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Princípios Jurídicos na Constituição

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INTRODUÇÃO
O primeiro ponto a ser levado em consideração neste breve estudo é estabelecer a conceituação do que são princípios, bem como inseri-los dentro do ordenamento jurídico vigente e, paralelamente, os diferenciar das regras.
Noção de Princípio
O conceito de princípio é nada mais do à tradução do conceito grego Arkhé, que significa "começo" e "fator essencial que alimenta desde dentro".
Princípio como norma jurídica
As normas podem ser divididas em normas-regras e normas-princípios. A norma-princípio não precisa estar escrita para que seja vigente. Basta o seu reconhecimento. Insta salientar que os princípios jamais serão contraditórios, mas sim contrapostos, isto é, diante de um conflito entre princípios, com base no princípio da proporcionalidade, aquele que for sobrelevado, não estará inutilizando a incidência do outro princípio, uma vez que este poderá incidir em outros casos concretos. Assim o princípio com peso maior não prevalecerá neste caso específico, contudo, permanece válido e vigente a fim de que possa incidir nos demais casos.
Princípio constitucional
Os princípios constitucionais são normas de natureza estruturante de toda a ordem jurídica que legitimam o próprio sistema, pois consagram valores culturalmente fundantes da própria sociedade. Assim, os princípios constitucionais estruturam juridicamente todo o regime jurídico-constitucional e o faz legitimamente porque se funda no valor conatural ao homem da liberdade política hoje positivada em diversos matizes.
Princípio Constitucional Democrático
Princípio segundo o qual é exigível a democracia como forma de vida, de racionalização do processo político e de legitimação do poder. Por sua vez, a concepção teórica de Estado democrático busca um poder, uma ordem de domínio legitimada pelo povo na sua titularidade e no seu exercício, organizada e exercida em uma dinâmica que não se desvincula do povo (na formulação de Lincoln: governo do povo, pelo povo, para o povo), "Um povo que governar sempre bem não necessitará de ser governado (...). Se existisse um povo de deuses, ele se governaria democraticamente. Tão perfeito governo não convém aos homens." (Rousseau apud Dallari, 1998, p.147).
Princípios Infraconstitucionais:
Podemos verificar que a supremacia dos princípios previstos na Constituição é inquestionável e a análise de qualquer outro princípio infraconstitucional, ou seja, aqueles que são decorrentes da sistemática da hierarquia das normas instituída por Kelsen, em sua célebre obra, devem ser feitos conforme a Constituição. Assim, a interpretação dos princípios e normas infraconstitucionais deve ser feita atrelada aos princípios constitucionais, sejam explícitos ou implícitos.
Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade é a garantia lícita que temos para nos basear nos alicerces codificados no Código Penal. Diz respeito à obediência às leis. Por meio dele, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. Tal princípio tem sua previsão expressa no artigo 5º, inciso II da Constituição Brasileira de 1988. O primeiro tópico a ser considerado neste ponto diz respeito ao Princípio do Estado Democrático de Direito do Direito Administrativo brasileiro. Dessa forma, a apresentação dos princípios que se fará a seguir, obedecerá, efetivamente, a sua vinculação à Constituição e, por consequência, ao princípio da legalidade, inafastável do Estado de Direito Democrático, como verdadeiro princípio-dever da Administração Pública.
Princípio da Impessoalidade
O princípio da impessoalidade referido na Constituição de 1988 (art. 37, §6º da CF). Nada mais é que o clássico principia da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Esse princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas. E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo, o interesse público.
Princípio da Moralidade Administrativa
O princípio da moralidade diverge entre a doutrina, uma vez que muitos acreditam que ele deve ser visto como uma simples parte do princípio da legalidade, ao passo que outros o consideram autônomo. Muitos são os doutrinadores que veem o conceito de moral administrativa como “vago” e “impreciso”. O princípio da moralidade da Constituição Federal de 88, diz: “Art. 37 A administração publica direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficácia [...].”. Observa-se, assim, que todo e qualquer ato praticado na Administração Pública deverá ser regido pelo princípio da moralidade.
Princípio da Publicidade
Pelo princípio da publicidade, a Administração Pública não deve cometer atos obscuros, à revelia da sociedade e dos órgãos de controle, devendo divulgar suas ações de forma ética e democrática. Para tanto, a doutrina tem apostado no entendimento majoritário de que um dos principais objetivos do princípio da publicidade é mostrar a toda a sociedade os atos praticados pelos gestores públicos.
Princípio da Eficiência
Princípio segundo o qual o Governo deve atuar com eficiência. Mais especificamente, princípio da eficiência é o que impõe à administração pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, rimando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e garantir-se maior rentabilidade social.
