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DIREITO AMBIENTAL G1

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DIREITO AMBIENTAL – VIRGINIA TOTTI
Aula 1 – Rio, 04.03.15
-virginia@puc-rio.br 
-G1: 1) trabalho em grupo – princípios do direito ambiental -> apresentação de jurisprudências do STF e do STJ (5 temas; grupo de 07 pessoas) – 2,0 pontos / 2) duas resenhas de dois textos de leitura obrigatória – 1,0 ponto / 3)prova escrita – 7,0 pontos. 
-Coletânea de Direito Ambiental (código) – edição de 2015 
-Édis Milaré; Paulo Affonso Leme Machado; Guilherme Figueiredo 
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INTRODUÇÃO
Por que precisamos de uma disciplina de direito ambiental? Por que não podemos ficar apenas com as regras de direito civil? Temos a evolução do direito ambiental conforme mostra as normas sendo editadas em resposta à problemas ambientais verificados. Este problema começa a surgir com a Revolução Industrial. O direito vai evoluindo conforme o problema vai se intensificando, até que se chega à conclusão que não é possível que o direito ambiental dê todas as repostas, pois é um as questões ambientais são muito complexas. 
Não se tem a prescrição de um dano ambiental, porque muitas vezes o dano ambiental é continuado, bem como muitas vezes só descobrimos muito posteriormente que determinado ato pode ter afetado determinada área e a sociedade. 
O direito ambiental é um ramo do direito que tem uma finalidade específica: a proteção do meio ambiente. Todos os institutos olham procurando essa finalidade. É um direito “ideológico”, pois não se tem necessidade de ter um ramo de direito ambiental se não tiver preocupação com o ambiente. 
Vamos estudar as regras do ordenamento brasileiro que tratam de proteger o ambiente, como por exemplo, regras de licenciamento ambiental, regras da CRFB que tratam de meio ambiente (art. 225, repartição de competência ambiental) e regras de proteção florestal. 
Youtube: vídeos “antropoceno” e “a história das coisas”. 
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Aula 2 – Rio, 05.03.15
-O Direito como elemento indispensável à diminuição dos problemas ambientais. 
-Relação com outros ramos do Direito (D. Constitucional, Administrativo, Penal, Civil, etc.) – MIRRA: direito horizontal. 
-Existe um problema ambiental evidente e daí surge a necessidade de regulação para diminuir esses problemas, como a regulação de recursos naturais. 
-Finalidade
Proteger o meio ambiente. Isso faz com que a gente mude a forma de interpretar o direito, pois esta interpretação, bem como a aplicação, precisam ser voltados para a concretização desta finalidade. 
A legislação pode definir que o proprietário não pode dispor livremente de toda a área de sua propriedade-> Princípio constitucional de que vale sempre a lei mais protetiva – existe essa discussão no direito ambiental, se é correto buscar sempre a máxima concretização da finalidade. 
Na prática legislativa discute-se se a lei que vale é sempre a mais protetiva, a que resguarda mais a proteção ambiental, indiferentemente se é norma geral ou específica, esse é o entendimento dos autores do D. Ambiental. 
STF entende que não existe esse princípio no D. brasileiro de buscar a lei mais protetiva, existe o conceito da repartição de competências, o princípio do peculiar interesse. 
Barroso – o direito não comporta um princípio de que vamos sempre ter que verificar a finalidade da norma para saber se ela é válida ou não. 
-Responsabilidade administrativa ambiental – atende algumas das regras do direito penal. Vai se discutir se a responsabilidade é objetiva ou não.
O direito ambiental não é público e nem privado, porque é um bem difuso, é construído com base nessa noção, então não é um ramo do direito público que interessa o Estado e nem é um ramo que regula relações entre particulares – ele supera isso. É um direito horizontal, porque tem relação com muitos dos ramos do direito, mas não se encaixa nessa classificação. 
