar a família a perceber distorções que podem estar causando uma manutenção do comportamento inadequado da criança e como reverter e obter uma melhor resposta.
Não existe uma fórmula sobre como ser o melhor pai/mãe, mas podemos procurar acertar desde o início e evitar pequenos erros que podem comprometer grandes ganhos. Alguns erros que nos acompanham desde a vida de casal, de namorados, podem ser evitados gerando uma relação mais segura e real. O amor tem sido vivenciado de uma forma de extremo romantismo e isso tem gerado muita insatisfação e consequentemente muitas relações que poderiam durar se fossem baseadas em uma visão mais realista do outro, menos idealizada, terminam em divórcio e separações.
Ao longo do trabalho serão abordados três capítulos distintos, o capítulo I busca remontar as origens do tratamento psicológico para o casal e a família. O conceito de família e suas diferentes configurações na atualidade.
O capítulo II traz um breve histórico da terapia Cognitivo Comportamental e do treinamento de pais. Os principais conceitos da abordagem, como funciona o modelo cognitivo e as características fundamentais.
O terceiro e último capítulo nos fornece um material mais prático, mostrando como são as intervenções mais usadas, servindo de matéria futuro, para consulta e utilização de quem se interesse pelo trabalho com o casal, com a família e/ou com o treinamento de pais.
1.1 O Casal: Dilemas e Soluções
“... ele (o amor) em si mesmo não configura a substância dos relacionamentos, certas qualidade e habilidades pessoais é o que são cruciais para mantê-lo e fazê-lo crescer”. (Beck,A em Para além do Amor, 1995).
A escolha do cônjuge em todas as sociedades tem suas regras. Em algumas culturas no passado os cônjuges não se conheciam e a escolha era feita por conselheiros ou mesmo pelo patriarca da família. A escolha era bastante definida por questões econômicas, sociais e políticas. Os arranjos de casamento eram controlados intensamente, haviam leis como as ordenações filipinas que permitiam que os filhos fossem deserdados caso casassem sem o consentimento dos pais. Havendo uma resalva para o caso do noivo ser mais abastado que o escolhido pela família (LEVY, 2009, scielo).  Ainda é uma questão cultural e muito atrelada às regras da sociedade. Antigamente o casamento era uma negociação e a escolha do cônjuge variou conforme tempo e lugar.
Denominam-se regras do casamento, os critérios e as normas derivados da organização social, dos sistemas de parentesco e dos tabus de incestos, que determinam a escolha dos cônjuges e a ratificação das uniões conjugais (...) a constituição da família é mediada por certas regras ritualizadas segundo determinados padrões válidos em cada cultura (...). Todo casamento é, assim, precedido necessariamente de ajustes, e entendimentos entre os futuros cônjuges ou entre suas famílias, ou ainda, entre intermediários socialmente definidos (AZEVEDO, 1986, p. 4).
Apesar de todo o rigor, como nos traz Azevedo, o amor romântico sempre ofereceu resistência e insubmições aos casamentos arranjados pelos pais. No período colonial a paixão, a atração física ou o amor não eram levados em consideração. O papel da mulher era totalmente passivo e a virgindade e suas virtudes bastante valorizadas. A perda da virgindade praticamente tornava inviável o casamento.
No século XIX a forma de escolher o cônjuge foi se modificando e passoua contar com o interesse, verificação de possibilidade, namoro e noivado. Assim se estruturava o padrão de namoro como denominou Azevedo (1986, p.9). As regras quanto à virgindade e os casamentos arranjados eram mais flexíveis entre as classes mais pobres, sendo o amor e o carinho aspectos mais relevantes conforme nos diz Samara (1984, p. 83). Conforme a mesma autora entre os menos abastados os padrões de moralidade eram mais flexíveis e como não haviam bens a dividir findo o interesse o casamento não tinha razão para continuar e o concubinato era relativamente mais aceito.
A possibilidade de separar a relação sexual da procriação, ou seja, com a chegada da pílula anticoncepcional, várias mudanças ocorreram nos costumes e nas relações entre os sexos. Junto com isso a alteração na forma de namorar e noivar, possibilitando uma escolha do cônjuge através de afinidades e carinho, outras formas de modificação de nossa sociedade como a escolaridade, a mídia e a internet foram configurando novas formas de relação (CARTER, 1995).
Certos namoros hoje em dia não diferem muito do chamado anteriormente de concubinato. E ao mesmo tempo não são eventuais, podendo daí passar a virar uma união estável com deveres e direitos garantidos em lei. Porém desde 2002 o casamento só pode ser realizado aos 16 anos com consentimento dos pais e aos 18 sem esse consentimento. Vivemos uma época em que os filhos estão demorando mais a casar e sair da casa dos pais e, por outro lado, muitos casais estão namorando, morando juntos um tempo antes para só depois formalizar o casamento (SAMARA, 1984).
A união estável no Brasil promove os mesmos direitos aos parceiros que os de uma união formal. Mas só isso não justifica, a quantidade de casamentos que terminam em divórcios. O que está sendo modificado nos casais é o conceito de casamento para a vida toda. (COPSTEIN apud CORDIOLI, 2008).
Ainda segundo o mesmo autor observamos que embora a quantidade de divórcios continue aumentando, as pessoas continuam recasando. O que nos leva a pensar em um declínio da instituição casamento, como contrato formalizado, porém com uma maior procura pela felicidade como casal.
Quando duas pessoas vivem juntas com o propósito de viver um relacionamento duradouro algumas expectativas em relação ao outro começam a surgir. Essas expectativas são frutos de anseios passados, das juras do casamento e outros fatores mais que são projetados no outro, levando a erros de interpretações e frustrações (BECK, A. 1995).
O que faz surgir a paixão é algo bastante subjetivo. Porém, para além das questões físicas e intelectuais, são os pensamentos sobre o outro, a idealização, que causa a fascinação. Essa fascinação impede ou dificulta as avaliações negativas. Quando estamos apaixonados enxergamos qualidades que não existem ou que não existem com tanta intensidade quanto imaginávamos. Quando descobrimos que exageramos nas expectativas podemos ficar frustrados ou reavaliar nosso relacionamento em uma base mais realista. O amor, a afeição e o carinho sofrem flutuações no decorrer de uma vida juntos, são essenciais em uma relação, mas o amor sozinho não é capaz de manter um relacionamento (BECK, A. 1990).
Ocorreram várias mudanças nas configurações familiares, hoje em dia temos as famílias tradicionais que constituídas por dois adultos de sexo diferente que vivem maritalmente com os seus filhos biológicos e/ou adotados. As famílias monoparentais que são formadas por apenas um adulto e seu(s) filho(s). Na maioria dos casos, o adulto é uma mulher. As Famílias Recompostas que são as que se formam após um segundo casamento. Podem acontecer em várias circunstâncias, obedecendo a diferentes combinações possíveis. Como por exemplo, entre casais sem filhos ou de casais com filhos onde passam todos a morar juntos. A Coabitação também é uma configuração que tem se tornado bastante comum entre os jovens, sobretudo com um período de experiência de vida em comum antes do casamento oficial e as famílias homoparentais.
Todas essas possibilidades de escolha e mudanças geram muita ansiedade e atitudes precipitadas, porém como o sentimento tem sido mais valorizado a busca por soluções também vêm crescendo. São vários os motivos que levam um casal à psicoterapia, entre eles a necessidade de maior intimidade ou espaço, casais jovens que já namoram há muito tempo, traições, brigas excessivas, distanciamento, etc. (CORDIOLI, 2008).
Existem várias formas de ser um casal e elas variam durante a vida em comum, como parâmetro para o estudo vamos usar o termo casal funcional utilizada por Linhares (2006). Para ele o casal Funcional é aquele em que o amor está presente, os cônjuges são resilientes, ou seja, passam pelos conflitos de forma flexível. Para complementar essa visão de casal funcional Cloninger (2006) descreveu três traços de caráter importantes para um maior bem estar na vida de um casal.
O Primeiro traço é composto por: iniciativa, independência, objetividade, criatividade, humor e flexibilidade.
O Segundo traço inclui cooperação e altruísmo.
O Terceiro une a intuição, justiça e espiritualidade. O casal funcional apresenta diferenças que se complementam, não se chocam com interesses conjuntos.
Carter, McGoldrick e cols (1995, p 18) faz uma observação importante sobre a visão que as pessoas têm sobre o casamento, compreendendo-o como uma união de duas pessoas, quando na verdade ele é a união de duas famílias, criando um terceiro sistema. As mulheres, continua as autoras, continuam a ver o casamento como algo empolgante, embora para elas a situação seja de maior perda e sofrimento, já os homens apesar de apresentarem um comportamento aversivo e uma sensação de estarem sendo “presos”, desfrutam de uma melhora psicológica e física. Exatamente pelo sofrimento percebido pelas mulheres com a situação de esposa, por não ter um status social reconhecido, não ter renda e apesar disso trabalhar bastante, as mulheres têm preferido adiar o casamento, adiar o nascimento dos filhos ou até mesmo decidir por não ter nenhum dos dois.
