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Guia de Estudos Linguistica

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA
CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - CEAD
Linguística do Texto
Guia de Estudos
Rubens Vinícius Martins Guimarães
Lavras/MG
2013
Linguística do Texto
Ficha catalográfica preparada pela divisão de processos técnicos da biblioteca 
central da UFLA
 Guimarães, Rubens Vinícius Martins.
 Linguística do texto : guia de estudos / Rubens Vinícius 
Martins Guimarães. – Lavras : UFLA, 2013.
 77 p. : il. 
 
 Uma publicação do Centro de Educação a Distância da 
 Universidade Federal de Lavras.
 Bibliografia.
 ISBN 
 
 1. Formação de professores. 2. Texto. 3. Intertextualidade. I. 
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
 CDD – 378.175
2
Linguística do Texto
Governo Federal
Presidente da República: Dilma Vana Rousseff
Ministro da Educação: Aloizio Mercadante
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Universidade Aberta do Brasil (UAB)
Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Reitor: José Roberto Soares Scolforo
Vice-Reitora: Édila Vilela de Resende Von Pinho
Pró-Reitora de Graduação: Soraya Alvarenga Botelho
Centro de Educação a Distância (CEAD)
Coordenador Geral: Ronei Ximenes Martins
Coordenadora Pedagógica: Elaine das Graças Frade
Coordenador de Projetos: Cleber Carvalho de Castro
Coordenadora de Apoio Técnico: Fernanda Barbosa Ferrari
Coordenador de Tecnologia de Informação: Raphael Wickler de Bettio
Departamento de Ciências Humanas (DCH)
Licenciatura Letras Português (Modalidade a Distância)
Coordenadora do Curso: Mauricéia Silva de Paula Vieira
Coordenadora de Tutoria: Débora Cristina de Carvalho
Revisor Textual: Marco Antônio Villarta-Neder
3
Linguística do Texto
Sumário
INTRODUÇÃO.............................................................................................6
UNIDADE 1
TRAJETÓRIA DA LINGUÍSTICA DO TEXTO.............................................8
1.1 A análise transfrástica........................................................................9
1.2 As gramáticas textuais.....................................................................12
1.3 A virada pragmática.........................................................................14
1.4 A virada cognitivista.........................................................................17
1.5 Princípios de construção textual do sentido....................................21
UNIDADE 2
REFERENCIAÇÃO....................................................................................26
2.1 Referenciação: o que é?..................................................................27
2.2 A progressão referencial..................................................................30
UNIDADE 3
FORMAS DE ARTICULAÇÃO TEXTUAL – A COESÃO.........................36
3.1 Formas de articulação textual: coesão............................................37
3.1.1 Coesão referencial....................................................................41
3.1.1.1 Coesão referencial por substituição..................................41
3.1.1.2 Coesão referencial por reiteração.....................................42
3.1.2 Coesão recorrencial.................................................................46
3.1.2.1 Coesão por recorrência de termos....................................46
3.1.2.2 Coesão recorrencial por paralelismo................................47
3.1.2.3 Coesão recorrencial por paráfrase....................................47
3.1.2.4 Coesão recorrencial por recursos fonológicos segmentais 
e suprassegmentais......................................................................50
3.1.3 Coesão sequencial...................................................................50
3.1.3.1 Sequenciação temporal.....................................................50
3.1.3.2 Sequenciação por conexão...............................................51
UNIDADE 4
ESTRATÉGIAS TEXTUAL - DISCURSIVAS DE CONSTRUÇÃO DO 
SENTIDO
4.1 O que são e para que servem as estratégias textual-discursivas de 
construção do sentido?..........................................................................56
4.1.1 Estratégias formulativas...........................................................56
4.1.2 Inserções..................................................................................57
4.1.3 Repetições e parafraseamentos retóricos................................57
4.1.4 Deslocamentos de constituintes...............................................58
4.2 Estratégias metadiscursivas............................................................59
UNIDADE 5
INTERTEXTUALIDADE.............................................................................62
5.1 Intertextualidade: o que é?..............................................................63
5.1 A intertextualidade temática.............................................................64
5.2 A intertextualidade estilística............................................................66
5.3 A intertextualidade explícita.............................................................67
5.4 A intertextualidade implícita.............................................................69
UNIDADE 6
GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS...............................................................71
4
Linguística do Texto
6.1 A necessária diferenciação entre tipos e gêneros textuais.............72
6.1.1 Tipologia textual........................................................................72
6.1.2 Gêneros textuais.......................................................................72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................77
5
Linguística do Texto
INTRODUÇÃO
Ao iniciarmos nossos estudos referentes à Linguística Textual, 
torna-se necessário esclarecer uma série de questões. A primeira delas é, 
certamente, definir aquilo que vem a ser o nosso objeto de estudo: o 
texto. Para esta disciplina, a definição de texto seguirá aquela proposta 
por Fávero (1999, p. 7):
O texto consiste [...] em qualquer passagem falada ou escrita 
que forma um todo significativo independente de sua extensão. 
Trata-se, pois, de um contínuo comunicativo contextual 
caracterizado pelos fatores de textualidade: contextualização, 
coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, 
aceitabilidade, situacionalidade, e intertextualidade.
Mais adiante, no item 1.5, faremos uma breve exposição de 
cada um desses fatores de textualidade para, no capítulo 3, tratarmos da 
coesão, no capítulo 4, da coerência, e, destinarmos o capítulo 5 à 
intertextualidade.
Feito esse primeiro esclarecimento, novas indagações acerca 
desta disciplina vão aparecendo. Ao ouvirem os nomes ‘Linguística do 
Texto’, ‘Linguística Textual’, ‘Teoria do Texto’, é natural que vocês 
comecem a se perguntar: “o que vem a ser isso?” “Para que serve?” “De 
que maneira isso poderá nos auxiliar no ensino de Língua Portuguesa?” 
E, por outro lado, algumas hipóteses certamente começam a se delinear: 
“pelo nome, deve ser um ramo da Linguística”; “deve ter relação com a 
produção e a interpretação do texto”; “deve servir para entender e 
produzir os textos de maneira mais adequada”; “se formos capazes de 
entender e produzir textos de maneira mais adequada, poderemos fazer o 
mesmo com nossos alunos”. Talvez não tenham sido exatamente os 
mesmos questionamentos, nem as mesmas hipóteses, mas vocês devem 
ter passado perto disso.
Pois bem, antes de respondermos a essas perguntas, antes de 
determinarmos se as hipóteses aventadas se confirmam, é essencial que 
saibamoscomo surgiu a Linguística do Texto e como ela se desenvolveu. 
6
Linguística do Texto
A propósito, a primeira hipótese já pode ser confirmada: trata-se de um 
ramo da Linguística.
Conforme Koch (1997), o termo ‘Linguística do Texto’ veio a ser 
empregado pela primeira vez, em 1955, pelo linguista romeno Eugenio 
Cosériu, mas não com o sentido que possui hoje. Vamos, portanto, 
considerar que foi Weinrich (1966) o primeiro a fazê-lo. Mas qual é o 
sentido atual de Linguística do Texto? Novamente conforme Koch (1997), 
esse é o ramo da Linguística que se ocupa de “investigar a constituição, o 
funcionamento, a produção e a compreensão dos textos”. É com ela que 
os textos passam a ser estudados dentro de seu contexto, investigando-
se, para tanto, suas condições de produção, de recepção e de 
interpretação.
Mas para que se chegasse a esse consenso, algumas arestas 
tiveram de ser aparadas ao longo de uma trajetória de quase cinquenta 
anos [lembrem-se de que estamos considerando ser Weinrich (1966) o 
nosso marco]. Apoiados em Koch (1997; 2009) e em Fávero (1999), é 
essa trajetória que ora passamos a apresentar.
7
Linguística do Texto
UNIDADE 1
TRAJETÓRIA DA LINGUÍSTICA 
DO TEXTO
8
Linguística do Texto
A Linguística do Texto desenvolveu-se a partir de quatro 
momentos bem definidos. São eles: a análise transfrástica, a gramática 
do texto, a virada pragmática e a virada cognitivista. Para efeito de 
organização, nossas considerações serão baseadas nesses quatro 
momentos.
1.1 A análise transfrástica
Num primeiro momento, percebeu-se a necessidade de fossem 
ultrapassados os limites da frase para que fosse possível estudar e 
explicar determinados fenômenos. Assim, a análise transfrástica se voltou 
para a relação que se estabelecia entre as frases. Para que fique mais 
claro, analisemos o trecho abaixo:
1. “O casal chegou à cidade tarde da noite. Estavam cansados 
da viagem; ela, grávida, não se sentia bem. Foram procurar um 
lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, qualquer coisa 
serviria, desde que não fosse muito caro.” (Moacyr Scliar)
Temos quatro frases nesse trecho. Percebam que a partir da 
combinação entre elas, é possível depreender uma série de escolhas por 
parte do autor.
