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0 FACULDADE ATENEU Curso de Fisioterapia IVANA VIANA JEFFERSON SANTOS LIZANDRA VASCONCELOS WLADIA THISA SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FORTALEZA - CE 2016 1 IVANA VIANA JEFFERSON SANTOS LIZANDRA VASCONCELOS WLADIA THISA SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Trabalho científico apresentado ao curso de Fisioterapia da Faculdade Ateneu, como requisito parcial para a obtenção de aprovação na disciplina de Neuroanatomia do curso de bacharel em Fisioterapia. Orientador: Prof.ª Ms. Paula Pessoa de Brito Nunes FORTALEZA- CE 2016 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................03 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................04 2.1 PATOLOGIA......................................................................................................04 2.2 EPIDEMIOLOGIA.............................................................................................05 2.3 FISIOPATOLOGIA............................................................................................05 2.4 TRATAMENTO CLINICO................................................................................06 3 ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA..........................................................................08 4 CONCLUSÃO............................................................................................................09 5 REFERÊNCIAS.........................................................................................................10 3 1 INTRODUÇÃO A Síndrome de Guillain-Barré é uma polirradiculoneuropatia aguda pós-infecciosa, causada por respostas imunes exacerbadas contra algum nervo periférico, e de manifestações geralmente reversíveis, se apresentando normalmente após infecções bacterianas ou virais, acometendo principalmente crianças e adultos. (SÁNCHEZ et al, 2014) A doença atinge ambos os sexos, em porcentagem igualitária, sendo a faixa etária predominante de 20 a 30 anos apontados no estudo de Moraes et al. (2015) Caracteriza-se pela desmielinização de nervos motores e em alguns casos raros de nervos sensitivos. Segundo Moraes et al (2015) os sinais clínicos são evidenciados por perda de força muscular e ascendente de membros inferiores. O comprometimento de nervos cranianos e musculatura respiratória, diminuição de reflexos e arreflexia, estão incluidos. O prognostico leva em consideração as variáveis como, idade, gravidade e o grau de degeneração axonal. (BOLAN, 2007) O tratamento fisioterapêutico é realizado afim de reduzir ou eliminar limitações funcionais ou incapacidade, ajuda na produção do líquido sinovial, conservação da elasticidade muscular (KISNER; COLBY, 2005). E principalmente o fortalecimento muscular, além de prevenir sequelas residuais. O presente estudo surgiu a partir do interesse de se saber mais aprofundado sobre a síndrome de Guillain-Barré (SGB), apresentando dados epidemiológicos, sua fisiopatologia, a atuação da fisioterapia além dos métodos utilizados para diagnostico e tratamento clínico. Desta forma o presente trabalho poderá contribuir para a comunidade acadêmica e cientifica aprofundar o conhecimento e discussão sobre a SGB, verificando ainda os efeitos da fisioterapia no tratamento da síndrome. 4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Em 1859, Jean Baptiste Octave Landry de Thézillat, neurologista frânces descreveu o primeiro (1) caso de SGB. Já em 1916, Georges Guillain, Jean-Alexandre Barré, e André Strohl, neurologistas franceses descreveram o caso de dois (2) soldados com paralisia flácida aguda, e a subsequente, recuperação. A analise do liquor demostrou aumento das proteínas com contagem de células normais, possibilitando diferi-la da poliomielite. Já o termo Sindrorme de Guillain-Barré foi adotado por Claudian e Draganescu em 1927(JÚNIOR, 2015) Com o uso de novas técnicas eletrofisiológicas permitiu-se de acordo com o grau de lesão das raízes e nervos periféricos, a subclassificação da SGB em polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda (PDIA); neuropatia axonal motora aguda (NAMA); neuropatia axonal motora e sensitiva aguda(NAMSA) ou Sindrome de Miller-Fisher (SMF) quando atinge os nervos faciais e bulbares. (VUCIC, 2009) A etiologia e a fisiopatologia ainda não foram totalmente explicadas, entretanto a exposição a agentes infecciosos, provocando uma resposta imunológica, associada fatores genéticos são considerados determinantes na origem da doença. (MINISTERIO DA SAÚDE, 2009) 2.1 PATOLOGIA A SGB constitui atualmente, a causa de paralisia flácida aguda mais frequente no mundo. Tratando-se de uma mediação do sistema imune onde autoanticorpos e/ou células inflamatórias reagem contra epítopos das raízes e nervos periféricos, promovendo lesão da mielina. Isto provoca fraqueza (paralisia flácida) e insensibilidade, progredindo de forma ascendente, dos pés para a cabeça. O desenvolvimento pode esta relacionada a fatores individuais de suscetibilidade. (JÚNIOR, 2015) O principal aspecto da síndrome é a desmielinização dos nervos periféricos, impedindo a transmissão normal dos impulsos elétricos por causar inflamação e alterações degenerativas nas raízes nervosas sensoriomotoras, por isso há perda de sinais sensorial e motora simultaneamente. A paralisia ao evoluir, leva à perda de marcha e força de contratilidade da musculatura local. Em casos graves pode atingir a musculatura respiratória, necessitando de ventilação mecânica. (CHIO, 2003). 