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RESPONSABILIDADE CIVIL

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RESPONSABILIDADE CIVIL – VALDETARO
Aula 1 – Rio, 11.02.13
Faltei! Matéria dada: História da responsabilidade civil
................................................
Aula 2 – Rio, 13.02.14
RESPONSABILIDADE JURÍDICA PROPRIAMENTE DITA
-Dever jurídico
É todo aquele ato que o ordenamento jurídico nos impõe. Podem ser positivos ou negativos. Pode ser obrigação de se comportar de determinada maneira ou não adotar algum comportamento. Regras que o ordenamento obriga a fazer e a não fazer. Exemplo: utilizar seta para ultrapassar; não ultrapassar o sinal vermelho.
Além disso, tenho deveres primários e secundários: 
Primários são os impostos pela norma jurídica: tenho que cumprir contratos; tenho que agir zelosamente. 
O dever secundário é a responsabilidade civil: um dever secundário ou sucessivo que surge do descumprimento do dever primário somado a ocorrência de um dano. Sempre que não cumpro um dever primário e esse descumprimento gera um dano, surge para mim uma obrigação secundária, que é a obrigação de reparar. Exemplo: não pagamento decorrente de um contrato -> tenho que indenizar todos os atos decorrentes do meu ato. 
-Funções da Responsabilidade Civil 
Função punitiva -> a responsabilidade civil ainda serve de punição. Nasceu com uma função quase exclusivamente punitiva (no passado, quando surgiu, era seu único objetivo). Perdeu um pouco da sua força, mas ainda existe.
Função pedagógica -> se eu sei que dou meu ato que causa danos a pessoa eu terei que pagar por isso, o sistema de responsabilidade civil me ensina uma carga pedagógica para que eu evite determinados comportamentos. É uma forma de nortear o comportamento das pessoas.
Função preventiva (ambiental) -> se eu tenho que reparar, eu tomarei medidas de prevenção. Na responsabilidade civil ambiental isso é ainda mais forte, pois o objetivo não é a indenização do dano ambiental, mas sim que ele não ocorra.
Função reparatória ou indenizatória -> é a grande função: indenizar a vítima – vítima sofreu dano injustamente, então tem que ter aquela situação reparada, de modo que a maior função da responsabilidade civil é a indenizatória. 
-Espécies de responsabilidade:
1) Responsabilidade civil e penal
Diferenças:
A responsabilidade civil tem como objetivo a reparação, enquanto que a penal o objetivo é a sanção. 
Na responsabilidade civil tenho universalidade e na penal tenho tipicidade (só responde se o meu comportamento estiver num tipo penal. Se não tem tipo penal não tem crime). Na civil, posso ter responsabilidade mesmo que o comportamento não esteja regulado em local nenhum – princípio de não prejudicar ninguém: se eu prejudiquei alguém por ato culposo meu, ainda que não tenha nenhum tipificação terei responsabilidade.
Na civil tem a superação da individualidade (alguém venha a ser chamado a responder por fato de terceiro). No penal isso é mais difícil, tem algumas tendências modernas a permitir isso, mas a regra firme é a individualidade: cada um responde pelos seus crimes
Na responsabilidade civil a disponibilidade é regra: posso ter cometido qualquer ato ilícito e posso dispor do meu direito à reparação (posso renunciar, fazer acordo) e resolver a situação. No direito penal isso não existe, apenas nos crimes de ação penal privada. 
A princípio temos uma independência (com restrições) entre as esferas penal e civil. Não existe total interpenetração.
Por uma questão processual, a sentença penal pode ter efeito no âmbito civil, por causa do fenômeno da coisa julgada – o que diz que o processo acabou é a coisa julgada (torna imutável a decisão judicial, quando não cabe mais recurso), a decisão não pode mais ser revista, sendo a coisa julgada essencial para a estabilidade jurídica. Essa coisa julgada no crime poderá ter efeitos no cível, mas só em algumas hipóteses isso pode acontecer. 
Um só fato pode gerar responsabilidade penal, civil e, até mesmo, administrativa. -> apesar dessa independência temos essa hipótese em que um único fato pode gerar todas essas responsabilidades. Exemplo: atropelar alguém ao avançar sinal vermelho -> tem que indenizar os danos, os remédios que ela terá que usar, terei que responder penalmente (lesão corporal culposa), e a multa (porque avancei o sinal – responsabilidade administrativa). 
2) Responsabilidade civil contratual e extracontratual
Responsabilidade contratual -> decorre do descumprimento de um contrato. A doutrina atualmente chama de responsabilidade civil negocial, pois decorre do descumprimento de um NJ. 
Extracontratual ou aquiliana -> é aquela que nasce de um ato ilícito que não decorre de um contrato. Exemplo: atropelei aquele sujeito com meu carro. Não existe vinculo nenhum anterior entre eles, mas existe a obrigação de reparar o dano que se causa.
Existem duas teorias: monista e dualista. Para a teoria monista essa divisão não existe, pois o dever de reparar sempre existe, então essa divisão seria irrelevante, podendo tratar a responsabilidade civil de uma forma só. Já para a teoria dualista, essas particularidades são suficientes para ter essa divisão. O nosso ordenamento adota a posição dualista. 
Diferenças:
Na responsabilidade civil extra não há necessidade de contato anterior (as pessoas nunca se viram antes) – e mesmo assim nasce responsabilidade para elas. Na contratual tem que ter um contrato anterior, as pessoas tem que ter se vinculado por meio de obrigações anteriormente estabelecidas e ter descumprido isso. 
Na extra não há em regra presunção de culpa – a regra geral é responsabilidade civil subjetiva com culpa provada se eu sou a vitima, tenho que provar que o ofensor agiu culposamente, ou seja, o ônus da prova é da vítima. Já na contratual a presunção de culpa é regra, porque ela se presume em razão do inadimplemento – o simples fato de eu não ter cumprido a minha obrigação já saio como errado – eu tenho que provar o meu não adimplemento. A mora é suficiente para gerar a presunção de culpa.
Mas pode ter exceções: obrigações de meio e entrega de produto.
Na extra tem a impossibilidade de se regular a indenização pela celebração de cláusula de não indenizar ou de limitação de responsabilidade. Na contratual há a possibilidade de regular a indenização pela celebração de cláusula de não indenizar ou de limitação de responsabilidade. 
3)Objetiva e subjetiva
Subjetiva -> eu agi errado, tenho que indenizar – fundada no conceito de culpa. Aqui tem que ter o dano e o nexo de causalidade. 
Objetiva – independente de culpa, baseada no conceito de risco. Pouco importa se a minha conduta foi lícita ou não. A lei diz que a conduta é objetiva, então todos os danos que ocorrerem nessa hipótese deverão ser responsabilizados. Ainda que a conduta seja lícita todos os danos ali causados geram obrigação de indenizar. 
-Ato ilícito 
Art. 186 do CC: “aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. -> muito confuso, conceito ruim.
Ato ilícito e dano não são necessariamente coexistentes, pois posso cometer ato ilícito e não ter dano – exemplo: ultrapassar sinal vermelho e não cometer dano. E posso ter dano sem ter ato ilícito. 
Negligência e imprudência são exteriorizações da culpa – posso ter ato ilícito ainda que sem culpa, pois posso ter ato ilícito por descumprir o contrato.
Posso ter ato ilícito quando descumpro a lei ou quando descumpri o contrato (a lei manda que eu obedeça os contratos). Mas existe outro tipo de ato ilícito: eu não devo não causar dano a outras pessoas, eu devo atuar de forma a não causar dano -> em algumas hipóteses terei ato ilícito não porque descumpri regra de direito, mas porque não agi com cuidado e com zeloso, agi culposamente (fui negligente e imperício) – tenho que praticar meus atos de forma a pensar nos atos que eu tiver. É um dever geral. Vou ter ato ilícito não só quando violo a lei em sim, mas também quando violo esse dever geral de cuidado (nemi laberem). 
-Atos abusivos
Caso CLEMENT-BAYARD (um sujeito que andavade balão, mas a fazenda próxima ao local em que o sujeito andava de balão construiu torres, fazendo com o que o balão estourasse. O sujeito do balão foi ao tribunal, exigindo que as torres fossem derrubadas, pois apesar do direito de propriedade ser muito forte na época (1800), e o dono da fazenda o tivesse, o ato de construir as torres era abusivo).
Não posso cometer condutas abusivas com o objetivo de causar prejuízos a outrem. 
Critérios identificadores:
Subjetivos:
Aproximam a teoria do abuso do direito à teoria medieval dos autos emulativos. São eles: 
A intenção de prejudicar; -> resolve todas as hipóteses. 
A contrariedade do ato à moral e aos bons costumes - (critério fraco);
A gravidade da culpa (critério técnico) - (critério fraco);
A falta de interesse legítimo -> melhor critério – Demogue. Mas ainda não resolve a questão. 
Objetivos:
A ruptura do equilíbrio dos interesses em conflito (Campion) -> critério ruim
Violação do fim econômico e social do direito (Saleilles)
Violação do exercício do direito contrário ao seu espírito (Josserand) -> o conceito anterior está bom, mas só atinge os direitos egoístas, precisando que se atinja também os direitos altruístas. Se viola um direito sempre que exerce direito contra o seu espírito.
O que chamava de espírito e o outro chamava de fim, hoje chamamos de “função” (função social, função econômica, etc.). 
Toda vez que um direito é exercido fora da sua função, temos abuso do direito. Se exerceu direito fora de função, exerceu abuso do direito. A teoria é muito melhor explicada pelos critérios objetivos.
O ato abusivo é aquele que embora aparentemente baseado num direito reconhecido pelo ordenamento jurídico, é irregular, pois exercido contra 
Natureza jurídica:
Atos ilícitos (Luis Alberto Warat); 
Atos ilícitos (Jean Dabin, Borda, Bernal);
Terceira via – atos abusivos (Spota e Lucio Flavio de Vasconcellos Naves).
A maioria diz que o ato abusivo é ilícito. 90% dos autores vão falar isso. 
