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Aula Prática – Exames copro-parasitológicos 1. Colheita das fezes Seguem abaixo algumas recomendações importantes para a colheita de fezes destinadas a exames copro-parasitológicos: As fezes devem ser, de preferência, recentes. Recomenda-se que não tenham entrado em contato com o solo devido à grande possibilidade de contaminação do material por nematóides de vida livre. 1.1. Ruminantes e eqüinos Para retirar as fezes diretamente do reto, utiliza-se uma luva de procedimento descartável ou um saco plástico massageando-se as paredes retais. A luva ou saco plástico são invertidos, amarrados e, após a retirada do ar, usados como recipientes de transporte. Caso não seja possível a colheita diretamente do reto, colher imediatamente após a defecação a porção do material fecal que não tenha entrado em contato com o solo. Amostragem. Deve representar o rebanho quantitativa e qualitativamente. Amostrar diversos animais do plantel, considerando-se sua idade, estado nutricional e possíveis diferenças de manejo. Quantidade da amostra: 30 a 50 gramas de fezes. Identificação. Todos os dados sobre o animal (espécie, nome ou no, data, propriedade, etc.) deverão ser anotados no recipiente. Estas informações poderão também ser descritas em folha separada, anotando-se apenas o nome ou no do animal correspondente no saco plástico com caneta de retroprojetor. 1.2. Cães e gatos As fezes deverão de preferência ser coletadas a partir de um superfície limpa (jornal, azulejo) sobre a qual o animal tenha defecado. Alternativamente, colher as fezes da porção mais superior que não tenha entrado em contato com o solo. Utilizar saco plástico ou coletor universal. Quantidade: 5 a 10 gramas Identificação: colocar etiqueta no coletor e anotar a espécie, raça, nome, sexo e idade do animal. 2. Conservação das fezes 2.1. Conservação a frio Armazenar os sacos plásticos com as amostras de fezes num recipiente de isopor com gelo em escamas ou contendo gelo reciclável, alternando-se o material em camadas. As fezes poderão ser conservadas por 24 a 48 horas. Amostras de cães e gatos também podem ser conservadas no refrigerador por um período máximo de 48 horas. 2.2. Conservação química Conservantes químicos são utilizados quando o tempo decorrente entre a colheita do material e seu envio ao laboratório for maior que 48 horas, ou quando inexistirem condições de conservação a frio. Alternativas: Para a conservação de ovos e larvas de helmintos pode-se utilizar formol a 10% ou formol-glicerina 5% (na proporção de 1:1). Fezes para a pesquisa de oocistos de coccídias devem ser conservadas em bicromato de potássio a 2% ( na proporção de 1:1) Fezes para a pesquisa de formas trofozoítas e cistos de protozoários devem ser conservadas utilizando-se como líquido conservador o MIF ou líquido de Schaudin (na proporção de 1 parte de fezes para 3 partes do conservante). Solução MIF Thimerosal 1:1000.................................. 200ml Água destilada........................................ 200ml Formol ................................................... 25ml Glicerina ................................................ 5ml 3. Métodos para diagnóstico copro-parasitológico O processamento de material fecal para exames parasitológicos visa dois principais objetivos: Clarificar o material a ser examinado para permitir uma fácil diferenciação entre os parasitas e os debris; Concentrar as formas dos parasitas (cistos, oocistos de coccídias, ovos e larvas de helmintos) para aumentar a sensibilidade e reduzir o número de campos microscópicos necessários para o exame. A escolha do método coprológico a ser utilizado depende, entre outros fatores, da espécie animal, aspecto qualitativo ou quantitativo e principalmente da suspeita clínica. Nas aulas práticas anteriores abordamos os métodos de exame direto, flutuação em sal (Willis) e contagem de ovos em câmara de MacMaster. Nesta aula serão abordados os seguintes métodos: Método de concentração por sedimentação espontânea (método de Hoffmann) Método de Baermann modificado Coprocultura - Técnica de Roberts e O’ Sullivan �3.1. Método de concentração por sedimentação espontânea – Método de Hoffmann Objetivo Identificação genérica de ovos e larvas de nematóides e trematóides gastrintestinais. Princípio A técnica de sedimentação é um teste qualitativo para a detecção de ovos e larvas de helmintos. É uma técnica útil para ensaios preliminares visando identificar que grupos de parasitas estão presentes em uma amostra. Apresenta a vantagem de recuperar ovos e larvas das fezes, sobretudo ovos pesados de trematóides e de espirurídeos, os quais se sedimentam mesmo quando se emprega a técnica de flutuação em sal. Por serem pesados, ovos e larvas são sedimentados espontaneamente, lavados