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A Seguridade Social e previdencia complementar

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1- A Seguridade Social 
 
A Seguridade social brasileira, como prevê a Constituição 
de 1988, no art. 194, caput, é um conjunto integrado de 
ações nas áreas de previdência social, assistência social e 
saúde. 
 
 
 
 
 
 
 2 - A Previdência Social 
 
A previdência social é uma espécie de seguro social, 
denominado social em razão de atender a sociedade contra 
os riscos sociais. Os riscos sociais são os infortúnios que 
qualquer pessoa está sujeita ao longo de sua vida, como 
doenças, acidentes, invalidez, velhice e etc. A ideia é 
simples: a pessoa contribui à previdência, e em razão dos 
recolhimentos feitos, passa a ter proteção contra estes 
riscos. É uma ideia muito similar ao seguro tradicional. 
 
A previdência social é um sistema necessariamente 
contributivo! Isto é, para que uma pessoa venha a se 
aposentar, não basta ter a idade avançada, mas também 
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comprovar um número de recolhimentos. Esta 
característica é normalmente ignorada pela maioria da 
população, sendo por isso que muitas pessoas não obtêm o 
benefício solicitado. 
Exemplo: Um pobre velhinho que vai à previdência social 
solicitar uma aposentadoria e tem a mesma negada. Mas 
que injustiça! No entanto, em muitos casos, o idoso 
requerente nunca contribuiu ao sistema e, portanto, não 
faz realmente jus a benefício previdenciário. Ele poderá 
pedir um benefício assistencial – BPC (benefício de 
prestação continuada – BPC, que é pago ao idoso ou 
inválido desde que tenham renda familiar per capita inferior 
a ¼ do salário mínimo (requisitos cumulativos). 
 
Além desta natureza contributiva, a previdência social 
básica tem outra característica: é obrigatória 
(compulsória)! Qualquer pessoa que venha a iniciar uma 
atividade remunerada de natureza lícita estará vinculada, 
automaticamente, a algum regime previdenciário. 
 
2.1 - Regimes Previdenciários 
A previdência social brasileira possui dois regimes básicos 
distintos, que são o Regime Geral de Previdência Social- 
RGPS, e os Regimes Próprios de Previdência de Servidores 
Públicos - RPPS. 
 
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Ao RGPS estão vinculados os trabalhadores brasileiros de 
modo geral, sendo disciplinado no art. 201 da Constituição. 
Sejam os empregados, profissionais liberais, etc. - são 
todos segurados obrigatórios do RGPS, que é administrado 
pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia 
federal vinculada ao Ministério da Previdência Social. 
 
Já os RPPS são organizados por Unidade Federada, sendo 
abordado no art. 40 da Constituição. Isto é, cada Ente 
Federativo (União, Estados, DF e Municípios) tem 
competência para criar um único regime previdenciário 
para seus servidores, desde que sejam ocupantes de cargo 
de provimento efetivo (quaisquer outras pessoas 
contratadas pela Administração Pública que não ocupem 
cargo público efetivo são vinculadas ao RGPS, como, por 
exemplo, empregados públicos, comissionados etc.). 
 
Enquanto o RGPS é único, para todo o Brasil, os RPPS são 
vários, criados por Entes Federativos, restritos aos 
servidores efetivos das respectivas unidades federadas. 
Cada Ente Federativo poderá ter um único RPPS. 
 
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Os militares também possuem regime especial, que tem 
regras próprias, separadas dos servidores públicos em 
geral. 
 
Mas seria possível uma mesma pessoa ser vinculada ao 
RGPS e RPPS? 
Certamente que sim. Basta que um servidor, além da sua 
atividade normal, venha a exercer outra atividade 
remunerada vinculante ao RGPS, como, por exemplo, dar 
aulas. Estará, nesta hipótese, vinculado aos dois regimes 
previdenciários, sendo obrigado a contribuir para os dois e 
podendo mesmo se aposentar pelos dois regimes (Somente 
é vedada a acumulação de aposentadorias dentro de um 
mesmo regime, salvo nos RPPS, nas hipóteses de cargos 
acumuláveis). 
 
Por exemplo, uma pessoa que tenha várias atividades 
remuneradas, todas vinculadas ao RGPS, terá somente uma 
aposentadoria, mas que certamente levará em 
consideração a contribuição de todas estas atividades. 
 
