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OAB 2a FASE PENAL QUESTÕES DA PROVA PRÁTICA DE 23 EXAMES ANTERIORES

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1. OAB 2a FASE PENAL
2. últimos 23 exames
1. 48. Que justiça é competente para julgar
civil que, em co-autoria com policial
militar estadual em serviço, subtrai bem
pertencente a uma Secretaria de Estado?
Justifique e fundamente a resposta.
2. 95. Caio, funcionário público, ao
fiscalizar determinado estabelecimento
comercial exige vantagem indevida. A
qual delito corresponde o fato narrado:
3. 119. Caio, Mévio, Tício e José, após se
conhecerem em um evento esportivo de
sua cidade, resolveram praticar um
estelionato em detrimento de um senhor
idoso. Logrando êxito em sua
empreitada criminosa, os quatro
dividiram os lucros e continuaram a vida
normal. Ao longo da investigação
policial, apurou-se a autoria do delito
por meio dos depoimentos de diversas
testemunhas que presenciaram a fraude.
Em decorrência de tal informação, o
promotor de justiça denunciou Caio,
Mévio, Tício e José, alegando se tratar
de uma quadrilha de estelionatários,
tendo requerido a decretação da prisão
temporária dos denunciados. Recebida a
denúncia, a prisão temporária foi
deferida pelo juízo competente. Com
base no relatado acima, responda aos
itens a seguir, empregando os
argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
1. Considerando as informações
narradas, responda aos
OAB 2a FASE PENAL
Todas as perguntas e respostas dos
últimos 23 exames
48. Que justiça é competente para julgar
civil que, em co-autoria com policial
militar estadual em serviço, subtrai bem
pertencente a uma Secretaria de Estado?
Justifique e fundamente a resposta.
95. Caio, funcionário público, ao
fiscalizar determinado estabelecimento
comercial exige vantagem indevida.
A qual delito corresponde o fato
narrado:
119. Caio, Mévio, Tício e José, após se
conhecerem em um evento esportivo de
sua cidade, resolveram praticar
um estelionato em detrimento de um
senhor idoso. Logrando êxito em sua
empreitada criminosa, os quatro
dividiram os lucros e continuaram a vida
normal. Ao longo da investigação
policial, apurou-se a autoria do delito
por meio dos depoimentos de diversas
testemunhas que presenciaram a fraude.
Em decorrência de tal informação, o
promotor de justiça denunciou Caio,
Mévio, Tício e José, alegando se tratar
de uma quadrilha de estelionatários,
tendo requerido a decretação da prisão
temporária dos denunciados. Recebida a
denúncia, a prisão temporária foi
deferida pelo juízo competente. Com
base no relatado acima, responda aos
itens a seguir, empregando os
argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
Considerando as informações
narradas, responda aos
últimos 23 exames
Organização: ALINE ALBUQUERQUE FERREIRA
Fonte: http://oab.fgv.br/, http://www.cespe.unb.br/concursos/ e
http://www.oab.org.br/servicos/examedeordem 2015
QUESTÕES PRÁTICAS
1. O que significa a expressão "detração
penal"?
A detração penal é um instituto de direito
penal que abate o tempo de segregação
provisória cumprida pelo condenado, tendo
como fundamento o artigo 42 do Código Penal
que enuncia que se computam, na pena
privativa de liberdade e na medida de
segurança, o tempo de prisão provisória, no
Brasil ou no estrangeiro, o de
prisão administrativa e o de internação em
qualquer dos estabelecimentos referidos no
artigo 41 do Código Penal.
2. Qual a diferença entre perdão judicial e
perdão tácito?
O perdão tácito é uma causa extintiva de
punibilidade prevista no artigo 107, inciso V, do
Código Penal, configurando-se na ação penal
exclusivamente privada, em face de um ato do
querelante para com o querelado, denotando
incompatibilidade e continuar o processo-
crime, vez que o ato da vítima denota que
perdoou o querelado, existindo apenas quando
já recebida a queixa-crime por parte do juiz,
não devendo ser confundida com a renuncia
tácita que é sempre antes de iniciar o processo,
devendo o perdão tácito para extinguir a
punibilidade ser aceito por parte do querelado,
porquanto o perdão é sempre bilateral. Já o
perdão judicial constitui providência
exclusivamente do Poder Jurisdicional derivada
de medida de Política Criminal, havendo
previsão expressa em situações de homicídio
culposo e outras culposas expressas em lei,
quando as conseqüências da infração atingirem
o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária,
destacando que o artigo 120 do Código Penal é
expresso ao afirmar a natureza declaratória do
instituto do perdão judicial ao afirmar que "a
sentença que conceder perdão judicial não
será considerada para efeitos de reincidência".
3. O que é a reforma in pejus indireta?
A reforma in pejus indireta consiste na situação
em que anulada sentença condenatória em
recurso exclusivo da defesa, não pode ser
prolatada nova decisão mais gravosa do que a
anulada. Trata-se assim de conseqüência
negativa ao réu que exclusivamente apelou,
não podendo por isso o Tribunal piorar
indiretamente a sua situação do réu. Exemplo:
O réu condenado a 2 anos de reclusão apela e
obtém a nulidade da sentença. A nova decisão
poderá impor-lhe, no máximo, a pena de dois
anos, pois do contrario o réu estaria sendo
prejudicado indiretamente pelo seu recurso.
4. O que significa a expressão
"despronúncia"?
A despronúncia é a reconsideração da própria
decisão de pronúncia ou a não aceitação da
pronúncia por parte do Tribunal de Justiça, em
face do Recurso em Sentido Estrito interposto
pelo pronunciado. A despronúncia, assim,
pode ocorrer em duas hipóteses: 1) se o juiz,
em face do recurso em sentido estrito,
interposto contra a sentença de pronuncia,
reconsiderar a decisão, revogando-a; se
mantida a pronúncia, em primeira instância,
vier o Tribunal a revogá-la. A despronúncia é,
portanto, a revogação ou desconstituição da
pronúncia anteriormente decretada, seja
por parte do juízo de primeira instância, em
sede de reconsideração, seja por parte do
Tribunal de Justiça que, apreciando recurso do
réu, reforma a sentença de pronúncia para
impronunciá-lo. A distinção entre impronúncia
e despronúncia está em que a primeira é
decretada pelo juízo "a quo" em juízo de valor
que afirma, desde logo, a inexistência do
crime ou de indícios suficientes de autoria,
enquanto a segunda pressupõe a existência de
uma sentença de pronúncia e
o reconhecimento desses pressupostos por
parte do juízo de origem, mas que vem a ser
reformada em sede de reexame pela instância
"ad quem".
5. É possível a incidência da escusa
absolutória no crime de roubo?
Conforme o artigo 183 inciso I do Código Penal
não é cabível a incidência da escusa absolutória
no crime de roubo.
6. O uso de arma de brinquedo pode ser tida
como qualificadora do crime de roubo (art.157,
§2.°, I, do Código Penal)?
Não. O entendimento jurisprudencial dado pela
antiga Súmula do STJ n° 174, foi revogada pela
Lei n° 9.437/97, que previu crime próprio para a
utilização de simulacro de arma de brinquedo
(art.36). Esse artigo foi revogado, ao
depois, pela Lei n° 10.826/33. Entretanto, hoje
não mais se considera motivo de maior
reprovação a utilização de arma sem
o potencial ofensivo, não podendo ser tido o
emprego de arma de brinquedo como
qualificadora do roubo.
7. Em que tipo penal se enquadra o chamado
seqüestro-relâmpago?
Existem 3 posições. A primeira, afirma tratar-se
unicamente de crime de roubo com causa de
aumento de pena pela manutenção da vítima
em poder do agente, restringindo sua liberdade
(art.157, §2°, V, CP). A segunda
posição, assevera que tem-se configurado o
crime de roubo simples em concurso material
com o crime de seqüestro (art.157, caput, c.c.
art.148, caput, todos do CP)(REGIS PRADO,
Luiz.Curso de Direito Penal Brasileiro. São
Paulo, RT, 2005, vol.2, p.445). A terceira,
entende haver, unicamente, extorsão, e não
roubo (art.158, CP)(JESUS, Damásiode.Código
Penal Anotado. São Paulo: Saraiva, 2006, p.598).
8. Quais os requisitos de admissibilidade da
prisão temporária? Eles são alternativos ou
cumulativos?
Os requisitos são dados pelo art.1°, da Lei n°
7.960/39, quais sejam: I.quando imprescindível
para as investigações do inquérito policial;
Il.quando o indiciado não tiver residência fixa
ou não fornecer elementos necessários
ao esclarecimento de sua identidade; IlI.quando
houver fundadas razões, de acordo com
qualquer prova admitida na legislação penal, de
autoria ou participação do indiciado nos
seguintes crimes: homicídio doloso (art.121
caput e seu §2°); seqüestro e cárcere privado
(art.148, caput, e seus §§1° e 2°); roubo
(art.157, caput, e seus §§1° e 2°);
extorsão (art.158, caput e seus §§1° e 2°);
extorsão mediante seqüestro (art.159, caput e
seus §§1° e 2°); estupro (art.213 caput e sua
combinação com o art.223, caput e parágrafo
único); atentado violento ao pudor (art.214,
caput e sua combinação com o art.223, caput e
parágrafo único), epidemia com resultado
morte (art.267, §1°); envenenamento de água
potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte (art.279, caput, cc
art.285); quadrilha ou bando (art.288, todos do
Código Penal); genocídio (art.1°, 2°, 3° da Lei n°
2.889/56), tráfico de drogas (art.12 da Lei
n° 6.368/76); crimes contra o sistema financeiro
(Lei n° 7.492/36). Existe posição que entende
serem eles alternativos, bastando a presença de
um deles para a possibilidade de prisão
temporária, e outra, que os entende
cumulativos, sendo necessária a presença do
item I ou do item II, em conjunto com o item III.
