Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SANDRO EDUARDO DA SILVEIRA MENDES ESTUDO EXPERIMENTAL DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO UTILIZANDO AGREGADOS GRAÚDOS DISPONÍVEIS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil, Curso de Pós- Graduação em Construção Civil, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Vladimir Antonio Paulon CURITIBA 2002 ii TERMO DE APROVAÇÃO SANDRO EDUARDO DA SILVEIRA MENDES ESTUDO EXPERIMENTAL DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO UTILIZANDO AGREGADOS GRAÚDOS DISPONÍVEIS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA Dissertação aprovada como requisito para obtenção do grau de Mestre no Curso de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal do Paraná, pela Comissão formada pelos professores: Orientador: Prof. Dr. Vladimir Antonio Paulon Setor de Engenharia Civil, UNICAMP Co-Orientador: Prof. José Marques Filho, MSc. Departamento de Construção Civil, UFPR Prof. Dr. Marcos Antônio Marino Departamento de Construção Civil, UFPR Prof.ª Dr.ª Denise Carpena Coitinho Dal Molin Departamento de Engenharia Civil, UFRGS Curitiba, 24 de Outubro de 2002 iii DEDICATÓRIA Aos meus pais, João Carlos e Cléa Mara, e à Alessandra. A minha nova família, Joelma Letícia e Tobias Netto. A um amigo especial que partiu e deixou saudades, Amaral (in memorian). iv AGRADECIMENTOS Inicialmente agradeço ao senhor meu Deus, pela oportunidade de estar aqui e passar por mais esta experiência de vida, concluindo mais uma etapa de meu destino. Ao meu orientador, Prof. Vladimir Antônio Paulon, pela orientação competente, amizade e disponibilidade permanente para atender-me durante a realização deste trabalho. Agradeço ainda pelo seu constante entusiasmo e motivação, além de sua preocupação paterna com meu bem-estar e da minha família. Meu especial agradecimento àquele que, se pelas regras internas do mestrado não pode ser oficialmente meu co-orientador, o foi na prática e de fato, com sua admirável dedicação ao ensino e à pesquisa, por suas horas disponíveis doadas a mim em explicações práticas e incansáveis, pelas palavras de incentivo e motivação nos momentos difíceis do trabalho e do dia-a-dia, por sempre acreditar no meu potencial, às vezes mais do que eu mesmo, guiando-me como um pai que guia seu filho: Prof. José Marques Filho, grande amigo e conselheiro, o meu muito obrigado! Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da UFPR, pelos ensinamentos e apoio recebidos. Ao Prof. Aguinaldo, pelo apoio e também pelas discussões e críticas que me levaram a uma motivação maior para a conclusão deste trabalho. Aos colegas de mestrado, Janilce Messias, à Mônica Druszczi, à Adriana Santos, à Cíntia Ribeiro, ao José Ricardo, ao César Daher, ao Wagner Mukai, ao Gérson Barão, ao Valdair Marcante, ao Frederico Turra, ao André Giandon, ao Roberto Giublin e ao Luciano Mozer, pelos bons momentos de convívio, pela amizade, pelas boas conversas e discussões. Em especial, aos meus colegas e amigos Amacin Rodrigues e Daniel Palazzo, pelas sugestões enriquecedoras à pesquisa, pelo apoio emocional e o mais importante, pela amizade sincera e verdadeira em todas as horas. v Ao Ruy Dikran e Paulo Chamecki, pelo apoio e crédito depositado em minha pessoa e em meu trabalho, disponibilizando a estrutura do LAME para a realização dos ensaios da pesquisa. Ao pessoal de laboratório do LAME, Cíntia, João Carlos, Rosane, Eustáquio, Mariano, Amauri, Roberto Zorzi, Magno, Gilson, Ezequias, Marcelo, Francisco e Anivo, pela amizade, colaboração e contribuição no desenvolvimento dos ensaios de laboratório. Em especial ao amigo João Luiz, pelo apoio e pela criatividade no desenvolvimento do equipamento para retificação dos corpos-de-prova. À Irene e ao Jéferson, pelo atendimento sempre simpático e prestativo no dia-a-dia do laboratório. À Soeli e Maristela, pela simpatia, carisma e boa vontade com que me atenderam ao longo do mestrado. Aos amigos Plínio e Milton, pela companhia agradável e amizade do dia-a- dia durante meu período como bolsista no LAME. À Dona Carmem e suas companheiras, pela amizade e pelo carinho com que cuidaram da limpeza de meu ambiente de trabalho, bem como de meu guardapó e uniforme de laboratório. Aos professores Carlos Parchen e Eduardo Dell’Avanzi, por terem me incentivado a ingressar no mestrado e terem encaminhado as cartas de recomendação. Ao Prof. Freitas, que nos momentos finais deste trabalho, deu seu apoio, substituindo-me nas atividades acadêmicas. Ao Prof. José Manoel dos Reis, pela colaboração com a análise petrográfica das rochas utilizadas no experimento. A Itaipu binacional pelo apoio financeiro no primeiro ano do mestrado. Ao LACTEC, pela bolsa de estudos e suporte financeiro durante a realização da pesquisa experimental, ao longo desses últimos um ano e seis meses. Às empresas, Camargo Correia Industrial S/A, Companhia de Cimentos Itambé, Rheotec, Grace, Otto Baumgart, MBT, e às pedreiras Tancal, Basalto e vi Coperlit, e ao areal Costa, que gentilmente me forneceram todos os materiais necessários à produção dos concretos estudados. Agradeço particularmente ao Thomas da Rheotec Aditivos e ao Patrick da Grace pelo apoio técnico e suporte oferecidos. Aos meus tios Petronilo e Helena, pela oportunidade que me deram de estudar a língua inglesa nos EUA, o que facilitou em muito minhas pesquisas bibliográficas na literatura internacional. Às minhas tias Haide, Vera e Rose, professoras, que sempre me apoiaram e incentivaram a continuar estudando, seguindo a tradição da família, que sempre foi buscar o conhecimento não apenas para si mesmo mas para transmitir aos outros, pelo simples prazer de ensinar. À minha noiva Joelma Letícia e meu garoto Tobias Netto, pelo amor, dedicação, companheirismo e compreensão que demonstraram durante todos os momentos. Ao meu sogro, Flávio Dinão, por acreditar na minha dedicação à família e aos estudos, apoiando-me nos momentos difíceis vivenciados ao longo deste trabalho. À minha sogra Regina e seu companheiro Amadeu, pelas preces e orações que contribuíram para minha paz de espírito nos momentos turbulentos durante todo o mestrado. Aos meus pais e a minha irmã, pela torcida, incentivo, imenso carinho, compreensão e auxílio durante todos os anos de minha vida, principalmente nestes dois últimos. Ao meu amigo Amaral, que sempre acreditou em mim e sabia que eu chegaria mais longe. A todos os demais que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. vii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... x LISTA DE TABELAS....................................................................................................................xiii LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS ............................................................................................... xv RESUMO ............................................................................................................................................ i ABSTRACT ....................................................................................................................................... ii 1. INTRODUÇÃO. ............................................................................................................................1 1.1 IMPORTÂNCIA DA PESQUISA............................................................................................ 1 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA.................................................................................................. 4 1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 4 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................ 4 1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA................................................................................................ 5 1.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................................... 6 2. CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO .................................................................................. 8 2.1 HISTÓRICO............................................................................................................................. 8 2.2 DEFINIÇÕES........................................................................................................................... 9 2.3 APLICAÇÕES ....................................................................................................................... 12 2.4 VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA ....................................................................... 14 2.5 MATERIAIS CONSTITUINTES .......................................................................................... 16 2.5.1 Cimento ............................................................................................................................... 17 2.5.2 Agregados............................................................................................................................ 18 2.5.2.1 Agregados graúdos ............................................................................................................ 19 2.5.2.2 Agregados miúdos ............................................................................................................. 20 2.5.3 Sílica Ativa .......................................................................................................................... 