Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Parte 1 Funcionamento e estrutura do sistema gastrointestinal Marge Chandler FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL DO CÃO E DO GATO 2 O Guia em Fisiopatologia Gastrointestinal do Cão e do Gato pretende ser um suporte de informação atualizado sobre os aspetos mais relevantes da patologia gastrointestinal canina e felina. O conteúdo está estruturado em 3 partes: Parte 1: Parte 2: Parte 3: FUNCIONAMENTO E ESTRUTURA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL PATOLOGIAS RELACIONADAS COM A DIETA ENTEROPATIAS CRÓNICAS 1. Fisiologia gastrointestinal do cão e do gato 2. Fibra alimentar 5. Síndrome do intestino irritável 3. Probióticos e prebióticos 6. Doença inflamatória intestinal no cão e no gato 4. Reações adversas aos alimentos 3 Parte 1 INTRODUÇÃO pág. 4 ESTRUTURA E FUNÇÕES BÁSICAS pág. 4 A deglutição pág. 4 O estômago pág. 5 O intestino delgado e o pâncreas pág. 10 A microflora intestinal pág. 12 Absorção das vitaminas pág. 13 SECÇÕES HISTOLÓGICAS DO TRATO GASTROINTESTINAL pág. 14 Índice FUNCIONAMENTO E ESTRUTURA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL 1. Fisiologia gastrointestinal do cão e do gato p.4 4 INTRODUÇÃO As estatísticas indicam que as consultas por motivos gastrointestinais ocupam o primeiro lugar na prática da clínica veterinária de pequenos animais. Estas consultas incluem diferentes manifestações como vómitos, diarreias, obstipação, inflamação do trato gastrointestinal, alergias e intolerâncias alimentares... Deve ter-se também em conta que a fisiologia gastrointestinal não é um tema simples de abordar, já que o processo digestivo é complexo e esta complexidade depende de diferentes fatores, podendo ser genéticos, alérgicos, infeciosos ou parasitários, entre outros. ESTRUTURA E FUNÇÕES BÁSICAS A principal função do tubo digestivo é degradar os componentes dos alimentos e assimilar os seus nutrientes. Este processo inicia-se na boca, que segrega saliva durante a mastigação dos alimentos. Tanto o gato como o cão têm quatro pares de glândulas salivares: as parótidas, situadas à frente de cada orelha; as sublinguais, debaixo da língua; as submaxilares (ou mandibulares), debaixo da mandíbula inferior; e as zigomáticas, sobre a mandíbula superior, debaixo do olho. A saliva lubrifica os alimentos para facilitar a sua passagem e, no cão, também serve para refrigeração por evaporação durante o arfar. Contrariamente aos humanos, os cães e os gatos não têm a enzima α-amilase, que inicia o processo de decomposição do amido. A DEGLUTIÇÃO O reflexo de deglutir a comida é complexo porque envolve os músculos da língua, a cabeça, a faringe e o esófago. Após a sua formação, o bolo alimentar desloca-se para a orofaringe, onde se iniciam as contrações faríngeas que fazem com que o bolo avance para a laringofaringe. O orifício situado entre a orofaringe e a nasofaringe fecha-se de forma reflexa ao elevar o véu palatino e fechar as pregas palatofaríngeas. A abertura traqueal é protegida pelo encerramento da glote e pelo movimento da epiglote, que impedem que os alimentos passem para a traqueia. Os alimentos sólidos estimulam os recetores faríngeos de forma mais eficaz do que os líquidos. Os óleos não estimulam a deglutição, por isso o óleo mineral administrado por via oral costuma ser aspirado para a traqueia. O movimento peristáltico que se inicia na faringe, progride para o esófago através do esfíncter gastroesofágico, sendo o principal movimento peristáltico da deglutição. Se os alimentos ou os líquidos não chegarem ao estômago com este movimento, gera-se um segundo movimento peristáltico graças à presença da distensão esofágica dos alimentos. No cão, a velocidade de deglutição dos líquidos varia entre os 80 e os 100 cm3 por segundo, ao passo que, no gato, é de apenas 1 a 2 cm por segundo. Talvez FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL DO CÃO E DO GATO 5 isto explique a tendência dos