Quando o casal ainda não tem filhos o foco principal é na transição da família de origem para a vida a dois. Quando o vínculo com a família de origem permanece muito forte, surgem conflitos na relação. Várias outras questões surgem nessa etapa da vida do casal como nos, por exemplo, nos traz Copstein (apud CORDIOLI, 2008): dúvidas quanto à frequência com que devem visitar aos pais, se devem fazer essas visitas juntos ou isoladamente, que liberdade dar aos pais na casa do casal, como o dinheiro do casal será administrado, divisão das tarefas do lar, etc. Muitas separações ocorrem nessa fase, por não conseguirem entrar em acordo nessas questões.
Durante o processo em que um casal sem filhos caminha para se tornar uma família com filhos pequenos surge a responsabilidade de criar os filhos e investir em seu próprio relacionamento. É o nascimento do primeiro filho que marca a transição para uma nova família. O filho passa a significar uma legitimização e poder em relação à família de origem do parceiro (McGOLDRICK E GERSON, 1995).
1.2 A Família: quando dois viram três.
Quando nasce o primeiro filho do casal, eles passam a ser uma família e adquirem a identidade de pai e mãe. Surge um terceiro na relação. Conflitos com relação à educação do filho são comuns e tornam-se graves quando as opiniões são contrárias. Queixas quanto a ausência do pai, superproteção da mãe, conflitos quanto ao retorno da mãe ao trabalho e relegação da relação romântica para segundo plano são algumas das queixas dessa fase. É uma fase de investimento na carreira e isso gera culpa quanto á atenção dedicada a criança. Muitos pais sentem que não aproveitaram a vida o suficiente e sentem-se pressionados pelas obrigações da paternidade/maternidade (CORDIOLI, 2008).
Ainda segundo Copstein (apud CORDIOLI, 2008) com a chegada dos filhos à adolescência conflitos já existentes podem ser agravados. A imaturidade de um dos cônjuges ou dos dois, podem levá-los a se identificarem de forma intensa com ofilho gerando conflitos que abalam emocionalmente o adolescente.  Se o casal não consegue perceber que seu filho está crescendo e continuar superprotegendo e sendo excessivamente presente o adolescente pode não desenvolver a autonomia.
Ao lado do crescimento dos filhos está o envelhecimento dos pais de cada um dos cônjuges. Muitas vezes os laços e antigos conflitos com os pais são retomados nessa fase e algumas separações ocorrem nesse momento em relações já desgastadas por ser um momento de maior autonomia dos filhos e menor culpa para o parceiro que não deseja permanecer na relação (COPSTEIN apud CORDIOLI, 2008).
O mesmo autor comenta que quando os filhos saem de casa o casal passa a reaprender a viver sozinhos, um com o outro. Essa fase está demorando cada vez mais para acontecer, pois os filhos demoram mais a sair da casa dos pais, ou por estarem ainda estudando, ou por não poderem se manter financeiramente, alguns casais engravidam precocemente e passam a morar com os pais, etc.
 Copstein (op. cit.) escreve que além dos conflitos inerentes a esse novo momento, outros ainda podem surgir como, dificuldades relacionadas à morte dos pais, à aposentadoria, alguns casais esperam essa fase para retomar seus projetos pessoais e ficam impedidos por se verem compelidos a cuidar dos netos, continuar cuidando da casa, etc. Conflitos passados ressurgem e uma nova significação precisa ser dada a vida.
1.3 Treinamento de Pais.
A família é um conjunto formado de elementos interdependentes que se influenciam mutuamente. O comportamento de um membro da família influencia emoções, pensamentos e comportamentos dos outros. Essas respostas por sua vez influenciam no primeiro indivíduo, criando um ciclo que se repete (LABBADIA E CASTRO apud CORDIOLI, 2008,  p. 745). A falta de habilidade dos pais em alguns aspectos da vida familiar pode influenciar o comportamento dos filhos. Sendo a família um conjunto, é em conjunto que devemos agir para um tratamento mais efetivo e os pais são parte fundamental da vida dos filhos.
Os pais são importantíssimos aliados no tratamento, encorajando atitudes, treinando habilidades, etc. Os pais recebem um treinamento para aprender a lidar melhor com seus aborrecimentos, com suas habilidades de comunicação e resolução de problemas. O papel dos pais é combinado no início do tratamento. (op. cit.).
Conforme citado pelas autoras (op. cit.) já em 1959 o autor comportamental C. Williams afirmava que os pais deveriam adquirir melhores habilidades para lidar com seus filhos. O programa pode ser realizado com grupos de pais ou individualmente.
Para Stallard (2007) o terapeuta precisa considerar o contexto familiar e social da criança e daí tirar elementos importantes para uma intervenção. O objetivo do treinamento de pais é utilizar intervenções comportamentais focalizadas em determinadas condutas parentais que reforçam os comportamentos problemáticos da criança. Novas habilidades são ensinadas para substituir habilidades parentais deficientes. O foco da intervenção são os pais, o comportamento da criança é afetado pela mudança nas condutas parentais, as técnicas comportamentais visam identificar os motivos que propiciam o comportamento inadequado, recompensar comportamentos esperados e reduzir comportamento mal adaptado.
Caminha (2011) enfocam o treinamento de pais como uma forma de habilitar os pais para atuarem como agentes de transformação para seus filhos. Os autores citam diversos teóricos que consideram o estilo parental, a estrutura familiar e a criação dos filhos como fator de efeito imediato e duradouro no desenvolvimento das crianças. A pesquisa e o método de instrução são sistemáticos e contemplam táticas de intervenção intricadas, multimodais e multifacetadas, que variam de acordo com a criança, a relação familiar e os problemas focados.
Nas sessões de treinamento se trabalho de início a formação teórica, com informações sobre a dificuldade da criança, psicoeducação, etc. Em seguida uma orientação prática é apresentada aos pais, mostrando modelos adaptativos de funcionamento e modelos desadaptativos. Ao final é feito um treinamento das atividades a serem realizadas (CAMINHA, 2011).
São vários os benefícios o envolvimento dos pais na terapia dos filhos, entre eles Stallard (2007) cita: as disfunções dos pais são incluídas na intervenção; os pais aprendem sobre o tratamento e podem incentivar melhor seus filhos; as crenças parentais sobre a criança podem ser reavaliadas; os comportamentos dos pais que funcionam como mantenedores da atitude da criança podem ser adaptados e os pais podem continuar ajudando os filhos com habilidades adquiridas após o término da terapia.
Como exemplo dos pais como co-clientes, Stallard (op. cit.) nos traz um caso de abuso sexual, onde para a criança o foco é o sentimento de desamparo, culpa, ansiedade, etc.  Já o foco das sessões dos pais está na história pessoal, na culpa e impotência, como dar apoio à criança, etc.
Ainda podem existir intervenções de treinamento de pais onde os pais são os clientes e a criança não está em terapia. Nesse caso se trabalha as habilidades de manejo de comportamento, solução de problemas e negociação (STALLARD, 2011).
Nossa serenidade não depende das situações, mas de nossa reação diante delas. Portanto, ao intervimos no aqui e agora, torna-se possível provocar mudanças em nosso futuro. (Buda, 563 a. C.)
2 Histórico da Terapia Cognitivo Comportamental.
Beck, J (1997) nos traz que a terapia Cognitiva foi desenvolvida por Aaron T. Beck no início da década de 60. Tinha como proposta ser uma psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, direcionada a resolver problemas atuais e a modificar os pensamentos e os comportamentos disfuncionais.
A mesma autora observa que diversas adaptações mudaram o foco, a tecnologia e a duração do tratamento, porém sem alterar seus pressupostos fundamentais.
Mais de 300 testes foram aplicados para a comprovação da eficácia da TCC, e hoje pode ser considerada a psicoterapia com maior comprovação empírica. O uso constante do modelo terapêutico leva ao refinamento e expansão da teoria, surgindo novos protocolos para diferentes transtornos (SUDAK, 2008, p. 18).
Beck, A (2005) relembra que o primeiro livro sobre terapia cognitiva escrito por ele e seus colaboradores em 1964 era voltado para o tratamento da depressão. E a partir desse trabalho o modelo foi sendo ampliado e vem sendo aplicado no tratamento de todas as faixas etárias e em todas as síndromes comumente observadas, tais como ansiedade, transtorno de pânico, transtornos alimentares, etc.
Segundo Rangé (2011), Beck era psicanalista, professor e pesquisador. A hipótese inicial dele era de que a “raiva internalizada” era o processo central da depressão. Para comprovar essa ideia, Beck resolveu estudar os sonhos. Não encontrou diferenças relevantes nos sonhos dos pacientes deprimidos e dos não deprimidos. Mudou então sua hipótese para uma forte tendência ao masoquismo nas pessoas deprimidas e como resultado o sonho destes apresentava mais conteúdos masoquistas que os dos não deprimidos. Após vários outros estudos nessa mesma linha de pesquisa, a conclusão foi de que esses pacientes tinham uma tendência a fazer julgamentos negativos, condição que diminuía quando o paciente saía da depressão.
Cordioli (2008) cita que Beck ao escrever o modelo cognitivo para a depressão tinha observado que os pacientes deprimidos tinham uma visão de si mesmos, do mundo e do futuro bastante pessimista. Considerou então que corrigir essas distorções causadas pelos sintomas depressivos teriam efeitos produtivos. Segundo o mesmo autor o foco de atenção da terapia cognitivo comportamental é o estado consciente ou pré-consciente.