21 2.5.3.1 Características físicas e químicas da sílica ativa ............................................................... 22 2.5.3.2 Dosagem de sílica ativa ..................................................................................................... 24 2.5.3.3 Efeito da sílica ativa na microestrutura do concreto.......................................................... 25 viii 2.5.3.4 Efeito da sílica ativa nas propriedades do concreto fresco e endurecido........................... 29 2.5.4 Aditivos Superplastificantes ................................................................................................ 31 2.5.4.1 Compatibilidade cimento-aditivo ...................................................................................... 37 2.5.5 Água de Amassamento ........................................................................................................ 40 2.6 PRODUÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE DE CAD .................................................. 40 2.7 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CAD.......................................................................... 41 2.7.1 Resistência à Compressão.................................................................................................... 42 2.7.2 Resistência à Tração por Compressão Diametral ................................................................ 48 2.7.3 Módulo de Elasticidade ....................................................................................................... 52 2.8 MÉTODOS DE DOSAGEM PARA CAD............................................................................. 55 3. INFLUÊNCIA DOS AGREGADOS GRAÚDOS NO CAD..................................................... 59 3.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 59 3.2 A INFLUÊNCIA DO TIPO DE AGREGADO ...................................................................... 60 3.3 A INFLUÊNCIA DA DIMENSÃO MÁXIMA DO AGREGADO........................................ 67 3.4 A INFLUÊNCIA DA GRANULOMETRIA DO AGREGADO............................................ 69 3.5 A INFLUÊNCIA DA FORMA E TEXTURA SUPERFICIAL DO AGREGADO ............... 70 3.6 A INFLUÊNCIA DA REATIVIDADE DO AGREGADO.................................................... 72 4. PROGRAMA EXPERIMENTAL.............................................................................................. 74 4.1 PLANEJAMENTO DOS ENSAIOS.......................................................................................... 75 4.2 METODOLOGIA PARA EXECUÇÃO DOS ENSAIOS.......................................................... 77 4.2.1 Seleção e Caracterização dos Materiais............................................................................... 78 4.2.1.1 Cimento ............................................................................................................................. 78 4.2.1.2 Agregados miúdos ............................................................................................................. 80 4.2.1.3 Agregados graúdos ............................................................................................................ 81 4.2.1.4 Adições.............................................................................................................................. 84 4.2.1.5 Aditivo............................................................................................................................... 85 4.2.1.6 Água de amassamento ....................................................................................................... 86 4.2.2 Proporcionamento dos Materiais ......................................................................................... 86 ix 4.2.3 Produção e Preparo dos Corpos-de-prova............................................................................ 87 4.2.4 Apresentação dos Resultados .............................................................................................. 94 4.2.4.1 Resistência à compressão axial.......................................................................................... 94 4.2.4.2 Resistência à tração por compressão diametral ................................................................. 96 4.2.4.3 Módulo de elasticidade...................................................................................................... 97 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................................ 98 5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL............................................................................. 98 5.2 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL...................................... 105 5.2.1 Relação entre a Resistência à Tração (ft,sp) e a Resistência à Compressão (fc) ...................... 108 5.3 MÓDULO DE ELASTICIDADE ............................................................................................ 111 5.3.1 Relação entre o Módulo de Elasticidade (Ec) e a Resistência à Compressão (fc) ................... 113 5.4 COMPARAÇÃO COM A BIBLIOGRAFIA........................................................................... 116 5.5 CONSUMO DE MATERIAIS POR M³ DE CONCRETO...................................................... 117 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................... 123 6.1CONCLUSÕES........................................................................................................................ 124 6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ...................................................................... 126 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 127 ANEXOS ........................................................................................................................................ 137 ANEXO 1.................................................................................................................................... 138 ANEXO 2.................................................................................................................................... 139 ANEXO 3.................................................................................................................................... 144 x LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1 – EDIFÍCIOS ALTOS EM CAD NOS ESTADOS UNIDOS (AÏTCIN, 2000) ................ 12 FIGURA 2.2 – CURVAS DE HISTERESE PARA CONCRETOS PRODUZIDOS COM DIFERENTES AGREGADOS (MEHTA E AÏTCIN, 1990).......................................... 20 FIGURA 2.3 – PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SILÍCIO E DE CAPTAÇÃO DE SILICA ATIVA (DAL MOLIN, 1995)......................................................................................... 22 FIGURA 2.4 – MICROGRAFIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO DA SÍLICA ATIVA (MEHTA E MONTEIRO, 1994)..................................................................................... 23 FIGURA 2.5 – EFEITO MICROFILER DA SÍLICA ATIVA NO CONCRETO (BACHE APUD AÏTCIN, 2000) ................................................................................................................ 26 FIGURA 2.6 – EFEITO FÍSICO DA SÍLICA ATIVA NO CRESCIMENTO DOS CRISTAIS DE HIDRATAÇÃO, DE ACORDO COM (MALE APUD DAL MOLIN, 1995) ............... 27 FIGURA 2.7 – ESTRUTURA DE C-S-H DENSO NUM CONCRETO COM SÍLICA ATIVA EM TORNO DO AGREGADO. NOTA-SE A AUSÊNCIA DE ZONA DE TRANSIÇÃO ENTRE A PASTA E O AGREGADO (AÏTCIN, 2000). ........................ 28 FIGURA 2.8 – ATUAÇÃO DA SÍLICA ATIVA NA INTERFACE AGREGADO-PASTA DOS CONCRETOS (ALMEIDA, 1996). ................................................................................ 28 FIGURA 2.9 – REPRESENTAÇÃO DIAGRAMÁTICA DA FLOCULAÇÃO DE PARTÍCULAS DE CIMENTO ANTES DA ADIÇÃO DO SUPERPLASTIFICANTE E A DISPERSÃO DOS FLOCOS APÓS A ADIÇÃO (MEHTA E MONTEIRO, 1994). .... 33 FIGURA 2.10 – ENSAIO DE MINIABATIMENTO DE KANTRO........................................................ 38 FIGURA 2.11 – ENSAIO DE FLUIDEZ – CONE DE MARSH .............................................................. 39 FIGURA 2.12 – INTERAÇÃO DOS FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA DO CONCRETO (MEHTA E MONTEIRO, 1994) .............................................................. 42 FIGURA 2.13 – (A) CORPO-DE-PROVA SUBMETIDO À ENSAIO DE COMRESSÃO AXIAL UTILIZANDO CAPEAMENTO DE ENXOFRE; (B) DETALHE DA RUPTURA PREMATURA DO CAPEAMENTO DURANTE O ENSAIO...................................... 45 FIGURA 2.14 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA COM A IDADE PARA CONCRETOS DE DIFERENTES RESISTÊNCIAS (CARRASQUILLO ET AL., 1981)........................... 47 FIGURA 2.15 – RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL EM FUNÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO POR DIFERENTES EQUAÇÕES (GOMES ET AL., 1996). ................................................................................................ 51 FIGURA 2.16 – MÓDULO DE ELASTICIDADE SECANTE EM FUNÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO POR DIFERENTES EQUAÇÕES (GOMES ET AL., 1996).............. 54 FIGURA 2.17 – CONSUMO DE CIMENTO POR M³ DE CONCRETO ................................................ 57 FIGURA 2.18 – CUSTO DO M³ DE CONCRETO.................................................................................. 57 FIGURA 3.1 – (A) NO CCV, A RUPTURA OCORRE NA PASTA E NA INTERFACE PASTA- AGREGADO; (B) NO CAD, ALGUMAS FISSURAS PROPAGAM-SE ATRAVÉS DAS PARTÍCULAS DO AGREGADO GRAÚDO.................................... 