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Mecânica I 1 Introdução Conceitos Fluido Qualquer substância capaz de escoar e assumir a forma do recipiente que a contém. O fluido pode ser líquido ou gasoso. Hidráulica É a ciência que estuda os fluidos em escoamento e sob pressão. Sistemas óleo-hidráulicos São sistemas transmissores de potência ou movimento utilizando como elemento transmissor o óleo. Podem ser classificados de duas formas: estáticos e cinéticos. Sistemas óleo-hidráulicos estáticos São sistemas onde a energia utilizada é potencial com fluido sob alta pressão e baixa velocidade (até 1.000 bar). Os sistemas óleo-hidráulicos estáticos podem ser também denominados de óleo-hidráulicos. Sistemas óleo-hidráulicos cinemáticos São sistemas onde a energia utilizada é cinética (180 km/h ou 50 m/s). Esquema geral de um sistema hidráulico De acordo com o tipo de aplicação, existe uma grande infinidade de tipos de circuitos hidráulicos, porém, todos seguem um mesmo esquema, que pode ser dividido em três partes principais: Sistema de geração Bombas reservatórios, filtros, motores, acumuladores e outros acessórios. Sistema de distribuição e controle Constituído por: válvulas de vazão, válvulas de pressão e válvulas de controle direcional. Sistema de aplicação de energia Atuadores, motores hidráulicos e osciladores. Vantagens e Desvantagens dos sistemas hidráulicos O sistema hidráulico é empregado quando se tenta evitar ou é impossível empregar-se sistemas mecânicos ou elétricos. Fazendo uma comparação entre estes três sistemas, analisando as vantagens e desvantagens do emprego do sistema hidráulico, tem-se: Vantagens • Fácil instalação e grande flexibilidade frente aos sistemas mecânicos; • Devido à baixa inércia, permitem uma rápida e suave inversão de movimentos, não ocorrendo o mesmo nos sistemas mecânicos e elétricos; • Possibilidade de variações micrométricas na velocidade; • São sistemas autolubrificados; • Possuem pequeno peso e tamanho com relação a potência consumida; • São sistemas de fácil proteção; • O óleo é um excelente condutor de calor. Desvantagens • Custo inicial é alto; • Baixo rendimento, que é devido a três fatores: � Vazamentos internos em todos os componentes; � Atritos internos e externos; � Transformação de energia elétrica em mecânica e mecânica em hidráulica para, posteriormente, ser transformada novamente em mecânica. Comparação com sistemas pneumáticos Os sistemas hidráulicos possuem um controle de força (pressão) e velocidade (vazão) mais apurado do que os sistemas pneumáticos, além de poderem trabalhar em pressões bem mais elevadas, possibilitando uma maior transmissão de potência. Perdem apenas no custo onde os sistemas pneumáticos apresentam um investimento menor. sistema gerador sistema de controle sistema de aplicação transmissão transmissão Mecânica I 2 Princípios Básicos Força e Pressão Força é qualquer influência capaz de produzir uma alteração no movimento de um corpo. Pressão (P) é a medida de intensidade de uma força. È a razão entre a força (F) e a superfície (A) de forma que saberemos dizer a força aplicada por unidade de área considerada. A FP = APF .= Unidades de pressão 1 bar = 0,9689 atm = 1,02 kgf/cm2 = 105 Pa = 1,02.104 mmH2O = 750,1 mmHg = 14,52 PSI (lb/pol2) Pressão atmosférica é a pressão exercida pela coluna de ar sobre um determinado ponto. É medida pelo Barômetro. Pressão hidrostática/manométrica/hidráulica é a pressão exercida pela coluna de fluido sobre um determinado ponto. É medida pelo manômetro. Pressão total é a soma das pressões atmosférica e hidrostática. Lei de Pascal "Toda a pressão aplicada sobre um fluido confinado em um determinado recipiente age igualmente em todas as direções, perpendicularmente à parede do recipiente." Princípio da conservação de energia "Com um pequeno esforço e grande deslocamento conseguimos um grande esforço com pequeno deslocamento, representando trabalhos iguais". Nós não criamos a energia, ela está lá, sob outra forma. O que fizemos é a transformação da energia. "Na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma", Lavoisier. Princípio de Bernoulli "A soma da pressão e energia cinética, nos vários pontos de um sistema, é constante, para uma vazão constante". A pressão no ponto "C" será menor porque é maior a velocidade do fluido. Portanto a pressão estática de um líquido em movimento varia em relação inversa a sua velocidade, i.é., quanto mais aumenta a velocidade de um fluido, mais diminui a pressão. EcEpE == g vPhE 2 2 ++= γ E = energia h = altura manométrica Ep = energia potencial P = pressão Ec = energia cinética γ = peso específico g = acel. da gravidade v = velocidade do fluido h =energia potencial específica P/γ = energia potencial de pressão v2/2g = energia cinética Vazão (Q) A vazão de um fluido pode ser determinada de duas formas distintas: 1. Pela razão do volume (V) escoado do fluido por unidade de tempo (t); t VQ = 2. Pelo produto da velocidade (v) do fluido pela área (A)a qual o mesmo está escoando. AvQ .= Unidades de vazão l/min, g.p.m., m3/s Perda de carga Durante o escoamento do fluido através do sistema hidráulico, pode ocorrer uma perda de pressão (perda de carga) que é devida a vários fatores: • comprimento da tubulação; • diâmetro da tubulação; • rugosidade interna da tubulação; • quantidade de curvas e conexões; • velocidade de escoamento; • viscosidade do fluido; • densidade do fluido; • fluxo laminar ou turbulento. Fluxo laminar Quando as partículas de um fluido se deslocam através do tubo paralelamente. Isso ocorre em baixas velocidades e nos tubos retos e em curvas suaves. Com fluxo laminar o atrito é mínimo. Fluxo turbulento Quando as partículas não se movimentam suavemente nem paralelamente à direção do fluxo. São mudanças bruscas na direção do fluxo pelo fluido viscoso ou em velocidades excessivas, ocasionando um aumento do atrito. Outras considerações sobre perda de carga As restrições (obstrução ao fluxo do fluido) contribuem sobremaneira para a perda de carga do sistema e conseqüentemente a um aquecimento do fluido. Quando o fluxo encontra uma resistência, ocorre um atrito entre as moléculas (polímeros) e assim o aquecimento do fluido. Outro fator a ser levado em consideração é vazamento. Todo o elemento de união mal dimensionado concorre com vazamento que causarão perdas de carga e prejuízo a empresa, pois na maioria das vezes o fluido de vazamento é perdido. Mecânica I 3 Mecânica I 4 Bombas hidráulicas Introdução São máquinas operatrizes hidráulicas que conferem energia ao líquido, com a finalidade de transportá-lo de um ponto para outro. Podem ser de dois tipos: • Bombas centrífugas (deslocamento dinâmico); • Bombas volumétricas (deslocamento positivo). Bombas centrífugas São máquinas em que a movimentação do líquido é produzida por forças que se desenvolvem na massa líquida, em conseqüência da rotação de um rotor, dotado de certo número de pás especiais. São utilizadas principalmente na transferência de líquidos, sendo que, durante a operação, o único tipo de resistência encontrada é aquele causado pelo próprio líquido ou ainda do atrito encontrado no escoamento pelas tubulações. Como não existe um contato direto entre o rotor e a carcaça, não existe uma boa vedação entre a sucção e a descarga, ocasionando uma grande quantidade de vazamentos internos que concorrerá para uma baixa eficiência volumétrica. Em virtude disso, esse tipode bomba opera com líquidos contaminados ou de baixa viscosidade (como a água), já que apenas a força centrífuga será responsável pela geração de vazão. Normalmente a pressão máxima gira em torno de 7 bar. Podem ser classificadas de acordo com suas principais características: a) Quanto à movimentação geral do líquido através do rotor: • Radial: quando o movimento do líquido dá-se em direção normal ao eixo de rotação da bomba. Utilizada para baixas vazões e elevadas pressões; • Fluxo misto: quando o movimento do líquido dá-se em direção inclinada em relação ao eixo de rotação da bomba. Utilizada em médias vazões e médias pressões; • Axiais: quando o movimento do líquido dá-se paralelamente à direção do eixo de rotação. Utilizada em elevadas vazões e baixas pressões. b) Quanto ao número de estágios • Simples: um único rotor (até 150 mca); • Múltiplos: mais de um rotor (acima de 150 mca). c) Quanto ao tipo de rotor • Fechado: aplicado para líquidos limpos e de baixa viscosidade; • Aberto: aplicado para líquidos sujos e de alta viscosidade; • Semi-aberto: aplicações intermediárias aos anteriores. Ar na sucção da bomba Vejamos porque ao entrar ar pela gaxeta da bomba ao quando a tubulação de sucção está vazia, a bomba centrífuga não é capaz de iniciar o fluxo. Sabe-se que a altura de elevação para uma bomba centrífuga independe do fluido, logo a energia necessária para que o fluido se desloque de 1P a 2P , se a bomba estiver operando com água (γ = 1.000 kgf/m3) e admitindo H=10 mca, será: 22 12 /1/000.1010000.1. cmkgfmkgfxHPP ====− γ S e a tubulação contiver ar (γ = 1.2 kgf/m3), a bomba desenvolve uma pressão diferencial de apenas: 22 12 /0012,0/12102.1. cmkgfmkgfxHPP ====− γ N ão podendo mais impulsionar água pela tubulação como vinha fazendo antes. Bombas volumétricas Uma vedação mecânica separa a entrada e saída da bomba, e o volume de fluido