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Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 1 RAPP – Volume 12, 2004 MÉTODOS DE ISOLAMENTO E SEQÜENCIAMENTO DE GENES DE BACTÉRIAS Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins Fundo de Defesa da Citricultura-Fundecitrus, Av. Dr. Adhemar P. de Barros, 201, Caixa Postal 391, 14807-040 Araraquara, SP nelsonwulff@fundecitrus.com.br RESUMO As bactérias compreendem um grupo de fitopatógenos com ampla variabilidade, seja genética, bioquímica ou hospedeira. Ao longo do desenvolvimento da fitobacteriologia, diferentes abordagens foram empregadas em seu estudo e nos últimos anos a área que entrou em evidência foi a genômica, com o sequenciamento de genomas bacterianos. Antes de ser uma técnica recente, o seqüenciamento sofreu o advento da automação e uso em larga escala. A clonagem e posterior sequenciamento foi empregado ao longo dos anos visando caracterizar a patogenicidade das bactérias e exemplos serão aqui empregados para ilustrar estas técnicas. Como isolar, clonar e determinar a seqüência de nucleotídeos do DNA bacteriano será abordado neste capítulo. As técnicas de clonagem são clássicas e foram desenvolvidas ao longo das últimas três décadas. Avanços marcantes foram o emprego das enzimas de restrição na construção de moléculas de DNA e a reação em cadeia da polimerase, uma técnica útil na clonagem e atualmente essencial no sequenciamento. SUMMARY METHODS FOR THE ISOLATION AND SEQUENCING OF BACTERIAL GENES Plant pathogenic bacteria are pathogens with high genetic and biochemical variability, as well as broad host range. Toward the development of this field, different approaches were employed. On the last few years, genomics became a field of great impact on bacteriology, with several genomes of plant pathogenic bacteria being unraveled. Sequencing is not a new technique, but it is a highly automated field and of high-throughput data. Cloning with subsequent sequencing was used for a long time with the aim to characterize bacterial pathogenicity, and examples will be used here to 2 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 illustrate such advances. How to isolate, clone and sequence DNA nucleotides will be described below. Cloning techniques are classical ones and were developed during the last three decades. Important remarks were the finding of restriction enzymes to the development of genetic engineering and polymerase chain reaction, a remarkable approach to the cloning and sequencing of DNA. INTRODUÇÃO Atualmente podemos considerar a genômica uma disciplina de grande impacto na fitopatologia. Através dos projetos de seqüenciamento completo do genoma de bactérias fitopatogênicas, as próprias técnicas de clonagem e seqüenciamento tornaram-se corriqueiras e acessíveis. Historicamente, avanços importantes na ciência foram possíveis devido às técnicas desenvolvidas em genética e bioquímica bacterianas. Assim surgiram os primórdios da engenharia genética, com a manipulação de segmentos de DNA com enzimas de restrição, transformação bacteriana, emprego de amplificação em cadeia da polimerase (PCR) e aplicações derivadas da transferência gênica entre procariotos e eucariotos por Agrobacterium. A „decodificação‟ do DNA em pequenos trechos, assim como a caracterização dos produtos gênicos e da função destes genes, foi que permitiu a interpretação deste enorme volume de informação atualmente disponível nos genomas seqüenciados. Em outras palavras, o trabalho lento e gradual de caracterização genética efetuado durante décadas, forneceu a matéria-prima para a comparação dos genes encontrados nestes genomas completos. Cabe aqui ressaltar que esta revisão almeja fornecer subsídios para que o leitor compreenda como são realizadas as técnicas de clonagem e seqüenciamento de genes bacterianos. Longe de ser uma revisão extensiva e exaustiva do assunto, tem como objetivo aproximar aspectos técnicos e teóricos da percepção que temos das bactérias fitopatogênicas. ISOLAMENTO E CLONAGEM DE GENES BACTERIANOS Um gene, um segmento de DNA que apresenta um início e um fim, contém sequências regulatórias que não estão contidas neste trecho, mas são partes integrantes de toda maquinaria regulatória da expressão gênica. O promotor ou região promotora é o sítio de ligação da RNA-polimerase. Muitos genes aglomeram-se em operons, que são unidades de expressão Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 3 RAPP – Volume 12, 2004 genética coordenada. Um operon consiste nas regiões controladoras (operador e promotor) e nos genes estruturais. As bactérias regulam a quantidade de proteínas sintetizadas em uma variedade de modos. A expressão da maioria dos genes é regulada primariamente na transcrição e não pela tradução. A seqüência de DNA que compõem um gene em questão é formada por nucleosídeos fosfatados contendo as bases purínicas adenina (A), guanina (G) e pirimidínicas timina (T) e citosina (C), originando os quatro nucleotídeos (base, 2-desoxiribose e fosfato) que compõem o código genético. Determinar a seqüência destes nucleotídeos no genoma é o objetivo dos projetos de seqüenciamento, seja este objetivo sequenciar um plasmídio, um segmento de DNA clonado em um plasmídio ou o genoma completo de uma bactéria (tabela 1). Rudolf Hausmann em seu excelente livro “História da Biologia Molecular” relata de forma vívida fatos marcantes desta história e abaixo serão transcritos os principais avanços obtidos na clonagem gênica (Hausmann, 1997). Na década de 70 sabia-se a respeito da estrutura e composição do DNA, mas como obter um gene a ser clonado? A síntese química