60 FIGURA 3.2 – ESTIMATIVA DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DA PARTÍCULA DE AGREGADO: (A) FORMA IRREGULAR; (B) FORMA PRISMÁTICA; (C) FORMA CILÍNDRICA (CHANG E SU, 1996) ............................................................. 65 xi FIGURA 3.3 – (A) REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA EXSUDAÇÃO INTERNA NO CONCRETO RECÉM-LANÇADO; (B) RUPTURA DA ADERÊNCIA POR CISALHAMENTO EM CORPO-DE-PROVA DE CONCRETO ENSAIADO À COMPRESSÃO AXIAL (MEHTA E MONTEIRO, 1994)............................................ 71 FIGURA 3.4 – DIMENSÕES DO GRÃO............................................................................................... 72 FIGURA 4.1 – CURVA GRANULOMÉTRICA DO AGREGADO MIÚDO........................................ 81 FIGURA 4.2 – AGREGADOS GRAÚDOS SELECIONADOS: (A) CALCÁRIO, (B) DIABÁSIO E (C) GRANITO ............................................................................................................ 82 FIGURA 4.3 – CURVA GRANULOMÉTRICA DOS AGREGADOS GRAÚDOS.............................. 84 FIGURA 4.4 – BETONEIRA DE EIXO INCLINADO – 320 LITROS ................................................. 90 FIGURA 4.5 – CORPOS-DE-PROVA COBERTOS COM FILME DE PVC DURANTE AS PRIMEIRAS 24 HORAS ................................................................................................ 93 FIGURA 4.6 – RETIFICAÇÃO DOS TOPOS DOS CORPOS-DE-PROVA DE 10X20CM COM TORNO MECÂNICO ADAPTADO (LABORATÓRIO LAME /LACTEC) ................ 94 FIGURA 4.7 – RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) E A RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE PARA AS IDADES DE 3, 7 E 28 DIAS............................. 95 FIGURA 4.8 – RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) E A IDADE (DIAS) PARA AS DIVERSAS RELAÇÕES ÁGUA/AGLOMERANTE ENSAIADAS. ................................................................................................................. 96 FIGURA 4.9 – RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL E A RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE PARA A IDADE DE 28 DIAS................................................................................................................................ 97 FIGURA 4.10 – RELAÇÃO ENTRE O MÓDULO DE ELASTICIDADE E A RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE PARA A IDADE DE 28 DIAS. .......................................... 97 FIGURA 5.1 – INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE A RELAÇÃO A/AGLOM E A IDADE NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO. ........................................................................ 100 FIGURA 5.2 – INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES ENTRE: (A) AGREGADO E IDADE E (B) AGREGADO E RELAÇÃO A/AGLOM NA RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO. ...... 100 FIGURA 5.3 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM FUNÇÃO DA RELAÇÃO A/AGLOM PARA OS CONCRETOS COM CALCÁRIO......................... 101 FIGURA 5.4 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM FUNÇÃO DA RELAÇÃO A/AGLOM PARA OS CONCRETOS COM DIABÁSIO. ......................... 102 FIGURA 5.5 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM FUNÇÃO DA RELAÇÃO A/AGLOM PARA OS CONCRETOS COM GRANITO. .......................... 102 FIGURA 5.6 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO COM A IDADE - CALCÁRIO. ................................................................................................................... 103 FIGURA 5.7 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO COM A IDADE - DIABÁSIO...................................................................................................................... 103 FIGURA 5.8 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO COM A IDADE - GRANITO....................................................................................................................... 103 FIGURA 5.9 – VARIAÇÃO DA RELAÇÃO FC/FC28, EM FUNÇÃO DA IDADE PARAOS CONCRETOS. ................................................................................................................ 104 FIGURA 5.10 – INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE A RELAÇÃO A/AGLOM E O TIPO DE AGREGADO NA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL. ................................................................................................................ 107 xii FIGURA 5.11 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL EM FUNÇÃO DA RELAÇÃO A/AGLOM PARA OS VÁRIOS CONCRETOS. ................................................................................................................ 108 FIGURA 5.12 – RESISTÊNCIA À TRAÇÃO (fc,sp) X RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (fc) PARA IDADE DE 28 DIAS. .......................................................................................... 109 FIGURA 5.13 – CORRELAÇÃO ENTRE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL E RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO POR DIFERENTES EQUAÇÕES.................................................................................................................... 110 FIGURA 5.14 – INFLUÊNCIA DO TIPO DE AGREGADO NO MÓDULO DE ELASTICIDADE DOS CONCRETOS. ....................................................................................................... 112 FIGURA 5.15 – EVOLUÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE EM FUNÇÃO DA RELAÇÃO A/AGLOM PARA OS VÁRIOS CONCRETOS. ........................................................... 113 FIGURA 5.16 – MÓDULO DE ELASTICIDADE EC (GPa) X RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO FC (MPa)......................................................................................................................... 114 FIGURA 5.17 – CORRELAÇÃO ENTRE O MÓDULO DE ELASTICIDADE E A RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO POR DIFERENTES EQUAÇÕES................................................... 115 FIGURA 5.18 – CONSUMO DE CIMENTO POR M³ DOS DIVERSOS TRAÇOS COM GRANITO.. 119 FIGURA 5.19 – RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA E O CONSUMO DE CIMENTO PARA OS CONCRETOS COM GRANITO. ................................................................................... 120 FIGURA 5.20 – CUSTO DO M³ DOS CONCRETOS CAD E CCV (R$/M³).......................................... 121 FIGURA 5.21 – RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO DOS CAD X CCV (R$/MPa).................................. 121 xiii LISTA DE TABELAS TABELA 2.1 – ESPESSURA DA ZONA DE TRANSIÇÃO (MICROMETRO)* ................................. 29 TABELA 2.2 – EFEITO DO MODO DE ADIÇÃO DOS SUPERPLASTIFICANTES SMF, SNF E CAE* NO SLUMP DE MISTURAS DE CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND .. 35 TABELA 2.3 – GANHO TOTAL DE RESISTÊNCIA PARA CONCRETO CONVENCIONAL E CAD ................................................................................................................................ 47 TABELA 3.1 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS ROCHAS, ARGAMASSAS E CONCRETOS AOS 91 DIAS........................................................................................ 62 TABELA 3.2 – PROPRIEDADES DAS ROCHAS, ARGAMASSAS E CONCRETOS À IDADE DE 28 DIAS .................................................................................................................... 63 TABELA 3.1 – DETERMINAÇÃO DA FORMA DO AGREGADO GRAÚDO................................... 72 TABELA 4.1 – RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE PARA CADA NÍVEL DE RESISTÊNCIA ESPERADO .................................................................................................................... 75 TABELA 4.2 – PLANEJAMENTO DOS ENSAIOS E QUANTIDADE DE CORPOS-DE-PROVA.... 77 TABELA 4.3 – MÉTODOS DE ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS ................................................................................................................. 77 TABELA 4.4 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO CIMENTO CPV-ARI ............................................ 78 TABELA 4.5 – CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO CIMENTO CPV-ARI ....................................... 79 TABELA 4.6 – CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DO CIMENTO CPV-ARI.................................... 79 TABELA 4.7 – GRANULOMETRIA DO AGREGADO MIÚDO (NBR-7217/87) ............................... 80 TABELA 4.8 – CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO MIÚDO........................................................ 80 TABELA 4.9 – COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS AGREGADOS GRAÚDOS (NBR- 7217/87) .......................................................................................................................... 82 TABELA 4.10 – CARACTERIZAÇÃO DOS AGREGADOS GRAÚDOS (NBR-7217/87).................... 83 TABELA 4.11 – CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA SÍLICA ATIVA ................................................ 85 TABELA 4.12 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA SÍLICA ATIVA..................................................... 85 TABELA 4.13 – QUANTIDADE DE MATERIAL UTILIZADO NOS TRAÇOS COM CALCÁRIO - TCS (1ª REPETIÇÃO).................................................................................................. 