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Ambientes de Sedimentação - Praial e Deltaico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL 
CENTRO DE TECNOLOGIA – CTEC 
CURSO: ENGENHARIA DE PETRÓLEO 
 
 
 
 
 
AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO 
Diego Lima de Carvalho 
 
Iago Martins 
 
Jéssica Almeida 
 
João Paulo Ribeiro Barbosa 
 
José Caio de Melo Spinelli 
 
 
 
 
 
 MACEIÓ, MARÇO 
2016 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL 
CENTRO DE TECNOLOGIA – CTEC 
CURSO: ENGENHARIA DE PETRÓLEO 
 
 
 
 
 
AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO 
Pesquisa para composição da AB1, acima 
citado realizado sob orientação do(a) 
professor(a) Zenilda Batista, como 
requisito para avaliação da disciplina de 
Sedimentologia e Estratigrafia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ, MARÇO 
2016 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 4 
2 AMBIENTE PRAIAL .......................................................................................................................... 7 
2.1 GENERALIDADES...................................................................................................................... 7 
2.2 SUBAMBIENTES PRAIAIS ...................................................................................................... 14 
2.3 PROCESSOS COSTEIROS E TIPOS DE COSTAS .................................................................. 16 
2.4 DEPÓSITOS DE PRAIA E ALGUNS EXEMPLOS BRASILEIROS ....................................... 18 
2.5 BIODIVERSIDADE DO AMBIENTE PRAIAL ....................................................................... 19 
3 AMBIENTE DELTAICO .................................................................................................................. 23 
3.1 GENERALIDADES.................................................................................................................... 23 
3.2 FATORES QUE CONTROLAM A FORMAÇÃO DE UM DELTA ........................................ 25 
3.3 CLASSIFICAÇÃO DE DELTAS ............................................................................................... 27 
3.4 SUBAMBIENTES DELTAICOS ............................................................................................... 30 
3.4.1. PLANÍCIE DELTAICA .......................................................................................................... 31 
3.4.2. FRENTE DELTAICA ............................................................................................................. 32 
3.4.3. PRODELTA ............................................................................................................................ 33 
3.5 O CRESCIMENTO DOS DELTAS ........................................................................................... 34 
3.6 DELTAS QUATERNÁRIOS BRASILEIROS ........................................................................... 34 
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 36 
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1INTRODUÇÃO 
 
 Os sedimentos, precursores das rochas sedimentares, encontram-se na superfície 
terrestre resultantes de fenômenos de meteorização e erosão de rochas preexistentes, assim 
como de restos orgânicos. Assim são constituídos maioritariamente por areias, siltes e 
conchas de organismos. 
Dentre as várias maneiras pelas quais a sedimentação pode ser classificada, os 
geólogos estabeleceram o conceito de ambiente de sedimentação como o mais útil. Os 
ambientes de sedimentação correspondem aos locais geográficos caracterizados por 
combinações particulares de processos geológicos e condições ambientais. Conforme a figura 
1. Os ambientes de sedimentação são frequentemente agrupados por sua localização, seja nos 
continentes, em regiões costeiras ou, ainda, nos oceanos. As condições ambientais se referem 
ao tipo e a quantidade de água (oceano, lago, rio e terra árida), o relevo (terras baixas, 
montanha, planície costeira, oceano raso e oceano profundo), clima, e atividade biológica. Os 
processos geológicos incluem correntes que transportam e depositam os sedimentos (água, 
vento e gelo), o posicionamento na placa tectônica, que pode afetar a sedimentação e o 
soterramento dos sedimentos, e a atividade vulcânica. Assim, um ambiente praial considera as 
dinâmicas das ondas, as quais se aproximam e arrebentam-se no litoral, as correntes 
resultantes e a distribuição dos sedimentos na praia. 
Os ambientes de sedimentação estão relacionados aos seus posicionamentos na placa 
tectônica. Por exemplo, o ambiente de uma trincheira oceânica profunda, é encontrado numa 
zona de subducção, enquanto espessos depósitos aluviais (fluviais) estão tipicamente 
associados a montanhas formadas pela colisão de continentes. Os ambientes de sedimentares 
podem ser afetados tanto pelo clima como pela atividade tectônica, como já foi citado 
anteriormente, por exemplo, um ambiente desértico tem um clima árido, um ambiente glacial, 
frio. 
 