Se pudermos fazer uma linha do tempo das normas de direito ambiental no ordenamento brasileiro, poderíamos começar na década de 1930, quando foram editados vários regramentos importantes, em que tínhamos um código de águas, de florestas, lei do patrimônio cultural – lei do tombamento, que tinham o objetivo de regular o uso do recurso natural, querendo o Estado restringir o uso dos particulares. Na década de 80, temos a lei da política nacional do meio ambiente – por conta de cidades super poluídas e do processo de urbanização se mobilizaram instituições para surgir essa lei. Deixa de tratar os bens ambientais individualmente e passa a entender que existe um bem jurídico que é separado dos bens que compõe o meio ambiente – existe um bem meio ambiente (macro bem), que é de titularidade difusa, que é separado, juridicamente, dos bens ambientais que o compõem (micro bens) – justificando porque o MP ajuíza ACP, pois é um bem da sociedade (dano a bem difuso). Ou seja, primeiramente temos normas esparsas em diversos textos legais e depois passamos a ter uma evolução: da proteção de bens individualmente considerados para enfoque global de meio ambiente. 
Depois tivemos a CRFB, que estabelece que o meio ambiente é um bem de uso comum a todos, reforçando a titularidade difusa do meio ambiente, não sendo um bem público, mas sim difuso. A CRFB atribui a titularidade do meio ambiente à comunidade, e alguns objetos específicos ambientais são de titularidades dos entes federativos. 
O meio ambiente não é necessariamente um bem físico que enxergamos, não é um bem corpóreo. É um macro bem. Classificação do meio ambiente: natural, cultural, urbano, do trabalho – sendo esta apenas uma classificação meramente didática para fins de estudo. 
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
Depois da CRFB, surgiram normas como leis de recursos hídricos, florestais, patrimônio genético, biossegurança, estatuto das metrópoles (lei de 2015). Temos normas em vigor editadas em 1934 e até mesmo em 2015. Para dar coerência a estas leis os princípios são essenciais. Eles nos ajudam a interpretar todas estas normas. Os princípios são extraídos livremente da Constituição. 
PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Não se deve ter um desenvolvimento a qualquer custo, mas utilizar os recursos ambientais, considerando a necessidade de reposição, fazer uso racional dos recursos ambientais, pensando nas gerações futuras – art. 170, VI da CRFB (artigo da ordem econômica). A CRFB mesmo quando fala da ordem econômica fala da necessidade de defesa do meio ambiente. Foca bastante nas gerações futuras (princípio da solidariedade), a fim de dar essa noção de longo prazo, pensando que os recursos devem ser utilizados para as futuras gerações. A própria CRFB assegura isso. “Processo que permite satisfazer as necessidades da população atual sem comprometer a capacidade de atender as gerações futuras”. 
A dificuldade é a aplicação deste princípio na prática. Exemplo: uso do petróleo em meio a uma crise energética não atende o princípio do desenvolvimento sustentável; a construção de Belo Monte não atende ao princípio do desenvolvimento sustentável; silvicultura. 
PRINCÍPIO DO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL
Paulo Affonso traz este princípio com base na Conferência de Estocolmo, que traz o meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental. Não está no rol do art. 5º, mas o próprio STF em um MS entendeu que se trata de um direito difuso, relacionado ao próprio direito à vida, por isso sendo considerado um direito fundamental – preservação da vida e da dignidade (e também da saúde). A nossa CRFB protege o meio ambiente como um bem indispensável para a preservação das futuras gerações, entende a preservação do meio ambiente para benefício do homem, por isso que é um direito fundamental. 
Como direito fundamental é um direito indisponível – o dever de preservar o meio ambiente é do poder público, mas também da coletividade (Estado e sociedade). 
PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL 
O meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito difuso, é direito fundamental, é indisponível, e ébem de uso comum, sendo macro bem e de natureza difusa. Isso tem repercussões importantes para o poder público, pois passa a ter consequências principais: supremacia do interesse público em questões ambientais (interesse público no meio ambiente equilibrado e os interesses privados não podem superá-lo); in dubio pro ambiente; indisponibilidade do interesse público na proteção do meio ambiente (poder público atuando como gestor de um direito que não é dele, e por isso não pode negociar, tem que proteger o meio ambiente, mas sem ter disponibilidade do meio ambiente com relação à proteção ambiental. No caso do ajustamento de conduta, o MP ou o Estado não estão negociando o bem meio ambiente, mas sim como as obrigações daquele termo serão cumpridas. O poder público não pode negociar); intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente (o dever genérico do meio ambiente nós até temos, conforme o art. 225, mas o poder público tem deveres específicos, conforme se verifica nos incisos – tem a obrigação de intervir necessariamente nestas hipóteses, e não quando bem entender. Além disso os três entes tem essa obrigação, segundo o art. 23). 
............................................