gatos de desenvolverem esofagite, se lhes forem administrados comprimidos por via oral sem água, tendo sido demonstrado que os comprimidos tendem a ficar no esófago. O esófago do cão contém dois músculos oblíquos estriados que percorrem toda a sua longitude. No caso do gato, a túnica muscular consiste num músculo estriado, mas a secção abdominal e torácica caudal contém uma quantidade cada vez maior de músculo liso, até aos últimos 2 ou 3 cm do esófago, onde só existe músculo liso. Isto poderá explicar as diferenças apresentadas pelas respetivas deglutições. O ESTÔMAGO O esfíncter gastroesofágico (EGE) é importante para manter uma zona de alta pressão entre o esófago e o estômago, de modo a evitar a produção de refluxo do conteúdo gástrico para o esófago. O tipo de alimento ingerido afeta a pressão do EGE. As comidas proteicas fazem aumentar a pressão, certamente graças ao aumento da gastrina. As gorduras fazem com que a pressão do EGE diminua devido ao aumento da estimulação da colecistocinina e à inibição do aumento produzido pela gastrina. Anatomia das glândulas salivares num cão. Glândula parótida Ducto parotídeo Glândula sublingual Glândula zigomática Orifício do ducto zigomático maior Glândula parótida Orifício do ducto sublingual Orifício do ducto mandibular Glândula mandibular 6 O EGE relaxa temporariamente para permitir a eructação dos gases; durante este processo de relaxamento, também pode ocorrer um refluxo dos fluidos para o esófago. É algo normal, mas, em alguns cães, pode ocorrer de forma excessiva ou até retardar o ritmo de eliminação do ácido do esófago, o que causa esofagite. O estômago está situado à esquerda do plano médio do corpo. Quando está vazio, encontra-se dentro do arco costal. Um estômago vazio normal não é palpável com um exame físico. Mesmo com o estômago cheio, o examinador poderá ter de afundar os dedos sob o arco costal para conseguir palpar um estômago normal. Anatomicamente, o estômago divide-se em cinco regiões: cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. Fisiologicamente, o estômago tem uma parte proximal, que armazena os alimentos de forma temporária, e uma parte distal, que regula a libertação de ácido clorídrico, tritura as partículas de comida e controla o esvaziamento do estômago. O fundo dilata-se em resposta à entrada de alimentos num relaxamento recetor que resulta numa redução da atividade motora e da pressão fúndica. Os cães costumam alimentar-se à base de alimentos grandes, ao passo que os gatos tendem a ingerir quantidades mais pequenas mas com maior frequência. Por este motivo, a capacidade de armazenamento do estômago provavelmente apresentará uma maior importância no caso do cão. Vista endoscópica do esófago de um gato. Características: estriações circulares da musculatura lisa com vasos sanguíneos salientes na submucosa. Foto cortesia do Dr. D. Gunn-Moore. 7 O estômago participa nas fases iniciais da digestão com a secreção de ácido clorídrico e de pepsinogénio. Os músculos do antro trituram as partículas alimentares e o movimento peristáltico percorre desde o corpo do estômago até ao antro, em direção ao piloro, que costuma estar parcialmente fechado. Depois, um forte movimento retrógrado desloca os alimentos de volta para o antro proximal, sendo assim triturados até se converterem em partículas suficientemente pequenas para passarem pelo piloro. As principais enzimas digestivas do estômago do cão são a pepsina e a lipase. A pepsina inicia a digestão das proteínas e converte-as em péptidos. Efetua a sua função em condições ótimas quando o pH é de 2,0, pelo que a sua função diminui quando os alimentos chegam ao intestino delgado. A sua atividade é mais importante na digestão das proteínas animais do que nas vegetais. Descrição do movimento peristáltico no estômago. (Adaptado de Guilford, Strombeck, 1996, p 239, Saunders) Microestrutura da parede do estômago Microstructura de la pared del estómago Mucosa Submucosa (contém plexo