9. Existem recursos criminais que podem ser
considerados privativos da defesa? Quais?
Revisão Criminal; Embargos infringentes e de
nulidade.
10. Todos os crimes da lei de drogas (Lei n.°
11.343/16) autorizam a prisão preventiva? Por
que razão?
Não. Segundo o art. 48, §2° da Lei n° 11.343/06,
"tratando-se da conduta prevista no art.28
desta Lei, não se imporá prisão em flagrante,
devendo o autor do fato ser imediatamente
encaminhado ao juízo competente ou, n falta
deste, assumir o compromisso de a ele
comparecer, lavrando-se termo circunstanciado
e providenciando-se as requisições dos exames
e perícias necessárias". Isso se explica pelo fato
do crime disposto no art.28 não prever penas
privativas de liberdade, não devendo,
tampouco, ser submetido a prisão processual.
11. A e B, sem estarem previamente
combinados, atiram, ao mesmo tempo, em C,
que faleceu em virtude de ser atingido por
somente um dos projéteis. Como a doutrina
denomina essa situação? A e B
responderiam por algum crime? Justifique.
A doutrina denomina de autoria colateral (ou
co-autoria lateral ou imprópria). "Caso duas
pessoas, ao mesmo tempo, sem conhecerem a
intenção uma da outra, dispararem sobre a
vítima, responderão cada uma por um crime se
os disparos de amas forem causas da morte. Se
a vítima morreu apenas em decorrência da
conduta de uma, a outra responde por
tentativa de homicídio. Havendo dúvida
insanável sobre a autoria, a solução deverá
obedecer ao princípio do in dubio pro reo,
punindo-se ambos por tentativa de homicídio"
(MIRABETE, Julio Fabbrini. "Manual de Direito
Penal - Parte Geral". Vol 1. São Paulo: Atlas,
1997, p. 230).
12. Foi expedido mandado de busca e
apreensão para ingresso na residência de A,
cujo objeto era a busca e apreensão de coisas
que serviriam como fontes de prova em
investigação sobre homicídio que teria
sido cometido por A. No interior da residência
nada foi encontrado sobre o homicídio, mas os
policiais acharam, fortuitamente, um famoso
quadro que fora subtraído de um museu. Pode
ser o quadro apreendido? Explique, indicando
as diversas posições.
Existem duas posições principais: a primeira
entende que, estando a busca e apreensão
autorizada por mandado do juiz competente, a
entrada na casa seria lícita, por isso tudo o que
fosse encontrado na casa poderia ser
apreendido; a segunda defende que a diligência
deve ser relacionada apenas ao conteúdo do
mandado e ao que está autorizado por este, só
admitindo, parte da doutrina, apreensão do
que estivesse relacionado com o objeto do
mandado
13. Por que a exigência de prisão para apelar
constitui uso anômalo da prisão processual?
Fundamente a resposta.
Essa exigência representa um impedimento ao
exercício do direito de recorrer, ofendendo o
princípio do duplo grau de jurisdição e
impondo ao acusado ônus excessivo sem que
haja qualquer limitação para o órgão da
acusação. Assim, por não ter natureza cautelar,
a prisão exerce função anômala de
impedimento da apelação.
14. O Ministério Público pode apelar de
sentença absolutória proferida em processo
iniciado por queixa? Fundamente a resposta.
Depende. Em se tratando de ação penal pública
de iniciativa exclusivamente privada, o
Ministério Público não poderá interpor o
recurso de apelação, uma vez que nesta ação
vigora o princípio da disponibilidade. Já na ação
penal privada subsidiária da pública poderá o
Ministério Público apelar, segundo disposição
expressa do artigo 29 do Código de Processo
Penal
15. O tempo de prisão provisória em um
processo pode, sempre, ser computado em
pena privativa de liberdade imposta em outro
processo? Fundamentar.
Existem duas orientações. A primeira mais
restrita entende que somente é computável na
pena de prisão aquela prisão cautelar relativa
ao objeto da condenação. Uma segunda
posição mais liberal entende que é possível
a "detração da pena ocorrida por outro
processo, desde que o crime pelo qual o
sentenciado cumpre pena tenha sido praticado
anteriormente à sua prisão. Seria uma hipótese
de fungibilidade da prisão" (MIRABETE, Julio
Fabbrini. "Manual de Direito Penal - Parte
Geral". Vol 1. São Paulo: Atlas, 1997, p. 262).
16. Que são escusas absolutórias?
Fundamente e indique as suas conseqüências.
As escusas absolutórias, também conhecidas
como imunidades absolutas, são circunstâncias
de caráter pessoal, referentes a laços familiares
ou afetivos entre os envolvidos, que, por razões
de política criminal, o legislador houve por bem
afastar a punibilidade. Trata-se de condição
negativa de punibilidade ou causa de exclusão
de pena. Estão previstas nos arts. 181, incisos I
e II, e 348, § 2.°, do Código Penal.
17. O juiz pode receber apenas parcialmente a
denúncia oferecida pelo Ministério Público?
Fundamente a resposta.
A maioria da doutrina entende ser possível o
recebimento parcial da denúncia pelo juiz,
tendo em vista a inexistência de vedação
legal.Ressalte-se, ainda, que, havendo
imputações cumulativas e recebendo o juiz a
denúncia apenas em relação a algumas, haverá
rejeição quanto às outras e, neste ponto,
caberá recurso em sentido estrito.
18. Que é competência por prerrogativa de
função? Em relação ao co-autor particular,
estende-se a ele essa competência?
Fundamente.
É a competência determinada em razão da
função ou cargo exercido por determinadas
pessoas. Tal determinação é feita tendo em
vista a dignidade de alguns cargos e funções
públicas e não das pessoas que os
ocupam.Segundo a doutrina a competência por
prerrogativa de função abrange também as
pessoas que não gozam de foro
especial, sempre que houver concurso de
pessoas (arts. 77, I, e 78, III). É também o
entendimento da jurisprudência. Entretanto,
rejeitada a denúncia contra a pessoa que goza
de foro privilegiado, a competência para o
julgamento dos demais retorna para o 1° grau
de jurisdição.Em alguns casos, não se observa a
regra de extensão da competência por estarem
envolvidas normas constitucionais,
hierarquicamente superiores às regras sobre
conexão do Código de Processo Penal.
19. Se alguém, para matar, fere a vítima,
segundo a doutrina ele só será punido pelo
crime de homicídio. Neste caso,que tipo de
conflito existe e qual o critério utilizado para
resolvê-lo?
Trata-se de conflito aparente de normas,
resolvido pelo princípio da consunção, pois
ocorre a relação consuntiva, ou de absorção,
quando um fato definido por uma norma
incriminadora é meio necessário ou normal fase
de preparação ou execução de outro crime,
bem como quando constitui conduta anterior
ou posterior do agente, cometida com a mesma
finalidade prática atinente àquele crime, a
exemplo do que ocorre no denominado crime
progressivo, como é o caso do crime de
homicídio, o qual pressupõe a lesão corporal
como resultado anterior.
20. O acusado apelou de uma condenação
pelo Tribunal do Júri, alegando que se tratava
de decisão manifestamente contrária à prova
dos autos. No dia seguinte, ainda dentro do
prazo, ingressa com nova apelação,
sustentando que a decisão, além de
manifestamente contrária à prova dos autos,
era nula. É admissível essa segunda apelação?
Por quê?
O fundamento utilizado pelo juiz para não
receber a apelação no caso aventado poderia
ser o da ocorrência de preclusão consumativa,
alegando a perda da faculdade processual em
decorrência do seu exercício com o ingresso
da primeira apelação.Contudo, entende a
doutrina que tal decisão não seria acertada,
pois a regra da preclusão consumativa não se
aplica ao caso, visto se tratar de simples
suplementação do recurso interposto,
realizada tempestivamente.
21. Tem-se admitido que o Tribunal de
Justiça, em revisão criminal, possa absolver
pessoa condenada pelo Tribunal do Júri. Como
conciliar tal orientação com o princípio
constitucional da soberania dos veredictos (art.
5o, inciso XXXVIII, alínea c, da Constituição
Federal)?
A soberania dos veredictos, princípio
constitucional, "é preceito estabelecido como
garantia do acusado, podendo ceder diante de
norma que visa exatamente a garantir os
direitos de defesa e a própria liberdade.
Portanto, é juridicamente possível o pedido de
revisão dos veredictos do Júri" (Grinover,
Magalhães e Scarance, Recursos no Processo
Penal, Ed. Revista dos Tribunais, 4ã ed., tópico
212).
22. Verifique os crimes abaixo descritos e, de
forma justificada, esclareça se são crimes
próprios.
I) Art. 1o, inciso I, alínea a, da Lei 9.455/97: "
Constitui crime de tortura: I - constranger
alguém com emprego de
violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental: a) com o fim de
obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa".
II) Art. 133, caput, do Código Penal: "
Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
guarda, vigilância ou autoridade, e, por
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos
riscos resultantes do abandono".
O art. 1.°, inciso I, alínea a, da Lei 9.455/97, não
é crime próprio, tratando-se de delito comum,
pois para a sua consecução não se exige
nenhuma qualidade especial do agente,
podendo ser cometido por qualquer pessoa. Já
o crime de abandono de incapaz, previsto no
art. 133, caput, do Código Penal, é próprio, pois
exige "que o agente tenha especial relação de
assistência com o sujeito passivo (cuidado,
guarda, vigilância ou autoridade), ou tenha a
posição de garantidor, ou, ainda, haja dado
causa ao abandono por anterior
comportamento (CP, art. 13, § 2.°)"
(Delmanto, Código Penal Comentado, Ed.
Renovar, comentário ao art. 133).