de um gene foi realizada por Itakura et al. (1977), mas esta técnica estava limitada à pequena extensão deste DNA sintético (a proteína produzida por este DNA sintético possuía 14 aminoácidos) e ao conhecimento da seqüência da proteína. Empregando a transcriptase reversa, descoberta no início da década de 70, foi possível após a separação do RNA mensageiro, sintetizar “in vitro” a cópia em molde de DNA deste transcrito (DNAc). Esta técnica possibilitou a síntese em grande escala de diversos genes (figura 1). O emprego de enzimas de restrição, enzimas que cortam especificamente o DNA em determinada seqüência, abriu os horizontes para a clonagem de genes em plasmídios bacterianos e sua propagação em diferentes bactérias, como E. coli (figura 1). Plasmídios são moléculas de DNA extracromosômico, autonomamente replicativas, encontradas em praticamente todas espécies bacterianas. Em torno de 1970, iniciou-se a obtenção de vetores para propagação e manipulação de seqüências específicas de DNA. Estes vetores foram construídos com fragmentos de plasmídios de ocorrência natural, principalmente plasmídios de E. coli. Todos vetores plasmidiais contém três características em comum: uma origem de replicação; um marcador seletivo e um sítio de clonagem. Vetores cosmidiais, plasmídios contendo o sítio fágico cos lambda, foram desenvolvidos para facilitar a clonagem de fragmentos grandes de DNA. Cosmídeos podem ser empregados para a transformação de células bacterianas, assim como os plasmídios. Uma vez nas células, replicam empregando seu sítio ori. Vetores cosmidiais são freqüentemente empregados para a construção de bibliotecas genômicas. Outro tipo de vetor plasmidial 4 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 Desfosforilação do vetor (fosfatase alcalina) Modificação das extremidades CG (transferases terminais) Ligação dos adaptadores (T4 DNA ligase)Preenchimento de extremidades coesivas (T4 DNA polimerase ou Klenow) Digestão de extremidades coesivas (Nuclease S1) Anelamento direto do DNA e do vetor linearizado Degradação do grupamento OH 3` (Exonuclease III) Ligação do DNA e do vetor (Ligase do DNA T4) Vetor de clonagem Linearização com enzimas de restrição Modificação da extremidade do DNA 5´ 3´ 3´ 5´ DNA genômico digerido com enzimas de restrição Modificação da extremidade do DNA 5´ 3´ 3´ 5´ Preparo do cDNA Síntese do cDNA (transcriptase reversa) Síntese da segunda fita (DNA polimerase I) 5´ 3´ 3´ 5´ Fragmento sintético de DNA Mutagênese sítio específica DNA recombinante Figura 1. A técnica de clonagem. O DNA do plasmídio e o DNA estranho a ser clonado são cortados com enzimas de restrição e modificados, permitindo o pareamento das extremidades. Através da ação da ligase os dois fragmentos de DNA são covalentemente ligados. Este DNA recombinante pode ser introduzido em células bacterianas e propagado. Muitas etapas são opcionais e dependem da estratégia a ser empregada. Modificado de Hausmann (1997). Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 5 RAPP – Volume 12, 2004 para clonagem, denominado BAC (Bacterial Artificial Cromosome), foi desenvolvido empregando o fator replicador F para a propagação de grandes pedaços de DNA (100 a 500 kb). Os cientistas Stanley Cohen e Herbert Boyer foram os primeiros a juntar um pedaço de DNA, um fragmento de restrição, com o DNA de um pequeno plasmídio cortado com a mesma enzima de restrição, na presença de ligase do DNA, e com este material transformaram células de E. coli (figura 1). A clonagem de fragmentos de DNA pode apresentar variados graus de complexidade. Embora possa ser efetuada com um mínimo de reagentes e condições laboratoriais, conhecimento teórico é necessário para poder analisar corretamente os resultados e planejar as próximas etapas. Para o iniciante em biologia molecular um bom livro é a melhor ferramenta. Para o pesquisador que já trilhou os caminhos iniciais a criatividade é o limite, visto que são inúmeras as formas de se atingir o objetivo. Quando se sequencia um gene, um dos objetivos é auxiliar na determinação de sua função, fornecendo dados e informações que possam alicerçar sua importância no organismo. Outra utilidade do seqüenciamento de genes é na identificação de microrganismos, onde linhagens bacterianas podem ser identificadas através de genes específicos, como o gene RNAr 16S. Dois eventos foram de especial importância para o sucesso das técnicas de clonagem gênica. A descoberta das enzimas de restrição, que são enzimas que cortam o DNA em uma seqüência específica, foi essencial para alavancar a engenharia genética, ou seja, a construção de moléculas de DNA com características definidas e inexistentes. Enzimas de restrição são mecanismos de defesa das bactérias frente à introdução de DNA exógeno, como o DNA fágico (ou viral). A purificação e caracterização de uma enorme variedade destas enzimas, permitiu uma ampla possibilidade de clonagem, subclonagem e recombinação de fragmentos de DNA (rebase.neb.com/rebase/rebase.html). Atualmente as próprias enzimas de restrição tiveram seus genes isolados, clonados e as enzimas vendidas comercialmente são muitas vezes recombinantes. O segundo fato marcante na tecnologia genética foi o desenvolvimento da reação em cadeia da polimerase (Polymerase Chain Reaction – PCR) (Saiki et al., 1985). A técnica da reação em cadeia da polimerase, assim como a conhecemos hoje, deve-se ao lance de gênio de associar uma polimerase resistente a alta temperatura, permitindo a automação do processo (Mullis & Faloona, 1987). Em seus primórdios, a cada ciclo da PCR, era necessário adicionar mais polimerase à reação, pois a