submucoso) Muscularis externa (contém plexo mioentérico) Epitélio laminar Lâmina própria Muscularis mucosae Camada oblíqua Camada circular Camada longitudinalSerosa PAREDE DO ESTÔMAGO Glândulas gástricas Pr eg a gá st ri ca Pr eg as g ás tr ic as Célula endócrina FI SI OL OG ÍA G AS TR OI NT ES TI NA L DE L PE RR O Y DE L GA TO 14 Los principales enzimas digestivos del estómago del perro son la pepsina y la lipasa. La pepsina inicia la digestión de las proteínas y las convierte en péptidos, y desarrolla su función en condiciones óptimas cuando el pH es de 2,0, de modo que su función disminuye cuando los alimentos llegan al intestino delgado. Su actividad es más importante en la digestión de las proteínas cárnicas que en las vegetales. De ahí que, según la dieta del perro, la pepsina sea más importante para el gato que para el perro. La lipasa gástrica contribuye a descomponer los ácidos grasos de cadena larga, pero, comparada con la lipasa pancreática, su contribución resulta muy pequeña. 8 Imagem comparativa entre o trato gastrointestinal do cão e do gato.Imagen comparativa entre el tracto gastrointestinal del perro y el gato. Cão (Canis familiaris) Comprimento corporal: 90 cm Gato (Felis catus) Comprimento corporal: 50 cm FI SI OL OG ÍA G AS TR OI NT ES TI NA L DE L PE RR O Y DE L GA TO 16 Entre las vellosidades están las criptas de Lieberkühn, que contienen células inmaduras o células madre que al madurar transforman las vellosidades en células epiteliales vellosas completamente diferenciadas. La migración dura unos 2 días y las células se consideran maduras cuando se ha completado entre media y una tercera parte de la migración. Una cantidad elevada de bacterias, un trauma físico o un trauma químico pueden acortar la supervivencia celular epitelial y provocar atro�a vellosa. Los medicamentos que inter�eren con la multiplicación celular (p. ej. muchos medicamentos de quimioterapia) impiden la renovación celular normal, igual que lo hace el ayuno. Un dé�cit de vitamina B12 (cobalamina) o de folatos también provoca la atro�a de las mucosas. La conservación de la capa mucosa es vital para la función protectora del intestino, que evita la aparición sistémica de bacterias u otros agentes perjudiciales dentro del intestino. Mantienen Lorem ipsum Microestrutura da parede do estômago.Microestructura de la pared del intestino delgado. Enterócitos Vaso quilífero Células caliciformes Capilares sanguíneos Vilosidades Submucosa Microvilosidades Absorvente FI SI OL OG ÍA G AS TR OI NT ES TI NA L DE L PE RR O Y DE L GA TO 17 el buen estado de esta barrera protectora los alimentos que llegan al intestino, sobre todo los componentes de �bra y glutamina presentes en la dieta. La motilidad del intestino delgado mezcla y ralentiza el paso del contenido y también lo desplaza en dirección aboral. Las contracciones rítmicas ralentizan el movimiento, mientras que el peristaltismo empuja el contenido en dirección aboral, de modo que existe una coordinación de efectos «de rotura y aceleración». La duración de la transmisión de los alimentos al intestino delgado en el perro parece oscilar entre una y dos horas y en el gato, entre dos y tres horas. 9 Por essa razão, considerando a dieta do cão, a pepsina será mais importante para o gato do que para o cão. A lipase gástrica contribui para a decomposição dos ácidos gordos de cadeia longa, mas, comparativamente à lipase pancreática, a sua contribuição acaba por ser muito pouca. ALIMENTO ENZIMA(S) E FONTE LOCAL DE AÇÃO VIA DE ABSORÇÃO ALIMENTO Amido e dissacarídeos Oligossacarídeos e dissacarídeos Maltose Glicose Sacarose Frutose Lactose Galactose Amilase salivar Amilase pancreática Boca Os monossacarídeos glicose e galactose são absorvidos através de cotransporte com iões de sódio; a frutose passa por difusão facilitada. Todos os monossacarídeos penetram no sangue capilar das vilosidades e chegam ao fígado através da veia portal hepática. Enzimas da bordadura em