23. Para a regressão de regime de
cumprimento de pena pela prática de fato
definido como crime doloso, conforme disposto
no art. 118, inciso I, da Lei de Execução Penal,
há necessidade de sentença
condenatória transitada em julgado em relação
a este crime? Fundamentar.
Não há necessidade de que o fato definido
como crime doloso seja objeto de sentença
condenatória transitada em julgado para
possibilitar a regressão do condenado a regime
mais gravoso, nos termos do art. 118, inciso I,
da Lei de Execução Penal (Lei n° 7.210/84).
Como ensina Mirabete, "... quando a lei exige a
condenação ou o trânsito em julgado da
sentença é ela expressa a respeito dessa
circunstância, como, aliás, o faz no inciso II do
artigo 118. Ademais, a prática de crime doloso é
também falta grave (art. 52 da LEP) e, se no
inciso I desse artigo, se menciona também
a infração disciplinar como causa de regressão,
entendimento diverso levaria à conclusão final
de que essa menção é superabundante, o que
não se coaduna com as regras de interpretação
da lei. Deve-se entender, portanto, que, em
se tratando da prática de falta grave ou crime
doloso, a revogação independe da condenação
ou aplicação da sanção disciplinar" (Execução
Penal, ed. Atlas, 8ã edição, tópico 5.37).
24. Que é flagrante diferido ou retardado? É
possível a sua realização? Aplica-se a todas as
espécies de crimes?
O flagrante diferido, também conhecido como
retardado ou prorrogado, "é a possibilidade
que a polícia possui de retardar a realização da
prisão em flagrante, para obter maiores dados
e informações a respeito do
funcionamento, componentes e atuação de
uma organização criminosa" (Guilherme de
Souza Nucci, Código de Processo
Penal Comentado, Ed. Revista dos Tribunais, 2ã
edição, comentário ao art. 302, n. 18). É
possível a sua realização quando o flagrante
referir-se a alguns crimes. Aplica-se às
investigações referentes a ilícitos decorrentes
de ações praticadas por quadrilha ou bando ou
organizações ou associações criminosas de
qualquer tipo (art. 1° da Lei 9.034/95). Nos
termos do art. 2°, inciso II, da referida lei, "em
qualquer fase de persecução criminal são
permitidos, sem prejuízo dos já previstos em
lei, os seguintes procedimentos de investigação
e formação de provas: II - a ação controlada,
que consiste em retardar a interdição policial
do que se supõe ação praticada por
organizações criminosas ou a ela vinculado,
desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se
concretize no momento mais eficaz do ponto de
vista da formação de provas e fornecimento de
informações". Aplica-se o instituto, também,
aos procedimentos investigatórios relativos aos
crimes de tóxicos, nos termos do artigo 33,
inciso II, da Lei n° 10.409/02. O dispositivo
possibilita, mediante autorização judicial, "a
não-atuação policial sobre os portadores de
produtos, substâncias ou drogas ilícitas que
entrem no território brasileiro, dele saiam ou
nele transitem, com a finalidade de, em
colaboração ou não com outros países,
identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e
distribuição, sem prejuízo da ação penal
cabível".
25. No que consiste a teoria da actio libera in
causa? É adotada no direito brasileiro?
Fundamentar legalmente.
Conforme consta da Exposição de Motivos do
Código, foi adotada, com o artigo 28 do Código
Penal, a teoria da "actio libera in causa". Por
essa teoria, "não deixa de ser imputável quem
se pôs em estado de inconsciência ou
de incapacidade de autocontrole dolosa ou
culposamente (em relação ao fato que constitui
o delito) , e nessa situação comete o crime"
(Mirabete, 5.7.2). Esclarece o autor citado: "A
explicação é válida para os casos de
embriaguez preordenada ou mesmo da
voluntária ou culposa quando o agente assumiu
o risco de, embriagado, cometer o crime ou,
pelo menos, quando a prática do delito era
previsível, mas não nas hipóteses em o agente
não quer ou não prevê que vá cometer o fato
ilícito".
26. João e Maria convivem, sem serem
casados, há vinte anos, na mesma casa e
tiveram três filhos. João foi condenado por
crime de roubo qualificado. Maria e o pai de
João, de nome Pedro, escondem-no em
um sítio de propriedade de um amigo, chamado
Antonio, dando a este conhecimento do fato de
João estar condenado. Que crimes cometem
Maria, Pedro e Antonio? Justifique.
O crime seria o previsto no artigo 348 do Código
Penal. O pai, Pedro, não responde pelo crime
porque, segundoo § 29, fica isento de pena o
ascendente. O amigo, Antonio, poderá ser
punido pelo delito, porque a ele não se aplica
o referido parágrafo. Quanto a Maria, duas
interpretações são possíveis. Por uma
orientação mais rígida, ela responderia porque
o parágrafo só isenta de pena o cônjuge. Por
outra, mais afinada com a vigente Constituição
Federal, a companheira deve ser equiparada à
mulher casada (art. 226, § 3°).
27. Que justiça e órgão julgam juiz de direito
do Estado de São Paulo acusado de homicídio
doloso ocorrido na cidade de Campo Grande -
MS?
O juiz de direito é julgado pelo Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo.
28. As Comissões Parlamentares de Inquérito
estaduais podem determinar a quebra de sigilo
bancário de pessoas por elas investigadas?
Fundamentar.
Segundo o Supremo Tribunal Federal, é possível
que as comissões parlamentares de inquérito
estaduais determinem a quebra do sigilo
bancário, equiparando-se os poderes dessas
comissões aos outorgados às comissões
federais, pela invocação do princípio federativo
(STF, Inq. 779-RJ). Por outro lado, o Supremo
Tribunal Federal admite que as comissões
federais determinem a quebra de sigilo
bancário, por terem os mesmos poderes do juiz,
exceto aqueles que são exclusivos do Poder
Judiciário.
29. Pode, durante o processamento de
recurso especial, ser iniciado o cumprimento de
pena privativa de liberdade ou de pena
restritiva de direito aplicada a acusado que
respondeu o processo em liberdade? Justifique.
Considere, separadamente, as hipóteses de
pena privativa e de pena restritiva.
Pena restritiva de direitos - Não pode, segundo
orientação do STJ e do STF, em face do artigo
147 da Lei de Execução Penal. Há, contudo,
orientação jurisprudencial minoritária em
sentido contrário, sustentando que o recurso
especial não tem efeito suspensivo.Pena
privativa de liberdade - Não pode, segundo
orientação doutrinária e em parte
da jurisprudência, por ofensa ao princípio
constitucional da presunção de inocência, que
exige ser toda prisão cautelar. Pode, conforme
orientação do STF e do STJ, porque o recurso
especial não tem efeito suspensivo e não há
ofensa ao princípio constitucional da presunção
de inocência.
30. O Promotor de Justiça requereu
arquivamento do inquérito policial porque, em
face das circunstâncias objetivas e subjetivas
ligadas ao fato e ao agente, a pena aplicável
levaria à prescrição retroativa. Como deve o juiz
agir em face do requerimento formulado?
Indique, se for o caso, as alternativas possíveis
para o juiz em face das orientações divergentes
a respeito do assunto.
Primeira alternativa - Encaminhar ao
Procurador-Geral de Justiça (art. 28 do CPP),
sustentando o não cabimento do arquivamento
em face de provável prescrição pela pena em
concreto, porque esta depende da sentença e
não está prevista no direito brasileiro.Segunda
alternativa - Determina o arquivamento do
inquérito policial, admitindo falta de interesse
de agir pela provável prescrição da pena em
concreto.
31. Como deve proceder o juiz, na aplicação
da pena, em caso de concurso de causas de
aumento? E em caso de concurso de causas de
diminuição? Justifique.
Concurso de causas de aumento. Primeira
possibilidade é a de o juiz aplicar somente a
mais ampla. A outra possibilidade, de aplicar as
diversas causas de aumento, depende da
orientação adotada. Conforme uma
orientação, os aumentos são sempre aplicados
sobre a pena-base. Por outra orientação,
aplicado o primeiro aumento, os
outros incidirão sobre a pena já
acrescida.Concurso de causas de diminuição.
Primeira possibilidade é a de o juiz
aplicar somente a mais ampla. A outra
possibilidade, de aplicar as diversas causas de
diminuição, depende da orientação adotada.
Conforme uma orientação, as diminuições são
sempre aplicadas sobre a pena-base. Por outra
orientação, aplicada a primeira diminuição, as
outras incidirão sobre a pena já diminuída.Há
quem sustente que se deve adotar critérios
diversos. No concurso de causas de diminuição,
feita a primeira redução, as demais incidiriam
sobre a pena já diminuída, para evitar a pena
"zero". Todavia, no concurso de causas de
aumento, seria adotado outro critério, o
de todos os acréscimos incidirem sobre a pena-
base, porque mais favorável ao acusado.
32. O Brasil adotava o sistema do duplo
binário.O que significa a adoção desse sistema?
Qual sistema o substituiu e qual o seu
significado?
Segundo o sistema do duplo binário, vigente
antes da Reforma Penal de 1984, o juiz podia
aplicar pena e medida de segurança. O sistema
que o substituiu foi o vicariante, o qual veda a
aplicação conjunta de pena e de medida
de segurança.
33. O advogado do acusado A, em plenário de
julgamento pelo Júri, apesar de inexistir réplica
do promotor, requereu ao juiz que lhe fosse
dada a oportunidade para oferecer
tréplica.Qual a solução a ser
adotada? Fundamente.
Há duas posições, as quais indicam as possíveis
soluções. Uma, no sentido de que o advogado
do acusado não pode oferecer a tréplica, pois
ela pressupõe a réplica. Além do mais, haveria
prejuízo ao Ministério Público e ofensa
ao princípio do contraditório. Conforme essa
orientação, o juiz deveria indeferir o pedido.