Segundo Rangé (2011), na década de 70 nos Estados Unidos, surgiram vários questionamentos nos meios científicos quanto a eficácia da psicanálise para o tratamento dos transtornos mentais. Varias teorias cognitivo-comportamentais surgiram nesse período, tais como a terapia racional emotiva de Albert Ellis (1962),Bandura (1969-1971) e a teoria da aprendizagem social, Meichenbaum (1973) e o treino de inoculação ao Estresse, D’Zurila e Goldfried (1971) e o treino de solução de problemas e Mahoney (1974) com a modificação cognitiva do comportamento.
2.1. Terapia Cognitiva no Brasil
Os terapeutas brasileiros de outras abordagens, principalmente da área comportamental que se interessaram pela terapia cognitiva, utilizaram matérias e teorias traduzidas. Em 1990 os professores comportamentais trouxeram livros de terapia cognitiva de eventos internacionais. No Rio de janeiro um grupo passou a se reunir para ler e discutir como aplicariam a terapia cognitiva em sua prática, desse grupo participavam Bernard Rangé, Eliane Falcone, Helene Shinohara, Paula Ventura, Mônica Duchesne, Alice Castro e Lúcia Novaes. Em 1998 foi fundada a Sociedade Brasileira de terapias cognitivas (SBTC), que depois foi transformada em federação (FBTC). A tradução e a produção brasileira consolidou a terapia cognitiva no Brasil (RANGÉ, 2011, p. 33-34).
Beck, J (op. cit.) nos faz uma pergunta: Com tantas aplicações como o modelo cognitivo continua sendo reconhecível? A própria autora responde explicando que em todas as terapias cognitivas que foram baseadas no modelo de Beck, o objetivo do terapeuta é produzir uma mudança cognitiva, alterando as crenças e pensamentos do paciente objetivando promover uma mudança emocional e comportamental de longa duração.
Segundo Cordioli (2008) a terapia cognitiva tem fortes ligações com as escolas filosóficas e orientais do pensamento como o budismo e o taoísmo. Tendo como principio que a maneira como as pessoas interpretam suas experiências irá determinar como ela se sente e como ela se comporta. O modelo cognitivo não pretende dizer que o pensamento disfuncional é a única causa das síndromes, mas que pode agravar o transtorno.
2.2 O Modelo Cognitivo
Beck, J (1997) cita em seu livro os dez princípios de toda a terapia cognitiva, que são: Se baseia em uma formulação contínua do paciente e seus problemas cognitivos, uma aliança terapêutica segura, colaboração e participação do paciente, meta, foco no presente, ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta, tempo limitado, sessões estruturadas, identificação e avaliação dos pensamentos automáticos e crenças disfuncionais do paciente, variadas técnicas visando ajudar o paciente a mudar seu pensamento disfuncional, seu humor e seu comportamento.
A psicopatologia é proveniente de alterações ou distorções que surgem no pensamento do paciente. A terapia cognitiva estuda a relação entre os pensamentos, as emoção, os comportamentos e a fisiologia. Os pensamentos afetam o sistema nervoso central e produz emoções e comportamentos, pois alteram as vias neurais e o funcionamento dos neurotransmissores. Estudos comprovam essa conexão por que os pensamentos são o resultado de interações neuroquímicas e da ativação de vias neurais, já se sabe que através da plasticidade cerebral a aprendizagem altera o funcionamento e a estrutura do cérebro (SUDAK, 2008, p. 21).
Rangé (2011) observa que a terapia cognitiva trabalha com a identificação e reestruturação de três níveis de cognições: os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e as crenças centrais.
2.3 Pensamentos Automáticos
São seus hábitos mentais cotidianos, mais do que suas inspirações momentâneas ou ideias brilhantes que controlam sua vida. (Yogananda, 1968)
Os pensamentos automáticos não são decorrentes de deliberação ou raciocínio, eles parecem surgir de repente, podemos estar conscientes deles ou não, mas eles podem gerar uma emoção. “... quando associados a perturbações psicológicas, muitas vezes produzem afeto disfórico. [...]. Os pensamentos automáticos muitas vezes são falsos ou apenas parcialmente verdadeiros.” (SUDAK, 2008, p. 23). Quando surge uma emoção, somos levados pela terapia cognitiva a avaliar o que estava passando por nossa mente naquele momento. Os pensamentos automáticos são derivados das crenças que temos sobre nós mesmos.
Rangé (2011) define os pensamentos automáticos como espontâneos, telegráficos, que não sofrem questionamentos e são acompanhados de uma forte emoção negativa. Como estão no nível mais superficial da cognição, podem mais facilmente ser identificados pelo paciente.
As pessoas observam algumas vezes que seus estados de humor não estão sintonizados com a situação, por exemplo, se sentir ansioso ao receber um elogio, quando o que seria esperado era um sentimento de alegria. Ou reagir fortemente a uma situação, de forma precipitada e brusca, não condizente com o momento, porém sentindo que a reação é correta. Se observarmos o que passava pelo nosso pensamento naquele momento, compreenderíamos melhor nosso estado de humor. “são como mensagens verbais que dizemos a nós mesmos” (GREENBERGER e PADESKY, 1999).
2.4 Crenças Intermediárias
O que perturba o ser humano não são os fatos, mas a interpretação que ele faz destes. (Epítecto, século 1 d.C.)
Estão entre os pensamentos automáticos e as crenças centrais. São as regras, atitudes e suposições que influenciam a visão de uma pessoa sobre uma situação. E que automaticamente incidirá sobre o que o paciente pensa, sente e se comporta. A interação com o mundo e com seu meio social conduz a aprendizagens sobre o modo como ela interpreta uma situação. Não é a situação apenas que definirá como a pessoa se sente, mas a avaliação que a mesma tem daquela situação (BECK, J. 1997).
Para Rangé (2011) as crenças intermediárias são o segundo nível de cognição e se compõe pelas regras e pressupostos que o indivíduo cria para lidar com as ideias negativas e desadaptativas que tem sobre si mesmo. São, portanto uma forma da pessoa se defender das crenças nucleares, que podem ser difíceis de suportar.
Segundo Greenberger e Padesky (1999, p. 108), as pressuposições às vezes podem ser determinadas por pensamentos “se... então...” ou que indiquem condição. Como por exemplo, “Se não faço as coisas direito, então sou um fracassado”.
2.5 Crenças Centrais
Nossa mente inconsciente, assim como nosso corpo, é um depositário de relíquias do passado (Jung, 1968).
Desde a infância as pessoas começam a desenvolver crenças sobre sim mesmas, sobre as outras pessoas e sobre o mundo. As crenças centrais são questões profundas que as pessoas geralmente não expressam nem para si mesmas. São idéias consideradas verdadeiras sobre você mesmo, sobre quem você é. As crenças centrais podem ser positivas e algumas crenças negativas podem vir à tona apenas em momentos difíceis. Quando negativas essas crenças podem ser relacionadas a sentimentos de desamparo ou de não ser amado (BECK, J. 1997).
Ainda segundo a mesma autora os pacientes em crise são os mais fáceis de ter suas crenças centrais identificadas, isso por que elas estão ativadas nesse momento. Nos pacientes com transtornos do eixo I as modificações se dão mais facilmente do que em pacientes do eixo II. Pois os primeiros possuíam mais crenças positivas de contra peso, enquanto os últimos têm poucas crenças positivas.
As crenças nucleares para Rangé (2011) são negativas, rígidas e inflexíveis e por isso mais difíceis de serem acessadas e modificadas. São resultado da herança genética do individuo e de sua maior sensibilidade à rejeição, abandono, oposição, às dificuldades inerentes de se estar vivo, além de componentes externos de seu ambiente que podem ser atenuantes ou reforçadores dessas características.
Sobre as crenças centrais Greenberger e Padesky (1999) afirmam que mudando as crenças centrais mal adaptadas a quantidade de pensamento automático inadequado tende a diminuir.
2.6 Outros Conceitos Fundamentais
As distorções cognitivas são erros na percepção de uma situação, interpretando o desempenho pessoal e as situações externas de forma equivocada. Segundo Young:
(...) a manutenção do esquema acontece salientando-se ou exagerando-se informações que confirmam o esquema, e negando-se e minimizando-se informações que contradizem o esquema. Muitos desses processos de manutenção de esquemajá foram descritos por Beck como distorções cognitivas (YOUNG, 2003, P. 25).
As principais distorções cognitivas observadas por Beck, J. (1997) são:
Pensamento do tipo tudo ou nada (também chamado de pensamento preto e branco, polarizado ou dicotômico): você vê uma situação em apenas duas categorias em vez de um contínuo.
Catastrofizando (também denominado adivinhação): você prevê o futuro negativamente sem considerar outros resultado mais prováveis.
Desqualificação do positivo: você irrazoavelmente diz para si mesmo que experiências, atos ou qualidades positivos não contam.
Argumentação emocional: você pensa que algo deve ser verdade porque você “sente” ( em realidade, acredita) isso de maneira tão convincente que acaba por ignorar ou desconsiderar evidências contrárias.
Rotulando: você coloca um rótulo global e fixo sobre si mesmo ou sobre os outros sem considerar que as evidencias poderiam ser mais razoavelmente conduzidas a uma conclusão menos desastrosa.
Magnificação/minimização: quando você avalia a si mesmo, outra pessoa ou uma situação, você magnífica irracionalmente o negativo e/ou minimiza o positivo.