Aula 03 – Rio, 11.03.15
PRINCÍPIOS DA PARTICIPAÇÃO POPULAR E PUBLICIDADE
A participação democrática é um dos pilares do direito ambiental. Como o meio ambiente é um bem difuso, sendo direito fundamental e está relacionado à vida a proteção desse bem tem que ser a mais democrática possível, devendo haver publicidade e participação na esfera ambiental. Não adianta ter a informação e não poder participar, trazendo a questão da audiência pública.
Canotilho -> Tripé para a democracia no direito ambiental: Fórum de participação capaz de efetivamente dar oportunidade de participação; informações produzidas para que todos possam participar, já que é bem difuso, então não pode ser uma informação extremamente técnica que a coletividade não vai entender (pode ter um estudo técnico bem detalhado, mas a informação tem que ser dada de forma descomplicada para qualquer um entender); publicidade. 
Com relação às olimpíadas: o parque de golfe, novo autódromo de Deodoro, Porto Maravilha, nenhum ato de remoção não tiveram audiência pública. Apenas a construção do metrô, a concessão do Maracanã (mas não teve estudo de impacto), a TRANSCARIOCA tiveram audiência pública. Mesmo existindo a obrigação legal, não se faz audiência pública. 
Lei federal 10.650/2003 -> necessidade de publicação de uma audiência pública. O que tem que ser publicado, o deferimento da licença ambiental, quais os dados que devem ser disponibilizados. Além disso, como temos uma deficiência na disponibilização de informações, o MP aqui do RJ criou um site Rede Ambiente Participativo, a fim de disponibilizar informações que o órgão ambiental não disponibiliza. Lei de transparência. Lei federal 6938/1981 – lei da política nacional do meio ambiente -> art. 9º, VII, XI, XII: instrumentos da política nacional do meio ambiente – alguns destes instrumentos são relacionados ao princípio da participação. 
Esse princípio se concretiza por meio:
da publicidade dos processos administrativos – atuação, licenciamento, realização de pesquisa em local de conservação – a regra é que será público. Só não será público se tiver comprovação de sigilo industrial. 
também pela realização de audiências públicas (em alguns processos de licenciamento a lei exige audiências públicas). 
no art. 225 temos que é dever exigir estudos de impacto ambiental em casos de significativa degradação (estudo de impacto ambiental – estes estudos serão discutidos em audiências públicas). 
outro caso que concretiza esse princípio de participação são as consultas públicas (exemplo: em caso de criação de unidades de conservação). 
também concretiza este princípio o CONAMA (órgão colegiado com participação da sociedade civil e com reuniões públicas).
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL OU SOCIOAMBINETAL DA PROPRIEDADE 
O direito de propriedade é um direito constitucional, e o mesmo ordenamento que prevê a propriedade, prevê também a função social. Pelo ordenamento jurídico atual, o direito de propriedade exercido não mais considerado somente o interesse do proprietário. 
O que é direito de propriedade para o RJ pode ser diferente do que é para SP, porque quem define o que é conteúdo da função social é o Plano Diretor (instrumento democrático que faz o plano da cidade). Para a propriedade rural, a CRFB também traz expressa que só atende à função social a propriedade que cumpre as regras socioambientais. Para cumprir a função social, tem que respeitar a função socioambiental da propriedade – se não respeitar isso, não se tem direito de propriedade. 
Neste sentido, todas as normas ambientais e urbanísticas conformam o direito de propriedade. Quando norma urbanística diz que não pode construir prédios de mais de 03 andares está claramente privilegiando o direito da sociedade de não ter sombra na areia da praia, ou seja, é um direito social – para se ter o seu direito de propriedade tem que atender ao direito da sociedade. 
Art. 170: meio ambiente como fundação da ordem econômica -> condiciona esse princípio à uma função social. A função social é cumprida quando obedece ao Plano Diretor. Exemplo: lei que diz que não pode suprimir vegetação em encosta de morro, porque tem interesse social naquela área, evitando o desmoronamento, por mais interesse que o proprietário rural tenha (plantar café, por exemplo), é uma norma que expressa o conteúdo da função social. privilegia o interesse da sociedade ao preservar aquele meio ambiente. / Quando o Código Florestal diz que não pode suprimir vegetação em 80% da sua propriedade no Amazonas, isso é constitucional. Princípio social da propriedade: sociedade tem interesse de proteger aquela vegetação. 