5 
 
Figura 1- Ambientes de Sedimentação 
 
Fonte-fossil.uc.pt 
 
Tabela 1- Ambientes de Sedimentação 
AMBIENTE AGENTEDEPOSICIONAL SEDIMENTOS 
CONTINENTAL 
Fluvial/Aluvional Rios Cascalho, areia, 
argila. 
Eólico ou desértico Vento Areia, silte 
Lacustre Correntes lacustres, ondas. Areia, argila 
Glacial Gelo Areia, cascalho, 
argila. 
COSTEIRO 
Delta Rio + ondas + marés Areia, argila 
Praia Ondas, maré Areia, cascalho 
Planície de maré Correntes Areia, argila 
MARINHO 
6 
 
 
Os ambientes costeiros e marinhos constituem um bioma com uma grande diversidade 
de ecossistemas responsável por diferentes tipos de paisagens, como estuários, restingas, 
praias, recifes de corais e outros. Fica evidente que esses ambientes sofrem grande influência 
dos biomas continentais adjacentes, ou dos que têm cursos d’água que deságuam no litoral, 
despertando grande interesse do ponto de vista socioambiental. 
A dinâmica das ondas, das marés e das correntes em praias arenosas domina os 
ambientes costeiros. Os organismos podem ser abundantes nessas águas rasas, mas não 
influenciam muito a sedimentação clástica, exceto onde os sedimentos carbonáticos também 
são abundantes, entre esses ambientes podemos citar: 
a) Ambientes deltaicos, onde os rios desembocam em lagos ou no mar; 
b) Ambientes de planície de maré, onde extensas áreas expostas na maré baixa são dominadas 
por correntes de maré; 
c) Ambientes praiais, onde as ondas fortes que se aproximam e arrebentam no litoral 
distribuem os sedimentos na praia, depositando faixas de areia ou cascalho. 
 Os sistemas costeiros dominados por onda envolvem ambientes contínuos de 
deposição desde a praia até a plataforma rasa, podem se formar em condições de nível do mar 
estável, descendo ou subindo, além disso, pode apresentar uma complexa mistura de ondas e 
marés. 
 
 
 
 
 
 
Plataforma continental Ondas, maré Areia, argila 
Margem continental Correntes oceânicas Argila, areia 
Mar profundo Correntes oceânicas Argila 
Fonte- Para Entender a Terra, pg.201 
7 
 
2 AMBIENTE PRAIAL 
 
2.1 GENERALIDADES 
 
É um ambiente contíguo aos mares, oceanos, estuários e outros corpos hídricos. 
Forma-se, basicamente, de material inconsolidado mineral, comumente areias (0,062-2 mm) e 
pode também, mais raramente, ser composto por lodo (silte, argila) cascalhos (2 a 60 mm), 
pedras roladas, seixos, calhaus,além de conter biodetritos conchas de moluscos, restos de 
corais e algas calcárias, entre outros. 
Estende-se desde o nível de baixa-mar média (profundidade de interação das ondas 
com o substrato) para cima, até a zona de vegetação terrestre permanente (limites das ondas 
de tempestade) ou até que haja mudanças na fisiografia, como dunas costeiras, restingas e 
falésias marinhas, sendo dividida em porções denominadas antepraia e pós-praia (SUGUIO, 
1992). A antepraia representa a zona entremarés propriamente dita, que recebe o efeito das 
ondas, enquanto a pós-praia só é atingida pelos borrifos das ondas ou, ocasionalmente, em 
marés vivas excepcionais e tempestades. 
Figura 2 – Dunas Costeiras 
 
Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/natureza/dunas 
 
Figura 3 - Restingas 
8 
 
 
Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html 
 
Figura 4 – Falésias Marinhas 
 
Fonte: http://brainly.com.br/tarefa/1083013 
 
O aspecto geral de uma praia resulta da interação de uma série de fatores, 
principalmente os relacionados com as características do sedimento (textura, composição, 
grau de seleção, angulação dos grãos e estratificação da praia) e a dinâmica caracterizada pelo 
ciclo construtivo/destrutivo, que depende da direção dos ventos, regime de tempestades, tipo 
de sedimento, regime de ondas e topografia da costa (HAYES; GUNDLACH, 1978). 
9 
 
 A praia arenosa exibe forma mais ou menos arqueada, em planta, e côncava rumo ao 
continente. Desenvolve-se em trechos de costas com abundante suprimento arenoso como, por 
exemplo, nas adjacências de desembocaduras fluviais com predominância da ação de ondas, 
levando à construção de delta destrutivo cuspiado (cuspatedestructive delta) ou delta 
destrutivo dominado por ondas (wavedominateddestructive delta). Por outro lado, a praia 
cascalhosa caracteriza-se por crista muito alta, que corresponde à altura máxima de ação das 
ondas de tempestade (stormwaves). 
Figura 5 – Praia Arenosa 
 
