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BIOQUÍMICA DA DIGESTÃO

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� PAGE \* MERGEFORMAT �20�
	
	2015
	
	PROFESSORES:
CLEBSON PANTOJA PIMENTEL E MARIANA MÜLLER
	
�
BIOQUÍMICA DA DIGESTÃO 
1. ALIMENTOS
Antes de tratarmos de bioquímica da digestão. Vamos entender em pouco sobre alimentos. Do ponto de vista biológico, os alimentos se agrupam em três classes:
a) Energéticos: são os alimentos que fornecem substratos para a manutenção da temperatura corpórea, liberando energia térmica necessária para as reações bioquímicas. São os carboidratos, lipídios e proteínas. Os carboidratos são os alimentos energéticos por excelência, pois são degradados em todos os organismos vivos a partir de enzimas específicas. 
Os lipídios e as proteínas, apesar de possuírem poder energético superior ou igual aos carboidratos (Tabela 1), têm outras funções no organismo, possuindo digestão e absorção lentas, sendo utilizados secundariamente como produtores de energia. A capacidade energética dos alimentos dá-se devido ao alto calor de combustão das ligações C-C (cerca de 54 kcal).
Tabela 1: Calor de combustão e energia disponíveis nas fontes
 de alimentos mais importantes.
	
b) Plásticos ou estruturais: atuam no crescimento, desenvolvimento e reparação de tecidos lesados, mantendo a forma ou protegendo o corpo. Novamente, proteínas, lipídios e carboidratos são os principais representantes, estando presentes na membrana celular e região intersticial. Em vegetais, o carboidrato celulose (um polímero de glicose) representa o principal composto da parede celular que garante a forma da célula vegetal, mesmo em períodos de excesso ou escassez de água. A quitina é um polímero muitíssimo parecido com a celulose (a exceção de um grupamento-OH substituído por um NH2 no C2) e que confere extrema resistência ao exoesqueleto dos artrópodes.
c) Reguladores: são os alimentos que aceleram os processos orgânicos, sendo indispensáveis ao ser humano. São as vitaminas, água, sais minerais e fibras vegetais. Favorecem a dinâmica celular (vitaminas), proporcionam a concentração exata dos substratos (água), bem como agentes estabilizadores de várias enzimas ou mesmo regulando a quantidade de água intracelular ou a excitabilidade da membrana (minerais). 
As fibras vegetais apesar de não serem considerados alimentos por não serem digeridas ou absorvidas; desempenham função importante no processo digestivo. Entende-se por fibras todos os constituintes das paredes celulares dos vegetais que não podem ser digeridos pelas enzimas animais (p.ex.: celulose, hemicelulose, lignina, gomas, pectinas e pentosanos). 
No homem, dietas com alto conteúdo de fibras exercem efeitos benéficos por auxiliar na retenção de água durante a passagem do alimento através do intestino e ainda produzindo maiores quantidades de fezes macias, facilitando o trânsito intestinal e o processo digestivo. Uma alta quantidade de fibras na dieta está associada com incidências reduzidas de diverticuloses, câncer de cólon, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus. 
As fibras mais insolúveis, tais como a celulose e a lignina, encontradas no grão de trigo, são benéficas com respeito à função do cólon, enquanto as fibras mais solúveis encontradas nos legumes e frutas (ex.: gomas e pectinas) diminuem o colesterol plasmático, possivelmente pela ligação com o colesterol e sais biliares da dieta. As fibras solúveis também esvaziam o estômago lentamente e deste modo atenuam o aumento da glicose e, conseqüentemente, a secreção de insulina, sendo este esse efeito benéfico aos diabéticos e às pessoas que estão de regime alimentar.. 
As principais fontes de fibras são os cereais (principalmente o trigo, a aveia e o arroz integral), amêndoa, coco, castanha-do-pará, feijão, espinafre, amora, uva, banana, bagaço de laranja etc. Um excesso de fibras, entretanto, deve ser evitado, pois se ligam com micronutrientes (Zn++ e vitaminas lipossolúveis, por exemplo) evitando sua absorção. Desta forma, a ingestão diária está restrita a cerca de 25 – 30g, modificando-se para mais, de acordo com a sua utilização como terapia.
 
