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FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL caes e gatos parte 1

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Parte 1
Funcionamento e estrutura 
do sistema gastrointestinal
Marge Chandler
FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL 
DO CÃO E DO GATO
2
O Guia em Fisiopatologia Gastrointestinal do Cão e do Gato pretende 
ser um suporte de informação atualizado sobre os aspetos mais 
relevantes da patologia gastrointestinal canina e felina. O conteúdo 
está estruturado em 3 partes:
Parte 1:
Parte 2:
Parte 3:
FUNCIONAMENTO E ESTRUTURA DO 
SISTEMA GASTROINTESTINAL
PATOLOGIAS RELACIONADAS COM A DIETA
ENTEROPATIAS CRÓNICAS
1. Fisiologia gastrointestinal do cão e do gato
2. Fibra alimentar
5. Síndrome do intestino irritável
3. Probióticos e prebióticos
6. Doença inflamatória intestinal no cão e no gato
4. Reações adversas aos alimentos
3
Parte 1
INTRODUÇÃO pág. 4
ESTRUTURA E FUNÇÕES BÁSICAS pág. 4
A deglutição pág. 4
O estômago pág. 5 
O intestino delgado e o pâncreas pág. 10
A microflora intestinal pág. 12
Absorção das vitaminas pág. 13
SECÇÕES HISTOLÓGICAS DO TRATO GASTROINTESTINAL pág. 14
Índice
FUNCIONAMENTO E ESTRUTURA DO 
SISTEMA GASTROINTESTINAL
1. Fisiologia gastrointestinal do cão e do gato p.4
4
INTRODUÇÃO
As estatísticas indicam que as consultas por motivos gastrointestinais ocupam o primeiro lugar na 
prática da clínica veterinária de pequenos animais. Estas consultas incluem diferentes manifestações 
como vómitos, diarreias, obstipação, inflamação do trato gastrointestinal, alergias e intolerâncias 
alimentares...
Deve ter-se também em conta que a fisiologia gastrointestinal não é um tema simples de abordar, já que 
o processo digestivo é complexo e esta complexidade depende de diferentes fatores, podendo ser 
genéticos, alérgicos, infeciosos ou parasitários, entre outros.
ESTRUTURA E FUNÇÕES BÁSICAS 
A principal função do tubo digestivo é degradar os componentes dos alimentos e assimilar os seus 
nutrientes. Este processo inicia-se na boca, que segrega saliva durante a mastigação dos alimentos. 
Tanto o gato como o cão têm quatro pares de glândulas salivares: as parótidas, situadas à frente de cada 
orelha; as sublinguais, debaixo da língua; as submaxilares (ou mandibulares), debaixo da mandíbula 
inferior; e as zigomáticas, sobre a mandíbula superior, debaixo do olho. A saliva lubrifica os alimentos 
para facilitar a sua passagem e, no cão, também serve para refrigeração por evaporação durante o arfar. 
Contrariamente aos humanos, os cães e os gatos não têm a enzima α-amilase, que inicia o processo de 
decomposição do amido.
A DEGLUTIÇÃO
O reflexo de deglutir a comida é complexo porque envolve os músculos da língua, a cabeça, a faringe e o 
esófago. Após a sua formação, o bolo alimentar desloca-se para a orofaringe, onde se iniciam as 
contrações faríngeas que fazem com que o bolo avance para a laringofaringe. O orifício situado entre a 
orofaringe e a nasofaringe fecha-se de forma reflexa ao elevar o véu palatino e fechar as pregas 
palatofaríngeas. A abertura traqueal é protegida pelo encerramento da glote e pelo movimento da 
epiglote, que impedem que os alimentos passem para a traqueia. Os alimentos sólidos estimulam os 
recetores faríngeos de forma mais eficaz do que os líquidos. Os óleos não estimulam a deglutição, por 
isso o óleo mineral administrado por via oral costuma ser aspirado para a traqueia.
O movimento peristáltico que se inicia na faringe, progride para o esófago através do esfíncter 
gastroesofágico, sendo o principal movimento peristáltico da deglutição. Se os alimentos ou os líquidos 
não chegarem ao estômago com este movimento, gera-se um segundo movimento peristáltico graças à 
presença da distensão esofágica dos alimentos. No cão, a velocidade de deglutição dos líquidos varia 
entre os 80 e os 100 cm3 por segundo, ao passo que, no gato, é de apenas 1 a 2 cm por segundo. Talvez 
FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL 
DO CÃO E DO GATO
5
isto explique a tendência dos gatos de desenvolverem esofagite, se lhes forem administrados 
comprimidos por via oral sem água, tendo sido demonstrado que os comprimidos tendem a ficar 
no esófago.
