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Formato do ordenamento jurídico

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Formato do 
ordenamento jurídico
Ordenamento Jurídico
As normas jurídicas não existem de maneira isolada, por mais específico que seja o alvo de sua abrangência. 
Há um contexto maior, mais denso e bem mais complexo enfeixando um conjunto de várias normas jurídicas, que guardam entre si um determinado referencial de especificidade. 
A este conjunto ou agrupamento de normas, emanadas de autoridades competentes e vigorantes num determinado Estado, dá-se o nome de ordenamento jurídico. 
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A noção de sistema jurídico pressupõe a criteriosa análise e estudo do jurista que não se limita à indicação de normas que compõem o ordenamento jurídico mas, decisivamente, impõe-lhe um agir consistente na descrição de enunciados, conceitos e princípios lógicos, interpretação e aplicação do direito.
O sistema jurídico é, assim, fruto da atividade intelectual e cultural do jurista que nem de longe está imune de uma série de fenômenos e adversidades sociais.
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Depreende-se que ordenamento é um conjunto de normas jurídicas com um formato escalonado ou hierárquico: há patamares superiores, com as normas mais fortes, e patamares inferiores, com as normas mais fracas. 
Em linhas gerais, no patamar superior estão as normas constitucionais; abaixo, as normas legais; em seguida, as normas sentenciais; por fim, as normas contratuais.
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Aprendemos, ainda, que a validade no ordenamento jurídico é um processo contínuo e sucessivo: as normas constitucionais, criadas pela Assembleia Constituinte, autoridade máxima, “validam” as autoridades legislativas (conferem poderes a elas), que criam normas legais; tais normas, por seu lado, “validam” as autoridades judiciais, que criam normas sentenciais, e as autoridades pessoais, que criam normas contratuais.
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E o processo contínuo de validade das normas nos remete a uma indagação relevante para a compreensão do ordenamento jurídico:
Qual norma confere poderes à Assembleia Constituinte para que crie as normas constitucionais? 
Em outras palavras, por que a Constituição Federal é válida?
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Para KELSEN, haveria uma norma fundamental que daria validade a todas as normas jurídicas e conferiria ao ordenamento um caráter unitário, ou seja, o conjunto seria unificado por essa norma, que eliminaria as contradições entre as demais. 
Assim, essa norma fundamental afirmaria que a Constituição é válida e deve, portanto, ser obedecida.
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A norma fundamental, por sua vez, seria a primeira da hierarquia, não precisando de outra norma ou autoridade para validá-la. 
KELSEN a qualifica como uma pressuposição lógica do direito, sem a qual o mesmo perderia seu sentido. Ir além da norma fundamental significa enfrentar questões filosóficas ou sociológicas que extrapolam seus limites técnicos.
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Em resumo, podemos afirmar que, para KELSEN, a norma fundamental é aquela que valida todas as demais normas; se outra norma a validasse, ela não seria a fundamental. 
Portanto, ela não precisa, em um sentido lógico, ser validada; basta ser pressuposta pelo pensamento.
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HERBERT HART também concebe a existência da norma fundamental em sua teoria jurídica. Todavia, ele sustenta que a norma fundamental não é um pressuposto lógico, mas apenas existe.
Acima da Constituição haveria uma norma secundária de conhecimento que afirma a sua validade. 
Essa norma existiria enquanto um dado objetivo: ela é resultado do comportamento dos operadores do direito, que admitem sua existência e não questionam a validade das normas constitucionais.
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A partir do raciocínio de Hart, podemos considerar que a norma fundamental poderia ser compreendida como uma norma costumeira: sua existência deriva do comportamento das pessoas. 
O que significa dizer que se os operadores do direito continuarem a admitir que a Constituição é válida, isso significará que a norma fundamental permanece em vigor; se deixarem de fundamentar seus pedidos na Constituição, então a norma fundamental se modificou.
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Para BOBBIO, que também adota a tese da teoria escalonada das normas de Kelsen, a norma fundamental deriva de um ato de poder: o grupo social que funda a ordem jurídica a impõe com um ato que determina sua obediência.
Daí se correlacionar a norma fundamental à noção de poder constituinte, de maneira que a norma fundamental significa que o direito criado pelo grupo dominante na sociedade deve ser obedecido.
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Para TÉRCIO, direito é, antes de tudo, decisão, isto é, o direito é um mecanismo que permite a decisão de conflitos com o mínimo de perturbação social. 
A decisão desses conflitos de modo uniforme, sem revelar incoerências entre as normas, é apenas uma das possibilidades.
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Para TÉRCIO, o ordenamento jurídico - formado por um conjunto de normas jurídicas - é um todo coeso, havendo uma estrutura multiforme, capaz de adaptar-se às necessidades sociais e produzir a melhor decisão para o caso, sob o ponto de vista das repercussões sociais dessa decisão.
Assim, concebendo-se o ordenamento como um todo coeso mas não unificado, podemos compreender a formação de subsistemas contraditórios entre si, porém coerentes com suas respectivas fundamentações constitucionais.
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Explica-nos Tércio que o direito possuiria regras de calibração, ou seja, regras cuja função é permitir a mudança de padrão do ordenamento, para que possa continuar atendendo às demandas sociais. 
Caso o funcionamento do direito dentro de uma hierarquia normativa não levasse a uma decisão capaz de impedir o conflito de causar uma perturbação social maior, então a regra de calibração atuaria, modificando o padrão normativo em que a decisão seria produzida.
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Em suma, quando falamos em formato do ordenamento jurídico, concluindo, costumamos pensar numa única “pirâmide”, adotando a perspectiva unitária de Kelsen. 
Esse formato não se sustenta, todavia, diante da complexidade do direito contemporâneo. 
Contradições entre normas constitucionais inviabilizam a ideia de “pirâmide” única. Precisamos admitir que existem vários padrões de funcionamento convivendo no seio do mesmo direito.

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