Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
429 José Aonso Dallegrave Neto Espécies de responsabilidades no contrato de trabalho A responsabilidade civil encerra requisitos de con!guração que variam quando decorrentes da teoria subjetiva ou da teoria objetiva. Assim, em se tratando de responsabilidade com arrimo na culpa, temos os seguintes ele- mentos: dano; < ato ou omissão ilícita; < nexo causal. < Entretanto, quando a responsabilidade se deve ao risco da atividade, temos: dano; < atividade de risco; < nexo causal. < A chamada assunção do risco da atividade econômica pela empresa, apli- cável ao contrato de trabalho, é sucedânea do próprio poder de comando do empregador, que ao traçar as suas linhas de atuação acaba se responsabili- zando pelos desígnios da atividade: seus bônus e ônus; lucros e prejuízos (ubi emolumentum, ibi onus). Em se tratando de responsabilidade civil contratual, o dever jurídico vio- lado resulta da inexecução de uma obrigação contratual preexistente, a qual decorre da autonomia privada (o contrato). Ao contrário, na responsabilidade extracontratual é a violação da lei ou da ordem jurídica que dará ensejo à re- lação jurídica obrigacional entre agente e vítima (dever de indenizar). Elementos da responsabilidade civil Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 430 Elementos da responsabilidade civil A obrigação de trabalhar é de meio, enquanto a obrigação de remunerar é de resultado. Dessa forma, o empregador assume o resultado da atividade desempe- nhada pelo empregado. Vale dizer: em troca da energia despendida, o empregado receberá, sem qualquer risco, o salário ajustado e os direitos assegurados em lei. Inexecução contratual Tanto o inadimplemento quanto a mora são formas de inexecução contratual. Nesse sentido prescrevem os artigos 389 e 394 do Código Civil (CC). Ambos con!- guram-se quando passíveis de serem imputados ao devedor. Logo, a força maior ou a culpa exclusiva do credor descaracterizam o inadimplemento e a mora. O inadimplemento é a inexecução absoluta, enquanto a mora implica inexecu- ção relativa. O inadimplemento se caracteriza pela impossibilidade da prestação ou mesmo quando o devedor se nega a cumpri-la. Já a mora pode ser purgada, se assim desejar o devedor e desde que a prestação ainda seja possível de ser realizada. A mora pode ser ex re ou ex persona. A primeira se opera de pleno direito a contar da data de seu vencimento, enquanto que a mora ex persona caracteriza-se com a noti!cação do devedor, nos casos em que não há dia certo para o cumpri- mento da prestação. Não se confunde mora solvendi – imputável ao devedor quando a prestação ainda é possível – com mora accipiendi, assinalada pela injusta recusa do credor em aceitar o cumprimento da obrigação na forma, lugar e tempo devidos. O artigo 407 do CC prevê a incidência de juros pela mora do devedor, indepen- dente de alegação do prejuízo do credor, quando da !xação do valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento ou acordo entre as partes. Tais juros morató- rios são uma espécie de indenização mínima, legalmente presumida, pelo retar- damento do cumprimento da obrigação, pelo que são sempre devidos. Numa visão moderna, a inexecução contratual importa não só a inadimplência da obrigação principal, mas também o não cumprimento da obrigação secundá- ria ou de algum dever anexo de conduta. Obrigações principais são aquelas que constituem o próprio núcleo de!nidor do contrato. Na esfera trabalhista, a obrigação principal do empregado é de meio e se traduz em trabalhar de maneira subordinada e de acordo com as diretivas da Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Elementos da responsabilidade civil 431 empresa-empregadora. Já a obrigação principal da empresa é de resultado e con- siste em remunerar o trabalho prestado, de acordo com o valor pactuado e nos termos das normas legais e coletivas que incidem sobre o contrato. Obrigações secundárias podem ser subdivididas em duas: aquelas meramente acessórias às obrigações principais, as quais preparam o seu regular cumprimen- to e as obrigações secundárias com prestação autônoma, que