Filtro mental (também chamado de abstração seletiva): você presta atenção indevida a um detalhe negativo em vez de considerar o quadro geral.
Leitura mental: você acha que sabe o que os outros estão pensando, falhando assim em considerar outras possibilidades mais prováveis.
Supergeneralização: você tira uma conclusão negativa radical que vai muito alem da situação atual.
Personalização: você acredita que os outros estão se comportando negativamente devido a você.
Declaraões do tipo “eu deveria” e “eu devo”: você tem uma ideia pré estabelecida sobre como você ou os outros deveriam comporta-se e você superestima quão ruim é que essas expectativas não sejam preenchidas.
Visão em túnel: você vê apenas os aspectos negativos de uma situação.
(J.BECK, 1997, p 129-130)
As Intervenções cognitivas mais comuns segundo Caminha (2003) são a psicoeducação que visa informar o paciente sobre o funcionamento da terapia cognitiva, sua forma de atuação, seus pressupostos e como o paciente será ativo em seu processo de mudança. Para melhor identificar os pensamentos automáticos e as crenças do paciente é utilizado como tarefa de casa um registro de pensamento, que ajudará o paciente a perceber em uma dada situação qual o pensamento que surgiu em sua mente e a emoção sentida. O exame de evidência intenciona levar o paciente a ter uma visão mais realista dos acontecimentos. Assim como a análise das vantagens e desvantagens de uma situação pela qual o paciente está passando. Outra técnica bastante eficaz é o continum cognitivo onde “O terapeuta constrói um continuum, situando no extremo mais baixo 0% de sucesso e no mais alto 100% de sucesso. Em seguida, solicita ao paciente que especifique características ou comportamentos que se incluem nas classificações mais baixa e mais alta do continuum” (FALCONE, In: CAMINHA (Org.), 2003, p. 57). Essa técnica ajuda ao paciente a se observar de forma mais realista.
A técnica da sete descendente ajuda a identificar o significado da crença do paciente. O processo consiste em identificar um pensamento automático que se suspeita estar diretamente ligado à crença central do paciente e perguntar ao paciente que levando em consideração que aquele pensamento é verdadeiro o que aquilo significaria sobre ele. “Se isso fosse verdade o que significaria sobre você?” (CAMINHA, 2003, p. 55).
Sudak (2008, p. 76) explica de forma simples e precisa o que significa a TCC ser um tratamento estruturado. Ser estruturado não significa dizer que as técnicas são preconcebidas, ou que o tratamento é o mesmo para todos os pacientes, o objetivo da terapia cognitiva e um planejando de um tratamento eficiente, individual e único para cada paciente. Cada paciente possui estressores específicos, assim como evitações, crenças e visão de mundo única.
Na primeira sessão o terapeuta deverá ouvir sobre a queixa inicial do paciente, como é seu funcionamento atual, seus sintomas e história de vida. Esses dados ajudarão o terapeuta a fazer uma conceituação do caso e planejar o tratamento. Algumas outras metas são essenciais nesse primeiro encontro com o paciente, como principal estabelecer uma boa aliança, esclarecer o paciente sobre o funcionamento da terapia cognitiva, as expectativas do paciente com relação ao tratamento e as metas que deseja alcançar (BECK, J. 1997, p. 41).
A Conceituação de caso do paciente é fundamental em qualquer psicoterapia, pois informará o que predispõe o paciente ao transtorno, o que desencadeou o problema, o que mantém o transtorno e como o paciente se protege. Sudak (2008) exemplifica essas quatro questões através de quatro perguntas: por que eu? Por que agora? O que faz esse problema continuar e por que não piora? (SUDAK, 2008, p. 29).
A mesma autora explica que devemos através da conceituação explicar por que o paciente não é capaz de resolver o problema, para isso observam-se os pensamentos, emoções e comportamentos do paciente. Para isso é importante observar os pensamentos automáticos. Através da conceituação os terapeutas cognitivos planejam um tratamento específico para cada paciente. Dependendo de cada caso técnicas específicas serão aplicadas.
Na terapia cognitiva a participação ativa do paciente é muito importante, Beck chamava essa participação do paciente na terapia como empirismo coloraborativo (SUDAK, 2008, p. 39).
Da sessão dois em diante o modelo seguido é quase o mesmo até as ultimas sessões. Em resumo se procura saber sobre a semana, e feita uma verificação do humor, se traz dados da sessão anterior, o roteiro da sessão é estabelecido, análise da tarefa de casa, é feita uma revisão do roteiro, nova tarefa de casa é solicitada e folhetos informativos podem ser dados ao paciente, um resumo da sessão e a solicitação do feedback conclui a sessão. O roteiro inicialmente é feito pelo terapeuta e depois o próprio paciente fica responsável por fazer o roteiro da sessão (BECK, J. 1997 p. 59).
A mesma autora nos traz que a meta da terapia cognitiva é transformar o paciente em seu próprio terapeuta e para isso é preciso dar autonomia. A terapia é gradualmente reduzida e após o término do processo aconselha marcar sessões de encorajamento nos três, seis e doze meses seguintes. É importante deixar o paciente ciente de que problemas e recaídas poderão ocorrer, mas que agora ele tem estratégias mais eficazes para lidar com isso (BECK, J. 1997, p. 271).
3. A terapia Cognitivo Comportamental no Tratamento do Casal e da Família
A terapia de casal segundo Dattilio (2011) lida com áreas da neurobiologia, apego e regulação emocional, avaliando os esquemas de reestruturação levando em consideração uma abordagem sistêmica. O mesmo autor ainda nos traz dados que sugerem que 43% dos casais se divorciam em média com quinze anos de casados. Embora a maioria volte a casar, o segundo casamento tem uma probabilidade ainda maior de terminar em fracasso.
Beck, A. (2005) já nos revelava que as desilusões, os desentendimentos e a falta de comunicação, geram ressentimento e rancor.  O retrato do casamento perfeito, feliz e idealizado não prepara os casais para enfrentar as frustrações. Casar é uma forma de relação única, bastante diferente das outras formas de relacionamento na vida. O casamento desperta desejos adormecidos: amor, fidelidade, apoio e amparo incondicional.  As atitudes do parceiro vêm sempre carregadas de significados provenientes das expectativas criadas. E como tudo que gera uma grande quantidade de expectativa, gera também um enorme potencial de frustração.
Dattilio (op cit) lamenta que existem poucos estudos empíricos  sobre a TCC no tratamento de famílias, porém a Terapia de Casal Cognitivo Comportamental (TCCC) tem sido estudada mais do que qualquer outra modalidade terapêutica. A maioria dos estudos, porém se concentraram nas técnicas comportamentais como o treinamento da comunicação, a resolução de problemas e os contratos comportamentais.
Temhavido uma crescente utilização das técnicas e métodos da TCC nas terapias de casal e família, Dattilio (op cit) acredita que isso se deve à atual valorização ao pragmatismo da abordagem, à sua postura mais pró-ativa na resolução dos problemas que auxiliam a família a construir habilidades para lidar com problemas futuros. Por outro lado a terapia cognitivo comportamental de casal (TCCC) também tem utilizado conceitos e métodos de outras orientações teóricas, como por exemplo, os conceitos de limites sistêmicos, hierarquia e a capacidade familiar de adaptação às mudanças desenvolvimentais, que são conceitos enfatizados pela terapia familiar estrutural de Minuchin.
As famílias passam por diversos problemas ao longo da vida, como foram citados no capítulo I do presente trabalho. Porém no relacionamento do casal especificamente, Beck nos traz exemplos dos problemas mais comuns:
Percepções negativas.
Da idealização a desilusão.
Perspectivas diferentes.
Imposições e regras rígidas.
Interferências na comunicação.
Tendenciosidade e incompetência pessoal.
Pensamentos automáticos.
Distorções cognitivas.
Hostilidade.
Sexualidade.
Os processos cognitivos estão no cerne das disfunções do relacionamento (DATTILIO, 2011, p.31). Em todos os relacionamentos pessoais é pertinente certo grau de atenção seletiva, porém isso passa a ser um foco constante de brigas quando acontece no casal e na família, pois criam percepções tendenciosas, que podem gerar inferências incorretas.
Ainda segundo o mesmo autor, as suposições e os padrões são os aspectos básicos mais amplos da visão de mundo de um indivíduo, eles configuram os esquemas no modelo cognitivo de Beck, que propõe que as percepções e inferências de uma pessoa, possui um conteúdo que é moldado por seus esquemas básicos que são um pouco estáveis ou também por estruturas cognitivas que às vezes são inflexíveis. Como nos diz Beck, A. (1995): “Como é percebido e interpretado o que um dos cônjuges faz é não raro bem mais importante para a satisfação conjugal que os atos em si”. Além disso, ele nos diz que somos predispostos a avaliações negativas quando somos desapontados.