• Da primeira frase, “O casal chegou à cidade tarde da noite.”, 
podem ser extraídas, dentre outras, as seguintes generalizações:
 a frase presta algumas informações acerca do sintagma1 ‘o 
casal’;
1Um sintagma é uma associação de elementos compostos num conjunto, organizados 
num todo, funcionando conjuntamente. (…) sintagma significa, por definição, 
organização e relações de dependência e de ordem à volta de um elemento essencial.
9
Linguística do Texto
 em relação a esse sintagma, não é possível determinar, 
ainda, de que se constitui o casal2;
 o verbo ‘chegou’ concorda com o sintagma ‘o casal’;
 os sintagmas ‘à cidade’ e ‘tarde da noite’ indicam, de 
maneira imprecisa, o local a que o casal chegou e o momento 
da chegada.
• Da relação que se estabelece entre a segunda frase, “Estavam 
cansados da viagem; ela, grávida, não se sentia bem.”, e a primeira, já 
analisada, é possível, por exemplo, esclarecer que o casal se constitui de 
homem e mulher. Qual é o elemento a garantir tal determinação? 
Precisamente, o pronome ‘ela’. Para ser suficientemente informativo, ‘ela’ 
precisa ser específico, ou seja, conter indicações que não suscitem 
dúvidas. Assim, não se usaria o pronome ‘ela’ caso o casal se constituísse 
de dois homens. Caso se constituísse de duas mulheres, o pronome ‘ela’ 
não seria suficiente para especificar a qual delas era feita a referência.
Se analisarmos as duas frases subsequentes, “Foram procurar 
um lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, qualquer coisa serviria, 
desde que não fosse muito caro.”, outras informações são acrescidas ao 
sintagma ‘o casal’:
• o casal não morava naquela cidade;
• eles não dispunham de muito dinheiro naquele momento;
• eles não haviam feito reserva em nenhum hotel ou 
hospedaria.
Entenderam, por meio do exemplo, como se investigavam os 
fenômenos linguísticos de um texto a partir de uma análise transfrástica? 
Não é à toa que os linguistas dessa época definiam o texto como sendo 
uma “sequência pronominal ininterrupta” (HAWERG, 1968 apud Koch, 
2Considerando-se a definição do Dicionário Eletrônico Houaiss referente ao verbete 
‘casal’ que, em seu item 3.2, informa: “qualquer par de pessoas cuja relação é amorosa 
e/ou sexual”, ‘o casal’ poderia se constituir de um par heterossexual ou de um par 
homossexual.
10
Linguística do Texto
1997) ou, ainda, como uma “sequência coerente de enunciados” 
(ISENBERG, 1970 apud Koch, 1997); (BELLERT, 1970 apud Koch, 1997).
É importante ressaltar que o texto não está completo. 
Utilizamos apenas o trecho citado com a intenção de demonstrar como se 
daria a análise transfrástica. O que se deve fazer é estendê-la por todo o 
texto.
Depois de explicitar como eram feitas as primeiras análises 
linguísticas relacionadas ao texto, já estamos prontos para nossa primeira 
atividade. Após realizá-la, apresentaremos o momento que se seguiu ao 
das análises transfrásticas: as gramáticas textuais.
Atividade 1
Pesquise em livros didáticos de Língua Portuguesa 
exemplos de exercícios que se voltem para a análise 
transfrástica do texto. Não deixe de apresentar sua análise 
acerca do exercício.
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11
Linguística do Texto
1.2 As gramáticas textuais
Apesar de sugerir uma evolução dos estudos do texto, a 
análise transfrástica mostrou-se insuficiente para dar conta da variedade 
de fenômenos que envolvem tal objeto. Por isso, uma nova vertente foi 
elaborada e surgiram, então, as chamadas ‘gramáticas textuais’. 
Destacam-se nesse novo campo estudiosos como Van Dijk, com seus 
trabalhos do início da década de 1970, Lang (1971, 1972) e Petofi (1972, 
1974).
Nesse período, abandonam-se os estudos da frase para o 
texto, como propunha a análise transfrástica e “adota-se um método que 
se pretende chegar, por meio da segmentação, às unidades menores, 
para, então, classificá-las”. (KOCH, 1997, p. 68). Sugere-se, pois, uma 
inversão em relação ao que era feito até aquele momento.
É nesse momento que se discute a noção de competência 
textual, isto é,
uma capacidade específica dos falantes que lhes permite, por 
exemplo, distinguir um texto coerente de um aglomerado 
aleatório de palavras e/ou sentenças, bem como parafrasear 
um texto, perceber se está completo ou não, resumi-lo, atribuir-
lhe um título ou produzir um texto a partir de um título dado. 
(KOCH,1997, p. 69)
Trata-se, pois, de um enfoque muito mais gerativista e, como 
tal, a capacidade intuitiva do falante passa a ser levada em conta. 
Observem que, no caso das gramáticas textuais, não se realiza uma 
análise meramente estrutural, mas se discute a competência textual dos 
falantes, dividindo-a em três aspectos essenciais:
a) competência formativa: capacidade de elaborar um texto;
b) competência transformativa: capacidade de parafrasear um 
texto;
12
Linguística do Texto
c) competência qualificativa: capacidade de classificar um texto 
com base em determinados tipos (narrativo, descritivo, 
dissertativo, argumentativo e injuntivo).
Dentro do projeto das gramáticas textuais, há que se 
considerar também a perspectiva semântica, proposta por Dressler (1970, 
1972), Brinker (1973), Rieser (1973, 1978) e Viehweger (1976, 1977) 
entre outros. É nesse momento que se começa a diferenciar a coerência 
da coesão. Ocorre, contudo, que tal distinção ainda se situa no campo da 
coerência sintático-semântica. Charrolles (1978 apud Koch, 2009, p. 10) 
apresenta quatro condições de coerência textual:
1. repetição – para que um texto possa ser considerado 
coerente, ele deve conter, em seu desenvolvimento linear, 
elementos de recorrência estrita;
1. progressão – para ser coerente, deve haver no texto 
uma contribuição semântica permanentemente renovada, pelo 
contínuo acréscimo de novos conteúdos;
2. não-contradição – para que um texto seja coerente, é 
preciso que, no seu desenvolvimento, não se introduza nenhum 
elemento semântico que contradiga um conteúdo posto ou 
pressuposto por um ocorrência anterior, ou dedutível dela por 
inferência;
3. relação – um texto será coerente se todos os seus 
enunciados – e os fatos que denotam no mundo nele 
representado – estiverem, de alguma forma, relacionados entre 
si.
Outras considerações se seguiram a essas, mas a verdade é 
que o projeto, com o decorrer do tempo, revelou-se muito ambicioso, mas 
pouco produtivo. Estabelecer regras capazes de descrever todos os 
textos possíveis em uma língua natural não foi algo de fato viável, pois 
haveria sempre a possibilidade do surgimento de um texto que não se 
enquadrasse nos moldes sugeridos.
Por isso, as gramáticas do texto foram pouco a pouco sendo 
deixadas de lado haja vista sua limitada perspectiva sintático-semântica. 
Os linguistas perceberam que era necessário buscar uma perspectiva que 
considerasse também o contexto ao se estudar o texto. Tem-se, por 
conseguinte, a chamada ‘virada pragmática’.
13
Linguística do Texto
1.3 A virada pragmática
Conforme Koch (2009), a virada pragmática ocorre a partir do 
momento que se começa a pensar o texto como um elemento 
comunicativo de uma sociedade concreta. Desse modo, deixa de ser 
analisado sintática ou semanticamente, e torna-se um elemento 
constitutivo de uma atividade complexa, como instrumentos de realização 
de intenções comunicativas e sociais do falante (HEINEMANN, 1982)
Os textos passam a ser estudados a partir do conjunto de 
condições externas a eles – produção, recepção e interpretação. (KOCH, 
1997)
Para melhor entender o que propõe Linguística Textual, leia o 
texto abaixo, a letra do samba ‘Ai que saudades da Amélia’, composta por 
Mário Lago e Ataulfo Alves e que fez grande sucesso no carnaval de 
1942. Depois, procure responder às questões que a ele se seguem.
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: "Meu filho, o que se há de fazer!"
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade (ALVES e LAGO, 1942)
ATIVIDADE 2
1. Você já deve ter ouvido a seguinte expressão “Fulana de 
Tal é uma Amélia”, dita por alguém que desejava criticar a 
postura de uma mulher diante do marido ou companheiro. 
Que postura feminina seria criticada por quem usa tal 
expressão?
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14
Linguística do Texto
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2. O samba composto em 1492 exaltava a figura da mulher 
que se dedicava ao lar e, consequentemente, ao marido. 