revelam verdadei- ros sucedâneos da obrigação principal, como dever de indenizar resultante da impossibilidade culposa da prestação. Por derradeiro, deveres anexos de conduta são aqueles que têm sua origem e são informados pela boa-fé. Não apenas a boa-fé crença, que vincula a declara- ção !rmada, mas, antes, a boa-fé objetiva representada pela lealdade que orienta o comportamento reto dos sujeitos da relação obrigacional, sobretudo, aquela duradoura e complexa, como é o caso do contrato de trabalho. São espécies os seguintes deveres: de proteção; < de esclarecimento; < de lealdade. < Os primeiros visam elidir danos mútuos nas pessoas e nos patrimônios dos contratantes. Os segundos obrigam as partes a informarem-se mutuamente de todos os aspectos do vínculo, bem como os efeitos que da execução contratual possam advir. Os últimos impõem aos contratantes absterem-se de comporta- mentos que possam falsear o objetivo do contrato ou causar desequilíbrio acerca da comutatividade das prestações. Ato ilícito e culpa O elemento culpa é relevante nas hipóteses de responsabilidade subjetiva, sendo desprezado nas responsabilidades objetivas, as quais requerem apenas a comprovação do dano e do nexo causal em relação à atividade de risco. A culpa integra o conceito de ato ilícito que, por sua vez, caracteriza-se como todo ato voluntário do homem que contraria a ordem jurídica. Assim, ato ilícito é a antijuridicidade oriunda de ação voluntária com culpa do agente. Essa noção é necessária para diferenciar culpa de dolo, ambas pertencentes à “culpa lato Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 432 Elementos da responsabilidade civil sensu”. No dolo há uma tríplice coincidência entre vontade manifestada, intenção desejada e resultado obtido; na culpa o agente decide pela conduta praticada, sem desejar o resultado malé!co, o qual é, todavia, previsível devido à negligên- cia, imprudência e imperícia praticadas. Nessa esteira taxionômica, a negligência ocorre pela ausência de cautela ade- quada do agente, con!gurada por uma atitude omissiva. A imprudência caracte- riza-se pela falta de cuidado caracterizada numa atitude comissiva. Finalmente, a imperícia traduz-se pela falta de habilidade no exercício de atividade pro!ssional ou técnica. A imputabilidade é, pois, elemento indissociável da culpa, podendo ser con- ceituada como o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para poder responder pelas consequências de uma conduta contrária ao dever. Mencionem-se ainda os casos em que o agente atua em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido. A rigor, nessas situações não há responsabilidade, porque sequer existe ato ilícito (CC/2002, art. 188, I). Culpa in eligendo é aquela que procede de má escolha do representante ou preposto da empresa. Culpa in vigilando provém da ausência de correta !scali- zação ou vigilância do empregador em relação aos atos dos empregados que se encontram sob sua subordinação. Tais espécies são relevantes, principalmente, para fundamentar a responsabilidade do empregador por ato danoso praticado por seu empregado contra terceiro. Dano materiale moral O dano constitui a essência da responsabilidade civil. Sem dano pode até exis- tir responsabilidade penal, mas jamais civil. A indenização quando dissociada do dano é locupletamento. Quando o dano repercute sobre o patrimônio da vítima, entendido como aquele suscetível de aferição em dinheiro, denominar-se-á dano patrimonial. Ao revés, quando a implicação do dano violar direito geral de personalidade, atingin- do interesse sem expressão econômica, dir-se-á, então, dano extrapatrimonial. O dano material encerra perdas e danos que alcança os danos emergentes e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Elementos da responsabilidade civil 433 os lucros cessantes (CC, art. 402), exigindo-se assim a prova concreta do prejuízo sofrido pela vítima. Enquanto o dano emergente retrata o prejuízo atual, o lucro cessante envolve o prejuízo futuro, o qual pode se manifestar sob dupla forma: como continuação do dano atual ou como dano futuro propriamente dito. No dano moral, o valor é arbitrado pelo juiz que visa a uma compensação !