Outra posição sustenta que a defesa pode
apresentar a tréplica, porque a Constituição
Federal garante, no artigo 5 9, XXXVIII, alínea a,
a plenitude da defesa, não podendo ficar o
acusado prejudicado em sua defesa devido à
ausência de réplica do Ministério Público, com
tempo menor em relação ao que poderia ser
utilizado. Por esse entendimento, o juiz deveria
deferir o requerimento.
34. O advogado de João, apesar de
regularmente intimado, deixou de oferecer as
razões de apelação que interpusera em favor
do acusado em virtude de sua condenação.Que
deve fazer o juiz? Justifique.
Segundo o Código de Processo Penal, poderia o
juiz dar seguimento ao processo (artigo 601)
sem as razões, encaminhando os autos ao
tribunal. Contudo, conforme doutrina
predominante e forte jurisprudência, para
melhor preservar o direito de defesa, em
momento culminante do processo, o juiz
deveria intimar o acusado a constituir
novo defensor para oferecer as razões no prazo.
Decorrido o prazo, deveria nomear defensor
para o acusado.
35. Como o artigo 5o, XLII, da Constituição
Federal, considera, entre outros, crime
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia o
terrorismo, tem sido questionada pela doutrina
a previsão do crime de terrorismo entre nós.
Pergunta-se: a) que artigo de lei se refere ao
terrorismo como prática criminosa? b) essa
disposição permite afirmar que existe, entre
nós, o crime de terrorismo?
O artigo 20 da Lei 7.170, de 14.12.83, considera
crime "... praticar... atos de terrorismo". Parte
da doutrina, contudo, sustenta que, ante a
generalidade da disposição, inexiste, na
realidade, definido entre nós o crime de
terrorismo. Considera que há ofensa ao
princípio da legalidade.
36. Pedro, não-funcionário, ingressou na
repartição pública em que João, funcionário
público, seu amigo, trabalha e subtraiu o
computador que João, conforme previamente
combinado, deixara sobre a sua mesa. O
ingresso se deu no período noturno, com uso
de chave cedida por João.Pergunta-se: que
crimes cometeram Pedro e João? Justifique.
Peculato-subtração (artigo 312, §19). Comunica-
se a condição de funcionário público, porque
elementar do crime (art. 30 do Código Penal).
37. Em qual tipo de procedimento e em quais
momentos processuais o juiz pode indeferir
pedido de juntada de documentos? Quais as
razões que justificam tais regras? Fundamente.
As provas poderão ser apresentadas em
qualquer fase do processo, desde que a lei não
disponha de forma contrária. Esta é a regra
geral. Contudo, no procedimento dos crimes da
competência do Tribunal do Júri, há duas
ressalvas aessa possibilidade: a primeira ocorre
no momento das alegações previstas no art.
406, §2°, do Código de Processo Penal; e a
segunda no momento do julgamento em
plenário, conforme disposto no art. 475 do
Código de Processo Penal.Em relação à
primeira, a restrição é justificada em face da
natureza da decisão de pronúncia, de
admissibilidade de encaminhamento da causa a
julgamento em plenário, e em razão da
possibilidade posterior de juntada
de documentos antes do julgamento em
plenário. Quanto à segunda, justifica-se a
proibição da apresentação de documentos em
data muito próxima ao julgamento, ou durante
este, para evitar surpresa às partes, impedindo-
se o pleno exercício do contraditório.
38. "A" esteve preso preventivamente no
período de 02.03.2003 a 02.06.2003, mas foi
absolvido da acusação. Contudo, foi condenado
por outro crime, cometido em 01.02.2003, à
pena de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de
reclusão. No tocante à pena aplicada, o que
poderá ser levado em conta, em benefício
do condenado? Fundamente.
Em benefício do condenado, poderá levar-se
em conta a detração penal, prevista nos artigos
42 do Código Penal ("Computam-se, na pena
privativa de liberdade e na medida de
segurança, o tempo de prisão provisória, no
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer
dos estabelecimentos referidos no
artigo anterior").Segundo entendimento
jurisprudencial, assinalado por Mirabete
(Execução Penal, Ed. Atlas, tópico 3.17), tem-se
admitido a detração por prisão ocorrida em
outro processo, em que logrou o réu a
absolvição, quando se trata de pena por outro
crime anteriormente cometido.
39. Uma lei nova que impusesse prisão
preventiva obrigatória em crimes de tráfico
internacional de entorpecentes poderia ser
aceita e poderia ser aplicada a processos em
andamento? Por quê? Fundamente.
A aceitação, ou não, de prisão preventiva
obrigatória envolve a admissibilidade, ou não,
de prisão que não tenha natureza cautelar. A
tendência da doutrina é aceitar apenas a prisão
cautelar, ou seja, a prisão que é necessária
em face de circunstâncias do caso concreto,
porque, assim, estaria sendo observado o
princípio constitucional da presunção de
inocência (art. 5 9, LVII, da CF). A prisão
preventiva obrigatória representaria simples
antecipação de pena, sendo o acusado tratado,
antes de decisão definitiva, como se fosse
culpado.Contudo, como boa parte
da jurisprudência admite prisões não
cautelares, apesar do referido princípio
constitucional da presunção de
inocência, deveria ser visto se a nova disposição
seria aplicável aos processos em andamento. A
regra é de que a norma processual tem
aplicação imediata, atingindo processos em
andamento. Contudo, parte da doutrina
considera que, nos casos de prisão, como está
envolvida a liberdade, seja por aplicação de
princípios constitucionais de proteção
à liberdade, seja por aplicação do artigo 2° da
Lei de Introdução ao Código de Processo Penal,
só deveria ser aplicada aos novos crimes, ou,
pelo menos, aos novos processos.
40. Corrija a seguinte frase, apontado os seus
erros e justificando a correção: "A coação
moral, como causa excludente da tipicidade,
ocasiona sempre a absolvição do coato, só
sendo punível o coator".
A frase correta, de acordo com o artigo 22 do
Código Penal, aplicável ao caso, seria: "A coação
moral irresistível, como causa excludente da
culpabilidade, ocasiona, sempre, a absolvição
do coato, só sendo punível o coator".A
coação moral pode ser irresistível ou
resistível.Quando irresistível, a coação moral
exclui a culpabilidade em relação ao
coato, sendo punido apenas o coator. Neste
caso, como há um resquício de vontade na
conduta do coato, o crime subsiste. Existindo
crime, não há que se falar em exclusão da
tipicidade. Trata-se, como dito, de causa
excludente da culpabilidade.A coação resistível,
por sua vez, não causa a exclusão da
culpabilidade, sendo o coato punido.
Neste caso, a coação serve apenas como
atenuante genérica prevista no art. 65, inciso III,
c, primeira parte, do Código Penal.
41. O particular, não funcionário público,
pode ser punido por crime de peculato?
Explique e fundamente.
O particular pode ser punido como partícipe.
Embora o peculato se trate de crime próprio,
praticado por funcionário público e não por
particular, este pode, contudo, de qualquer
modo colaborar para a prática do crime (art. 29,
do Código Penal). Responderá pelo ilícito
criminal, diante do que dispõe o artigo 30 do
Código Penal, pois a condição de funcionário
público se trata de circunstância elementar do
peculato.
42. Qual o procedimento a ser seguido em
relação ao recurso interposto da decisão do juiz
da execução penal que indefere o livramento
condicional? Fundamentar.
O recurso é o agravo previsto no artigo 197 da
Lei de Execução Penal. Embora houvesse
anteriormente divergência doutrinária e
jurisprudencial quanto ao rito a ser seguido
para esse recurso, ora se afirmando que deveria
ser o procedimento do agravo do Código de
Processo Civil, ora se sustentando que deveria
ser o procedimento do recurso em sentido
estrito, atualmente, em virtude de orientação
consolidada no Supremo Tribunal Federal, deve
ser adotado o rito do recurso em sentido
estrito.
43. João atira em determinada pessoa, mas
erra o alvo, atingindo apenas outra pessoa que
vem a falecer. Como deve ser responsabilizado?
Cuida-se de hipótese de erro na execução do
crime. Assim, aplica-se ao caso o artigo 73 do
Código Penal, ou seja, o agente responde como
se tivesse praticado o crime contra a pessoa
que pretendia ofender, atendendo-se o
disposto no §. 3 °, do artigo 20, do Código
Penal.
44. O que pode suceder se foi recebida queixa
apresentada por advogado sem estar
acompanhada de procuração que faça menção
ao fato criminoso?
O juiz não deveria ter recebido a queixa. Assim,
se a falha for descoberta posteriormente, deve
o juiz anular o processo e, se for o caso,
declarar extinta a punibilidade em virtude da
decadência. Ainda, se o juiz determinar que
a procuração seja regularizada ou se o próprio
querelante perceber a falha, tem-se entendido,
com base no artigo 568, do Código de Processo
Penal, ser possível a regularização desde que
não tenha havido decadência.
45. Qual é, atualmente, o conceito de infração
de menor potencial ofensivo? Justifique e
fundamente a resposta.
O conceito originário da Lei 9.099/95 foi
ampliado pela dos Juizados Especiais Federais
(Lei n° 10.259/2001) de modo que atualmente
abrange toda infração penal cuja pena máxima
não seja superior a 2 anos, sujeita ou não
a procedimento especial.
46. Pode o juiz, na pronúncia, enquadrar o
acusado em dispositivo penal que prevê pena
mais grave do que a imposta ao crime
articulado na denúncia? Justifique e
fundamente a resposta.