Mas autores recentes dizem que o ato abusivo é diferente do ato ilícito, pois o critério de caracterização dele é diferente, dando a ele uma autonomia dogmática de modo que posso reconhecer uma terceira via. Não preciso estar amarrado ao conceito de ato ilícito ou lícito, podendo ter uma terceira categoria – tenho ato licito, ilícito e o abusivo. Então a natureza jurídica dele seria ser apenas ato abusivo. 
No CC de 1916, art. 60 regulava abuso de direito – os doutrinadores diziam que regulava da seguinte forma: a contrario sensu – se eu exerço irregularmente um direito reconhecido, então tenho um ato ilícito. Entendia-se que este artigo, numa interpretação a contrario sensu, defendia a teoria do ato abusivo.
Hoje é regulado pelo art. 187 do CC vigente. 
Vantagens: diz diretamente que é abuso de direito. 
Problemas: “pela boa fé ou bons costumes” -> boa fé e ato abusivo não são coisas idênticas.
Ato abusivo que também segundo a nossa lei é ato ilícito. A consequência deles é a mesma: indenização. 
A RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA
*CONDUTA
A conduta é todo comportamento voluntário conduzido por uma ação ou omissão. Haverá conduta e dever de indenizar ainda que a conduta seja omissiva (ainda que eu não faça nada), desde que exista dever jurídico de agir. Exemplo: Omissão médica; obrigatoriedade indicada na lei e quando indicado por dever geral de cuidado. 
Normalmente respondo por uma conduta própria – respondo pela minha conduta. Regra geral: cada um responde pelos seus atos. Mas posso responder pela conduta de terceiros: responsabilidade por fato de terceiros (como a dos pais, tutores, curadores, empregadores).
A doutrina tradicional vincula a conduta a um elemento de reprovabilidade – além da minha conduta ser ilícita, ela tem que ser também reprovável. A culpa e a necessidade de punir eram essenciais e por isso tinham que ser condutas reprováveis. Só assim seria responsabilidade civil. Se eu não tivesse condição de saber se aquela minha conduta era certa ou errada, eu não poderia ser punido (se não tinha discernimento não podia ter culpa – os incapazes, os menores e as pessoas com discernimento mental diminuído eram imputáveis e não respondiam civilmente). 
Tinha que ser imputável: 
Maioridade (menor absolutamente incapaz não tinha condição de conhecer os seus atos; o relativamente incapaz respondia pelos seus atos como se maior fosse). Os pais respondiam pelos filhos menores: tanto pelos absolutamente e pelos relativamente incapazes – antigamente tinha entendimento, mas não pacífico, que para os relativamente, havia divisão dessa responsabilidade. 
Inúmeras críticas à regulamentação do Código anterior: a vítima de ato de menor abastado cujo responsável não tivesse patrimônio penhorável ficaria sem ressarcimento. 
Caso: Sujeito A casa com mulher B e tem um filho. Sujeito A é muito rico, mais de 60 anos, casa-se na separação total. Filho herda tudo do pai. Filho menor age ilicitamente, mas a mulher não tem dinheiro nenhum para se responsabilizar pelo seu ato. O menor, mesmo com dinheiro, não responde por nada.
No novo código o menor responde: de forma mitigada e subsidiária – art. 928: 
Só responde se as pessoas responsáveis por ele não respondem por ele (caso de perda da guarda) ou quando não tiverem condição econômica de responder, então o menor responde, resolvendo a situação injusta acima. Aqui vemos porque a responsabilidade dele é subsidiária.
 
Mas também é mitigada, pois o § único diz que a indenização prevista neste artigo deverá ser equitativa -> será fixada de acordo com a equidade, de acordo com o critério de justiça distributiva do juiz (juiz foge da regra básica da responsabilidade civil, por isso é uma regra mitigada). 
Tal regra mitiga a responsabilidade, criando um novo requisito para a responsabilidade, que é a manutenção digna do incapaz e das pessoas que dele dependem – existe proteção para o incapaz cujo patrimônio não pode ser devastado para sua manutenção e de outras pessoas. 
O art. 16 da lei 8069/90 (ECA) -> já previa isso. “promova o ressarcimento do dano” – responsabilização do incapaz, limitada às hipóteses de ato infracional -> existia a possibilidade da responsabilização do incapaz antes do CC, mas só nas hipóteses de ato infracional (crime e contravenção) – o juiz PODERIA obrigá-lo a ressarcir o dano. 
Tudo que se falou de menor se aplica às pessoas de discernimento diminuído. 
......................................................
Aula 3 – Rio, 18.02.14 CONTINUAÇÃO DE CONDUTA...
Iniciamos o estudo da responsabilidade civil subjetiva – dividida em conduta, nexo de causalidade e ? 
Primeiro ponto: questão da imputabilidade como requisito capaz de gerar responsabilização. A imputabilidade no passado era regra para que eu respondesse não bastasse que essa fosse licita, mas que eu fosse imputável, logo as pessoas inimputáveis não respondiam. Mas nos vimos que essa regra não mais existe, pois os menores e os com problemas mentais passam a responder hoje de forma mitigada e subsidiária. 
Precisamos ter uma conduta. E mais do que isso, preciso ter uma conduta ilícita. Entretanto, para que haja conduta é preciso que haja vontade – não existe conduta sem vontade, porque toda conduta é um ato volitivo.
Vontade é diferente de intenção. A vontade basta que eu queira fazer alguma coisa, enquanto que a intenção é a vontade destinada a um fim. Se eu tenho vontade eu posso ter culpa, se eu tenho intenção eu tenho dolo – eu estou dirigindo meu carro pela minha vontade -> caracteriza a minha conduta e para que esta conduta gere o dever de indenizar; se eu estou dirigindo para atropelar alguém eu tenho intenção, logo dolo. 
Quando eu não vou ter um ato com vontade: hipnose sonambulismo – não existe vontade quando há atos reflexos despidos de vontade.* 
*Um caso mais prático sobre isso Carro projetado (atingido por outro acaba por atingir coisa alheia): carro que foi atropelado por um e foi jogado e então atingiu terceiro veículo – ausência de comportamento volitivo do condutor. Foi mera açãoculposa de terceiro. Não responde pelos danos causados, devendo a ação ser dirigida para quem causou o primeiro atingimento. 
DOLO:
Atividade/conduta intencional de prejudicar a outra parte. Aquele dano eu tenho intenção de produzir. Características:
Propósito – eu fiz porque eu queria causar aquele dano de propósito.
Consciência de estar atuando erradamente, contra um dever jurídico – mas mesmo assim vou fazer.
CULPA:
Posso traduzir como a quebra do dever geral de cuidado. Além do ato ilícito porque eu descumpri uma lei, eu também atuo ilicitamente quando não ajo segundo o dever geral de cuidado. Todos devem atuar com precaução para não causar prejuízos aos que nos cercam. Se eu não ajo assim e causo dano, eu sou obrigado a indenizar. Ou então quando viola uma norma protetiva também age com culpa.
Conceito de culpa (Ato ilícito propriamente dito) -> se eu atuo com dolo ou culpa sou obrigado a indenizar aquele que sofreu o dano pelos danos resultantes da violação. §483 do Código Civil Alemão. 
Terei essa conduta ilícita sempre que quebrar o dever de cuidado. Mas quando que eu quebro esse dever de cuidado? Pois às vezes para evitar um dano devo ter um cuidado exacerbado que apenas um especialista teria ou ainda simplesmente não tive cuidado nenhum – como medir esse dever geral de cuidado? A medida é a medida geral: como as pessoas normalmente atuam – o parâmetro é o parâmetro do homem comum. Conceito de homem comum é muito subjetivo, pois na prática será o que o juiz acha que é o dever geral de cuidado. 
Existem alguns elementos caracterizadores da culpa:
Preciso ter uma conduta voluntária -> vontade (e não intenção!!) Se eu estou diante de um ato sem vontade, eu não tenho conduta (caso dos atos reflexos e do carro ameaçado);
Previsibilidade -> é preciso que o dano seja previsível. Não é previsto, porque se o dano é previsto eu não tenho culpa, mas sim dolo. Sempre que eu saio dirigindo eu sei da possibilidade de cometer um dano – isso é culpa.
Se a situação não foi prevista e nem era previsível: exemplo: peguei o bem dele e coloquei no meu quintal, e caiu um raio no carro dele – nesse caso, não tenho culpa e nem dolo, mas sim caso fortuito. Se é absolutamente imprevisível não terei culpa e nem dolo. A imprevisibilidade gera o caso fortuito. 
Falta de cuidado -> a falta de cuidado é o que vai denotar na quebra do dever geral de cuidado. Pode se exteriorizar de 3 formas – exteriorizações da culpa:
Negligência -> falta de cuidado numa conduta omissiva – deixei de fazer quando deveria ter feito
Imperícia -> falta de habilidade técnica
Imprudência 
Natureza da culpa: elemento psicológico + dado normativo: “um juízo de censura formulado pelo direito”
O problema da culpa: é ser um elemento psicológico. Há necessidade de verificar o que é a quebra desse dever de cuidado. Isso tudo faz com que a culpa seja um elemento psicológico. Mas tem uma forma de sair dessa situação subjetiva, que é o dado normativo, ou seja, aquilo que a lei nos fornece para caracterizar a culpa: eu terei a culpa toda vez que o direito tenha um juízo de censura acerca daquela conduta.
Sempre que a conduta for reprovável pelo direito, teremos uma violação do dever geral de cautela - Professor Antônio Menezes Cordeiro. 
Classificações da culpa:
 
Culpa grave -> é a falta de cautela grosseira, imprópria ao homem comum. É a culpa consciente, próxima ao dolo eventual; -> é aquela culpa tão pesada que é equiparável a um dolo – fiz um ato tão absurdo, me faltou tanto cuidado que é quase querer produzir o dano. 
Culpa leve -> e aquela ligada a uma falta que poderia ser evitada com atenção ordinária; -> falta de cuidado que poderia se afastada com um cuidado ordinário
Culpa levíssima -> é caracterizada pela falta de atenção extraordinária, de uma habilidade especial ou de um conhecimento singular. 