O esófago do cão contém dois músculos oblíquos estriados que percorrem toda a sua longitude. No caso 
do gato, a túnica muscular consiste num músculo estriado, mas a secção abdominal e torácica caudal 
contém uma quantidade cada vez maior de músculo liso, até aos últimos 2 ou 3 cm do esófago, onde só 
existe músculo liso. Isto poderá explicar as diferenças apresentadas pelas respetivas deglutições.
O ESTÔMAGO
O esfíncter gastroesofágico (EGE) é importante para manter uma zona de alta pressão entre o esófago 
e o estômago, de modo a evitar a produção de refluxo do conteúdo gástrico para o esófago. O tipo de 
alimento ingerido afeta a pressão do EGE. As comidas proteicas fazem aumentar a pressão, certamente 
graças ao aumento da gastrina. As gorduras fazem com que a pressão do EGE diminua devido ao aumento 
da estimulação da colecistocinina e à inibição do aumento produzido pela gastrina.
Anatomia das glândulas salivares num cão.
Glândula parótida Ducto parotídeo
Glândula sublingual
Glândula zigomática
Orifício do ducto 
zigomático maior
Glândula parótida
Orifício do ducto 
sublingual
Orifício do ducto 
mandibular
Glândula mandibular
6
O EGE relaxa temporariamente para permitir a eructação dos gases; durante este processo de relaxamento, 
também pode ocorrer um refluxo dos fluidos para o esófago. É algo normal, mas, em alguns cães, pode 
ocorrer de forma excessiva ou até retardar o ritmo de eliminação do ácido do esófago, o que causa esofagite.
O estômago está situado à esquerda do plano médio do corpo. Quando está vazio, encontra-se dentro do 
arco costal. Um estômago vazio normal não é palpável com um exame físico. Mesmo com o estômago 
cheio, o examinador poderá ter de afundar os dedos sob o arco costal para conseguir palpar um 
estômago normal.
Anatomicamente, o estômago divide-se em cinco regiões: cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. 
Fisiologicamente, o estômago tem uma parte proximal, que armazena os alimentos de forma temporária, 
e uma parte distal, que regula a libertação de ácido clorídrico, tritura as partículas de comida e controla 
o esvaziamento do estômago. O fundo dilata-se em resposta à entrada de alimentos num relaxamento 
recetor que resulta numa redução da atividade motora e da pressão fúndica.
Os cães costumam alimentar-se à base de alimentos grandes, ao passo que os gatos tendem a ingerir 
quantidades mais pequenas mas com maior frequência. Por este motivo, a capacidade de 
armazenamento do estômago provavelmente apresentará uma maior importância no caso do cão.
Vista endoscópica do esófago de um gato. 
Características: estriações circulares da musculatura lisa com vasos sanguíneos salientes na submucosa. 
Foto cortesia do Dr. D. Gunn-Moore.
7
O estômago participa nas fases iniciais da digestão com a secreção de ácido clorídrico e de pepsinogénio. 
Os músculos do antro trituram as partículas alimentares e o movimento peristáltico percorre desde o 
corpo do estômago até ao antro, em direção ao piloro, que costuma estar parcialmente fechado. Depois, 
um forte movimento retrógrado desloca os alimentos de volta para o antro proximal, sendo assim 
triturados até se converterem em partículas suficientemente pequenas para passarem pelo piloro.
As principais enzimas digestivas do estômago do cão são a pepsina e a lipase. A pepsina inicia a 
digestão das proteínas e converte-as em péptidos. Efetua a sua função em condições ótimas quando 
o  pH é de 2,0, pelo que a sua função diminui quando os alimentos chegam ao intestino delgado. 
A sua atividade é mais importante na digestão das proteínas animais do que nas vegetais. 
Descrição do movimento peristáltico no estômago.
