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UNOPAR VIRTUAL Pedagogia Disciplina: Seminário Interdisciplinar I Prof. (a): Edilaine Vagula Aula: 01 Semestre: 1º/2º AULA ATIVIDADE Prezados Alunos Objetivo da Atividade: - Refletir sobre o papel das emoções, adquirindo saberes sobre a inteligência emocional. Orientações Caro aluno: - Para iniciar a atividade reúnam-se em grupo, para realizar a leitura da reportagem abaixo publicada em uma revista de Portugal, disponível em:< http://www.paisefilhos.pt/index.php/criancas/dos-3-aos-5-anos/1422-emos-lor-da- pele>. - Discutam o texto no grupo e selecione pontos interessantes para debater em plenária com toda a turma. Bom trabalho! Profa. Edilaine EMOÇÕES A FLOR DA PELE – PAIS & FILHOS Mãe, quero ver televisão». Rita Praça interrompe a conversa com a amiga para dar atenção a Rodrigo. «Vou pedir-te uma coisa, achas que este é o momento mais adequado para veres televisão? A mãe está a conversar, achas que é o mais indicado?» Rodrigo, de seis anos, olha e diz: «Eu queria tanto, mas tens razão, agora não podes. Estás a conversar e se eu ligasse a televisão ia fazer muito barulho. Pronto, vou jogar às espadas e quando acabares deixas-me ver um bocadinho». Ao que a mãe responde, «correcto, acho que é justo e está combinado». A amiga de Rita nem quer acreditar no que acabou de testemunhar. «Ele não fez nenhuma birra? Não se atirou para o chão? Não discutiu?» Até chegar a esta fase o Rodrigo fez birras como qualquer miúdo, mas conversávamos. É importante explicar aos mais novos por que não podem fazer o que lhes apetece, não é só dizer não fazes porque não quero, isso é horrível, é a antítese da IE», um conceito originalmente defendido pelo psicólogo Daniel Goleman que acredita que «a chave para tomar boas decisões pessoais é ouvir os sentimentos». Para Cristina Camões, psicóloga clínica, trata-se da «capacidade de conhecer e compreender as nossas emoções, de conseguirmos controlá-las de forma a melhorar a qualidade de vida (inteligência intra-pessoal). A arte de nos motivarmos leva ao auto- UNOPAR VIRTUAL Pedagogia controlo emocional que se traduz num adiar a recompensa e dominar a impulsividade. Por outro lado é a capacidade de conhecer as emoções dos outros através da empatia, isto é, compreender aquilo que o outro sente e transmitir-lhe consolo. No fundo será saber colocar- se no lugar do outro (inteligência inter-pessoal)». Uma pesquisa levada a cabo pelos investigadores John D. Mayer, Richard D. Roberts e Sigal G. Barsade confirmou a importância da IE no relacionamento das crianças com os pais, com os amigos e até nos resultados escolares. Daniel Goleman concluiu ainda que as crianças orientadas emocionalmente pelos pais eram capazes de regular os seus estados emocionais, de se acalmar e conseguir abrandar o pulsar acelerado do coração. Esta vantagem a nível fisiológico manifestava-se igualmente na resistência a doenças infecciosas. A IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES Foram os resultados obtidos com Rodrigo que levaram Rita Praça a unir-se a Paula Pinto para juntas formarem uma empresa que coloca em prática as teorias que estão na base desta disciplina. «Em Portugal só agora se começa a em IE, mas no estrangeiro já é comum as escolas proporcionarem no currículo académico a possibilidade da criança desenvolver esta capacidade desde muito cedo como uma actividade extracurricular. É tão normal como a arte dramática ou o teatro para os mais novos, é uma questão de mentalidades», explica Rita Praça. «Em Portugal alguns cursos de psicologia incluem cadeiras de Psicologia das Emoções, contudo com carácter optativo embora a IE já seja estudada e largamente investigada noutros países, por exemplo nos Estados Unidos. Nesse sentido, penso que estamos de facto a dar os primeiros passos», confirma Cristina Camões que explica como a disciplina pode ajudar o desenvolvimento dos mais novos, tanto a nível pessoal como escolar. A compreensão das emoções e das formas de pensar, sentir e agir determinam o equilíbrio, a saúde mental e a felicidade do ser humano. Deste modo é importante sensibilizar os agentes educativos para a educação emocional nas escolas. Autores de renome internacional afirmam que 90 por cento das competências necessárias para o sucesso, para a liderança, para a satisfação com a vida e para a saúde derivam de factores de ordem emocional e social, daí a importância da IE para o desenvolvimento humano. O segredo está na capacidade da criança reconhecer as emoções, saber identificá-las e compreender em que contextos aparecem na sua vida. «Terá muito mais capacidade para ser empática e isso facilitará a comunicação. Torna-se mais fácil fazer amigos e também melhora a relação com os professores, o que torna a criança mais aberta à aprendizagem. Está mais atenta, mais motivada e o professor também tem maiores expectativas, o que pode ajudar a melhorar o seu desempenho», explica Paula Pinto. Um estudo norte-americano investigou as repercussões dos seminários que ensinavam os professores a comportar-se com empatia no tratamento dos alunos e a evitar comentários depreciativos. «Foi observado um aumento do amor-próprio entre os alunos, um aumento do rendimento escolar, a melhoria da criatividade, um decréscimo nas faltas e sobretudo uma diminuição dos problemas relacionados com a