A comunicação é um tema de importante influência no trabalho com casais e famílias, em sua tese de doutorado, Villa (2005) nos aponta para a importância das habilidades sociais para a melhora do relacionamento conjugal. O treinamento das habilidades sociais (Del prette & Del Prette, 1996) e do relacionamento interpessoal tem sido objeto de estudo a partir de diversos enfoques, as habilidades conjugais fazem parte, portanto desse campo de aplicação e conhecimento psicológico. O estudo da habilidade social do individuo, nos permite compreender como ele utiliza de suas capacidades sociais para lidar no ambiente interpessoal. Essas habilidades são desenvolvidas ao longo do tempo, e como nos diz a autora são aperfeiçoadas com a interação em seu meio social, desde a infância por processos de aprendizagem de comportamento de pessoas com quem convive, através da modelagem social e dos esquemas de reforçamento.  Essas habilidades podem ser melhoradas. O estudo da presente autora traz informações importantíssimas ao trabalho com casais e famílias e resultou em uma adaptação do IHS (inventário de habilidades Sociais) para o trabalho com casais, surgindo o inventário de habilidades sociais conjugais que seguirá em anexo.
Voltando a Beck, A. (1995), para entender o que faz os casais se afastarem é preciso entender o que os aproximou. Os símbolos que ativam a fascinação são muitas vezes culturais ou uma busca do que não tiveram ou ainda não têm. O que faz surgir a paixão é algo bem particular, são as necessidades psicológicas, os gostos e as preferências. Por isso as perspectivas dos apaixonados são idealizadas, no momento inicial até mesmo atitudes indesejadas são transformadas em algo positivo. Porém quando mais tarde as pessoas percebem que seus parceiros não atendem à sua imagem idealizada de parceiro ideal a imagem do casamento também começa a se modificar.
Quando os casais começam a perceber que as coisas não estão tão perfeitas como imaginaram que seria passam a dar ênfase aos aspectos negativos da relação e acabam por rotular ou parceiro. Essa rotulação é semelhante ao conhecido pensamento tudo ou nada e é tão irreal quanto à idealização do início do namoro, dos diz Beck (op cit). Passam também a fazer generalizações, que são resultado de nossa dificuldade de ver um fato da perspectiva da outra pessoa e são baseadas em conclusões globais, como por exemplo:
“ele é um egoísta”
“ela é uma mentirosa”
Datillio (2011) relaciona a teoria do apego de Bowlby a como os casais e os membros da família lidam um com o outro e a implicação disso na estória pessoal do apego. Para Bowlby (apud DATILLIO, 2011) os vínculos de ligação são caracterizados por quatro componentes básicos:
Busca de proximidade;
Comportamento de abrigo seguro;
Estresse de separação;
Comportamento de base segura.
Os estilos de apego são iniciados na fase inicial da vida e se baseiam em nosso contato com os pais e cuidadores. Mais tarde, porém são transferidos, embora de forma reestruturada, para os relacionamentos íntimos. Bartholomew e Horowitz (apud DATTILIO, 2011) reformularam os conceitos de apego de Bowlby em quatro estilos:
Seguro: visão de si mesmo como digno e dos outros como confiáveis, o que permite ao indivíduo se sentir à vontade com a intimidade e autonomia.
Preocupado: manutenção de uma visão negativa de si mesmo, mas de uma visão positiva dos outros, tornando-se superdesenvolvido em relacionamentos próximos e dependente dos outros para uma sensação de autovalor.
Intimidado-esquivo: visão negativa tanto de si mesmo quanto dos outros, o que faz o indivíduo temer a intimidade e evitar relacionamentos com outras pessoas.
De rejeição: manutenção de uma visão positiva de si mesmo, mas de uma visão negativa dos outros, o que faz com que o indivíduo evite relacionamentos com outras pessoas, preferindo permanecer independente e evitar relacionamentos íntimos.
Quando os parceiros têm um apego seguro, possuem mais satisfação em seu relacionamento. Estudos relatam que pessoas que sofrem de insegurança por ter tido deficiência no apego, tendem a reagir de forma mais hostil à um comportamento menos favorável do cônjuge.
Como Beck (1995) cita entre os problemas mais comuns dos casamentos, as regras dificultam muito a relação conjugal, essas regras muitas vezes desejos pessoais que na maioria das vezes não levam em conta o desejo da outra pessoa. São expectativas que temos com relação ao casamento que muitas vezes não são explícitas. As regras derivam de certas fórmulas de onde se infere que a atitude que o outro deve ter exemplo:
“Se ele se importasse comigo, me ofereceria ajuda quando estou precisando.”
“Se ele me respeitasse não me obrigaria a fazer todo o trabalho pesado.”
“Se ele fosse atencioso, faria o que gosto sem que eu tivesse que pedir.”
“As pessoas tendem a punir os parceiros quando quebram essas regras.”
“O que fazer? Perceber as regras e ser flexível.”
Anos de interação entre os membros da família criam crenças que são mantidas pelo grupo familiar e viram um esquema familiar (DATTILIO, 1994). Todas essas distorções cognitivas têm como resultado percepções, atribuições, expectativas, suposições e padrões distorcidos. As distorções cognitivas mais comuns segundo Dattilio (2011) são:
Inferência arbitrária: As conclusões são extraídas na ausência de evidências substanciais, por exemplo, pais cuja filha chega em casa meia hora depois do horário de se recolher concluem: “ela está fazendo alguma coisa errada de novo”.
Abstrações seletivas: A informação é extraída do contexto, e alguns detalhes são enfatizados, enquanto outras informações importantes são ignoradas, por exemplo: um homem cuja esposa responde às suas perguntas com monossílabos conclui: ”ela está ouça comigo”.
Supergeneralização: Um ou dois incidentes isolados podem servir como uma representação de todas as situações similares, relacionadasou não. Por exemplo, quando o pai ou a mãe não deixa a criança sair com seus amigos e a criança conclui: “vocês nunca me deixam fazer nada”.
Maximização e minimização: Uma situação é percebida como mais ou menos importante do que o adequado. Por exemplo: um marido zangado explode ao descobrir que o seu talão de cheques não está devidamente preenchido e diz a esposa: “estamos com um grande problema”.
Personalização: Os eventos externos são atribuídos à própria pessoa quando não há evidencias suficientes para chegar à uma conclusão. Por exemplo: a mulher percebe que o marido está adicionando mais sal na comida e supõe: “ele detesta a minha comida”.
Pensamento dicotômico: As experiências são decodificadas como branco ou preto, um completo sucesso ou um absoluto fracasso, o que é também conhecido como pensamento polarizado. Por exemplo: o marido está reorganizando o guarda roupa e sua esposa questiona a colocação de um dos itens. O marido pensa consigo mesmo: “ela nunca está satisfeita com nada que eu faço”.
Rotulação e rotulação inadequada: A identidade da pessoa é retratada tendo como base suas imperfeições e os erros que cometeu no passado, e ela permite que estes a definam. Por exemplo: após erros contínuos no preparo das refeições, a esposa pensa: “eu não valho nada”, ao invés de reconhecer o erro como pouco importante.
Visão de túnel: Às vezes os parceiros só percebem o que querem perceber ou o que se ajusta ao seu estado de espírito atual. Um homem que acredita que sua esposa “de todo modo só faz o que quer” pode acusá-la de fazer uma escolha baseada puramente em razões egoístas.
Explicações tendenciosas: Este é o tipo de pensamento que os parceiros desenvolvem durante períodos de estresse, considerando automaticamente que o cônjuge tem um motivo negativo alternativo por trás de sua intenção. Por exemplo: a esposa diz a si mesma: “ele esta representando um romantismo real porque quer algum favor meu. Ele está me preparando”.
Leitura da mente: Este é o dom mágico de ser capaz de saber o que a outra pessoa esta pensando sem a ajuda da comunicação verbal. Alguns cônjuges acabam atribuindo intenções injustificadas um ao outro. É o caso, por exemplo, do marido que pensa consigo mesmo: “eu sei o que esta se passando na cabeça dela. Ela acha que não estou percebendo o que ela está fazendo”.
(DATTILIO, 2011, p 33-35)
Uma premissa básica da TCC é de aumentar a frequência do pensamento desejável e diminuir a do indesejado. Em casais insatisfeitos o impacto do comportamento indesejável é mais percebido. Epstein e Baucom (apud DATTILIO, 2011) descreveram padrões de interação que são destrutivos e que interferem na satisfação das necessidades do parceiro. Esses comportamentos incluem ataque mútuo, exigência-retraimento e evitação e retraimento mútuos. É preciso primeiramente ajudar os pacientes a diminuir esses comportamentos individualmente para que sejam capazes de trabalhar juntos de forma colaborativa.
A emoção sempre desempenhou um importante papel na Terapia Cognitivo-Comportamental, as pessoas geralmente buscam ajuda após uma crise intensa. A teoria que embasa a TCC tem como ideia central que as cognições influenciam intensamente a emoção, as reações fisiológicas e os comportamentos (DATTILIO, 2011, p 57).
A teoria do intercambio social, concebida por Homans (1961) e citada por Dattilio (2011), tem papel fundamental no tratamento do casal e da família. Esta teoria se baseia nos custos e benefícios associados aos relacionamentos. Os custos seriam as razões pelas quais o relacionamento é indesejado e os benefícios as razões pelas quais vale a pena permanecer juntos.
Beck, A. (1995) chama à atenção para as resistências à mudança que ocorrem em muitos casais.
Convicções ou idéias derrotistas:
Meu marido (esposa) é incapaz de mudar.
Nada pode melhorar nosso relacionamento.
As coisas só vão piorar.
Ele (ela) nunca vai cooperar e nada pode ser feito sem a sua cooperação.
Já sofri demais, não tenho mais forças para continuar tentando.