87 TABELA 4.14 – QUANTIDADE DE MATERIAL UTILIZADO NOS TRAÇOS COM CALCÁRIO - RCS (2ª REPETIÇÃO) ................................................................................................. 88 TABELA 4.15 – QUANTIDADE DE MATERIAL UTILIZADO NOS TRAÇOS COM DIABÁSIO - TDS (1ª REPETIÇÃO).................................................................................................... 88 TABELA 4.16 – QUANTIDADE DE MATERIAL UTILIZADO NOS TRAÇOS COM DIABÁSIO - RDS (2ª REPETIÇÃO) ................................................................................................... 89 TABELA 4.17 – QUANTIDADE DE MATERIAL UTILIZADO NOS TRAÇOS COM GRANITO - TGS (1ª REPETIÇÃO).................................................................................................... 89 TABELA 4.18 – QUANTIDADE DE MATERIAL UTILIZADO NOS TRAÇOS COM GRANITO - RGS (2ª REPETIÇÃO) ................................................................................................... 90 TABELA 4.19 – PROGRAMAÇÃO DAS DOSAGENS........................................................................... 92 TABELA 5.1 – VALORES MÉDIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSAO DOS CONCRETOS (MPA).............................................................................................................................. 99 TABELA 5.2 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL ............................................................................................................................ 99 xiv TABELA 5.4 – EVOLUÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO COM A IDADE DOS CONCRETOS PRODUZIDOS – COMPARAÇÃO COM A BIBLIOGRAFIA, PARA CIMENTOS ARI. ................................................................................................ 104 TABELA 5.5 – VALORES DE RESISTÊNCIAS MÉDIAS DE COMPRESSÃO AOS 28 DIAS (MPA) EM FUNÇÃO DA RELAÇÃO A/AGLOM – COMPARAÇÃO ENTRE CONCRETOS PRODUZIDOS E BIBLIOGRAFIA, COM BASE NOS DADOS DE AÏTCIN (2000)................................................................................................................ 105 TABELA 5.6 – VALORES DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSAO DIAMETRAL (MPA).............................................................................................................................. 106 TABELA 5.7 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO............. 106 TABELA 5.8 – RELAÇÃO ENTRE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL E RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL (%) – 28 DIAS ............ 109 TABELA 5.9 – VALORES DE MÓDULO DE ELASTICIDADE SECANTE (GPA) .......................... 111 TABELA 5.10 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) PARA MÓDULO DE ELASTICIDADE...... 112 TABELA 5.11 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE CAD OBTIDOS NA PESQUISA E POR OUTROS PESQUISADORES – CONCRETOS CONTENDO CIMENTO ARI, A/AGLOM 0,28 E SÍLICA ATIVA, AGREGADOS DIFERENTES .......................................................................................116 TABELA 5.12 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS DE CAD OBTIDOS NA PESQUISA E OS OBTIDOS POR PEREIRA NETO (1995) – CONCRETOS COM CIMENTO ARI, A/AGLOM 0,28, SÍLICA ATIVA E AGREGADOS DE MESMA MINERALOGIA ............................................................. 117 TABELA 5.13 – CONSUMO DE MATERIAL POR M³ DE CONCRETO, EM KG ............................... 118 TABELA 5.14 – COMPOSIÇÃO DE CUSTOS DOS MATERIAIS PARA OS CONCRETOS COM GRANITO....................................................................................................................... 120 xv LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS A/AGLOM RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE A/C RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ACI AMERCIAN CONCRETE INSTITUTE ANOVA ANÁLISE DE VARIÂNCIA ARI ALTA RESISTÊNCIA INICIAL BAEL / BPEL NORMAS FRANCESAS C2S SILICATO BICÁLCICO C3A ALUMINATO TRICÁLCICO C3S SILICATO TRICÁLCICO Ca(OH)2 HIDRÓXIDO DE CÁLCIO CAD CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO CAR CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA CCV CONCRETO CONVENCIONAL VIBRADO CEB COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON C-S-H SILICATO DE CÁLCIO HIDRATADO Dmáx DIMENSÃO MÁXIMA CARACTERÍSTICA EC MÓDULO DE ELASTICIDADE Ecs MÓDULO DE LEASTICIDADE SECANTE fc RESISTÊNCIA MÉDIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO fc28 RESISTÊNCIA MÉDIA AOS 28 DIAS fck RESISTÊNCIA CARACTERISTICA À COMPRESSÃO DO CONCRETO fcm RESISTÊNCIA MÉDIA DE DOSAGEM FIP FÉDÉRATION INTERNATIONALE DE LA PRÉCONTRAINTE ft,sp RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL INMETRO INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA ISO INERNATIONAL STANDARD ORGANIZATION LACTEC INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO LAME LABORATÓRIO DE MATERIAIS E ESTRUTURAS MLS LIGNOSSULFATOS MODIFICADOS MPa MEGAPASCAL MPT MAXIMUN PASTE THICKNESS NBR NORMA BRASILEIRA NS NORWEGIAN STANDARD RBLE REDE BRASILEIRA DE LABORATÓRIOS DE ENSAIOS SANEPAR COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ SIO2 ÓXIDO DE SILÍCIO SMF POLICONDENSADO DE FORMALDEÍDO E MELANINA SULFONADA SNF POLICONDENSADO DE FORMALDEÍDO E NAFTALENO SULFONADO SO3 ÓXIDO DE ENXOFRE SP SUPERPLASTIFICANTE t IDADE EM T DIAS UFPR UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RESUMO Nas últimas décadas, os grandes avanços na tecnologia do concreto proporcionaram o surgimento dos concretos de alto desempenho, cujas características principais são a elevada resistência mecânica e maior durabilidade, obtidas com a utilização de baixas relações água/aglomerante. Por estas qualidades que o diferenciam do concreto convencional, o CAD é um material que vêm sendo largamente pesquisado e empregado em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, França, Noruega, entre outros. No Brasil, o seu emprego é ainda limitado, tendo se desenvolvido quase exclusivamente nas grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Florianópolis e Brasília, graças aos grupos de pesquisa concentrados nas universidades públicas. Entretanto, em Curitiba, a falta de conhecimento da comunidade técnica e científica local, com relação às propriedades e ao comportamento deste material, têm impedido o seu desenvolvimento na região. Diante deste cenário, é necessário criar condições à mudança de cultura no meio técnico paranaense, mostrando a potencialidade da tecnologia do CAD. Nesse sentido, este trabalho visa contribuir para maior compreensão do comportamento do CAD produzido a partir dos materiais disponíveis na região. Partindo- se da hipótese que o agregado graúdo pode tornar-se o fator limitante da resistência do CAD, foram produzidos concretos com três tipos de agregados disponíveis comercialmente na região de Curitiba - calcário, diabásio e granito. Os concretos foram produzidos com traços similares para as relações a/aglom 0.35, 0.31, 0.28 e 0.26. Foram utilizados 336 corpos-de-prova para a realização dos experimentos, com o objetivo de investigar a influência do agregado graúdo nas propriedades mecânicas destes concretos, mais especificamente na resistência à compressão, na resistência à tração por compressão diametral e no módulo de elasticidade. Uma análise estatística foi realizada com a finalidade de garantir a confiabilidade dos resultados obtidos. No geral, os resultados obtidos apresentaram-se compatíveis e consistentes com os valores encontrados na bibliografia sobre CAD. Foi comprovado estatisticamente o efeito significativo do tipo de agregado graúdo tanto na resistência à compressão como no módulo de elasticidade dos concretos produzidos. Entretanto, este efeito não foi confirmado para a resistência à tração por compressão diametral. Constatou-se também que o uso de equações para o cálculo do Ec a partir da resistência fc não é apropriado para estimativa do módulo de elasticidade no CAD. Por fim, verificou-se a possibilidade de se produzir CAD com os três agregados investigados, para resistências na faixa de 85-90 MPa, sem a necessidade de promover alterações em suas características iniciais. Destacando-se o desempenho do granito, cujos concretos chegaram aos 100 MPa. Palavras-chave: concreto de alto desempenho; CAD; agregados graúdos; resistência à compressão; resistência à tração por compressão diametral; módulo de elasticidade. ii ABSTRACT An experimental study investigated the influence of three coarse aggregate types available in Curitiba on the mechanical properties of high performance concrete mixtures. Granite, diabase and limestone aggregates were used. Concretes were produced using identical materials, similar mix proportions and water-cementitious ratios of 0.35, 0.31, 0.28 e 0.26. Compressive strength, splitting tensile strength and modulus of elasticity were analysed in concrete. A statistical analysis was conducted to guarantee the reliability of test results. In general, the results obtained are in agreement with those found by other researchers. Compressive strength and elastic modulus of concretes were shown to be significantly influenced by the type of coarse aggregates. However, this effect was not confirmed in the splitting tensile strength. In addition, the building code equations relating the elastic modulus Ec to the compressive strength fc are not valid as far as HPC is concerned. Finally, it was found using granite aggregate produced concretes with higher strength (about 100 MPa) than those using diabase and limestone (85-90 MPa). Keywords: high performance concrete; HPC; coarse aggregates; compressive strength; splitting tensile strength; modulus of elasticity. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 IMPORTÂNCIA DA PESQUISA Nas duas últimas décadas, tem-se obtido grandes avanços na tecnologia do concreto, face aos conhecimentos adquiridos pelos estudos da estrutura interna do concreto e ao advento de novos materiais, tais como os superplastificantes e as adições, principalmente a sílica ativa (AÏTCIN e NEVILLE, 1995). Estes avanços permitiram uma grande evolução nas resistências mecânicas do concreto e também em outras propriedades, proporcionando o surgimento dos “concretos de alto desempenho”, ou apenas CAD, os quais permitem a otimização de um ou mais parâmetros de caracterização de interesse do material, diferenciando-se, portanto, dos concretos convencionais, e exigindo maior rigor técnico e científico na sua elaboração e muito mais cuidado no seu preparo. Nos últimos seis anos, vários trabalhos técnicos, pesquisas, congressos e simpósios têm mostrado que o CAD é um material viável técnica e economicamente, para utilização em diversos tipos de estruturas, tanto convencionais como especiais (ALMEIDA, 1996a; INTERNATIONAL CONFERENCE ON HIGH- PERFORMANCE CONCRETE, AND PERFORMANCE AND QUALITYOF CONCRETE STRUCTURES, 2nd, 1999). As principais aplicações do CAD na construção civil têm sido em edifícios de grande altura, plataformas submarinas, pontes, viadutos, pavimentos de rodovias e pisos industriais. Seu uso, principalmente em edifícios altos, proporciona estruturas mais esbeltas, redução significativa nas seções dos pilares com aumento da área útil dos pavimentos, diminuição do peso próprio da estrutura e, conseqüentemente, na carga das fundações, bem como aumento da velocidade de execução e redução na utilização de sistemas de formas (menor superfície de formas e maior rapidez na desforma). Além disto, apresenta elevado potencial ecológico devido à incorporação de vários resíduos industriais, como sílica ativa e/ou outras adições. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 2 Sua utilização nas estruturas não se justifica apenas pela elevação de suas propriedades mecânicas, mas principalmente pelo aumento da durabilidade, face à utilização de baixas relações água/aglomerante, que levam à diminuição da porosidade e, conseqüentemente, da permeabilidade do concreto (MEHTA, 1999), caracterizando- o como o material mais apropriado para garantir uma maior vida útil à estrutura e custos reduzidos de manutenção. Segundo HELENE (1997), no futuro próximo será antieconômico projetar estruturas com concreto de fck ≤ 50 MPa, especialmente em edifícios altos, com mais de 35 andares e em pontes e viadutos de grande vão. Por estas razões o CAD é apropriado para a crescente tendência da verticalização, com estruturas mais altas, esbeltas e arrojadas, de maiores vãos, localizadas em atmosferas densamente urbanas ou industriais carregadas de agentes agressivos. Por todas estas qualidades, o CAD é um material que está sendo muito pesquisado e divulgado atualmente em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, França, Suíça, Noruega, Austrália, Alemanha, Japão, Coréia, China e outros. A nível nacional, o CAD já vem sendo utilizado há alguns anos em algumas cidades brasileiras como São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Niterói e Brasília (ALMEIDA et al., 1995). As pesquisas em desenvolvimento sobre o CAD estão relativamente dispersas pelo país - Goiás, Brasília, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com grupos de pesquisa concentrados principalmente nas universidades públicas (ALMEIDA, 1996a). Porém, este avanço tecnológico ainda não chegou em Curitiba ou em outras regiões do Paraná. Embora o Estado possua a escola de engenharia mais antiga do Brasil e seja reconhecido pelo pioneirismo e arrojo em obras de concreto de grande porte (barragens, túneis, usinas, pontes e viadutos), a tradição paranaense em pesquisas na área de materiais é concentrada em aplicações de estruturas de grande porte de usinas hidrelétricas e é ainda incipiente no estudo de estruturas de edificações de concreto e em CAD e, no momento, são poucas as pesquisas em Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 3 desenvolvimento no Estado sobre o assunto. Isto se deve principalmente à falta de conhecimento da comunidade técnica e científica sobre as inúmeras vantagens que a utilização deste material apresenta, gerando insegurança e desconfiança nos engenheiros de estruturas, arquitetos e construtores da região. Há a necessidade de criar condições à mudança de cultura no meio técnico paranaense, mostrando a potencialidade da tecnologia do CAD. A solução para isto, segundo DAL MOLIN (1995), é o desenvolvimento de pesquisas para produção e análise de CAD com materiais e técnicas nacionais, analisando soluções obtidas em outros países e adaptando-as à realidade brasileira. O Brasil é um país de grande área territorial, com uma enorme variedade de materiais e, contudo, são poucos os trabalhos que abordam as propriedades dos concretos levando em conta as características dos materiais locais. Diante deste cenário, espera-se que os resultados deste trabalho venham a contribuir para maior compreensão do comportamento do CAD produzido a partir dos materiais disponíveis na região. Inicialmente, para se obter concreto de alto desempenho, é necessário verificar o panorama dos agregados disponíveis, uma vez que a resistência à compressão do concreto não é mais, necessariamente, governada pela resistência da pasta matriz, como ocorre com os concretos convencionais. No CAD o que define a resistência à compressão do material é o agregado ou sua interface com a pasta. Desta maneira, o agregado graúdo deixa de ser considerado apenas um material inerte e se torna o fator limitante da resistência do CAD, que passa a ser controlada pelas suas características físicas, mecânicas e mineralógicas. Como, por motivos de economia, os agregados graúdos empregados no concreto usualmente são os disponíveis nas jazidas próximas à obra, é fundamental que se conheça o desempenho dos agregados produzidos na região. Segundo AMARAL FILHO (1997), a limitação da resistência máxima passível de ser obtida dentro de um concreto de alto desempenho é função quase exclusiva do agregado graúdo. O mesmo vale para o módulo de elasticidade destes concretos que Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 4 dependem também do módulo de elasticidade do agregado. O autor estima que, em São Paulo, a máxima resistência alcançada em laboratório com os agregados locais (granitos) estaria próxima de 120 MPa, e em outras regiões do país, estes valores poderiam chegar a 140 MPa e 150 MPa com o emprego de diabásio e basalto. É importante lembrar que a seleção de materiais para a produção de CAD não é simples, uma vez que os cimentos e agregados disponíveis apresentam grandes variações nas suas composições e propriedades e ainda não existe, segundo MEHTA e AÏTCIN (1990b), uma sistemática clara que facilite a escolha do tipo de cimento e agregado mais apropriado para o CAD. Desta forma, o que se espera com este trabalho é avaliar algumas propriedades mecânicas do CAD produzido com diferentes agregados graúdos da região de Curitiba, entre os mais utilizados comercialmente, e encontrar parâmetros e diretrizes para seleção do agregado graúdo local mais apropriado para CAD. 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.2.1 Objetivo Geral Esta pesquisa tem por objetivo geral produzir concretos de alto desempenho com diferentes tipos de agregados graúdos disponíveis na Região Metropolitana de Curitiba, de maneira que eles possam ser avaliados e comparados, do ponto de vista técnico e econômico. 1.2.2 Objetivos Específicos Dentre os objetivos específicos a serem alcançados na pesquisa, pretende-se: - avaliar a potencialidade de cada agregado graúdo escolhido na produção de concreto de alto desempenho; Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 5 - investigar a influência do tipo de agregado escolhido nas propriedades mecânicas do CAD, mais especificamente na resistência à compressão, resistência à tração por compressão diametral e módulo de elasticidade. - estabelecer correlações entre a resistência à compressão e as demais propriedades analisadas. - fornecer, à comunidade técnica regional, dados que contribuam para maior compreensão do comportamento do CAD produzido com os materiais da região. Parte-se da hipótese de que é possível produzir CAD com resistências acima de 50 MPa, utilizando os agregados graúdos de Curitiba, na formaem que se encontram disponíveis no mercado, sem a necessidade de ajustar suas composições granulométricas. 