Figura 1. Fontes e tipos de fibras
Tenha calma coleguinha! Para compreendermos o processo da digestão vale fazer uma breve revisão do sistema digestivo.
2. SISTEMA DIGESTIVO
O sistema digestivo é composto pelas seguintes porções: Cavidade oral, Faringe, Esôfago, Estômago, Intestino (Delgado e Grosso), Reto, ânus e glândulas Anexas (Salivares, Fígado e Pâncreas). O sistema digestivo atua na ingestão, mastigação, deglutição (ato de engolir), transporte, digestão e aborsorção dos nutrientes contidos nos alimentos; assim como na eliminação dos remanescentes não-digeríveis.
Figura 2. Anatomia básica do sistema digestivo
2.1. Cavidade oral
A boca é a primeira porção do tubo digestivo, sendo o local da mastigação (digestão mecânica) e insalivação (digestão química). Na cavidade oral encontramos estruturas anexas como: dentes, língua e as glândulas salivares.
Os dentes permanentes (dentição permanente humana) consistem de 32 dentes, 16 no maxilar e 16 na mandíbula. Os dentes anteriores (ou frontais); são os incisivos (centrais) e os caninos (laterais). Imediatamente atrás dos caninos estão o 1º e 2º pré-molares. Atrás dos pré-molares, de cada lado do maxilar e mandíbula, existem três dentes molares, que são denominados 1º, 2º e 3º molares. 
Os dentes são as estruturas responsáveis pela mastigação e possuem funções específicas: dentes incisivo (são utilizados para cortar os alimentos), dentes caninos (são utilizados para perfurar os alimentos) e dentes malares e pré-molares (são utilizados para triturar, macerar, quebrar os alimentos).
Figura 3. Classificação e estruturas dos dentes
Cada dente é formado por uma porção chamada coroa (que se projeta além da gengiva); e uma ou mais raízes dentro do alvéolo do osso. O ponto de transição entre coroa e raiz é chamado colo. A cavidade central do dente é chamada cavidade pulpar. Dentro das raízes essa cavidade é alongada e termina por um orifício denominado forame apical, pelo qual passam os vasos e nervos. Em volta das raízes há uma estrutura fibrosa, o ligamento ou membrana periodontal, que fixa a raiz ao seu alvéolo.
A dentina é um tecido calcificado mais duro do que o osso, por conter maior teor de sais de cálcio. Sua matriz contém glico-proteínas e colágeno, além de cristais de hidroxiapatita. Ao contrário do osso, a dentina persiste calcificada por longo tempo, isto possibilita conservar dentes cuja polpa e o dontoblastos tenham sido destruídos por infecção.
O esmalte é a estrutura mais rica em cálcio do corpo humano e também a mais dura. Contém 97% de sais de cálcio e apenas 3% de água e matéria orgânica. O esmalte é constituído por estruturas alongadas hexagonais, os prismas do esmalte. A Polpa é a porção do dente ocupa a cavidade pulpar, sendo um tecido ricamente inervado e vascularizado.
O Cemento cobre a dentina da raiz e tem estrutura semelhante à do osso, ainda que não apresente sistemas de Havers nem vasos sangüíneos. O cemento é mais espesso na região apical da raiz e apresenta células chamadas cementócitos. Os cementócitos estão enclausuradas em lacunas e se intercomunicam por canalículos. O Ligamento periodontal é formado por um tecido denso com características especiais, que une o cemento dentário ao osso alveolar, permitindo ligeiros movimentos do dente dentro dos alvéolos.
Figura 4. Principais estruturas do dente
A língua é o principal órgão do sentido do gosto (paladar) e um importante órgão da fala (fonação), além de auxiliar na mastigação e deglutição dos alimentos. Localiza-se no soalho da boca, dentro da curva do corpo da mandíbula. A face inferior possui uma mucosa entre o soalho da boca e a língua na linha mediana que forma uma prega vertical nítida, o frênulo da língua. No dorso da língua há um sulcomediano que divide a língua em metades simétricas. Nos 2/3 anteriores do dorso da língua encontramos as papilas linguais. Já no 1/3 posterior encontramos numerosas glândulas mucosas e folículos linfáticos (tonsila lingual). 
Figura 5. Anatomia da cavidade oral
As Papilas Linguais são projeções abundantemente distribuídas nos 2/3 anteriores da língua, dando a essa região uma aspereza característica. Os tipos de papilas são: papilas circunvaladas, fungiformes, filiformes. As papilas contêm os botões gustatórios responsáveis pelo paladar. 
Figura 6. Principais tipos de papilas e botão gustatório.
Glândulas salivares: São classificadas de acordo com a localização em: parótidas, submandibulares e sublinguais, além de pequenas glândulas orais acessórias. Essas glândulas têm função de produzir a saliva, aqual é constituída principalmente por mucina, íons (potássio, bicarbonato, sódio, cloreto), imunoglobulina A, lisozina, lactoferrina e a enzima ptialina ou amilase salivar. A saliva tem como principais funções umedecer os alimentos, lubrificar as vias digestivas superiores, além de função imunológica, bactericida e digestiva.
Figura7. Tipos de glândulas salivares
 
