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Ca´lculo II - Profa. Camila P. da Costa 7 de maio de 2013 1 Problema de A´rea Dada a func¸a˜o cont´ınua f na˜o negativa no intervalo [a, b] , achar a a´rea entre o gra´fico de f no intervalo [a, b] e o eixo x . Figura 1: A´rea sob a curva. Ha´, no ca´lculo de a´reas de uma regia˜o, dois me´todos ba´sicos: me´todo do retaˆngulo e da antiderivada. 1.1 Me´todo do Retaˆngulo para Ca´lculo de A´reas: A ide´ia e´ a seguinte: dividir o intervalo [a, b] em n subintervalos iguais e em cada subintervalo construir um retaˆngulo que se estende desde o eixo x ate´ algum ponto sobre a curva y = f(x) a qual esta´ acima do subintervalo. (a) n = 4 (b) n = 25 Figura 2: Me´todos dos retaˆngulos. A a´rea total dos retaˆngulos e´ uma aproximac¸a˜o a` a´rea sob a curva no intervalo [a, b]. Quando n cresce, isto e´, o nu´mero de subintervalos aumenta, a a´rea dos retaˆngulos tende a` a´rea exata sob a curva. 1 Exemplo 1.1. Encontrar a a´rea da regia˜o R que se encontra acima do eixo x, abaixo da curva f(x) = 1−x2 , e entre as retas verticais x = 0 e x = 1, (ou seja, no intervalo [0, 1]). Figura 3: A´rea sob a curva f(x) = 1− x2. 1.1.1 Soma Superior Figura 4: Soma superior. A Altura de cada retaˆngulo e´ o valor ma´ximo da func¸a˜o f . 1.1.2 Soma Inferior Figura 5: Soma Inferior. A Altura de cada retaˆngulo e´ o valor mı´nimo da func¸a˜o f . 2 Com esse procedimento, fica evidente que quando n cresce, estas aproximac¸o˜es va˜o se tornar cada vez melhores e tender a` a´rea exata como um limite. Assim, podemos definir a a´rea sob a curva y = f(x) e acima do intervalo [a, b] como o limite das a´reas dos retaˆngulos aproximantes e usar este mesmo me´todo para aproximar esta a´rea. Portanto a ideia ba´sica e´ a seguinte: 1. Dividir o intervalo [a, b] em n subintervalos iguais com comprimento (b− a) n , o qual e´ costume denotar por: ∆x = b− a n . 2. Em cada subintervalo, construir um retaˆngulo cuja altura e´ o valor de f em algum ponto do subintervalo, denotados por: x∗1, x ∗ 2, . . . , x ∗ n (pontos amostrais). 3. A unia˜o destes retaˆngulos forma uma regia˜o Rn cuja a´rea pode ser vista como uma aproximac¸a˜o da “a´rea´´ A da regia˜o R. 4. Repetir o processo usando cada vez mais um nu´mero maior de subdiviso˜es. • A a´rea dos triaˆngulos constru´ıdos sobre estes intervalos sera˜o: f(x∗1)∆x, f(x ∗ 2)∆x, . . . , f(x ∗ n )∆x . • A a´rea total da regia˜o Rn sera´: a´rea(Rn) = f(x ∗ 1)∆x+ f(x ∗ 2)∆x+ · · ·+ f(x ∗ n )∆x = n∑ k=1 f(x∗ k )∆x 5. Definir a a´rea de R como sendo um limite das a´reas das regio˜es aproximantes Rn, isto e´, A = a´rea(R) = lim n→+∞ [a´rea(Rn)] ou, na notac¸a˜o de somato´rio: A = lim n→+∞ n∑ k=1 f(x∗ k )∆x Definic¸a˜o 1.1. A´rea sob a Curva Se a func¸a˜o f for continua em [a, b] e f(x) ≥ 0 para todo x em [a, b], enta˜o a a´rea sob a curva y = f(x) no intervalo [a, b] e´ definida por: A = lim n→+∞ n∑ k=1 f(x∗ k )∆x. OBS: Para encontrar os pontos amostrais x∗ k , num subintervalo [xk−1, xk], temos: • Extremo Esquerdo: x∗ k = xk−1 = a+ (k − 1)∆x • Extremo Direito: x∗ k = xk = a+ k∆x • Ponto Me´dio: x∗ k = xk−1 + xk 2 = a+ ( k − 1 2 ) ∆x 3 2 A Integral Definida O tipo de limite que vimos na definic¸a˜o (1.1) ocorre em diversas situac¸o˜es, elas surgem no processo de encontrar a´reas sob curvas, volume de so´lidos, centros de massas, forc¸as devido a` pressa˜o da a´gua, trabalho,... Daremos portanto, a esse tipo de limite um nome e notac¸a˜o especiais. Definic¸a˜o 2.1. Integral Definida Se f e´ uma func¸a˜o continua definida em [a, b], dividimos o intervalo [a, b] em n subintervalos de comprimentos iguais ∆x = (b − a)/n. Sejam x0(= a), x1, x2, . . . , xn(= b) os extremos desses intervalos e vamos escolher os pontos amostrais x∗1, x ∗ 2, . . . , x ∗ n nesses