succionado é transferido para o lado de saída e fornecido para o sistema. Essas bombas são geralmente apresentadas pela sua capacidade máxima de pressão a que pode resistir e vazão nominal, a partir de uma determinada rotação e potência fornecidas. A vazão da bomba aumenta ou diminui em uma relação direta com a rotação fornecida. As bombas podem ser de deslocamento fixo ou variável, sendo que, as variáveis podem ter a possibilidade de variar a vazão de um valor máximo até zero, em sentido único ou com reversão de sentido. A seguir demonstramos alguns tipos de bombas volumétricas mais aplicadas para sistemas com óleo. a) Bomba manual: é aquela que é acionada pela força muscular do operador. É de grande importância, pois quando falta energia que acionava outro tipo de bomba, e temos de executar um trabalho inadiável (fundição), utilizamos a bomba manual como recurso. b) Bomba de engrenagens: é uma bomba que cria uma determinada vazão devido ao constante engrenamento e desengrenamento de duas ou mais engrenagens. É geralmente utilizada para pressões de até 210 bar e vazão de até 660 l/min, ou em circuitos que requeiram baixas ou médias vazões e pressões relativamente altas. A grande vantagem é a robustez, já que possui apenas duas peças móveis. Em contrapartida existem desvantagens, tais como: ruído excessivo no funcionamento, vazão fixa e necessidade de válvula de alívio além de uma vida limitada. Mecânica I 5 c) Bomba engrenagens internas: as engrenagens movem- se na mesma direção. Este tipo de bomba apresenta uma construção mais compacta, fornecendo uma vazão mais suave e menor ruído, sendo mais cara, o que limita bastante a sua aplicação. d) Bomba tipo Roots: seu princípio de funcionamento é idêntico ao da bomba de engrenagens, sendo que as engrenagens, são substituídas pelos rotores do tipo Roots. e) Bomba de parafuso: nesse tipo de bomba, as engrenagens são substituídas por parafusos que agem como dois pares engrenados. É utilizada em circuitos que exigem uma vazão uniforme sem qualquer tipo de pulsação. Permite um número de rotações elevado, podendo chegar até a 5.000 rpm, fornecendo tanto pequenas como grandes vazões. Devido à construção deste tipo de bomba ser muito trabalhosa, seu custo também é elevado. f) Bomba de palhetas: é constituída de uma carcaça e um rotor excêntrico com ranhuras, nas quais se encontram as palhetas. Produz a ação de bombeamento ao fazer com que as palhetas acompanhem o contorno da carcaça. Nessa bomba não há a necessidade de válvulas de alívio, há um menor aquecimento do fluido, pode Ter vazões variáveis, além de um baixo consumo de potência. g) Bomba de pistões: geram a ação de bombeamento ao fazer com que os pistões se alternem dentro de um tambor cilíndrico. Consiste basicamente de um tambor cilíndrico, pistões com sapatas, placa de deslizamento, sapata, mola da sapata e placa de orifício. Existem bombas de pistões radiais e axiais. A variação da vazão é controlada pela inclinação do prato guia que varia o curso dos pistões. Podem alcançar pressões de até 700 bar. Podem ser bombas de pistões radiais e axiais. Alinhamento da bomba com o motor Existem duas possibilidades de desalinhamento: axial e angular. Quando a bomba está inclinada ou em desnível com o motor, haverá um esforço sobre o eixo que será transmitido às partes girantes internas da bomba, ocasionando o desgaste prematuro e também a quebra instantânea da bomba logo no princípio de funcionamento. Isso pode ser corrigido utilizando acoplamentos flexíveis que permitem uma pequena faixa de erro que possa ocorrer na junção. Mecânica I 6 Bombas em série e paralelo Existem casos em que a bomba de um circuito hidráulico não consegue succionar fluido do reservatório por possuir baixo poder de sucção e, existem outros em que, por mais que seja a vazão fornecida por uma bomba, não conseguimos alimentar satisfatoriamente o sistema. Como soluções para esses problemas, podemos apresentar dois artifícios. Bombas em série Com ponto de partida, devemos observar na prática que pressão não se soma. Portanto se quisermos elevar a pressão máxima de um sistema, de nada adianta colocarmos duas bombas ou mais em série. Utilizamos o circuito de bombas em série quando ocorre o primeiro tipo de problema, i.é, a bomba tem baixo poder de sucção. O sistema de bombas em série também é chamado de circuito supercharging. No circuito da figura acima, a bomba 1 é uma bomba de baixo poder de sucção. Por essa razão foi introduzida no sistema a bomba 2 cuja função é somente alimentar a bomba 1. A válvula de controle de vazão 3 não permite que a vazão excessiva seja lançada pela bomba 2 para a bomba 1. Bombas em paralelo Sabemos que é possível a soma de vazões. Suponhamos que em determinado circuito, queremos que a aproximação do cilindro seja rápida e que a execução do trabalho seja lenta, porém, à plena carga. Se na aproximação do cilindro precisamos de uma carga tal que não temos bomba disponível no mercado, lançamos mão do circuito de bombas em paralelo que alguns autores denominam de circuito de alta e baixa pressão e outros de alta e baixa vazão. Observamos o circuito, supondo que o cilindro 1 está recolhido, acionamos a válvula de controle direcional 2 para a direita ligando o solenóide S1. Imediatamente a soma das vazões das bombas A (baixa vazão e alta pressão) e B (alta vazão e baixa pressão) dirigem-se para a tomada la do cilindro enquanto que o fluido do lado da haste sai pela tomada lb, dirigindo-se para o reservatório passando pela válvula direcional 2 e pelo filtro de retorno. Quando termina a aproximação do cilindro e começa a execução do trabalho, a pressão aumentaaté 28 bar, quando ocorre a abertura da válvula de descarga 4 através do duto piloto 5. Nesse momento, toda a vazão da bomba B é desviada para o reservatório e, podemos notar que a válvula de retenção simples 6 evita que a vazão fornecida por A seja desviada para tanque através da válvula 4, ou seja, se dirija a bomba B danificando-a. Assim sendo, o único caminho que o fluido fornecido por A pode seguir, é a tomada 1a do cilindro. Ora, agora a vazão fornecida é bem menor, porém a pressão é maior, então na execução do trabalho, o cilindro avança mais lentamente a plena carga, até que chegue em fim de curso ou termine o trabalho, acarretando uma nova elevação de pressão até l4O bar quando ocorre a abertura da válvula de alivio 7 desviando também a vazão de A para o reservatório. A válvula de retenção simples 8 tem duas funções, i.é, proteger a bomba A contra picos de pressão ou ainda proteger essa bomba caso se danifique o acoplamento que a une ao eixo do motor, quando então ficaria parada e se danificaria devido a vazão fornecida pela bomba B. Para o retorno ligamos o solenóide S2 da válvula 2 e o processo se repete. Mecânica I 7 Resistência X Pressão Introdução Em um sistema hidráulico existe uma relação direta entre pressão e resistência. A pressão é o efeito aplicado pela bomba para introduzir fluido dentro do sistema. A quantidade de pressão é determinada pelo grau da resistência. Se a resistência é alta, a bomba deve aplicar uma pressão igual. Se a resistência é baixa, a bomba aplica uma pressão também baixa. A bomba aplica a pressão. A resistência determina a quantidade de pressão. A resistência ao fluxo de uma Bomba de Deslocamento Positivo A resistência ao fluxo de uma bomba de deslocamento positivo advém de duas fontes: a resistência do objeto ao movimento e o próprio fluido. Se a resistência do líquido pudesse ser eliminada, no sistema mostrado a única resistência ao fluxo seria a resistência do objeto resistivo, a qual pode ser vencida com uma pressão de 14 kg/cm2 no atuador. A bomba aplicaria a pressão de 14 kg/cm2 para introduzir o fluido no sistema. Esta energia de trabalho hidráulico seria aplicada ao atuador e o objeto se deslocaria. A resistência do líquido ao fluxo da bomba é uma condição que está sempre presente. Para descarregar o fluxo contra a resistência do líquido, a bomba absorve mais energia do acionador principal, e aplica uma pressão adicional ao líquido. Mudança de forma da energia extra A energia adicional aplicada pela bomba não resulta em mais energia de trabalho hidráulico no atuador, porque ela é utilizada para vencer a resistência do líquido. A energia de trabalho é utilizada não no sentido de consumo ou destruição, mas no sentido de transformação, pois ela se transforma em energia calorífica. Conforme foi explicado anteriormente, esta transformação, é a ineficiência do sistema. Mecânica I 8 Operação no lado de sucção de uma bomba Introdução Num sistema hidráulico, dá-se muita consideração ao que está acontecendo do ponto de vista da pressão do sistema. Este é o ponto onde a ação e o trabalho aparente acontece. O lado da sucção da bomba é igualmente muito importante, mas muitas vezes, é uma parte negligenciada do sistema. Agora vamos nos concentrar no estudo desta área. Localização da bomba Muitas vezes, num sistema hidráulico industrial, a bomba está localizada sobre a tampa do reservatório que contém o fluido hidráulico do sistema. A linha ou duto de sucção conecta a bomba com o líquido no reservatório. O líquido, fluindo do reservatório para a bomba, pode ser considerado um sistema hidráulico separado. Mas, neste sistema, a pressão menor que a atmosférica, é provocada pela resistência do fluxo. A energia para deslocar o líquido é aplicada pela atmosfera. A atmosfera e o fluido no reservatório operam juntos, como no caso de um acumulador. Operação no lado de sucção da bomba Quando uma bomba não está em operação, o lado de sucção do sistema está em equilíbrio. A condição de 'sem fluxo' existe e é indicada pelo diferencial de pressão zero entre a bomba e a atmosfera. Para receber o suprimento de líquido até o rotor, a bomba gera uma pressão menor do que a pressão atmosférica. O sistema fica desbalanceado e o fluxo ocorre. O uso da pressão atmosférica A pressão aplicada ao líquido pela atmosfera é usada em duas fases: 1. Suprir o líquido à entrada da bomba. 