Faringe: é um conduto comum aos sistemas digestivos e respiratórios, pois conduz o alimento até o esôfago e o ar até a laringe. Na verdade a faringe apresenta três partes: nasofaringe (parte superior), orofaringe (parte intermediária) e laringofaringe (parte inferior). Destas três, a nasofaringe é, exclusivamente, via aérea. A laringofaringe é somente via digestiva e a orofaringe é um caminho comum ao ar e aos alimentos. 
Esôfago: O esôfago é um tubo fibro-músculo-mucoso que mede cerca de 25 centímetros de comprimento e se estende entre a faringe e o estômago. Localiza-se posteriomente à traquéia começando na altura da 7ª vértebra cervical e termina na parte superior do estômago. 
A presença de alimento no interior do esôfago estimula a atividade peristáltica, e faz com que o alimento mova-se para o estômago. As contrações são repetidas em ondas que empurram o alimento em direção ao estômago. 
Ocasionalmente, o refluxo do conteúdo do estômago para o interior do esôfago causa azia (ou pirose). A sensação de queimação é um resultado da alta acidez do conteúdo estomacal. 
Estômago: É a região mais dilatada do tubo digestivo, é uma estrututa semelhante a uma bolsa, apresenta uma parede musculosa, e é localizado no lado esquerdo superior do abdômen. Anatomicamente o estômago apresenta uma curvatura menor, côncava, e uma curvatura maior, convexa. A observação macroscópica revela que o estômago apresenta 4 regiões:
1. Região Cárdica: É uma região estreita (2 a 3 cm de largura), situada logo após da junção gastroesofágica. Neste região há o esfíncter cárdia, o qual tem como função controlar a passagem do alimento da esôfago para o estômago.
2. Fundo: É uma região em forma de cúpula à esquerda do esôfago, freqüentemente cheia de gás.
3. Corpo: É a maior região, responsável pela formação do quimo.
4. Região Pilorica (Antropilórico): É uma porção estreita, afunilada, dotada do esfíncter pilórico que controla a liberação do quimo para o duodeno.
Figura 8. Mostrando as 4 regiões do estômago
 