escova no intestino delgado (dextrinase, glucoamilase, lactase, maltase e sacarase) Intestino delgado ALIMENTO Pepsina (glândulas do estômago) na presença de HCl Estômago Os aminoácidos são absorvidos através de cotransporte com iões de sódio; penetram no sangue capilar das vilosidades e chegam ao fígado através da veia portal hepática. Enzimas pancreáticas (tripsina, quimiotripsina, carboxipeptidase) Intestino delgado Enzimas da bordadura em escova (aminopeptidase, carboxipeptidase e dipeptidase) Intestino delgado ALIMENTO Emulsionadas pela ação detergente dos sais biliares canalizados desde o fígado Intestino delgado Os ácidos gordos e os monoglicerídeos entram nas células intestinais por difusão. Combinam-se com proteínas dentro das células e os quilomícrons resultantes são extrudidos. Penetram nos vasos quilíferos das vilosidades e são transportados para a circulação sistémica através da linfa do ducto torácico. (O glicerol e os ácidos gordos de cadeia curta/ média são absorvidos no sangue capilar das vilosidades e chegam ao fígado através da veia portal hepática.) Lipase pancreática Intestino delgado ALIMENTO Ribonuclease e desoxirribonuclease pancreáticas Intestino delgado Transporte ativo através de transportadores da membrana: são absorvidas no sangue capilar das vilosidades e chegam ao fígado através da veia portal hepática. Enzimas da bordadura em escova (nucleosidases e fosfatases) Intestino delgado Esquema da digestão e absorção químicas dos alimentos. Proteínas Polipéptidos maiores Polipéptidos menores, péptidos menores Aminoácidos (alguns dipéptidos e tripéptidos) Gorduras não emulsionadas Monoglicerídeos e ácidos gordos Glicerol e ácidos gordos Ácidos nucleicos Açúcares pentose, bases que contêm N, iões fosfato 10 O piloro e o antro funcionam como uma única unidade que regula o esvaziamento dos alimentos sólidos. No caso do cão, as partículas alimentares costumam medir menos de 2 mm antes de passarem pelo piloro. As partículas maiores e difíceis de digerir não saem do estômago até ao final do período interdigestivo (após terminar a digestão). Nos cães submetidos a jejum, um complexo motor interdigestivo (complexo motor migratório) move-se pelo estômago e pelos intestinos para eliminar estas partículas de maior tamanho (e, às vezes, também corpos estranhos) e conduzi-las para os intestinos. Este processo também é denominado “movimento de limpeza doméstica”. O impulso elétrico dos gatos é diferente do dos cães: o movimento é estimulado por um complexo migratório de pontos que consegue realizar a mesma função. O INTESTINO DELGADO E O PÂNCREAS A maior parte da digestão enzimática dos alimentos tem lugar no intestino delgado, que se divide em duodeno, jejuno e íleo, embora esta divisão não corresponda a qualquer distinção anatómica entre as partes. O intestino delgado do cão apresenta um comprimento que varia entre os 1,8 e os 4,8 m, e o do gato mede aproximadamente 1,3 m. Assim como o esófago e o estômago, o intestino contém camadas mucosas, submucosas e musculares. As mucosas consistem numa única camada de células epiteliais que têm sobre si a lâmina própria. Por todas as células epiteliais encontram-se distribuídas as células caliciformes, produtoras de muco. A superfície luminal consiste numa bordadura em escova composta por microvilosidades que aumentam a superfície de digestão e absorção. Dispõem de mecanismos especiais para transportar monossacarídeos e aminoenzimas e contêm enzimas para digerir os dissacarídeos, oligossacarídeos e alguns péptidos menores. As microvilosidades intestinais contêm também proteínas que transportam outras substâncias como o cálcio, o ferro e a cobalamina. Entre as vilosidades estão as criptas de Lieberkühn, que contêm células imaturas ou células-mães que, ao atingirem a maturidade, transformam as vilosidades em células epiteliais vilosas totalmente diferenciadas. A migração dura cerca de 2 dias e as células consideram-se maduras quando metade a um