(Adaptado de Guilford, Strombeck, 1996, p 239, Saunders)
Microestrutura da parede do estômago
Microstructura de la pared del estómago
Mucosa
Submucosa
(contém
plexo
submucoso)
Muscularis
externa
(contém
plexo
mioentérico)
Epitélio
laminar
Lâmina
própria
Muscularis
mucosae
Camada
oblíqua
Camada
circular
Camada
longitudinalSerosa
PAREDE DO ESTÔMAGO
Glândulas gástricas
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Célula endócrina
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Los principales enzimas digestivos del estómago del perro son la pepsina
y la lipasa. La pepsina inicia la digestión de las proteínas y las convierte
en péptidos, y desarrolla su función en condiciones óptimas cuando el pH
es de 2,0, de modo que su función disminuye cuando los alimentos llegan
al intestino delgado. Su actividad es más importante en la digestión de
las proteínas cárnicas que en las vegetales. De ahí que, según la dieta del
perro, la pepsina sea más importante para el gato que para el perro.
La lipasa gástrica contribuye a descomponer los ácidos grasos de cadena
larga, pero, comparada con la lipasa pancreática, su contribución resulta
muy pequeña.
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Imagem comparativa entre o trato gastrointestinal do cão e do gato.Imagen comparativa entre el tracto gastrointestinal del perro y el gato.
Cão (Canis familiaris)
Comprimento corporal: 90 cm
Gato (Felis catus)
Comprimento corporal: 50 cm
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Entre las vellosidades están las criptas de Lieberkühn, que contienen
células inmaduras o células madre que al madurar transforman las vellosidades
en células epiteliales vellosas completamente diferenciadas. La migración
dura unos 2 días y las células se consideran maduras cuando se ha completado
entre media y una tercera parte de la migración. Una cantidad elevada de
bacterias, un trauma físico o un trauma químico pueden acortar la
supervivencia celular epitelial y provocar atro�a vellosa. Los medicamentos
que inter�eren con la multiplicación celular (p. ej. muchos medicamentos
de quimioterapia) impiden la renovación celular normal, igual que lo hace
el ayuno. Un dé�cit de vitamina B12 (cobalamina) o de folatos también
provoca la atro�a de las mucosas. La conservación de la capa mucosa es
vital para la función protectora del intestino, que evita la aparición sistémica
de bacterias u otros agentes perjudiciales dentro del intestino. Mantienen
Lorem ipsum
Microestrutura da parede do estômago.Microestructura de la pared del intestino delgado.
Enterócitos
Vaso 
quilífero
Células
caliciformes
Capilares
sanguíneos
Vilosidades
Submucosa
Microvilosidades
Absorvente
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el buen estado de esta barrera protectora los alimentos que llegan al
intestino, sobre todo los componentes de �bra y glutamina presentes en
la dieta.
La motilidad del intestino delgado mezcla y ralentiza el paso del contenido
y también lo desplaza en dirección aboral. Las contracciones rítmicas
ralentizan el movimiento, mientras que el peristaltismo empuja el contenido
en dirección aboral, de modo que existe una coordinación de efectos «de
rotura y aceleración». La duración de la transmisión de los alimentos al
intestino delgado en el perro parece oscilar entre una y dos horas y en el
gato, entre dos y tres horas.
9
Por essa razão, considerando a dieta do cão, a pepsina será mais importante para o gato do que para 
o cão.
A lipase gástrica contribui para a decomposição dos ácidos gordos de cadeia longa, mas, comparativamente 
à lipase pancreática, a sua contribuição acaba por ser muito pouca.
ALIMENTO ENZIMA(S) E FONTE LOCAL DE AÇÃO VIA DE ABSORÇÃO
ALIMENTO
Amido e dissacarídeos
Oligossacarídeos e dissacarídeos
Maltose
Glicose
Sacarose
Frutose
Lactose
Galactose
Amilase salivar
Amilase pancreática
Boca Os monossacarídeos glicose 
e galactose são absorvidos 
através de cotransporte com iões 
de sódio; a frutose passa por 
difusão facilitada. Todos os 
monossacarídeos penetram no 
sangue capilar das vilosidades e 
chegam ao fígado através da veia 
portal hepática.
Enzimas da bordadura 
em escova no intestino 
delgado (dextrinase, 
glucoamilase, lactase, 
maltase e sacarase)
Intestino
delgado
ALIMENTO
Pepsina (glândulas do 
estômago) na presença 
de HCl
Estômago Os aminoácidos são absorvidos 
através de cotransporte com iões 
de sódio; penetram no sangue 
capilar das vilosidades e chegam 
ao fígado através da veia portal 
hepática.
