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DELEGADO CIVIL DIURNO CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Penal Especial Professor: Mauro Argachoff Aulas: 15 e 16 | Data: 04/12/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO FURTO 1) FURTO NOTURNO 2) FURTO PRIVILEGIADO 3) ART. 155, § 3º, CP (continuação) 4) FURTO QUALIFICADO 5) FURTO QUALIFICADO PRIVILEGIADO 6) CONCURSO DE PESSOAS NO FURTO E ROUBO 7) ART. 155, § 5º: QUALIFICADORA ROUBO 1) ROUBO IMPRÓPRIO 2) ART. 157, §2ª 3) ART. 157, §3º EXTORSÃO 3) ART. 155, § 3º, CP Art. 155, §3º: Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico - TV a cabo: Julgado STF considerando não ser energia. - Sinal telefônico: aplica-se. - Sêmen (energia genética). - Seres Humanos: não são coisas. - Órgãos para transplante: aqui aplica a Lei 9.434/97. - Cadáver ou parte: pode ser o art. 211 do CP. Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. - Se pertencer a museu ou faculdade: art. 155 do CP. Página 2 de 8 - Se for de partes do cadáver para fins de transplante sem autorização: aplica-se a Lei 9.434/97. - Violar sepultura para subtrair ouro de arcada dentária ou próteses: 1ª Corrente: furto qualificado; 2ª Corrente: Violação de sepultura (corrente majoritária). - Furto de uso: não está previsto no CP. O agente não tem a intenção de manter a coisa em seu poder ou passá-la adiante. Deve ser demonstrado, desde o momento do apossamento, o uso momentâneo da coisa. Será considera atípico. - Furto famélico: cometido para saciar a fome ou satisfazer necessidade vital (tem que ser o único recurso que resta) – haverá estado de necessidade. 4) FURTO QUALIFICADO - Art. 155, § 4º: A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; - Destruição (danificação completa); Rompimento (danificação parcial). - Arrombamento; explosão de caixa eletrônico. - Dano: fica absorvido, mas precisa ser um dano proporcional, se for um dano muito grande, não fica afastado. - Obstáculo como parte integrante da coisa: não qualifica. Existência de posicionamento em contrário do STJ. Ex: quebrar o vidro do carro para levar o carro, neste caso, não qualifica. O que qualificaria, seria se o sujeito quebra o vidro para levar a bolsa que esta dentro. Mas o STJ entende que sim, será qualificadora. II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; - Grande confiança. Caso contrário, agravante genérica do art. 61, II, f do CP “prevalecendo-se das relações domésticas”. Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime. (...) II - ter o agente cometido o crime (...) f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; - Fraude: artifício, engodo. (Lembrar que no estelionato o agente entrega, e no furto o sujeito pega a coisa) - Escalada: via anormal utilizada para a pratica da infração. Esforço incomum. Há quem defenda que a escalada pode ser tanto a subida, entrar em um túnel, etc., mas há quem entenda que a escalada é sempre para cima. Página 3 de 8 - Destreza: habilidade. Mas tem que ser da coisa que a vítima traz consigo III - com emprego de chave falsa; - Imitação da verdadeira feita clandestinamente - Qualquer instrumento capaz de abrir fechadura, sem arrombar. - Ligação direta de veículo não é chave falsa IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. - Maior facilidade na prática delituosa. Pode haver menor. - Necessidade ou não da presença dos agentes no local para configurar concurso de agente: Há divergência, prevalecendo mais que não precisa estar todos no local. - Associação criminosa: Tendência em admissão. Pois os bens jurídicos de cada crime (furto e associação) são diferentes 5) FURTO QUALIFICADO PRIVILEGIADO: - Doutrina tende a ser contra. STF já entendeu possível. - "Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva." 6) CONCURSO DE PESSOAS NO FURTO E ROUBO: - Alegação de ofensa ao princípio da proporcionalidade, pois no furto a pena dobra e roubo aumenta-se de um terço até metade. - Entendimento por não ofensa: Súmula 442 do STJ. “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo”. 7) ART. 155, § 5º: QUALIFICADORA Art. 155, § 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. - Não se refere ao meio de execução do crime, mas sim ao resultado posterior. - Intenção de transportar: deve existir no momento da subtração. - Consumação: com a entrada do veículo em outro Estado ou País. Página 4 de 8 - Tentativa: somente se transpor a fronteira, em perseguição, sendo preso imediatamente depois. - Ex. sujeito subtrai uma moto. É parado em blitz na estrada. Não há tentativa de furto qualificado porque o furto já se consumou e a qualificadora pressupõe que a divisa seja transposta. Haverá furto consumado, simples ou qualificado pelo parágrafo 4º. - Haveria a tentativa se o indivíduo estivesse sendo perseguido após subtração, vindo a cruzar a divisa e sendo preso imediatamente após. ROUBO Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa - Violência (vis absoluta): força física ou ato agressivo empregado contra a pessoa. - Grave ameaça (vis relativa): promessa de mal injusto e grave, contra a vítima ou terceiros. - Qualquer outro meio (violência imprópria): sonífero, hipnose, etc. É considerado roubo. - Crime complexo: dupla objetividade jurídica (patrimônio e integridade corporal ou