RESP 1144982/PR – Min. Mauro Campbell Marques – 15/10/2009
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CULTURA 
Meio ambiente inclui proteção cultural. E a CRFB coloca isso no art. 216: necessidade de proteção do patrimônio cultural – tanto material (edifícios), quando imateriais (uma festa, uma dança). A proteção da cultura decorre principalmente deste artigo, que traz a sua dimensão material e imaterial. O exemplo mais conhecido é o tombamento. Preservação dos meios e estilo de vida das comunidades tradicionais.
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Aula 4 – Rio, 12.03.15
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO OU DA NÃO REGRESSÃO 
Inspirado no princípio do mínimo existencial. Existe um mínimo existencial ecológico que estaria protegido como cláusula pétrea e o poder público não poderia ter nenhuma atuação que atingisse esse mínimo existencial. A discussão é o que seria esse mínimo existencial. 
O fundamento jurídico é a necessidade do poder público preservar o meio ambiente e que o direitos sejam sempre ampliados e nunca diminuídos, justificando-se a vedação à esta diminuição de direitos ambientais. Além disso, será inválida a revogação de normas que tiverem regulamentados os direitos fundamentais. Tem uma discussão de que o código florestal fez uma diminuição da legislação ambiental que se tinha antes. 
O STJ tem um acórdão em que reconhece esse princípio: RE 302.906/SP. 
O problema desse princípio é que as normas só podem aumentar, nunca podem diminuir, e então vem uma regra que diz que a faixa marginal de proteção tem que ter 30m de vegetação nativa – esse princípio diz que essa é uma regra que contribui para a proteção ambiental, logo nunca pode ser diminuída. Só pode ter uma lei que aumente estes 30m e nunca que diminua. O legislador eleito democraticamente não pode deliberar sobre isso, sendo, portanto, uma limitação ao nosso poder democrático. Então a crítica é que esse princípio engessa o ordenamento, pois não podemos exercer nosso direito democrático – tem que entender que o direito é mutável. Mas quem concorda com este princípio diz que não estamos engessando e tirando o poder de decisão, mas sim garantindo o direito e o futuro das gerações futuras. 
Outraquestão é que se a realidade não for mais a proteção de 30m, mas sim de 15m, seria um retrocesso, algo negativo? Se ficar comprovado que os 15m fazem melhor proteção, seria, então retrocesso? O que tem que ser feito é analisar na prática, com base em conceitos técnicos se seria um retrocesso ou não. 
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR
Determina a internalização dos custos de prevenção e controle da poluição. Tem um aspecto preventivo e outro repressivo (natureza preventiva e reparatória). Preventiva: internalização dos recursos / Repressivo: responsabilidade administrativa, criminal e civil. 
A internalização dos custos de prevenção é por exemplo o fabricante de pneus recolher estes pneus depois que são usados; recolher o material para dar uma destinação adequada. A empresa tem que dar conta daquele produto até o final – incluir o custo que vai ter no recolhimento daquele produto e o internalize no custo. 
Esse princípio nos dois aspectos tem fundamentos constitucionais – art. 225,§3º: aquele que causar danos ambientais será obrigado a repará-los, estando também sujeito a sanções administrativas, criminais, ambientais e reparação civil.
Tem uma série de disposições que consagra um sistema de responsabilidade civil que é objetivo e solidário, trazendo conceito de poluidor-pagador -> responde por aquele dano aquele que indiretamente contribui sem a possibilidade de excludentes. É tentativa de reparação dos danos, não sendo um princípio e sendo solidário. Se assim não fosse e as empresas pudessem alegar caso fortuito e força maior, o dano acabaria sobrando para a sociedade, que sairia perdendo por ter perdido um bem difuso e também teria que arcar com a reparação daquele dano. 
O objetivo disto é servir como incentivo para que se produza menos resíduos. Quanto mais a empresa tiver que internalizar no custo, mais caro vai ficar o produto e mais difícil de vender. Então tem que diminuir a produção de resíduos, diminuindo a retirada de recursos naturais.
Hoje as empresas de refrigerante tem que retirar as embalagens. O problema disso na ordem prática é determinar qual embalagem é de cada fabricante, quanto cada produziu, e saber a responsabilidade de cada empresa de refrigerante que contribui para aquele cenário. Hoje, se tem os acordos setoriais: cada setor se reúne para saber qual a sua responsabilidade no processo de comercialização. Isso está sendo discutido e concretizado gradualmente, para saber a medida de responsabilidade desses agentes.