OUTROS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Em que pese a não previsão expressa dentro do rol mencionado no caput do art. 37 da Constituição, outros princípios, sejam explícitos sejam implícitos, também se aplicam à Administração Pública. Dentre eles podem-se destacar os seguintes:
Princípio do Devido Processo Legal
Decorrente do princípio da legalidade depreende-se o princípio do devido processo legal ou “due process of Law”, um dos direitos fundamentais de maior relevância para o direito administrativo ocidental e que sustenta, assim, a sistemática que deve ser obedecida no desenvolvimento de todas as fases de qualquer processo administrativo, conforme dispõem os inciso LIV e LV do artigo 5º da CF e o artigo 2º da Lei nº 9.784, de 1999. Termo referente ao princípio constitucional que garante ao indivíduo o direito de ser processado segundo as normas jurídicas vigentes antes do fato que ensejou o processo.
Princípio da Irretroatividade ou Segurança Jurídica
A irretroatividade é outro corolário do princípio da legalidade na esfera punitiva do Estado. Não basta que se garanta aos administrados que apenas a lei poderá criar figuras ilícitas e as respectivas sanções, ou ainda que os ilícitos sejam descritos de modo claro e preciso. Tais garantias nada significariam se fosse possível ao legislador editar diplomas legais que atingissem situações já consumadas, tornando ilícitos comportamentos que não o eram no momento em que foram praticados. O princípio da irretroatividade das leis está previsto no artigo 5º, incisos XXXIX e XL da CF.
Princípio da Discricionariedade
Inicialmente devemos ter em mente que o princípio da discricionariedade administrativa até a época do Estado de Direito liberal consistia no reconhecimento à Administração da possibilidade de fazer tudo o que a lei não proibia. Com o Estado de Direito social, a Administração passou a estar vinculada à lei, de tal sorte que hoje reina a premissa de que à Administração só é dado fazer aquilo que a lei permite. Conforme se pode verificar, a mudança de paradigma na Administração demandou bastante tempo o que nos leva aafirmar ser totalmente impensável admitir o retorno aos dias atuais à possibilidade de atuação administrativa desvinculadas da lei, o que poderia significar arbitrariedade.
Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
O princípio da razoabilidade (denominação oriunda do direito norte-americano), ou da proibição do excesso, conforme preferem os alemães, ou da proporcionalidade - expressão mais comum, especialmente no Brasil, entre os constitucionalistas, é comum a todos os ramos do direito, considerado o ideal de justiça buscado pela Ciência do Direito como um todo. É parte do pressuposto de que o homem, mesmo quando autorizado a agir arbitrariamente, deve fazê-lo de modo razoável, ou seja, conforme a razão, princípio tal que se dirige não somente ao legislador, como também aos administradores, juízes e - como não poderia deixar de ser – a todo cidadão.
Princípio da Motivação
Ao lado do princípio da legalidade e seus desdobramentos já apontados, o princípio da motivação surge como mais um instrumento de garantia da Administração e dos administrados quanto ao atendimento do interesse público, revestindo-se, ainda, de certo modo, em uma forma de publicidade da vontade da Administração estampada nos seus atos. Podemos dizer que o princípio da motivação, ou melhor, o princípio da obrigatoriedade da motivação dos atos administrativos está estritamente ligado ao princípio da legalidade. Relembra-se que a atividade administrativa é instrumento da aplicação da lei e realização dos interesses públicos, vedando, por consequência, atuação à margem ou contra a lei.
Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa
Os princípios do contraditório e da ampla defesa são fundamentais ao processo administrativo, os quais têm sua força e origens lançadas no próprio texto constitucional, diferentemente do que previa a revogada Constituição da República de 1969. Mais do que uma formal e aparente observância à lei, é imperativo que o administrador do Estado Democrático de Direito aja de acordo com um conjunto de regras de conduta que, num dado sistema jurídico, é tido como os modelos comportamentais que a sociedade deseja e espera.
CONCLUSÃO
À luz do que foi resumidamente apresentado, se pode verificar que a mera observância da lei stricto sensu por parte da Administração Pública não é suficiente para se garantir a manutenção do Estado de Direito, ainda mais em se tratando de um Estado Democrático. Os princípios no âmbito do direito público e mais especificamente no contexto da Administração Pública têm ganhado mais importância a cada dia, decorrente da jurisprudência dos tribunais superiores, bem como pelo posicionamento da doutrina em colocá-los, como ocorre no direito alienígena, como verdadeira norma jurídica de natureza objetiva.

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