Intestino delgado: É um órgão tubular, tem aproximadamente 7 metros de comprimento sendo a região mais longa do trato alimentar. O intestino delgado é dividido em três regiões: duodeno, jejuno e íleo. O duodeno é a primeira porção do intestino delgado, sendo também o segmento mais curto, com aproximadamente 25 centímetros de comprimento. Ele recebe a bile e sucos digestivos do pâncreas através do ducto biliar comum (ducto colédoco) e do ducto pancreático principal (ducto ou canal de wirsung), respectivamente. Esses ductos se abrem no lúmem do duodeno na papila duodenal (de Vater). A principal parte da digestão ocorre no intestino delgado. 
Os principais eventos da digestão e absorção ocorrem no intestino delgado, portanto sua estrutura é especialmente adaptada para essa função. Sua extensão fornece grande área de superfície para a digestão e absorção, sendo ainda muito aumentada pelas pregas circulares, vilosidades e microvilosidades.
Figura 9: Anatomia das vias hepatobiliares e pancreáticas. Observe que essas vias desembocam no duodeno na região da ampola de Vater onde há o esfíncter de Oddi. 
O intestino delgado é o local de maior absorção dos alimentos, pois a mucosa intestinal é rica em vilosidades e microvilosidades, pregas circulares e criptas de Lieberkühn que servem para aumentar a superfície de absorção dos alimentos.
Figura 10. Mostra detalhes das vias hepatobiliares e pancreática
Intestino grosso: É um órgão tubular com aproximadamente 1,5 m de comprimento, inicia na válvula ileocecal (esfíncter anatômico e fisiológico que impede o refluxo do conteúdo do ceco para o ílio) e termina no ânus. Apresenta-se dividido em: ceco, colos (ascendentes, transversos, descendestes e sigmóide), reto e ânus. O intestino grosso tem função de absorção de água, sais minerais, gases e a formação das fezes.
Figura 11: Segmentos do intestino grosso
3. FISIOLOGIA DA DIGESTÃO
Os alimentos para servem absorvidos pelas células da mucosa intestinal devem ser transformados de moléculas complexas em moléculas pequenas, através da digestão mecânica e química. A digestão é regulada pelo sistema nervoso, por vários hormônios e por fatores parácrinos. A presença física de partículas de alimentos no trato gastrointestinal também estimula o processo digestivo.
O processo digestivo é caracterizado por várias etapas específicas, que ocorrem em uma sequência característica, permitindo interações entre fluidos, pH, agentes emulsificantes e enzimas. Para tais interações, são necessárias as participações do fígado, do pâncreas, da vesícula biliar e das glândulas salivares.
3.1. BIOQUÍMICA DA DIGESTÃO
Todas as enzimas digestivas são hidrolases. O produto dos processos de hidrólises são oligômeros, dímeros e monomêros de macromoléculas precursoras. Assin sendo, os carboidratos são hidrolisados a uma mistura de dissacarídios e monossacarídios. As proteínas são quedradas em uma mistura de tripeptídios, dipeptídios e aminoácidos. Os lipídios por terem estruturas químicas diferente, são desdobrados em uma mistura de ácidos graxos, glicerol, mono e diacilgliceróis. 
Figura 12. Esquema da digestão de carboidratos, proteínas e lipídeos. Observe que a papel básico da digestão é transformar moléculas complexas em simples. 
3.2. DIGESTÃO BIOQUÍMICA NA BOCA E INTESTINO DELGADO 
Os carboidratos da dieta consistem principalmente em amidos de origem animal e vegetal (polissacarídios), de sacarose e lactose (dissacarídios), e de glicose e frutose (monossacarídios). O início da digestão dos carboidratos começa na boca.