Fonte: http://www.lagamar.net.br/portal/index.php/ecossistemas-litoraneos/71-praia-arenosa 
 
Figura 6 – Praia Cascalhosa (Patagônia – ARG) 
 
Fonte: http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-praia-do-patagonia-argentina-image39243477 
 
A largura das praias atuais varia de dezenas a centenas de metros e longitudinalmente 
estendem-se por até centenas de quilômetros. A declividade e a largura de uma praia 
dependem muito da granulometria dos sedimentos que a constituem, e a altura está 
relacionada ao tamanho das ondas e às amplitudes das marés. Em geral, tanto mais grossos os 
10 
 
sedimentos mais inclinadas e estreitas se apresentam as praias, e esta correlação está ligada à 
maior permeabilidade dos sedimentos mais grossos, que favorece a infiltração e diminui 
muito o volume de águas de retorno superficial. Segundo Suguio (1992), praias de baixa 
declividade, em que a energia das ondas é acentuadamente dissipada pelo atrito, são 
denominadas praias dissipativas. Com isso, na face da praia a energia de ondas é baixa com 
granulometria mais fina e pouca declividade (figura 7). Esse tipo de praia apresenta uma 
diversidade maior por apresentarem uma produtividade primária alta. Frequentemente, 
encontram-se campos de dunas associados a este tipo de praia. . 
 
Figura 7 - Praia de baixo declive; Pontal da Barra, Maceió (AL). 
 
Fonte- Polleto, Carolina Rodrigues Bio 
Praias de alta declividade, acima de 4 a 5 graus de inclinação, onde as ondas chegam 
com maior energia (praias de tombo), são chamadas praias reflexivas. Existe uma relação 
clara entre declividade e granulometria, ou seja, quanto mais grossa a granulometria mais 
inclinado o declive da praia. Portanto, quando se observa o perfil de uma praia, é possível 
inferir sobre o tipo de sedimento e, em consequência, sobre os aspectos biológicos e o 
comportamento do óleo. 
11 
 
Figura 8- Praia de alto declive; Praia do Porto da Barra (BA) 
 
Fonte - www.guiaviagensbrasil.com 
 As praias são ambientes em equilíbrio dinâmico, com intensa movimentação de 
sedimentos em ciclos associados à circulação costeira e ao regime de ondas e marés. Em 
consequência, há praias com tendência natural de retirada de sedimentos, denominadas 
erosionais, normalmente niveladas (figura 9). Por outro lado, as praias deposicionais tendem 
a acumular sedimentos e geralmente são inclinadas e desniveladas (MICHEL; HAYES, 
1992). Devido ao dinamismo das praias, essas não podem ser classificadas permanentemente 
como de um tipo. Eventos de tempestade, mudança no padrão de ondas, elevação do nível do 
mar, deriva de sedimentos podem ser fatores que fazem com as praias migrem de um tipo a 
outro. 
 Além disso, estão sujeitas às dinâmicas sazonais de entrada e saída de sedimentos 
chamadas de ciclo praial. Durante este ciclo, nos meses de maior agitação marítima, ocorre o 
período destrutivo ou erosional, quando há remoção de areia da praia que é depositada em 
bancos de areia na zona costeira rasa (infralitoral), tornando a praia mais nivelada. 
12 
 
Figura 9- Praia erodida após passagem de frente fria, Itamambuca (SP), 
 
Fonte - aroundguides.com 
 
 Nos meses de verão, com menor agitação marítima, o sedimento volta a ser empilhado 
na face praial, constituindo um perfil mais heterogêneo, com a presença de feições 
características, como berma, cristas, e terraços de baixa-mar. 
Figura 10 – Bermas de Praia 
 
Fonte: http://www.pol.ac.uk/india/IND_updatefw.html 
 
 Em consequência, as praias podem apresentar perfis típicos de verão e inverno. O 
conhecimento desses aspectos é fundamental para a adequada gestão desses ambientes quando 
atingidos por vazamentos de óleo. 
13 
 