2. Acelerar o líquido e encher o rotor que está operando a alta velocidade. A maior parte da pressão atmosférica é usada na aceleração do líquido para dentro da bomba. Contudo, a ação de suprir o líquido ao orifício de entrada utiliza primeiro a pressão atmosférica. Se uma parcela considerável da pressão atmosférica for usada nesta fase, não haverá pressão suficiente para acelerar o líquido no rotor. A bomba engasga, e a cavitação ocorre. Cavitação Cavitação é a formação e o colapso de cavidades gasosas em um líquido. Essas bolhas são danosas à bomba de duas maneiras: 1. Interferem na lubrificação. 2. Destroem a superfície dos metais. No lado de sucção da bomba, as bolhas se formam por todo o líquido. Isto resulta num grau reduzido de lubrificação e num conseqüente aumento de desgaste. Conforme essas cavidades são expostas à alta pressão na saída da bomba, as paredes das cavidades se rompem e geram toneladas de força por centímetros quadrados. O desprendimento da energia gerada pelo colapso das cavidades desgasta as superfícies do metal, e tem o mesmo efeito de quando a talhadeira e o martelo do escultor atingem a pedra. Se permitir a cavitação continuar, a vida da bomba será bastante reduzida e os cavacos desta migrarão para as outras áreas do sistema, prejudicando os outros componentes. Causa da formação da cavitação As cavidades formam-se no interior do líquido porque o líquido evapora. A evaporação, nesse caso, não é causada por aquecimento, mas ocorre porque o líquido alcançou uma pressão atmosférica absoluta muito baixa. Indicação de cavitação A melhor indicação de que a cavitação está ocorrendo é o barulho. O colapso simultâneo das cavidades causa vibrações de alta amplitude, que são transmitidas por todo o sistema e provocam ruídos estridentes gerados na bomba. Durante a cavitação, ocorre também uma diminuição na taxa de fluxo da bomba, porque as câmaras da bomba não ficam completamente cheias de líquido e a pressão do sistema se desequilibra. Mecânica I 9 Atuadores de Energia Introdução Aplicar uma força a um líquido e transmitir a pressão resultante por todo o líquido num recipiente de múltiplas formas, não têm aplicação prática. A pressão hidráulica tem, assim, que ser convertida em força mecânica antes de realizar trabalho. Esta é a função do atuador hidráulico, converter pressão hidráulica em força mecânica. Estão divididos em dois grupos: 1. Lineares (produzem movimento linear ou angular) 2. Rotativos (produzem movimentos torsor contínuo ou limitado). Atuadores lineares O cilindro hidráulico é um atuador linear, pois recebe a pressão hidráulica e a transforma em energia mecânica linear. Nomenclatura Basicamente as principais partes que compõem um cilindro de dupla ação são: cabeçote dianteiro (tampa do lado da haste) e cabeçote traseiro (tampa do lado da cabeça), camisa ou tubo de deslizamento, êmbolo, haste e guarnições (vedações). Tipos de cilindros Os cilindros se diferem entre si por detalhes construtivos, em função de suas características de funcionamento e utilização. 1. Cilindro de simples efeito ou simples ação Produz trabalho em um único sentido de movimento, seja para avanço ou retorno. O outromovimento é realizado por mola ou por força externa. Simbologia: Retomo por mola Avanço por mola Retorno por força externa 2. Cilindro de duplo efeito ou dupla ação Produz trabalho em ambos os sentidos de movimento (avanço e retorno). Simbologia: Duplo efeito 3. Cilindro com amortecimento Projetado para controlar movimentos de grandes massas e desacelerar o pistão nos fins de curso. Este amortecimento tem a finalidade de evitar as cargas de choque, transmitidas aos cabeçotes e ao pistão, no final de cada curso, absorvendo-as. Simbologia: Amortecimento dianteiro fixo Amortecimento traseiro fixo Duplo amortecimento fixo Amortecimento dianteiro variável Amortecimento traseiro variável Duplo amortecimento variável 4. Cilindro de haste dupla Possui duas hastes unidas ao mesmo êmbolo. Enquanto uma das hastes realiza trabalho, a outra pode ser utilizada no comando de fins de curso ou dispositivos que não podem ser posicionados ao longo da oposta. Simbologia: Haste dupla 5. Cilindro duplex contínuo ou cilindro tandem Dotado de dois êmbolos unidos por uma haste comum separados entre si por meio de um cabeçote intermediário, possui entradas de ar independentes. Aplicado em casos onde se necessita maiores forças, porém não dispondo de espaço para comportar um cilindro de diâmetro maior, e também não se pode elevar muito a pressão de trabalho. Simbologia: Duplex contínuo 6. Cilindro duplex geminado Consiste de dois ou mais cilindros de dupla ação, unidos entre si, possuindo cada um entradas de ar independentes. Esta união possibilita a obtenção de três, quatro ou mais posições distintas. É utilizado em circuitos de seleção, distribuição, posicionamento, comando de dosagens e transporte de peças para operações sucessivas. Simbologia: Duplex geminado 7. Cilindro de impacto Recebe esta denominação devido à força a ser obtida pela transformação de energia cinética. É utilizado quando se necessita de grandes forças durante curtos espaços de tempo, como é o caso de rebitagens, gravações, cortes, etc. Simbologia: De impacto 8. Cilindro telescópico. Basicamente, constituem-se de um conjunto de vários cilindros embutidos um dentro do outro. São empregados quando o espaço para a sua instalação é limitado e necessita-se de um grande curso de trabalho. Simbologia: Dupla ação Simples ação Intensificador Um intensificador multiplica a pressão hidráulica. Consiste de uma carcaça contendo orifício de entrada e saída e um pistão com uma área grande, cuja haste está ligada a outro pistão com uma área pequena. A câmara entre os dois pistões tem um orifício de descompressão. Mecânica I 10 O intensificador multiplica ou intensifica uma pressão hidráulica existente, recebendo a pressão hidráulica sobre um pistão de grande área e aplicando a forca resultante a um pistão de pequena área. A pressão é, portanto, intensificada no atuador. No exemplo, assuma que o objeto resistivo está estacionário, e não se move. Uma forca de 2.275 kg no ponto A resulta, finalmente, numa força mecânica de 13.000 kg no ponto B. Esta intensificação é obtida pela aplicação da pressão hidráulica a vários pistões com áreas respectivas de tamanhos escolhidos. Força do cilindro A pressão que será aplicada no cilindro de certo tamanho (área do êmbolo) para desenvolver uma dada força na saída. A FP = Curso do cilindro É a distância através da qual a energia de trabalho é aplicada determinando quanto trabalho será realizado. Volume do cilindro Cada cilindro tem um volume (deslocamento) que é calculado multiplicando-se o curso do pistão pela área do pistão. Volume do cilindro (cm3)= área do pistão (cm2) x curso (cm) Velocidade da haste É determinada pela velocidade com que um dado volume de líquido pode ser introduzido na camisa, para empurrar o pistão. Velocidade da haste (cm/min) = Vazão (l/min) x 1.000 Potência A potência mecânica transmitida por um cilindro ou um motor hidráulico a um objeto resistível será também a potência hidráulica requerida no cilindro ou no motor. 