Agora, é perfeitamente possível um professor acumular 
dois cargos públicos em Entes Federativos distintos, além 
de dar aulas em colégio particular. Nesta hipótese, poderá 
acumular duas aposentadorias em RPPS mais uma do RGPS 
(podendo ainda ter previdência complementar!). 
 
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2.2 - Previdência Complementar 
 
Além dos regimes básicos da previdência brasileira, há 
ainda a possibilidade de qualquer pessoa ingressar na 
previdência complementar, que é de natureza facultativa. 
Só entra quem quiser. 
 
Outra característica importante da previdência 
complementar é sua autonomia frente aos regimes 
básicos. Esta autonomia quer dizer o seguinte: o 
recebimento da “complementação” de aposentadoria 
independe da aposentadoria básica! 
Logo, é perfeitamente possível alguém receber uma 
complementação de aposentadoria sem efetivamente estar 
aposentado pelo RGPS ou RPPS. Todavia, é de fundamental 
importância perceber que a adesão à previdência 
complementar nunca excluirá a vinculação obrigatória dos 
trabalhadores aos regimes básicos! 
 
A previdência complementar pode ser privada ou pública, 
sendo que a privada pode ser aberta ou fechada, enquanto 
a pública é sempre fechada. A distribuição é desta forma: 
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O regime complementar privado é o principal. O segmento 
público nem existe ainda, como veremos. O segmento 
privado é tratado no art. 202 da Constituição, que o define 
como privado, pois cabe ao Poder Público, somente, a 
regulamentação e fiscalização do setor, sendo o serviço 
efetivamente efetuado por entidades privadas. 
O segmento aberto, como diz o próprio nome, é franqueado 
a qualquer pessoa. Isto é, qualquer um pode iniciar um 
plano de previdência complementar no segmento aberto, 
usualmente mantido por entidades financeiras, como 
seguradoras ou bancos - entidades abertas de previdência 
complementar (EAPC) - que podem ou não ter fins 
lucrativos. 
 
Já o segmento privado fechado, como diz o nome, tem 
ingresso restrito a determinadas pessoas, em geral 
empregados de determinada(s) empresa(s), ou associados 
de determinada(s) entidade(s). Estas entidades fechadas 
de previdência complementar (EFPC) são conhecidas 
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popularmente como fundos de pensão, sendo responsáveis 
pela gestão dos recursos acumulados em nome dos 
trabalhadores. 
 
Por exemplo, imaginem o José da Silva empregado da 
PETROBRÁS. Este é segurado do RGPS, pois é submetido 
ao regime de emprego público, e, ao mesmo tempo, é 
vinculado a PETROS, que é o fundo de pensão, ou melhor, 
entidade fechada de previdência complementar, ao qual os 
empregados da PETROBRÁS estão vinculados. 
 
O José irá contribuir, obrigatoriamente para o RGPS, e 
também para seu fundo de pensão (voluntariamente). Se 
ainda quiser, pode perfeitamente ingressar em algum plano 
de previdência do segmento complementar aberto! As EFPC 
são sempre sem fins lucrativos. A previdência 
complementar privada é abordada nas LC n° 108 e 109, 
ambas de 2001. 
 
Já a previdência complementar pública foi inovação da 
Emenda Constitucional nº 41/03. Esta Emenda, que ficou 
conhecida como reforma da previdência, atingiu quase que 
exclusivamente os RPPS, isto é, mudou as regras de 
aposentadoria dos servidores públicos. Dentro das novas 
regras já válidas para aqueles que ingressam hoje no 
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serviço público, está o fim da integralidade e o fim da 
paridade ativo x inativo. 
 
O fim da integralidade significa dizer que o servidor não irá 
mais se aposentar com sua última remuneração,mas sim 
com um valor resultado da média aritmética de suas 
remunerações desde 07/94 até a data de sua 
aposentadoria (Lei n. 10.887/04). O fim da paridade 
significa que o servidor inativo, aposentado dentro das 
novas regras, não mais terá a garantia de receber qualquer 
tipo de vantagem, aumento ou gratificação estendida aos 
servidores ativos. 
 
Naturalmente, existem regras transitórias para aqueles que 
já eram servidores à época da reforma, que ainda 
permitem a integralidade. Apesar da nova regra 
(obrigatória para todos que ingressem em RPPS após 
31/12/2003) não mais assegurar a integralidade, prevendo 
que o servidor vinculado a RPPS venha a se aposentar por 
uma média de suas remunerações, nada impede que o 
resultado desta média seja equivalente a sua última 
remuneração! 
 