subintervalos de forma que x∗ k esta´ no k-e´simo subintervalo [xk−1, xk]. Enta˜o a integral definida de f de a ate´ b e´ ∫ b a f(x)dx = lim n→+∞ n∑ k=1 f(x∗ k )∆x. Quando a f e´ cont´ınua e positiva a soma de Riemann pode ser interpretada como uma soma de a´rea de retaˆngulos aproximantes. A integral definida ∫ b a f(x)dx pode ser interpretada como a a´rea sob a curva y = f(x) de a ate´ b. Se f(x) na˜o for positiva, enta˜o a integral definida na˜o e´ igual a a´rea no sentido usual, mas podemos interpreta´-la como uma a´rea com sinal entre o gra´fico e o eixo x. Se f assumnir valores positivos e negativos, enta˜o a soma de Riemann e´ a soma das a´reas dos retaˆngulos que esta˜o acima do eixo x e o negativo das a´reas dos retaˆngulos que esta˜o abaixo do eixo x. Quando tomamos o limite dessas somas de Riemann obtemos a integral definida que pode ser interpretada como a a´rea l´ıquida, isto e´, a diferenc¸a das a´reas. A´rea L´ıquida = a´rea acima − a´rea abaixo de uma regia˜o do eixo x do eixo x Figura 2.1. ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx+ ∫ b d f(x)dx− ∫ d c f(x)dx Exemplo 2.1. . . . . . . 4 . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1 Soma de Riemann Vejamos algumas fo´rmulas e regras para trabalhar com a notac¸a˜o somato´ria: • 1. n∑ k=1 k = n(n+ 1) 2 2. n∑ k=1 k2 = n(n+ 1)(2n+ 2) 6 3. n∑ k=1 k3 = [ n(n+ 1) 2 ]2 4. n∑ k=1 c = nc 5. n∑ k=1 cak = c n∑ k=1 ak 6. n∑ k=1 (ak + bk) = n∑ k=1 ak + n∑ k=1 bk 7. n∑ k=1 (ak − bk) = n∑ k=1 ak − n∑ k=1 bk Exemplo 2.2. . . . . . . . . . 5 . . . . . . . . . . . . . . . 6 3 Integrabilidade Definic¸a˜o 3.1. Dizemos que uma func¸a˜o f e´ Riemann Integra´vel ou, simplesmente integra´vel em um intervalo fechado [a, b] se o limite: ∫ b a f(x)dx = lim max ∆x→0 n∑ k=1 f(x∗ k )∆xk existir e na˜o depender da escolha da partic¸a˜o ou dos pontos amostrais x∗ k no subintervalo. 3.1 Propriedades da Integral Definida 1. Se a existir no domı´nio da f , enta˜o ∫ a a f(x)dx = 0. 2. Se f for integra´vel em [a, b], enta˜o: ∫ b a f(x)dx = − ∫ a b f(x)dx. Se f e g forem integra´veis em [a, b] e se c for uma constante, enta˜o cf , f + g e f − g sa˜o integra´veis em [a, b] e: 3. ∫ b a c dx = c(b− a) Figura 3.1. 4. ∫ b a cf(x)dx = c ∫ b a f(x)dx. PROVA: 7 5. ∫ b a [f(x) + g(x)]dx = ∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx. PROVA: 6. ∫ b a [f(x)− g(x)]dx = ∫ b a f(x)dx− ∫ b a g(x)dx. PROVA: 7. Se f for integra´vel em um intervalo fechado contendo os treˆs pontos a, b e c, enta˜o: ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx. PROVA: 8 8. Propriedades comparativas da Integral: (a) Se f for integra´vel em [a, b] e f(x) ≥ 0 ∀x ∈ [a, b], enta˜o ∫ b a f(x)dx ≥ 0. Figura 3.2. (b) Se f e g sa˜o integra´veis em [a, b] e f(x) ≥ g(x) ∀x ∈ [a, b] enta˜o ∫ b a f(x)dx ≥ ∫ b a g(x)dx. Figura 3.3. (c) Se m ≤ f(x) ≤M para a ≤ x ≤ b, enta˜o: m(b− a) ≤ ∫ b a f(x)dx ≤M(b− a). PROVA: 9 Teorema 3.1. Teorema do Valor Me´dio para Integrais Se f for cont´ınua em um intervalo [a, b] enta˜o ha´ pelo menos um nu´meor x∗ em [a, b] tal que: ∫ b a f(x)dx = f(x∗) · (b− a). PROVA: 10 3.2 Condic¸o˜es para integrabilidade Definic¸a˜o 3.2. Dizemos que uma func¸a˜o f e´ limitada em um intervalo I se existir um M positivo tal que: −M ≤ f(x) ≤M ∀x ∈ I. Geometricamente, isso significa que o gra´fico de f no intervalo I fica entre as retas y = −M e y = M . Figura 3.4. Teorema 3.2. Sejaf uma func¸a˜o definida em todos os pontos de um intervalo [a, b]. (i) Se f for cont´ınua em [a, b] enta˜o f e´ integra´vel em [a, b]. (ii) Se f tiver um nu´mero finito de descontinuidade em [a, b] mas for limitada em [a, b] enta˜o f e´ integra´vel em [a, b]. (iii) Se f na˜o for limitada em [a, b] enta˜o f na˜o e´ integra´vel em [a, b]. 11
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