1 cv = 735,75 W = 75 kgm/s Potência = vazão x pressão Potência (cv) = vazão (l/min) x pressão (kg/cm2) / 465 Potência (cv) = rpm x torque (kgm) / 729 Controle de velocidade de um cilindro Controle da velocidade pela entrada O deslocamento do pistão num cilindro ocorre em função da vazão de alimentação. É intuitivo que para se poder controlar a velocidade de deslocamento é necessário influenciar na vazão. Neste método o fluxo de alimentação do equipamento de trabalho é controlado, enquanto que o fluido contido no seu interior é expulso. A entrada pode ser restringida através de uma válvula de controle de fluxo. A pressão na câmara (1) aumentará até o valor necessário para vencer as resistências impostas ao movimento e deslocando o pistão. Com o avanço, a câmara (1) aumenta de volume e, como conseqüência, a pressão diminui, impedindo o avanço do pistão por falta de força. Após um curto período de parada, a pressão atinge o valor requerido para o movimento. Novo avanço é efetuado, cai a pressão... e assim sucessivamente até o término do curso. Este modo de controle de velocidade determinará um movimento irregular do pistão, geralmente prejudicial ao excelente funcionamento do equipamento. Controle da velocidade pela saída De tudo o que foi mencionado sobre o controle de velocidade pela entrada do fluido, viu-se que a tendência para uniformidade da velocidade de deslocamento depende, principalmente, da vedação da força resistente. São requeridos, no campo industrial, valores na precisão de deslocamento cada vez mais constantes. Para isso utiliza-se o controle de velocidade pelo fluido de saída. Seu princípio consiste em efetuar o controle de fluxo somente na saída do fluido contido no cilindro, enquanto a câmara oposta recebe fluxo livre. Controlando o fluxo na saída do cilindro, é possível eliminar o movimento irregular do pistão. O fluido entra na câmara (1) com toda a intensidade de pressão, exercendo força sobre o êmbolo (2). O fluido confinado na câmara (3), escapará pela válvula de controle de fluxo, determinando assim, um avanço com velocidade mais uniforme que o método anterior. Isto é conseguido porque o êmbolo é mantido entre dois volumes de fluido, o de entrada (câmara 1) e o que está saindo (câmara 3), formando uma contra-pressão e oferecendo uma resistência contínua ao movimento. Atuadores rotativos (Motor hidráulico ou pneumático) Convertem a energia hidráulica ou pneumática em movimento rotativo causando momento torsor, torque contínuo ou limitado. Esse conversor (motor) é o oposto dos compressores e das bombas, pois são movidos pela energia contida no fluido. São utilizados na indústria especialmente onde é impossível e perigoso o uso de aparelhos elétricos ou quando sua manutenção se torna demasiadamente cara. Também têm preferência para instalações em ambientes úmidos, corrosivos, quentes, ácidos, explosivos, com predominância de pó, etc. Além disso, quando se necessita de paradas ou partidas constantes com carga ou ainda quando se precisa uma reversão rápida no sentido de rotação, conversão de torque, controle de velocidade, etc. Tipos de atuadores rotativos O grupo é representado, entre outros, por: • Motor oscilante (atuador rotativo); • Motor de engrenagens; • Motor de palhetas; • Motor de turbina; • Motor de pistões (radiais e axiais). 1. Motor oscilante Consiste de um conversor onde o movimento retilíneo, obtido por intermédio do fluido pressurizado, é convertido em movimento rotativo.O movimento retilíneo é produzido pelo ar comprimido ou óleo que age alternadamente sobre dois êmbolos fixos em uma cremalheira, engrenada a um pinhão. Basicamente, é um cilindro de dupla ação que permite em função da relação de transmissão, a obtenção do ângulo de rotação. área do pistão (cm2) 1 2 3 1 Mecânica I 11 2. Motor de engrenagens É constituído por um par de engrenagens, uma ligada ao eixo motor e a outra apoiada sobre mancais internos, forçando a movimentação da primeira. O momento de torção é gerado quando o fluido atua sobre os flancos dos dentes, forçando a rotação das engrenagens. 3. Motor de palhetas Consiste basicamente de uma carcaça e de um rotor com palhetas montado excentricamente. O torque é desenvolvido quando o fluido exerce pressão contra a superfície das palhetas fazendo com que o rotor gire. 4. Motor de turbina Formado por uma pequena turbina que utiliza toda a energia cinética transmitida pelo fluido. A potência é obtida pelo aproveitamento da velocidade de circulação do fluido. Sua gama de rotação é muito alta, chegando a atingir de 250.000 a 400.000 rpm. 5. Motor de pistão axial Possui pistões dispostos axialmente no interior de um bloco de cilindro, unidos a uma placa oscilante e a um eixo ranhurado que liga todo o conjunto com um sistema planetário de engrenamento. O fluido admitido atua nas extremidades dos pistões que possuem movimento alternativo no interior do bloco de cilindros. A pressão atuante nos pistões faz com que estes reajam contra a placa oscilante, provocando rotação em todo o conjunto (bloco, placa oscilante e eixo ranhurado). Este conjunto transmite para o engrenamento planetário, transferindo um maior torque ao eixo de transmissão. 6. Motor de pistão radial Consiste de uma carcaça, onde existem cilindros, providos de pistões, posicionados radialmente e que estão ligados a um virabrequim através de bielas. O fluido é distribuído aos cilindros por uma válvula rotativa, sendo conduzido por intermédio de canais. Nos cilindros o fluido pressiona os pistões para o seu ponto inferior e causando a transmissão do movimento. Em sentido contrário o fluido nos cilindros é expelido para fora. Classificação dos motores hidráulicos e pneumáticos Anteriormente, foi feita uma descrição dos principais tipos de motores que podem ser classificados como: • Motor com capacidade (deslocamento) fixa • Com uma direção de fluxo • Com duas direções de fluxo • Motor com capacidade (deslocamento) variável • Com uma direção de fluxo • Com duas direções de fluxo Capacidade (deslocamento) Representa o volume por rotação de uma câmara, multiplicada pelo número de câmaras (ou pistões) existentes no motor. É expressa em m3/rot ou l/rot. É denominada fixa quando a câmara não sofre variações e variável quando ocorre o oposto. Com uma direção de fluxo O fluxo só possui uma direção a seguir e impõe um único sentido de rotação ao motor (só à esquerda ou à direita). Com duas direções de fluxo O fluxo tem duas possibilidades de direção para seguir, impondo ao motor duplo sentido de rotação (esquerda e direita). Trabalho Define-se como trabalho o produto entre a força e a distância ou espaço percorrido durante a atuação dessa força. τ = F.d Torque O torque poderia ser associado ao trabalho em termos de unidade, porém como o torque trata-se de uma "força rotativa" também denominada de "momento torçor", define-se o torque como sendo o produto entre a força pelo braço de aplicação da mesma. bFT .= T= torque em kgf.cm P = pressão em kgf/cm2 100.2 . pi VrPT = Vr = volume (cm3) deslocado por revolução (rev.) Velocidade A velocidade de um motor depende diretamente da vazão que é fornecida ao motor. Vr KQ vm . = K = Potência Determina-se a potência produzida ou a ser fornecida, a partir do trabalho realizado em um determinado tempo. 729 .rpmTN = N = potência em cv 231 para Q (gpm) e Vr (cuin/rev.) 1 para Q (l/min) e Vr (l/rev.) 10-3 para Q (l/min) e Vr (m3/rev.) Mecânica I 12 Válvulas de Controle Direcional Introdução Tem por função orientar a direção que o fluxo do fluido deve seguir, a fim de realizar um trabalho proposto. Em esquemas hidráulicos e pneumáticos usam-se símbolos para a descrição da função das válvulas. A seguir identificaremos estes símbolos. Denominação de uma válvula direcional As válvulas simbolizam-se com quadrados. O número de quadrados indica o número de posições que a válvula pode assumir, i.é., a quantidade de movimentos que executa através dos acionamentos. Ex: O número de vias é o número de conexões de trabalho que a válvula possui. As linhas indicam as vias de passagem. As setas indicam a direção do fluxo. Os fechamentos (bloqueio) são indicados dentro dos quadrados com “tracinhos” transversais (em T). No caso de uma torneira, teremos a seguinte simbologia, onde um dos quadrados representa a válvula (torneira) na posição inicial (sem ser acionada) e o outro representa a válvula na posição de manobra (acionada). posição inicial posição de manobra Uma regra prática para a determinação do número de vias consiste em separar um dos quadrados (posição) e verificar quantas vezes o(s) símbolo(s) interno(s) toca(m) os lados do quadrado obtendo-se, assim, o número de orifícios e em correspondência o número de vias. 2 vias 3 vias A válvula de controle direcional (V.C.D.) pode ainda ser designada por cifras onde a primeira cifra indica o número de vias (excluindo os orifícios de pilotagem) e a segunda cifra indica o número de posições. Ex: V.C.D. 2/2 V.C.D. 4/3 Ainda pode ser seguida da simbologia N.F para uma válvula normalmente fechada e N.A. normalmente aberta, indicando a posição inicial. V.C.D. 2/2 N.F. V.C.D. 2/2 N.A. Identificação dos orifícios por meio literal Em muitas válvulas, a função dos orifícios é identificada literalmente. Segundo a Norma DIN 24.300 a identificação é a seguinte: • Linha de trabalho (utilização)................................A,B,C • Conexão de pressão (alimentação) ...............................P • Linha de retorno (escape, retorno para tanque) ......R,S,T • Drenagem ......................................................................L • Linhas para a transmissão da energia de comando (linhas de pilotagem)...............................................Z,Y,X Os retornos são representados também pela letra E, seguida da respectiva letra que identifica a utilização. Tipos de comando de acionamento Conforme a necessidade, podem ser adicionados às válvulas direcionais os mais diferentes tipos de acionamentos. Os símbolos de acionamento desenham-se horizontalmente nos quadrados. Os tipos de acionamentos podem ser: • Acionamento por força muscular; • Acionamento mecânico; • Acionamento elétrico; • Acionamento hidráulico ou pneumático (por piloto); • Acionamento combinado. Acionamento por força muscular São válvulas que pelo tipo de acionamento dão início ou término a uma seqüência de operações e proporcionam condições de segurança e emergência. A mudança da posição da válvula é realizada geralmente pelo operador do sistema. Os principais são: por pedal por alavanca por botão Acionamento mecânico Com a crescente introdução de sistemas automáticos, as válvulas acionadas por uma parte móvel da máquina adquirem uma grande importância. O