Uma feição praial típica de zonas costeiras recortadas são os tômbolos, extensões 
arenosas que se formam entre as praias e as ilhas e que podem se tornar vulneráveis ao óleo 
durante os períodos de baixa-mar. Os tômbolos podem evoluir geologicamente para 
penínsulas arenosas. A confluência das ondas tende a transportar sedimento para a face 
abrigada das ilhas. Da mesma forma, há uma tendência de acúmulo de óleo nessas áreas. 
Observe na figura 5, um exemplo de Tômbolo. 
Figura 11- Tômbolo entre a ilha a Ponta e Praia da Lagoinha, Ubatuba (SP) 
 
Fonte – Bolina, Luís Carlos 
No entanto, o ambiente de praia extrapola e muito a “praia propriamente dita” e 
estende-se a pontos permanentemente subaquosos, situados além da zona de arrebentação 
(breaker zone), onde as ondas, mesmo as mais fortes, já não mobilizam as areias, até a faixa 
de dunas, que comumente acompanha as praias arenosas em áreas mais ventosas. Os 
principais ambientes e fácies sedimentares associados às praias e barreiras costeiras são: 
a. ambientes de praia e faces litorâneas (shorefaces) situados no lado marinho das 
barreiras (barriers) e planícies litorâneas (strandplains); 
b. desembocaduras lagunares (inletchannels) e deltas de maré (tidal deltas), que 
interrompem lateralmente as barreiras; 
c. leques de lavagem (washoverfans) na face lagunar das barreiras. 
 
 
14 
 
2.2 SUBAMBIENTES PRAIAIS 
 
 Um ambiente praial oceânico típico pode ser subdividido em vários subambientes: 
pós-praia (backshore), antepraia (foreshore) e face litorânea (shoreface). 
 A pós-praia representa a porção mais alta da praia, correspondente aproximadamente 
ao nível de berma (berm), além do alcance das ondas e marés ordinárias. Estende-se desde a 
crista praial (beachridge), construída pelo nível de preamar de sizígia até o sopé da escarpa 
praial (beachscarp). 
 A antepraia apresenta-se sempre inclinada suavemente para o mar e inclui a face 
praial (beachface), que é comumente exposta à ação do espraiamento (swash) das ondas e, 
em algumas praias, uma ou mais barras alongadas separadas por canais, que recebem o nome 
de crista-e-canal (ridgeandrunnel). A antepraia corresponde à parte situada entre o limite 
superior da preamar (escarpa praial) e a linha de baixa-mar ordinária, isto é, parte anterior da 
praia, que normalmente sofre a ação das marés e os efeitos de espraiamento das ondas após a 
arrebentação. 
 Além disso, podem ser reconhecidas a antepraia superior (upperforeshore) e a 
antepraia inferior (lowerforeshore), que são denominações baseadas em critérios 
geomorfológicos. A antepraia superior refere-se à porção da antepraia, que se inicia na base 
da crista de berma (bermcrest) e exibe uma superfície lisa sem barras-e-canais. A antepraia 
inferior refere-se à porção inferior da antepraia ou terraço de maré baixa (lowtideterrace), 
onde ocorrem as barras-e-canais (swashbars) de Roep (1986). 
 A face litorânea estende-se do limite da antepraia inferior ligado à linha de baixa-mar 
ordinária até a profundidade de 6 a 20 m, onde comumente ocorre mudança de gradiente, 
passando de superfície de declive suave para quase horizontal e levemente côncava para cima 
(Price, 1954). Portanto, estende-se desde o nível de maré baixa ordinária até além da zona de 
arrebentação (breaker zone). Abrange a zona de surfe (surf zone) e a zona de ondas de 
tempestade (zone ofstormwave surge). 
 A face litorânea também comporta uma subdivisão em superior e inferior. A face 
litorânea superior representa um ambiente de inframaré (abaixo da maré baixa), que é 
dominado por correntes geradas por ondas, onde se depositam areias de granulação fina a 
média, com seixos dispersos ou em camadas. A areia pode apresentar estratificação cruzada 
acanalada (troughcrossbedding) em sequências e 10 a 30 cm de espessura, bem como 
15 
 
laminação paralela. A bioturbação está presente entre 6 a 9 cm abaixo da baixa-mar. A face 
litorânea inferior é um ambiente caracterizado pela deposição rápida por maré de tempestade 
(stormtide) e deposição lenta de areia síltica e areia fina por decantação. A areia síltica exibe 
bioturbação e algumas laminações paralelas e cruzadas em areias mais puras, que podem 
também conter conchas inteiras e fragmentadas na porção basal. 
 