etapa de desnaturação do DNA desnaturava também a polimerase de E. coli. A introdução da polimerase do organismo termofílico Thermus aquaticus eliminou a necessidade de adição de nova polimerase a cada ciclo de 6 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 desnaturação, anelamento e extensão. Kary B. Mullis foi laureado com o Nobel de Química de 1993 por esta descoberta (www.nobel.se). A existência de informações precisas a respeito das seqüências de inúmeros genes permite que estes sejam isolados através de PCR. Sintetizam- se primers de DNA (oligonucleotídeos) com seqüências similares aos genes descritos em outros organismos, ou primers degenerados e através da amplificação do DNA do organismo alvo por PCR pode-se obter um fragmento de DNA contendo o gene a ser estudado. Nesta etapa é importante o emprego de uma polimerase com capacidade de correção, isto é, uma “proofreading polymerase” ou polimerase com atividade 3‟5‟exonuclease. A Taq polimerase, enzima rotineiramente empregada na PCR, não apresenta esta capacidade e portanto pode, em baixa taxa, incorporar erroneamente nucleotídeos na fita de DNA nascente. As seqüências dos genes de interesse podem ser facilmente encontradas em base de dados como nos sítios a seguir: www.ncbi.nlm.nih.gov/Entrez/index.html e http://us.expasy.org/. A identificação da função de genes bacterianos, através de sua clonagem e seu posterior seqüenciamento, tem a potencialidade de elucidar aspectos da interação planta-patógeno e de revelar novas facetas desta interação. A seguir serão discutidos alguns casos que exemplificam os avanços obtidos em fitobacteriologia através da identificação de genes bacterianos e seu envolvimento com a virulência. Entretanto, devemos lembrar que estudos funcionais são necessários para comprovar a identidade de um gene, hipotetizada a partir da homologia de seqüência. A produção de polissacarídeos extracelulares (PSE) é positivamente regulada em Erwinia amylovora e um dos genes que exerce este efeito (rcsB) foi clonado através de PCR com amplificação a partir de primers consenso, sintetizados a partir da seqüência gênica do gene rcsB de E. coli (Bereswill & Geider, 1997). O gene da palatinose, enzima que utiliza a sacarose como substrato, convertendo-a em compostos de reserva, foi clonado empregando-se a seqüência de um gene descrito na literatura e usando-o como sonda para avaliar uma biblioteca genômica de Erwinia rhapontici (Börnke et al., 2001). Posteriormente o gene foi seqüenciado e expresso em E. coli para caracterização de sua atividade enzimática. Outra possibilidade é o emprego de primers degenerados, os quais podem conter múltiplas opções de pareamento, e assim permitir uma maior flexibilidade para o anelamento e posterior amplificação. Primers degenerados também podem ser empregados como sondas na seleção de clones em bibliotecas genômicas. Ojanen-Reuhs et al. (1997) avaliaram uma biblioteca genômica de X. campestris pv. vesicatoria empregando um oligonucleotídeo degenerado construído a partir da seqüência N-terminal da proteína FimA da mesma bactéria. Empregando Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 7 RAPP – Volume 12, 2004 uma combinação de seleção direta de clones com o inserto de interesse, seleção de biblioteca de plasmídios e cosmídeos e seqüenciamentodos clones positivos, foi possível obter a seqüência integral do gene fimA de X. campestris pv. vesicatoria. A descrição do gene fimA permitiu a análise da expressão do gene (detecção do RNAm de fimA em Northern blot) ou da proteína (Western blot) e também foi possível produzir mutantes específicos no gene fimA. FimA é uma proteína presente em fímbrias bacterianas e a disponibilidade da seqüência deste gene, permitiu a identificação de genes semelhantes nos genomas bacterianos seqüenciados, onde foram encontrados homólogos de seqüência a fimA em Xylella fastidiosa (Simpson et al., 2000; Van Sluys et al., 2003), X. axonopodis pv. citri (Silva et al., 2002) entre outras. Isto exemplifica que o trabalho de seqüenciamento requer a comparação com genes previamente caracterizados, possibilitando a identificação putativa de sua função. CONSTRUÇÃO DE BIBLIOTECAS GENÔMICAS Uma alternativa amplamente empregada no isolamento de genes é a construção de uma biblioteca genômica. Neste processo o DNA do organismo alvo é extraído, purificado e quebrado em fragmentos, através da ação de enzimas de restrição ou através de métodos físicos, como a nebulização. Em ambos casos, o DNA pode ser fracionado em tamanho apropriado, através de eletroforese em gel de agarose, os tamanhos de DNA escolhidos são recuperados do gel e então clonados em um vetor apropriado. Através da resistência ao antibiótico, clones de E. coli portadores do DNA clonado são selecionados. Assim, obtendo-se um elevado número de clones, espera-se cobrir a quase totalidade de genes do organismo doador de DNA. No caso de um gene em especial, espera-se que uma certa porcentagem dos clones contenha o gene de interesse (no mínimo um clone). A próxima etapa é selecionar o clone que possui o gene de interesse para caracterizá-lo. Dentre as possibilidades viáveis incluem-se: a) seleção da biblioteca com sondas heterológas ou b) seleção para atividade do produto gênico. Na primeira possibilidade, uma grande população bacteriana pode ser avaliada quanto à presença do gene se as células forem crescidas em meio de cultura, transferidas para uma membrana de nylon, lisadas e então a membrana é hibridizada com uma sonda para identificar os clones portadores do gene de interesse. Através de métodos de detecção é possível identificar o clone