Buscar

A CULTURA SEGUNDO EDWARD B. TYLOR E FRANZ BOAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A CULTURA SEGUNDO EDWARD B. TYLOR E FRANZ BOAS
Eduardo Melander Filho
	Tylor definiu Cultura como a expressão da totalidade da vida social do homem, caracterizada pela sua dimensão coletiva, adquirida em grande parte inconscientemente e independente da hereditariedade biológica. Privilegiou a palavra Cultura por entender que Civilização remete a constituição de realizações materiais dos homens, perdendo o sentido quando se trata de sociedades primitivas. Para Tylor, a sua nova definição de Cultura, que era descritiva e não normativa (sem conceitos pré-determinados), tinha a vantagem de ser uma palavra “neutra” capaz de pensar em toda a humanidade. Acreditava na idéia de progresso, nos postulados evolucionistas, na unidade psíquica da humanidade (todos temos a mesma capacidade mental) e na concepção universalista da Cultura (a cultura enquanto algo de toda a humanidade). 
A grande contribuição de Tylor foi sua tentativa de conciliar a evolução da Cultura e sua universalidade. Foi o primeiro a abordar os fatos culturais sob um prisma sistemático e geral.
Quando esteve no México, Tylor elaborou um método de estudos da evolução da cultura pelo exame das sobrevivências culturais (elementos culturais do passado que sobrevivem sem explicação plausível). Pensava ser possível, através desse método, reconstituir o conjunto cultural original, chegando a conclusão de que a cultura dos povos primitivos representava a cultura original da humanidade. Adotou, a partir daí, o método comparativo, pois as culturas singulares estavam ligadas umas as outras em um movimento de progresso cultural, sendo possível dessa maneira, estabelecer uma escala dos estágios da evolução humana.
Tylor postulava que entre primitivos e civilizados não havia uma diferença de natureza, mas de grau de avanço no caminho da cultura. Considerava também, em certos casos, a hipótese difusionista (que a partir de um povo determinada invenção se expandia aos outros através do contacto cultural) como explicação da similaridade entre traços culturais de duas sociedades, significando que, na possibilidade de difusão, as mesmas não estariam na mesma escala de evolução.
Por outro lado, a concepção de Cultura de Franz Boas é uma rejeição ao evolucionismo unilateral e difusionista. Em consequência, não adotava explicações de estágios ou fases culturais, assim como o conceito de raça. Procurava leis de evolução das culturas e leis de funcionamento das sociedades através do método indutivo (ver, ouvir, falar, escrever) e intensivo de campo. Priorizou o estudo da relação de parentesto.
Boas acreditava na autonomia das Culturas (relativismo cultural) e que cada cultura possui uma singularidade cultural (algo único). Segundo ele, a cultura se manifesta pelos costumes.
Entre 1883/1884, participou de uma expedição a Baffin como geógrafo. Lá realizou estudos sobre os Esquimós, onde percebeu que a organização social era determinada mais pela Cultura do que pelo meio ambiente.
Boas tomou como objeto de estudo a particularidade de cada Cultura. Apresentava-se como a contraposição ao evolucionismo do século XIX e foi o precursor da antropologia cultural norte americana. Foi também o fundador do método monográfico em antropologia.
Sobre a origem de Boas
Diego Soares da Silveira
"Boas (1858-1942) era oriundo de uma família judia alemã de espírito liberal. Sensível a questão do racismo, ele mesmo fora vítima do anti-semitismo de alguns de seus colegas de universidade. Estudou em diversas universidades da Alemanha, primeiramente cursando física, depois matemática e finalmente geografia (física e humana). Em 1883/84, ele participou de uma expedição entre os Esquimós da terra de Baffin. Ele partiu como geógrafo, com preocupações de geógrafo (estudar o efeito do meio físico sobre a sociedade esquimó) e percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo ambiente físico. Retornou à Alemanha decidido a se consagrar, a partir de então, principalmente à antropologia" (A Noção de Cultura em Ciências Sociais - Denys Cuche).
A noção de cultura em Boas
"Toda a obra de Boas é uma tentativa de pensar a diferença. Para ele, a diferença fundamental entre os grupos humanos é de ordem cultural e não racial" (Ibidem).
"Ao contrário de Tylor, de quem ele havia no entanto tomado a definição de cultura, Boas tinha como objetivo o estudo 'das culturas' e não 'da Cultura'. Muito reticente em relação às grandes sínteses especulativas, em particular à teoria unilinear então dominante no campo intelectual, apresentou em uma comunicação de 1896, o que considerava os 'limites do método comparativo em antropologia'" (Ibidem). Para Boas, cada cultura forma um todo coerente e funcional: "cada cultura representava uma totalidade singular e todo seu esforço consistia em pesquisar o que fazia sua unidade. Daí sua preocupação de não somente descrever os fatos culturais, mas de compreendê-los juntando-os a um conjunto ao qual estavam ligados. Um costume particular só pode ser explicado se relacionado ao seu contexto cultural. Trata-se assim de compreender como se formou a síntese original que representa cada cultura e que faz a sua coerência. Cada cultura é dotada de um 'estilo' particular que se exprime através da língua, das crenças, dos costumes, também da arte, mas não apenas desta maneira. Este estilo, este 'espírito' próprio a cada cultura influi sobre o comportamento dos indivíduos" (Ibidem).
"Em substituição ao evolucionismo, [Boas] propôs o princípio do particularismo histórico. Como sustentava que cada cultura continha e sua própria história única, em alguns casos poderia ser reconstruída pelos antropólogos. Ele via valor intrínseco na pluralidade das práticas culturais no mundo e era profundamente cético com relação a qualquer tentativa, política ou acadêmica, de interferir nessa diversidade" (História da Antropologia, Eriksen e Nielsen).

Continue navegando