Sim. Pronunciando o réu por crime mais grave
(por exemplo: homicídio ao invés de
infanticídio); nem por isso o réu será julgado
por fato de que não se defendeu, porque, após
a pronúncia, vem o libelo, do qual passará a
constar o novo dispositivo legal, em que passou
a estar incurso o réu, podendo a defesa, na
contrariedade, se insurgir contra a nova
definição jurídica do fato. Além do mais aplica-
se ao caso o art. 408, parágrafo 4° c/c art. 383
do CPP.
47. Em que hipótese o delegado de polícia
pode instaurar inquérito de ofício para a
apuração do crime de estupro? Fundamente a
resposta.
Quando o estupro for seguido de lesão corporal
grave, ou morte da vítima, ou cometido com
abuso de pátrio poder. Nesse caso, trata-se de
crime de ação penal pública incondicionada,
pois pressupõe o emprego da violência. Aplica-
se também no caso a súmula 608 do STF, o que
autoriza igualmente o delegado a instaurar
inquérito em todos os casos de violência real.
48. Que justiçaé competente para julgar civil
que, em co-autoria com policial militar estadual
em serviço, subtrai bem pertencente a uma
Secretaria de Estado? Justifique e fundamente a
resposta.
Justiça Estadual Comum porque, pela
Constituição Federal (art. 125, parágrafo 49 ), a
Justiça Militar só julga policial militar e
bombeiro, não tendo, assim, competência para
julgar processo civil. Ainda, pelo artigo 79 - I, a
continência, no caso, não importa em unidade
de processo e julgamento.
49. Explique, dando o dispositivo legal, o que
são normas penais permissivas, também
conhecidas como autorizantes.
São aquelas que permitem a prática de um fato
típico, excluindo-lhe a ilicitude. São, portanto,
as causas de exclusão da ilicitude, art. 23 do
Código Penal.
50. O indivíduo "A", em estado de
embriaguez, promove atos escandalosos no
interior de freqüentado restaurante. "A",
visivelmente embriagado, é retirado do
ambiente por seu amigo "B" e conduzido até
o bar anexo, onde "B" e o garçom "C" lhe
servem uísque. Justifique, dando os dispositivos
legais, se ocorreu ilícito penal.
Sim. "A" cometeu a contravenção penal de
embriaguez (art. 62), e os indivíduos "B" e "C", a
contravenção penal de servir bebida alcoólica a
quem já se encontre embriagado, art. 63, II,
todos da L.C.P..
51. Particular pode ser co-autor de peculato?
Explicite.
Sim, conforme o art. 30 do C.P., pois é
circunstância elementar do delito, a condição
de servidor público, que se comunica ao
particular, quando este conhecia a condição do
mencionado funcionário.
52. O crime de roubo qualificado, art. 157,
parágrafo 2.°, incisos I, II, III, IV e V do C.P., é
considerado crime hediondo?
Não, em virtude da relação dos crimes
hediondos, mencionados na Lei 8072 de
25/37/90, não ter incluido o crime de roubo no
elenco dos delitos considerados como tal.
53. Qual é o momento processual adequado
para que se contradite testemunha da
acusação?
A contradita deverá ser argüida após a
qualificação e antes da oitiva da testemunha,
conforme artigo 214, do Código de Processo
Penal.
54. Arrole os direitos do inimputável sujeito à
internação por força de medida de segurança.
Os direitos do internado estão previstos no
artigo 99, do Código Penal, que estabelece o
recolhimento a estabelecimento dotado de
características hospitalares e recebimento de
tratamento.
55. É possível a tentativa de contravenção?
Não, pois o art. 49 da Lei das Contravenções
Penais declara a impunibilidade da tentativa
dessa espécie de ato ilícito.
56. Pode o Ministério Público impetrar
Habeas Corpus? Explique.
O artigo 654 do Código de Processo Penal
confere ao Ministério Público legitimidade para
impetrar Habeas Corpus. Demais, a Constituição
Federal, em seu artigo 127, caput, atribui ao
Ministério Público a incumbência da "defesa
da ordem jurídica, no regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis".
Porém, só estará apto a agir em nome do
Ministério Público o promotor que, em razão
do exercício de suas funções e nos limites de
suas atribuições, tiver conhecimento da
ocorrência do constrangimento ou ameaça à
liberdade. Assim, não pode o promotor atuante
em determinada comarca impetrar Habeas
Corpus por fato ocorrido em outra comarca,
onde não atue.
57. De acordo com os arts. 59 e 68 do CP,
quando da dosimetria da pena, o Magistrado
considera os maus antecedentes resultantes de
diversas condenações para sua fixação,
aumentando-a em 1/3 e, depois, tendo em
vista as circunstâncias atenuantes e agravantes,
utiliza a reincidência para majorá-la. Foi
aplicada a lei penal?
Não. Hipótese que caracteriza "bis in
idem"."Dosimetria da pena. Maus antecedentes
e reincidência considerados na fixação da pena-
base e, depois, para a aplicação da agravante
da reincidência.Nesta hipótese, as
condenações anteriores foram explicitamente
invocadas na fixação da pena-base; não cabia, a
seguir, tê-las em conta para a agravante da
reincidência. Exclusão da agravante".
58. Dê as notas características do instituto da
representação.
Representação é um meio que visa provocar
iniciativa do Ministério Público, a fim de que
este ofereça a denúncia, que é a peça inicial da
ação penal pública. É considerada condição de
procedibilidade.
59. .Agente que, com mais de cinco pessoas,
participa de reuniões periódicas, sob o
compromisso de ocultar das autoridades a
existência, o objetivo e a finalidade da
organização ou administração da
associação, poderá estar incorrendo em algum
ilícito penal previsto na legislação própria?
Sim, conforme artigo 39 da lei de
Contravenções Penais.
60. Eliseu compareceu ao Fórum da Capital e
notou afixado no local de costume o edital de
citação em seu nome, vindo a dilacerá-lo. Não
satisfeito, foi até o cartório onde tramita a ação
penal e, tendo o serventuário se descuidado,
arrancou do livro de registro de distribuições a
folha que continha os seus dados, destruindo-a.
Cometeu algum delito? Oferte resposta
motivada e fundamentada.
O comportamento de "A" configura dois delitos,
que estão previstos nos artigos 336 ("Rasgar ou,
de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar
edital afixado por ordem de funcionário
público...") e 337 ("Subtrair, ou inutilizar, total
ou parcialmente, livro oficial... confiado à
custódia de funcionário..."), ambos do Código
Penal.
61. "A revisão criminal, em regra, é ação com
dúplice pedido, podendo, ainda, cumular um
terceiro: a indenização pelo erro judiciário". É
correta a afirmativa? Por quê?
Sim. Com a RC é instaurada uma nova relação
processual, visando a desconstituir a sentença e
substituí-la por outra. Assim, a sentença na RC
rescinde a sentença anterior e determina uma
das 3 primeiras hipóteses do 626, caput,
do CPP. Conforme o 630, CPP, é possível, ainda,
cumular o pedido de indenização
62. .Quase ao término da construção de
Hospital Público, com inauguração já
programada, o mestre de obras participa de
greve e abandona o serviço junto com seus
subordinados, em razão de pretenderem
justo aumento de salário e recebimento dos
atrasados. Praticaram algum crime? Emita seu
parecer de modo fundamentado.
Não, pois exerceram um direito, haja vista que
o artigo 201 do Código Penal foi, em tese,
revogado pelo artigo 99 da Constituição Federal,
bem como, a Doutrina entende que é uma
infração atípica, ainda que os grevistas
sejam funcionários públicos, pois o artigo 37,
inciso VII, da C. Federal, não foi até a presente
data, objeto de Lei Complementar.
63. Maria das Dores, chefe das enfermeiras de
hospital municipal, presenciou outra
funcionária, Madalena, enfermeira a ela
subordinada, furtando comprimidos para dor
de cabeça do almoxarifado. Sabedora de
que Madalena encontrava-se em precária
situação financeira, deixou de responsabilizá-la
pelo fato. Estaria Maria das Dores incursa em
alguma figura típica? Responda e justifique.
A conduta de Maria das Dores se acomoda ao
tipo penal do artigo 320, ou seja, assim
descrita:- "deixar o funcionário por indulgência,
de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou quando lhe
falte competência, levar o fato ao
conhecimento da autoridade competente".
64. O julgamento do crime de furto, de
alguma forma, pode submeter-se à
competência do Tribunal Popular do Júri? Dê
sua posição, motivando-a.
Em princípio o Tribunal do Júri detém a
competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida, tentados e consumados,
enquanto que, se houver outro delito conexo,
esse fato atrairá a competência, fazendo a
exceção, que é referida no Código de Processo
Penal em seu artigo 78, inciso I.
65. Cleóbulo, condenado por tráfico de
entorpecentes, está iniciando o cumprimento
da pena, com fixação em regime fechado.
Poderá futuramente ser beneficiadopela
progressão de pena ou ter qualquer
outro benefício liberatório? Poderá ser
beneficiado pela remição de pena? Atenda às
questões com a respectiva fundamentação.
Como se trata de crime equiparado a hediondo,
nos termos da Lei 8.072/90, deverá cumprir a
pena integralmente no regime fechado. Poderá,
no entanto, cumprido mais de 2/3 da pena, vir
a ser beneficiado pelo livramento
condicional, conforme inciso V, do artigo 83, do
Código Penal. No que diz respeito a remição de
pena, que é a redução da pena na proporção de
um dia para cada três dias trabalhados, não há
nenhum obstáculo legal.
66. Pítaco, sentenciado por furto, teve extinta
a punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva estatal. Dias após, cometeu novo furto.
Deverá ser considerado reincidente? Explicite e
justifique.
O reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva, também chamada de retroativa ou da
ação penal, faz desaparecer a sentença
condenatória e, portanto, seus efeitos. Como
conseqüência, não tem como influir para os
fins de se reconhecer a reincidência.
67. Pode o Ministério Público impetrar
Habeas Corpus? Explique.