Figura 12 – Perfil de praia transversal, praia de Porto das Dunas 
 
Fonte: www.scielo.mec.pt 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Figura 13 – Perfil generalizado de uma praia 
 
Fonte : McCubbin, 1982 
 
2.3 PROCESSOS COSTEIROS E TIPOS DE COSTAS 
 
 A movimentação dos sedimentos e as características morfológicas das praias acham-se 
intimamente relacionadas a parâmetros oceanográficos físicos que constituem os chamados 
processos costeiros. Comumente podem ser distinguidas praias de alta energia e praias de 
baixa energia, em função das energias relativas atuantes na movimentação dos sedimentos 
dessa praia. 
 As ondulações (swells) que chegam à costa sofrem refração, isto é, mudança no 
sentido de propagação das ondas em águas rasas, acomodando-se à topografia de fundo. O 
fenômeno da refração é também responsável pelo alinhamento da zona de arrebentação 
17 
 
(breaker zone), de tal modo que ela tende a ser paralela à praia. A chamada zona de 
arrebentação é representada por uma faixa estreita, onde as ondas se rompem pela diminuição 
de profundidade até abaixo de um valor igual ou inferior à base das ondas (wave base). Além 
disso, ocorre também o fenômeno da difração ao redor de obstáculos naturais, como ilhas e 
promontórios. Os fenômenos de refração e difração modificam os sentidos de propagação 
das ondas representados pelas suas ortogonais. Quando elas convergem em um determinado 
trecho da costa, ocorre a concentração de energia, causando a predominância da erosão. Em 
caso contrário, quando elas divergem ocorre dispersão de energia, ocasionando a 
predominância da sedimentação. 
 Outro fenômeno muito comum é a reflexão dos trens de onda, quando eles encontram 
um obstáculo gerando, em consequência um novo trem de ondas que se superpõem aos 
anteriores. A energia da onda refletida pela face praial (beach face) pode ser reintegrada ao 
oceano aberto ou ficar aprisionada junto à costa na forma de onda de ressonância (edgewave) 
que, segundo Guza&Inman (1975), seria responsável pelo surgimento de topografias rítmicas, 
como as cúspides praiais (beachcusps). 
 O transporte de sedimentos na zona do surfe (área situada entre o limite externo de 
arrebentação e o limite de espraiamento de ondas) ocorre não só pela atuação das correntes 
longitudinais, mas também pela agitação das ondas no local, cujo movimento resultante é 
chamado de deriva litorânea (Taggart& Schwartz, 1988). Ainda, segundo esses autores, 
ocorre o transporte de sedimentos também na zona de espraiamento (antepraia e face praial), 
através do fenômeno da deriva praial, cujas trajetórias exibem forma serrilhada e apresentam 
o mesmo sentido da deriva litorânea. 
 Cada trecho de costa, com um determinado sentido de deriva costeira dá origem a 
uma célula de circulação costeira (Noda, 1971). A célula de circulação costeira é composta 
de três partes: 
1. zona de erosão; 
2. zona de transporte; 
3. zona de deposição. 
 A zona de erosão onde se origina a corrente (barlamar) caracteriza-se por apresentar 
ondas de maior energia. A zona de transporte corresponde ao trajeto através do qual os 
sedimentos são carreados ao longo da costa. Finalmente na zona de deposição (ou de 
acumulação) a corrente termina (sotamar) e representa o local com ondas de menor energia. 
18 
 