disciplina», observa Cristina Camões que defende que «este tipo de seminários orientados por psicólogos seriam uma mais valia no nosso país e poderiam alargar-se não só aos alunos, como aos encarregados de educação e ao pessoal auxiliar das escolas». Tudo porque as emoções desempenham um papel fulcral no desempenho escolar. «Tem-se assistido ao longo dos anos a um tipo de educação baseado nos resultados, isto é, unicamente nos aspectos cognitivos já que o quociente de inteligência (QI) tem sido apontado como o principal factor do sucesso escolar. Estando a IE intimamente ligada a dois factores importantíssimos para o sucesso escolar, por um lado a motivação e por outro o saber lidar com a frustração, poder-se-á dizer que o ensino desta disciplina iria contribuir para o sucesso escolar e pessoal das crianças e jovens e para a sua felicidade enquanto futuros adultos. Mas caso a criança possua uma relação saudável com os pais, tenha facilidade em fazer amigos e boas notas na escola também poderá tirar partido da aprendizagem da IE? «Sim, irá fortalecer as relações interpessoais, as dinâmicas quer com a família, quer com o grupo, UNOPAR VIRTUAL Pedagogia e portanto vem criar a capacidade para se tornar cada vez mais sólida naquilo que são as suas bases afectivas e naquilo que é o seu menu emocional, na forma como lida com os outros. Vai criar a possibilidade de, na adolescência, ser mais assertiva e com capacidade de se autonomizar no grupo». O problema dos adolescentes se formarem em cópia pode ser assim contornado. «Quando um faz asneira vão todos atrás e essa criança, que criou bases sólidas e que as fortaleceu, perante uma chamada de grupo para a dita asneira vai ter mais capacidade para dizer «não» sem se sentir marginalizada, fora do grupo. Tem uma assertividade, uma auto-estima e uma auto-confiança diferentes, vai conseguir dizer não quero, não concordo, não vou ou não provo isso, sem problemas ou dramas de perder os amigos», explica Rita Praça. Crianças e jovens inteligentes emocionalmente conseguem adiar uma recompensa ou fontes de gratificação ao controlar os seus impulsos. Conseguem agir com maior segurança, têm uma melhor adaptação às situações de stresse, sendo, como costumo dizer a alguns pais de crianças inteligente emocionalmente, ‘sedutores’, porque sabem como agir, como comunicar com o outro e como transmitir os seus sentimentos», reforça Cristina Camões que chama a atenção dos pais para este conceito. «A família constitui igualmenteum espaço no qual poderá ser desenvolvido este tipo de inteligência. Os pais desempenham um papel importante neste processo, já que a família constitui a primeira escola de aprendizagem emocional da criança. Pais e educadores deveriam adoptar um papel activo no treino deste tipo de competências.» PAIS EMOCIONALMENTE INTELIGENTES Queremos saber quais os seus receios e as dificuldades que têm com os filhos. Se fazem birras damos dicas, dizemos para experimentarem isto ou aquilo e para nos dizerem os resultados na próxima sessão. Até podem telefonar, não queremos pais ansiosos», diz Rita Praça, que ensina o que fazer quando os mais pequenos testam a paciência dos pais com grandes birras. «Se está a chorar e a deitar tudo ao chão, a primeira coisa que deve fazer é chegar perto dele, abraçá-lo, dar-lhe um beijo e dizer: ‘estás a fazer uma birra porquê, és tão lindo, adoro-te’. Ele vai pensar: ‘espera lá, não se zangou’. E continuar: ‘és tão lindo que de ti só espero o melhor, mas como estás a fazer uma birra o meu coração está triste’. Eles ficam a olhar para nós, percebem tudo. Depois é só rematar com: ‘tu és capaz de te portar bem, acredito em ti’. Pode não resultar à primeira, mas ao fim de várias tentativas vai ouvir: está bem mãe».Este é um processo lento, que se vai aprendendo aos poucos à custa de muita paciência. «A IE não é um milagre, as crianças não vão ficar uns anjos perfeitos e uns génios maravilhosos, mas podem tornar-se mais felizes, com maior sucesso académico e mais estáveis, com mais capacidades e os pais vão perceber que a dinâmica relacional que vão ganhando com os filhos é muito mais funcional e adequada, têm uma dinâmica muito mais feliz e uma vida muito mais positiva», defende Rita que costuma comparar os mais pequenos a diamantes em bruto. «As crianças são inteligentes, têm uma enorme capacidade afectiva e imenso para dar. Costumo dizer que são pedras preciosas que estão a brilhar constantemente e por vezes não estamos a perceber que por detrás de algum comportamento menos correcto pode estar imensa luz. Temos de ajudar a criança a perceber que a nossa expectativa sobre ela é positiva e que acreditamos que é capaz, sabemos que se vai portar bem e que vai conseguir. À primeira tentativa pode não resultar, à segunda também não, mas à terceira ou à quarta vamos conseguir». Tudo porque «a infância é a fase onde as crianças estão muito mais despertas para tudo, estão a maturar os menus emocionais, a aprender a forma de se relacionar com os outros e é aqui, com calma e amor, sabendo que o processo vai ser lento, que as vamos trabalhando e preparando para amanhã serem adultos mais felizes.» «Como se costuma dizer: a areia com que brincares no jardim-de-infância é a mesma com que irás construir o cimento da tua casa amanhã», sublinha Rita.
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