Tendo qualquer uma dessas, eu tenho obrigação de indenizar. Essa divisão é importante pelo seguinte fato: culpa grave é equiparável ao dolo. Na responsabilidade civil contratual podemos afastar a cláusula de não indenizar – essa cláusula não se aplica em caso de dolo ou culpa. 
Essa classificação, com o tempo, vem perdendo relevância, mas existem situações postas no ordenamento jurídico nacional em que a classificação é importante, como o art. 25 da Convenção de Varsóvia, que exclui da indenização tarifária os danos decorrentes de dolo e de culpa grave – eu recebo tanto dependendo de quantos quilos minha mala que foi extraviada tinha. Lembre-se também da questão do transporte gratuito, uma vez que, segundo a doutrina majoritária, o transportador gratuito responderia apenas nos casos de dolo e de culpa grave. 
Existem diversas hipóteses em que a lei dirá que culpa grave é igual a dolo – culpa grave dará um tratamento diferente a uma situação equiparável ao dolo. 
 Outras classificações: 
Culpa contratual: quando tiver violação de um dever jurídico contratual – descumpro culposamente aquele dever de cuidado. 
Culpa extracontratual. 
Culpa in elegendo -> é quando tenho culpa por ter escolhido a pessoa errada para fazer alguma coisa. Normalmente, é aquela do patrão, amo ou comitente na forma do art. 932, III do CC. 
Isso não é assim hoje, porque pelo art. 933 todas as hipóteses do art. 932 são de responsabilidade subjetiva, não tendo o que se falar de culpa objetiva. A hipótese é de responsabilidade objetiva, independente de culpa.
Mas esse conceito não é totalmente inútil – art. 667 do CC: mandato – substabelecimento – quando o mandatário pode substabelecer ele só responde
Culpa in vigilando -> eu tinha que vigiar, mas não cuidei. Dever dos pais sobre os filhos – se eu não vigio, a responsabilidade é gerada por esse tipo de culpa. Isso virou peça de museu, porque o art. 933 também transformou essa hipótese em responsabilidade objetiva, não tendo o que se falar em culpa.
Culpa in custodiando -> falta de cuidado em relação a um animal ou qualquer coisa inanimada.
No que concerne aos animais virou também peça de museu, porque a responsabilidade civil dos donos de animais a responsabilidade é objetiva, por causa da nova redação do art. 936.
Só tem essa hipótese no caso de guarda de coisas inanimadas. Não posso sair com meu revólver carregado e esqueço aqui na sala de aula (guarda de objetos perigosos – faca; arma de fogo; carro; barco – problema: conceito de coisas perigosas – este conceito é dado pela jurisprudência); caso da pessoa que empresta o carro para outra.
Culpa in contrahendo -> responsabilidade civil pré-contratual: nasce na fase em que ainda não tenho contrato, é fase das negociações preliminares e nessa fase pode existir uma responsabilização. A primeira teoria para gerar a responsabilização nessa fase é a teoria da culpa in contrahendo: você poderia ser responsável se no ato de celebrar um contrato você atuasse culposamente. Esse teoria hoje é totalmente superada. Hoje há a teoria da boa-fé.
Culpa presumida -> existem hipóteses em que a lei presume a existência de culpa – parte do pressuposto que a parte agiu erradamente – exemplo: obrigações de resultado: sempre terei culpa presumida – o médico cirurgião plástico e a senhora continuou com o nariz torto – presume-se que ele agiu com culpa, pois ele não atingiu o objetivo daquele contrato. Ou então se eu não entreguei a obra dele no prazo adequado. Não precisa nem provar a culpa, pois esta já é presumida. 
Culpa contra a legalidade -> é uma teoria ligada a acidente automobilístico – exemplo: estou dirigindo bêbado, sem carteira – estou agindo contra a norma regulamentar.
Presunção relativa e não absoluta, logo esse presunção pode deixa de existir diante de prova.
Causas de justificação – excludentes de ilicitude
Minha conduta deixa de ilícita por causa destas cláusulas de justificação. 
Legítima defesa 
Requisitos: estar sofrendo agressividade injusta; agressão imediata; não uso a força de forma desproporcional; agressão inevitável por outro modo e impossível ou muito difícil. 
Exercício regular do direito
Tenho um direito meio colidindocom o de outro, mas se eu estou exercendo o meu regularmente não tenho ato ilícito. Exemplo: resolvi publicar matéria desabonadora sobre uma pessoa – era tudo verdade, mas eu exerci o meu direito regularmente -> aquele notícia era verdadeira e de relevância pública. Proporcionalidade: boa-fé e proibição do abuso. 
Se estou no exercício regular de direito, não tenho obrigação de indenizar.
Estado de necessidade
Estou fugindo da minha casa que está pegando fogo e derrubo a parede do meu vizinho para fugir – tenho um perigo atual – nesse caso, não tenho obrigação de indenizar. 
Parágrafo único do art. ?, inciso II -> questão do excesso que existe na legítima defesa aqui também existe.
Questão de imputação
Tenho algumas hipóteses em que deixo de ter o direito à indenização quando o perigo tenha sido praticado pelo próprio agente – exemplo: eu me expus ao dano; terceiro tirou proveito do meu estado de necessidade.
Outras causas de justificação:
Tenho a questão da ação direta -> desforço possessório – alguém invade a minha propriedade e posso ter auto tutela (justiça com as próprias mãos, não preciso do Estado para atuar). Requisitos: (i) necessidade de assegurar o seu direito; (ii) autorização legal; (iii) recurso a própria força; (iv) contenção dos meios utilizados; (v) atuação imediata. 
Não há dever de indenizar porque tenho uma causa de justificação. 
Outra hipótese: consentimento da vítima – a vítima consentiu em se expor ao prejuízo – tenho um direito disponível, um ato de consentimento e um ato legítimo. Não há obrigação de indenizar porque a vítima consentiu com o dano. Exemplo: esqui fora de pista – se o esquiador está fora da pista e se acidentou, o dono da pista não tem obrigação de indenizar. Art. 340 do CC português regula (o nosso não). 
..........................................................................
Aula 4 – Rio, 20.02.14
*NEXO DE CAUSALIDADE
Sem ele não existirá responsabilização.
Ele é a relação de causa e efeito entre o dano e a conduta – o dano foi gerado em função da minha conduta. É esta vinculação.
Para ter indenização é preciso que a causa do dano seja exatamente a minha conduta. 
-Posso ter situações como a concorrência de causas múltiplas: causas podem ter gerado aquele dano – posso identificar mais de uma causa que vai fazer aquele dano ocorrer e tenho que ver quais ou qual dessas causas gerará responsabilidade: 
Causas complementares -> são aquelas que precisam estar somadas para levar ao dano. Isoladamente nenhuma delas gera o dano, mas a soma delas gera o dano. Exemplo: sujeito que sofre acidente e vai para o hospital. Lá ele contrai infecção hospitalar -> é preciso dessas duas causas para se chegar ao óbito (ao dano).
Causas sucessivas ou simultâneas -> as causas simultâneas são as que acontecem ao mesmo tempo. As causas sucessivas: acontece uma e depois a outra. 
No caso de serem simultâneas, eles serão solidárias. Se elas forem sucessivas cada uma responderá pelo seu potencial lesivo.
Causas cumulativas -> as duas são suficientes para gerar o dano. Tenho duas causas para aquele dano e as duas são suficientes para gerar aquele efeito. Não terei causas cumulativas sucessivas, pois uma delas já terá gerado o dano primeiro – exemplo: sujeito que leva dois tiros – não poderá ocorrer o evento morte novamente. 
As causas cumulativas simultâneas gerarão solidariedade.
Causas alternativas -> na verdade, se dá em uma hipótese em que sei que Normalmente está ligada a um ato de um indivíduo membro de um grupo e que ali se confunde – um grupo de pessoas sem representação vem a causar um dano. 
-Teorias acerca da questão do nexo de causalidade:
Teoria da equivalência dos antecedentes
Diz que havendo multiplicidade de causas todas elas são relevantes e todos os antecedentes são equivalentes. Todas as causas são eficientes para a concepção do dano. Essa teoria recebe muitas criticas pois causa alargamento excessivo do nexo, pois forma cadeias/elos intermináveis de responsabilidade. Essa teoria é rejeitada pelo direito civil. 
Teoria da causa próxima
A causa mais próxima, a derradeira, a última causa era a responsável pelo acidente. O último que causou a situação é o responsável pelo acidente.
O problema é que nem sempre o último é quem causou o dano efetivo. Exemplo: sujeito entra com tiro no coração e o médico comete um pequeno erro e o paciente acaba morrendo. Aqui, o médico seria responsabilizado e não quem atirou. Essa teoria também é desprezada. 
Teoria da causa eficiente
Teoria da causa adequada
Pede para que se veja qual é a causa que teoricamente era capaz de produzir aquele dano. Pego todas as causas possíveis e vejo qual é a causa adequada à produção daquele dano. Faço esse exame de probabilidade examinando todas as causas que existiam e a que for adequada para produzir aquele dano é a conduta a quem vou imputar a responsabilidade.
Durante muito tempo essa teoria vigorou como a teoria aplicada. O problema é que depende muito do exercício de probabilidade feito pelo julgador – o julgador verifica num juízo seu qual é a mais provável. Essa teoria também está superada.
Teoria do escopo da norma violada
Para essa teoria toda norma tem um objetivo, ela visa proteger uma determinada situação. O juiz tem que ver que situação deveria se protegida por aquela norma. E vê a causa que põe em cheque aquela situação protegida pela norma violada é a suficiente para caracterizar a responsabilidade. O problema é que nem sempre temos uma norma violada: pode ter ato ilícito pelo abuso daquela norma, mas pode ser que a responsabilidade venha pela quebra do dever geral de cuidado. 
Teoria da ação humana
Diz que toda causa nada mais é do que um ato humano, uma conduta. Tenho que buscar qual foi a conduta humana que desencadeou aquele ato. Essa teoria nunca foi muito usada. 