Se precisamos elaborar alguns problemas em nosso relacionamento é sinal de que há algo muito errado com ele.
Só estamos adiando o inevitável.
Meu casamento já esta morto.
Se não conseguimos mudar até agora, não conseguiremos no futuro.
Autojustificativa
É normal eu me comportar desse jeito.
Estar certo pensar do meu jeito.
Qualquer outra pessoa na minha situação agiria dessa forma.
Ele (ela) me magoa. Merece ser magoado.
Exigência de reciprocidade
Eu me esforço. Se ele se esforçar primeiro.
Não vejo porque só eu devo me modificar.
Não é justo que eu faça todo o trabalho.
O que é que eu ganho com isso?
Ele (ela) já me magoou muito no passado, agora vai ter que fazer por onde.
O problema está nele
Se começarmos a explorar nosso relacionamento, ele vai piorar.
Não tem nada de errado comigo, se ele se modificasse tudo ficaria bem.
Ele (ela) não se preocupa em melhorar nosso relacionamento.
Ele (ela) é impossível.
Ele (ela) é maluco (a).
Ele (ela) só sabe ser daquele jeito.
Ele (ela) está cheio de ódio, esse é o problema.
Nunca tive problemas na vida até nos casarmos.
3. A Terapia Cognitivo Comportamental e o Treinamento de Pais
Caminha (2011) nos traz que em 1959 o autor comportamental C. Williams dizia que os pais deveriam aprender habilidades para lidar com seus filhos. Como os pais são os principais agentes e mediadores do comportamento infantil, eles são essenciais no tratamento de crianças de até mais ou menos dez anos.
O autor ainda nos diz que a intenção do treinamento de pais é tratar problemas de comportamento, melhorar a relação dos pais com seus filhos, aumentar os comportamentos desejados e diminuir os indesejáveis. O trabalho com pais pode ser realizado em grupos ou individualmente e o primeiro ponto a ser trabalhado é a identificação dos comportamentos que serão trabalhados.
O programa de treinamento inclui instrução dos pais, sendo apresentados a eles os princípios da aprendizagem social, como ocorrem os processos de reforço positivo, a modelação, a economia de fichas, como retirar o foco do problema, ser claro e firme nas instruções, etc. (LABBADIA E CASTRO, In CORDIOLI (Org.), 2008).
Para Caminha (2011) o treinamento de pais tem como objetivo tornar os pais os terapeutas dos seus filhos. Vários autores reconhecem que o estilo e a estrutura familiar, somados à forma como os filhos são criados tem efeitos imediatos e de longa duração no desenvolvimento infantil.
 Autonomia, limites e afeto são fundamentais para a educação de uma criança (NEUFELD E MAEHARA, In: CAMINHA (Org.), 2011, p.149). As autoras observam que a maior parte dos trabalhos na área do treinamento de pais tem enfoque comportamental e é direcionado para os princípios do condicionamento operante, ou seja, reforço positivo e negativo, punição, extinção e controle de estímulos. Acima de todas as técnicas está a compreensão dos pais sobre o processo e a importância deles para o sucesso do treinamento. Seus pensamentos e sentimentos sobre a função paterna/materna e as atribuições que eles dão às causas do comportamento das crianças são pontos importantes a serem discutidos durante o treinamento.
A abordagem para o treinamento de pais não é única, ela é sistemática, e compreende táticas de intervenção que são determinadas pelo tipo de relação dos pais com os filhos, pelo caráter do problema, entre outras especificidades (CAMINHA, 2011).
A participação dos pais na terapia das crianças envolve vários papéis que variam conforme a maneira de serem conduzidos. Os pais podem participar como facilitadores que participam de duas ou três sessões paralelas às de seu filho e são orientados sobre como funciona a TCC, suas técnicas e as estratégias que seus filhos irão aprender.  Como co-terapeutas os pais participam de algumas sessões e são incentivados a dar continuidade à terapia em casa reforçando as habilidades dos filhos através do monitoramento e do incentivo. Quando os pais assumem a posição de co-clientes eles são o foco direto da intervenção em busca de maiorhabilidade como pais e manejo familiar. Sessões separadas são realizadas pelos pais e pelo filho. Com focos algumas vezes diversos (STALLARD, 2011).
As principais habilidades em comum ao treinamento de pais são a psicoeducação, o manejo de contingências, a redução da ansiedade parental, a reestruturação cognitiva, a melhoria do relacionamento dos pais com a criança e a prevenção de recaída. Tópicos que serão mais bem explicados no próximo capítulo (GINSBURG E SCHLOSSBERG, 2002).
“Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar” (Dalai Lama).
3.1 Principais intervenções da TCC na Terapia de Família e Casal
A terapia de Casal e Família Possui uma estrutura que pode ser esquematizada da seguinte forma segundo Beck, A.:
Entrevista conjunta inicial: Quando o Psicoterapeuta irá se apropriar de como foi o início do relacionamento, a história conjugal prévia, o modelo do casamento, o ciclo de vida familiar e os problemas atuais.
Entrevistas individuais: Onde o foco deve ser o desenvolvimento de uma conceitualização de como o indivíduo vê os problemas no relacionamento. O psicoterapeuta deve estar atento aos  pensamentos automáticos, as crenças sobre si mesmo e perceber quais as mudanças que precisam ocorrer no relacionamento.
Entrevista conjunta seguinte: Durante essa entrevista conjunta, o terapeuta e os pacientes Fazem a conceitualização do caso e o plano de ação. Para isso identificam as áreas de problemas, os pensamentos automáticos do casal e a identidade da família de origem.
A estrutura de cada sessão irá contemplar a história e a conceitualização dos problemas do casal, o manejo das emoções, o aumento dos comportamentos positivos no relacionamento, a psicoeducação do casal para que possam identificar, testar e responder aos pensamentos automáticos principais, o ensino de habilidades de comunicação, a observação de questões relativas aos sentimentos negativos, ensinar o casal as estratégias para a solução de problemas, identificar e promover a mudança nas atitudes disfuncionais e suposições centrais e a prevenção da recaída.
O mesmo autor (op cit) em seu livro para Além do amor, nos chama à atenção para as diferenças existentes entre os homens e as mulheres. Essas diferenças são pertinentes na hora de avaliar e regular a comunicação do casal. Por exemplo, as mulheres parecem considerar as perguntas como uma forma de manter a conversa, enquanto os homens as vêem como pedidos de informação; As mulheres costumam construir “pontes” entre o que o interlocutor acaba de lhes dizer e o que elas têm a dizer; Os homens em geral não seguem essa regra e muitas vezes parecem ignorar o comentário precedente do interlocutor; As mulheres parecem interpretar a agressividade do parceiro como um ataque a desestruturar o relacionamento; Os homens vêem a agressividade simplesmente como uma forma de conversar; As mulheres costumam partilhar os sentimentos e os segredos; Os homens gostam de discutir tópicos menos íntimos, como esporte ou política; as mulheres tendem a discutir problemas umas com as outras, costumam compartilhar as vivências e também a dar alento umas às outras; Os homens, por outro lado, quando o outro homem discute os próprios problemas com eles, tendem a ver a conversa como um pedido de solução.
Na hora da conversa Beck, A. (1995) também alerta para algumas atitudes que são mais positivas e tornam a conversa menos hostil. É importante sintonizar no canal do parceiro e dar sinais de que esta prestando atenção ao que é dito, procurando não interromper quando o outro estiver falando. Quando for perguntar alguma coisa, fazer isso com habilidade, sem ironias ou acusações.
As regras de etiqueta de Beck, A. são:
	FALANTE
	OUVINTE
	Fale Atentamente
	Ouça atentamente
	Faça Perguntas Diretas
	Não interrompa
	Não Fale Demais
	Sinalize que está compreendendo
	Aceite o Silêncio
	Reflita sobre o que houve
	Evite a Contrainvestigação.
	Resuma o que entendeu
3.1.1 Algumas outras intervenções utilizadas durante a terapia de casal e/ou Família segundo Beck, Dattilio (op cit):
Anotar todas as ocasiões em que o outro fez alguma coisa que o agradou.
Técnica de retirar os antolhos.
Questionário de expressões de amor.
Sessões de esclarecimento.
Técnica dos 5 minutos.
Inversões de papéis.
Genograma.
3.1.2 Mitos Conjugais
O livro de Lazarus (1992), apesar de bastante antigo, continua a ser um referencial de fundamental importância no tratamento de casais disfuncionais, ele nos traz mitos que até hoje geram polêmicas a serem discutidos. São vinte e quatro mitos, alguns que de tão enraizados na cultura parecem um contrassenso e são difíceis de aceitar, os mitos são:
Mito 1- “Marido e esposa são os melhores amigos”: o autor nos diz que apesar da estrutura do casamento se sobrepor à da amizade, elas não são sinônimos. Para justificar seu ponto de vista afirma que na amizade não há tabus emocionais, sinais de “não se aproximarem”, nem temas proibidos. No casamento tem. Você não irá confessar ao seu cônjuge que se sente atraído por outro.
Mito 2- “O romantismo do casal faz um bom matrimônio”: a rotina e os problemas diários tendem a diminuir esse romantismo, mas não significa que o amor e o relacionamento acabaram. Esperar do casamento uma realização dos sonhos românticos é ilusão.