portador do gene, ou parte do gene de interesse. Ressalta-se que esta sonda pode ser produzida a partir de um gene similar ou a partir da 8 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 informação da seqüência de aminoácidos da proteína codificada pelo gene de interesse. Podemos também avaliar os clones obtidos quanto à produção do produto protéico do gene de interesse. Caso anticorpos estejam disponíveis contra a proteína produzida pelo gene, estes podem ser empregados como método de detecção do clone portador do gene de interesse. Outra alternativa é o uso de qualquer outro ligante que se lige ao produto gênico ou à própria atividade biológica da proteína. No caso de enzimas, a atividade enzimática pode ser empregada como um marcador para selecionar o clone que contém o gene de interesse. Diversas enzimas bacterianas que degradam a parede celular vegetal tiveram seu genes clonados e seqüenciados desta maneira. Keen et al. (1984) clonaram uma liase do pectato de E. chrysanthemi através da seleção de uma biblioteca genômica em E. coli em meio de cultura com pectato. Collmer et al., (1985) também clonaram liases do pectato de E. chrysanthemi da mesma maneira. He & Collmer (1990) clonaram uma poligalacturonase a partir de uma biblioteca genômica de E. chrysanthemi. A identificação do clone de E. coli portador do gene de interesse foi feita através de reação contra um anticorpo que reconhece uma exopoligalacturonase. Uma característica destas enzimas é a presença de múltiplas formas enzimáticas (isoenzimas) o que corresponde a diferentes genes. Lojkowska et al. (1995) clonaram uma nova liase do pectato de E. chrysanthemi, a partir de uma biblioteca genômica construída com o DNA de uma linhagem mutagenizada, e que não apresentava as cinco liases do pectato previamente caracterizadas. Park et al. (2000) empregaram a análise de uma biblioteca genômica de E. chrysanthemi em E. coli para clonar e seqüenciar uma celulase, identificando o clone portador do gene em ensaio em meio de cultura contendo celulose (CMC). A partir do ponto em que há indicação de que um clone ou diversos clones possuem o gene de interesse é possível transferi-lo para outros vetores, como os vetores de expressão, bem como determinar sua seqüência, um aspecto que será abordado em seguida. A clonagem através de bibliotecas genômicas ou o seqüenciamento completo de genomas, pode estimular a busca da função dos genes. Neste sentido, a produção de organismos mutagenizados ou mutantes em determinado gene é o caminho a ser percorrido quando visamos determinar a função de um gene, caso este gene seja desconhecido ou sua proteína não tenha atividade ou função detectada. Diversos são os mecanismos de virulência empregados pelas bactérias fitopatogênicas. A funcionalidade destes mecanismos requer que os mesmos estejam em contato com o hospedeiro. Hettwer et al., (1998), clonaram e seqüenciaram o gene da levansacarase (lsc) de Pseudomonas syringae, empregando seleção de biblioteca genômica em meio contendo sacarose. Clones contendo o gene lsc apresentam aspecto mucóide em meio Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 9 RAPP – Volume 12, 2004 de cultura com sacarose, devido a produção do PSE levan. Os clones positivos apresentaram um fragmento de restrição enzimática (PstI) comum, sendo então subclonados e os clones resultantes avaliados da mesma forma. A partir destes clones positivos na segunda rodada de seleção, foi efetuado o seqüenciamento do inserto de DNA, sendo que através de algoritmos computacionais observou-se a presença de um quadro aberto de leitura - ORF (open reading frame) com alta similaridade a outras levansacarases. No mesmo trabalho, o gene lsc foi usado como sonda para observar a presença do gene em diferentes linhagens bacterianas, sendo que este somente foi observado em linhagens produtoras do polissacarídeo levan. Da mesma maneira, a produção de mutantes, por exemplo mutantes gerados através da inserção de transposons, podem ter fenótipos que elucidem processos biológicos de interesse. De posse deste mutante, podemos isolar e seqüenciar a região onde o DNA exógeno inseriu-se e então determinar o gene responsável pela alteração fenotípica observada. Qimron et al., empregando mutagênese por transposon, efetuaram o seqüenciamento direto do DNA de clones mutantes, revelando qual o gene mutagenizado e permitindo a rápida caracterização de mutantes de Salmonella sp. (Qimron et al., 2003). Entretanto, a mesma metodologia pode ser aplicada a bactérias fitopatogênicas. Por exemplo, Brumbley et al. (2004) empregaram técnica semelhante para caracterizar inserções por transposon em Leifsoni xyli subsp. xyli. Esta metodologia é uma alternativa ao processo clássico de clivar o DNA do mutante, cloná-lo em vetores e então determinar qual o gene afetado pela mutação (inserção por transposon). Os mutantes gerados nestes casos podem servir de ponto de partida para a caracterização de novos genes bacterianos. Estes genes podem ser identificados em bibliotecas genômicas através de sondas, sendo então sequenciados e caracterizados molecularmente. A ampla disponibilidade de vetores, banco de dados e enzimas que modificam o DNA (figura 1) permite uma ampla variação nas técnicasde clonagem. Maior detalhamento da função das enzimas que modificam ou cortam o DNA podem ser encontradas em Alberts et al., 1994; Ausubel et al., 1994; Sambrook et al., 1989. Desta forma, o DNA clonado ou amplificado via PCR serve como molde para efetuar o seqüenciamento destes fragmentos de DNA. Nos próximos itens serão abordados as formas de obter-se as informações das seqüências