Naquela época “A que saudades da Amélia” foi adamado 
por homens como por mulheres. Por que a sociedade da 
época, sobretudo as mulheres, não repudiou a canção? 
Levante hipóteses.
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3. De 1942 para cá, muitas mudanças ocorrem com relação 
ao papel desempenhado pela mulher na sociedade. No 
contexto atual, uma canção como “Aí que saudades da 
Amélia” receberia a mesma adamação? Justifique sua 
resposta.
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4. É correto afirmar que conhecer o contexto em que produz 
um texto é determinante para que o leitor possa 
compreendê-lo em toda a sua inteireza? Explique
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15
Linguística do Texto
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Conseguiu entender por que caminhos passa a Linguística 
Textual? A investigação proposta pela virada pragmática visa discutir o 
texto em seu contexto de realização. Assim, entender as condições 
(tempo, espaço, organização social e cultural) em que um texto foi 
produzido é essencial para compreendê-lo.
Conforme Koch (2009, p. 18), Heinemann e Viehweger (1991), 
em sua Introdução à linguística do texto, asseveram que os pressupostos 
gerais que regem tal perspectiva podem ser assim resumidos:
1. Usar uma língua significa realizar ações. A ação verbal 
constitui umaatividade social, efetuada por indivíduos sociais, 
com o fim de realizar tarefas comunicativas, ligadas com a 
troca de representações, metas e interesses. Ela é parte de 
processos mais amplos de ação, pelos quais é determinada.
2. A ação verbal é sempre orientada para os parceiros da 
comunicação, portanto é também ação social, determinada por 
regras sociais.
3. A ação verbal realiza-se na forma de produção e recepção 
de textos. Os textos são, portanto, resultantes de ações 
verbais/complexos de ações verbais/estruturas ilocucionais3, 
que estão intimamente ligadas com a estrutura proposicional4 
dos enunciados.
4. A ação verbal consciente e finalisticamente orientada origina-
se de um plano/estratégia de ação. Para realizar seu objetivo, o 
falante utiliza-se da possibilidade de operar escolhas entre os 
diversos meios verbais disponíveis. A partir da meta final a ser 
atingida, o falante estabelece objetivos parciais, bem como 
suas respectivas ações parciais. Estabelece-se, pois, uma 
hierarquia entre os atos de fala de um texto, dos mais gerais 
aos mais particulares. Ao interlocutor cabe, no momento da 
compreensão, reconstruir essa hierarquia.
5. Os textos deixam de ser examinados como estruturas 
acabadas (produtos), mas passam a ser considerados no 
3 Conforme Dubois et al. (1973), ilocucionário é todo ato de fala que realiza ou tende a 
realizar a ação nomeada.
4 As proposições são, na gramática tradicional, chamadas de orações. 
16
Linguística do Texto
processo de sua constituição, verbalização e tratamento pelos 
parceiros da comunicação.
 
A partir desse último desdobramento, o conceito de coerência 
passa a incorporar o aspecto pragmático aos aspectos sintático-
semânticos. Ocorre, então, um último desenvolvimento. Antes de explicá-
lo, gostaríamos que você lesse o pequeno parágrafo da atividade 3, 
abaixo, e respondesse honestamente a pergunta que a ele se segue:
ATIVIDADE 3
Um avião partiu de Vancouver, no Canadá, com destino 
a Nova Iorque, nos EUA. Ocorreu, durante o trajeto, 
uma tempestade e o aião, infelizmente, caiu. O curioso 
é que a queda ocorreu exatamente sobre a fronteira 
entre os dois países. A parte do meio até a cauda do 
avião ficou sobre o território canadense; a outra metade 
ficou sobre o território americano.
Agora, responda rapidamente à pergunta, para ajudar 
as autoridades a resolver o problema que surgiu:
Onde você acha que devem ser enterrados os 
sobreviventes?
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1.4 A virada cognitivista
É na década de 80 que começam a surgir as discussões que 
levarão à ‘virada cognitivista’. Conforme Koch (2009, p. 22), nessa fase, 
considera-se que “o texto é originado por uma multiplicidade de 
operações cognitivas interligadas, um documento de procedimentos de 
decisão, seleção e combinação”.
Gostaria agora de voltar à questão proposta na atividade 3. 
Qual foi a sua primeira resposta? Se você disse que os americanos 
17
Linguística do Texto
devem se enterrados em território americano e os canadenses devem ser 
enterrados no Canadá, errou redondamente. Se você acredita, por outro 
lado, que aqueles que ocupavam assentos localizados na parte de trás do 
avião devem ser enterrados no Canadá e os demais, na terra do Tio Sam, 
posso dizer que também errou. Leia novamente a pergunta e veja o que 
está escrito. A verdade é que ninguém deve ser enterrado, porque não se 
enterram sobreviventes.
Antes de entender o que ocorreu, é necessário que saibam que 
existem, conforme Heinemann e Viehweger (1991), alguns tipos de 
conhecimentos envolvidos no processamento textual. Observe o 
diagrama 1 de nosso guia.
Diagrama - Sistemas de conhecimento envolvidos no processamento textual
Os conhecimentos acima atuam no processamento de um texto. 
Vejamos em que consiste cada um deles: [adaptado de Koch (2009)]
18
Linguística do Texto
• Conhecimento linguístico: responsável pela articulação som-
sentido. Responde pela organização do material linguístico, pelo 
uso dos mecanismos coesivos e pela seleção lexical adequada ao 
tema.
• Conhecimento enciclopédico: é aquele que se encontra 
armazenado na memória do indivíduo. Também chamado de 
conhecimento de mundo.
• Conhecimento sociointeracional: responde pelas formas de 
interação através da linguagem. É por meio dele que se 
reconhecem os objetivos ou propósitos que um falante, em dada 
situação de interação pretende atingir, que se escolhe a variedade 
linguística à situação de interação, que se evitam ou se sanam 
conflitos no processo de comunicação.
• Conhecimento sobre modelos textuais globais: permite o 
reconhecimento de textos como exemplares de determinado 
gênero ou tipo.
Utilizando aquilo que observamos na atividade 3, vejamos 
como esses conhecimentos poderiam ser acessados. Para tanto, 
reproduziremos abaixo a atividade:
Um avião partiu de Vancouver, no Canadá, com destino a Nova Iorque, nos 
EUA. Ocorreu, durante o trajeto, uma tempestade e a aeronave, infelizmente, 
caiu. O curioso é que a queda ocorreu exatamente sobre a fronteira que divide 
os dois países. A parte do meio até a cauda do aparelho ficou sobre o território 
canadense; a outra metade ficou sobre o território americano.
Agora, responda rapidamente à pergunta, para ajudar as autoridades a resolver 
o problema que surgiu:
Onde você acha que devem ser enterrados os sobreviventes?
O conhecimento linguístico é necessário para a leitura da 
superfície do texto. É, por meio dele, por exemplo, que se percebem as 
19
Linguística do Texto
relações entre ‘avião’, ‘aeronave’ e ‘aparelho’. Em relação ao 
conhecimento sociointeracional, verifica-se, a título de ilustração, a 
escolha pela variedade padrão da linguagem. A leitura associada à 
pergunta feita na atividade sugere que o texto é uma espécie de adivinha, 
pertencendo, por conseguinte, a esse gênero textual. É possível que se 
perceba isso pela ativação do conhecimento dos modelos textuais 
globais.
O conhecimento enciclopédico foi, propositalmente, deixado 
por último para que vejamos como ele interfere e confunde o leitor 
durante o processamento textual. Senão, vejamos:
1. Ao iniciar a leitura, o leitor possivelmente já identifica o avião 
como elemento central do texto e acessa imediatamente uma 
série de informações acerca desse aparelho.
2. Na segunda frase do texto, o leitor toma conhecimento de 
que o avião caiu e isso faz com que ele acesse outra 
quantidade enorme de informações. Uma dessas informações 
gera expectativa: é comum que haja vítimas fatais em 
acidentes com aviões. O uso da palavra ‘infelizmente’ ajuda a 
sugestionar o leitor nesse sentido.
3. A terceira frase acrescenta uma informação que será 
essencial para o problema a ser proposto, mas mantém a 
expectativa com relação às condições dos passageiros.
4. A última frase especifica a frase anterior. A expectativa se 
mantém.
5. Vem, então, a pergunta e ela aponta para um desfecho ruim, 
confirmando a expectativa. A palavra ‘enterrados’ parece 
confirmar que houve vítimas fatais e é aí que ocorre a confusão 
no processamento: o leitor simplesmente não “enxerga” a 
20
Linguística do Texto
palavra ‘sobreviventes’, porque os elementos de que dispõejá 
fizeram com que ele deduzisse o resultado.