5 2.2 EPIDEMIOLOGIA A síndrome de Guillain-Barre, em sua forma típica produz déficit motor. Geralmente há uma história prévia de infecção. E com a expansão do vírus Zika no continente americano, a Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS / OMS) reforçam recomendações relacionadas a monitoração do vírus, incluindo acompanhamento de síndromes neurológicas e anomalias congênitas relacionadas aos efeitos do vírus Zika nos últimos anos, incluindo aqui a SGB e microcefalia entre outros. (Organização Pan-Americana da Saúde/ Organização Mundial da Saúde, 2016) Na Europa e América do Norte a síndrome é mais comum em adultos e aumenta progressivamente com a idade. Diversos estudos indicam uma maior tendência aos homens serem afetados (MCGROGAN et al, 2008). Segundo Shui (2012) a incidência no norte americano e principalmente nos Estados Unidos da América ocorre durante o inverno. Desde Fevereiro de 2014, até 17 de janeiro de 2016, 18 (dezoito) países e territórios americanos confirmaram a circulação do vírus ZIKA, são eles: Brasil, Barbados, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, San Martin, Suriname e Venezuela. (Organização Pan-Americana da Saúde/ Organização Mundial da Saúde, 2016) Estima-se a incidência anual de SGB no Brasil entre 0,4 e 4,0 casos por 100.000 habitantes por ano, e entre 3,5 a 12% dos pacientes morrempor causa de complicações durante a fase aguda (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015) diferindo do que aponta estudos realizados antes da circulação do vírus, em que a incidência era por volta de 0,6 casos/100.000 habitantes (ROCHA et al, 2004), devido as grandes discrepâncias encontradas nos poucos estudos epidemiológicos do país. 2.3 FISIOPATOLOGIA A SGB inicia com anormalidades sensitivas nas extremidades e evolução rápida da fraqueza generalizada. Certamente, por tratar-se de uma doença mediada pelo sistema imune. (CALVO et al,2012). Aproximadamente 2/3 dos casos da SGB são precedidos de quadro infeccioso. Entre os mais frequentes estão o Campilobacter jejuni, Citomegalovírus, vírus do Epstein-Barr, Mycoplasma pneumonie, influenza, e arboviroses transmitidos pelo Aedes Aegypti (CAUDIE et al,2011) Estudos histopatológicos evidenciaram a interação de anticorpos contra epítopos da membrana celular de certas bactérias (KAIDA et al, 2000) durante o processo de defesa do sistema imunológico, com consequência de a produção exagerada destes anticorpos poderem 6 atacar células do próprio organismo e a bainha de mielina dos nervos periféricos por identifica-los como agentes invasores devido a falhas de identificação. Várias evidências do papel dos receptores da porção Fc da imunoglobulina (FcRs) na patogenia da SGB foram encontrados. Por exemplo, os macrófagos são ativados após a ocupação dos seus FcR por anticorpos anti-gangliosídeos, consequentemente ocorre destruição da mielina, evidenciando a melhora clínica com o tratamento a base de IgEV (imunoglobulina endovenosa), que age através do bloqueio do FcR. Esse receptor tem sido encontrado em células de Schwann, perineurais, endoteliais e macrófagos endoneurais. Entretanto não está claro se indivíduos portadores de alelos diferentes do FcR possui risco maior para desenvolvimento da SGB. (DALAKAS et al, 1998) O envolvimento das raízes nervosas pode explicar a dor lombar com irradiação para as extremidades. A dor muscular ou articular possivelmente é decorrente de falta da mobilidade. Atividade anormal das vias sensitivas mielinizadas podem explicar as disestesias e parestesias (RUTS et al, 2010). Entretanto, estudos recentes demonstraram o envolvimento das fibras amielinizadas, como causa da dor e disfunção autonômica. (MARTINEZ et al, 2010) A evolução clinica é de rápida progressão dos sintomas, normalmente no perpassar de 3 (três) a 4 (quatro) semanas, podendo persistir por mais tempo e sequelas residuais acometidas por até 1 (um) ano ou mais. A diminuição dos impulsos nervosos pode acarretar em contraturas musculares involuntárias. Há a possibilidade de desenvolver quadros de pneumonia, pela dificuldade de respiração, levando a maiores chances de aspirar corpos estranhos para o pulmão. E a recuperação de força muscular, reflexos, e a saúde do paciente em si variam de 6 (seis) a 18 (dezoitos) meses ou mais do inicio sintomatológico (SOUZA e SOUZA,2007) 2.4 TRATAMENTO CLÍNICO O diagnostico clinico e laboratorial, afim de confirmar se o paciente apresenta SGB e qual sua classificação, além de excluir a suspeita de outra patologia neurológica com sintomas semelhantes é de suma importância, antes de iniciar qualquer tratamento. O protocolo clinico e diretrizes terapêuticas - guillain-barré do ministério da saúde propõe critérios clínicos baseados nos propostos por ASBURY e CORNBLATH (1990). São avaliados sinais e sintomas essenciais como fraqueza progressiva de mais de um membro ou musculatura craniana; hiporreflexia e arreflexia; sinais sensitivos leves ou moderados, progressão dos sintomas durante quatro (4) semanas e disfunção autonômica. 