comando daválvula é conseguido através de um comando mecânico sobre o acionamento posicionado estrategicamente ao longo de um movimento qualquer, para permitir o desenrolar de seqüências operacionais. Comumente as válvulas equipadas com este tipo de acionamento recebem o nome de válvulas de fim-de-curso. Os principais são: por pino por rolete por gatilho Acionamento elétrico A operação das válvulas é efetuada por meio de sinais elétricos, provenientes de chaves de fim-de-curso, pressostatos, temporizadores, etc. São de grande utilização onde a rapidez dos sinais de comando é fator importante e quando as distâncias são longas entre o local emissor e o receptor. Destacam-se, principalmente: por solenóide com 1 enrolamento por solenóide com 2 enrolamentos (mesmo sentido) 1 2 1 2 1 2 3 1 2 3 4 A P T B P A L Z fechada aberta posição inicial posição acionada 4 vias carretel Mecânica I 13 por solenóide com 2 enrolamentos (sentido contrário) por motor elétrico O solenóide consiste basicamente de três elementos: a armadura, o “T” ou martelo e a bobina. Quando passa uma corrente na bobina, é gerado um campo magnético que empurra o martelo para baixo que, por sua vez, desloca o carretel da válvula (executa o acionamento). Acionamento por piloto As válvulas equipadas com este tipo de acionamento são comandadas pela ação do fluido, proveniente de um sinal preparado pelo circuito e emitido por outra válvula. Nos acionamentos por piloto destacam-se: por acréscimo de pressão (piloto positivo) por decréscimo de pressão (piloto negativo) por acionamento de pressão diferenciada (diferencial de áreas) Acionamento combinado São válvulas equipadas com dois ou mais tipos de acionamentos. Sendo que os comandos poderão ser associados em sistemas OU, ou em sistemas E, como por exemplo: Exemplo OU: Solenóide OU botão OU piloto positivo Exemplo E: Solenóide E piloto positivo Exemplo E/OU: Solenóide E piloto positivo OU botão Tipos de comando de retorno As válvulas requerem uma ação para efetuar mudança de posição e uma outra ação para voltarem ao estado (posição) inicial. Neste caso, a maioria dos acionamentos das válvulas é intercambiável, podendo servir tanto para retorno como para acionamento. Destacam-se aqui dois tipos especiais: molas e detentes (travas). Molas As molas são utilizadas quando se necessita que a válvula retorne automaticamente para uma certa posição. Se a válvula for de duas posições, diz-se que ela possui retorno por mola. Se for de três posições, diz-se que é centrada por mola. retorno por mola centrada por mola Detentes (travas) Quando se necessita que depois de executado o acionamento da válvula, esta permaneça acionada (ou posição desejada), mesmo que cesse o efeito ou causa da ação, utiliza-se os detentes como recurso. Comandos múltiplos Tratores, guinchos, guindastes e máquinas agrícolas, em geral, cada vez mais vêm se utilizando os equipamentos hidráulicos. Sendo assim, as válvulas direcionais aplicadas nesses equipamentos devem possuir inúmeras características, tais como, compactibilidade, robustez, fácil manutenção, simplicidade de acionamento, etc. Para atender a todas essas exigências, foi desenvolvido o comando mobile (comando móvel) O comando mobile é constituído basicamente por um corpo de admissão, um ou mais corpos centrais e um corpo de descarga. Com a possibilidade da associação de vários corpos centrais em série formando um “sanduíche” pode-se acionar diferentes atuadores ao mesmo tempo ou em separado, dependendo do tipo de comando. Representação gráfica do comando BD da ALBARUS. M Mecânica I 14 Válvulas de Bloqueio (retenção) e Válvulas de controle de Vazão Válvulas de Bloqueio Introdução São válvulas que impedem o fluxo de fluido em um sentido determinado, possibilitando livre fluxo no sentido oposto. O fechamento de uma direção pode ser feito por cone, esfera, placa ou membrana. Tipos de válvulas de bloqueio Válvula de retenção com mola O elemento de bloqueio é mantido contra seu assento pela força de uma mola. Orientando-se o fluxo no sentido favorável a passagem, o elemento de bloqueio é deslocado do assento, causando a compressão da mola e possibilitando a passagem do fluido. Simbologia: Válvula de retenção sem mola Nessa o bloqueio no sentido contrário (ao favorável) não conta com o auxílio da mola. Ele é feito pela própria pressão do fluido. Simbologia: Válvula de retenção pilotada Uma válvula de retenção perada por piloto permite o fluxo em uma direção. Na direção contrária, o fluxo pode passar quando a válvula piloto deslocar o assento de sua sede no corpo da válvula. Simbologia: Válvula de isolamento (ou) Dotada de três orifícios no corpo: duas entradas de pressão e um ponto de utilização. Enviando-se um sinal por uma das entradas, a entrada oposta é automaticamente vedada e o sinal emitido flui até a saída de utilização. Utilizada quando há necessidade de enviar sinais a um ponto comum, provenientes de locais diferentes no circuito. Simbologia: Válvula de simultaneidade (elemento E) Utilizada em funções lógicas "E", bimanuais simples ou garantias de que um determinado sinal só ocorra após, necessariamente, dois pontos estejam pressurizados. Simbologia: Válvula de controle de vazão Introdução Em alguns casos, é necessária a diminuição da quantidade de fluido que passa através de uma tubulação, o que é muito utilizado quando se deseja regular a velocidade de um cilindro. Quando há a necessidade de controlar o fluxo de fluido, este tipo de válvula é a solução ideal. Esta válvula também é chamada de válvula reguladora de vazão, ou reguladora de fluxo. Tipos de válvulas reguladoras de vazão Dependendo do tipo de circuito, seqüência de movimentos, aplicações, etc., serão diferentes os tipos de válvulas reguladoras de vazão. Basicamente temos: Válvula de controle de vazão fixa bidirecional Esta válvula possui um orifício fixo que é uma abertura reduzida de um tamanho não ajustável. Controla a vazão nos dois sentidos. Simbologia: Válvula de controle de vazão variável bidirecional Muitas vezes, um orifício variável é melhor do que um orifício fixo, por causa do grau de flexibilidade. Válvulas de gaveta e válvulas de globo são exemplos de orifícios variáveis. Controla a vazão nos dois sentidos. Simbologia: Válvula de controle de vazão fixa unidirecional Exemplo desta válvula é uma válvula de retenção com um furo usinado através de seu centro. Controla a vazão apenas em um sentido, deixando o outro sentido com Vazão total. Simbologia: Válvula de controle de vazão variável unidirecional Pode variar a vazão em um sentido, deixando o outro sentido com vazão total. Simbologia: bloqueado aberto Válvula de isolamento (ou) Mecânica I 15 Válvulas de controle de Pressão Introdução Têm por função básica de limitar ou determinar a pressão do sistema hidráulico para obtenção de uma determinada função do equipamento acionado. São representadas com um quadrado, e no interior uma flecha, completando-se com elementos de controle interno que podem ser: Pode-se encontrar quatro tipos básicos de válvulas de controle de pressão, que são: Válvulas de alívio e segurança Têm duas funções num circuito hidráulico, limitar a pressão no circuito ou em parte dele, evitando a sua elevação além de um níveladmissível, e proteger o sistema, e os diversos equipamentos que o compões, contra sobrecargas. A pressão de entrada é controlada pela abertura do orifício de exaustão (para o reservatório) contra a força opositora (mola). Válvulas de descarga São válvulas de alívio pilotadas externamente. Válvulas de seqüência São quase idênticas as válvulas anteriores, tendo as seguintes diferenças: • ao invés de termos descarga para tanque, temos a saída para um circuito secundário. • dreno externo, já que não poderíamos drenar a câmara da válvula de controle para a linha de pressão. Válvulas redutoras de pressão Servem para determinar a pressão de trabalho com valores abaixo da pressão de entrada da válvula.. Permitem obter variações em relação à pressão de entrada. Mantém a pressão na saída substancialmente constante, independente das oscilações na entrada (acima do valor regulado). Observações finais As válvulas de controle de pressão são utilizadas para limitar ou determinar a potência do sistema através da modulação da pressão. Todas essas válvulas podem ser de operação direta ou indireta. O nome da reguladora de pressão geralmente descreve sua ação no sistema hidráulico. Na prática, esses controles são normalmente abertos ou normalmente fechados. Podem ser drenadas interna ou externamente, dependendo das características de atuação. Válvulas de retenção integral permitem o retorno livre do fluido. O ajuste através de parafuso é o tipo mais comum. Podem existir outros como: cames, pedais, alavancas, etc. normalmente fechada normalmente aberta de operação direta de operação indireta ou pilotada com retenção integral com retenção em by pass X P T X P T X P T fechada aberta X P T X P T X P T X P A X P A L X P A L X P A L X P A L Mecânica I 16 Reservatório Introdução Um reservatório hidráulico possui várias funções. A mais evidente delas é como depósito do fluido a ser utilizado no sistema. Outras funções importantes são, a ajuda que ele fornece ao sistema no resfriamento do fluido, a precipitação das impurezas e também a ajuda