e concentrados e em seguida examinados. Material 2 a 3g de fezes Copo de plástico Cálice cônico Peneira ou coador Gaze Bastão de vidro ou palito de sorvete Pipetas Pasteur com pêra de borracha 1 litro de água Técnica Misture no copo plástico uma pequena quantidade de fezes (2 a 3 gramas) com 20 a 30 ml de água e homogenize bem com um bastão de vidro ou palito. Transfira a suspensão para o cálice cônico filtrando-a com o auxilio de uma peneira de chá recoberta com gaze. Despreze o material presente no coador em seguida adicione água no cálice cônico onde ocorrerá a sedimentação espontânea dos ovos e larvas. Após 30 minutos recolha o sedimento com uma pipeta Pasteur, coloca-se o líquido entre lâmina e lamínula. Observe a lâmina ao microscópio com uma objetiva de 10x e, posteriormente, mude para a objetiva de 40X. A inspeção da lâmina deverá ser feita escolhendo-se um canto e então movendo-se a lâmina para ao canto oposto, em um movimento de ida e volta, procurando sobrepor parcialmente os campos microscópicos. Alternativamente, se o sobrenadante estiver muito sujo, este pode ser desprezado com cuidado, para não perder o sedimento. Em seguida, adiciona-se água novamente aguardando-se mais 30 minutos. Este processo de lavagem facilita o exame microscópico e pode ser repetido de 30 em 30 minutos ou mais. �3.2. Método de Baermann, modificado Objetivo Detecção e identificação de larvas de nematóides nas fezes. Princípio Baseia-se no termotropismo, hidrotropismo e geotropismo das larvas. Material Fezes: 3 - 5g Gaze cortada e dobrada Prendedor Palito de sorvete ou bastão de vidro Tubo cônico Técnica Colocar as fezes no centro da gaze e envolver o material, formando um saquinho. Prender o saquinho na parede do tubo cônico com o auxílio do prendedor. Adicionar água a 45º C pelas paredes do cálice, até encobrir completamente o saquinho com as fezes. Deixar, de preferência, de um dia para o outro (“overnight”), ou esperar no mínimo 2 a 3 horas. Durante a aula prática esperaremos de 30 minutos a 1 hora. Coletar o material do sedimento do tubo cônico com uma pipeta Pasteur, colocar entre lâmina e lamínula, e examinar ao microscópio com objetiva de 10x. 3.3. Coprocultura – Técnica de Roberts e O’ Sullivan Objetivo Identificação genérica de nematóides gastrintestinais através da morfologia das larvas Princípio Incubação de ovos de helmintos presentes nas fezes até sua eclosão e liberação das larvas dos nematóides Material 20-30g de fezes serragem de madeira de pinho esterilizada ou vermiculita recipiente de vidro (250-300ml) bastão de vidro borrifador placas de Petri pipetas de Pasteur com pêra de borracha ou conta-gotas tampas com furos ou papel alumínio perfurado ou gaze vidro de relógio Técnica: Preparo da coprocultura Em um recipiente de vidro, misturar as fezes com a vermiculita ou serragem, na proporção de cerca de duas partes de vermiculita para uma de fezes. A mistura deve ficarhomogênea e solta. Borrifar a cultura com água, se necessário. Identificar o frasco com a número do animal e a data. Cobrir o frasco com gaze, ou papel alumínio perfurado, ou com a própria tampa do frasco com furos, para entrada de ar. Incubar em estufa, à temperatura de 25º a 27º C, durante 7 dias ou deixar no ambiente por 10 dias. Verificar diariamente o grau de umidade da cultura e borrifar água, se necessário. Colheita das larvas Transcorrido o período de 7 dias na estufa ou 10 dias no meio ambiente, faz-se a colheita das larvas, da seguinte maneira: Encher o frasco de cultivo com água à temperatura de 45º C até a borda. Tampar o frasco com placa de Petri, invertendo-se bruscamente, para evitar que a água derrame. Colocar água (também a 45º C) até a metade da placa de Petri Após 12 horas, retirar com pipeta Pasteur o conteúdo da Placa de Petri, transferindo-o para um vidro de relógio e observar em lupa. Transferir um ou duas gotas do líquido em uma lâmina, adicionar lugol para matar e corar as larvas, acrescentar uma lamínula e proceder à identificação microscópica das larvas. Identificação das larvas infestantes dos nematódeos gastrintestinais: Elementos que geralmente são levados em consideração para a identificação das larvas: Tamanho da larva Presença ou não de bainha Tipo caudal Espaço entre a ponta da cauda da larva e a ponta da cauda da bainha Número e tipo de células intestinais (difícil visualização) Para a tipificação imediata das larvas infestantes devemos inicialmente agrupá-las de acordo com o comprimento da cauda e da bainha: Larvas de cauda curta: Trichostrongylus e Ostertagia Larvas de cauda média: Bunostomum, Haemonchus e Cooperia Larvas de cauda longa: Oesophagostomum, Nematodirus e Chabertia Oesophagostomum Cooperia Haemonchus Bunostomum Ostertagia Trichostrongylus
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