Possivelmente, você já observou que “brincar” com a 
linguagem é uma maneira bastante eficaz para se construir ‘pegadinhas’ 
como a que vimos acima. É claro que, depois de discutida interferência do 
conhecimento enciclopédico, fica mais clara a atuação do conhecimento 
sociointeracional, isto é, há uma previsão daquele que constrói a 
‘pegadinha’ e isso se verifica por meio da escolha lexical.
Antes de encerrarmos este capítulo, gostaríamos de retomar, 
na próxima seção, os fatores de construção textual do sentido. 
Ressaltamos que a coesão, a coerência e a intertextualidade serão 
também retomadas no capítulo 2 de maneira mais detalhada. 
1.5 Princípios de construção textual do sentido
Após tantos desdobramentos, foram apresentados sete 
critérios ou fatores de textualidade para determinar o que caracterizaria 
um texto. Conforme Beaugrande e Dressler (1981) apud Koch (2009), 
dois deles (coerência e coesão) são “centrados no texto” e cinco 
(situacionalidade, informatividade, intencionalidade, aceitabilidade e 
intertextualidade) são “centrados no usuário”. Observe o diagrama 2 com 
as funções de cada um deles.
21
Linguística do Texto
Diagrama - Princípios de construção textual do sentido
Para que você tente determinar cada um dos fatores de 
textualidade relacionados, selecionamos um texto de 1986, de Affonso 
Romano de Sant’Anna e que trata de situações pertinentes ao contexto 
atual e outras que já parecem um tanto distantes. Faça, portanto, a 
atividade 5 que se segue.
ATIVIDADE 4
Leia, agora, o texto de Affondo Romano de Sant'Anna 
que se segue e procure determinar cada um dos 
fatores de textualidade nele presentes.
22
Linguística do Texto
O Vestibular da Vida
Um enduro sem moto, um rali sem carro, uma maratona onde, ao 
invés de atletas, correm paraplégicos, cegos, presidiários, grávidas e 
doentes em suas macas, esta é a imagem que nos deixa este vestibular 
realizado esta semana, mobilizando centenas de milhares de jovens em 
todo o país.
Várias fotos mostram jovens correndo desabalados dentro de seus 
jeans justos e camisetas palavrosas em direção ao portão da 
universidade, como se fossem dar um salto tríplice. Como se fossem dar 
um salto sem vara. Como se fossem dar um salto na vida. Ao lado, 
aparecem parentes incentivando o corredor-saltador, aparecem colegas 
gritando em torcida. Correi, jovens, correi, que estreita é a porta que vos 
conduzirá à salvação! E ali está, como São Pedro, um porteiro ou guarda, 
que vai bater a porta na cara do retardatário, que chorará, implorará, 
arrancará os cabelos num ranger de dentes, enquanto, saltitantes, os 
mais espertos pulam (ocultamente) um muro e penetram o paraíso (ou 
inferno da múltipla escolha).
A Telerj declarou que teve que acordar mais de 10 mil jovens pelo 
despertador telefônico. Carlinhos Gordo, o maior ladrão de carros do país, 
estava entre os 39 presidiários que, no Rio, fizeram, mesmo na cadeia, o 
exame. Mais de trinta deficientes visuais tiveram que tatear as 51 folhas 
em braile. Maria Alice Nunes teve um filho e saiu da maternidade com o 
recém-nascido no colo para enfrentar o unificado. Um índio cego — o 
guarani José Oado, 24 anos — disputa uma vaga em História (ou na 
história?). Andréa Paula Machado, 17 anos, teve que interromper o 
exame escrito várias vezes, para o prazer oral do bebê que, entre uma 
mamada e outra, voltava ao colo da avó. Dois fiscais que transportavam 
as provas no caminho de Petrópolis morreram num acidente. Um 
estudante com rubéola fez, num posto médico, prova ao lado de outro 
com catapora. Todas as idades ali estavam representadas: Márcia 
Cristina da Silva, 13 anos, vejam só!, já começou a treinar para o 
vestibular de Medicina em 88, e neste só achou difícil a prova de 
23
Linguística do Texto
literatura. Mas lá estava também Edgar Carvalho, 73 anos, advogado, 
trocando as delícias da aposentadoria pela ideia de se tornar médico e 
ainda ser útil aos outros. Por isto, discordo da jovem que o interpelou 
acusando-o de estar tirando a vaga de outro. Socialmente é melhor um 
velho de 73 anos que qualquer dos jovens que faltaram à prova porque 
dormiam, que não foram classificados porque achavam que vestibular era 
loto e vivem a ociosidade daninha à custa de seus pais.
Mas, de todos os casos, impressiona mais o de Maria Regina 
Gonçalves, uma enfermeira de 38 anos. Vejam que estória mirabolante.
Lá vai a nossa Maria Regina. Mas não vai simplesmente. Vai 
grávida. Vai grávida, mas não é uma grávida amparada pelo seu marido, 
mas uma grávida solteira, enfrentando o mundo com sua barriga e 
coragem. No entanto, hora e meia antes do exame, em São Cristóvão, é 
assaltada por três marmanjos covardes, que tomam dela os documentos, 
200 mil cruzeiros, e o pior: lhe dão uma porção de safanões, num 
exercício de sadismo matinal.
Maria Regina poderia depois disto voltar chorando para casa e ficar 
lamuriando o resto da vida. Fez o contrário: foi em frente, embora, ao 
chegar no local, soubesse que uma outra colega, também assaltada, 
desistira do exame. Maria Regina deu um jeito, arranjou até cópia xerox 
de sua carteira de identidade, fez a prova, comprometendo-se a mostrar 
os outros documentos mais tarde.
Mas, de noite, teve uma hemorragia. Pena que os ladrões não 
pudessem ver a cena, pois ficariam mais felizes. O médico lhe ordena 
"repouso absoluto". Ela ali "repousando", mas agoniada, porque a 
burocracia lhe exigia comprovações de documentos para validar os 
exames. Como desgraça pouca é bobagem, quatro dias depois morre o 
pai de seu namorado, daí a uns dias ela aborta e teve que ficar mesmo 
internada.
E vede agora, ó filhinhos e filhinhas do papai, que esbanjais vossos 
corpinhos sem destino nas praias da irresponsabilidade! Maria Regina foi 
a primeira colocada (nota 96) no concurso para Enfermagem e 
Sanitarismo. Tirou primeiro lugar e seu nome não apareceu na lista. Ainda 
24
Linguística do Texto
vai ter que provar que existe. Mas já impetrou mandado de segurança. É 
claro que vai ganhar.
12.01.86
SANT’ANNA. A. R. O vestibular da vida. In: ________. A Mulher Madura. 
Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 111. Disponível em: 
<http://www.releituras.com/ arsant_vestibular.asp>. Acesso em: 30 jan. 
2013.
Uma vez apresentados os fatores de textualidade propostos 
por Beaugrande e Dressler, passemos ao capítulo 2, no qual estudaremos 
a questão da referenciação. Mais adiante, no capítulo 3, retomaremos a 
coesão, a coerência e a intertextualidade.
25
Linguística do Texto
UNIDADE 2
REFERENCIAÇÃO
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Linguística do Texto
2.1 Referenciação: o que é?
Não há como falar de referenciação sem que antes 
conheçamos as noções de referência e de referente. Conforme Dubois et 
al. (1998, p. 511), “referência é a função pela qual um signo linguístico se 
refere a um objeto do mundo extralinguístico, real ou imaginário”. O 
referente seria, pois, esse objeto do mundo extralinguístico, mas não se 
pode tomá-lo como um dado imediato do real. Blikstein (1995) apud Koch 
(2009, p. 53) pondera que “a percepção/cognição transforma o ‘real’ em 
referente, ou seja, a realidade se transforma em referente por meio da 
percepção/cognição humana”.
O que isso quer dizer? Basicamente, nosso cérebro fotografa o 
mundo. Nossa maneira de ver o real não coincide com o real. Osdados 
sensoriais são reelaborados por meio do discurso5 para que sejam 
apreendidos e compreendidos. É por isso que Saussure (1975, p. 23) 
apud Koch (2009, p. 53) postulava que “bem longe de dizer que o objeto 
precede o ponto de vista, diríamos que é o ponto de vista que cria o 
objeto”.
É daí, portanto, que surge a referenciação. Conforme Verceze 
(2009, p. 371)
A referenciação consiste em um processo de negociação 
realizado no discurso, resultando da construção de referentes 
de modo diferente do uso atribuído pela literatura da semântica 
geral. A noção de referência ou a categoria de referir não é 
mais uma atividade de "etiquetar", um mundo existente e 
inicialmente designado e sim, uma atividade discursiva através 
da qual os referentes passam a ser objetos-de-discurso. Isto 
não significa negar a existência do mundo extramental, uma 
vez que ele continua sendo a base para a designação.