Mito 3- “Uma relação extraconjugal destrói o casamento”: a traição pode ocorrer por dificuldades no casamento ou por problemas em cada um dos cônjuges particularmente. Algumas traições acontecem apenas por curiosidade. Além disso, em várias situações o casamento é perfeito e apenas a incompatibilidade sexual é o problema, ao invés de terminar um relacionamento, uma família com filhos é mais saudável ter uma relação extraconjugal.
Mito 4- “Quando se sentir culpado confesse”: às vezes é apenas um erro e a outra pessoa não está em condições de compreender e perdoar. É melhor tentar se redimir e confessar a um amigo.
Mito 5- “O marido e a esposa devem fazer tudo juntos”: são duas pessoas diferentes, com gostos e preferencias diferentes, um vai ter que suportar participar de coisas que odeia só para estar junto ao cônjuge. Isso cria no casamento um sentimento de prisão.
Mito 6- “Temos que lutar para salvar o casamento”: Casamento requer companheirismo, trabalho em grupo, metas comuns e respeito. Mas, além disso, é preciso haver amor, atração, carinho e compreensão. Sem isso o sacrifício de uma vida para manter a relação não vale a pena.
Mito 7- “Num bom relacionamento, um tem confiança total no outro”: Os casamentos tem por base uma insegurança fundamental. A confiança total na fidelidade, na lealdade, ou na devoção do outro pode desqualifica-lo quanto pessoa. Todo ser humano é sujeito a falhas.
Mito 8-“Você deve fazer o outro feliz no casamento”: Ninguém é responsável pela felicidade do outro. Cada um é responsável por sua própria felicidade ou infelicidade.
Mito 9- “Num bom relacionamento, esposo e esposa podem descarregar tudo no outro”: a espontaneidade para compartilhar sentimentos, a franqueza, a informalidade são essenciais em uma relação. Porém educação também é um item importante e agredir e descontar seus problemas nos outros não é justo nem aceitável.
Mito 10- “Os bons marido consertam tudo em casa e as boas esposas fazem a limpeza”: embora seja um mito em constante combate, ainda permeia as fantasias de muitos casais. Esperar que com o casamento se tenha ganho uma cozinheira ou um pedreiro, cria expectativas irrealistas e frustrações.
Mito 11- “Ter um filho melhora um mal matrimônio”: Ter um filho pode aflorar conflitos que os e diferenças, além da carga emocional, financeira e de dedicação que a maternidade/paternidade impõe. Num mal casamento, o filho termina sendo uma dificuldade a mais.
Mito 12- “O matrimonio deve ser uma sociedade 50%-50%”: Não existem regras fixas, cada casal é diferente, um é bom e umas coisas e outros em outras. Quando se ama uma pessoa, você tem prazer em fazer um bem para ela e se torna uma alegria fazer a vida do outro um pouco maisfácil.
Mito 13- “O matrimonio pode realizar todos os nossos sonhos”: Quando se faz do casamento a condição essencial para a felicidade da vida, geralmente ocorrem chantagens emocionais e o casamento se mantem por culpa. A ideia de que o casamento é tudo na vida só traz dor e desilusão.
Mito 14- “Os que amam de verdade adivinham os pensamentos e os sentimentos do outro”: O amor não confere poderes telepáticos! Podemos até aprender a ter certa percepção do que o outro quer dizer ou fazer, mas também podemos errar.
Mito 14- “Um casamento infeliz é melhor do que um lar desfeito”: Não há nada mais desagradável do que um casamento mantido por medo, culpa ou dever. Algumas separações são mais saudáveis para os filhos do que um casamento rancoroso.  
Mito 16- “As ambições do marido são mais importantes do que a profissão da mulher”: Existem casamentos tradicionais excelentes, onde os dois são felizes assim. Porém se é um sacrifício para a mulher abandonar suas ambições para se dedicar ao casamento isso se torna um grande erro.
Mito 17- “Se a(o) esposa(o) quer deixa-lo(a), faça tudo para impedi-la(o)”: Será que vale a pena um casamento por piedade, medo, falta de dinheiro? Isso é um casamento? Nada justifica esse sacrifício.
Mito 18-“Um amor que morreu as vezes pode renascer”: muitos medos neuróticos mantém os cônjuges grudados uns aos outros. Medo da opinião dos outros, questões religiosas, problemas financeiros, etc. Mas o amor não pode ser manipulado. Quando ele está morto, são vãs as tentativas para ressuscitá-lo.
Mito 19- “A competição entre marido e esposa, estimula o casamento”: Pelo contrário, corrói a essência do casamento, que é o companheirismo, a confiança, a reciprocidade. A cooperação mútua é a base de um bom casamento.
Mito 20- “Você deve transformar seu cônjuge numa pessoa melhor”: é arrogância acreditar que sua forma de ver o mundo é a única certa. Quando as coisas vão mal antes do casamento, a tendência é piorar depois.
Mito 21- “Os opostos se atraem e se complementam”: Tempos depois essas diferenças entram em choque. As diferenças são fascinantes por um tempo, mas em uma relação de longa duração são desgastantes. Nos casamentos felizes as semelhanças se sobrepõem às diferenças.
Mito 22- “Os casais não devem revelar seus problemas a estranhos”: ao se abrirem para pessoas estranhas, os casais podem encontrar soluções construtivas para suas dificuldades. Pontos de vistas diferentes ou não pensados.
Mito 23- “Não tenha sexo se estiver com raiva”: em alguns casais o sexo pode diminuir a raiva. Amor e sexo são coisas distintas. Em nada pode atrapalhar a relação fazer sexo com raiva, pode ser uma forma até mesmo muito prazerosa de viver aquele momento. O que não exclui a conversa posterior.
Mito 24- “Conforme-se com o que você tem”: devemos aceitar alguns hábitos e costumes dos cônjuges para manter uma relação harmoniosa, aprendendo a conviver com eles. Porém algumas coisas podem ser ajustadas, pois ninguém é imutável e se o casamento vale a pena, pequenos ajustes podem fazer a diferença.
3.2 Principais Intervenções da TCC com o Treinamento de Pais
Trabalhar com crianças implica sempre em trabalhar com seus pais, a Terapia Cognitivo Comportamental fornece algumas formas de trabalhar e treinar os pais na cínica infantil. Os problemas do comportamento infantil é o principal foco do trabalho (CAMINHA, ALMEIDA e SCHERER In: CAMINHA et e al, 2011). O objetivo principal do treinamento de pais é transformá-los em agentes de transformação.
Conforme o mesmo autor a primeira fase do treinamento de pais é a avaliação dos padrões disfuncionais da família, procurando identificar o temperamento, como lidam com conflitos e as crenças dos pais. Mostrando assim que a educação que os pais receberam ativam crenças neles quando estão educando seus filhos.
Um programa de treinamento de pais em grupo realizado por Neufeld e Maehara (apud CAMINHA, 2011) foi realizado no programa PROPAIS-USP em 2009 e foi realizado em doze encontros semanais, com duração de uma hora e meia.
3.2.1 Estrutura das Sessões:
A estrutura consistia em utilizar as duas primeiras sessões para estabelecer um vínculo entre os terapeutas e os pais, apresentar os objetivos do grupo e discutir o que influencia o comportamento das crianças.
A terceira, a quarta e a quinta sessões eram aproveitadas para orientar aos pais sobre como dar ordens, estabelecer regras e como proceder frente ao mal comportamento do filho.
Da sexta à nona questão os pais eram familiarizados com o modelo cognitivo, e os pensamentos deles a respeito da relação entre eles e as dificuldades dos filhos analisados. Os pensamentos disfuncionais eram então apresentados, discutidos e avaliados.
As últimas sessões serviam para aprimorar o conhecimento sobre os pensamentos disfuncionais, tirar dúvidas e relembrar brevemente todos os tópicos.
Esse é um modelo básico de treinamento de pais, onde eles aprendem sobre as leis do comportamento, como utilizar o elogio como reforçadores de comportamento, a diferença entre dar ordens e fazer um pedido ao filho, as distorções cognitivas presentes no relacionamento pais e filhos, bem como a tríade cognitiva.
Dependendo do tipo de dificuldade enfrentada pela criança como obesidade, ansiedade, transtorno de défict de atenção e hiperatividade, etc. Os pais são psicoeducados de maneira direcionada para o problema e instruídos sobre a melhor forma de atuação.
Outro programa editado pelo Prof. Rui rothe-neves e equipe, foi adaptado a partir do trabalho de Barkley (1997b) e que está sendo utilizado nos Laboratórios de Neuropsicologia do Desenvolvimento e de Psicologia da Família do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
Conforme o autor a atuação dos pais como co-terapeutas é fundamental. Pois aumenta o engajamento no processo terapêutico, promovendo a autoeficácia e a generalização dos efeitos da terapia para a vida cotidiana. Em alguns casos, os pais podem treinar as técnicas  para depois aplicá-las em casa. A questão da disciplina é uma das mais cruciais enfrentadas atualmente por pais e educadores. Famílias disfuncionais em que os pais, simplesmente, não conseguem cumprir os seus papéis de educar os filhos, pois não existe autoridade e falta  envolvimento com a criança. Por outro lado existem pais para os quais é imprescindível disciplinar os seus filhos de modo severo. Outro ponto de vista é o estilo indulgente em que os pais adotam uma atitude supostamente "liberal" e negligenciam a necessidade de disciplinar o comportamento dos filhos.