7 Através do diagnostico laboratorial, são utilizados exames específicos tais como analise do liquor, e eletroneuromiografia. Estes identificam se há elevação de proteínas e presença de linfócitos no liquor, demonstrando ainda anormalidades nos potenciais, velocidade e amplitude de condução sensitiva. Os linfócitos não podem exceder 10 celulas/mm³, senão pode existir outras causas de polineuropatia.( ASBURY e CORNBLATH,1990) O paciente com SGB, logo após ter sido diagnosticado corretamente, necessita ser admitido no hospital para iniciar o tratamento e passar por cuidados específicos. O primeiro tratamento consiste em tratar a progressão dos sinais e sintomas para a recuperação e minimização de sequelas posteriores. E o segundo tratamento é a antecipação e manejo das comorbidades associadas. O paciente, lida diretamente com uma equipe multidisciplinar. (MINISTERIO DA SAÚDE, 2009) Para a indicação do tratamento, é necessário determinar o subtipo da síndrome e a gravidade clinica. Atualmente o tratamento recomendado é a imunoglobulina humana endovenosa(IgEV) ou plasmaferese (MORAES et al,2015). A IgEV tem-se mostrado de grande eficácia apesar do seu mecanismo de ação ainda ter sido pouco explicado, estudos como o de DALAKAS(2004) apontam que a IgEV atuem neutralizando anticorpos patogênicos e regulação das células T. 8 3. ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA A fisioterapia busca reabilitar o paciente em sua total funcionalidade. Em casos de SGB a reabilitação é utilizada para restauração de força muscular, principalmente. Segundo Vaz et al. (2012), ao usar exercícios de Frenkel, há melhoras na propriocepção dos membros e coordenação motora. O tratamento para a fadiga muscular encontrados na SGB, é solucionada ou amenizada por um conjunto de exercícios funcionais, fortalecimento e aeróbica. (MATSUSHITA et al,2013). A recuperação e promoção completa acerca da funcionalidade dos indivíduos portadores de SGB, é possível, levando em conta a independência nas atividades da vida diária (AVD’s) e redução de prováveis sequelas (ARRUDA e MEJIA,2012). Nascimento et al(2012), realizaram o estudo sobre a influencia de hidrocinesioterapia na recuperação dos indivíduos, composta por exercícios terapêuticos, relaxamento e alongamentos. Comprovando que o programa de exercícios aliada a hidrocinesioterapia aceleram o retorno às atividades funcionais com melhora da qualidade de vida. Outro método utilizado é o Bobath que tem por finalidade preparar o paciente para as funções, mantê-las ou aprimora-las. Este método é indicado para patologias neurológicas, pois atua na facilitação de movimentos e reflexos de reações. Possibilitando a normatização do tônus muscular, favorecendo a execução dos movimentos com maior coordenação (DIAS, 2007). Com as possíveis complicações advindas da SGB, ganha espaço durante o tratamento a fisioterapia respiratória e motora. A fisioterapia respiratória constitui-se por aspiração da via aérea, reexpansão pulmonar, treinamento muscular, drenagem postural para mobilizar secreções, e o desmame de ventilação mecânica (CABRAL et al, 2012). Já a fisioterapia motora constitui-se de exercícios ativo-assistidos e passivos, tendo variação e dependência na melhora da fraqueza muscular. Outra ferramenta terapêutica bastante utilizada é a cinesioterapia composta por alongamentos globais. A co-contração; técnica moduladora do tônus muscular, e associações com hidroterapia. (CARVALHO e LOPES, 2013) 9 4 CONCLUSÃO Através do presente estudo possibilitou sintetizar o conhecimento acerca da Síndrome de Guillain-Barré para um melhor entendimento sobre causas, sintomas e características. Apontando as contribuições que a fisioterapia leva na melhora da qualidade de vida dos pacientes, tanto em força muscular e realização de movimentos, como nas possíveis sequelas.Entretanto, ressalta-se a necessidade de realizações de outros estudos, tendo em vista o pequeno número de estudos sobre o assunto, principalmente no que trata da epidemiologia em âmbito regional e nacional. 10 5 REFERÊNCIAS ARRUDA TS, MEJIA DPM. Atuação fisioterapêutica na reabilitação da funcionalidade em paciente pós - síndrome de guillain-barré. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós- graduação em Fisioterapia Neurofuncional) – Faculdade Ávila, 2012. ASBURY AK, CORNBLATH DR. Assessment of current diagnostic criteria for Guillain- Barré syndrome. Ann Neurol. v.27, 1990 BOLAN RS, BÓ KD, VARGAS FR., MORETTI, GISLENE RF, ALMEIDA LP de, ALMEIDA GKP de, DIAS PVL. Síndrome de Guillain-Barré. Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul. v. 51, n.1. p 58-61, 2007 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. 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