Para que fique mais claro, tomemos emprestada uma pintura do 
belga René Magritte (1898-1967), intitulada ‘Ceci n’est pas une pipe’ (Isto 
não é um cachimbo). Observe:
5O termo ‘discurso’ possui várias acepções. Aqui, consideraremos discurso 
como sendo um enunciado oral ou escrito que supõe, numa situação de 
comunicação, um locutor e um interlocutor.
27
Linguística do Texto
 
 Figura - René Magritte (1898-1967)
Fazendo uma analogia, da mesma forma que a arte não é uma 
cópia do real, mas uma representação do real, isto é, a imagem de um 
cachimbo não é ‘realmente’ um cachimbo, a referenciação de um objeto-
no-mundo por meio do discurso não é o objeto-no-mundo, mas um objeto-
de-discurso.
É por isso que Koch (2009, p. 61) esclarece que
A referenciação constitui [...] uma atividade discursiva. [...] Os 
processos de referenciação são escolhas do sujeito em função 
de um querer-dizer. Os objetos-de-discurso não se confundem 
com a realidade extralinguística, mas (re)constroem-na no 
próprio processo de interação. Ou seja: a realidade é 
construída, mantida e alterada não somente pela forma como 
nomeamos o mundo, mas, acima de tudo, pela forma como, 
sociocognitivamente, interagimos como ele: interpretamos e 
construímos nossos mundos por meio da interação com o 
entorno físico, social e cultural.
Assim, algumas estratégias de referenciação são utilizadas na 
constituição da memória discursiva6. Vejamos, resumidamente, como 
Koch (2009) as apresenta:
1. Construção/ativação: pela qual um “objeto” textual até então 
não mencionado é introduzido, passando a preencher um 
nódulo (“endereço” cognitivo, locação).
6A memória discursiva deve ser, aqui, entendida como o “espaço” em que são 
armazenados os objetos textuais que já foram mencionados.
28
Linguística do Texto
2. Reconstrução/reativação: um nódulo já presente na memória 
discursiva é reintroduzido na memória operacional, por meio de 
uma forma referencial.
3. Desfocalização/desativação: ocorre quando um novo objeto-
de-discurso é introduzido, passando a ocupar a posição focal. 
O objeto retirado do foco, contudo, permanece em estado de 
ativação parcial, podendo voltar à posição focal a qualquer 
momento.
Vejamos o exemplo de Koch (2009, p. 63) em que isso ocorre:
Com a perigosa progressão da demência bélica de Bush 2.º 
(construção) cabe uma indagação: para que serve a ONU? 
Criada logo após a 2ª Guerra Mundial, como substituta da Liga 
das Nações, representou uma grande esperança de paz e 
conseguiu cumprir seu papel durante algum tempo, amparando 
deslocados de guerra, mediando conflitos, agindo pela 
independência das colônias. (...)
É. Sem guerra não dá. Num mundo de paz, como iriam ganhar 
seu honrado dinheirinho os industriais de armas que pagaram 
a duvidosa eleição de Bush 2º, o Aloprado? (nova construção 
a partir de uma reativação) Sem guerra, coitadinhas da 
Lookheed, da Raytheon (escândalo da Sivan lembram?). Com 
guerra à vista, estão faturando firme. A ONU ainda não 
abençoou essa nova edição de guerra santa, do terrorismo do 
bem contra o terrorismo do mal (reconstrução por 
recategorização) (...) O Caubói Aloprado (reconstrução por 
recategorização) já nem disfarça mais. (...)
(Juracy Andrade, “Delinquência internacional”, Jornal do 
Commercio, Recife, 8 de fev.2003).
Acompanhe, agora, como as estratégias de referenciação 
constituem a memória discursiva:
1. Ao utilizar ‘a demência bélica de Bush 2.º’ depreende-se que 
à época em que o texto foi produzido, assim como Bush era 
presidente dos Estados Unidos, seu pai também já havia sido 
(daí a ironia no uso do numeral ordinal) e que, a guerra 
proposta por ele, parecia uma invencionice sem sentido. Veja, 
29
Linguística do Texto
que não se trata apenas de ler, mas de compartilhar um 
determinado conhecimento prévio.
2. Em ‘a duvidosa eleição de Bush 2.º, o Aloprado, é 
necessário que o leitor compartilhe outro conhecimento prévio: 
em que condições se deu a eleição de Bush para o segundo 
mandato. Além disso, verifica-se a presença de um epíteto 
comum a soberanos ou dominadores. Bush permanece como 
foco.
3. No sintagma ‘essa nova edição de guerra santa, do 
terrorismo do bem contra o terrorismo do mal’ o aspecto da 
guerra é retomado demonstrando que os dois lados são 
terroristas. Nesse caso, cumpre saber o que foram as guerras 
santas.
4. Por último, a utilização de ‘Caubói Aloprado’ determina que o 
leitor tenha conhecimento do estado em que nasceu o 
presidente Bush e o seu modo de vida antes de se tornar um 
político. Além disso, é importante perceber que o autor faz uma 
ironia, utilizando-se de um estereótipo baseado num elemento 
formador da identidade norte-americana, que é a conquista do 
Oeste.
2.2 A progressão referencial
É por meio da reconstrução que se mantém o foco de objetos 
previamente introduzidos no discurso, dando origem às cadeias 
referenciais ou coesivas, responsáveis pela progressão referencial do 
texto.
30
Linguística do Texto
Podem-se distinguir as seguintes estratégias de referenciação 
textual:
a) uso de pronomes;
a) uso de expressões nominais definidas;
b) uso de expressões nominais indefinidas.
 A primeira delas, o uso de pronomes, também chamada de 
pronominalização, pode realizar-se por meio de pronomes propriamente 
ditos, numerais ou advérbios pronominais. Tal operação pode ocorrer 
tanto com a utilização de um referente explícito como, no caso da fala, 
sem ele. Observe o exemplo abaixo:
(1) Antônio foi demitido ontem, mas eles não justificaram o 
motivo da demissão.
Perceba que o pronome destacado não possui um referente 
cotextual7 explícito. É possível, contudo, inferir que se trata dos 
empregadores de Antônio.
A segunda estratégia de referenciação textual, isto é, o uso de 
expressões nominais definidas, ocorre por meio de formas linguísticas 
constituídas, minimamente, de um determinante8 seguido de um nome. 
Existem dois tipos distintos dessas formas: as descrições definidas e as 
formas nominalizadas (nominalizações). Estas se estabelecem como 
rotulações de predicações antecedentes ou subsequentes. Assim, podem 
ser retrospectivas ou prospectivas. Vejam os exemplos que, 
respectivamente, relacionam-se a uma e a outro:
7O referente cotextual seria um elemento que já teria sido explicitado no 
texto e que foi retomado por outro termo. Observe que na situação 
apresentada, o referente do pronome ‘eles’ não foi explicitado no texto.
8Os determinantes, conforme Dubois(1973), são os constituintes do 
sintagma nominal que dependem do substantivo, constituinte principal do 
sintagma nominal.
31
Linguística do Texto
(2) Aviões de guerra franceses bombardearam acampamentos 
de rebeldes islamistas no extremo norte do Mali, neste 
domingo, disseram fontes militares, um dia depois de o 
presidente francês, François Hollande, ter sido recebido como 
um salvador durante uma visita ao país, situado no oeste 
africano. O porta-voz do Exército da França em Paris, Thierry 
Burkhard, disse que os ataques noturnos tiveram como alvo 
bases logísticas e campos de treinamento usados pelos 
rebeldes ligados à rede Al Qaeda, nos arredores da cidade de 
Tessalit, perto da fronteira com a Argélia. (os ataques noturnos 
nominaliza Aviões de guerra franceses bombardearam 
acampamentos de rebeldes islamitas no extremo norte do Mali, 
neste domingo).
