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Fichamento - Renato e cazuza

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Curso: Música Integral – 1º Período
Disciplina: Português Instrumental I
Professor: José Roberto Silveira
Aluno: Gleidson Jordan dos Santos - Matrícula: 0917513-0
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Fichamento
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SILVEIRA, José Roberto. Renato Russo e Cazuza: a poética da travessia – rock e poesia nos anos 80. São João Del Rei: Malta Editores, 2008.
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► Introdução [páginas 17 a 28]: 
	Na atualidade, a canção ocupa um importante lugar. Há uma enorme variedade de gêneros e estilos, sendo inserida de forma fácil no nosso cotidiano, torna-se o meio de entretenimento mais difundido. Cercada por questões de mercado (lucro), através de meios midiáticos, permite audições distintas. Faz-se refletir sobre questões técnicas relacionadas a qualidade da composição das formas melódicas da mesma, ressaltando a riqueza ou não de nossas obras. A partir disso, a música passa ser objetivo de pesquisa acadêmica na área de literatura entre outras, ressaltando-se o papel dos críticos.
	Silvino Santiago discute o papel do intelectual (minoria), que tem despertado para a cultura da maioria, compreendendo a transformação social através da música popular-comercial presente no dia-a-dia do brasileiro. Passa então, o crítico, a enxergar de outra forma a manifestação do rap, hip hop, funk e genros híbridos, ressaltando a poesia presente na MPB e no rock dos anos 80. 
	Um fator fundamental para a realização das composições, é o período no qual se vive, ressaltando os fatos e acontecimentos ao redor de cada compositor. Nesse âmbito destacam-se Renato Russo e Cazuza que perpassaram pelo fim da década de 80, criando uma escrita poético-musical relacionada às questões que enfrentarão nessa época.
	A Legião Urbana de Renato russo se consolidou ao longo das décadas de 80 e 90, sendo considerada como uma das bandas de rock mais consistentes do Brasil. Cazuza por sua vez, escreve letras que correspondem ao papel do intelectual que pensa com e por seu tempo. Ambos os compositores são considerados grandes letristas do rock brasileiro, sendo suas letras tratadas nessa obra como poesia. Ao longo do livro aqui abordado, serão discutidas as canções escritas pelos dois, atendendo a proposta temática do conteúdo autobiográfico confessional, estabelecendo uma aproximação com o suporte teórico.
	Este livro possui quatro capítulos. O primeiro partindo do contexto político, econômico e cultural, buscando informações das décadas anteriores. O segundo discute a relação entre música e poesia, passando a música a ocupar na atualidade, o papel da poesia. Na arte da escrita, pode-se revelar o outro em nós, despindo-nos, fazendo nos confessar. Dessa maneira era a escrita a música de Renato e Cazuza. O terceiro capítulo aborda o caráter polifônico do rock do ponto de vista teórico-musical, compreendendo as diversas formas práticas e artísticas. A escrita é revelada como uma libertação da culpa, num jogo de salvação ou condenação própria. No último capítulo, tenta-se localizar os pontos de chegada dos letristas, revelando a escrita contaminada, quando o eu - acadêmico e se contamina com a poesia de Renato e Cazuza.
► Capítulo 4. Uma Outra Estação [páginas 181 a 192]
	Dedica-se ao longo das páginas, a uma audição das produções escritas das obras musicais de Renato Russo e cazuza. O rock de 80 revela-se e configura-se como a escrita da 
juventude da época, que herdaram dos anos anteriores a idéia do “faça você mesmo”, ressaltando as necessidades econômicas e políticas do Brasil relacionadas aos jovens. “De base híbrida, o rock brasileiro permite a convivência de gêneros e estilos e não se formata dentro de uma escola, é uma obra poético-musical de travessia.” (Cap. 4, pág. 182). O rock da década de 80, tendo como objetivo a transição, exige um diálogo com o presente e passado deslumbrando o futuro. 
Os autores do rock oitentista são seres viventes da experiência e da experimentação. Para permanecer como artigo de venda e expressão artística, o rock necessita de uma boa apresentação literária de afinamento técnico sonoro sofisticado, daí então se aproximando com a MPB, concentrante de qualidade lírica e melódica. As escritas de cazuza e Renato são registros de culpa em busca de redenção. “O sujeito do desconcerto é aquele do concerto , é aquele que busca , na materialidade da escrita e da melodia, a salvação.” (Cap. 4, pág. 183). A geração da década perdida, vergonhosamente esquecida, foi capaz de escrever sua própria história, narrando através do rock a dinâmica e fluidez do mundo pós-moderno mesmo sendo feita em forma descompassada, tomando a forma de quem a protagoniza. O sujeito desta época tenta viver a liberdade do corpo, do sexo, convivendo com obstáculos, a AIDS e os conflitos internos, ressaltando a diversidade e a individualidade, sem se formatar como escola ou movimento.
O gênero sertanejo embala a era Collor, já que o tom rebelde de batida forte do rock torna-se incômodo para o governo de corrupção e confisco. Torna-se difícil mapear um gênero ou banda que represente uma geração, já que a mídia e a indústria da cultura elegem seus ícones, seus produtos mais lucrativos, tornando cada vez mais híbridas nossas manifestações culturais. Apesar dos problemas econômicos após a travessia, algumas bandas se consolidam diante do mercado. A legião Urbana só para de produzir quando a banda se desfaz com a morte de Renato russo. O rock, em busca de mais vendas, torna-se então cada vez mais pop, expandindo o seu mercado, tornando-se visíveis engrenagens do capitalismo. Com a chegada do mundo virtual, a música eletrônica entra com mais vigor em cena.
A travessia mostra também a escrita contra a morte e contra o tempo que não pára, sendo acompanhada de escassez, tendo o paradoxo repercutindo na polifonia. “A poesia de Renato e cazuza é o exagero, é o derramamento excessivo de lirismo quando se descobre aquilo que falta.” (Cap. 4, pág. 187). A geração de 80 fez de cada passo uma chegada e uma festa, já que o amanhã é incerteza, conseguindo parar a beleza com a escrita, capaz de revelar a beleza do sujo, era preciso se manter vivo, e a vida foi mantida através da escrita e do canto. 
As letras de Renato e Cazuza tornaram-se uma espécie de diário contendo a vivência de cada um. “O percurso e os percalços que nos trouxeram até aqui e fizeram de nós aquilo que somos [...] A tecnologia, a dinâmica e a fluidez da pós-modernidade causam fissuras no presente.” (Cap. 4, pág. 188). Na era em que a tecnologia tomou conta da humanidade, corre-se o risco da memória não nos dizer nada, as lembranças de outrora passam a serem produtos de consumo, pensando-se sempre no lucro. Assim como Cazuza e Renato temos a necessidade do diálogo entre o presente e o futuro. As condições de existência e as singularidades da década de 80 podem ser reconhecidas nas obras de ambos.
Quem escreve sobre a escrita de outro corre vários riscos, podendo se apoderar dos mesmos erros de outrem, sendo interpretadas das mais diversas formas. Renato e cazuza escrevem na primeira pessoa tecendo a tensão do eu com a história, repletos de paradoxos, sendo capazes de “contaminar” o leitor, fazendo vir à tona o que reside na profundidade do homem. Ainda há perguntas sem respostas sobre as letras escritas por ambos. “Da legião que se aventurou pela travessia, restaram anjos e demônios, fãs, histórias e o arquivo fonográfico, que permitem o rastreamento do animal, que logo foram, que logo somos, que logo seremos.” (Cap. 4, pág. 192).
São João Del Rei, 26 de maio de 2009; terça-feira.
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