Outro instrumento que concretiza esse princípio é a criação de tributos. Exemplo: IPVA para carros movidos à gás; em SP tem o pagamento pelo lançamento de efluentes. 
O outro aspecto é o repressivo. O objetivo do direito ambiental é evitar danos ambientais. O aspecto preventivo deste princípio trabalha no sentido de internalizar os custos ambientais a ponto deles serem evitados. E o repressivo é para quando o dano foi inevitável, devendo haver então a reparação, para que a sociedade não fique privada do seu bem difuso. 
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Aula 5 – Rio, 18.03.15
Trabalho G1: 26/03 -> Função Social da Propriedade – fazer a leitura crítica dos acórdãos (STF e STJ) e apresentar. Cada um tem que apresentar um acórdão e no final trazer uma conclusão. 
Matéria da G1: princípios e art. 225. 
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PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO
Direito ambiental está preocupado em evitar danos e riscos desnecessários. Esse é o próprio objetivo do direito ambiental, sendo um dos princípios mais importantes. É melhor evitar o risco do que depois ter que reparar um dano.
“Diante da pouca valia da simples reparação, sempre incerta e, quando possível, excessivamente onerosa, a prevenção é a melhor, quando não a única, solução” (Milaré).
É um princípio em constante evolução. Como evitamos os danos ambientais? De que tipo de tecnologia estamos falando? Isso é algo que está sempre em evolução. 
O problema desse princípio é que coloca em questão a própria ciência – caso do amianto (cientista que estava sendo financiado). 
Vivemos no momento de “sociedade de risco” -> tem a ver com a incerteza com relação a determinadas tecnologias, em que não sabemos quais são os seus riscos. Temos o desenvolvimento desenfreado de tecnologias, não sabendo quais são as consequências do seu uso. A dúvida é uma característica do momento em que vivemos. 
Muitas vezes o dano ambiental só se mostra muito depois, e por isso é um direito imprescritível. Em muitos casos não é possível nem mesmo calcular o tamanho do dano, porque pode ser que os desdobramentos só ocorram posteriormente.
Os dois vão dizer que é melhor prevenir e evitar os danos. O da prevenção quer evitar um dano conhecido – a ciência provou que tal ato causa dano ambiental. O da precaução está preocupado com o risco - mesmo que não exista uma certeza científica, uma mera dúvida é o suficiente. Então o entendimento predominante é que a diferença entes estes princípios está na certeza científica. 
O princípio da prevenção pressupõe pesquisa e informação organizada (Paulo Affonso). Tem que saber quem está financiando tais pesquisas. Para aplicar o princípio e ter certeza que aquele dano vai ocorrer e conseguir evitá-lo pressupõe conhecimento científico bem organizado e fundado. 
Aplicação prática do princípio da prevenção: realização de estudos ambientais; zoneamento ambiental (cria uma zona exclusivamente industrial está tentando tirar aqueles efeitos industriais perto das pessoas); auditorias ambientais. 
O princípio da precaução é para proteger o meio ambiente quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis – então não é para qualquer dano. A ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. 
Tem uma discussão: uma alternativa economicamente viável para evitar um dano na Alemanha pode não servir aqui no Brasil? Se for realizada no Brasil terá uma tecnologia, e na Alemanha será outra, e na Alemanha tem uma prevenção, mas aqui no Brasil não poderá ser aplicada, porque não é economicamente viável. Isso é justo? Na Alemanha a empresa vai ter maior responsabilidade e causar menos danos, enquanto que no Brasil causará mais danos, porque não é economicamente viável. Pode isso acontecer? 
O princípio orienta é que se tem um risco, mas não tem certeza cientifica, é melhor não liberar determinada substância e fazer mais testes se há chance de causa dano. A dúvida razoável não dispensa a adoção de medidas preventivas (risco fundado – e não pânico irracional).
O Maurício Mota discute como se comprova uma dúvida científica? Basta uma opinião de um lado e uma de outro? Tudo isso tem que ser discutido caso a caso, sendo um princípio de difícil aplicação.
Tem o exemplo do medicamento PURVIN (recomendado para grávidas que tinham enjôo) e depois se descobriu que causava deformações no nascimento. Nesse caso, o conhecimento científico avançou por causa do próprio uso, quando não deveria ter sido assim. Deveria ter tido primeiro o estudo científico. 
É considerado crime quando não se adota condutas de precaução -> art. 54 da lei de crimes ambientais. 