na circulação interna do ar. Armazenamento de óleo O fluido utilizado em um sistema hidráulico deve ser armazenado de tal forma que ele nunca seja insuficiente ou excessivo. O reservatório, portanto, deve suprir tanto as necessidades mínimas como máximas do sistema. Vejamos o caso de um cilindro de haste simples, cujo diâmetro da haste seja metade do diâmetro do pistão. Quando estendermos o cilindro, obviamente, iremos precisar de um volume de fluido bem maior do que aquele que usaremos para retornar o cilindro. Haverá, portanto, uma flutuação constante no nível de fluido, assim o reservatório deverá ser dimensionado de tal forma que, essa flutuação não altere as condições de operação do sistema. Tipos de reservatórios Os reservatórios industriais têm uma variedade de estilos, dentre os quais estão os reservatórios em forma de L, os reservatórios suspensos, e os reservatórios convencionais. Os reservatórios convencionais são os mais comumente usados dentre os reservatórios hidráulicos industriais. O reservatório em L e os suspensos permitem à bomba uma altura manométrica positiva do fluido. Dimensionamento Uma regra prática de dimensionamento de reservatório é fazer-se com que o seu volume seja igual ou maior a três vezes a vazão da (s) bomba (s) que alimenta (m) o sistema. Por exemplo, seja um sistema hidráulico qualquer que possua uma bomba que fornece uma vazão de 22,71 l/min, o volume mínimo desse reservatório deverá ser de 22,71 x 3 = 68,13 l. Essa regra, entretanto, nem sempre pode ser aplicada, pois em sistemas mais complexos, com muitos cilindros e linhas de transmissões grandes, devemos estudá-los como se fossem uns “casos particulares”, levando sempre em consideração que não poderemos ter nem fluido a menos ou a mais. Regra da altura do filtro de sucção Se o filtro de sucção não estiver completamente submerso no fluido, introduziremos uma grande quantidade de ar no sistema. Se, entretanto, o filtro estiver mergulhado a uma altura muito pequena, poderemos ter a formação de vórtice (redemoinho) na sucção, o que também acarretará a entrada de ar. Algumas normas recomendam que a cota mínima "h" do nível do fluido seja de 76,2 mm (3 polegadas). Ou então, usar como cota mínima, uma vez e meia o diâmetro do duto de sucção; por exemplo, se o duto de sucção é de 76,2 mm, a cota "h" deverá ser de 114,3 mm. Como segurança, adotamos o critério que nos forneça a maior cota. Salientamos ainda, que a cota h1 deve ser no mínimo 50 mm, a fim de que as impurezas precipitadas no fundo do reservatório, não venham a entupir a parte inferior do filtro de sucção. Caso seja, impossível de observas uma dessas duas condições da cota h, costuma-se introduzir no reservatório uma chicana horizontal um pouco abaixo do nível do fluido, pois dessa forma, mesmo que ocorra a formação de um vórtice, o mesmo se extinguirá antes de chegar ao filtro. Resfriamento do fluido A geração de calor em um sistema hidráulico pode ser devida a vários fatores: • Perdas mecânicas na bomba ou motor hidráulico; • Restrições na linha devido a curvas mal elaboradas ou introdução de válvulas, tais como reguladoras de pressão e vazão; • Válvulas mal dimensionadas, isto é, válvulas que permitam uma vazão máxima menor do que aquela exigida pelo sistema; • Fricção nas vedações internas dos cilindros, etc. Grande quantidade desse calor gerada pelo sistema é levada para o reservatório, através do próprio fluxo do fluido. De acordo com a complexidade do sistema hidráulico, esse calor pode ser dissipado apenas através das paredes dos cilindros e da tubulação e, principalmente, no reservatório. Em contato com as paredes do tanque, o calor do fluido é trocado através da condução e radiação, pois o calor é transmitido de um corpo mais quente para outro mais frio. O corpo mais quente, nesse caso, é o fluido, e o mais frio, o ar. Um fator importante a ser levado em consideração é de nunca se colocar o duto de retorno próximo do duto de sucção, pois o fluido que retorna ao reservatório volta imediatamente para o circuito hidráulico e em pouco tempo o equipamento entrará em pane. Um artifício muito usado é a introdução de uma chicana vertical, que obriga a circulação do fluido. Quando do retorno do fluido, o mesmo é obrigado a percorrer por duas vezes o comprimento do reservatório para chegar ao duto de sucção. Ao percorrer todo esse caminho, o calor contido no fluido vai se dissipando da forma com vimos anteriormente. Dependendo da necessidade, introduzimos um maior número de chicanas verticais para forçar mais a circulação do fluido, aumentando a troca do calor pelo fenômeno da convecção. Quando não conseguimos uma boa troca de calor e ‘redução de temperatura a um nível satisfatório, devemos usar um trocador de calor. Resfriadores Todos os sistemas hidráulicos aquecem, se o reservatório não for suficiente para manter o fluido à temperatura normal, há superaquecimento. Para evitar isto são utilizados resfriadores ou trocadores de calor, os modelos mais comuns são água-óleo e ar-óleo. a) Resfriador a ar: nos resfriadores à ar, o fluido é bombeado através de tubos aletados. Para dissipar calor, o ar é soprado sobre os tubos ou aletas por um ventilador. A operação é exatamente como a do radiador de um automóvel. Os resfriadores à ar são geralmente usados onde a águanão está disponível facilmente ou onde é muito cara. Mecânica I 17 b) Resfriadores a água: O resfriador à água consiste basicamente de um feixe de tubos encaixados num invólucro metálico. Neste resfriador, o fluido do sistema hidráulico é geralmente bombeado através do invólucro e sobres os tubos que são circundados com água fria. Precipitação de impurezas Quando o fluido retorna para o reservatório, sua velocidade decresce. Dessa maneira, se torna fácil a precipitação das impurezas no fundo do tanque. Essas impurezas precipitadas formam uma espécie de borra que seria um meio termo entre piche asfáltico e um óleo de alta viscosidade. Para efetuarmos essa limpeza no momento da troca do fluido, devemos nos munir de um jato de óleo diesel a alta pressão e panos limpos. Circulação interna de ar Todo o reservatório hidráulico deve possuir um respiro na base superior. Quando succiona-se fluido do sistema, o nível decresce e aquele espaço antes ocupado pelo fluido, deve ser ocupado por alguma outra coisa, pois, do contrário, teríamos a formação de uma pressão negativa e não conseguiríamos succionar para o reservatório. Na condição oposta, isto é, quando ocorre o retorno do fluido ao reservatório, o nível elevar-se-á novamente e teremos que desocupar algum espaço para que isso ocorra, pois teríamos uma contrapressão na linha de retorno. Em outras palavras, a pressão interna do reservatório deverá ser igual a pressão atmosférica, excetuando-se, evidentemente, o caso de termos um reservatório pressurizado. Esse espaço deve ser ocupado ou desocupado pelo ar atmosférico, e assim fica evidente a utilização do respiro. Um outro fator importante a ser levado em conta é o fato de que, o fluido quando retorna ao reservatório pode absorver ar, devido a movimentação da superfície livre, que deve ser eliminado para que sejam evitados problemas na sucção. Essa desaeração só pode ser feita através do escape do ar contido nas bolhas de espuma, e esse escape é feito pelo respiro. Construção do Reservatório A base do reservatório deve ter o fundo suportado por quatro pés de no mínimo 150 mm de altura, para facilitar a sua remoção, drenagem, troca de calor com o ambiente. Os pés devem possuir furos para facilitar a fixação do tanque ao solo. No interior do reservatório deve existir uma chicana vertical para assegurar a circulação do óleo, e se necessário, uma outra chicana horizontal para se evitar a formação do vórtice. Nas laterais menores, devem existir duas tampas de inspeção para auxiliar no momento da limpeza. O fundo do reservatório deve ser confeccionado de tal forma que todo o fluido armazenado possa ser drenado. A parte superior deve ser bem rígida para suportar uma possível montagem de componentes do sistema, tais como, motor elétrico, bomba, válvulas, manifolds, painéis, etc., para tanto costuma-se colocar um prato metálico com as perfurações adequadas para a montagem do equipamento. Essa rampa deve ser soldada perimetralmente às paredes do reservatório. Todos os dutos que venham a ter início ou fim no reservatório, devem possuir uma vedação perfeita através de anéis, flanges ou outros dispositivos. O duto de sucção deve terminar a uma altura mínima de 50 mm do fundo do tanque e os dutos de retorno e dreno deverão estar mergulhados, no mínimo 75 mm abaixo do nível do fluido, ou ainda, como regra básica, uma vez e meia o diâmetro do duto de retorno. O reservatório deve ser pintado interna e externamente para se evitar a oxidação. No caso de fluidos resistentes ao fogo, consulte o fabricante para saber que tipo de tinta pode ser utilizada. ACESSÓRIOS Ao reservatório, pode ser adicionada uma série de acessórios que auxiliam no trabalho do sistema. Bocal de enchimento Quando colocamos fluido no reservatório, nos servimos de um bocal, que é chamado “bocal de enchimento”. Essa peça pode vir acompanhada de um filtro de tela, com abertura entre as malhas de aproximadamente, 200 µm (0,2 mm). A função desse filtro é evitar que