Na boca o amido é quebrado em cardoibratos menores, maltose (dissacarídio), maltotriose (trissacarídio) e em uma unidade, com uma ou mais ramificações, denominada de dextrina (geralmente composta de oito unidades glicosil). A enzima responsável pela digestão química do amido na boca é a ptialina (amilase salivar ou α (1(4) glicosidase) que atua em pH aproximadamente neutro (pH:7).
Este processo é incompleto devido o pouco tempo que o alimento passa na boca e a amilase ser incapaz de quebrar as ligações α(1(6) existentes entre as moléculas de glicose. No estômago, a ação do HCl inativa a amilase salivar, por isso o término da digestão dos carboidratos ocorre no intestino delgado, sob a ação das enzimas do suco pancreático, pela ação da amilase pancreática. Os demais carboidratos serão degradados por enzimas específicas (as dissacaridases e oligossacaridases) presentes no suco entérico liberado pelas células de Brunner e Liberkühn, no intestino delgado.Figura 13. Processo de digestão do amido na boca. Note que a molécula de amido apresenta ligações do tipo alfa 1,4 na cadeia linear e alfa 1,6 nos pontos de ramificações. 
Os principais componentes do amido são a amilose e a amilopectina, sendo a amilose um polímero de glicose em estrutura helicoidal não ramificada onde suas moléculas são unidas somente por ligações alfa 1-4. Já a amilopectina possui cadeias ramificadas e portanto apresenta ligações alfa 1-4 nas cadeias e alfa 1-6 nos pontos de ramificação.
FIGURA 14: Molécula de amido sendo digerido.
Gráfico 1: velocidade de digestão de carboidrato (amido) na boca X valores de pH.
3.3. DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS NO ESTÔMAGO E NO INTESTINO DELGADO 
O alimento ao chegar ao estômago estimula a liberação de um hormônio chamada gastrina, que induz a liberação do suco gástrico, o qual é constituído principalmente de mucina, renina, pepsinogênios, lipases fracas e ácido clorídrico (HCl). 
A Mucina gástrica é uma glicoproteína que protege a mucosa do estômago contra a ação corrosiva do acido clorídrico. A renina é uma enzima que atua na desnaturação das proteínas do leito (caseína) na presença Ca++, logo é importante para lactentes. A lípase fraca é uma enzima que desdobra as moléculas de lipídios em glicerol e ácidos graxos. 
Embora existam outras enzimas no estômago, a Pepsina é a mais ativa. Inicialmente é secretado o pepsinogênio (enzima inativa: zimogênio), pelas células principais da mucosa gástrica. Em pH ácido o pepsinogênio é transformado em pepsina, aqual é a principal enzima responsável pela digestão das proteínas no estômago. 
O ácido Clorídrico é produzido pelas células Parietais (Oxínticas) e apresenta as seguintes funções: Manter a acidez do suco gástrico, Ajudar na transformar a pepsinogênio em pepsina, Destruir bactérias (bactericida, germicida) evitando a putrefação do bolo alimentar, Contribuí no controle do esfíncter pilórico. Além das funções acima citadas, o ácido clorídrico ao reduzir o pH para aproximadamente 2, ele consequante contribui para desnaturação das proteínas da dieta. 
No Intestino delgado, as enzimas proteolíticas do suco pancreático continuam a digestão através de endopeptidases (quebram as ligações peptídicas do meio da molécula em ligações específicas: tripsina, quimotripsina e elastase) e exopeptidades (quebram as extremidades das moléculas: carboxipeptidases). No suco entérico, há o término da digestão das proteínas com a ação de uma exopeptidase que quebra a partir da extremidade aminoterninal, a aminopeptidase.
A desnaturação das proteínas facilita a ação da pepsina e, portanto facilita a digestão. Os produtos principais da digestão das proteínas pela pepsina são os grandes fragmentos de polipeptídios e uns poucos aminoácidos livres. 
Gráfico 2. Mostra a velocidade de ação da pepsina x pH no estômago
3.4. DIGESTÃO NO INTESTINO
 
