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avaliacao da qualidade microbiologica de carne moida comercializada em acougues no municipio de porteirinha

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA CARNE MOÍDA 
COMERCIALIZADA EM AÇOUGUES NO MUNICÍPIO DE PORTEIRINHA–MG 
 
Priscilla Maria Carvalho Oliveira, Suely Rodrigues Pereira, Núbia Da Silva Ferreira Fernandes, Júlia Tereza Santos 
de Paula Durães 
 
Introdução 
 
 Em meio aos produtos cárneos, em virtude da praticidade e por apresentar preços relativamente acessíveis, a carne 
moída é um dos alimentos que mais é consumido e, portanto, mais aceito pelo consumidor. Para efeito de 
comercialização e descrição do produto a carne moída é definida, segundo a Instrução Normativa Nº 83, de 21 de 
novembro de 2003, como o produto cárneo obtido a partir da moagem de massas musculares de carcaças bovinas, 
seguido de resfriamento ou congelamento [1]. 
 A carne bovina é um produto que exige atenção especial na sua produção e distribuição, principalmente no aspecto 
das condições higiênico-sanitárias, em virtude das alterações fisiológicas, bioquímicas e microbiológicas que está 
sujeita. A carne moída, por ser geralmente oriunda de retalhos de outras carnes, processados em máquinas de moagem, 
com manipulação intensa, requer maior preocupação com sua qualidade microbiológica [2]. 
 Os micro-organismos encontrados na carne provêm do próprio animal ou podem contaminá-la durante os processos 
de abate e processamento tecnológico. Sendo a higiene do animal antes do abate, as condições higiênicas nos 
abatedouros, tempo de exposição à temperatura ambiente, condições de estocagem e distribuição nos locais de 
comercialização, fatores importantes e determinantes a sua qualidade microbiológica [3]. 
 Já a contaminação da carne moída pode ocorrer devido a técnicas de abate deficientes; controle ineficiente do 
binômio tempo e temperatura; higienização incorreta de equipamentos; e, falhas no processo de manipulação [3]. 
 A legislação brasileira tem como limite de tolerância em carnes resfriadas, ou congeladas, in natura, de bovinos, 
suínos e outros mamíferos (carcaças inteiras ou fracionadas, quartos ou cortes); carnes moídas; miúdos de bovinos, 
suínos e outros mamíferos, ausência de Salmonella sp., em 25 g do produto [4]. 
 Nesse contexto a presente pesquisa tem por objetivo realizar a avaliação da qualidade microbiológica da carne moída 
comercializada em açougues na cidade de Porteirinha - MG. 
 
Material e Métodos 
 
 Foram adquiridas três amostras compostas por 250,0 g de carne bovina moída proveniente de cinco açougues da 
cidade de Porteirinha - MG . Como critério de inclusão, os açougues deveriam comercializar a carne previamente 
trituradas e acondicionada em embalagem sob refrigeração. Todas as amostras foram adquiridas na condição de 
aquisição do consumidor, envolvidas em embalagens de polietileno e destinadas ao laboratório de Microbiologia de 
Alimentos das Faculdades Integradas do Norte de Minas Gerais - FUNORTE, em contentores isotérmicos para serem 
processadas imediatamente. 
 As análises microbiológicas realizadas foram a quantificação de coliformes totais e coliformes termotolerantes 
utilizando a Técnica do Número mais Provável e Pesquisa de Salmonella sp., segundo metodologia preconizada por 
Silva et al [5]. 
 A pesquisa de coliformes foi realizada através da técnica dos tubos múltiplos, com série de três tubos de cada 
diluição seriada. Utilizou-se, para o teste presuntivo, o Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST), incubado a 35ºC (24 a 48 
horas). Após a leitura, os tubos positivos que apresentaram turvação e formação de gás foram transferidos com alça de 
platina para o Caldo Verde Brilhante Bile 2% (VB) e caldo Escherichia coli (EC), incubados, respectivamente, a 35ºC 
(24 a 48 horas) e a 45ºC (24 a 48 horas). Os resultados foram expressos em Número Mais Provável de coliformes por 
grama (NMP/g) com interpretação pela combinação dos números encontrados na tabela de Hoskins. 
Para realizar a análise de Presença de Salmonella sp. foram utilizandos 25g da carne moída, que foram 
homogeneizados em 225mL de água peptonada tamponada. As amostras foram incubadas a 35-37°C por 18 horas, 
sendo essa a fase de pré-enriquecimento. Após o período de incubação alíquotas de 0,1mL foram transferidas para tubos 
com 10 mL de Caldo Rappaport (CR) e 1 mL para tubos com Caldo Tetrationato (CT), incubados a 35-37°C por 24 
horas, sendo essa a etapa do enriquecimento seletivo. Do enriquecimento seletivo foram realizadas estrias por 
esgotamento em meios sólidos Ágar Entérico de Hecktoen (HE) e Ágar Xilose Lisina Desoxicolato (XLD) e incubadas 
 