Teoria do dano direto e imediato 
Essa é a nossa teoria. Também chamada de Teoria da Causa Adequada Objetivamente Considerada. Decorre de uma aplicação direta do art. 403 do CC – é claro ao dizer que a causa a ser considerada é aquela direta e imediata. Mas está falando de inexecução: esta é uma regra de responsabilidade contratual e não geral, mas embora assim seja a doutrina e a jurisprudência entende que se aplica a responsabilidade civil contratual e a aquiliana. 
Qual a diferença dessa teoria para a causa adequada? A causa adequada é um exame de probabilidade – qual é a causa capaz de causar o dano. Aqui peço para o juiz determinar qual é a causa que efetivamente causou aquele dano, não se utiliza um juízo de probabilidade, mas sim de certeza. 
Caso: Sujeito foge da cadeia, se juntou com outros e voltou a roubar. A quadrilha assaltou uma pessoa e a matou. A família pediu indenização ao Estado pelo dano, pois o Estado deveria ter mantido o sujeito na cadeia. Hoje, a jurisprudência é mais flexível e entende que o Estado passa a ser responsável sim. 
Caso: Empresa foi pegar empréstimo e encomendou projeto da SEBRAE. Os negócios deram errados e pediu indenização ao SEBRAE. Não foi o SEBRAE que fez a empresa falir, o projeto deu errado, mas não foi isso que fez a empresa falir. 
A teoria do dano imediato e direto restringe as hipóteses de indenização, pois tenho que provar que aquele dano tenha ocorrido de forma direta e imediata por causa daquela determinada conduta. Ainda que haja uma grande probabilidade, não tem indenização, mesmo que tenha sido muito provável – para que haja responsabilidade tem que haver certeza e não probabilidade. 
Caso: Como não há certeza de que o sujeito morreu de câncer por causa do cigarro, a empresa tabagista não pode ser responsabilizada pela morte do sujeito. O nexo causal aqui tem que ser de certeza e não de probabilidade – diferente do direito norte-americano, em que a responsabilidade pode ser pela probabilidade. 
-Interrupção do nexo de causalidade:
Tenho elementos que interrompem o nexo de causalidade, que interrompem a causa e efeito. São elementos de defesa. 
Fato exclusivo da vítima 
Parece que eu que estou atingindo,mas quem causou o acidente foi a própria vítima. O dano embora aparentemente causado pelo suposto agressor, na verdade foi a conduta da vítima que causou o acidente. 
Caso: Uma senhora entra contra o banco porque alguém pegou o cartão dela e sacou o dinheiro da sua conta, dizendo que o banco não deveria ter permitido. Mas na verdade, a senhora deu o cartão e a senha para um sujeito que estava atrás dela na fila que disse que iria ajuda-la. Todos sabem que não se deve fazer isso, logo a culpa é total da vítima. 
Caso: Na ponte só podia passar trem, mas o sujeito resolveu atravessar pela ponte para poupar tempo. O sujeito foi atropelado pelo trem. Sabia-se que não era para ninguém atravessar ali, logo foi culpa exclusiva da vítima. 
Caso: Surfista Ferroviário – sujeito resolveu andar por cima da composição ferroviária. Caiu do trem e morreu. É culpa exclusiva da vítima, pois não é para ficar andando por cima do trem. A pessoa que se arrisca por cima de composição ferroviária assume a consequência de seus atos, não podendo a ferroviária ser responsabilizada. 
Caso: Diferença entre o Surfista Ferroviário e o Pingente Ferroviário -> pingente ferroviário: queria entrar no trem, mas não conseguiu, pois o trem estava lotado e por isso subiu. Nesse caso do pingente, a companhia é responsabilizada. O surfista ferroviário age de tal forma para aparecer, diferente do pingente. 
Se a culpa é exclusiva da vítima, não tem indenização e ela que suportará todos os danos. Mas tem casos em que parte do dano foi culpa da vitima e parte pelo agressor e as duas que causaram o dano, então se terá indenização por parte de ambos.
Caso: Culpa concorrente – termo equivocado, deveria ser concorrência de condutas – sujeito estava no ônibus com o cotovelo para fora da janela, o que é proibido. O ônibus bateu na parede e machucou o braço do sujeito. O tribunal entendeu que havia concorrência de condutas, pois o ônibus não deveria sair se arrastando na parede o tempo todo, devendo ter desviado. Então, o sujeito recebe indenização, mas reduzida, pois houve culpa dele também.
Fato de terceiro 
Foi um terceiro que veio e que causou o dano. O dano não é causado nem pela vítima e nem pelo suposto agressor, mas por terceira pessoa. 
Caso: Carro arremessado por culpa de outro veículo que bate no seu. Fato de terceiro não há indenização.
Tem que ver se o fato de terceiro está incluindo no risco daquele negócio ou não. E isso é chamado de fortuito interno e externo. 
Se o fato de terceiro está abarcado pelo risco do negócio ele é chamado de fortuito interno. Se o fato de terceiro engloba o risco do meu negócio é caso fortuito interno e não me exonera. Mas se é fortuito externo, não estando dentro do meu risco, me exonera – consigo não indenizar alegando fortuito externo. 
Caso: Ônibus está passando e tem sujeito do lado de fora que joga pedra dentro do ônibus. A pedra bate na cabeça de passageiro – a empresa de ônibus não é responsabilizada civilmente. Não estava dentro do risco do negócio. 
Caso: Ônibus assaltado a mão armada – também é fortuito externo e força maior. Há exclusão da responsabilidade da empresa de ônibus. Assalto é fortuito externo, logo não rompe. 
Caso: A empresa parou fora do ponto, os sujeito entraram e estupraram. O ônibus parou de novo fora do ponto as pessoas saíram, o ônibus prosseguiu e não chamou a polícia e depois se descobriu que o motorista morava na mesma comunidade dos bandidos. Nesse caso, se entendeu que a empresa de ônibus deveria ser responsabilizada.
Súmula 187 do STF e art. 735 do CC -> temos aqui uma exceção: no contrato de transporte o fato de terceiro não é capaz de romper com o nexo de causalidade, existindo a obrigação de indenizar, a não ser que o fato de terceiro se equivalha a fortuito externo. 
Caso fortuito e força maior
Fortuito é imprevisível (não tem como prever) e força maior é inevitável (pode até prever, mas é inevitável, não tem jeito). Inevitabilidade e imprevisibilidade vai dar no mesmo. Então fortuito e força maior tem a mesma consequência na prática. 
O que é importante é diferenciar o fortuito externo do interno. Se está no risco do negócio não é fortuito, então tem que indenizar. Se não está no risco do negócio, é externo, rompendo o nexo, não tendo que indenizar. 
-Irrelevância da causa virtual:
Aquela causa que não gerou o acidente, mas que geraria se outra tivesse gerado, é absolutamente é irrelevante.
Se eu não tivesse causado o dano, o dano aconteceria de qualquer maneira, então não preciso indenizar, porque se eu não tivesse causado o dano outro causaria. Não posso me defender com base nisso, isso é irrelevante.
Caso: João pega sua bola e dá um bico na bola, quebrando a vidraça da casa do vizinho, tendo seu pai que indenizar. No segundo seguinte, o botijão de gás da casa do vizinho e a casa do vizinho explode completamente. Ainda sim, o pai de João tem que indenizar a vidraça, mesmo que a casa tenha explodido depois, pois é causa virtual.
A causa virtual só será relevante quando a lei disser: art. 399 do CC: se estou em mora pelo pagamento da coisa, respondo pelos danos causados a ela. Só não respondo no caso de causa virtual./ O mesmo ocorre no art. 667 do CC: causa virtual relevante./ Art. 862/ Art. 1218 do CC. Causa relevante só é importante nesses 4 casos apontados pela lei. 
-Causalidade alternativa – dano gerado por membro indeterminado de um certo grupo
Caso: Uma cidade do interior gaúcho resolveu fazer uma parada na rua em homenagem a uma revolução. Um dos carros alegóricos era um carro de caçadores. Quando chegava na porta das autoridades esses caçadores soltariam pombos e atirariam neles, mas um dos atiradores atirou de verdade e pegou numa pessoa. Mas não se sabe quem do grupo atirou. Pode responsabilizar o grupo todo pelo dano exclusivo de uma pessoa? Um inocente pode indenizar pelo fato dele ter feito parte de um grupo ou deixa a vítima sem ressarcimento porque não consigo identificar a pessoa? A causalidade alternativa não gera indenização.
Isso sofre críticas, mas a responsabilidade de um membro do grupo não gera a indenização. Se eu não consigo descobrir quem é efetivamente o culpado, em regra, não gera indenização. 
Requisitos: 
Anonimato do autor do dano; 
Certeza de que o dano foi gerado por um membro do grupo; 
Grupo bem caracterizado, delineado; 
Não se trata de dano causado pelo grupo, mas por um membro indeterminado e desconhecido; 
O grupo não tem chefe e nem diligente (se tiver, quem responde é o chefe). 
Exceção: Art. 938 do CC -> toda vez que algo cai ou é lançada deum prédio, terá indenização. Mas não se sabe quem é o dono do prédio ou de onde veio, mesmo assim responde todo mundo. Existem alguns acórdãos que responsabilizam os moradores de apartamentos de determinada fachada. A vítima entra contra o condomínio inteiro e depois o condomínio entra com ação de regresso contra o verdadeiro culpado. 
Isso é uma tradição, pois essa regra nasce no direito romano, tendo séculos de tradição. 
-Influência do nexo causal no sistema de distribuição do prejuízo:
Temos 4 condutas que contribuíram para a ocorrência do dano. Quando isso ocorre, as consequências do dano serão repartidas: a vítima responde parte da indenização e o causador paga parte da indenização. Tem 3 sistemas para fazer isso:
1)Sistema de Paridade -> duas condutas, divide no meio – vejo o tamanho da indenização e divido pela metade. Esse sistema é equivocado. 