O intestino delgado é o segmento do sistema digestivo que possui a capacidade de digerir bioquimicamente lipídeos, ácidos nucléicos, além de carboidratos e proteínas, os quais foram digeridos parcialmente na boca e no estômago respectivamente. A grande capacidade de o intestino delgado digerir vários tipos de macromoléculas deve-se ao fato deste segmento receber secreções digestivas tais como o suco pancreático, a bile, além do produzir o suco entérico, também importante no processor digestivo. 
Quando o alimento ácidificado chega ao intestino delgado estimula a secreção de hormônios importantes tais como a Secretina e a Colecistocinina (ou colecistoquinina-CCK). A secretina é estimulada pela acidez dos alimentos; enquanto que a secreção de colecisticinina é induzida pelas particulas de alimentos. 
A secretina é produzida no duodeno e atua sobre o pâncreas induzindo a liberação de suco pancreático, rico em íons bicarbonato, o qual tem função de neutralizar a acidez no duodeno provocada pelo ácido contido nos alimentos provinentes do estômgo. A colecistocinina também é produzida no duodeno e estimula a contração da vesícula biliar para a liberação da bile, e também atua sobre o pâncreas estimulando a liberação de enzimas digestivas. 
Figura 15. Esquema simplificado do controle hormonal da digestão. 1. Gastrina atuando sobre o estômago; 2. Secretina atua sobre a pâncreas; 3 e 4. Colecistocinina atua sobre a vesícula biliar e pâncreas; e 5.enterogastrona atua sobre o estômago.
3.5. PRODUÇÃO, CONSTITUIÇÃO E FUNÇÕES DAS SECREÇÕES DIGESTIVAS NO INTESTINO DELGADO 
A bile é produzida no fígado, armazenada na vesícula biliar, é rica em sais biliares, sendo lançada para o duodeno pelo canal colédoco (Ducto biliar comum). As gorduras (ex: triglicerídeos, fosfolipídeos, colesterol) possuem natureza hidrofóbica (que exclui as enzimas hidrossolúveis) além de uma surperfície limitada para ação das enzimas. Estas características exigem o papel fundamental dos sais biliares (principais componentes da bile) que é realizar uma ação de detergente, emulcificando as gotículas de gorduras em fragmentos menores, facilitando a ação das lípases (enzimas que digerem lipídios).
O suco pancreático é produzido no pâncreas e lançada para o duodeno pelo canal wirsung (ducto pancreático principal), contém íons bicarbonato e enzimas digestivas. As principais enzimas presentes no suco pancreático, e suas principais funções estão descritas no quadro abaixo.
Quadro 1: Principais enzimas do suco pancreático
	Enzima
	Substrato
	Produtos
	Lipase pancreática
	Lipídios
	Glicerol e ácidos graxos
	Carboxipeptidase
	Oligopeptídeos (COOH)
	Aminoácidos
	Quimiotripsina
	Peptídeos (aminoácidos aromáticos)
	Peptídeos e aminoácidos
	Tripsina
	Peptídeos (Arginina e lisina)
	Peptídeos e aminoácidos
	Rnase
	RNA
	Ribonucleotídeos
	Dnase
	DNA
	Desoxirribonucleotídeos
O suco entérico ou intestinal é produzido pelo lado luminal da membrana em forma de escova das células da mucosa intestinal. Esteuco apresenta-se formado pelas seguintes enzimas digestivas:
Principais enzimas do suco entérico
	