terço da migraçãoestá concluída. Uma quantidade elevada de bactérias, um trauma físico ou um trauma químico podem encurtar a sobrevivência celular epitelial e provocar atrofia vilosa. Os medicamentos que interferem com a multiplicação celular (por exemplo, muitos medicamentos de quimioterapia) impedem a renovação celular normal, tal como o jejum. Um défice de vitamina B12 (cobalamina) ou de folatos também provoca a atrofia das mucosas. A conservação da camada mucosa é vital para a função protetora do intestino, que evita o aparecimento sistémico de bactérias ou outros agentes prejudiciais dentro do intestino. O bom estado desta barreira protetora é mantido pelos alimentos que chegam ao intestino, sobretudo os componentes de fibra e glutamina presentes na dieta. A motilidade do intestino delgado mistura e abranda a passagem do conteúdo e também o desloca em direção aboral. As contrações rítmicas abrandam o movimento, ao passo que o peristaltismo empurra o conteúdo em direção aboral, existindo uma coordenação de efeitos “de rotura e aceleração”. A duração da transmissão dos alimentos para o intestino delgado parece variar entre uma e duas horas no cão e entre duas e três horas no gato. O pâncreas secreta enzimas fundamentais para a digestão dos hidratos de carbono, das proteínas e dos lípidos. Muitos destes são secretados como precursores inativos, como a tripsina, a quimiotripsina e a carboxipeptidase, que são ativados dentro do intestino delgado. A α-amilase pancreática decompõe o amido na ligação 1,4-alfa para produzir maltose e maltotriose. É incapaz de digerir as ligações 1,6 das amilopectinas de algumas fontes de fibra. A hidrólise final dos hidratos de carbono é realizada pelas enzimas da bordadura em escova e produz glicose, que é absorvida pelos enterócitos. 11 As enzimas da bordadura em escova são afetadas pela dieta, pelas doenças e pela idade. Quando o animal atinge a maturidade, a quantidade de lactase diminui e, por isso, os animais adultos podem não tolerar o dissacarídeo lactose do leite. Quando se muda a dieta, as enzimas demoram cerca de dois dias a adaptar-se à mudança (enquanto as células epiteliais migram para as vilosidades) e as mudanças dietéticas abruptas podem resultar num aumento de hidratos de carbono não digeridos, o que causa uma diarreia osmótica antes da adaptação. As enterites, independentemente da sua causa, podem ter como consequência uma perda da atividade enzimática e provocar diarreia. Nos animais que têm um grande número de bactérias intestinais, os sais biliares podem ser desconjugados em quantidades suficientemente grandes para danificar as microvilosidades. O jejum também reduz as enzimas da bordadura em escova, pelo que o reinício da alimentação deve ser feito de forma gradual, de modo a permitir o aumento da atividade enzimática. As proteínas devem ser hidrolisadas sob a forma de péptidos ou aminoácidos antes de serem absorvidas. Processo detalhado da digestão dos lípidos. Abreviaturas: CL colesterol, TAG triacilglicerol, BS sais biliares, PL fosfolípidos, MAG monoacilglicerol, FA ácidos gordos, LPA ácido lisofosfatídico, DAG diacilglicerol, GPAT glicerol-3-fosfato aciltransferase, MGAT monoacilglicerol aciltransferase, ACAT acil-CoA: colesterol aciltransferase, PA ácido fosfatídico, DGAT diacilglicerol aciltransferase, ApoB apolipoproteína B, MTP proteínas microssomais transportadoras de triglicerídeos, CM quilomícrons. Detalle del proceso de digestión de los lípidos. Abreviaciones: CL colesterol, TAG triacilglicerol, BS Sales biliares, PL Fosfolípidos, MAG monoacilglicerol, FA ácidos grasos, LPA ácid lisofosfatídico, DAG diacilglicerol, AGPAT 1-acyl-glicerol-3-fosfato aciltransferasa, MGAT monoacilglicerol aciltransferasa, ACAT acil-CoA: colesterol aciltransferasa, PA ácido fosfatídico, DGAT diacilglicerol aciltransferasa, ApoB apolipoproteina B, MTP proteínas microsomales transferentes de triglicéridos, CM quilomicrones. EMULSÃO DIGESTÃO MICELA