Enzimas pancreáticas 
(tripsina, quimiotripsina, 
carboxipeptidase)
Intestino 
delgado
Enzimas da bordadura em 
escova (aminopeptidase, 
carboxipeptidase e 
dipeptidase)
Intestino 
delgado
ALIMENTO
Emulsionadas pela 
ação detergente 
dos sais biliares 
canalizados desde 
o fígado
Intestino 
delgado
Os ácidos gordos e os 
monoglicerídeos entram nas 
células intestinais por difusão. 
Combinam-se com proteínas 
dentro das células e os 
quilomícrons resultantes são 
extrudidos. Penetram nos vasos 
quilíferos das vilosidades e são 
transportados para a circulação 
sistémica através da linfa do 
ducto torácico. (O glicerol e os 
ácidos gordos de cadeia curta/
média são absorvidos no sangue 
capilar das vilosidades e chegam 
ao fígado através da veia portal 
hepática.)
Lipase pancreática Intestino 
delgado
ALIMENTO
Ribonuclease e 
desoxirribonuclease 
pancreáticas
Intestino 
delgado
Transporte ativo através de 
transportadores da membrana: 
são absorvidas no sangue capilar 
das vilosidades e chegam ao 
fígado através da veia 
portal hepática.
Enzimas da bordadura 
em escova (nucleosidases 
e fosfatases)
Intestino 
delgado
Esquema da digestão e absorção químicas dos alimentos.
Proteínas
Polipéptidos maiores
Polipéptidos menores, péptidos menores
Aminoácidos
(alguns dipéptidos e tripéptidos)
Gorduras não emulsionadas
Monoglicerídeos
e ácidos gordos
Glicerol e
ácidos gordos
Ácidos nucleicos
Açúcares pentose,
bases que contêm N, iões fosfato
10
O piloro e o antro funcionam como uma única unidade que regula o esvaziamento dos alimentos sólidos. 
No caso do cão, as partículas alimentares costumam medir menos de 2 mm antes de passarem pelo piloro. 
As partículas maiores e difíceis de digerir não saem do estômago até ao final do período interdigestivo 
(após terminar a digestão). Nos cães submetidos a jejum, um complexo motor interdigestivo (complexo 
motor migratório) move-se pelo estômago e pelos intestinos para eliminar estas partículas de maior 
tamanho (e, às vezes, também corpos estranhos) e conduzi-las para os intestinos. Este processo também 
é denominado “movimento de limpeza doméstica”. O impulso elétrico dos gatos é diferente do dos cães: o 
movimento é estimulado por um complexo migratório de pontos que consegue realizar a mesma função.
O INTESTINO DELGADO E O PÂNCREAS
A maior parte da digestão enzimática dos alimentos tem lugar no intestino delgado, que se divide em 
duodeno, jejuno e íleo, embora esta divisão não corresponda a qualquer distinção anatómica entre as 
partes. O intestino delgado do cão apresenta um comprimento que varia entre os 1,8 e os 4,8 m, e o do 
gato mede aproximadamente 1,3 m. Assim como o esófago e o estômago, o intestino contém camadas 
mucosas, submucosas e musculares. As mucosas consistem numa única camada de células epiteliais 
que têm sobre si a lâmina própria. Por todas as células epiteliais encontram-se distribuídas as células 
caliciformes, produtoras de muco. A superfície luminal consiste numa bordadura em escova composta 
por microvilosidades que aumentam a superfície de digestão e absorção. Dispõem de mecanismos 
especiais para transportar monossacarídeos e aminoenzimas e contêm enzimas para digerir os 
dissacarídeos, oligossacarídeos e alguns péptidos menores. As microvilosidades intestinais contêm 
também proteínas que transportam outras substâncias como o cálcio, o ferro e a cobalamina.