O artigo 654 do Código de Processo Penal
confere ao Ministério Público legitimidade para
impetrar Habeas Corpus. Demais, a Constituição
Federal, em seu artigo 127, caput, atribui-lhe a
incumbência da "defesa da ordem jurídica,
no regime democrático e dos interesses sociais
e individuais indisponíveis". Porém, só estará
apto a agir em nome do Ministério Público o
promotor que, em razão do exercício de suas
funções e nos limites de suas atribuições,
tiver conhecimento da ocorrência do
constrangimento ou ameaça à liberdade.
68. José participou como jurado no
julgamento de Américo, acusado de crime de
homicídio simples. Proferida sentença
absolutória, dias após constatou-se que José e
outros três jurados receberam, cada um,
a importância de R$1.000,00 (um mil reais) para
votarem favoravelmente ao acusado. José e
seus companheiros do Conselho de Sentença
cometeram crime? Justifique
fundamentadamente a resposta.
José e os demais jurados envolvidos cometeram
Crime Contra a Administração Pública, pois
sendo considerados funcionários públicos para
fins penais (art.327 caput do CP) receberam
vantagem indevida. Incorreram, assim,
nas sanções do artigo 317 do Código Penal -
Corrupção Passiva.
69. João, nascido em 07 de janeiro de 1991,
Osvaldo, em 09 de maio de 1986, e Alfredo, em
21 de julho de 1983, no dia 10 de janeiro do
corrente ano foram detidos por policiais
militares, no momento em que praticavam
roubo em uma padaria. À luz do Estatuto da
Criança e do Adolescente, como
serão considerados os três rapazes em razão de
suas idades?
De acordo com o E C A, João é considerado
criança, pois tem 11 anos de idade e Osvaldo é
considerando adolescente, pois tem 16 anos de
idade (artigo 29, ECA);Alfredo com 18 anos na
data dos fatos, é excluído do ECA,
sendo considerado penalmente imputável e,
portanto, incurso nas sanções cabíveis do
Código Penal.
70. Ana induziu a gestante Maria a provocar
aborto em si mesma, e ela o provocou. Em
outra hipótese, Geralda executou aborto em
Clementina, gestante, com o seu
consentimento. Tipifique, juridicamente, as
condutas de Ana, Maria, Geralda e Clementina.
Ana: é partícipe no crime de auto-aborto (artigo
124, c.c. o artigo 29, ambos do Código Penal);
Maria: responde por auto-aborto (artigo 124
caput do Código Penal);
Geralda: responde por crime de aborto
praticado com o consentimento da gestante
(artigo 126 do Código Penal); Clementina:
responde por aborto consentido (artigo 124 do
Código Penal)
71. Carlos, menor de 21 anos e primário, é
condenado por roubo à pena de 5 anos e 4
meses em regime fechado, não lhe sendo
facultado recorrer em liberdade. Arrole
argumentos hábeis à reforma de tal decisão.
Cabível o recurso em liberdade ante a
menoridade e primariedade do réu.Quanto ao
regime fechado, pode ser outorgado regime
semi-aberto, eis que não vedado pela lei,
consoante art. 33, parágrafo 29, "b" do C.P.P.
72. A causa especial de aumento de pena
concernente ao repouso noturno aplica-se ao
furto qualificado? Explique.
A causa especial de aumento do parágrafo 19
do art. 155 do CP (repouso noturno) somente
incide sobre o furto simples, sendo pois,
descabida a sua aplicação na hipótese de delito
qualificado (art. 155, parágrafo 49, IV do CP).
73. O artigo 14, em seu inciso II, aduz que
"diz-se o crime: tentado, quando, iniciada a
execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente". Ainda, o
parágrafo único deste artigo afirma que "salvo
disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços".
Pergunta-se: Qual o critério adotado para a
diminuição entre um a dois terços? Justifique.
O Código Penal adotou a teoria objetiva, sendo
certo que o quantum da redução da pena deve
ser encontrado em função das circunstâncias da
própria tentativa. Vale dizer: quanto mais o
agente aproximou-se da consumação do crime,
menor deve ser a redução da pena; quanto
mais distante ficou da consumação, maior deve
ser a redução da pena.
74. Pecuarista que tem sua propriedade
margeando leito de estrada de ferro e não
coloca cerca para que o gado não invada a linha
férrea comete algum delito? Elabore resposta
motivada e fundamentada.
O pecuarista que assim agir incide nas penas do
artigo 260, inciso IV, do Código Penal,
cometendo o crime de perigo de desastre
ferroviário ("Impedir ou perturbar serviço de
estrada de ferro: IV # praticando outro fato de
que possa resultar desastre".)
75. Em Direito Penal, qual a diferença entre
remição e detração?
Detração é o cômputo, na pena privativa de
liberdade e na medida de segurança, do tempo
de prisão provisória, no Brasil ou no
estrangeiro, o de prisão administrativa e
internação em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou, à sua falta, a outro
estabelecimento adequado (Artigo 42,
C.P.)Remição: é instituto pelo qual o condenado
que cumpre pena em regime fechado ou semi-
aberto poderá remir, pelo trabalho, parte do
tempo da execução da pena. A contagem do
tempo é feita a razão de um dia de pena por
três de trabalho (artigo 126 e § 19 da LEP).
76. É possível a manutenção do averiguado
em custódia, após o esgotamento do prazo
legal da prisão temporária já prorrogado?
É possível desde que, havendo prova do crime e
indício suficiente de autoria, seja decretada a
prisão preventiva pelo juiz, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou
mediante representação da autoridade policial.
77. João Antônio, casado e pai de uma criança
de seis meses de idade, na véspera de
completar dezoito anos dispara dois tiros com
arma de fogo contra José Pedro, com o objetivo
de matá-lo. José Pedro, ferido, é socorrido por
populares, porém, morre três dias depois,
quando João Antônio completara dezoito
anos. João Antônio é considerado imputável e
poderá ser processado criminalmente?
Justifique.
João Antonio não poderá ser processado
criminalmente pois era inimputável à época do
fato, ficando sujeito às normas estabelecidas na
legislação especial (artigo 27 do C.P.). A
circunstância de ser casado não lhe
confere maioridade penal, mas tão-somente a
civil.
78. Antônio de Souza, durante a madrugada e
mediante escalada, entra em uma fábrica de
cigarros com o fim de subtrair tantos pacotes
quantos pudesse carregar. Quando se
encontrava já no interior do edifício, foi sur-
preendido por um segurança da empresa que,
armado de revólver, lhe deu voz de prisão.
Antônio, então, envolveu-se em luta corporal
com o segurança e com uma barra de ferro
desferiu-lhe vários golpes, produzindo-lhe
lesões que resultaram perigo de vida. Em
seguida, fugiu do local, sem nada
levar. Classifiquejuridicamente a conduta pela
qual Antônio deverá ser responsabilizado.
Antonio deverá ser responsabilizado por
tentativa de furto qualificado (mediante
escalada) em concurso material com lesão
corporal de natureza grave (Artigo 155, § 49,
inciso II e artigo 129, § 19, inciso II, c.c. o artigo
69, todos do Código Penal).
79. Maria das Flores foi a uma clínica
clandestina, acompanhada de seu namorado
Ulisses Gabriel, submetendo-se a intervenção
de abortamento, pago por ele. Neste caso, se
Maria e Ulisses cometeram crime, classifique
juridicamente suas condutas, justificando.
Maria das Flores comete o crime de auto-
aborto (artigo 124 do Código Penal) e Ulisses
Gabriel também responde pelo mesmo crime,
na condição de co-autor (artigo 29, caput, do
Código Penal).
80. Enumere as causas interruptivas da
prescrição.
São as contempladas no artigo 117, do Código
Penal, ou seja, o recebimento da denúncia ou
queixa, a pronúncia, a decisão confirmatória da
pronúncia, a sentença condenatória recorrível,
o início ou continuação do cumprimento
da pena e a reincidência.
81. Quais os requisitos para o deferimento da
reabilitação?
Arts. 93 a 95 CP.decurso de dois anos, a partir
da data em que foi extinta, de qualquer modo,
a pena imposta;tenha tido domicílio no País no
prazo acima referido;tenha dado, durante esse
tempo, demonstração efetiva e constante
de bom comportamento público e
privado;tenha ressarcido o dano causado pelo
crime ou demonstrada a
absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia
do pedido, ou exiba documento que comprove
renúncia da vítima ou novação da dívida.
82. Quando da dosimetria da pena, por
ocasião da prolação da sentença, o Magistrado
fixou a pena-base do acusado acima do mínimo
legal em decorrência de maus antecedentes,
por existir condenação anterior (CP, art. 59).
Após isso, aumentou a reprimenda fixada em
virtude da agravante da reincidência, por
ostentar o réu aquela condenação anterior (CP,
art. 61, I). Está correto tal procedimento?
Fundamente.
O fato que serve para justificar a agravante da
reincidência (CP, art. 61, I) não pode ser levado
à conta de maus antecedentes para
fundamentar a fixação da pena-base acima do
mínimo legal (CP, art. 59). Reconhecendo
a ocorrência de "bis in idem", deve-se excluir da
pena-base o aumento decorrente da
circunstância judicial desfavorável.
83. Manoel chega em casa, após o dia de
trabalho, e sua mãe diz que policiais estiveram
à sua procura, aduzindo ser ele a pessoa que
roubou Maria. Imediatamente, Manoel dirige-se
à Delegacia, com vistas a elucidar não ser ele o
verdadeiro autor do delito. Neste momento, o
Delegado de Polícia efetua sua prisão em
flagrante delito para garantia da ordem pública.
Quais os argumentos que podem ser invocados
a favor de Manoel? Justifique.