qualquer objeto sólido entre no reservatório, pois caso o sistema não tenha filtro de sucção ou foi retirado o filtro, esse objeto será succionado pela bomba, danificando-a de forma irreparável. Respiro O respiro deve Ter a forma de um capacete que impeça a precipitação de impurezas sobre a tomada de ar. No interior do respiro existe um sistema que filtra o ar que entra no reservatório em um by pass (passagem em paralelo), que permite a livre saída do ar no interior do tanque. Indicador de nível Os indicadores de nível de fluido, em número geralmente de dois, devem estar localizados de tal forma que indiquem o nível máximo de fluido no reservatório. O traço indicador do mínimo deve estar a 75 mm da extremidade inferior do indicador de nível; e o traço indicador do máximo nível, a 75 mm da extremidade superior. Para o visor, recomenda-se o uso do vidro pirex, que resiste melhor a variações de temperatura. Pode ser incluído no visor um termômetro que efetua a leitura da temperatura do fluido. Existe em disponibilidade comercial esse tipo de indicador de nível com termômetro acoplado. Magnetos São ímãs utilizados para a captação de limalhas contidas no fluido, provenientes do desgaste do equipamento hidráulico ou mesmo, de um ambiente contaminado com esse tipo de impureza. Mecânica I 18 Mecânica I 19 Fluido Hidráulico, Filtros e Acessórios Fluido Hidráulico Introdução O fluido hidráulico é o elemento vital de um sistema hidráulico industrial. As funções do fluido são: • Agir como um meio para a transmissão de energia; • Lubrificar as peças internas dos componentes hidráulicos que estão em movimento; • Agir como um meio de transferência de calor; • Vedar folgas entre as peças que estão em movimento. O fluido hidráulico à base de petróleo é o mais comum. Fluido à base de petróleo (óleo mineral) O fluido hidráulico à base de petróleo é mais do que um óleo comum. Os aditivos são ingredientes importantes na sua composição. Os aditivos dão, ao óleo, características que o tornam apropriado para uso em sistemas hidráulicos. Alguns aditivos comuns e suas abreviações são relacionados abaixo. Melhoramento do índice de viscosidade O índice de viscosidade (VI) é um número sem unidade que indica como um fluido varia em viscosidade quando a temperatura muda. Um fluido com um alto índice de viscosidade mudaria relativamente pouco com a temperatura. A maior parte dos sistemas hidráulicos industriais requer um fluido com um índice de viscosidade de 90 ou mais. Os líquidos à base de petróleo contêm parafina ou cera. A baixas temperaturas, a cera forma uma estrutura cristalina que deturpa o fluxo do liquido. Para melhorar o índice de viscosidade usa-se produtos químicos que restringem o crescimento de cristais de cera a temperaturas baixas. Aditivo antioxidação A oxidação do óleo ocorre por causa de uma reação entre o óleo com o oxigênio do ar. A oxidação resulta em baixa capacidade de lubrificação, na formação de ácido, e na geração de partículas de carbono. A oxidação do óleo é aumentada por três fatores: 1. Alta temperatura do óleo; 2. Catalisadores metálicos, tais como cobre, ferro ou chumbo; 3. Aumento no fornecimento de oxigênio. Estes aditivos são usados para retardar o processo de oxidação. Quando o aditivo está vencido, a condição do óleo deteriora rapidamente. Aditivo anticorrosão Os aditivos anticorrosão protegem as superfícies de metal do ataque por ácidos e material oxidante. Um destes aditivos forma um filme protetorsobre as superfícies do metal. Outro tipo neutraliza o material corrosivo ácido a medida em que ele se forma. Aditivos de Extrema Pressão (EP) ou Antidesgaste Estes aditivos são usados em aplicações de alta temperatura e alta pressão. Em pontos localizados onde ocorrem temperatura e pressões altas (por exemplo, as extremidades das palhetas numa bomba ou motor de palhetas), estes aditivos formam um filme que impede o contato direto de duas superfícies. Aditivos Antiespumante Os aditivos antiespumantes não permitem que bolhas de ar sejam recolhidas pelo óleo, o que resultaria numa falha do sistema de lubrificação. Estes aditivos operam combinando as pequenas bolhas de ar em bolhas grades que se desprendem da superfície do fluido e estouram. Fluidos resistentes ao fogo Uma característica inconveniente do fluido proveniente do petróleo é que ele é inflamável. Não é seguro usá-lo perto de superfícies quentes ou de chama. Por esta razão foram desenvolvidos vários tipos de fluidos resistentes ao jogo. Emulsão de óleo em água A emulsão de óleo em água resulta em um fluido resistente ao fogo que consiste de uma mistura de óleo numa quantidade de água A mistura pode variar em torno de 1 % de óleo e 99% de água a 40% de óleo e 60% de água. A água é sempre o elemento dominante. Emulsão de água em óleo A emulsão de água em óleo é um fluido resistente ao fogo que é também conhecido como emulsão invertida. A mistura é geralmente de 40% de água e 60% de óleo. O óleo é dominante. Este tipo de fluido tem características de lubrificação melhores do que as emulsões de óleo em água. Fluido de água-glicol O fluido de água-glicol resistente ao fogo é uma solução de glicol (anticongelante) e água. A mistura é geralmente de 60% de glicol e 40% de água. Este tipo de fluido apresenta uma vida útil muito baixa. Sintético Os fluidos sintéticos, resistentes ao fogo, consistem geralmente de ésteres de fosfato, hidrocarbonos clorados, ou uma mistura dos dois com frações de petróleo. Este é o tipo mais caro de fluido resistente ao fogo. Os componentes que operam com fluidos sintéticos resistentes ao fogo necessitam de guarnições de material especial, pois há uma deterioração de pinturas (interna do reservatório), vedações, metais e isolantes térmicos. Os fluidos sintéticos possuem boas características de lubrificação e resistem ao tempo de uso, OBS: Viscosidade A viscosidade é a medida da resistência que o fluido oferece ao escoamento. Quanto maior a viscosidade maior será a resistência ao escoamento (maior atrito fluido/paredes e fluido/fluido). Quanto menor a viscosidade, maior o desgaste das superfícies metálicas em contato, pois menor será a lubrificação. Procedimentos para a hora da troca. Não se pode dizer que existe uma hora exata para a troca do fluido hidráulico. Quando se tratar de fluido resistente ao fogo, deve-se consultar o fabricante do equipamento hidráulico. De maneira geral, não existe uma regra fixa para o momento da troca, porém, pode-se estabelecer algumas normas que poderiam ser seguidas de acordo com diversos fatores, como por exemplo: • 3.000 a 4.000 horas, para ciclos de trabalho leve, sem contaminação; • 2.000 a 3.000 horas, para ciclos de trabalho leve, com contaminação, ou ciclos de trabalho pesado, sem contaminação; • 1.000 a 2.000 horas, para ciclos de trabalho pesado, com contaminação. Outro item importante a ser considerado é a quantidade de óleo a ser trocada. Quando se tratar de um grande volume de óleo, é preferível se optar por uma filtragem mais acurada e observando- se as condições acima, introduzir os novos aditivos por 3 a 4 vezes antes de efetuar a troca propriamente dita. Finalizando, procure sempre utilizar o óleo recomendado pelo fabricante do equipamento hidráulico. Nunca misture diferentes marcas de óleo, pois os aditivos de um, podem não combinar com os do outro. Armazene o óleo a ser utilizado em latas limpas, fechadas e longe da poeira. Marque todas as latas para evitar enganos. No momento da troca, drene o óleo usado de ambos os lados do cilindro; drene o óleo do tanque; limpe o reservatório com um jato de alta pressão de óleo diesel e seque-o com panos secos até ficar limpo (não use estopa!); se houver filtro de sucção, retire e limpe-o; coloque um novo elemento filtrante no filtro de retorno, encha o reservatório com o óleo novo; dê a partida na máquina e faça o óleo circular da bomba diretamente para o tanque durante 20 minutos; preencha o sistema com o óleo Mecânica I 20 novo e termine de encher o reservatório; faça o óleo circular através de todo o circuito, sem carga, durante 30 minutos; instale um novo elemento filtrante no filtro de retorno e pode começar a operar a máquina. Filtros Introdução O fluido hidráulico, como vimos, deve estar sempre livre de impurezas, pois do contrário encurtamos a vida útil do sistema hidráulico. A função do filtro é livrar o fluido dessas impurezas para assegurar o bom funcionamento do circuito. Existem dois tipos de filtros: - filtro químico - filtro mecânico O filtro químico é utilizado em raras ocasiões, quando se requer uma limpeza absoluta do fluido. Como sabemos, o óleo mineral pode tonar-se ácido, alcalino, etc. O filtro químico nada mais é do que um reator que anula o efeito do ácido ou básico do óleo, transformando a substância nociva em água e cloreto de sódio, efetuando, a seguir, a separação destes últimos, deixando passar, apenas, óleo mineral puro. O filtro mecânico é aquele em que nos deteremos mais, pois sua aplicação é decisiva e obrigatória, em todos sistemas hidráulicos. Princípio da filtragem mecânica O filtro mecânico é constituído de uma série de “malhas” ou poros. Chamamos de mesh a quantidade de malhas existentes por polegada linear do filtro e micron (µm) a distância entre duas malhas. A figura mostra o princípio de funcionamento