Entre as vilosidades estão as criptas de Lieberkühn, que contêm células imaturas ou células-mães que, 
ao atingirem a maturidade, transformam as vilosidades em células epiteliais vilosas totalmente 
diferenciadas. A migração dura cerca de 2 dias e as células consideram-se maduras quando metade a um 
terço da migraçãoestá concluída. Uma quantidade elevada de bactérias, um trauma físico ou um trauma 
químico podem encurtar a sobrevivência celular epitelial e provocar atrofia vilosa. Os medicamentos que 
interferem com a multiplicação celular (por exemplo, muitos medicamentos de quimioterapia) impedem 
a renovação celular normal, tal como o jejum. Um défice de vitamina B12 (cobalamina) ou de folatos 
também provoca a atrofia das mucosas. A conservação da camada mucosa é vital para a função 
protetora do intestino, que evita o aparecimento sistémico de bactérias ou outros agentes prejudiciais 
dentro do intestino. O bom estado desta barreira protetora é mantido pelos alimentos que chegam ao 
intestino, sobretudo os componentes de fibra e glutamina presentes na dieta.
A motilidade do intestino delgado mistura e abranda a passagem do conteúdo e também o desloca em 
direção aboral. As contrações rítmicas abrandam o movimento, ao passo que o peristaltismo empurra o 
conteúdo em direção aboral, existindo uma coordenação de efeitos “de rotura e aceleração”. A duração 
da transmissão dos alimentos para o intestino delgado parece variar entre uma e duas horas no cão e 
entre duas e três horas no gato.
O pâncreas secreta enzimas fundamentais para a digestão dos hidratos de carbono, das proteínas e dos 
lípidos. Muitos destes são secretados como precursores inativos, como a tripsina, a quimiotripsina
e a carboxipeptidase, que são ativados dentro do intestino delgado. A α-amilase pancreática decompõe 
o amido na ligação 1,4-alfa para produzir maltose e maltotriose. É incapaz de digerir as ligações 1,6 das 
amilopectinas de algumas fontes de fibra. A hidrólise final dos hidratos de carbono é realizada pelas 
enzimas da bordadura em escova e produz glicose, que é absorvida pelos enterócitos.
11
As enzimas da bordadura em escova são afetadas pela dieta, pelas doenças e pela idade. Quando o 
animal atinge a maturidade, a quantidade de lactase diminui e, por isso, os animais adultos podem não 
tolerar o dissacarídeo lactose do leite. Quando se muda a dieta, as enzimas demoram cerca de dois dias 
a adaptar-se à mudança (enquanto as células epiteliais migram para as vilosidades) e as mudanças 
dietéticas abruptas podem resultar num aumento de hidratos de carbono não digeridos, o que causa 
uma diarreia osmótica antes da adaptação. As enterites, independentemente da sua causa, podem ter 
como consequência uma perda da atividade enzimática e provocar diarreia. Nos animais que têm um 
grande número de bactérias intestinais, os sais biliares podem ser desconjugados em quantidades 
suficientemente grandes para danificar as microvilosidades. O jejum também reduz as enzimas da 
bordadura em escova, pelo que o reinício da alimentação deve ser feito de forma gradual, de modo a 
permitir o aumento da atividade enzimática.
As proteínas devem ser hidrolisadas sob a forma de péptidos ou aminoácidos antes de serem absorvidas. 
Processo detalhado da digestão dos lípidos.
Abreviaturas: CL colesterol, TAG triacilglicerol, BS sais biliares, PL fosfolípidos, MAG monoacilglicerol, 
FA ácidos gordos, LPA ácido lisofosfatídico, DAG diacilglicerol, GPAT glicerol-3-fosfato aciltransferase, 
MGAT monoacilglicerol aciltransferase, ACAT acil-CoA: colesterol aciltransferase, PA ácido fosfatídico, 
DGAT diacilglicerol aciltransferase, ApoB apolipoproteína B, MTP proteínas microssomais 
transportadoras de triglicerídeos, CM quilomícrons.
Detalle del proceso de digestión de los lípidos. 
Abreviaciones: CL colesterol, TAG triacilglicerol, BS Sales biliares, PL Fosfolípidos, MAG monoacilglicerol, FA ácidos grasos,
LPA ácid lisofosfatídico, DAG diacilglicerol, AGPAT 1-acyl-glicerol-3-fosfato aciltransferasa, MGAT monoacilglicerol aciltransferasa,
ACAT acil-CoA: colesterol aciltransferasa, PA ácido fosfatídico, DGAT diacilglicerol aciltransferasa, ApoB apolipoproteina B, MTP
proteínas microsomales transferentes de triglicéridos, CM quilomicrones.