A manutenção da prisão em flagrante só se
justifica quando presentes os requisitos
ensejadores da prisão preventiva, nos termos
do art. 310, parágrafo único do C.P.P.. O
fundamento invocado de garantia da ordem
pública, sem qualquer outra demonstração de
real necessidade, nem tampouco da presença
dos requisitos autorizadores da
prisão preventiva, não justifica a manutenção
do flagrante.
84. Em que crime estará incurso o agente que,
propositalmente, interrompe fornecimento de
força e luz em escola pública, com o intento de
não serem realizadas na data prevista os
exames finais do ano letivo?
Artigo 265 C.P..
85. Caio, na qualidade de diretor financeiro
de uma conhecida empresa de fornecimento de
material de informática, se apropriou das
contribuições previdenciárias devidas dos
empregados da empresa e por
esta descontadas, utilizando o dinheiro para
financiar um automóvel de luxo. A partir de
comunicação feita por Adolfo, empregado da
referida empresa, tal fato chegou ao
conhecimento da Polícia Federal, dando
ensejo à instauração de inquérito para apurar o
crime previsto no artigo 168-A do Código Penal.
No curso do aludido procedimento
investigatório, a autoridade policial apurou que
Caio também havia praticado o crime de
sonegação fiscal, uma vez que deixara de
recolher ICMS relativamente às operações da
mesma empresa. Ao final do inquérito policial,
os fatos ficaram comprovados, também pela
confissão de Caio em sede policial. Nessa
ocasião, ele afirmou estar arrependido e
apresentou comprovante de
pagamento exclusivamente das contribuições
previdenciárias devidas ao INSS, pagamento
realizado após a instauração da investigação,
ficando não paga a dívida relativa ao ICMS.
Assim, o delegado encaminhou os autos
ao Ministério Público Federal, que denunciou
Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do
Código Penal e 1°, I, da Lei 8.137/90, tendo a
inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara
federal da localidade. Após analisar a resposta
à acusação apresentada pelo advogado de Caio,
o aludido magistrado entendeu não ser o caso
de absolvição sumária, tendo designado
audiência de instrução e julgamento.Com base
nos fatos narrados no enunciado, responda aos
itens a seguir, empregando os argumentos
jurídicos apropriados e a fundamentação legal
pertinente ao caso.
a) Qual é o meio de impugnação cabível à
decisão do Magistrado que não o absolvera
sumariamente? Habeas Corpus, uma vez que
não há previsão de recurso contra a decisão
que não absolvera sumariamente o acusado,
sendo cabível a ação mandamental, conforme
estabelecem os artigos 647 e seguintes do CPP.
No caso, não seria admissível o recurso em
sentido estrito, uma vez que o enunciado não
traz qualquer informação acerca da
fundamentação utilizada pelo magistrado para
deixar de absolver sumariamente o réu, não
podendo o candidato deduzir que teria
sido realizado e indeferido pedido expresso de
reconhecimento de extinção da punibilidade.
b) A quem a impugnação deve ser
endereçada? Ao Tribunal Regional Federal.
c) Quais fundamentos devem ser utilizados?
Extinção da punibilidade pelo pagamento do
débito quanto ao delito previsto no artigo
168A, do CP, e, após, restando apenas acusação
pertinente à sonegação de tributo de
natureza estadual, incompetência absoluta - em
razão da matéria - do juízo federal para
processar e julgar a matéria. Quanto à Súmula
Vinculante n° 24, o enunciado não traz
qualquer informação no sentido de que a via
administrativa ainda não teria se esgotado, não
podendo o candidato deduzir tal fato
86. Caio, residente no município de São
Paulo, é convidado por seu pai, morador da
cidade de Belo Horizonte, para visitá-lo. Ao
dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio
dá carona a Maria, jovem belíssima
que conhecera na estrada e que, ao saber do
destino de Caio, o convence a subtrair
pertences da casa do genitor do rapaz,
chegando a sugerir que ele aguardasse o
repouso noturno de seu pai para efetuar
a subtração. Ao chegar ao local, Caio janta com
o pai e o espera adormecer, quando então
subtrai da residência uma televisão de plasma,
um aparelho de som e dois mil reais. Após
encontrar-se com Maria no veículo, ambos se
evadem do local e são presos quando chegavam
ao município de São Paulo.Com base
no relatado acima, responda aos itens a seguir,
empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal
pertinente ao caso.
a) Caio pode ser punido pela conduta
praticada e provada? Não, uma vez que incide
sobre o caso a escusa absolutória prevista no
artigo 181, II, do CP.
b) Maria pode ser punida pela referida
conduta? Sim, uma vez que a circunstância
relativa a Caio é de caráter pessoal, não se
comunicando a ela (artigo 30 do CP). Assim,
poderá ser punida pela prática do crime de
furto qualificado pelo repouso noturno.
c) Em caso de oferecimento de denúncia, qual
será o juízo competente para processamento da
ação penal? Belo Horizonte, local em que delito
se consumou, conforme artigos69, I, do CPP e
6° do CP.
87. Jeremias é preso em flagrante pelo crime de
latrocínio, praticado contra uma idosa que
acabara de sacar o valor relativo à sua
aposentadoria dentro de uma agência da Caixa
Econômica Federal e presenciado por
duas funcionárias da referida instituição, as
quais prestaram depoimento em sede policial e
confirmaram a prática do delito. Ao oferecer
denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça
Federal da localidade, o Ministério Público
Federal requereu a decretação da prisão
preventiva de Jeremias para a garantia da
ordem pública, por ser o crime gravíssimo e por
conveniência da instrução criminal, uma vez
que as testemunhas seriam mulheres e
poderiam se sentir amedrontadas caso o réu
fosse posto em liberdade antes da colheita de
seus depoimentos judiciais. Ao receber a inicial,
o magistrado decretou a prisão preventiva de
Jeremias, utilizando-se dos argumentos
apontados pelo Parquet.Com base no caso
acima, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação
legal pertinente ao caso, indique os argumentos
defensivos para atacar a decisão judicial que
recebeu a denúncia e decretou a prisão
preventiva.
a) Não, pois a competência para
processamento e julgamento é de uma vara
comum da justiça estadual, por se tratar de
crime patrimonial e que não ofende bens,
serviços ou interesses da União ou de suas
entidades autárquicas.
b) Não, pois a jurisprudência é pacífica no
sentido de que considerações genéricas e
presunções de que em liberdade as
testemunhas possam sentir-se amedrontadas
não são argumentos válidos para a decretação
da prisão antes do trânsito em julgado de
decisão condenatória, pois tal providência
possui natureza estritamente cautelar, de modo
que somente poderá ser determinada quando
calcada em elementos concretos que
demonstrem a existência de risco efetivo à
eficácia da prestação jurisdicional.
c) Tribunal Regional Federal, pois a
autoridade coatora é juiz de direito federal.
88. Caio, professor do curso de segurança no
trânsito, motorista extremamente qualificado,
guiava seu automóvel tendo Madalena, sua
namorada, no banco do carona. Durante o
trajeto, o casal começa a discutir asperamente,
o que faz com que Caio empreenda altíssima
velocidade ao automóvel. Muito assustada,
Madalena pede insistentemente para Caio
reduzir a marcha do veículo, pois àquela
velocidade não seria possível controlar o
automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos
pedidos dizendo ser perito em direção e
refutando qualquer possibilidade de perder o
controle do carro. Todavia, o automóvel atinge
um buraco e, em razão da velocidade
empreendida, acaba se desgovernando, vindo a
atropelar três pessoas que estavam na calçada,
vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de
local, que constatou o excesso de velocidade, e
ouvidos Caio e Madalena, que relataram à
autoridade policial o diálogo travado entre o
casal, Caio foi denunciado pelo Ministério
Público pela prática do crime de homicídio na
modalidade de dolo eventual, três vezes em
concurso formal. Recebida a denúncia pelo
magistrado da vara criminal vinculada ao
Tribunal do Júri da localidade e colhida a prova,
o Ministério Público pugnou pela pronúncia de
Caio, nos exatos termos da inicial.Na qualidade
de advogado de Caio, chamado aos debates
orais, responda aos itens a seguir, empregando
os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser
deduzidos em favor de seu constituinte?
Incompetência do juízo, uma vez que Caio
praticou homicídio culposo, pois agiu com culpa
consciente, na medida em que, embora tenha
previsto o resultado, acreditou que o evento
não fosse ocorrer em razão de sua perícia.
b) Qual pedido deveria ser realizado?
Desclassificação da imputação para homicídio
culposo e declínio de competência, conforme
previsão do artigo 419 do CPP
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso
poderia ser interposto e a quem a peça de
interposição deveria ser dirigida? Recurso em
sentido estrito, conforme previsão do artigo
581, IV, do CPP. A peça de interposição deveria
ser dirigida ao juiz de direito da vara criminal
vinculada ao tribunal do júri, prolator da
decisão atacada.
89. Em 22 de julho de 2008, Caio foi
condenado à pena de 10 (dez) anos de reclusão,
a ser cumprida em regime inicialmente fechado,
pela prática, no dia 10 de novembro de 2006,
do crime de tráfico de drogas, previsto no artigo
33 da Lei 11.343/2006. Iniciada a execução da
sua pena em 7 de janeiro de 2009, a
Defensoria Pública, em 10 de fevereiro de 2011,
requereu a progressão do cumprimento da sua
pena para o regime semiaberto, tendo o pedido
sido indeferido pelo juízo de execuções penais
ao argumento de que, para tanto, seria
necessário o cumprimento de 2/5 da pena.
Considerando ter sido procurado pela família
de Caio para advogar em sua defesa, responda
aos itens a seguir, empregando os argumentos
jurídicos apropriados e a fundamentação legal
pertinente ao caso.
a) Qual(is) o(s) meio(s) de impugnação da
decisão que indeferiu o pedido da Defensoria
Pública? Habeas Corpus e agravo em execução
penal.
b) Qual(is) argumento(s) jurídico(s)
poderia(m) ser usado(s) em defesa da
progressão de regime de Caio?