2)Sistema da gravidade da culpa -> vamos ver quem foi o maior culpado: um agiu com culpa grave e o outro com culpa leve, devendo jogar a carga toda em que agiu com culpa grave. Isso não funciona, porque aqui é o plano do nexo, não discutimos conduta. Uso o sistema do nexo causal para fixar: vejo quanto cada conduta contribuiu para aquele acidente – divido a indenização de acordo com o percentual que cada uma das condutas contribuiu para o dano, e que tiver maior percentual será aquela para a fixação do tamanho da indenização.
......................................................Aula 5 – Rio, 25.02.14 – Prof. Luiza (substituta)
*DANO 
-Risco de multiplicação de danos
Com o dano moral se amplia as possibilidades de dano. Surge até crítica: indústria do dano moral – qualquer ação com que se entre (plano de saúde) implicam com que a parte sempre peça dano moral – multiplicação excessiva do dano.
-Conceito de dano
Dano é a lesão a um bem jurídico, a um interesse jurídico. Lesão a um bem jurídico patrimonial ou existencial (não patrimonial) – divide entre responsabilização por dano material e dano moral – esta é a principal divisão. 
-Classificação
A principal classificação é entre dano material ou patrimonial e moral ou extrapatrimonial (pode se falar em dano estético, mas há quem entenda que esta é uma categoria à parte).
-Dano material: 
Dano material é a lesão aos bens integrantes do patrimônio da vítima. É um desfalque no patrimônio da vítima. 
Teoria da diferença: vê como era o patrimônio antes do dano e analisa como está o patrimônio após o dano – faz isso para mesurar o dano. Há a ideia de prejuízo 
Deve ser reparado pela restituição da situação anterior ou por meio de equivalente (indenização pecuária). A tendência é sempre tentar evitar o dano, mas ocorrendo o dano, deve-se priorizar sempre a restituição da situação anterior, em vez da indenização.
Art. 402 - Ideias principais: a parte que efetivamente perdeu: dano emergente; o que ela deixou de lucrar: o lucro cessante. 
O dano emergente é o desfalque no patrimônio: mensuração do quanto passou a ser patrimônio por conta da lesão. 
Os lucros cessantes são mais difíceis de avaliar, pois é mais complicado definir aquilo que a vítima razoavelmente deixou de lucrar. 
Lucros cessantes:
Entendido como a perda de um interesse futuro. Exemplo: perda ou diminuição de remuneração de um profissional em razão de uma lesão à sua integridade psicofísica – qualquer situação que a parte deixa de auferir um lucro por conta do dano; caso do taxista: além de ter os consertos com o veiculo, como o carro é o seu instrumento de trabalho, deixaria de lucrar ao colocar o carro no conserto, devendo ser restituído nesse aspecto também. 
Nunca haverá certeza absoluta dos lucros cessantes, mas eles existiriam de acordo com o desenrolar normal dos fatos até prova em contrário – há essa presunção. 
Tem que diferenciar os lucros cessantes dos danos hipotéticos e imaginários.
Há o que a aplicação do princípio da razoabilidade – art. 402: “aquilo que deixou de lucrar”.
Deve-se diferenciar lucros cessantes x faturamento cessante -> o faturamento corresponde à receita da empresa, não podendo se confundido com o lucro, que só é estabelecido depois de deduzidas as despesas (salários, alugueis, etc.) e os tributos. Então na verdade, o que é ressarcido é o lucro cessante e não o faturamento cessante. 
-Caso da Perda de Uma Chance 
Exemplo: Show do Milhão – a pergunta feito pelo STB não tinha resposta certa, todas as alternativas estavam erradas, então ela decidiu ficar com os 500 mil que já tinha, em vez de conseguir 1 milhão. Depois entrou contra o SBT para receber os 500 mil a mais que queria. O tribunal entendeu que ela não deveria receber pelo fato de ser impedida de ganhar, mas sim da perda de oportunidade de ganhar. Mas como não se tinha certeza se realmente ganharia, se decidiu que ela não ganharia os 500 mil a mais, mas sim uma porcentagem: chance de 50% de ganhar e 50% de perder – então recebeu 50% desse valor. (RESP 788.459/BA)
Nesse caso, não há certeza de ocorrência do dano; há a certeza da perda da oportunidade de se evitar um dano ou de se conseguir um resultado positivo. 
Outro exemplo: quando advogado deixa de interpor recurso – o que é indenizável não é o que a parte ganharia, pois não se tem a certeza de ganhar numa demanda judicial, isso é sempre incerto, mas se indeniza a chance de ganhar (a perda da chance de ganhar). Mas teve um caso específico em que o advogado conseguiu reverter, ao conseguir interpor outro recurso, fazendo a parte ganhar – nesse caso específico se entendeu que não houve perda da chance. 
Outro exemplo: cura do paciente – pessoa não recebeu o tratamento que deveria e perdeu a chance de ser curada. 
-Dano Moral
Conceito: 
Conceito por exclusão/negativo -> tudo que não tem cunho patrimonial, seria moral. Mas isso deixa a questão muito amplo – não é qualquer acontecimento que irá gerar um dano moral. Peca por ser muito abrangente e por não definir o que está sendo lesado quando se fala em dano moral.
Conceito de cunho subjetivo: dano moral como dor, vexame, sofrimento, humilhação, dor da alma. É um conceito muito comum na jurisprudência. O problema desse conceito é que está tratando o dano moral pelo seus efeitos. Muitas vezes esses efeitos não vão existir ou vão variar de pessoa para pessoa, pois as emoções são diferentes, ou então existem pessoas que não sentem nada (pessoa que acaba ficando em coma; ou um bebê). É subjetivo demais, não se tem muito controle, além disso, fica muito a critério do juiz, pois ele pode julgar de acordo com o entendimento que de dor.
O melhor conceito é o objetivo: lesão aos direitos da personalidade, lesão à dignidade, lesão a um bem, atributo da personalidade. Crítica: no CC tem o rol de quais são os direitos da personalidade (art. 11) – mas tem que fugir dessa visão, pois o dano à dignidade é mais amplo do que o dano à personalidade. Quando restringe a direitos da personalidade se tem uma concepção muito restritiva. 
Evolução/dimensão do dano moral:
1ª Fase: irreparabilidade: impossibilidade de se estimar um valor para a dor. Crítica: Se baseia em visão muito subjetiva, além de não aceita a irreparabilidade. 
2ª Fase: reconhecia o dano moral, mas havia impossibilidade de cumulação de dano material e moral – o material absorveria o moral. Crítica: A nossa CRFB colo no ápice a dignidade da pessoa humana, com isso o dano moral está acima do dano material, então não faz sentido o dano material englobar o moral. 
3ª Fase: amplo direito ao ressarcimento – se possível, outras formas de tutela (sem ser a indenização pecuniária – exemplo: cessar a prática do ilícito, retratação – a indenização é a tutela mínima -> se não tem melhor forma de ressarcir, deve-se indenizar). 
		Posição atual:
CRFB, art. 5º, V e X – previsão da possibilidade de indenização do dano moral. 
Art. 186 do CC – também há essa previsão. Cláusula geral de responsabilidade civil da indenização do dano moral. 
CDC, art. 6º, VI e VII – previsão de dano moral.
Súmula 37 do STJ – “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”. O próprio STJ já sumulou entendimento de que não seria possível o direito material englobar o dano moral. Tem que haver ressarcimento dos dois quando estes podem ser cumulados. 
Como se verifica no caso concreto se há dano moral? E como valorar?
Como não há essa definição, não se sabe o que leva uma lesão a aspectos da dignidade da pessoa, ocorre hoje o que se chama de “Indústria do dano moral”, havendo o problema da banalização, pois para qualquer caso as pessoas querem pedir indenização por danos morais. Problema 1: se realmente existe uma lesão. Dificuldade de estabelecer o que lesa a dignidade e o que não lesa a dignidade.
Além disso, ainda há a questão dos valores – dificuldade de estabelecer. Exemplo: perda de um dedo -> para um pianista: essa perda aumentaria muito mais o seu dano. Quando está quantificando o dano moral, o juiz deve fundamentar a sua decisão, mas ocorre que o juiz normalmente não o faz, então não se sabe o que ele levou ou não levou em consideração, prejudicando muitas vezes a parte que entrou com os danos, pois se quiser recorrer nem sabe exatamente como fundamentar. Problema 2: qual deve ser o valor desse dano. O judiciário é vacilante, pois parece que o juiz adota uma concepção subjetiva para definir esse valor. 
Vemos a incongruência da jurisprudência em quantificar o dano moral nos seguintes casos: em um o consumidor ganhou 10 mil reais de indenização por dano moral pela perda de uma dasvistas ao ingerir determinado produto; no outro, o simples fato da consumidora achar um inseto dentro do frasco de vinagre a fez ganhar 5 mil reais de indenização por danos morais, quando inicialmente havia pedido mil reais.
-Dano moral e inadimplemento contratual:
Quando eu tenho um contrato e este é rompido, posso além do dano material pedir o dano moral? Será que a quebra do contrato pode afetar a dignidade? Sim, pois muitas vezes pode afetar a esfera existencial da pessoa humana – exemplo: prestação de serviço de um médico – o interesse por trás deste contrato pode não ser apenas econômico, nesse caso aqui temos que o interesse é a saúde pessoa. Então posso ter dano moral por conta do inadimplemento contratual. Porém, a Súmula nº 75 diz justamente o contrário. 
Outro exemplo: vestido de noiva é entregue no dia do casamento com defeito; fotógrafo contratado para o casamento não apareceu – então não há só dano econômico pelo descumprimento do contrato, mas também moral. 
-Prova do dano moral:
 A pessoa que perde um braço deve provar que perdeu um braço. Mas muitas vezes essa ideia pode ser flexibilizada: exemplo – consumidor – diante de hipossuficiência o juiz pode inverter os danos da prova, pois como a parte que está alegando é mais fraca não tem necessidade de provar esse evento.
Porém, se não há a condição de hipossuficiência, quem está alegando é que deve provar o dano – art. 344 do CPC. 
Importante destacar que constatada a lesão, não é necessário provar os efeitos (sofrimento, dor, vexame, etc.) – daí se dizer que o dano moral é in re ipsa.
Os efeitos concretos podem repercutir na quantificação do dano – caso do pianista: ele tem que provar que é pianista e que a perda do de dedo para ele o faz merecer maior quantificação. 