- nanceira para a vítima, sendo desnecessária a prova do prejuízo moral, o qual é presumido da própria violação à personalidade da vítima. O dano moral objetivo atinge a dimensão moral da pessoa em seu meio social, envolvendo o prejuízo de sua imagem, enquanto o dano moral subjetivo está rela- cionado com o mal sofrido pela pessoa em sua subjetividade, em sua intimidade psíquica, sujeita à dor ou sofrimento próprios. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, conforme prevê a Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e desde que atinja a honra objetiva (difamação), sendo impróprio falar em honra subjetiva (calúnia ou injúria) da empresa. Atualmente é indiscutível a admissão do dano extrapatrimonial em matéria contratual, o qual pode se manifestar pelo: não cumprimento de uma obrigação; < cumprimento defeituoso; ou < quebra de deveres secundários derivados da boa-fé. < Das três formas já vistas, a de maior incidência é o dano moral oriundo do descumprimento de dever anexo de conduta, que se subdivide em dever de pro- teção, informação e lealdade. Se de um lado é comum o empregador cumprir de forma regular sua obrigação principal, de outro, todavia, veri!ca-se, amiúde, seu total desrespeito em relação aos direitos de personalidade do trabalhador. No campo da responsabilidade civil, o solidarismo constitucional manifesta- -se na postura dos julgadores em buscar a reparação efetiva do dano in>igido ao trabalhador, enxergando-o em sua essência, não apenas como um sujeito de direito de uma relação jurídica, mas antes como gente em sua essência humana e digna. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 434 Elementos da responsabilidade civil Nexo causal e excludentes da responsabilidade Não há indenização sem a presença do dano, bem assim quando ausente o nexo causal entre o dano e a culpa (ou atividade de risco) do agente. Ambos os elementos (dano e causalidade) são imprescindíveis tanto na responsabilidade civil contratual e aquiliana, quanto na responsabilidade subjetiva e objetiva. Em relação ao contrato de trabalho, o nexo causal aplica-se nas duas espécies de responsabilidade civil, tendo relevo especial naquela em que o dano provém do simples cumprimento regular do contrato, independentemente da culpa do empregador. Apesar de, nessa responsabilidade, o empregado não precisar comprovar a ocorrência de ato ilícito do empregador, para fazer jus à reparação, deverá provar que o dano sofrido teve como causa o mero cumprimento regular do contrato de trabalho. A expressão efeito direto e imediato contida no artigo 403 do CC exprime a ideia de que nem todas as causas têm relevância na imputação do dano, mas apenas aquela que for mais direta, a mais determinante, não bastando que o ato ilícito se erija em causa indireta ou remota do dano. O dever de reparar o dano pode ser elidido, a rigor, em quatro situações: culpa exclusiva da vítima; < fato de terceiro; < força maior; e < cláusula de não indenizar. < É preciso distinguir o dano que tenha sido motivado por culpa exclusiva da vítima do dano em que tenha havido culpa concorrente da vítima. O primeiro caso a!gura-se como fator excludente de indenização, posto que o aparente agente atua apenas como um instrumento do acidente, não se podendo falar em liame de causalidade entre seu ato e o prejuízo experimentado pelo ofendido. Na segunda situação, a culpa concorrente da vítima terá o condão de apenas abran- dar a indenização, conforme previsão do artigo 945 do CC. Quanto ao fato de terceiro, tido como pessoa diversa do agente e do ofendido, resta saber se foi ele o causador único ou concorrente do dano sofrido pela vítima Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Elementos da responsabilidade civil 435 ou ainda se o terceiro não é um preposto da empresa ou mesmo colega de traba- lho da vítima. Do contrário, por força do que dispõe a lei, a responsabilidade civil recairá solidariamente ao agente direto e ao empregador. Por intermédio da aplicação analógica do parágrafo 2.