1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA Este trabalho está dividido em 6 capítulos. No Capítulo 1 é feita uma introdução à pesquisa, destacando-se sua justificativa e importância, seus objetivos, estrutura e limitações. No Capítulo 2 é apresentada a revisão bibliográfica sobre concreto de alto desempenho, iniciando-se com o histórico, definições, aplicações e viabilidade técnica e econômica do CAD. Seguindo com a seleção dos materiais constituintes e apresentação das principais propriedades do concreto endurecido a serem estudadas. Finalizando com a produção e controle de qualidade e métodos de dosagem para CAD. No Capítulo 3 é feita a revisão bibliográfica sobre a influência dos agregados graúdos nas propriedades mecânicas do CAD, com ênfase na resistência mecânica e no módulo de elasticidade. São destacadas as influências do tipo de agregado, da dimensão máxima, da forma e textura superficial, e da reatividade (interação química) dos agregados. No Capítulo 4 é apresentada a parte experimental da pesquisa, com a descrição do planejamento e da metodologia empregada para a execução dos ensaios, Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 6 iniciando com a seleção e caracterização dos materiais empregados, o método de dosagem utilizado e os ensaios mecânicos propriamente ditos – resistência à compressão, resistência à tração por compressão diametral e módulo de elasticidade. No Capítulo 5 são analisados e comentados os resultados dos ensaios apresentados anteriormente, utilizando ferramentas de análise estatística para verificar a confiabilidade dos resultados. No Capítulo 6 apresentam-se as considerações finais e conclusões baseadas neste trabalho, assim como sugestões para futuras pesquisas. 1.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA Esta pesquisa está concentrada no estudo experimental de concretos de alto desempenho confeccionados com três agregados graúdos provenientes da região de Curitiba (calcário, diabásio e granito). Houve a necessidade de limitar-se o número de tipos de agregados a apenas três, devido a questões de transporte, estocagem e disponibilidade das instalações do laboratório para a realização da pesquisa. A pesquisa limita-se ainda ao estudo de algumas propriedades mecânicas do CAD, com maior ênfase na resistência à compressão, sendo os aspectos de durabilidade destes concretos sugeridos como assunto para novas pesquisas. Cabe lembrar que, no que se refere à durabilidade do CAD, MEHTA (1999) explica que o fato de se utilizar baixas relações água/cimento na sua fabricação já garantem que aspectos de durabilidade, tais como menor porosidade e baixa permeabilidade, estejam sendo considerados. A escolha dos ensaios foi determinada pela sua relevância e importância, e pela limitação da pesquisa em função da disponibilidade de tempo e do uso do laboratório, além da escassez de recursos materiais, humanos e financeiros destinados à pesquisa. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 7 Com relação aos ensaios, estes foram realizados nas idades de 3, 7 e 28 dias para a resistência à compressão, enquanto para resistência à tração por compressão diametral e módulo de elasticidade apenas aos 28 dias de idade. Pode-se destacar ainda, como fatores limitantes desta pesquisa, a utilização constante de sílica ativa em substituição a 8% da massa do cimento, e a utilização de um único tipo de aditivo superplastificante em todos os concretos produzidos. Estas especificações ocorreram em função da necessidade de fixar-se parâmetros, de modo que os resultados obtidos pelos concretos produzidos com os diversos tipos de agregados possam ser comparados entre si. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 8 2. CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 2.1 HISTÓRICO Com os avanços na tecnologia do concreto nas últimas décadas, o conceito de concreto de alta resistência foi se alterando. Lentamente, o concreto de alta resistência foi introduzido no mercado dos edifícios de grande altura em Chicago nos anos 60 e no início dos anos 70, e a partir daí passou a ser utilizado em várias partes do mundo e veio, cada vez mais, a ser chamado de concreto de alto desempenho. Na década de 50, os concretos com 35 MPa eram considerados de alta resistência. Na década de 60, concretos de 40 a 50 MPa já estavam disponíveis comercialmente. No início dos anos 70, os concretos de alta resistência atingiam a barreira técnica dos 60 MPa. Durante os anos 80, com o advento dos superplastificantes e da utilização metódica da sílica ativa esta barreira foi ultrapassada, chegando a concretos de alto desempenho com resistência mecânica à compressão da ordem de 100 MPa. Hoje em dia, resistências da ordem de 140 MPa estão sendo utilizadas na construção de edifícios altos em algumas partes do mundo (CEB/FIP, 1990; ACI 363R-92, 2001; AÏTCIN, 2000). Nos últimos 20 anos, estudos intensivos sobre CAD têm sido realizados em diversos países, com o intuito de fornecer aos engenheiros as informações necessárias sobre suas propriedades, bem como dar subsídios para adaptação das normas de concreto às características diferenciadas deste novo material. O CAD tornou-se uma linha prioritária de pesquisa na área de materiais e, atualmente, a bibliografia sobre o tema é bastante ampla (DAL MOLIN, 1995). Vários congressos, simpósios, seminários e workshops têm sido promovidos em vários países para divulgação e discussão de trabalhos de diversos pesquisadores sobre CAD. No Brasil foram realizados dois grandes congressos sobre CAD em 1996 e 1999 (INTERNATIONAL CONGRESS ON HIGH-PERFORMANCE CONCRETE, Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 9 AND PERFORMANCE AND QUALITY OF CONCRETE STRUCTURES, 1st, 1996; INTERNATIONAL CONFERENCE ON HIGH-PERFORMANCE CONCRETE, AND PERFORMANCE AND QUALITY OF CONCRETE STRUCTURES, 2nd, 1999) contando com a participação ativa de pesquisadores e profissionais de diversos países. O próximo congresso será realizado em outubro deste ano (INTERNATIONAL CONFERENCE ON HIGH-PERFORMANCE CONCRETE, AND PERFORMANCE AND QUALITY OF CONCRETE STRUCTURES, 3rd , 2002). Com relação aos estudos sobre CAD no Brasil, um número crescente de pesquisas têm sido desenvolvidas nos últimos anos. No levantamento realizado por ALMEIDA (1996a), em diversos estados sobre trabalhos envolvendo CAD, foram encontrados, já naquele ano, mais de 80 trabalhos abordando diversos aspectos do material. Nos dois congressos citados anteriormente, em 1996 e 1999, foram apresentados outros 48 trabalhos nacionais sobre CAD. 2.2 DEFINIÇÕES Ainda não existe um consenso claro no meio científico sobre o significado das expressões concreto de alta resistência (CAR) e concreto de alto desempenho (CAD), que teria uma abrangência mais ampla podendo ser aplicada a várias propriedades de interesse. Embora a segunda expressão venha sendo cada vez mais usada, sua aceitação ainda não é generalizada; por exemplo, o nome da Comissão 363, do ACI, é ainda Comissão do Concreto de Alta Resistência e não Comissão do Concreto de Alto Desempenho. Entretanto, ambas expressões vêm sendo utilizadas comumente por muitos pesquisadores para designar o mesmo material. Encontra-se na literatura algumas definições para estas expressões, baseadas em dois critérios significativos: resistência à compressãoe relação água/aglomerante. O CAR tem sido classificado em diferentes categorias ao longo do tempo, basicamente em função de sua resistência à compressão, referida aos 28 dias de idade. O ACI 363R-92 (2001) define CAR como sendo concreto com resistência à Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 10 compressão, medida em corpos-de-prova cilíndricos, maior que 41 MPa. No entanto, o comitê reconhece que a definição pode variar de acordo com a região. O Comitê do CEB/FIP (1990) estabelece o CAR como sendo todo concreto com uma resistência à compressão, medida em cilindros, acima dos limites atualmente existentes nos códigos nacionais, da ordem de 60 MPa a 130MPa, o limite superior praticável para concretos utilizando agregados convencionais. MEHTA e MONTEIRO (1994) consideram que, para dosagens feitas com agregados convencionais, os concretos de alta resistência são aqueles que apresentam resistência à compressão superior a 40 MPa. De acordo com P. Shah1 (SHAH, 1981 apud MEHTA e MONTEIRO, 1994) dois argumentos justificam esta limitação: a) a maioria dos concretos convencionais está na faixa de 20 MPa a 40 MPa. Para produzir concretos acima de 40 MPa, é necessário um controle de qualidade mais rigoroso e maior cuidado na seleção e na dosagem dos materiais constituintes do concreto. Assim, para distinguir este concreto especialmente formulado para uma resistência maior que 40 MPa, deve-se chamá-lo de concreto de alta resistência. b) estudos experimentais comprovaram que a microestrutura e as propriedades do concreto com resistência acima de 40 MPa são consideravelmente diferentes das dos concretos convencionais. Como a prática atual de dimensionamento de estruturas ainda está fundamentada em experimentos realizados com concretos convencionais, é preferível manter os concretos com resistências acima de 40 MPa em uma classe diferenciada, de maneira a alertar o projetista da necessidade de ajustes nas equações existentes. Seguindo a mesma linha de raciocínio, a NBR 8953 (1992) classifica os concretos em dois grupos de resistência, segundo a resistência característica à compressão (fck): no grupo I, estão os concretos entre 10 e 50 MPa, e no grupo II, os 1 SHAH, S. P. Concrete International, v. 3, n. 5, p. 94-98, 1981. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 11 concretos de 55 a 80 MPa. De acordo com a norma, os concretos pertencentes ao grupo II (fck > 50 MPa) são concretos com características e resistências além do convencional, para os quais as atuais normas brasileiras não são apropriadas. Neste sentido, devido as suas características diferenciadas, parece razoável considerar estes concretos como de alta resistência. Uma outra maneira de classificar os concretos, sem envolver diretamente a resistência à compressão como parâmetro principal, é proposta por alguns pesquisadores. Para AÏTCIN (2000) um concreto de alto desempenho é essencialmente um concreto tendo uma relação água/aglomerante baixa, estabelecida em 0,40. Este seria o parâmetro mais apropriado para estabelecer-se a fronteira entre concretos usuais e concretos de alto desempenho. Da mesma maneira, NEVILLE (1997a) afirma que para um concreto ser considerado CAD a relação água/cimento deve ser sempre menor que 0,35. Além disto, segundo NEVILLE (1997a), CAD significa uma definição mais atual para concretos de alta resistência, porque se almeja, por intermédio desta propriedade, melhores resultados em outras como o módulo de deformação e/ou a durabilidade. Entende-se que no caso do concreto de alta resistência, contendo superplastificante e sílica ativa, o aumento da resistência está associado a uma microestrutura mais densa e com menos vazios. Desta maneira, as aplicações desse concreto estão ligadas não só à resistência à compressão do material, mas também a outras propriedades vantajosas como baixa permeabilidade, alta estabilidade dimensional, alta resistência à abrasão, alta resistência ao ataque de agentes agressivos, ou seja, maior durabilidade. Por essas razões, vários pesquisadores denominam esse concreto de concreto de alto desempenho. Com base nestes argumentos, no presente trabalho, será adotada a expressão concreto de alto desempenho, ou simplesmente, CAD. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 12 2.3 APLICAÇÕES As maiores aplicações do concreto de alto desempenho têm sido na construção de edifícios altos, especificamente para redução das dimensões dos pilares, aumentando assim, a área útil da edificação e da velocidade de execução da obra, além de permitir uma redução na carga permanente da estrutura e nas fundações e aumento da durabilidade do concreto (DAL MOLIN et al., 1997). A Figura 2.1 mostra a altura e resistências crescentes de alguns edifícios altos realizados nos Estados Unidos. FIGURA 2.1 – EDIFÍCIOS ALTOS EM CAD NOS ESTADOS UNIDOS (AÏTCIN, 2000) No Brasil, o uso do CAD é ainda restrito, todavia, exemplos de obras realizadas no país têm sido publicados e relatados no meio técnicos, mostrando o interesse no desenvolvimento e aplicação deste material (ALMEIDA, 1995 e ALMEIDA, 1996a; SILVA, 1996; SILVA FILHO, 1996, e outros). Altura (m) ( ) resistência à compressão do concreto Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 13 No presente momento, 2002, cabe destacar três importantes obras que estão sendo realizadas com uso de CAD no país. Estas obras representam marcos históricos para a engenharia regional e nacional. Em Curitiba, está em andamento a construção do edifício “Evolution Towers”, localizado no centro da cidade, com utilização, em diversos pilares e no terço superior dos blocos de fundação, de aproximadamente 1060 m³ de concreto com resistência característica de 60 MPa. Este é o primeiro edifício executado com fck > 50 MPa que se têm notícia no Estado do Paraná. Em São Paulo, o edifício comercial “E-Tower” com 149 metros de altura, localizado na zona sul, está sendo executado em sua maior parte com concreto de fck 80 MPa. Em alguns pilares, a resistência do concreto atingiu valores com média de 125 MPa e máximo de 149,9 MPa, recorde mundial de resistência de concreto em obra (IBRACON, 2002), determinando um marco histórico para a engenharia de concreto brasileira, conforme as palavras do engenheiro Paulo Helene: “Na verdade, estamos batendo um recorde e empurrando a fronteira do conhecimento” (TÉCHNE, 2002). Ainda em São Paulo, a rodovia dos Imigrantes, obra de grande porte onde a utilização de CAD possibilitou a redução na quantidade de pilares e blocos de fundação, permitindo o aumento do vão entre pilares de 45 m para 90 m, reduzindo o impacto ambiental de sua construção em uma região de preservação do meio ambiente. MEHTA e MONTEIRO (1994) comentam que concretos de alto desempenho contendo superplastificante e baixa relação água/cimento, teor adequado de cimento e uma pozolana de boa qualidade têm um grande potencial de uso, em situações onde a impermeabilidade e a durabilidade e não apenas as altas resistências são os fatores de maior consideração. Neste panorama, o CAD tem sido empregado também em estruturas pré- moldadas protendidas para pontes, tais como vigas protendidas, onde tem havido crescente preocupação com a durabilidade do concreto. Nestes casos, o uso de CAD resulta em: maior resistênciaà compressão por unidade de custo, peso e volume; maior Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 14 módulo de deformação resultando em deflexões reduzidas; e maior resistência à tração (CARPENTER2, 1980 apud CARRASQUILLO e CARRASQUILLO, 1988). Outros benefícios são a rápida reutilização de fôrmas, uma maior produtividade e menor perda de produtos durante o manuseio e o transporte (MEHTA e MONTEIRO, 1994). Outro campo de atuação bastante interessante do CAD com sílica ativa são as plataformas marítimas, como por exemplo, a plataforma Statjord B, construída no Mar do Norte, onde o concreto foi projetado para resistir a ação corrosiva da água do mar e para suportar o impacto de ondas de 31 metros de altura. Nestas obras, os fatores relevantes são a velocidade de construção e a durabilidade do concreto em ambiente hostil e não apenas a alta resistência mecânica (MEHTA e MONTEIRO, 1994). Atualmente, o CAD tem sido especificado para aplicações em pisos de alta resistência em pavimentos industriais, garagens e tabuleiros de pontes, em armazéns de produtos químicos e em vertedores e estruturas de dissipação de barragens. Nestas aplicações, o CAD é utilizado com a finalidade de fornecer um concreto com alta resistência à abrasão, melhor resistência aos ataques químicos, baixa permeabilidade e maior durabilidade (MALIER, 1991; ACI 363R-92, 2001). 2.4 VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA No CAD, os altos consumos de cimento, a incorporação de aditivos e adições e a necessidade de utilização de agregados de excelente qualidade tornam o custo por metro cúbico deste concreto relativamente mais caro que o do concreto convencional. Entretanto, quando se busca alta resistência, a utilização do CAD leva a uma redução significativa nas dimensões dos elementos estruturais diminuindo o volume total de concreto aplicado na estrutura, que aliada a outras vantagens de ordem técnica e econômica, podem compensar as diferenças de custos unitários, viabilizando o seu uso na construção civil. 2 CARPENTER, J. E. Applications of high-strength concrete for highway bridges. Public Roads, v. 44, n.2, Sept. 1980, p. 76-83. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 15 As principais vantagens técnicas do CAD em relação ao concreto convencional são as seguintes: - redução significativa nas dimensões de pilares de edifícios altos, aumentando a área útil dos diversos pavimentos e, principalmente, nos andares mais sobrecarregados e nos destinados para vagas de estacionamento; - redução do peso próprio da estrutura e, conseqüentemente, na carga das fundações; - possível redução nas taxas de armadura dos pilares; - maior rapidez na desforma, aumentando a velocidade de execução da obra; - menor segregação propiciando melhor acabamento especialmente em peças pré-moldadas; - aumento da durabilidade das estruturas, devido a sua baixa porosidade e permeabilidade e maior resistência aos agentes agressivos do ambiente. - possível redução de custos devida, principalmente, à diminuição das dimensões dos elementos estruturais, tais como pilares e fundações, acarretando redução no consumo total de concreto, aço e fôrma empregados, e pelo aumento da velocidade de execução, diminuindo os juros durante a construção. Além da viabilidade técnica, vários trabalhos têm mostrado a vantajosa relação custo/benefício do emprego de CAD em estruturas comumente executadas com concreto convencional (CCV). Algumas conclusões destes trabalhos são apresentadas a seguir. Em um estudo de viabilidade econômica, referente à execução da estrutura de um edifício de 15 andares, utilizando concretos de fck 21 MPa e 60 MPa, DAL MOLIN et al. (1997) relatam que a estrutura utilizando concretos de 60 MPa apresentou uma economia de 12% em relação à mesma estrutura executada com concreto convencional, sem considerar as vantagens relativas ao menor peso nas fundações, a maior área útil, a maior durabilidade e velocidade de execução. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 16 Em um estudo de caso real, referente à construção de dois edifícios de características similares, porém um executado integralmente com fck 20 MPa e o outro com fck variável de 25-30-40-50 MPa, foi constatada uma redução de custo real de 17,38% com a utilização de concretos de alto desempenho (CAMPOS, 1999). Em outro estudo, referente à concepção estrutural de um edifico de 16 andares, a opção de utilizar um concreto com fck 50 MPa no lugar de 20 MPa permitiu uma redução no pavimento tipo de 55 vigas e 28 pilares para 23 vigas e 20 pilares, com conseqüente redução de 18% no custo da estrutura (MENDONÇA, 1998). Como pode ser notado, o CAD é um material que se apresenta viável técnica e economicamente, desde que seja utilizado de maneira racional, sempre partindo de uma análise de custos prévia. O aumento no custo unitário do CAD deve ser avaliado e comparado com a economia resultante da redução dos consumos globais de concreto, formas e armaduras (MORENO, 1998). 