-Legitimidade para postular danos morais
Até que grau um parente pode pleitear indenização pela morte de um familiar? Amigo íntimo? Fãs de um artista? Deve haver diferença entre dano direto (quem sofre efetivamente o dano/a vítima) e indireto (quem pode vir a sofrer com o dano que a vítima sofre), sendo este últimos os danos reflexos ou por ricochete. 
A jurisprudência tem presunção relativa quanto à família – se o causador do dano provar que o irmão era totalmente distante do falecido, não vai caber danos morais. 
-Transmissibilidade do dano moral por mortis causa
Dano moral sofrido pela pessoa que morreu – isso é transmitido aos herdeiros? Há três teorias:
Intransmissibilidade
Transmissibilidade condicionada -> só transmite se a vítima tiver sofrido uma lesão, a vítima vem a falecer sem a decisão dessa ação, então o espólio pode continuar a demanda. Mas se a vítima não interpôs ação, então não há essa transmissibilidade. 
Transmissibilidade incondicionada -> o dano moral é de certa forma transferível para os seus herdeiros – mas o que você transmite não é o dano, mas sim o direito á indenização por aquele dano. O dano é intransferível. 
Obs.: Art. 20, § único: Quando a pessoa morre, os herdeiros podem defender a imagem daquele falecido, estando essa imagem denegrida. Mas aqui está falando de direito próprio, não está havendo transferência. A lesão aqui é posterior a morte. 
-Arbitramento do dano moral
Os aspectos que a doutrina e jurisprudência levam em conta: capacidade econômica do ofensor (é justo?)*, capacidade econômica da vítima (é justo?)*, duração do dano, repercussão, gravidade da conduta (dano moral punitivo). 
Se o opressor é mais rico, ele deveria pagar um valor maior? E se a vítima é mais pobre, ela deveria ganhar um valor maior? Há quem pense que o mais rico deve pagar mais, pois se for um valor baixo, comparado ao padrão daquela pessoa, ela não sentirá o caráter punitivo. E há quem pense que a vítima mais pobre pode receber menos, pois se tem pouco dinheiro, qualquer dinheiro para ela será válido. 
Sérgio Cavalieri diz que acha um absurdo o dano moral ser superior ao material – mas a professora não concorda com isso, pois um não tem nada a ver com o outro, e ainda mais o dano moral envolve o sofrimento da dignidade.
-Dano moral punitivo: 
Controvérsia doutrinária e jurisprudencial
Dano moral punitivo – função de desestímulo
Problema do princípio da legalidade
(NÃO CONSEGUI PEGAR ESSES TÓPICOS)
Qual é a função primordial da responsabilidade civil? Punir o ofensor ou ressarcir a vítima? A função é o ressarcimento, mas vemos muitas decisões em que há esse aspecto de punição sendo destacado.
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Aula 6 – Rio, 11.03.14 continuação de dano...
-Codificação da indenização do dano moral:
Temos problema para saber o que é dano moral no nosso dia a dia. O conceito de dano moral evoluiu de forma muito firme. Antigamente era considerado como todo dano que causa dor, sofrimento, humilhação, sendo este um conceito falho, pois conceitua pela consequência e não pelo que efetivamente é. Esse erro faz com que exista vários problemas, pois esse conceito é amplamente difundido. O melhor conceito é que se tem dano moral quando se tem violação à dignidade da pessoa humana. 
Em razão dessas falhas de conceitos existem problemas para a caracterização do dano moral no dia a dia. Hoje, tudo e qualquer coisa gira em torno de pedido de dano moral. Há absurda massificação do dano moral, gerando o problema de: “se tudo for dano moral, nada será dano moral” (Mª. Celina Bodin). Por um lado, há grande banalização do instituto do dano moral sendo aplicado em hipóteses incabíveis, e por outro deixa de ser aplicado em hipóteses fundamentais. O valor da indenização nessas hipóteses é absolutamente diminuto e inadequado, por isso que se diz que o dano moral deixa de ser verdadeiramente aplicado.
Tem um julgado de um político famoso que foi chamado de ladrão por um jornal – ganhou indenização de 2 milhões; 
Um cantor ganhou indenização por ter se espalhado que ele tinha doença – ganhou alguns milhões;
Um sujeito estava no ponto de ônibus, o ônibus invadiu a calçada e o sujeito perdeu um braço e uma perda – ganhou 20 mil reais;
Não faz sentido essa fixação de danos morais. Como explicar isso? Exatamente pela falta de critério. Em termos práticos os critérios que existem e são genéricos não são suficientes para dar um norte na questão de fixação de danos morais, pois não há nenhum tabelamento. 
Em razão disso, nos últimos tempos o STJ começou a fiscalizar o dano moral, dizendo que se a indenização for excessivamente alta ou baixa, irá revisar essas decisões – o STJ não poderia rever a fixação de dano moral, pois esta é matéria probatória, mas nesses casos, tem agido dessa forma. 
Hoje, a jurisprudência fixa alguns nortes, mas esses parâmetros são absolutamente informais, sendo fixado pelo dia a dia dos tribunais. 
O princípio da dignidade da pessoa humana está ligado à necessidade da proteção dos direitos da personalidade. 
-Indenização por dano moral para PJ:
É possível a indenização em favor de pessoa jurídica por dano moral? Se é violação de direitos da dignidade humana, a PJ sofre as consequências do dano moral? No passado, a PJ não era passível de ser indenizada por dano moral, mas o direito civil foi ao direito penal e trouxe de lá uma separação: separação entre honra subjetiva e honra objetiva.
Os direitos da pessoa tem entre os atributos a honra. A honra subjetiva é a imagem que tenho de mim mesmo (se alguém me humilha, perderei a honra que tenho de mim mesmo); mas a PJ não tem a dor por ter sido humilhada, não tem essa honra. Porém, existe a honra objetiva que é a imagem que os outros tem de mim e essa imagem a PJ tem. 
Com isso, não há mais dúvida que as PJ podem sofrer dano moral e por isso podem ser indenizadas.
-Dano moral coletivo:
O dano moral é normalmente sofrido pela pessoa, inclusive pela PJ. Posso ter dano moral coletivo, ou seja, por um nº indeterminado de pessoas? Se há grupo determinado de pessoas, cada uma delas pode pedir indenização pessoal/indenização individualizadas.
Mas posso pensar em danos que atinjam a coletiva e a coletividade ter direito a postulardano moral? A transindividualidade do dano coletivo não estaria ligado à individualidade do dano moral – não teria como caracterizar esse dano transindividual pro dano moral. Essa foi a tese que reinou no STJ até 3 anos atrás. Mas esse não é mais o entendimento pacífico. 
Há hipóteses de legitimações extraordinárias, por meio das ações civil pública e popular (ações coletivas). Normalmente quem pode postular são as associações (associações de proteção ao meio ambiente, aos consumidores) existentes há mais de um ano e o MP. Nas ações individuais, é impossível ter dano moral coletivo. Aqui, a coletividade como um todo é afetada. 
Isso surgiu através do direito ambiental, pois há situações em que afeta um grande nº de pessoas, porém um nº indeterminado. 
Exemplo: caso da praia de Búzios -> as pessoas que mergulharam e sofreram o dano; porém, há também as pessoas que queriam ir a praia e não puderam, a comunidade de pescadores, os outros bairros em volta da praia – não se sabe quem são essas pessoas e nem quantas elas são, mas todas essas pessoas são atingidas pela lesão que o meio ambiente sofreu. 
Em razão dessa possibilidade de toda a coletividade ser atingida, a jurisprudência começou a aceitar as hipóteses de dano moral coletivo. Mas para quem reverte essa indenização? Para fundos de proteção ao meio ambiente, para a proteção de consumidores – não reverte para pessoa específica, mas sim para esses fundos de proteção àquele direito afetado. 
*OBS.: O poluidor é obrigado a desfazer o dano ambiental, a indenizar os danos morais diretos individualizados e o dano moral coletivo - posso ter na mesma ação indenização a danos morais individuais e a danos coletivos - CUMULAÇÃO. Mas o dano moral é pago para fundo de proteção ao meio ambiente e o individual é pago para todas as pessoas que se encaixaram no quadro fático da ação coletiva.
O mesmo fato pode gerar danos morais individuais para pessoas individualizadas que se encaixam naquela sentença e dano moral coletivo. 
O valor do dano moral é fixado pelo juiz na sentença (poder econômico das vítimas, extensão do dano, poder econômico de quem lesou – são simples nortes teóricos, não tem um parâmetro matemático específico). O dano moral individual não pode ser fixado pelo juiz, porque para fazer isso tem que olhar a circunstância de cada um e por isso que precisa da habilitação posterior (só que ninguém se habilita depois, pois muitas vezes o valor individualizado se torna muito pequeno). 
Aqui, esse dano moral coletivo é muito mais dano moral punitivo do que indenizatório. É muito mais uma punição efetivamente do que uma indenização propriamente dita, até porque a indenização é revertida para fundos.
Acontece que aqui começou a ter o mesmo problema da banalização do dano moral individual. Alguns acórdãos são absurdos, indo além do normal. Tem um acórdão que se entendeu dano moral coletivo por um banco ter colocado os caixas da agência bancária no 2º andar do estabelecimento, tendo que subir escada íngreme para atingir tal andar. O professor entende que isso é exagero. 
Hoje, a maioria da jurisprudência aceita a indenização por dano moral coletivo. 
-Dano estético
É aquele que afeta a imagem externa das pessoas. Existem algumas lesões físicas que podem atingir a imagem externa das pessoas (como os outros te identificam), causando o dano estético. 
Exemplo: cicatriz no meio do rosto. 
Discussões que surgem:
É indenizável? No direito brasileiro é amplamente indenizável.
Saber se a indenização por dano estético se confunde ou não com a indenização por dano moral? Hoje, é possível cumular indenização por dano moral e dano estético – se o mesmo fator causou os dois tipos de dano, é possível se indenizar tanto dano moral quanto o estético. Ambos são claramente indenizáveis. 