EMULSÃO
DIGESTÃO
MICELA MISTA
ABSORÇÃO (Enterócito)
LINFA
El páncreas secreta enzimas fundamentales para la digestión de los
hidratos de carbono, las proteínas y los lípidos. Muchos de ellos son
secretados como precursores inactivos como la tripsina, la quimotripsina
y la carboxilpeptidasa, que se activan dentro del intestino delgado. La ` -
amilasa pancreática descompone el almidón en el enlace 1,4-alfa para
producir maltosa y maltotriosa. Es incapaz de digerir los enlances 1,6 de
las amilopectinas de algunas fuentes de �bra. La hidrólisis �nal de los FI
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TG
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Este processo começa no estômago com a pepsina e termina em grande parte no intestino delgado 
proximal com as enzimas pancreáticas tripsina, quimiotripsina, elastase e carboxipeptidase. As enzimas 
pancreáticas são mais importantes para a digestão do que a pepsina gástrica. O ritmo de produção e de 
libertação das enzimas pancreáticas depende das proteínas que compõem a dieta.
A digestão dos lípidos requer lipase pancreática e ácidos biliares. A lipase hidrolisa os ácidos gordos dos 
triglicerídeos, mas deixa os monoglicerídeos, que conseguem interagir com os ácidos biliares e formar 
micelas. As micelas também contêm vitaminas lipossolúveis e colesterol. Como a parte não polar dos 
ácidos biliares se mistura com lípidos no centro da micela e a superfície externa é polar, é mais provável 
que passem através das membranas celulares da bordadura em escova. Sem lipase nem ácidos biliares, 
só é possível absorver-se 50% da gordura. Os triglicerídeos de cadeias mais longas reformulam-se dentro 
da célula, incorporando-se nos quilomícrons e sendo transportados através dos vasos linfáticos. Os 
ácidos gordos de cadeia mais curta podem aceder diretamente à circulação portal.
Além de assimilar nutrientes, o intestino desempenha um papel importante na secreção de fluidos e 
eletrólitos. Num animal com 20 kg de peso, podem entrar e sair, todos os dias, entre 8 e 10 litros de 
fluidos. Se tiver problemas de absorção ou a secreção for excessiva, pode sofrer diarreia.
A quantidade de bactérias do intestino delgado de um cão é inferior a 104/l, ao contrário do íleo distal, 
onde pode ultrapassar as 106/l. Os estreptococos e os lactobacilos predominam no duodeno e no jejuno, 
ao passo que a Escherichia coli e as bactérias anaeróbicas se encontram em maior proporção no íleo. No 
gato, o número de bactérias duodenais é muito maior e varia entre as 2,2 x 105 e as 1,6 x 108 unidades 
formadoras de colónias/litro. As bactérias mais frequentes no gato são
o aeróbio Pasteurella e os anaeróbios Bacteroides, Eubacteria e Fusobacteria.
O intestino grosso é composto pelo cólon, o ceco e o reto. O seu comprimento é de 0,6 metros num cão 
de tamanho médio e de cerca de 0,4 m num gato adulto. A principal função do cólon é a absorção de 
eletrólitos e água e a fermentação bacteriana dos nutrientes que não tiverem sido absorvidos. Embora o 
cólon não tenha vilosidades, contém criptas de Lieberkühn, que secretam um muco alcalino. Os alimentos 
não digeridos permanecem aproximadamente 12 horas no intestino grosso do cão e do gato, embora isto 
dependa da composição dos alimentos, sobretudo da quantidade e do tipo de fibra. Nos gatos, o cólon 
ascendente esvazia-se com bastante rapidez e o cólon transverso é a zona mais importante para 
misturar, armazenar e secar os alimentos ingeridos. O cólon transverso do gato apresenta uma quantidade 
considerável de peristaltismo inverso, que responde à sua função de mistura.
A MICROBIOTA INTESTINAL
O intestino grosso contém uma grande quantidade de bactérias de diferentes espécies, sendo a maioria 
anaeróbicas. Os géneros mais abundantes são Streptococcus, Lactobacilus, Bacteroides e Clostridium. 
Os ingredientes dietéticos incluem os prebióticos, que podem afetar a composição da população 
bacteriana. As bactérias do cólon fermentam os nutrientes não absorvidos, que incluem os amidos 
resistentes, a fibra dietética e algumas proteínas. 