MISTA ABSORÇÃO (Enterócito) LINFA El páncreas secreta enzimas fundamentales para la digestión de los hidratos de carbono, las proteínas y los lípidos. Muchos de ellos son secretados como precursores inactivos como la tripsina, la quimotripsina y la carboxilpeptidasa, que se activan dentro del intestino delgado. La ` - amilasa pancreática descompone el almidón en el enlace 1,4-alfa para producir maltosa y maltotriosa. Es incapaz de digerir los enlances 1,6 de las amilopectinas de algunas fuentes de �bra. La hidrólisis �nal de los FI SI OL OG ÍA G AS TR OI NT ES TI NA L DE L PE RR O Y DE L GA TO 19 TG 12 Este processo começa no estômago com a pepsina e termina em grande parte no intestino delgado proximal com as enzimas pancreáticas tripsina, quimiotripsina, elastase e carboxipeptidase. As enzimas pancreáticas são mais importantes para a digestão do que a pepsina gástrica. O ritmo de produção e de libertação das enzimas pancreáticas depende das proteínas que compõem a dieta. A digestão dos lípidos requer lipase pancreática e ácidos biliares. A lipase hidrolisa os ácidos gordos dos triglicerídeos, mas deixa os monoglicerídeos, que conseguem interagir com os ácidos biliares e formar micelas. As micelas também contêm vitaminas lipossolúveis e colesterol. Como a parte não polar dos ácidos biliares se mistura com lípidos no centro da micela e a superfície externa é polar, é mais provável que passem através das membranas celulares da bordadura em escova. Sem lipase nem ácidos biliares, só é possível absorver-se 50% da gordura. Os triglicerídeos de cadeias mais longas reformulam-se dentro da célula, incorporando-se nos quilomícrons e sendo transportados através dos vasos linfáticos. Os ácidos gordos de cadeia mais curta podem aceder diretamente à circulação portal. Além de assimilar nutrientes, o intestino desempenha um papel importante na secreção de fluidos e eletrólitos. Num animal com 20 kg de peso, podem entrar e sair, todos os dias, entre 8 e 10 litros de fluidos. Se tiver problemas de absorção ou a secreção for excessiva, pode sofrer diarreia. A quantidade de bactérias do intestino delgado de um cão é inferior a 104/l, ao contrário do íleo distal, onde pode ultrapassar as 106/l. Os estreptococos e os lactobacilos predominam no duodeno e no jejuno, ao passo que a Escherichia coli e as bactérias anaeróbicas se encontram em maior proporção no íleo. No gato, o número de bactérias duodenais é muito maior e varia entre as 2,2 x 105 e as 1,6 x 108 unidades formadoras de colónias/litro. As bactérias mais frequentes no gato são o aeróbio Pasteurella e os anaeróbios Bacteroides, Eubacteria e Fusobacteria. O intestino grosso é composto pelo cólon, o ceco e o reto. O seu comprimento é de 0,6 metros num cão de tamanho médio e de cerca de 0,4 m num gato adulto. A principal função do cólon é a absorção de eletrólitos e água e a fermentação bacteriana dos nutrientes que não tiverem sido absorvidos. Embora o cólon não tenha vilosidades, contém criptas de Lieberkühn, que secretam um muco alcalino. Os alimentos não digeridos permanecem aproximadamente 12 horas no intestino grosso do cão e do gato, embora isto dependa da composição dos alimentos, sobretudo da quantidade e do tipo de fibra. Nos gatos, o cólon ascendente esvazia-se com bastante rapidez e o cólon transverso é a zona mais importante para misturar, armazenar e secar os alimentos ingeridos. O cólon transverso do gato apresenta uma quantidade considerável de peristaltismo inverso, que responde à sua função de mistura. A MICROBIOTA INTESTINAL O intestino grosso contém uma grande quantidade de bactérias de diferentes espécies, sendo a maioria anaeróbicas. Os géneros mais abundantes são Streptococcus, Lactobacilus, Bacteroides e Clostridium. Os ingredientes dietéticos incluem os prebióticos, que podem afetar a composição da população bacteriana. As bactérias do cólon fermentam os nutrientes não absorvidos, que incluem os amidos resistentes, a fibra dietética e algumas proteínas. Os principaisprodutos resultantes da fermentação são os ácidos gordos de cadeia curta (AGCC) (acetato, propionato e butirato), o lactato, o dióxido de carbono, o amoníaco, o hidrogénio, o sulfureto de hidrogénio, o metano, os ácidos gordos de cadeia ramificada, as aminas, os fenóis e os indóis. O butirato desempenha um papel importante como fonte de energia para os colonócitos e observou-se que os colonócitos caninos oxidam o butirato 4,5 vezes mais depressa do que a glicose. 