-Dano em ricochete:
É aquele que atinge uma pessoa de forma indireta.
O dano indenizável é aquele que se dá de forma direta e imediata. Não se tem indenização de dano indireto. A exceção para a indenização de um dano indireto é exatamente o dano em ricochete. 
É o dano causado a uma pessoa e passa a refletir para outras pessoas, tendo todos direito à indenização. Hipótese mais comum: hipótese de homicídio. Exemplo: atropelei alguém e matei essa pessoa. Porém, outras pessoas também sofreram danos em razão daquele meu ato: os filhos da vítima, por exemplo. Aqui, o dano não atingiu diretamente aqueles menores, mas sim a quem morreu, porém indiretamente atinge os filhos da vítima.
Só que isso é excepcional, pois não se pode considerar isso em qualquer hipótese. Exemplo: no caso do atropelamento, a pessoa casada com a vítima também tem direito a indenização; os pais também; o melhor amigo também terá? O dono do bar que perdeu seu melhor freguês? Precisa colocar limites: até onde vão os limites para a indenização para esse dano? Se ele é excepcional, tem que haver limitação. Art. 948, §2º do CC – se a hipótese é excepcional, devendo-se encontrar um limite: o limite deste artigo -> o limite em que as pessoas poderiam postular alimentos – as pessoas próximas o suficiente para postular alimentos. 
Existem, entretanto, alguns julgados que vão um pouco mais além. Alguns julgados permitem o que o dano seja pago aos irmãos. O noivo poderia postular em razão da morte da noiva? O STJ entendeu que não poderia, se não seria estender em demasia o dano em ricochete. 
O dispositivo limitaria a descendentes, ascendentes, cônjuges e companheiros. A jurisprudência em alguns julgados estende aos irmãos, mas para por aí.
Há também o caso do sócio receber indenização em função do dano sofrido pela empresa. A jurisprudência costuma negar, pois vai além dos limites do dano em ricochete e, mais, se a empresa será indenizada, o patrimônio do sócio será reconstituído indiretamente. 
FIXAÇÃO DAS INDENIZAÇÕES
LIQUIDAÇÃO DO DANO
Art. 944 do CC: a indenização se mede pela extensão do dano. A indenização é exatamente do tamanho do dano.
Existem exceções a essa regra: para os que admitem o dano punitivo, este dano é exceção, pois este dano além de indenizar, terá que punir, havendo violação à regra do art. 944 do CC. 
Existe outra diferenciação desta regra: responsabilidade dos incapazes -> a indenização é fixada de forma subsidiária e mitigada – juiz fixa equitativamente, ou seja, fora dessa regra. 
Há outra regra também: permite que o juiz reduza a indenização caso o grau de culpa seja pequeno. A lei permite que o juiz diante de uma situação que tenha causado dano muito grande, mas grau de culpabilidade pequeno, o juiz fixa indenização menor. Essa regra é pouquíssimo aplicada, apesar de ser aplicável.
-Dano emergente:
A fixação do dano se dá da seguinte forma: fixa pela regra da subtração -> ou seja, verifica qual era o meu patrimônio e o que é agora – a diferença do que era para o que é, será o valor do dano emergente.
No lucro cessante não faz essa subtração. Aqui sabe como era e como fica o patrimônio, mas no lucro cessante não tem como fazer essa comparação. O lucro cessante é aquilo que se deixa razoavelmente de lucrar – como posso comparar uma coisa que é com uma coisa que seria se o dano não acontecesse? 
Quando o lucro cessante é real, par a fixação de dano emergente tem que ir para o campo do hipotético, devendo fazer a comparação entre o que é e o que poderia ser se o dano não tivesse sido. Mas que elemento se tem que utilizar? Regra da razoabilidade: aqueles que teriam ocorrido normalmente.
Como vejo se aquilo teria ocorrido normalmente? Tenho que ver como se comporta aquele mercado e como se comportada aquela atividade específica. Tem comparar o que era e o que passaria a ser, e fazer uma projeção no tempo com razoabilidade. Se os lucros estavam crescendo, é normal cogitar que eles estariam crescendo, Utilizando o histórico daquela empresa específica no mercado.
Mas isso, às vezes, pode gerar problemas, pois tem pessoas que resolvem dar uma “maquiada” no pagamento de seus impostos, e na hora de calcular lucros cessantes será pelo balanço da empresa, e, portanto, essas pessoasirão sofrer, pois a indenização, nesse caso, será irrisória. 
Se o balanço alternou, por talvez uma crise, tanto os picos favoráveis quanto os reveses, devem ser excluídos dessa conta. 
*OBS.: O que se indeniza é lucro cessante e não faturamento. O faturamento é tudo que recebi.
-Regras dos arts. 948, 949, 950, 951, 952, 953, 954 e 955:
Tem diversas regras que servem para liquidar valores específicos, hipóteses específicas. Regras específicas para algumas hipóteses de indenização:
Art. 948 -> Hipótese de Homicídio:
Inciso I: 
Despesas com o tratamento da vítima (às vezes a vítima não morreu imediatamente, passou por um tratamento e morreu mais adiante – exatamente o valor que foi pago, devendo juntar as notas do hospital e de remédios); 
Despesas com funeral e o luto da família (caixão, o jazigo e todos os elementos ligados ao funeral). O problema é que nem sempre as pessoas consternadas com aquele momento ficam guardando recibos desses elementos. Só que apenas se indeniza aquilo que se prova (tem que provar os danos sofridos), contudo, a nossa jurisprudência vem dizendo que não é assim. Justamente por conta da tragédia e nem é possível que os cadáveres fiquem jogados nas ruas, essas despesas de luto e funeral podem ser presumidas.
O problema é quantificar essas despesas. Se não tem o valor dos recibos, os tribunais fixam de 1 a 3 salários mínimos, sendo que não há necessidade de prova dessas despesas – exceção à regra do art. 333 do CPC. Tem que provar que o ente querido morreu e pede-se a indenização por essas despesas. 
Inciso II:
Além das despesas de tratamento e das de luto e funeral e o dano moral, há o pensionamento: o agressor deve pensionar a quem vítima devia alimentos.
Se a vítima for o pai
Essa indenização não será vitalícia, pois os pais, normalmente, morrem antes dos filhos, logo não tem porque a pensão durar até o final da vida dos filhos. O limite dessa pensão é fixado pela jurisprudência. 
Antigamente, a pensão durava até a data que o pai tivesse 65 anos de idade; só que isso mudou, pois aumentou a expectativa de vida, e, primeiramente, passou de 65 para 70 anos (data em que a vítima alcançaria 70 anos); porém, isso também causou problemas. A jurisprudência, hoje, fixa de acordo com a tabela de expectativa de vida do brasileiro do IBGE (se a pessoa tem 30 anos, a expectativa de vida dela é “x” – ou seja, é uma tabela um pouco mais flexível). Esse é o limite da idade da vítima. 
O segundo limite é a idade dos filhos: os filhos passam a ter economia própria – alguns fixam em 22 anos e outros em 25 anos. 
E a regra para a mulher da vítima? É a regra dos filhos, porém sem o teto dos 22 e 25 anos, só se aplica o primeiro limite.
Se a vítima for o filho
Mesmo não comprovado que o filho trabalhava, existe essa possibilidade. O limite dessa pensão é até a data que o filho faria 25 anos. Existem alguns acórdãos que flexibilizam mais isso: além da data em que o filho faria 25 anos, que os pais continuem recebendo, pois em famílias mais abastadas é comum que os filhos continuem ajudando os pais. 
Por enquanto, só vimos o limite temporal, falta o valor desse pensionamento: o valor terá como base de cálculo de pensionamento exatamente aquilo que a vítima ganhava. Verifica-se isso por contra cheque, mas se não tem, é por imposto de renda. Se não tem prova nenhuma, a base do pensionamento será um salário mínimo. A jurisprudência entende que é preciso abater o que a vítima iria gastar com ela mesma, então abata-se do quanto a vítima ganhava 1/3 – a pensão aos filhos e para a mulher é de 2/3 do que a vítima ganhava. 
É preciso executar essa pensão todo mês? A vítima pagaria isso todo mês. Os parentes da vítima precisarão todo mês cobrar? Não, pois existe o valor chamado de constituição de capital: o agressor pagará são todas as pensões vencidas (deve pensão desde a data do acidente) + constituição de capital garantidor: cria-se um bolo de dinheiro, ou de títulos públicos, cujo valor dos juros é suficiente para pagar o pensionamento. Ou seja, para pagar o pensionamento, tem que ter um valor “x”. Esse valor fica depositado em conta judicial para que renda todo mês aquele valor.
Quando o agressor for PJ é possível substituir a constituição de capital por inclusão em folha de salário? Antigamente era, mas a jurisprudência diz que só é possível essa substituição no que concerne à empresas públicas, pois para as empresas privadas há a possibilidade de quebra.
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Aula 7 – Rio, 13.03.14 Continuação de liquidação do dano...
Art. 949, CC; art. 950, CC -> lesão corporal
Não há a hipótese da morte. Alguém causa dano a outrem causando deformidade, incapacitando a pessoa para seu trabalho – perda de capacidade laborativa.
Indenização decorrente da perda de capacidade laborativa – exemplo: jogador de futebol que é atropelado e perde uma perna. 
Aqui será parecido com o valor do pensionamento: as pessoas que viviam da economia da vítima passam a receber um valor pela perda da pessoa; aqui, a vítima sofre uma impossibilidade ou diminuição da capacidade de trabalho, então a vítima é quem tem que receber indenização por essa lesão. Aqui, o pensionamento é vitalício, pois não tem que projetar a expectativa de vida da vítima, pois esta viva está, então, o pensionamento durará até quando a vítima viver.
No outro havia subtração no pensionamento do que a vítima recebia, pois 1/3 dos valores que a vítima recebia eram gastos com ela mesma, de modo que o pensionamento de alimentos era reduzido em 1/3. Aqui, o valor do pensionamento é a integralidade do que a vítima recebia. Comprova o que recebia: se fosse assalariado -> com o salário; se não era -> pelo imposto de renda; se não consegue comprovar nem por contra cheque e nem por declaração de imposto de renda -> a indenização será calculada em cima de um salário mínimo (totalidade do salário mínimo) – não tem necessidade de redução de 1/3.