 
 
a 35-37°C por 24 horas. As colônias suspeitas foram submetidas a testes bioquímicos e o resultado expresso em 
presença ou ausência de Salmonella spp em 25 g de produto. 
 
Resultados e Discussão 
 
 Os resultados das análises microbiológicas apontam que 100% das amostras foram positivas para coliformes totais e 
coliformes termotolerantes com resultados superiores a 1,1 X 10
3
 (Tabela 1). 
 A legislação brasileira não estabelece limite de tolerância microbiológica para coliformes em grama de carne moída. 
Porém, tem sido observado que contagem acima de 10
3
 NMP/g em carne moída fresca compromete o produto em 
relação à qualidade higiênico-sanitária [6]. 
 Pigatto e Barros [7] avaliaram a qualidade da carne moída bovina resfriada e comercializada em açougues da região 
de Curitiba, PR, e encontraram em um total de 60 amostras, 86,6% de contagens elevadas para coliformes totais e 
termotolerantes. 
 Com relação à pesquisa de Salmonella sp., duas das cinco amostras analisadas estavam em desacordo com a 
legislação vigente RDC nº12, de 2 de janeiro de 2001, que especifica a ausência em 25 g do produto (Tabela 1). Devido 
ao potencial patogênico da Salmonella sp. não existe limites de tolerância para tal micro-organismo. 
 De acordo com Franco e Landgraf [8], as salmonelas chegam ao alimento por diversas fontes, fezes humanas e 
animais, águas poluídas, manipuladores portadores assintomáticos, e a partir daí são transferidas do alimento cru, para 
os alimentos cozidos, mãos, utensílios e superfícies. Em relação ao manipulador portador, este se caracteriza por 
excretar micro-organismos por tempo indeterminado, com pouca ou nenhuma evidência da doença, a possibilidade da 
contaminação dos alimentos por manipuladores infectados não deve ser ignorada, apesar de alguns autores atribuírem 
2% da causa de surtos por contaminação de portadores assintomáticos, outros autores atribuem 15,5 à 63%. 
 Alves et al. [9] realizaram a análise microbiológica de carne moída comercializada em Terezina no Piauí e 
verificaram que das seis amostras analisadas apenas uma apresentou presença de Salmonella spp. 
 Pigarro e Santos [7] encontraram uma amostra (12,5%) contaminada com a Salmonella spp. em trabalho realizado em 
duas redes de supermercados em Londrina/PR onde foram coletados um total de oito amostras. 
 Dias et al. [6], revelaram que dentre as 24 amostras de carne moída analisadas, apenas uma apresentou presença de 
Salmonella spp. 
 Ferreira et al. [10] avaliaram 150 amostras de carne bovina moída em açougues da cidade do Rio de Janeiro, RJ e 
municípios adjacentes e isolaram Salmonella spp em 52% das amostras. 
 As condições higiênicas dos moedores representam um fator de suma importância na qualidade do produto, por isso 
se faz necessário uma boa higienização dos utensílios, sendo este realizado antes e após o processo da moagem e acima 
de tudo conhecimentos técnicos e práticos por toda a equipe por ser a mão dos manipuladores fonte de contaminação. 
 Neste contexto cabe aos responsáveis pelo setor de saúde sanitária a fiscalização destes estabelecimentos, através da 
verificação das condições físicas onde a carne é preparada para a venda, adequação do local onde a mesma é 
armazenada, manipulada e distribuídapara a sociedade. 
 