de DNA destes fragmentos. SEQÜENCIAMENTO DO DNA Atualmente, o seqüenciamento de trechos de DNA tornou-se tarefa corriqueira e de execução relativamente fácil (figura 2). Entretanto, esta 10 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 Fragmento de DNA amplificado (PCR / termociclador) RNAm DNA (plasmidial ou genômico) Síntese do DNAc Construção de uma biblioteca de DNAc Extração de plasmídios Reação de sequenciamento (PCR / termociclador) Separação dos fragmentos e detecção do sinal (sequenciador) Limpeza e precipitação do DNA (sintetizado e marcado com fluoróforos) Fragmentação (enzimática ou mecânica) Seqüenciamento direto Clonagem Clonagem Análise da qualidade da seqüência Interpretação do resultados Figura 2. Etapas para o seqüenciamento. Partindo de um DNA alvo, seja um fragmento de DNA amplificado em PCR, um DNAc ou um fragmento genômico, as etapas básicas até obter o seqüenciamento deste fragmento são semelhantes. No caso de um fragmento amplificado pode-se efetuar a clonagem ou sequenciá-lo diretamente. A escolha recairá pelo tamanho do fragmento, disponibilidade de primer e objetivo do seqüenciamento. Quando efetuada a clonagem (vide figura 1), selecionam-se as colônias bacterianas, é efetuada a extração do plasmídio, quantificação do DNA plasmidial, amplificação, seqüenciamento e análise do resultado. Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 11 RAPP – Volume 12, 2004 percepção não pode deixar de levar em consideração os custos desta tarefa, laborial e financeiro, a necessidade de computadores e programas apropriados para efetuar a análise e interpretação dos resultados do seqüenciamento, bem como as dificuldades intrínsecas em se seqüenciar determinados trechos de DNA. Para o iniciante, consultar a literatura pertinente é um bom ponto de partida para entender este universo de letras. Por exemplo, Patnaik & Blumenfeld (2001) é um bom texto que orienta a escolha dos tipos de ferramentas para análise e comparação de seqüências. Seqüências estas geralmente em grande número e em que é necessário o menor tempo possível para análise (www.biosupplynet.com/cfdocs/btk/aboutbtk.cfm). Algoritmos computacionais como o Blast (Altschul et al., 1990) e Phred + Phrap (Gordon et al., 1998) oferecem tutoriais que contém detalhadas informações a respeito do funcionamento e da utilidade destas ferramentas. Nesta seção será abordado o seqüenciamento em seus princípios e técnicas. Assume-se que para tanto, o DNA a ser sequenciado foi obtido através de um método ordinário e está pronto para ter sua seqüência nucleotídica revelada (figura 2). As técnicas de seqüenciamento de DNA são baseadas principalmente em eletroforese usando géis de poliacrilamida desnaturantes de alta resolução ou eletroforese capilar. Os géis de seqüenciamento são capazes de resolver oligonucleotídeos fita simples que diferem de tamanho por um simples desoxinucleotídeo. A chave para determinar a seqüência dos nucleotídeos é gerar, em reações químicas ou enzimáticas, todos oligonucleotídeos que terminam nas variáveis A, T, G, ou C. Os produtos das reações são resolvidos em um gel de seqüenciamento ou em eletroforese capilar contendo uma resina apropriada. Métodos de detecção da terminação do oligonucleotídeo revelam a composição neste nucleotídeo e base após base obtêm-se a seqüência do fragmento de DNA. Dois métodos são largamente usados para determinar seqüências de DNA: o método dideoxi-enzimático e o método químico, que diferem principalmente na técnica utilizada para gerar o padrão de nucleotídeos. MÉTODO DIDEOXI OU ENZIMÁTICO Este método foi originalmente desenvolvido por Sanger e colaboradores (Sanger et al., 1977, 1980), utilizando a DNA polimerase para sintetizar uma cópia complementar de um DNA molde fita simples. A síntese da cadeia de DNA pela polimerase do DNA requer uma fita dupla com uma extremidade 3‟ livre. “In vitro” a elongação da cadeia ocorre na terminação 3‟ de um DNA primer sintético, que está anelado ao DNA molde. A polimerase 12 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 catalisa a formação de uma ligação fosfodiéster entre o grupo hidroxila na terminação 3‟ do primer e o grupo fosfato na posição 5‟ do desoxinucleotídeo adicionado à reação. Assim, o crescimento da cadeia ocorre na direção 5‟ 3‟. O seqüenciamento dideoxi ocorre devido a habilidade da DNA polimerase usar 2‟,3‟-dideoxinucleosídeo trifosfatados (ddNTPs) como substrato. Quando um dideoxinucleosídeo trifosfatado é incorporado à extremidade 3‟ da fita crescente, a elongação da cadeia é terminada devido a ausência do grupo hidroxila na posição 3‟. Para gerar os quatro padrões de seqüenciamento somente um dos quatro possíveis ddNTPs é incluído em cada uma das quatro reações (A, T, C ou G). O método dideoxi original de Sanger foi desenvolvido usando uma DNA polimerase de E. coli conhecida como Klenow fragment: um oligonucleotídeo sintético é adicionado ao DNA molde, essa mistura é dividida em quatro tubos e em cada tubo é adicionado a polimerase e os dNTPs, sendo um deles marcado radioativamente (um dos quatro ddNTPs). Sob essas condições, o primer é extendido e marcado até a incorporação de um ddNTP específico que causa a sua terminação. Como o seqüenciamento dideoxi requer uma fita simples (molde) no qual o primer possa se anelar, estes moldes podem ser gerados usando vetores especializados derivados do M13, um fago filamentoso de E. coli que contém uma molécula de DNA fita simples circular (Messing, 1983, 1988). O seqüenciamento dideoxi também pode ser realizado usando um DNA fita dupla, com ciclo de seqüenciamento envolvendo desnaturação do DNA em