Daí vem a terceira inovação da EC n. 41/03. Esta criou a 
possibilidade do Ente Federativo fixar ao seu RPPS o 
mesmo teto de aposentadoria do RGPS, atualmente em R$ 
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3218,90. Isto é, um Ente Federativo, como o Estado de 
Goiás, por exemplo, poderia estabelecer que seus 
servidores, além de terem a aposentadoria calculada pela 
média de suas remunerações, teriam a mesma limitada a 
R$ 3218,90. Mas esta limitação somente seria válida se, 
antes, criar-se por lei de iniciativa do Poder Executivo, um 
regime complementar de natureza pública para os 
servidores, por meio de entidade fechada (EFPC). 
 
A idéia é a seguinte: o RPPS, regime próprio do servidor 
mantido pelo Ente Federativo, irá garantir o pagamento do 
benefício até o mesmo teto do RGPS. A eventual diferença 
será paga pela EFPC pública, vinculada a este RPPS. 
 
Naturalmente, esta limitação dos benefícios dos RPPS ao 
mesmo teto do RGPS somente poderia mesmo ser feita 
com a criação das EFPC públicas, o que ainda não existe 
em nenhum Ente Federativo. Caso venham a ser criadas 
agora, somente atingiriam os novos servidores, pois os 
antigos poderiam optar pela regra antiga. 
 
Por exemplo: João, servidor federal, ingressou no serviço 
público em 12/2004 (após a EC 41/03, mas antes da 
criação da EFPC pública federal). Caso a União crie a EFPC 
pública em 2006, como ficará a aposentadoria de João? 
Será calculada pela média, pois ingressou em RPPS após a 
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EC 41/03, mas não ficará limitado ao teto do RGPS, pois 
ingressou em serviço público antes da criação da EFPC 
pública por lei, a menos que tenha expressamente optado 
pela nova regra. 
 
Em outro exemplo, Maria ingressa no serviço público do 
Estado do Rio de Janeiro como fiscal de ICMS, ocupando, 
portanto, um cargo público efetivo, vinculada por isso ao 
RPPS estadual, em 2008, quando já existente a EFPC 
pública estadual. Nesta hipótese, quando se aposentar, seu 
benefício será calculado pela média e esta poderá estar 
limitada ao teto do RGPS. Se Maria desejar aposentar-se 
com proventos maiores, poderá aderir a EFPC pública. 
 
Perceba que o que se torna obrigatório para o servidor que 
ingressa após a criação da EFPC pública é a limitação ao 
teto do RGPS, mas nunca a adesão a EFPC pública. Como já 
visto, uma das principais características de todo o regime 
complementar de previdência (privado ou público) é a 
facultatividade de ingresso. A servidora pode muito bem 
concluir que o teto do RGPS a satisfaz plenamente, ou pode 
mesmo aderir a algum plano de EAPC, sem qualquer 
vínculo com a Administração Pública. 
 
Desta forma, não devemos confundir, na previdência 
complementar, as EFPC privadas, em geral 
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complementadoras de benefícios do RGPS, e as EFPC 
públicas, complementadoras de benefícios de RPPS. As 
entidades abertas de previdência complementar (EAPC) 
somente existem no segmento privado. 
 
 
As EAPC são fiscalizadas pela SUSEP (Superintendência de 
Seguros Privados), autarquia federal vinculada ao Ministério 
da Fazenda, enquanto as EFPC são fiscalizadas pela SPC 
(Secretaria de Previdência Complementar), órgão vinculado 
ao Ministério da Previdência Social. 
 
Quanto à regulamentação, isto é, os órgãos 
administrativos responsáveis pela expedição de normas 
administrativas de observância obrigatória pelas entidades 
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privadas são: Conselho Nacional de Seguros Privados – 
CNSP para as EAPC e o Conselho de Gestão da Previdência 
Complementar - CGPC para as EFPC. O CNSP é parte 
integrante do Ministério da Fazenda, enquanto o CGPC é 
parte integrante do Ministério da Previdência Social. 
 
Uma observação final: nunca confunda as EFPC privadas 
patrocinadas por empresas públicas e sociedades de 
economia mista, complementadoras dos benefícios do 
RGPS, reguladas pela LC n. 108/01, com as EFPC públicas, 
ainda a serem criadas, vinculadas a RPPS de servidores 
públicos ocupantes de cargo efetivo. 
 
Fonte: CURSOS ON-LINE – DIR. PREVIDENCIÁRIO – CURSO 
REGULAR PROFESSOR FÁBIO ZAMBITTE

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