2.5 MATERIAIS CONSTITUINTES Os critérios utilizados na seleção dos materiais para produção dos concretos convencionais não são suficientes para serem aplicados na produção de concretos de alto desempenho, segundo GUTIÉRREZ e CÁNOVAS (1996). A seleção de materiais para a produção de CAD é mais complicada e deve ser feita cuidadosamente, uma vez que os cimentos e agregados disponíveis apresentam grandes variações nas suas composições e propriedades, conforme afirmam MEHTA e AÏTCIN (1990b). Outro agravante é a diversidade de aditivos químicos e adições minerais existentes que podem ser utilizados simultaneamente, dificultando ainda mais a escolha dos materiais mais adequados. Para AÏTCIN (2000), a seleção dos materiais e a otimização dos constituintes de um concreto de alta resistência, trata-se mais de uma arte do que uma ciência. E a melhor forma de garantir a seleção da maioria dos materiais adequados para o CAD, é através da realização de estudos preliminares em laboratório. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 17 2.5.1 Cimento A escolha do cimento mais adequado para produção de CAD é extremamente importante, uma vez que este material influencia tanto a resistência da pasta quanto à aderência pasta-agregado. A princípio, qualquer tipo de cimento pode ser utilizado para a obtenção de CAD (MEHTA e AÏTCIN, 1990; ALMEIDA, 1996b). Entretanto, o ACI 363R-92 (2001) coloca que o melhor cimento é aquele que apresenta menor variabilidade em termos de resistência à compressão. Já GUTIÉRREZ e CÁNOVAS (1996) afirmam que a utilização de cimentos de alta resistência é necessária para produção de CAD. Nos casos em que alta resistência inicial seja o objetivo, deve-se dar preferência ao uso de cimento Portland de alta resistência inicial (ACI 363R-92, 2001; AGNESINI e SILVA, 1996). Contudo, para a seleção final do cimento mais adequado, além de suas propriedades mecânicas, outras três características devem ser levadas em consideração: sua finura, sua composição química e sua compatibilidade com os aditivos. Em termos de finura, quanto maior for a superfície específica, em contato com a água, mais rapidamente ocorrerá a hidratação do cimento, aumentando-se sua resistência à compressão, principalmente nas primeiras idades. Por outro lado, quanto mais fino o cimento,maior a dosagem de superplastificante necessária para alcançar uma mesma trabalhabilidade, uma vez que a eficiência do aditivo é influenciada diretamente pela finura do cimento (AÏTCIN et al, 1994; AÏTCIN, 2000). Em relação à composição química, MEHTA e AÏTCIN (1990) recomendam, preferencialmente, o cimento Portland comum e aqueles com maior teor de C3S e C2S, compostos que contribuem para a resistência do concreto. Outros pesquisadores apontam a importância do tipo de cimento na demanda de água, no tempo de pega e na trabalhabilidade da mistura, considerando como principais fatores o teor de C3A e a distribuição granulométrica do cimento (AÏTCIN e NEVILLE, 1993; AÏTCIN, 1995; GJORV, 1994; GUTIÉRREZ e CÁNOVAS, 1996). Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 18 Por esta razão, nos concretos de alto desempenho, o problema de compatibilidade cimento-aditivo é muito mais crítico do que no concreto convencional. AÏTCIN et al (1994) e MEHTA (1996) relatam que alguns cimentos podem ser até rejeitados, em virtude de incompatibilidade cimento-aditivo, não porque seja impossível atingir a resistência desejada, mas porque é impossível manter a trabalhabilidade por um período suficiente para o lançamento adequado do concreto. A causa principal é a elevada quantidade de C3A, C3S e álcalis que levam a uma redução da fluidez e rápida perda de trabalhabilidade. Por fim, o consumo de cimento por metro cúbico de concreto é um fator determinante, tanto do ponto de vista técnico quanto econômico, quando se trata de viabilizar o emprego do CAD em estruturas onde comumente se aplica o concreto convencional. As dosagens de cimento usualmente empregadas na fabricação de CAD variam entre 400 e 550 kg/m³ (NEVILLE, 1997a; MEHTA e AÏTCIN, 1990b), enquanto no concreto convencional estão na faixa de 300 kg/m³. O ACI 363R-92 (2001) ressalta que o excesso de cimento pode não aumentar a resistência do concreto e, conforme menciona NEVILLE (1997), teores acima de 530 kg/m³ podem levar a uma queda de resistência mecânica, em virtude da perda de aderência entre a pasta e o agregado, resultante da fissuração por tensões de retração. A solução para este problema pode ser conseguida com a substituição parcial do cimento por materiais cimentícios suplementares, como a sílica ativa e pelo aumento da eficiência do cimento no concreto, obtida com o auxílio dos aditivos superplastificantes (ACI 363R-92, 2001). 2.5.2 Agregados No Brasil, ainda não existe norma especifica para qualificação dos agregados para emprego em CAD, portanto, devem ser atendidas as exigências mínimas prescritas nas normais atuais para concretos convencionais (NBR 7211, 1983; NBR 12654, 1992). Além destas exigências, outros aspectos devem ser considerados, conforme segue. Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 19 2.5.2.1 Agregados graúdos A seleção do agregado graúdo adequado é condição fundamental para a produção de concretos de alto desempenho. Por esta razão, além de atender as exigências mínimas prescritas nas normas para concreto convencional, é importante que algumas características do agregado graúdo sejam analisadas com maior atenção, pois podem afetar sensivelmente as propriedades do concreto tanto no estado fresco como no estado endurecido. As principais características a serem analisadas são: mineralogia, composição granulométrica, dimensão máxima, forma e textura superficial, resistência mecânica, módulo de elasticidade e reatividade química. A influência destas características do agregado graúdo no CAD será discutida, com mais detalhe, no Capítulo 3. De modo geral, ALMEIDA (1996b) e o ACI 363R-92 (2001) recomendam que os agregados apresentem as seguintes características: - boa resistência à compressão; - módulo de elasticidade maior ou igual ao da pasta de cimento; - 100% britado e com mínimo de partículas alongadas e achatadas; - granulometria que minimize o consumo de água e/ou a concentração de tensões; - forma e textura superficial que favoreçam a aderência com a pasta; - propriedades químicas adequadas para evitar deterioração devido à composição do cimento ou ataque de agentes externos; - devem ser limpos e isentos de substâncias deletérias. Para uma avaliação mais apurada da potencialidade de um agregado graúdo para uso em CAD, MEHTA e AÏTCIN (1990) propõem um critério de seleção baseado na análise das curvas de histerese durante o ensaio de módulo de elasticidade do concreto (Figura 2.2). De acordo com os autores, os corpos-de-prova que apresentam curvas de histerese estreitas, tendendo a fechar-se completamente (sem deformação plástica dentro do regime elástico), indicam agregados de grande resistência e zona de transição agregado-pasta mais forte. No caso onde as curvas de histerese apresentam- Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 20 se largas e não se fecham completamente (apresentando deformação plástica irreversível no descarregamento) são indicações de fraqueza inerente nas partículas do agregado e/ou uma zona de transição fraca. FIGURA 2.2 – CURVAS DE HISTERESE PARA CONCRETOS PRODUZIDOS COM DIFERENTES AGREGADOS (MEHTA E AÏTCIN, 1990). Alguns autores utilizaram a lavagem dos agregados graúdos, como forma de minimizar a quantidade de pó e substâncias deletérias presentes na superfície dos agregados e fortalecer a aderência na ligação agregado-pasta. A adoção deste procedimento, segundo os mesmos, conduz a ganhos de até 8% na resistência à compressão do CAD (ALMEIDA, 1994; FONSECA SILVA et al., 1998). Por último, AÏTCIN (2000) recomenda que a seleção do agregado graúdo seja feita após um exame cuidadoso da mineralogia e da petrografia, para assegurar que as partículas são resistentes o suficiente para evitar ruptura precoce no CAD. 2.5.2.2 Agregados miúdos A escolha do agregado miúdo é determinada tanto pelo seu efeito na demanda de água como pelo seu empacotamento físico. Deste modo, quanto à forma, Dissertação de Mestrado Sandro Eduardo da Silveira Mendes PPGCC/UFPR 2002 21 são preferíveis as partículas arredondadas e lisas, pois exigem menos água de amassamento (ACI 363R-92, 2001). Em relação à procedência dos agregados miúdos, tanto as areias naturais de rios, quanto as artificiais, obtidas por britamento de rocha, podem ser utilizadas. Contudo, GUTIÉRREZ e CÁNOVAS (1996) recomendam o uso de areia natural de rio para evitar uma demanda excessiva de água. No CAD com adição de sílica ativa, devido ao teor elevado de finos, é aconselhável a redução do consumo de areia e/ou a utilização de areia com módulo de finura maior (ALMEIDA, 1990; DAL MOLIN, 1995). A areia adequada para utilização em CAD deve apresentar um módulo de finura entre 2,7 e 3,2 (MEHTA e AÏTCIN, 1990; ALMEIDA, 1994; GJORV, 1994; AÏTCIN, 2000; ACI 363R-92, 2001; e outros). O uso de uma areia mais grossa, conseqüentemente de menor superfície específica, necessita de menos água de amassamento, proporcionando a obtenção de uma dada trabalhabilidade com uma relação água/aglomerante menor, o que é vantajoso em termos de resistência e economia (NEVILLE, 1997a; AÏTCIN, 2000). Com relação à resistência à compressão do agregado miúdo, AÏTCIN (2000) adverte que a areia natural deve conter uma quantidade mínima de partículas maiores que 4,8 mm porque, em alguns casos, estas partículas não são muito fortes e podem se tornar o elo mais fraco no concreto.
Compartilhar