º, do artigo 501 combi- nado com o artigo 502, ambos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a força maior não elide o direito à indenização pelo empregado, sendo, contudo, devida pela metade quando ela for capaz de afetar substancialmente a empresa ou sua situação econômica. Por !m, consigne-se como fato excludente da responsabilidade as chamadas cláusulas de não indenizar. Fruto da autonomia privada, tal avença não encontra margem de aplicação em nosso sistema jurídico marcado pelo solidarismo cons- titucional (art. 1.º, III e art. 3.º, I), senão em situações especialíssimas. Sua aplicação é inviável perante os contratos individuais de trabalho, seja porque se trata de um contrato de adesão, seja porque um dos contratantes é considerado hipossu!- ciente, seja porque tal ajuste fere frontalmente o conceito legal de empregador, previsto no caput do artigo 2.º, da CLT, e a função social da empresa, conforme enuncia o artigo 170, III, da Constituição Federal (CF). Ampliando seus conhecimentos Recomenda-se a leitura dos livros: Curso de Direito Civil, de Silvio Rodrigues, editora Saraiva. Curso de Direito Civil, de Maria Helena Diniz, editora Saraiva. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 437 José Aonso Dallegrave Neto Assédio sexual e moral: conceito e alcance Por assédio temos qualquer insistência impertinente junto a alguém com perguntas e pretensões. Também está presente a ideia de cercar alguém a %m de alcançar objetivos mesquinhos, através de meios espúrios. A expressão consagrada é mobbing, derivação do verbo to mob que traduz justamente a ideia de cercar, agredir, assediar, atacar, emboscar. Para o operador do Direito do Trabalho interessa tanto o assédio sexual quanto o moral manifestado no ambiente de trabalho. O assédio sexual está previsto como crime, por força da Lei 10.224/2001, que acrescentou ao Código Penal (CP) o artigo 216-A: Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência ineren-tes ao exercício de emprego, cargo, ou função. Pena: detenção de 1 a 2 anos. Em relação ao assédio moral, importa registrar a falta de regulamentação legal como conduta típica, apesar da existência de vários projetos de lei e da possibilidade de reparar os danos materiais e morais decorrentes dessa ardilosa prática com fundamento no artigo 5.º, X, da Constituição Federal (CF) e por 9agrante ofensa à boa-fé contratual e à con%ança negocial esperada pelas partes. Pode-se conceituar o assédio moral como todo ato advindo do emprega- dor, superior hierárquico ou colegas que traduzem uma atitude de contínua e ostensiva perseguição que possa acarretar danos relevantes às condições físicas, psíquicas e morais da vítima (GUEDES, 2003, p. 33). O prejuízo moral da vítima, de ordem psíquico-emocional, decorrente do ato malicioso e doloso do agente enseja a presença dos três elementos da res- ponsabilidade civil: ato culposo, dano e nexo causal. Com efeito, nos termos Assédio sexual e moral nas relações de trabalho Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 438 Assédio sexual e moral nas relações de trabalho do artigo 927 do Código Civil (CC), os danos materiais e morais advindos são repa- ráveis. Não se negue que o forte abalo psicológico in9igido à vítima ofende o seu direito de personalidade, particularmente a sua honra e intimidade. Tanto o assédio sexual como o moral só são admitidos na forma dolosa, uma vez que o assediante, quando molesta a vítima o faz adrede, com o objetivo deli- berado de se satisfazer sexualmente ou de destruir emocionalmente a vítima. O constrangimento necessário à caracterização do assédio moral ou sexual se dá pelo comportamento reiterado do agente e pela postura indesejada e constran- gedora da vítima. Além do objetivo diverso visado pelos assediantes, as duas %guras distinguem- -se pelo status jurídico do agente e da vítima. Assim, enquanto no assédio sexual o assediante sempre terá ascendência hierárquica sobre a vítima, no assédio moral é possível que ela seja o próprio superior hierárquico de um grupo de subalternos que, ardilosamente e em conjunto, tramam a exclusão da che%a. Efeitos contratuais decorrentes da prática do assédio O assédio praticado pelo empregador, além de caracterizar descumprimento