cada ciclo da reação. O seqüenciamento de fita dupla geralmente é usado como método rápido para verificar a construção de um plasmídio em particular. Para projetos de seqüenciamento em larga escala, o uso de um sistema de vetor fita simples, como a série M13mp é usada devido à alta qualidade na geração das seqüências. Entretanto, os plasmídios oferecem a vantagem da obtenção de seqüências das extremidades 5‟ e 3‟; esta característica é muito valiosa para o seqüenciamento genômico usando fragmentos de DNA produzidos randomicamente (método shotgun, onde ocorre fragmentação aleatória do DNA por processos físicos - nebulização, ou químicos - restrição enzimática) de 500 a 800 pares de bases. Os fragmentos subclonados em plasmídios são seqüenciados nas duas direções utilizando primers complementares ao plasmídio. Os produtos da PCR também podem ser seqüenciados pelo método dideoxi (Figura 2). Um avanço que permitiu seu uso em larga escala foi a aplicação do ciclo térmico, onde um pequeno número de moléculas de DNA são repetitivamente utilizados para gerar um padrão de seqüenciamento. A mistura de reação de seqüenciamento dideoxi (DNA molde, primer, ddNTPs, dNTPs e DNA polimerase termoestável) são submetidos a repetidos ciclos de desnaturação, anelamento e síntese similares ao PCR. Desta maneira, ocorre a Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 13 RAPP – Volume 12, 2004amplificação linear dos produtos de seqüenciamento, usando menos DNA molde que requeridos usualmente. O ciclo térmico elimina as exigências para uma reação de anelamento que precedem a reação de seqüenciamento em si e desnaturação de DNA fita dupla. Além disso, estão disponíveis comercialmente seqüenciadores automáticos que foram elaborados para reações de seqüenciamento enzimático, automatizando a eletroforese em gel ou eletroforese capilar, detecção do padrão de bandas de DNA e análises dessas bandas. As fitas de DNA marcadas com os fluoróforos são aplicadas manualmente ou de forma automatizada, enquanto a eletroforese e a análise são controladas através de programas computacionais. A detecção ocorre no final do gel, de duas maneiras possíveis: em um método, o DNA é marcado com substâncias fluorescentes (fluoróforos de diferentes comprimentos de ondas como FAM - 525 nm, JOE - 555 nm, TAM - 580 nm e ROX - 605 nm) ou radioativas, estes se movem através do gel e seus sinais são captados por um detector que guarda as informações. No segundo método, o padrão de bandas do DNA marcado com substâncias fluorescentes é detectado usando uma câmara de imagem. Todos seqüenciadores automatizados possuem sistemas de armazenamento de dados, programas de análises ou mecanismos que possibilitam a análise dos dados. A marcação fluorescente pode ser incorporada nos produtos de seqüenciamento através do primer ou dos ddNTPs. Num sistema mais simples, um único primer marcado fluorescentemente é usado e as quatro reações são corridas em linhas separadas no gel (Ansorge et al., 1987; Brumbaugh et al., 1988; Fujita et al., 1990; Kambara et al., 1988; Middendorf et al., 1988; Rosenthal et al., 1990; Sears et al., 1992). Outros sistemas usam os mesmos primers marcados com quatro diferentes fluorocromos (Dye primers) (Connel et al., 1987; Johnston-Dow et al., 1987; Mardis & Roe, 1989; Smith et al., 1985; Wilson et al., 1988) ou um conjunto diferente de fluorocromo específico para cada ddNTP (Prober et al., 1987; Zagursky & MacCormick, 1990). Nesses dois últimos sistemas, como os fluorocromos dos primers ou dos ddNTPs possuem comprimentos de ondas diferentes, todas as quatro reações são corridas numa única linha do gel e os fragmentos terminados nas quatro diferentes bases (A, T, C, G) são identificados pelas quatro emissões de cores sob a excitação do laser. Entre os métodos de detecção por fluorescência, este método de quatro cores baseado no método dideoxi-enzimático de Sanger é escolhido como técnica para seqüenciamento de projetos em grande-escala, como no seqüenciamento de genomas bacterianos de Xylella fastidiosa, Xanthomonas axonopodis pv. citri, Xanthomonas campestris pv. campestris entre outras (rede ONSA). Os sistemas de automação foram um grande avanço na elaboração 14 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 destes projetos genomas, e para seu seqüenciamento completo são necessárias várias etapas: 1- Construção de biblioteca genômica: consiste no isolamento do DNA do organismo em grande escala, fragmentação deste DNA pelo método Shotgun e clonagem dos fragmentos em vetores específicos, podendo ser usados plasmídios, cosmídeos e plasmídios BAC. Os tamanhos dos fragmentos clonados é parte da estratégia de seqüenciamento, até 2000 pares de bases para plasmídios e até 40 kb para cosmídeos; 2- Fase de seqüenciamento: É o sequencimento propriamente dito, com análise das seqüências através de programas computacionais e algoritmos. A análise do alinhamento e a montagem de uma seqüência consenso ou contig para as leituras (reads) de um mesmo plasmídio, podem ser efetuadas no conjunto de programas Phred + Phrap + Consed (Gordon et al., 1998). O algoritmo Phred analisa a qualidade do cromatograma, ou seja, da seqüência obtida a partir do seqüenciador. A seguir, o algoritmo Phrap faz a montagem das seqüências, criando os contigs pelo alinhamento das regiões sobrepostas nas diferentes seqüências. A visualização dos dados gerados pelo Phrap é efetuada pelo algoritmo Consed, onde pode-se verificar a qualidade de cada base e a visualização de todo o “contig”, das seqüências que o compõem e da seqüência consenso. Neste mesmo aplicativo pode-se visualizar as possíveis ORFs em todos os quadros de leitura possíveis. Valores de Phred + Phrap de 20 correspondem a seqüências com 99% de precisão. Geralmente são seqüenciados 15000 leituras por Mb do genoma, ademais, o número de seqüências deve cobrir 8 a 10 vezes o tamanho do genoma; 3- Etapa de fechamento: Inclui a montagem das seqüências, fechamento de regiões não seqüenciadas e a edição. Atualmente são utilizados computadores de alta capacidade de processamento e algoritmos como o Blast (Altschul et al., 1990, 1997) e programas de livre acesso que usam sistemas operacionais para auxiliar nas montagens dos genomas, e elucidar regiões que por ventura possam estar em repetições. 