(3) Após muito conversar, os policiais perceberam que só 
haveria uma solução: prender o marido bêbado para que ele 
não continuasse a insultar a esposa. (uma solução nominaliza 
prender o marido bêbado)
As descrições definidas, por sua vez, caracterizam-se por 
operar uma seleção, dentre as diversas propriedades para retratar um 
referente. A escolha de determinada descrição pode revelar as crenças, 
opiniões e atitudes do produtor do texto. Observe:
(4) Com 85 anos, Bento XVI justificou que a idade avançada o 
motivou a deixar o cargo ao "não ter mais forças" para 
comandar o Vaticano." Por isso, bem consciente da gravidade 
deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao 
ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me 
foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, 
pelo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h horas, a 
sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vaga e deverá ser 
convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para 
32
Linguística do Texto
a eleição do novo Sumo Pontífice", informou o papa por meio 
de uma carta. [...] Considerado uma eminência parda durante o 
papado de João Paulo II, o então cardeal Joseph Alois 
Ratzinger defendeu que seu antecessor deixasse o cargo ao 
não ter mais condições para comandar o Vaticano. [...] A "idade 
avançada" e a necessidade de "vigor" para o cargo levaram 
Bento XVI à decisão de renunciar. A explicação foi dada pelo 
próprio pontífice em carta distribuída nesta segunda-feira pela 
Rádio Vaticano. "Cheguei à certeza de que as minhas forças, 
devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer 
adequadamente o ministério". No texto, ele afirma estar 
"incapacitado" para o cargo. (Disponível em: 
<http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2013/02/11/int
erna_internacional,349791/bento-xvi-anuncia-que-renunciara-
em-28-de-fevereiro.shtml>
Conforme Koch (2009, p. 68), as expressões referenciais 
definidas podem assumir as seguintes configurações em português:
Determinante + Nome
Determinante + Modificador(es) + Nome + Modificador(es)
Determinante = Artigo definido / Demonstrativo
Modificador = Adjetivo / SP9 / Oração relativa
As expressões nominais indefinidas são normalmente 
utilizadas para introduzir referentes. É essa a função que elas cumprem 
no exemplo (5) abaixo. Observe:
9SP é a sigla utilizada para se referir ao ‘sintagma preposicional’. O sintagma 
preposicional é aquele que se inicia por preposição e que, no caso em questão, liga-se 
ao núcleo do sintagma nominal. Assim, em ‘A porta da cozinha foi fechada’, ‘da cozinha’ 
é um SP que se liga ao núcleo ‘porta’.
33
Linguística do Texto
(5) “Um enduro sem moto, um rali sem carro, uma maratona 
onde, ao invés de atletas, correm paraplégicos, cegos, 
presidiários, grávidas e doentes em suas macas, esta é a 
imagem que nos deixa este vestibular realizado esta semana, 
mobilizando centenas de milhares de jovens em todo o país. 
(SANT’ANNA. A. R. O vestibular da vida. In: ________. A 
Mulher Madura. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 111.)
Observe como o referente ‘este vestibular realizado esta 
semana’, expressão nominal definida, foi introduzido pelas expressões 
nominais indefinidas ‘um enduro sem moto’, ‘um rali sem carro’, ‘uma 
maratona’. No exemplo que se segue, o uso da expressão nominal 
indefinida tem caráter anafórico10. Veja:
(6) O engraxate era gordo e estava com calor — o que me 
pareceu óbvio. [...] Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa e 
a calva. Pegou aquele paninho que dá brilho final nos sapatos 
e com ele enxugou o próprio suor, que era abundante. Com o 
mesmo pano, executou com maestria aqueles movimentos 
rápidos em torno da biqueira, mas a todo instante o usava para 
enxugar-se — caso contrário, o suor inundaria o meu cromo 
italiano. [...] Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos 
assim, por míseros tostões, fizera um filho do povo suar para 
ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha daquele 
brilho humano, salgado como lágrima. (Carlos Heitor Cony – O 
suor e a lágrima)
No fragmento de Carlos Heitor Cony, verifica-se que ao 
escolher a expressão ‘um filho do povo’ para retomar o referente ‘o 
engraxate’, o autor exprime uma versão do mundo a partir de um ponto de 
10É importante ter em mente duas possibilidades de referenciação, a saber: anáfora 
(processo pelo qual um termo gramatical retoma a referência de um sintagma 
anteriormente us. na mesma frase ou no mesmo discurso); e catáfora (uso de um termo 
ou locução ao final de uma frase para especificar o sentido de outro termo ou locução 
anteriormente expresso).
34
Linguística do Texto
vista intersubjetivo, isto é, contaminado pela subjetividade de outrem, e 
adequado à finalidade de seu texto que, entre outras possibilidades, tem a 
intenção de provocar uma reflexão. Mondada (2001) apud Koch (2009, p. 
61) considera que
A referenciação não privilegia a relação entre as palavras e as 
coisas, mas a relação intersubjetiva e social no seio da qual as 
versões do mundo são publicamente elaboradas, avaliadas em 
termos de adequação às finalidades práticas e às ações em 
curso dos enunciadores.
Como se pode ver, a referenciação cumpre a importante tarefa 
não só de retomada, mas de posicionamento em relação ao objeto-no-
mundo. A progressão referencial nada mais é do que uma das formas de 
articulação textual, também chamada de coesão referencial. Como 
existem outros tipos de coesão que não só a referencial, dedicaremos o 
próximo capítulo a esse tão importante fator de textualidade.
35
Linguística do Texto
UNIDADE 3
FORMAS DE ARTICULAÇÃO 
TEXTUAL – A COESÃO
36
Linguística do Texto
3.1 Formas de articulação textual: coesão
As formas de articulação ou de progressão textual têm sido uma das 
preocupações desde o início dos estudos voltados para a Linguística Textual. 
Várias são as propostas e as discussões relacionadas a esse aspecto do estudo 
do texto. Diante das muitas possibilidades, inicialmente adotaremos aqui, para 
efeito de clareza, as considerações de Fávero (1999) acerca das formas de 
coesão textual. Posteriormente, serão consideradas também aquelas situações 
não contempladas pela autora.
Embora sempre ligada à coerência11, uma vez que ao se tratar das 
condições para que um texto seja bem escrito é comum que se diga que um 
texto precisa ter coeso e coerente, a coesão tem um papel bem determinado na 
construção textual. É ela a responsável pelas ligações que se estabelecem no 
interior de um texto.
Para definirmos o que significa coesão,tomamos emprestada a 
colocação de Fávero (1999, p. 10), segundo a qual “a coesão, manifestada no 
nível microestrutural12, refere-se aos modos como os componentes do universo 
textual, isto é, as palavras que ouvimos ou vemos, estão ligados entre si dentro 
de uma sequência”.
Para que fique mais claro, observe a tirinha abaixo:
 Figura - Gonsalez, F. Níquel Náusea. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/niquel/>. Acesso 
em: 20 jan. 2013.
11 De maneira bem sucinta a coerência refere-se às relações de sentido 
produzidas a partir de um texto em sua interação com o leitor.
12 Dá-se o nome de microestruturas a certos subsistemas que, no interior de uma 
estrutura maior [no caso, o texto] apresentam regularidades específicas e uma 
organização que lhes garantem uma relativa autonomia de funcionamento. (DUBOIS et 
al, 1998, p. 412)
37
Linguística do Texto
Observem que, no primeiro quadrinho, o passarinho faz 
referência a ‘um ninho’. Já no segundo quadrinho, ele retoma o termo ‘um 
ninho’ por meio da palavra ‘dele’. Percebe-se, então, uma ligação entre os 
dois elementos uma vez que ambos tratam do mesmo referente. Agora, 
faça o que é solicitado na atividade 5.
ATIVIDADE 5
Antes de continuarmos, considerando a informação 
que demos no início deste item, uma questão se 
coloca: é possível que coesão e coerência andem 
separadas, isto é, pode haver um texto que apresente 
coesão, mas não seja coerente? Para resolver tal 
dúvida, leia o texto abaixo, extraído de Koch e 
Travaglia (2003), e teça suas considerações sobre a 
pergunta.
João Carlos vivia em uma pequena casa 
construída no alto de uma colina, cuja frente dava para 
leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as 
direções, até o horizonte, uma planície coberta de 
areia. Na noite em que contemplava trinta anos, João, 
sentado nos degraus da escada colocada à frente de 
sua casa, olhava o sol poente e observava como a sua 
sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. 
De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. 
As árvores e as folhagens não o permitiram ver 
distintamente; entretanto, observou que o cavalo era 
manco. Ao olhar de mais perto verificou que o 
visitante era seu filho Guilherme que a vinte anos tinha 
partido para alistar-se no exército, e, em todo esse 
tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver 
seu pai, desmontou imediatamente, correu até ele, 
lançando-se nos seus braços e começando a chorar.
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Linguística do Texto
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Como se pôde verificar a partir do texto da atividade 4, é 
possível haver um texto que apresenta relações coesivas bem 
determinadas, mas com sérios problemas em relação à produção do 
sentido. Para entendermos um pouco mais sobre a coesão, vejamos sob 
que formas a coesão se manifesta no interior de um texto.
Conforme Fávero (1999), há mais de uma proposta de 
classificação para os tipos de coesão. A autora, por sua vez, considera 
possível resumir em três tipos de coesão que se desdobrariam em 
situações mais específicas. O diagrama 3 ilustra os tipos e seus 
desdobramentos.
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Linguística do Texto
Diagrama - Tipos de coesão textual
Vejamos então, como são aplicados cada um desses tipos.
40
Linguística do Texto
3.1.1 Coesão referencial
A coesão referencial se estabelece por meio de certos itens 
linguísticos que referenciam alguma coisa necessária à sua interpretação. 