de obrigação contratual, afeta a honra do empregado, autorizando-o a deixar o emprego para postular em juízo a rescisão indireta do contrato, com esteio no artigo 483, “d” e “e”, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Sendo o assediante não a pessoa física do empregador, mas empregado supe- rior hierárquico da vítima, a conduta ilícita do agente ensejará a rescisão de seu contrato de trabalho por justa causa, com base no artigo 482, “b” e “j”, da CLT. Responsabilidade indireta da empresa Se o assediante for um empregado investido de cargo hierarquicamente su- perior ao da vítima e, nessas circunstâncias, constrange-a de forma reiterada para se satisfazer sexualmente ou obter vantagens pessoais, causa-lhe inevitável dano moral. Com efeito, o empregador será responsabilizado por ato praticado por seu preposto (assediante), consoante dispõem o artigo 932, III, e o artigo 933, ambos do CC. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Assédio sexual e moral nas relações de trabalho 439 O empregado assediado poderá ingressar com ação trabalhista contra seu em- pregador, pleiteando, além da rescisão indireta do contrato de trabalho, a repara- ção civil dos danos morais e materiais decorrentes. Cabe ao empregador propor ação trabalhista de regresso em face do asse- diante. Se desejar, poderá optar pela denunciação à lide (CPC, art. 70, III), ocasião em que o mesmo processo de execução da sentença condenatória servirá para a vítima executar o empregador e este excutir o assediante que foi denunciado no processo. No caso especí%co de ocorrência de assédio sexual, além da superveniência de efeitos trabalhistas e civis, incidirá consequência criminal prevista no próprio artigo 216-A do Código Penal, qual a sujeição do assediante à pena de um a dois anos de detenção. Em relação ao assédio moral, a despeito de ainda não haver tipi%cação penal especí%ca, é possível, conforme o caso e a gravidade da situação, o assediante incorrer em inúmeras %guras delituosas previstas no CP, dentre as quais: os crimes contra a honra, a liberdade individual, perigo de vida e da saúde, indução ao sui- cídio, entre outros. Nos termos do artigo 935 do CC, a responsabilidade civil independe da cri- minal, não se podendo questionar sobre a existência do fato ilícito ou sobre sua autoria, quando essas questões já estiverem decididas no juízo criminal. Dano material e moral A indenização do dano decorrente do assédio moral e sexual, porque direta- mente imbricado à dignidade do homem, há que ter função não apenas com- pensatória em relação à presumida dor moral da vítima, mas também um papel pedagógico, acoimando o assediante em valor que o desestimule à reincidência do ato ilícito. Prova judicial do assédio A prova judicial da prática do assédio sexual e moral é de extrema di%culdade para a vítima, posto que, na maioria das vezes, o assediante age de forma pusilâ- nime e sob “portas fechadas”. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 440 Assédio sexual e moral nas relações de trabalho O julgador deve ser sensível no momento de coligir a prova do assédio, seja para não cometer injustiça diante de uma suposta acusação leviana e infundada, mas, sobretudo, para fazer justiça à vítima que, além de sofrer dano irreparável, se vê prejudicada na produção de prova cabal, diante da argúcia do assediador que geralmente tenta agir sem deixar indícios. Exigir prova robusta e inconcussa da vítima, implicará rejeitar quase todas as pretensões de reparação de dano por assédio. Ao magistrado será possível a uti- lização das máximas de experiência, as quais servem para a apreciação jurídica (subsunção) dos fatos, particularmente quando a aplicação do direito depender de juízos de valor, como são os casos de assédio sexual e mobbing. Ampliando seus conhecimentos ASSÉDIO sexual. Título original: Disclosure. Levinson, B. EUA: Warner Bros, 1994. 128 min. (Filme). TEMPOS modernos. Título original: Modern times. Chaplin, C. EUA: Warner Bros, 1936. 88 min. (Filme). Terror Psicológico no Trabalho, de Márcia Novaes Guedes, editora LTr. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br
Compartilhar