Consequências processuais da aplicação do princípio da precaução -> necessariamente se aplica o princípio da inversão do ônus da prova, se reforça as tutelas preventivas. Mas tudo isso tem que ser feito com cautela. 
Críticas ao princípio da precaução:
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Aula 6 – Rio, 25.03.15
MEIO AMBIENTE NA CRFB DE 88
Art. 225 da CRFB -> capítulo de proteção ao meio ambiente na constituição. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental – o STF assim reconhece desde 1993. Mesmo não estando no rol do art. 5º, não se tem dúvida que é um artigo fundamental.
É um bem de uso comum do povo, ou seja, éum bem difuso, que pertence a todos. Não é um bem público e nem privado, não pertence a nenhum ente federativo. É um bem da sociedade, sendo de titularidade difusa, justificando o art. 129 em que o MP tem a titularidade para defender o meio ambiente. 
Cabe a discussão se os animais podem ser sujeitos de direito ou se pelo próprio da CRFB se isso já não foi atribuído só aos seres humanos.
É um dever tanto do poder público, quanto da sociedade, pois há a aplicação do princípio da solidariedade – direito para as gerações presentes e futuras. 
-O poder público tem deveres específicos no §1º
Podemos pegar esses incisos e conjugá-los de formas diferentes, como por exemplo, conseguimos extrair os seguintes deveres: Proteção da diversidade biológica/manejo ecológico. Quando vemos a ação contra o novo código florestal, que protege menos, percebemos o poder público tentando extrair estes princípios, a fim de impedir a vedação ao retrocesso. 
Proteção da fauna -> A CRFB exige que o poder público proteja a flora e a fauna – não pode ter práticas que coloque em risco a função ecológica; não podem ter práticas que submetam os animais a crueldade; não pode adotar prática que coloque as espécies em extinção. Interpretando este artigo são proibições com finalidades diferentes: não submeter a crueldade não só para não colocar em extinção aquela espécie, mas também para proibir práticas de tortura – é o caso do abate -> o consumo de carne deve ser feito de forma mais cruel, de acordo com o que indica um valor da constituição. 
Educação ambiental 
Espaços territoriais especialmente protegidos -> poder público faz áreas de proteção permanente – faz isso porque está cumprindo um dever constitucional. 
Exigir Estudo Prévio Ambiental de causas que podem causar significativa degradação ambiental
Temos uma constituição muito avançada em relação à proteção ambiental. Mas a CRFB é de 88, como pode garantir tanta proteção assim? Muitos já existiam na legislação, o que ocorreu é que conseguiram inserir isso na Constituição. O caso do estudo prévio ambiental é bastante complexo, no licenciamento tem que fazer audiência pública, pois vão surgir obras que podem causar significativo impacto ambiental. A CRFB exige, ainda, a publicidade desse estudo. 
-Art. 225, §3º: responsabilidade criminal da PJ está na CRFB. Além de crimes ambientais, prevê a responsabilidade criminal da PJ, não havendo polêmica nenhuma sobre isso. -> relação com o princípio do poluidor-pagador 
-Art. 225, §2º: dependemos da atividade de mineração e por isso determina a reparação desse ambiente degradado -> relação com o princípio do poluidor-pagador. 
-Art. 225,§4º: patrimônio nacional – a constituição trouxe este parágrafo para destacar a importância da preservação destes locais. 
-Art. 225,§6º: usinas que atuem reator nuclear são definidas por lei federal – quem defende onde terá uma usina nuclear é o CN.
Angra 3 iniciou a construção na época da ditadura. E a obra parou por 20 anos, e retornou agora, com a CRFB de 88 em vigor, Aprovaram nova lei federal estabelecendo onde seria o novo local? Não. Decidiram que o procedimento havia sido resolvido de acordo com a constituição anterior. Teve ação judicial contra, e se entendeu que este artigo deveria ser lido de forma literal, devendo havendo lei complementar para decidir novo local, não fazendo sentido burlar tal artigo, pois isso seria contra os princípios democráticos de direito. Contudo, continuam com essa tese, e não temos uma lei para Angra 3 que determina uma localização. 
-Função social da propriedade
-Meio ambiente está previsto na ordem econômica – é um dos fundamentos e a CRFB exige um tratamento diferenciado para as atividades que trazem menos degradação ambiental. 
OBS.: Licitação sustentável -> exemplo: papel reciclável; tinta de impressora.

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