Assim, alguns desses itens não querem dizer exatamente nada, a menos 
que se liguem ao seu referente. É como se tivessem uma placa que disse, 
procure lá atrás (anáfora) ou lá na frente (catáfora). Conforme o diagrama, 
a coesão referencial pode se estabelecer por substituição ou por 
reiteração.
3.1.1.1 Coesão referencial por substituição
Conforme Fávero (1999, p. 19), a coesão referencial por 
substituição ocorre quando “um componente é retomado ou substituído 
por uma pro-forma. [...] As pro-formas podem ser pronominais, verbais, 
adverbiais, numerais e exercem função (substituem) pro-sintagma, pro-
constituinte ou pro-oração”.
Vejam, a seguir, como se manifestam tais situações:
Diagrama - Exemplos de coesão referencial por substituição
41
Linguística do Texto
Fávero (1999) determina ainda a existência de mais um tipo de 
coesão referencial por substituição - a utilização de elipse (ø) - que 
passamos a expor agora.
A substituição por elipse é uma forma de coesão referencial em 
que um elemento qualquer (pro-sintagma, pro-oração, pro-constituinte) é 
substituído por uma elipse. Observe o exemplo abaixo, reproduzido de 
Fávero (1999, p. 23):
(1)– Aonde você foi ontem?
– À casa de Paulo.
– ø Sozinha?
– Não, ø com amigos.
Perceba que, nesse exemplo, o ø se dá pela ausência da 
repetição de ‘ir à casa de Paulo’.
3.1.1.2 Coesão referencial por reiteração
A coesão referencial por reiteração é uma espécie de repetição 
de expressões que apresentam a mesma referência. Vejamos de que 
maneiras ela ocorre:
Diagrama - Exemplos de coesão referencial por reiteração
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Linguística do Texto
Uma vez ilustradas a coesão referencial por substituição e a 
coesão referencial por reiteração, propomos que se faça agora a atividade 
6, como forma de fixação do conteúdo estudado.
ATIVIDADE 6
Leia o texto abaixo e procure apresentar, ao menos, 
dois exemplos de coesão referencial por substituição e 
dois exemplos de coesão referencial por reiteração.
Como nasce uma história
Fernando Sabino
Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve do primeiro 
ao décimo quarto andar. Era pelo menos o que dizia a tabuleta no alto da 
porta.
— Sétimo — pedi.
Eu estava sendo aguardado no auditório, onde faria uma palestra. 
Eram as secretárias daquela companhia que celebravam o Dia da 
Secretária e que, desvanecedoramente para mim, haviam-me incluído 
entre as celebrações.
A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção se fixou 
num aviso que dizia:
É expressamente proibido os funcionários, no ato dasubida, 
utilizarem os elevadores para descerem.
Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de problema 
complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam então duas regras 
mestras que deveriam ser rigorosamente obedecidas, quando se tratava 
do uso deste traiçoeiro tempo de verbo. O diabo é que as duas não se 
complementavam: ao contrário, em certos casos francamente se 
contradiziam. Uma afirmava que o sujeito, sendo o mesmo, impedia que 
o verbo se flexionasse. Da outra infelizmente já não me lembrava. 
Bastava a primeira para me assegurar de que, no caso, havia um 
clamoroso erro de concordância.
43
Linguística do Texto
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal que me 
intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de maneira chocante aos 
delicados ouvidos de um escritor que se preza.
Ah, aquela cozinheira a que se refere García Márquez, que tinha 
redação própria! Quantas vezes clamei, como ele, por alguém que me 
pudesse valer nos momentos de aperto, qual seja o de redigir um 
telegrama de felicitações. Ou um simples aviso como este:
É expressamente proibido os funcionários...
Eu já começaria por tropeçar na regência, teria de consultar o 
dicionário de verbos e regimes: não seria aos funcionários? E nem 
chegaria a contestar a validade de uma proibição cujo aviso se localizava 
dentro do elevador e não do lado de fora: só seria lido pelos funcionários 
que já houvessem entrado e portanto incorrido na proibição de pretender 
descer quando o elevador estivesse subindo. Contestaria antes a 
maneira ambígua pela qual isto era expresso:
... no ato da subida, utilizarem os elevadores para descerem.
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, entenderia o que 
se pretende dizer neste aviso. Pois um tijolo de burrice me baixou na 
compreensão, fazendo com que eu ficasse revirando a frase na cabeça: 
descerem, no ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma 
simples e correta de formular a proibição:
É proibido subir para depois descer.
É proibido subir no elevador com intenção de descer.
É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quando ele 
estiver subindo.
Descer quando estiver subindo! Que coisa difícil, meu Deus. Quem 
quiser que experimente, para ver só. Tem de ser bem simples:
Se quiser descer, não torne o elevador que esteja subindo.
Mais simples ainda:
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo.
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que Nelson 
Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a enunciação de algo que 
não quer dizer absolutamente nada:
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Linguística do Texto
Se quiser descer, não suba.
Tinha de me reconhecer derrotado, o que era vergonhoso para um 
escritor.
Foi quando me dei conta de que o elevador havia passado do 
sétimo andar, a que me destinava, já estávamos pelas alturas do décimo 
terceiro.
— Pedi o sétimo, o senhor não parou! — reclamei.
O ascensorista protestou:
— Fiquei parado um tempão, o senhor não desceu.
Os outros passageiros riram:
— Ele parou sim. Você estava aí distraído.
— Falei três vezes, sétimo! sétimo! sétimo!, e o senhor nem se 
mexeu — reafirmou o ascensorista.
— Estava lendo isto aqui — respondi idiotamente, apontando o 
aviso.
Ele abriu a porta do décimo quarto, os demais passageiros saíram.
— Convém o senhor sair também e descer noutro elevador. A não 
ser que queira ir até o último andar e na volta descer parando até o 
sétimo.
— Não é proibido descer no que está subindo?
Ele riu:
— Então desce num que está descendo.
— Este vai subir mais? — protestei: — Lá embaixo está escrito que 
este elevador vem só até o décimo quarto.
— Para subir. Para descer, sobe até o último.
— Para descer sobe?
Eu me sentia um completo mentecapto. Saltei ali mesmo, como ele 
sugeria. Seguindo seu conselho, pressionei o botão, passando a 
aguardar um elevador que estivesse descendo.
Que tardou, e muito. Quando finalmente chegou, só reparei que era 
o mesmo pela cara do ascensorista, recebendo-me a rir:
— O senhor ainda está por aqui?
45
Linguística do Texto
E fomos descendo, com parada em andar por andar. Cheguei ao 
auditório com 15 minutos de atraso. Ao fim da palestra, as moças me 
fizeram perguntas, e uma delas quis saber como nascem as minhas 
histórias. Comecei a contar:
— Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve do 
primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o que dizia a tabuleta 
no alto da porta.
SABINO, F. Como nasce uma história. In.: __________. A volta por cima. 
Rio de Janeiro: Record, 1990. p. 137.
3.1.2 Coesão recorrencial
Embora seja uma espécie de retomada de estruturas, itens ou 
sentenças, na coesão recorrencial o fluxo informacional progride. Tal 
forma de coesão tem, por conseguinte, a função de levar adiante o 
discurso. Conforme Fávero (1999, p. 26), “não se dever confundir 
recorrência com reiteração”.
A coesão recorrencial pode se dar a partir dos seguintes casos: 
por recorrência de termos; por paralelismo (= recorrência de estruturas); 
por paráfrase (= recorrência semântica); por recursos fonológicos 
segmentais e suprassegmentais.
3.1.2.1 Coesão por recorrência de termos
Conforme Dressler (1982, p. 34-35) apud Fávero (1999, p. 27), 
a recorrência é uma maneira, dentre outras, de enfatizar, de intensificar, 
além de um meio para deixar fluir o texto. Veja exemplos dessa forma de 
coesão:
(1) “Irene preta Irene boa
Irene sempre de bom humor [...]” (Manuel Bandeira)
46
Linguística do Texto
No exemplo (2), verifica-se que a cada recorrência de Irene, 
uma nova informação é acrescentada. Já no exemplo (3), abaixo, observe 
como na recorrência da oração ‘que já vem’ tem-se a ideia de que o trem 
se aproxima, demonstrando que, a cada recorrência, a distância diminui 
e, portanto, assim como em (2), nova informação é acrescentada.
(2)“Pedro pedreiro, pedreiro esperando o trem
que já vem, que já vem, que já vem, que já vem...” (Chico 
Buarque)
3.1.2.2 Coesão recorrencial por paralelismo
Diz-se que há coesão recorrencial por paralelismo quando 
algumas estruturas são mantidas, mas são os conteúdos são diferentes. 