Tendo em vista que a norma que alterou as
regras relativas à progressão de regime possui
natureza penal e é mais gravosa ao réu, não
pode retroagir de modo a abarcar fatos que lhe
são anteriores. No caso, o delito foi
praticado antes da edição da lei, devendo, em
consequência, ser aplicada a fração de 1/6 para
a progressão de regime.
90. Em processo criminal que tramitou perante
a justiça federal comum, foi apurada a prática
de crime de extorsão mediante sequestro. O
juiz da causa ordenou, no curso da instrução do
processo, que se expedisse carta rogatória para
a oitiva da vítima e se colhesse depoimento de
uma testemunha arrolada, na denúncia, pelo
Ministério Público. Foi encerrada a instrução do
processo, sem o retorno das sobreditas cartas,
tendo o juiz proferido sentença na qual
condenou os réus, entre os quais, Jair K. Os
réus apelaram e a condenação foi mantida pelo
tribunal regional federal, por unanimidade. O
acórdão condenatório transitou em julgado em
20/3/2010. Após essa data, as cartas rogatórias
regressaram, e o juiz originário do feito mandou
juntá-las aos autos. O conteúdo das cartas
afastou, de forma manifesta e cabal, a
participação de Jair K. nos fatos apurados,
tendo ele constituído advogado, em
26/3/2010.Em face dessa situação hipotética,
indique, com a devida fundamentação legal, a
medida judicial a ser adotada em favor de Jair
K. bem como o órgão competente para julgá-la,
o fundamento legal da medida, o prazo para o
ajuizamento, o mérito da questão e seus
pedidos e efeitos.
A medida judicial a ser intentada é a ação de
revisão criminal, prevista no art. 621 e seguintes
do CPP. Isso porque, nos termos do referido
artigo, este é o instrumento judicial apto a
rescindir sentença condenatória com trânsito
em julgado. O fundamento da ação deve ser
feito com base no art. 621O órgão competente
para conhecer, processar e julgar a ação de
revisão criminal é o TRF respectivo, consoante
competência firmada no art. 108 da
Constituição Federal: "Compete aos Tribunais
Regionais Federais: I - processar e julgar,
originariamente: (...) b) as revisões criminais e
as ações rescisórias de julgados seus ou dos
juízes federais da região;" Quanto ao prazo,
poderá ser intentada a qualquer tempo, antes
de extinto o cumprimento da pena ou mesmo
depois desta nos exatos termos do art. 622
do CPP, que prescreve o seguinte, in verbis: "A
revisão poderá ser requerida em qualquer
tempo, antes da extinção da pena ou após.
Parágrafo único. Não será admissível a
reiteração do pedido, salvo se fundado em
novas provas."No mérito, deve-se alegar que a
atuação do juiz originário não foi ilegal, visto
que o CPP assim o autoriza nos termos
dos artigos 222 e 222-AEntretanto, surgiram
provas novas que conduzem à absolvição do
condenado (art.621, inciso III do CPP). No que
se refere aos pedidos, deve-se requerer o
conhecimento da ação de revisão criminal,
julgando-a procedente com a finalidade de
rescindir o julgado e absolver o condenado
porque a decisão não apreciou as provas (novas
provas de inocência do condenado) que
chegaram ao conhecimento após o trânsito em
julgado do acórdão e que ensejam a absolvição
do condenado. Quanto aos efeitos, deve-se
mencionar que a medida, julgada
procedente, poderá alterar a classificação do
crime, absolver o condenado, modificar a pena,
anular o processo. No caso hipotético terá
como objetivo a absolvição do condenado,
conforme art. 626
91. O juiz criminal responsável pelo
processamento de determinada ação penal
instaurada para a apuração de crime contra o
patrimônio, cometido em janeiro de 2010,
determinou a realização de importante
perícia por apenas um perito oficial, tendo sido
a prova pericial fundamental para justificar a
condenação do réu. Considerando essa situação
hipotética, esclareça, com a devida
fundamentação legal, a viabilidade jurídica de
se alegar eventual nulidade em favor do réu,
em razão de a perícia ter sido realizada por
apenas um perito.
Não há nulidade no caso. Com o advento da Lei
n.° 11.690/2008, que alterou dispositivos do
Código de Processo Penal, o artigo 159 passou a
ter a seguinte redação: "O exame de corpo de
delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso
superior. § 1.° Na falta de perito oficial, o
exame será realizado por duas pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada
com a natureza do exame." A inovação
legislativa dispensou a antiga exigência de
dois peritos no mínimo para a produção do
laudo pericial, pois, com a alteração na redação
do art. 159, caput, basta agora que a perícia
seja realizada por "perito oficial". Tendo sido a
expressão empregada no singular, resta clara a
intenção do legislador de se contentar, de
agora em diante, com a perícia realizada por
apenas um perito. Nesse contexto, passa a ser
regra o que era exceção.
92. Júlio foi denunciado pela prática do delito
de furto cometido em fevereiro de 2010.
Encerrada a instrução probatória, constatou-se,
pelas provas testemunhais produzidas pela
acusação, que Júlio praticara roubo, dado o
emprego de grave ameaça contra a vítima.Em
face dessa situação hipotética, responda, de
forma fundamentada, às seguintes indagações.
a. Dada a nova definição jurídica do fato, que
procedimento deve ser adotado pela
autoridade judicial, sem que se fira o princípio
da ampla defesa?
b. O princípio da correlação é aplicável ao
caso concreto?
c. Caso Júlio tivesse cometido crime de ação
penal exclusivamente privada, dada a nova
definição jurídica do fato narrado na queixa
após o fim da instrução probatória, seria
aplicável o instituto da mutatio libelli?
A primeira indagação deve ser respondida com
base no art. 384 do CPP, que assim dispõe:
"Encerrada a instrução probatória, se entender
cabível nova definição jurídica do fato, em
consequência de prova existente nos autos
de elemento ou circunstância da infração penal
não contida na acusação, o Ministério Público
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo
de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver
sido instaurado o processo em crime de ação
pública, reduzindo-se a termo o aditamento,
quando feito oralmente. (...) § 4.° Havendo
aditamento, cada parte poderá arrolar até 3
(três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias,
ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos
do aditamento."(Redação dada pela Lei n°
11.719, de 2008). Dessa forma, deverá o juiz dar
aplicabilidade ao comando do art. 384, e
parágrafos, do CPP, para encaminhar os autos
ao Ministério Público, a fim de que haja o
aditamento da denúncia, propiciando ao réu a
oportunidade de se defender da nova
capitulação do fato.
No que se refere à segunda indagação, deve-se
responder que,segundo o princípio da
correlação, deve haver uma correlação entre o
fato descrito na denúncia ou queixa e o fato
pelo qual o réu é o condenado. Aplica-se no
processo em questão para explicar que o
acusado não se defende da capitulação legal
dada ao crime na denúncia, mas sim dos fatos
narrados na referida peça acusatória. (Nesse
sentido:, Fernando Capez. Curso de processo
penal.16 ed., São Paulo: Saraiva, p. 465)
A resposta à terceira indagação deve ser
negativa. O procedimento previsto no art. 384
do Código de Processo Penal somente se aplica
na hipótese de ação penal pública e ação penal
privada subsidiária da pública, sendo
inadmissível o juiz determinar abertura de vista
para o Ministério Público aditar a queixa e
ampliar a imputação, na ação
penal exclusivamente privada, conforme clara
redação do dispositivo: "(...) o Ministério
Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no
prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta
houver sido instaurado o processo em crime de
ação pública (...)."
93. Tomé responde a ação penal submetida
ao procedimento ordinário pela suposta prática
do delito de estelionato, na modalidade de
fraude no pagamento por meio de cheque (CP,
art. 171, VI). Condenado o réu em primeira
instância, o juiz sentenciante fixou a pena em
dois anos de reclusão e vinte dias-
multa, omitindo-se quanto à substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos. A sentença condenatória foi publicada
em 8/3/2010, segunda-feira, mesmo dia da
intimação pessoal de Tomé e de seu advogado.
Durante a instrução processual, restou
comprovado que Tomé é réu reincidente,
constando em sua folha de antecedentes
criminais condenação anterior, transitada em
julgado, pela prática de delito de furto (CP, art.
155,caput). As outras circunstâncias judiciais, no
entanto, lhe são plenamente favoráveis.Em face
dessa situação hipotética, indique, com a
devida fundamentação, a medida judicial
adequada para sanar a referida omissão e o
prazo final para sua apresentação, bem como
esclareça se Tomé faz jus à substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.
A peça processual adequada são os embargos
de declaração, conforme art. 382 do CPP:
"Qualquer das partes poderá, no prazo de 2
(dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença,
sempre que nela houver obscuridade,
ambigüidade, contradição ou omissão." No
caso, o prazo final será 10/3/2010, pois a parte
interessada dispõe de dois dias para apresentá-
la. Tomé faz jus à substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos. Isso
porque preenche os requisitos especificados no
art. 44 do CP, a saber: "I - aplicada pena
privativa de liberdade não superior a quatro
anos e o crime não for cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa; (...) III - a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias
indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 3.° Se o condenado for reincidente, o juiz
poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência não
se tenha operado em virtude da prática do
mesmo crime. Assim, apesar de Tomé ser
reincidente, não se trata de reincidência
específica, de forma que a vedação prevista no
referido § 3.° não se aplica no caso.
94. José da Silva foi preso em flagrante pela
polícia militar quando transportava em seu
carro grande quantidade de drogas. Levado
pelos policiais à delegacia de polícia mais
próxima, José telefonou para seu advogado, o
qual requereu

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