13 Os AGCC estimulam também a proliferação de colonócitos; esta melhoria no crescimento da mucosa reforça a função protetora e faz com que a translocação bacteriana diminua. Outra função dos AGCC é estimular a absorção da água e do sódio. ABSORÇÃO DAS VITAMINAS Além da assimilação de macronutrientes, o intestino regula a absorção das vitaminas. As vitaminas lipossolúveis A, D e E são absorvidas com os lípidos, e o mesmo acontece na ingestão da vitamina K, que também é produzida pelas bactérias do intestino delgado. As vitaminas hidrossolúveis são absorvidas por difusão, com muito poucas exceções. Na absorção da cobalamina (vitamina B12) o processo é mais complexo. A absorção da cobalamina dá-se em combinação com o fator intrínseco (FI). O pâncreas é o principal produtor de FI no cão e o único produtor de FI no gato. O FI liberta a cobalamina quando entra no enterócito. Embora se pensasse que a maioria da absorção da cobalamina se realizava no íleo, alguns estudos demonstram que também é absorvida no jejuno do cão e do gato. Os cães com enteropatias e os gatos com enteropatias, colangite, angiocolite ou transtornos pancreáticos sofrem o risco de ter deficiência de cobalamina porque a sua absorção é menor. As bactérias intestinais consomem cobalamina e acredita-se que uma quantidade excessiva de bactérias provoca uma deficiência desta vitamina. Existem casos clínicos de erros inatos do metabolismo em gatos e cães que provocaram uma deficiência de cobalamina. 14 Fotos de secção histológica cedidas pelo Departamento de Histologia e Anatomia Patológica da Faculdade de Veterinária da Universidade Autónoma de Barcelona. SECÇÕES HISTOLÓGICAS DO TRATO GASTROINTESTINAL Glândulas salivares Língua 15 Esófago Estômago 16 Fígado Intestino delgado 17 Bibliografia recomendada • Ad Hoc Committee on dog and cat nutrition, National Research Council(2006). Comparative digestive physiology of dogs and cats. The National Academies Press, Washington DC. Págs. 5-21. • Ad Hoc Committee on dog and cat nutrition, National Research Council(2006). Vitamins. The National Academies Press, Washington DC. Págs.193-245. • Johnston K, Lamport A, and Batt RM (1993) An unexpected bacterial flora in the proximal small intestine of normal cats. Vet Rec 132:362-363. • Maskell IE and Johnson JV (1993) Digestion and absorption. The Waltham Book of Companion Animal Nutrition. I Burger, editor. Pergammon Press. Págs. 25-44. • Ruaux CG, Steiner JM, Williams DA (2001) Metabolism of amino acids in cats with severe cobalamin deficiency. Am J Vet Res. 62:1852-1858. • Strombeck DR (1996) Small and large intestine. In Guilford WG, Center SA, Strombeck DR, Williams DA and Meyer DJ editors, Strombeck’s Small Animal Gastroenterology. Philadelphia, WB Saunders.Pp 318-350. • Strombeck DR and Guilford WG. (1996) Gastric structure and function. In Guilford WG, Center SA, Strombeck DR, Williams DA and Meyer DJ editors, Strombeck’s Small Animal Gastroenterology. Philadelphia, WB Saunders. Págs. 239-255. • Strombeck DR and Guilford WG. (1996) Pharynx and esophagus. In Guilford WG, Center SA, Strombeck DR, Williams DA and Meyer DJ editors, Strombeck’s Small Animal Gastroenterology. Philadelphia, WB Saunders. Págs. 202-210. Pâncreas AFFINITY PETCARE Plaça Europa, 54. 08902 - L’Hospitalet de Llobregat VETS & CLINICS https://www.affinity-petcare.com/vetsandclinics AFFINITY VETS https://www.affinity-petcare.com/veterinary ADVANCE www.advance.es
Compartilhar