Veja o exemplo (4), que se segue:
(3) Não existe outra pessoa igual a você.
Não existe outro espaço igual a esse.
Muito menos outra oportunidade igual a essa.
(Veja, 31/10/2001, Gávea Village – apartamentos)
3.1.2.3 Coesão recorrencial por paráfrase
Na paráfrase, ocorre uma reformulação de conteúdo, mas de 
forma tal que é possível perceber as marcas do texto original naquele que 
foi reformulado. Conforme Fávero e Urbano (1988) apud Fávero (1999, p. 
28)
todo e qualquer texto tem uma multivocidade inerente (=muitas 
leituras); o enunciador faz sempre uma interpretação do texto-
fonte e, assim, não só o restaura de modo diferente, mas 
também faz uma interpretação do texto-derivado no momento 
em que o produz como paráfrase”.
47
Linguística do Texto
O fato de estabelecer uma relação entre informações antigas e 
novas é o que auxilia num tipo de coesão que se diria semântica, uma vez 
que se dá por recorrência de estruturas. Vejamos a seguir um exemplo de 
coesão por paráfrase:
O LEÃO E O RATO (Esopo)
O leão era orgulhoso e forte, o rei da selva. Um dia, enquanto 
dormia, um minúsculo rato correu pelo seu rosto. O grande leão 
despertou com um rugido. Pegou o ratinho por uma de suas fortes patas e 
levantou a outra para esmagar a débil criaturaque o incomodara.
- Ó, por favor, poderoso leão – pediu o rato. Não me mate, por 
favor. Peço-lhe que me deixe ir. Se o fizer, um dia eu poderei ajudá-lo de 
alguma maneira.
Isso foi para o felino uma grande diversão. A idéia de que uma 
criatura tão pequena e assustada como um rato pudesse ser capaz de 
ajudar o rei da selva era tão engraçada que ele não teve coragem de 
matar o rato.
- Vá-se embora – grunhiu ele – antes que eu mude de ideia.
Dias depois, um grupo de caçadores entrou na selva. 
Decidiram tentar capturar o leão. Os homens subiram em suas duas 
árvores, uma de cada lado do caminho, e seguraram uma rede lá encima.
Mais tarde, o leão passou despreocupadamente pelo lugar. Ato 
contínuo, os homens jogaram a rede sobre o grande animal. O leão rugiu 
e lutou muito, mas não conseguiu escapar.
Os caçadores foram comer e deixaram o leão preso à rede, 
incapaz de se mover. O leão rugiu por ajuda, mas a única criatura na 
selva que se atreveu a aproximar-se dele foi o ratinho.
- Oh, é você? – disse o leão. Não há nada que possa fazer 
para me ajudar. Você é tão pequeno!
- Posso ser pequeno – disse o rato, mas tenho os dentes 
afiados e estou em dívida com você.
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Linguística do Texto
E o ratinho começou a roer a rede. Dentro de pouco tempo, ele 
fizera um furo grande o bastante para que o leão saísse da rede e fosse 
se refugiar no meio da selva.
Às vezes o fraco pode ser de ajuda ao forte.
Observe agora como Jean de La Fontaine parafraseia a fábula 
de Esopo:
O leão e o rato (La Fontaine)
Certo dia, estava um Leão a dormir a sesta quando um ratinho 
começou a correr por cima dele. O Leão acordou, pôs-lhe a pata em cima, 
abriu a bocarra e preparou-se para o engolir.
- Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me desta vez e eu 
nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia não precisarás de mim?
O Leão ficou tão divertido com esta ideia que levantou a pata e 
o deixou partir.
Dias depois o Leão caiu numa armadilha. Como os caçadores 
o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma árvore e partiram à 
procura de um meio para o transportarem.
Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situação em que o 
Leão se encontrava, roeu as cordas que o prendiam.
E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos 
Animais.
Não devemos subestimar os outros.
Perceba como se estabelece entre as duas fábulas uma 
recorrência temática, uma espécie de dizer a mesma coisa com outras 
palavras.
49
Linguística do Texto
3.1.2.4 Coesão recorrencial por recursos fonológicos segmentais e 
suprassegmentais
A recorrência de recursos fonológicos verifica-se quando há 
igualdade de metro, de ritmo, de rima, de assonâncias, de aliterações, 
etc. Como exemplo, utilizamos uma estrofe do célebre poema ‘Violões 
que choram’, de Cruz e Souza:
(4)Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
A invariância dos versos decassílabos e das assonâncias de /ɔ/ 
e de /e/ associados à representação do som do violão que se esvai por 
meio da aliteração de /v/ permitem o estabelecimento da coesão.
3.1.3 Coesão sequencial
Conforme Fávero (1999, p. 33), “os mecanismos de coesão 
sequencial stricto sensu são os que têm por função, da mesma forma que 
os de recorrência, fazer progredir o texto [...], mas diferem destes por não 
haver neles a retomada de itens, sentenças ou estruturas”. Vejamos, pois, 
como a coesão sequencial se estabelece.
3.1.3.1 Sequenciação temporal
A coesão por sequenciação temporal cumpre a tarefa de 
indicar o tempo de “mundo real”. Observe as maneiras de se obter isso:
50
Linguística do Texto
Diagrama - Exemplos de coesão sequencial temporal
As sequências temporais apresentadas acima indicam uma 
preocupação em fazer com que o fluxo informacional de desenvolva, 
indicando de maneira clara o momento em que cada situação se 
estabelece.
3.1.3.2 Sequenciação por conexão
A sequenciação por conexão ocorre quando são utilizados 
conectores dos mais diversos tipos. Os conectores podem ser 
conjunções, locuções conjuntivas, locuções prepositivas e locuções 
adverbiais que cumprem a função de interconectar enunciados.
Dada a grande quantidade de possibilidades e para efeito de 
maior clareza, adotaremos aqui os exemplos sugeridos por Koch (2009). 
São os seguintes os tipos de coesão sequencial por conexão:
• Causalidade (causa e consequência / consequência e 
causa)
(1) Nosso candidato foi derrotado porque houve 
infidelidade partidária.
(5) Nosso time lutou tanto que acabou vencendo o jogo.
• Mediação (causalidade intencional)
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Linguística do Texto
(1) Farei o que estiver ao meu alcance para que nosso 
plano logre êxito.
• Condicionalidade
(1) Caso realizemos um bom trabalho, seremos 
fartamente recompensados.
• Conformidade
(1) As atividades deverão ser realizadas de acordo com 
o cronograma estabelecido pelo professor.
• Disjunção (apenas um)
(1) Flávio ou Luiz, um dos dois cruzará a linha de 
chegada em primeiro.
• Conjunção (todos os elementos)
(1) A equipe brasileira deverá vencer a competição. Não 
só possui os melhores atletas, como também um dos técnicos 
mais competentes. Além disso, tem treinado bastante e está 
sendo apontada pela imprensa como a favorita.
• Disjunção argumentativa (provocação)
(1) Acho que você reivindicar o que lhe é devido. Ou vai 
continuar se omitindo?
• Justificação ou explicação
(1) Vá já para casa, porque vai chover!
• Comparação
(1) Acho que não há necessidade de convocar o Plínio. 
O Mário é tão competente quanto ele.
• Conclusão
(1) Já fizemos todo o trabalho que foi estipulado para a 
semana. Portanto, podemos ir para nossas casas até que 
chegue uma nova remessa.
• Comprovação
(1) O espetáculo foi impressionante. Tanto que, ao final 
da apresentação, a plateia aplaudiu de pé os bailarinos.
• Generalização
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Linguística do Texto
(1) Lúcia ainda não sabe que carreira pretende seguir. 
Aliás, é o que está acontecendo com grande número de jovens 
na fase pré-vestibular.
• Modalização da força ilocucionária
(1) Vou entregar hoje os resultados da perícia. Ou 
melhor, vou fazer o possível.
• Correção
(1) O professor não me parece muito compreensivo. Na 
verdade, acho que deve ser rigorosíssimo.
• Reparação
(1) Irei ao seu casamento. Isto é, desde que eu seja 
convidado.
• Especificação ou exemplificação
(1) Muitos de nossos alunos têm desenvolvido pesquisas 
bastante interessantes. A Mariana e o Carlos, por exemplo, 
deverão apresentar trabalhos em congressos internacionais.
• Contrajunção
(1) Lutou arduamente durante toda a vida. Entretanto, 
não conseguiu realizar o seu projeto.
É indiscutível a importância dos estudos relacionados à 
coesão, haja vista a sua contribuição para melhor compreensão do 
funcionamento textual. Antes de finalizarmos este capítulo, solicitamos a 
sua atenção para uma última atividade.
Atividade 7
Escolha 5 (cinco) tipos de coesão sequencial por 
conexão e, com base nos exemplos apresentados, 
conceitue cada uma delas.
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