4- Anotação: São utilizados programas que identificam % GC, número de ORFS encontradas, número de operons de RNAr, número de genes de RNAt e análise de conjuntos de proteínas potencialmente codificadas pelo organismo classificadas de acordo com categorias como proteínas similares a outras já conhecidas; similares a outras porém com função desconhecida; proteínas similares a proteínas hipotéticas conservadas e proteínas potencialmente hipotéticas. Um programa amplamente empregado é o Glimmer (Salzberg et al., 1998; Delcher et al., 1999); 5- Seqüência completa do genoma, disponibilização em bancos de dados para consulta (tabela 1). Uma grande inovação nos seqüenciadores automatizados foi a Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 15 RAPP – Volume 12, 2004 produção de um seqüenciador que utiliza a eletroforese por capilaridade (10 a 100 μm de diâmetro interno) contendo um polímero e detecção de fluorescência induzida por laser. A separação dos fragmentos é rápida e com alta resolução, sem produzir artefatos devido ao aquecimento (gel de seqüenciamento). O uso de múltiplos capilares acoplados com fluorescência laser induzida foi reportada pela primeira vez em 1992 por Huang e colaboradores (Huang et al., 1992). Os seqüenciadores automáticos por capilaridade (MegaBACE 1000, MegaBACE 4000, ABI 3100 e ABI 3730) permitem a análise de 96 amostras simultaneamente. A matriz de separação é um polímero de alta resolução que permite o seqüenciamento de trechos de DNA relativamente maiores que os obtidos em géis, podendo obter leituras de até 1000 bases em tempo menor. Essa magnitude aumenta se compararmos a velocidade ao tradicional seqüenciamento ou seqüenciamento semi- automático, onde são mantidas as etapas de preparação do gel de poliacrilamida, aplicação das amostras manualmente, eletroforese de 7 a 10 horas e o alinhamento das seqüências após a formação da imagem do gel pelo programa para análise de sua qualidade. Outras tecnologias também são utilizadas para sequeciamento de DNA, muitos utilizam o método dideoxi com marcadores radioativos ([α- 35S]dATP, [α-32P]dATP, [α-33P]dATP, [γ-35S]dATP ou [γ-32P]dATP). Apesar de rápido, o seqüenciamento dideoxi oferece excelente resolução de bandas quando nucleotídeos radioativos são empregados. Entretanto, estruturas secundárias e a composição do DNA molde podem algumas vezes causar terminação prematura pela DNA polimerase. Ademais, o fragmento Klenow é mais propenso a esse problema do que a T7 DNA polimerase ou outras polimerases. Uma alternativa ao sequenciamento radioativo seria utilizar a quimioluminescência, um método de detecção comparável em sensibilidade ao método de marcaçãoradioativa. A detecção dos produtos de seqüenciamento ocorre pela reação de quimioluminescência que pode ser monitorada por autoradiografia. Um primer biotinilado é usado nas reações de seqüenciamento dideoxi. Depois da eletroforese dos produtos de seqüenciamento em gel, estes são transferidos e ligados numa membrana de nylon. Os produtos de seqüenciamento são detectados usando estreptavidina, fosfatase alcalina biotinilada e um substrato para fosfatase alcalina que emite luz, sendo detectada por radiografia (Beck et al., 1989; Evans, 1991; Martin et al., 1991). Alternativamente, as reações de seqüenciamento dideoxi podem ser feitas com primer não biotinilado e sem radioatividade. Após eletroforese e transferência para a membrana de nylon, os produtos de seqüenciamento são hibridizados com sonda biotinilada complementar ao primer. 16 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 MÉTODO QUÍMICO O método químico de sequenciamento, desenvolvido por Maxam e Gilbert (Maxam & Gilbert 1977, 1980; Rubin & Schmid, 1980; Ambrose & Pless, 1987), é uma técnica que utiliza DNA ou RNA marcado nas terminações 3‟ ou 5‟, geralmente com 32P. O DNA é dividido em quatro tubos, sendo cada um submetido a um tratamento com um reagente químico base-específico que cliva randomicamente o DNA ou RNA, como resultado cada tubo contém fragmentos de ácidos nucléicos que possuem a mesma base na sua terminação, mas em diferentes pontos da molécula onde a base ocorre. O conteúdo de cada tubo é aplicado separadamente em gel de poliacrilamida e a seqüência pode ser determinada através da autoradiografia. Maxam e Gilbert descreveram seis procedimentos de clivagem parcial de acordo com a especificidade do tratamento químico (G>A); (A>G); (A>C); (C+T) e C, seguidos da adição de piperidina para catalisar a quebra da fita nesses nucleotídeos, porém vários tratamentos alternativos base- específicos tem sido descritos. O método de Maxam e Gilbert é baseado na capacidade da hidrazina, do dimetilsulfato (DMS) ou do ácido fórmico em modificar bases especificamente dentro da molécula de DNA. Em seguida, é adicionado piperidina para catalisar a quebra da fita nesses nucleotídeos modificados. A especificidade reside na primeira reação com hidrazina, DMS ou ácido fórmico os quais reagem em