do filtro. Na figura “a” temos um filtro comum, que retém as partículas maiores e deixa passar as menores. Na “b”, uma filtragem sucessiva em que a abertura dos poros vai diminuindo e vai retendo partículas cada vez menores, até efetuar a filtragem total pelo menos, quase total do fluido. Em ambos casos, vê-se que existem poros em que houve um acúmulo de impurezas, quando a grande maioria dos poros estiver dessa forma, o filtro estará entupido e deverá ser limpo ou trocado. No princípio do entupimento, se o filtro for de sucção, a bomba succionará uma quantidade de fluido menor do que aquela requerida e terá sua vida útil abreviada em virtude da cavitação. Existem vários tamanhos de filtros, cada qual para uma determinada vazão máxima. Caso a vazão requerida pelo sistema não comporte a utilização de um filtro apenas, podemos associar outros filtros em paralelo para resolver esse problema. Veja por exemplo a figura; o sistema precisa de 75 l/min de vazão. Suponhamos que o filtro que admita a maior vazão seja um filtro de 30 l/min. Dessa forma, associamos dois filtros de 30 l/min e um de 20 l/min em paralelo capacitando a passagem de uma vazão de 80 l/min máxima. Observe que dimensionamos 5 l/min a mais do que o necessário, pois, como vimos, as impurezas vão entupindo gradualmente o filtro e se dimensionamos o valor exato da vazão, após pouco tempo de uso temos que limpar ou trocar o filtro. O que se costuma fazer na prática, é se escolher um filtro que permita uma vazão máxima igual a três vezes a vazão da bomba. Esse tamanho de filtro assegura um bom tempo de uso sem ser necessária troca ou limpeza. É comum se encontrar filtros que possuam incorporado uma válvula de retenção simples em by pass (em paralelo). Essa válvula, como mostra a figura, abre uma passagem livrepara o fluido uma vez que é atingida a pressão de abertura quando bloqueado o filtro. O fluido vence e a pressão da mola e passa livremente. Esse tipo de válvula é igualmente utilizada em filtros de retorno. Em realidade, essa válvula de retenção atua como proteção para evitar o colapso do elemento, o que representaria um dano maior ao sistema do que não se filtrar o fluido. Alguns fluidos contêm um indicador de contaminação que indica quando se deve fazer a troca do elemento filtrante. Se a pressão necessária para abrir a mola for de 1 bar, quando o manômetro estiver marcando 0,98 bar devemos efetuar a troca do elemento filtrante. Existem diversos tipos de filtros mecânicos: filtro de linha de pressão, filtro de retorno e filtro de sucção. a) Filtro de linha de pressão Um filtro de pressão é posicionado no circuito entre a bomba e um componente do sistema. A malha de filtragem dos filtros de pressão é de 3 a 40 µm. Um filtro de pressão pode também ser posicionado entre os componentes do sistema. Vantagens: 1. Um filtro de pressão pode filtrar partículas muito finas visto que a pressão do sistema pode impulsionar o fluido através do elemento. Filtro em by pass Mecânica I 21 2. Um filtro de pressão pode proteger um componente specífico contra o perigo de contaminação por partículas geradas nos componentes anteriores aos filtros. Desvantagens: 1. A carcaça de um filtro de pressão deve ser projetada para alta pressão, porque ela opera na pressão do sistema. Isto torna o filtro caro. 2. Os elementos filtrantes são caros porque devem ser reforçados para suportar altas pressões, choques hidráulicos e diferenciais de pressão. b) Filtro de Retorno Um filtro de linha de retorno está posicionado no circuito próximo ao reservatório. A dimensão habitualmente encontrada nos filtros de linha de retorno é de 5 a 40 µm. Vantagens: 1. Um filtro de linha de retorno retém contaminação no sistema antes que ela entre no reservatório. 2. A carcaça do filtro não opera sob pressão plena de sistema, e por esta razão é mais barata do que um filtro de pressão. 3. O fluido pode ter filtragem fina, visto que a pressão do sistema pode impulsionar o fluido através do elemento. Desvantagens: 1. Não há proteção direta para os componentes do circuito. 2. Em filtros de linha de retorno, de fluxo pleno, o fluxo que surge da descarga dos cilindros, dos atuadores e dos acumuladores pode ser considerado quando dimensionado. 3. Alguns componentes do sistema podem ser afetados pela contrapressão gerada por um filtro de linha de retorno. c) Filtro de sucção Existem dois tipos de filtros de sucção, os internos e os externos. c-1) Filtro de sucção interno São os mais simples e mais utilizados, têm a forma cilíndrica com tela metálica com malha de 74 a 150 µm, não possuem carcaça e são instalados dentro do reservatório abaixo do nível do fluido. Apesar de serem chamados de filtro impedem apenas a passagem de grandes partículas. Vantagens: 1. Protegem a bomba da contaminação do reservatório. 2. Porque não tem carcaça são filtros baratos. Desvantagens: 1. Por estarem abaixo do nível do fluido são de difícil manutenção, especialmente se o fluido está quente. 2. Não possuem um indicador para mostrar quando está contaminado. 3. Podem bloquear o fluxo de fluido e prejudicar a bomba se não estiver dimensionado corretamente, ou se não conservado adequadamente. 4. Não protegem os elementos do sistema das partículas geradas na bomba. c-2) Filtro de sucção externo Pelo fato de possuírem carcaça estes filtros são instalados diretamente na linha de sucção fora do reservatório. Existem modelos que são instalados no topo ou na lateral dos reservatórios. Estes filtros possuem malha de filtragem de 3 a 238 µm. Vantagens: 1. Um filtro de sucção protege a bomba da contaminação do reservatório. 2. Visto que o filtro de sucção externo fica fora do reservatório, um indicador mostrando quando o elemento está sujo pode ser usado. 3. O elemento filtrante pode ser trocado sem a desmontagem da linha de sucção ou do reservatório. Desvantagens: 1. Podem bloquear o fluxo de fluido e prejudicar a bomba se não estiver dimensionado corretamente, ou se não conservado adequadamente. 2. Não protegem os elementos do sistema das partículas geradas pela bomba. Considerações Finais O choque hidráulico por descompressão Ocasionamos um choque hidráulico por descompressão, quando abrirmos repentinamente o retorno de um fluido que esteja sobre pressão em determinada parte do sistema hidráulico. Esse tipo de choque poderá afetar diretamente o filtro de retorno, danificando totalmente o elemento filtrante. Existem casos até que, o choque é tão grande, que expulsa a caneca do corpo do filtro, espanando a rosca que serve como elemento de fixação. Vazões excessivas Se o filtro de sucção tiver uma vazão nominal menor que a vazão do sistema, iremos prejudicar a bomba. Se o mesmo ocorrer com o filtro de retorno, como conseqüência terá o colapso do elemento filtrante. Isso fará com que a filtragem já não atinja os objetivos, pois, haverá passagem direta no filtro, e ainda, como agravante, poderíamos ter pedaços de papel indo parar no reservatório e bloqueando o filtro de sucção ou mesmo até, sendo succionados pela bomba. Podemos adotar como regra de que o filtro de sucção deve deixar passar uma vazão igual ou maior a três vezes a(s) vazão(s) nominal(is) da(s) bomba(s) do sistema; e o filtro de retorno, uma vazão igual ou maior a três vezes a vazão máxima "do sistema". Vibrações no sistema Um sistema hidráulico mal balanceado provoca vibrações mecânicas. Essas vibrações podem, também, desintegrar o papel do elemento filtrante, assim como, determinar a falência de todas as vedações. Magnetos Mergulhados no fluido contido no reservatório os magnetos não deixam de ser um tipo especial de filtro. O desgaste excessivo do equipamento hidráulico provoca a formação de limalhas. Às vezes, essas limalhas são menores do que 10 µm e passam pelo filtro de retorno, porém, ficam retidas no magneto. Mecânica I 22 A hora da troca Em um sistema hidráulico novo, após 50 horas de uso, os filtros dever ser retirados e limpos, ou trocados. Após 500 horas, repetir novamente essa operação, para realizá-la, novamente, após 1.000 horas, sob condições normais de trabalho, nunca excedendo em 2.000 horas. Para serviços mais pesados, estabeleça uma escala de troca de 500 horas ou 90 dias. Toda vez que entre esses intervalos for efetuada a troca do fluido, é recomendável fazer-se, também, uma inspeção dos elementos filtrantes. Determinação do tipo de filtragem Em realidade, não existe uma regra fixa para a aplicação de determinado tipo de filtro em qualquer sistema hidráulico. A utilização desse equipamento depende de diversos fatores que devem ser considerados e que variam de sistema para sistema. Deve-se levar em conta, por exemplo, que tipo de fluido está sendo utilizado, pois, um elemento filtrante bom para o óleo mineral, não necessariamente será bom para outro tipo de fluido que, de acordo com sua composição, poderá ou não atacar esse elemento. Outro fator importante é o grau de filtragem que se quer ou se deve ter no sistema. De acordo com esse desejo, utilizam- se elementos filtrantes com abertura de malha ou poro indicada para o sistema. Não podemos esquecer também, as condições de trabalho a que o circuito está exposto, assim como, o grau de contaminação, seja ela líquida ou sólida, determinando assim, o tipo ou tipos de filtros a serem utilizados. Procure