psíquica). - Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa. - Sujeito passivo: o proprietário ou possuidor, bem como todos que sofram a violência, ainda que não sofram dano patrimonial. - Pessoa Jurídica: pode ser vítima pelo valor subtraído. - Consumação: Momento em que o agente se apossa do bem, ainda que preso no local. Entendimento dos tribunais superiores. STF/STJ. - Tentativa: quando não consegue se apoderar do bem, após a violência ou grave ameaça. - Concurso de crimes: a) Duas ou mais vitimas (violência ou grave ameaça) e lesão a apenas um patrimônio: crime único; b) Duas ou mais vítimas (violência ou grave ameaça) e mais de um patrimônio lesado: concurso formal, cometendo tantos crimes quantos forem os patrimônios lesados; c) Única vítima (violência ou grave ameaça) e mais de um patrimônio lesado: responde por vários roubos se tinha conhecimento da diversidade de proprietários. Há posicionamento do STJ de crime único. 1) ROUBO IMPRÓPRIO: § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de Página 5 de 8 assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.- Roubo comum: violência/grave ameaça como meio de subtração. - Roubo impróprio: conduta inicial de furto. Violência/grave ameaça para garantir impunidade ou detenção da coisa. - O roubo impróprio não admite a chamada violência imprópria (“qualquer outro modo que reduza a capacidade de resistência da vítima”). - Consumação Roubo Impróprio: momento da violência ou grave ameaça. - Requisitos do roubo impróprio: a) Que o agente já tenha se apoderado do bem; b) Que a violência ou grave ameaça ocorram logo após a subtração; c) Que a finalidade do agente, com a violência ou grave ameaça seja a de garantir sua impunidade ou detenção da coisa para si ou para outrem. - Tentativa Roubo Impróprio: Duas correntes: a) não é possível (tribunais superiores); b) possível: quando o agente é preso ao tentar empregar a violência ou grave ameaça. - Se o agente não se apoderou ainda do bem e emprega violência para fugir: tentativa de furto em concurso material com lesão corporal. 2) ART. 157, §2ª: § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: - aplicam-se tanto ao roubo próprio como ao impróprio. I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; - Arma própria ou imprópria - Arma de brinquedo não aumenta a pena (súmula 174 STJ foi revogada) - Armas desmuniciadas e quebradas não aumenta a pena - Vitima afirma que agente estava armado (arma não encontrada). STF reconheceu qualificadora. - Roubo com arma e associação criminosa armada: concurso material de crimes (STF). II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; Página 6 de 8 - Podendo haver menor de idade para compor. III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. - Transportando os valores a trabalho. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade - Não se trata de privação da liberdade: sequestro - Restrição: vítima mantida em poder do agente por breve espaço de tempo - Manter a vítima por tempo considerável para depois libertar: roubo em concurso material com sequestro. Ex. motorista de caminhão. - Manter em seu poder: trancar no banheiro e ir embora após o roubo não caracteriza. 3) ART. 157, §3º: § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. - Lesão leve: absorvida pelo roubo. - Impede a aplicação das causas de aumento do §2º. - Resultado morte: Latrocínio. - Latrocínio tentado ou consumado é crime hediondo. - O resultado morte pode decorrer de dolo ou culpa. Admite a forma preterdolosa, mas não é exclusivamente preterdoloso. - Latrocínio Situações: a) Subtração e morte consumados b) Subtração tentada e morte consumada (súmula 610 do STF) SÚMULA 610 - "Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima." c) Subtração e morte tentadas d) Subtração consumada e morte tentada. - Requisitos: Página 7 de 8 a) Morte decorrente da violência e não da grave ameaça (ex: aponta a arma e a vitima tem um infarto, não será latrocínio) b) Violência empregada no contexto do roubo. c) Nexo causal entre a violência e roubo em andamento (Ex. reconhece desafeto entre as vitimas, isso não tem haver com contexto do roubo, não sendo latrocínio. Responderia pelo roubo mais concurso material com o homicídio) - Latrocínio Várias vítimas mortas e uma única subtração: crime único (doutrina e jurisprudência dominantes). - Matar pessoa intencionalmente em razão de briga e depois subtrair algum pertence: homicídio em concurso material com furto. - Incentivar a cometer suicídio para subtrair pertences: art. 122 em concurso material com furto. Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. - Sujeito passivo: qualquer pessoa presente na cena do crime. Se for um dos roubadores, por desavença, homicídio em concurso com roubo. Se por erro de pontaria haverá latrocínio em aberratio ictus. EXTORSÃO: - Art. 158: Constranger alguém Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) Página 8 de 8 - Fazer algo - Tolerar que se faça algo - Deixar de fazer algo - Mesma pena do roubo - Consumação: quando a vítima constrangida faz ou deixa de fazer algo. Independe do agente auferir a vantagem (Súmula 96, STJ). Crime formal. Súmula 96: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. - Tentativa: é possível
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