Conclusão 
 
 Conclui-se que duas das cinco amostras de carnes moídas trituradas previamente e comercializadas na cidade de 
Porteirinha, estavam em desacordo com a RDC-12 de 2 de janeiro de 2002. Os altos índices de contaminação por 
coliformes termotolerantes indicam falhas no preparo, manipulação e armazenamento do produto e a presença de 
Salmonella sp, apresenta riscos potenciais à saúde pública. 
 
Referências 
 
[1] FERREIRA, R. S; SIMM, E. M. Análise microbiológica da carne moída de um açougue da região central do município de Pará de Minas/ MG. Synthesis Revista 
Digital. Pará de Minas, n.3, p. 37- 61, 2012. 
 
[2] RITTER, R.; SANTOS, D.; BERGMANN, G. P. Contaminação Bacteriana de Carne Bovina Moída Comercializada em Bancas do Mercado Público de Porto 
Alegre. Higiene Alimentar, 15(85): 50-6. São Paulo: Varela, 2007. 
 
[3] OLIVEIRA, M. M. M.; BRUGNERA, D. F.; MENDONÇA, A. T. Condições higiênico-sanitárias de máquinas de moer carne, mãos de manipuladores e qualidade 
microbiológica da carne moída. Ciência Agrotécnica, n.6, p. 1893-1898, nov./dez., 2008. 
 
 
 
 
[4] BRASIL. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 12, de 02 de Janeiro de 2001. 
 
[5] SILVA, Neusely da; JUNQUEIRA, Valéria Christina Amstalden; SILVEIRA, Neliane Ferraz de Arruda. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de 
Alimentos. 2. ed. São Paulo: Varela,2001. 
 
[6] DIAS, P. A, et al. Qualidade higiênico-sanitária de carne bovina moída e de embutidos frescais comercializados no sul do Rio Grande Do Sul, Brasil. Arq. Inst. 
Biol., 75:359-363, 2008. 
 
[7] PIGARRO, M. A.; SANTOS, M. Avaliação microbiológica da carne moída de duas redes de supermercados da cidade de Londrina- PR. 2008. 59 f. Trabalho 
de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal) - Universidade Castelo Branco, Instituto Qualittas, Londrina, 2008. 
 
[8] FRANCO B.D.G.M. ; LANDGRAF M. Microbiologia dos alimentos. Atheneu, São Paulo, 2008. 182p. 
[9] ALVES.V.C, et al. Qualidade higiênico-sanitária da carne moída comercializada em Teresina, PI. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 3(1):32-36. 2011. 
 
[10] FERREIRA, I. M. Riscos Relacionados à Contaminação Microbiana de Carne Moída Bovina. 2006. 53f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de 
Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária, Uberlândia, 2008. 
 
Tabela 1. Resultados do Número Mais Provável (NMP) de Coliformes Totais e Termotolerantes e Pesquisa de Salmonella sp. em 
carne moída*. 
 
Amostras 
Coliformes Totais 
NMP/g 
Coliformes Termotolerantes 
NMP/g 
Salmonella sp. 
1 > 1,1 X 103 > 1,1 X 103 Ausência 
2 > 1,1 X 103 > 1,1 X 103 Ausência 
3 > 1,1 X 103 > 1,1 X 103 Ausência 
4 > 1,1 X 103 > 1,1 X 103 Presença 
5 > 1,1 X 103 > 1,1 X 103 Presença 
* Médias de três repetições, expressas em NMP/g de carne moída.

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