	ENZIMA
	SUBSTRATO
	PRODUTOS
	
	Aminopeptidase
	Oligopeptídeos (NH2)
	Aminoácidos
	
	Dipeptidase
	Dipeptídeos
	Aminoácidos
	
	Isomaltase
	Isomaltose
	Glicose + glicose
	
	Maltase
	Maltose
	Glicose + glicose
	
	Sacarase
	Sacarose
	Glicose + frutose
	
	Lactase
	Lactose
	Glicose + Galactose
 4. NECESSIDADE DE ALIMENTOS
 
O organismo requer nutrientes suficientes para proporcionar energia livre correspondente às necessidades diárias. A manutenção do peso corporal constante é o melhor indicador de que existe energia suficiente na dieta e cada grupo alimentar fornece energia própria à sua composição química, com as necessidades individuais de energia dependendo de vários fatores próprios do alimento e outros fatores inerentes de quem se alimenta.
A ingestão dos nutrientes deve ser feita de forma balanceada de modo a permitir a absorção sem carências ou excessos, pois caso isso não seja observado, sobrevêm a desnutrição e a obesidade, respectivamente, que são distúrbios patológicos oriundos da alimentação inadequada seja qualitativa ou quantitativamente.
A desnutrição constitui-se um grave distúrbio alimentício inerente a ingestão de quantidades insuficientes para manter o metabolismo basal. As substâncias de reserva são rapidamente esgotadas e os subprodutos metabólicos acarretam vários distúrbios que podem deixar seqüelas graves, apesar de, na maioria dos casos, o restabelecimento da dieta normal, promove a volta às condições de normalidade metabólica do indivíduo.
São comuns doenças nutricionais em crianças (principalmente por um fator social, típico de países do terceiro mundo) e em adultos em processo de emagrecimento espontâneo realizado por meio de dietas que levam em consideração simplesmente a privação da alimentação calórica.
A obesidade, por outro lado, corresponde a umadoença dos maus hábitos alimentares, onde o excesso de lipídios e carboidratos (que se convertem em lipídios no fígado, como veremos em capítulos posteriores) leva a um acúmulo de lipídios nos adipócitos acima dos níveis normais de massa corpórea para o indivíduo.
Este acúmulo promove a duplicação do número de adipócitos favorecendo o aumento da massa corpórea além nos limites normais para o indivíduo. Isso se dá devido ao tipo de tecido adiposo existente nas primeiras fases da vida, o tecido adiposo multilocular ou vermelho, que desaparece rapidamente podendo permanecer, entretanto, até a adolescência.
Já no início da maturação sexual, entretanto, há somente o tecido adiposo do tipo unilocular ou amarelo, que não mais se duplica, mas aumenta de tamanho até 100 vezes levando a um aumento no volume do tecido adiposo sem, no entanto, o aumento no número de células.
Um fato interessante é observado quando um pré-adolescente obeso é submetido a dieta hipocalórica e perde uma quantidade significativa de massa corporal em um curto período. Nestes casos, é observado o esvaziamento progressivo das reservas de lipídios dos adipócitos, sendo este estímulo desencadeante do processo de divisão celular o que faz com que haja um número maior de adipócitos após o término da dieta, apesar de conterem menos lipídios do que anteriormente. Entretanto, esse número duplicado de adipócitos permite uma maior absorção de lipídios quando o indivíduo retorna às condições alimentícias normais anterior à dieta, fazendo com que aumente a massa corporal mais rapidamente do que o tempo que levou para perdê-la, e em quantidade, freqüentemente, superior àquela observada antes da dieta.
Em adultos, o aumento da massa gordurosa se dá pelo aumento do volume dos adipócitos, o que torna o esvaziamento brusco, no caso das dietas exageradas, um fator de flacidez para o tecido adiposo que fica propício a ser reposto em seu volume quando termina a dieta. 
Desta forma, para o controle da obesidade (exceto para as formas geneticamente determinadas) o controle da massa corporal só é possível por um programa de reeducação alimentar aliado a incorporação de hábitos de atividades físicas para “queimar” o excesso de alimentos calóricos ingeridos diariamente.
Alguns tipos de câncer estão intimamente relacionados com o tipo de dieta, como o câncer de esôfago, estômago, intestino grosso, mama, pulmão e próstata. Aparecem, geralmente, entre os 70 e 80 anos sendo que 15% têm sobrevida de 5 anos. Outros fatores ambientais e genéticos influenciam na gênese desses tipos de câncer, porém é observado que em países onde a incidência de um tipo de câncer é baixa observa-se que os imigrantes para países onde a incidência do câncer á alta, passam a ter um aumento na incidência da doença, o que sugere a relação do surgimento da doença com fatores culturais do país, como é o caso dos tipos de alimentação.
A cárie dentária é um exemplo típico de doença causada pelo acúmulo de alimentos na cavidade bucal, nos espaços interdentários, que possibilita às bactérias e fungos da flora oral e àquelas presente na alimentação, proliferem e produzir produtos abrasivos (p.ex.: ácido láctico, etanol, aminas) que destroem progressivamente a dentina dando origem à cárie. As proteínas são utilizadas pelas bactérias para produzir uma matriz viscosa que se fixa aos dentes (placa bacteriana) que permite a proliferação de microorganismos para a produção dos produtos abrasivos.
Muitas outras doenças estão relacionadas a distúrbios alimentares, dentre elas destacam-se:
• Úlceras: relacionada com fatores alimentares, genéticos e psicológicos.
• Obstrução pilórica: por contração de uma úlcera, processo tumoral ou anomalia congênita e é caracterizada por vômitos, distensão abdominal e acidose metabólica por perda de ácido clorídrico;
• Anorexia: distúrbio nervoso que induz a fobia de ganhar peso.
• Bulimia: relacionada com compulsão para comer forçando o paciente a estimular o vômito para poder comer mais.
• Anemia perniciosa: acloridria e atrofiagástrica promovem a incapacidade de secretar o fator intrínseco de absorção da vitamina B12, fato comum em indivíduos anorexígenos.
Bolsa de Hartmann da vesícula biliar
PTIALINA
BOCA
pH
 NEUTRO
DEXTRINA
MOLTOSE E MALTOTRIOSE

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