Rothe- Neves (op cit) Propõe as seguintes intervenções:
3.2.2 Passo a Passo das Intervenções de Rothe-Neves
PASSO 1: por que as crianças se comportam mal?
Antes de pensar numa resposta, é importante que você saiba que a culpa pelo mau comportamento do seu filho não é só dele ou só sua. Grande parte do problema está na relação pai - filho. Tirando a responsabilidade exclusiva do mau comportamento do ombro dos pais ou dos filhos, fica mais fácil pensar em uma solução. Pensando nisso, o que você acha que causa o comportamento desobediente do seu filho?
Existem quatro grupos de motivos que podem estar causando o mau comportamento de seu filho, ele pode se encaixar em um ou em mais grupos.
1º - Características da criança
Você já reparou que cada criança é de um jeito? Tem crianças que são mais calmas, outras tem mais facilidade em prestar atenção, outras se irritam mais facilmente, além disso, algumas crianças podem ter problemas com o seu desenvolvimento, como por exemplo problemas físicos, de saúde, de linguagem ou motores. Todas essas características podem influenciar o comportamento da criança, fazendo com que ela tenda a se comportar melhor ou pior. Pensando nisso, como você descreveria seu filho?
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2º - Características dos pais
Assim como as crianças, os pais também têm características próprias, e essas podem estar contribuindo para o mau comportamento dos filhos. Alguns pais, porexemplo, são nervosos demais, outros calmos demais... Pense em você mesmo e responda:
Qual característica sua pode estar mantendo o comportamento desobediente de seu filho?
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3º - Problemas com a família
Outra razão para o mau comportamento dos filhos pode estar em diversos problemas que ocorrem com as famílias, como desentendimentos entre o casal, dificuldade financeira, problemas de saúde com algum dos pais, etc. Qualquer problema que mude a rotina da casa pode mudar também o comportamento dos filhos. Se os pais mudam de atitude com os filhos, por estarem abalados com algum problema, a criança pode reagir mudando também seu comportamento. E ainda, se os pais estiverem com algum problema, eles podem enxergar o mesmo comportamento do filho de maneiras diferentes. Brinquedos espalhados podem passar despercebidos em um dia e no outro ser motivo para uma surra.
O que pode estar acontecendo na sua casa que afete sua rotina e o comportamento de seu filho?
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4º - História de relacionamento entre os pais e a criança
As crianças sempre se comportam mal por algum motivo. Na maioria das vezes, ganham alguma coisa com isso ou deixam de fazer algo que exija trabalho ou esforço. O que para você pode ser um castigo, para ele pode ser um prêmio. Garantimos que ele não vai achar nada ruim se você colocá-lo de castigo onde ele possa assistir TV ou brincar. O que seu filho ganha ou deixa de fazer quando se comporta mal?
Além disso, quando as crianças não têm a supervisão adequada, ou seja, quando os pais não acompanham o cumprimento da ordem, é mais difícil elas se comportarem bem e acabam aprontando mesmo. É bem mais fácil fazer coisa errada quando os pais não estão por perto!
Qual a supervisão que você dá a seu filho?
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PASSO 2: preste atenção no seu filho
Pense em uma pessoa que você goste de conviver. Pode ser um bom colega, um bom chefe.
Quais características que esta pessoa tem que fazem você gostar dela?
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Agora pense em uma pessoa que você não goste, que seja um mau colega, um mau chefe.
Quais características que esta pessoa possui que o deixam aborrecido ou chateado?
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Se um bom chefe e um mau chefe o mandarem fazer algo, para qual dos dois você faria o melhor serviço? E com qual dos dois você estaria mais feliz?Pensando nisso, podemos ver como agimos de maneiras diferentes com os outros de acordo com a forma com que somos tratados. O mesmo acontece com seu filho. Que tipo de “chefe” você tem sido para ele?
Quando seu filho se comporta mal você tem que dar atenção (nem que seja para chamar a atenção dele) e ele acaba ganhando com isso. O que aconteceria se você começasse a dar atenção a ele quando ele se comportasse bem? Talvez ele não precisasse mais se comportar tão mal só para ter você mais por perto!
ALGUMAS DICAS:
1) Tente ignorar as coisas ruins que seu filho fizer e descobrir o que ele tem de bom. Só interrompa a brincadeira caso ele tenha um mau comportamento que possa prejudicá-lo fisicamente ou a terceiros, ou ameace destruir algo.
2) Elogie sempre que ele fizer algo que você goste!
3) O elogio deve ser específico. Mostre a seu filho o que ele fez para deixá-lo tão feliz. Se ele desenhou uma casa bonita, não diga apenas “parabéns”. Diga “- Parabéns pela casa bonita que você fez!”. Seu filho deve sempre saber por que está sendo elogiado.
4) O elogio deve ser feito imediatamente após o bom comportamento ter sido emitido.
PASSO 3: aprendendo a dar ordens e ensinando seu filho a brincar sozinho
Como você fala com seu filho quando quer que ele faça algo? Você manda ele fazer ou pede que ele faça?Quando você manda seu filho fazer algo ele tem que saber que não tem opção, que aquilo que você quer que ele faça tem que ser executado. Quando você pede, ele pode escolher fazer ou não. Quando você dá uma ordem ele tem que obedecer. Para que você consiga dar ordens da melhor forma possível e possa ter uma maior garantia de que serão cumpridas, demonstramos abaixo algumas regrinhas para você seguir sempre que for dar uma ordem.
Não se esqueça de nenhuma, guarde todas em sua memória e lembre-se, com o tempo elas deixarão de ser regrinhas e passarão a fazer parte do seu dia-a-dia.
1) Ordem é ordem e não um pedido, portanto, evite usar por favor quando der uma ordem.
2) A ordem dever ser clara, objetiva e o tom de voz deve ser firme sem ser arrogante. (Lembre-se, ele não tem escolha!).
3) Dê uma ordem de cada vez. Espere a criança cumprir a primeira para dar a segunda ordem. Faça isto para evitar que ela se confunda ou esqueça e deixe de fazer o que é realmente necessário.
4) Seja específico. Diga exatamente o que quer que seja feito. Como por exemplo, “Pedrinho, guarde, na caixa, os brinquedos que estão espalhados!”.
5) Tenha certeza que seu filho está prestando atenção em você (evite qualquer concorrência, como TV, brincadeira preferida...) e você nele (evite falar alto, de outro cômodo da casa, etc).
6) Peça sempre que a criança repita a ordem que foi dada, para se certificar que ela entendeu o que foi dito.
7) Tenha certeza que poderá supervisionar o cumprimento da ordem e mais, certifique-se de que é realmente necessário o seu cumprimento.
Preste atenção em seu filho enquanto ele executa a tarefa, assim ele não fará mal-feito ou deixará de fazer para chamar a atenção. E não se esqueça de elogiá-lo sempre que cumprir a ordem que você der (não se esqueça das regrinhas do elogio).
Quantas coisas você não consegue fazer porque seu filho “não deixa”? Não seria ótimo que ele aprendesse a brincar sozinho e não te interrompesse tanto!?
Tente dar atenção a ele antes que ele peça. Elogie seu bom comportamento de não ter interrompido, antes que ele te interrompa! Para isso, não se esqueça de ser claro ao elogiar, dizendo sempre o que gostou: - “Adoro quando você não me interrompe quando estou trabalhando!” (lembre-se: seja sincero em seus elogios e elogie sempre).
PASSO 4: utilizando fichas
Às vezes só o elogio não é suficiente. Quando isso acontece, você pode usar outras formas de manter o bom comportamento do seu filho. Combine com ele e faça uma lista das coisas que ele gosta de fazer (essa será a lista das recompensas). Depois, faça outra lista com as obrigações dele. Agora, faça um quadro com os dias da semana e diga a seu filho que ele ganhará uma carinha feliz sempre que fizer alguma das obrigações que você listou. Diga também que, para fazer as coisas que ele gosta, ele terá que trocar pelas carinhas que ganhar. Combine com seu filho que você pode dar ou cobrar fichas extras em situações especiais. Preste atenção ao valor das obrigações e recompensas de modo que sempre sobrem algumas fichas para ele guardar. Sempre cole a carinha assim que ele tiver terminado a tarefa; nunca deixe para mais tarde!
PASSO 5: tirando fichas e aplicando suspensão
O que fazer quando seu filho se comporta mal? Assim como papai João e mamãe Maria você deve ter dúvidas em saber o que é melhor se fazer nessas horas. Agora que você e seu filho se acostumaram com o uso de fichas, tudo fica mais fácil. Ao invés de bater, você pode tirar carinhas felizes quando ele se comportar mal. Se seu filho ganhava uma carinha feliz para guardar os brinquedos, agora você pode tirar a carinha feliz quando ele não os guardar. E ainda assim ele deve guardá-los. Não fique repetindo sua ordem (você é quem manda, não deixe que seu filho o enrole). Lembre-se que as retiradas de carinhas devem ser feitas imediatamente após o não cumprimento da ordem. Quanto mais grave for o mau comportamento, mais seu filho pagará por ele.
Caso seu filho, mesmo perdendo as carinhas, não execute a ordem que foi dada, não tome mais carinhas. Repita a ordem e diga que ele terá cinco segundos

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