pequena porcentagem das bases. A segunda reação, quebra da fita com piperidina, deve ser quantitativa. As reações de seqüenciamento químico podem ser feitas com DNA fita simples ou dupla. Vetores especializados foram desenvolvidos para permitir a marcação única de apenas uma fita do DNA alvo, clonado com enzimas de restrição que tem sítios de reconhecimento assimétrico adjacente ao DNA clonado. A maior vantagem deste método é que problemas associados com a síntese do DNA pelas polimerases são eliminados, permitindo o seqüenciamento de regiões do DNA que não podem ser seqüenciadas pelo método enzimático. Em adição, obter a seqüência de pequenas regiões de DNA usando o método químico não requer subclonagem em vetores apropriados, como são requeridos para o método dideoxi. Finalmente, a clivagem química é um excelente método de seqüenciamento disponível para pequenos oligonucleotídeos. Atualmente, os modernos espectrômetros de massas, associados a formas compatíveis de ionização podem ser empregados na caracterização de pequenas seqüências de DNA (~ 100 pb) e avanços nestas técnicas podem torná-la factível em maior escala, a despeito de sua altíssima resolução Métodos de isolamento e seqüenciamento de genes de bactérias – 17 RAPP – Volume 12, 2004 (Fitzgerald & Smith, 1995). Embora diga-se que o seqüenciamento é automatizado, inúmeras situações exigem o desenvolvimento de técnicas específicas para permitir o seqüenciamento de determinadas regiões (regiões repetitivas e genes ribosomais), bem como analisar o ordenamento destas seqüências. Estas etapas dependem muito mais da criatividade e inovação dos pesquisadores do que da automação do processo de seqüenciamento. Ishikawa et al. (2003) demonstraram que a tecnologia de seqüenciamento transcricional é um método poderoso e preciso parar sequenciar regiões ricas em GC, seqüências repetidas simples, grampos (repetições invertidas), DNA repetitivo e no fechamento de lacunas em dados de seqüenciamento. Tauch et al. (2002) empregaram uma combinação de cosmídeos e BAC para efetuar o seqüenciamento do genoma de uma bactéria. No seqüenciamento do genoma de Xylella fastidiosa, Frohme et al. (2000) citam que nas lacunas observadas durante o processo de ordenamento das seqüências (contigs), dois destes espaços correspondiam ao operon do DNAr, presente em duas unidades. Sabe-se da dificuldade em clonar genes ribosomais, devido ao efeito deletério destes genes no organismo que hospeda o plasmídio. O seqüenciamento é uma ferramenta importante para demonstrar que pequenas variações na seqüência de um gene, assim como deleções e inserções, podem alterar a função deste gene. Swords et al., 1996, demonstraram que dois tipos de Xanthomonas possuem, ou uma inserção de 5 pb ou a região 3‟ do locus avrBs2 divergentes. Linhagens de X. campestris pv. vesicatoria que possuem o gene avrBs2 são reconhecidas por hospedeiros (pimentão) que possuem o gene de resistência Bs2. Este trabalho é um exemplo da necessidade de se conhecer a seqüência do gene em detalhes, pois a simples amplificação ou detecção via Southern blot indicaria que ambos clones são positivos para o gene em questão. Na tabela 1 estão reunidas informações dos genomas bacterianos que foram ou estão sendo seqüenciados completamente. Embora a tendência desta lista é de crescer e aumentar a disponibilização destas informações, de grande importância são os trabalhos que visam caracterizar a funcionalidade destes genes. Na revisão de Van Sluys et al. (2002), encontram-se informações detalhadas da comparação do genomas de diversas bactérias fitopatogênicas. COMENTÁRIOS FINAIS Antes de ser um texto teórico, com a descrição de variadas técnicas 18 – Nelson A. Wulff e Elaine C. Martins RAPP – Volume 12, 2004 e possibilidades envolvidas na clonagem e seqüenciamento, os autores optaram por tratar o assunto de forma expositiva, fornecendo embasamento ao leitor interessado em buscar um ponto de partida no assunto. Objetivamos ressaltar o aspecto histórico destes processos, pois é importante dimensionar os avanços a que estamos sendo submetidos atualmente. Falar em clonagem, seqüenciamento e também em transgênicos, tornou-se corriqueiro e em muitas ocasiões virou manchete de jornal. Assim, é imperativo que o estudioso de fitopatologia tenha argumentos para entender e discutir o assunto, também como possibilidade de resolver questões prementes de sua especialidade. O emprego de técnicas de biologia molecular associado ao desenvolvimento de técnicas analíticas fornece dados detalhados das sutis relações entre o hospedeiro e patógenos. Compreender esta interação é o objetivo de todos nós. Nossa intenção foi assim, esclarecer o assunto proposto e contribuir para seu desenvolvimento, pois muito conhecimento foi gerado com esta tecnologia e muito será feito. LITERATURA CITADA ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K. & WATSON, J.D. 1994. Molecular biology of the cell. New York, Garland Publishing. ALTSCHUL, S.F.; GISH, W.; MILLER, W.; MYERS, E.W. & LIPMAN, D.J. 1990. Basic local alignment search tool. J. Mol. Biol. 215:403-10. ALTSCHUL, S.F.; MADDEN, T.; SCHAFFER, A.; ZHANG, J.; MILLER, W. & LIPMAN, D.J. 1997. Gapped BLAST and PSI-BLAST: a newgeneration of protein database search programs. Nucleic Acids Res. 25:3389-402. AMBROSE, B.J. & PLESS, R.C. 1987. Linear amplification sequencing. Focus 13:56-7. ANSORGE, W.; SPROAT, B.; STEGEMANN, J.; SCHWAGER, C. & ZENKE, M. 1987. Automated DNA sequencing: Ultrasensitive detection of fluorescent bands during electrophoresis. Nucleic Acids Res. 15:4593- 602. 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