Os principaisprodutos resultantes da fermentação são os ácidos gordos de cadeia curta (AGCC) (acetato, 
propionato e butirato), o lactato, o dióxido de carbono, o amoníaco, o hidrogénio, o sulfureto de 
hidrogénio, o metano, os ácidos gordos de cadeia ramificada, as aminas, os fenóis e os indóis. O butirato 
desempenha um papel importante como fonte de energia para os colonócitos e observou-se que os 
colonócitos caninos oxidam o butirato 4,5 vezes mais depressa do que a glicose. 
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Os AGCC estimulam também a proliferação de colonócitos; esta melhoria no crescimento da mucosa 
reforça a função protetora e faz com que a translocação bacteriana diminua. Outra função dos AGCC 
é estimular a absorção da água e do sódio.
ABSORÇÃO DAS VITAMINAS
Além da assimilação de macronutrientes, o intestino regula a absorção das vitaminas. As vitaminas 
lipossolúveis A, D e E são absorvidas com os lípidos, e o mesmo acontece na ingestão da vitamina 
K, que também é produzida pelas bactérias do intestino delgado. As vitaminas hidrossolúveis são 
absorvidas por difusão, com muito poucas exceções. Na absorção da cobalamina (vitamina B12) o 
processo é mais complexo.
A absorção da cobalamina dá-se em combinação com o fator intrínseco (FI). O pâncreas é o principal 
produtor de FI no cão e o único produtor de FI no gato. O FI liberta a cobalamina quando entra no 
enterócito. Embora se pensasse que a maioria da absorção da cobalamina se realizava no íleo, alguns 
estudos demonstram que também é absorvida no jejuno do cão e do gato. Os cães com enteropatias 
e os gatos com enteropatias, colangite, angiocolite ou transtornos pancreáticos sofrem o risco de ter 
deficiência de cobalamina porque a sua absorção é menor. As bactérias intestinais consomem 
cobalamina e acredita-se que uma quantidade excessiva de bactérias provoca uma deficiência desta 
vitamina. Existem casos clínicos de erros inatos do metabolismo em gatos e cães que provocaram 
uma deficiência de cobalamina.
14
Fotos de secção histológica cedidas pelo Departamento de Histologia e Anatomia Patológica da 
Faculdade de Veterinária da Universidade Autónoma de Barcelona.
SECÇÕES HISTOLÓGICAS
DO TRATO GASTROINTESTINAL
Glândulas salivares
Língua
15
Esófago
Estômago
16
Fígado
Intestino delgado
17
Bibliografia recomendada
• Ad Hoc Committee on dog and cat nutrition, National Research Council(2006). Comparative 
digestive physiology of dogs and cats. The National Academies Press, Washington DC. Págs. 
5-21.
• Ad Hoc Committee on dog and cat nutrition, National Research Council(2006). Vitamins. 
The National Academies Press, Washington DC. Págs.193-245.
• Johnston K, Lamport A, and Batt RM (1993) An unexpected bacterial flora in the proximal 
small intestine of normal cats. Vet Rec 132:362-363.
• Maskell IE and Johnson JV (1993) Digestion and absorption. The Waltham Book of 
Companion Animal Nutrition. I Burger, editor. Pergammon Press. Págs. 25-44.
• Ruaux CG, Steiner JM, Williams DA (2001) Metabolism of amino acids in cats with severe 
cobalamin deficiency. Am J Vet Res. 62:1852-1858.
• Strombeck DR (1996) Small and large intestine. In Guilford WG, Center SA, Strombeck DR, 
Williams DA and Meyer DJ editors, Strombeck’s Small Animal Gastroenterology. 
Philadelphia, WB Saunders.Pp 318-350.
• Strombeck DR and Guilford WG. (1996) Gastric structure and function. In Guilford WG, 
Center SA, Strombeck DR, Williams DA and Meyer DJ editors, Strombeck’s Small Animal 
Gastroenterology. Philadelphia, WB Saunders. Págs. 239-255.
• Strombeck DR and Guilford WG. (1996) Pharynx and esophagus. In Guilford WG, Center 
SA, Strombeck DR, Williams DA and Meyer DJ editors, Strombeck’s Small Animal 
Gastroenterology. Philadelphia, WB Saunders. Págs. 202-210.
Pâncreas
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