Mas nem sempre será essa totalidade do salário que a vítima recebia em caso de incapacidade laborativa total. Se a incapacidade for parcial, o valor do pensionamento será proporcional a essa incapacidade. 
A vítima terá o direito de buscar esse pensionamento por intermédio de capital garantidor. Art. 950 fixa a necessidade do pagamento de pensionamento pelo resto da vida da vítima e a exata proporção da incapacidade laborativa da vida. A indenização será paga por intermédio de capital garantidor, com exceção de empresa pública.
Art. 950, parágrafo único: a vítima tem outro direito -> não quer receber mês a mês, mas sim de uma só vez. Qual é o valor do pensionamento a ser pago a vítima caso ela queira receber de uma única vez? É o somatório do que receberia até o final da vida ou é outro valor? É outro valor, pois o próprio artigo fala que a indenização será “ARBITRADA”. 
Juiz faz o cálculo levando em consideração a expectativa de vida da vítima e trará o somatório ...?– mas ele vai precisar de auxílio de um perito para poder fazer esse cálculo. O juiz não pode fazer de ofício, só pode fazer a vítima assim pedir. O prejudicado, se preferir, no momento em que ajuíza a ação, poderá ter essa decisão. 
Na ótica do art. 950, ao contrário da situação do art. 948, a pensão é vitalícia e não pela base de expectativa de vida da vítima. 
Vítima foi atropelada e esse atropelamento gera para ela o direito de receber a pensão, que é devida pelo agressor. Mas esse acidente também é fato gerador de outro fenômeno: é aposentada por invalidez e aí passa a ter esse ganho pelo INSS e seguradora também. Então passa a ganhar 10 mil reais do agressor e mais o benefício previdenciário, ganhando mais o que ganhava antes. Com isso, o agressor pode ficar isento de pagar a pensão ou pagar menos? Não, pois o fato da vítima acabar lucrando com o acidente por causa desse acúmulo não é suficiente para afastar a responsabilidade do agressor. Porque o benefício previdenciário existe por causa da própria vítima, uma vez que pagou o prêmio do seguro correspondente – são sacrifíciosque a vítima fez ao longo de sua vida para diminuir problemas que pudesse vir a ter. Se a vítima manteve o seu salário porque tinha benefícios e seguro, isso não afeta a indenização que lhe é devida pelo ofensor. 
Entretanto, existe uma exceção: uma indenização paga a vítima que abate da indenização do agressor: valor recebido nos acidentes automotores em razão do seguro DEPVAT, porque na verdade quem paga o DEPVAT é o carro do agressor – foi ele quem arcou com os custos daquele pagamento, de modo que o valor do seguro é abatido da indenização devida à vítima. Mas e se não foi o ofensor que pagou o DEPVAT e a segura pagou? Mesmo assim há esse abatimento, mesmo que o ofensor esteja inadimplente. 
Art. 951, CC -> Responsabilidade civil médica
Tem um campo de incidência específica, mas a consequência é a mesma. 
O disposto nos outros artigos aplica-se no caso de indenização devida por responsabilidade civil médica. 
Se o médico causar a morte do paciente, pagará igual às outras hipóteses que gera morte; se causar lesão corporal pagará da mesma forma que estabelece o outro artigo.
A importância desse artigo é estabelecer que a responsabilidade civil médica é subjetiva, pois é baseada na culpa (negligência, imprudência ou imperícia). 
Art. 952, CC 
Se alguém e subtraiu coisa alheia, terá que devolver a coisa (restituição) + pagar os valores dos danos causados a coisa + pagar lucros cessantes (pagar pelos dias que deixou de trabalhar) + se perder a coisa, terá que substituir a coisa deverá reembolsar pelo preço equivalente da coisa.
Parágrafo único -> Existem algumas coisas que tem valor efetivo e outras afetivo – esse valor de afeição também poderá ser indenizado, mas nunca poderá ser superior ao valor efetivo da coisa. 
Art. 953, CC 
Se eu causar dano por falar mal de alguém, tenho que indenizar todos os danos que causei, em razão do boato infundado que causei.
Pode ser que só tenha falado mal da pessoa, mas como ela tinha imagem muito boa isso não resultou em perda de emprego, apenas em humilhação para a pessoa, e aí aplica-se parágrafo único: se não tiver prejuízo material, terei dano moral, que será fixado pelo juiz. 
Art. 954 -> Indenização por ofensa à liberdade
Sujeito preso indevidamente. Exemplo: cárcere privado, prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé, prisão ilegal – nas duas hipóteses o pedido se volta contra particulares ; na prisão ilegal o pedido volta-se contra o Estado.
Essa indenização será perdas e danos do ofendido (perdeu emprego; teve que constituir advogado) e aplicação do parágrafo único do artigo anterior: indenização por dano moral, fixada pelo juiz, se não conseguir provar prejuízo material. 
Art. 939 e art. 940 -> Cobrança de dívida não vencida ou inexistente
Art. 939 - Cobrança de dívida não vencida -> mas combinamos que vou pagar em dezembro, mas aí resolve me cobrar agora – se cobrar antes, perco o processo, perco os juros daquele período que antecipei e tenho que devolver as custas do processo em dobro.
Art. 940 - Aquele que demandar por dívida já paga no todo ou em parte -> estou cobrando dívida já paga ou que não é devida – se faço isso, sou obrigado a indenizar a outra parte. Se já tiver pago, tenho que indenizar no que já pagou e o dobro do que cobrei indevidamente; se ainda não tiver pago, pago o equivalente do que deveria ter me pago. 
Para isso, preciso de cobrança judicial. 
Art. 941 -> as penas dos outros artigos não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de citado o réu (e não “contestada a lide”, como está na redação do artigo).
Art. 42, parágrafo único do CDC -> Para não expor o consumidor ao ridículo na cobrança. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. duas diferenças com relação às hipóteses anteriores: não tem necessidade de cobrança judicial e tem necessidade de pagamento. Terá que pagar o dobro só nas hipóteses em que fui demando ou quando paguei. Julgados dizem que além de estar cobrando o indevido, tem que estar cobrando de má-fé – só se aplica a pena do dobro quando tiver litigância de má-fé. Se não tiver má-fé, será restituição simples. 
Quem cobra dívida prescrita, sabendo que a dividia prescrita, ou seja, age de má-fé, tem obrigação de indenizar, mas não se aplica essa questão do dobro, pois apesar de estar prescrita, a dívida não foi paga. tem débito, mas não tem obrigação. Como o débito ainda existe, o pagamento ainda é devido, então essas regras do dobro não podem ser aplicadas. 
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
O nosso direito vem se alterando no que concerne à responsabilidade civil. A responsabilidade civil nasce de um conceito de culpa – indenizo porque agi indevidamente. Mas esse conceito de culpa vem perdendo a sua força, havendo grande tendência à objetivação – que é a evolução da culpa ao risco. Responsabilidade civil baseada no risco (respondo porque a atividade que desenvolvo gera um risco, e sou responsável por todos os riscos que a minha ação causou). 
Com isso, passamos a ter indenização e responsabilidade civil independente da ilicitude da conduta. Se a hipótese é de responsabilidade objetiva, a responsabilidade existirá independente de conduta ilícita. 
Aqui basta a presença de dois requisitos: dano e nexo – a conduta pode ser lícita ou ilícita; sendo diferente do que já vimos na responsabilidade subjetiva. Respondo independente de culpa aqui. 
-Teorias:
1) Teoria do risco-proveito -> se eu tenho uma vantagem decorrente de uma situação, tenho que arcar com os ônus decorrentes daquela situação. Ubi e – se eu tenho os bônus de uma situação, tenho os ônus. Essa teoria só explicaria a responsabilidade civil objetiva em que existe benefício econômico, mas não são apenas essas hipóteses que existem (a responsabilidade dos pais pelos atos do filho é objetiva – não tem proveito econômico no fato de ter um filho – então não tenho bônus, por ter um ônus); o mesmo se aplica no caso de ter um bicho de estimação. Por isso, essa teoria sofre críticas. 
2) Teoria do risco profissional -> tenho responsabilidade objetiva toda vez que o dano decorre da atividade profissional do lesado – pessoas que se colocam no mercado e tem atividade de risco. Teoria também superada
3) Teoria do risco excepcional -> Toda vez que crio risco fora do normal, um risco grande, eu tenho que indenizar as pessoas que sofreram dano.
Explica as questões de dano ambiental, nuclear, mas não explica os outros casos, sendo ultrapassada.
4)Teoria do risco criado -> eu respondo objetivamente toda vez que exista risco que criei. Basta que a lei aponte que esse risco é capaz de gerar responsabilidade objetiva. Essa é a teoria que vigora no nosso direito.
5) Teoria do risco integral -> é a posição mais extremada, muito radical. Não posso me defender, salvo algumas exceções, com as tradicionais excludentes de nexo de causalidade (caso fortuito, força maior, fato exclusivo da vítima e fato exclusivo de terceiro). Essa teoria só é aplicada no direito brasileiro em caso de dano ambiental e dano nuclear, por causa da relevância dessas hipóteses.
Exemplo: caso de Goiânia -> dono do hospital foi obrigado a indenizar o receptor da matéria roubada. 
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Aula 8 – Rio, 18.03.14 continuação de responsabilidade objetiva...
Substitui-se a noção de culpa por uma noção de risco. Não mais se verifica como a parte agiu, mas se a lei enquadra aquela situação como uma hipótese de risco.
A responsabilidade civil objetiva só existe nas hipóteses em que a lei efetivamente indica. Se isso não existir, não há como caracterizar aquela hipótese como sendo de responsabilidade objetiva. 
É uma evolução. 
Primeiro caso de responsabilidade civil objetiva: decreto das estradas de ferro -> responsabilidade civil da PJ que explora a estrada de ferro em relação aos prejuízos causados aos proprietários dos terrenos limites – é de 1912.

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