2.4 DEPÓSITOS DE PRAIA E ALGUNS EXEMPLOS BRASILEIROS 
 
 Como já foi mencionado, o processo dominante no ambiente de praia é o 
espraiamento das ondas após sua arrebentação, que se processa antepraia acima e 
ocasionalmente ultrapassa a berma durante as marés mais altas. 
 O espraiamento das ondas origina as estratificações planares, que sãoquase 
horizontais sobre a berma, exibindo mergulhos suaves rumo ao mar sobre a face praial. Este 
ângulo de mergulho depende da granulometria e alguns outros fatores, sendo comumente de 2 
a 10 graus em areias finas e média. Além disso, o mergulho depende também das condições 
da onda, de modo que a estratificação de espraiamento (swashstratification) apresenta-se 
comumente com formas acunhadas delimitadas por superfícies de truncamento de ângulo 
baixo. Em virtude de ativos processos hidrodinâmicos, as areias modernas das pós-praias e 
antepraiassão geralmente pouco bioturbadas, embora possam estar presentes perturbações 
mais ou menos conspícuas causadas por Callichiruse outros crustáceos escavadores, 
principalmente na antepraia inferior. 
 O transporte de sedimentos na face litorânea superior (ou zona de surfe) é 
predominantemente bidirecional, em virtude do movimento oscilatório perpendicular à praia, 
relacionado às ondas incidentes primárias e arrebentações associadas, além de correntes 
longitudinais (longshorecurrents) e de retorno (ripcurrents) de origem secundária. Em muitas 
costas com barras, as areias da face litorânea superior podem ser mais grossas que as de 
ambientes de praia e de face litorânea inferior associadas. Os depósitos de face litorânea 
inferior mostram intensas bioturbações, embora as estruturas sedimentares físicas possam 
também estar presentes. 
 Por outro lado, os estudos de ambientes de praias modernos indicam que as fácies 
sedimentares dependem também das condições locais das ondas e das amplitudes de maré. 
Além disso, a natureza das fácies associadas depende do suprimento sedimentar, das 
variações de nível relativo do mar e da história evolutiva,locais. 
 Em geral, podem ser reconhecidos os depósitos praiais siliciclásticos como os 
descritos por McCubbin (1982) ou os depósitos praiais carbonáticos, como os caracterizados 
por Inden& Moore (1983). 
 Albino (1999) estudou as praias atuais do litoral centro-norte do Espirito Santo, 
relacionadas à planície deltaica do Rio Doce ao norte e a uma estreita faixa de sedimentos 
19 
 
quaternários delimitada pelas falésias da Formação Barreiras ao sul. As praias do delta do Rio 
Doce são areias essencialmente siliciclásticas de origem fluvial e marinha. 
2.5 BIODIVERSIDADE DO AMBIENTE PRAIAL 
 
As praias são ambientes muito importantes ecologicamente, seja pela sua própria 
riqueza biológica, seja pelo papel que desempenham em relação aos outros ecossistemas 
costeiros, uma vez que constituem grande parte das áreas costeiras e são densamente 
povoadas. 
A riqueza e a composição biológica das praias são extremamente variáveis, o que 
depende principalmente das suas características geomorfológicas e hidrodinâmicas. Quanto 
maior o diâmetro do grão e a declividade, menor a diversidade e a abundância específica. 
(McLACHLAN, 1983 apud AMARAL et al., 1999). Praias de areias médias, finas e mistas 
são biologicamente mais ricas do que praias de areia grossa. Praias lamosas também são 
muito ricas em organismos, com elevadas densidades populacionais. A figura 6 e 7 
representam praias de areia grossa e fina, respectivamente. 
Figura 14- Praia de areia grossa. Praia de Massaguaçu, Caraguatatuba (SP) 
 
Fonte - Milanelli, João Carlos Carvalho 
 
20 
 
Figura 15- Praia de areia fina. Praia do Cauípe (CE) 
 
Fonte - Poletto, Carrolina Rodrigues Bio 
Assumindo-se que a comunidade biológica tem suas características definidas pelas 
condições ambientais, nas praias de areia grossa, pobres em matéria orgânica e fisicamente 
instáveis, há predominância de animais filtradores, enquanto nas praias lodosas há o 
predomínio de espécies comedoras de sedimento (depositívoras), estimuladas pela maior 
quantidade de matéria orgânica. Se, por um lado, estes ambientes mais estáveis suportam a 
presença de espécies mais frágeis, por outro restringem o desenvolvimento biológico pela 
limitação de oxigênio e circulação intersticial. A riqueza no ambiente praial pode chegar a 
centenas de espécies, pertencentes principalmente aos grupos animais Cnidaria, Turbellaria, 
Nemertinea, Nematoda, Mollusca (Gastropoda, Bivalvia), Echiura, Brachiopoda, 
Pycnogonida, Hemichordata, Echinodermata, Sipuncula, Crustacea (Amphipoda, Isopoda, 
Brachiura, Anomura), Polychaeta, Porifera, Ascidiacea e algas (como, por exemplo, 
Enteromorpha), grupos que se tornam mais freqüentes em praias com presença de substratos 
mais consolidados (praia de calhaus, seixos, pedras roladas). As figuras 8, 9, 10, 11, e 12, 
mostram alguns exemplos da fauna de um ambiente praial. 
Quanto ao hábito alimentar, as espécies são filtradoras, detritívoras, pastadoras, 
predadoras, necrófagas, ou omnívoras. A dominância de um ou outro grupo também vai 
depender do tipo de praia; por exemplo, praias lamosas têm predominância de comedores de 
detrito/sedimento e carnívoros, enquanto em praias de areia predominam os animais 
filtradores (retiram o alimento filtrando a água). 
21 
 
Um importante aspecto do ambiente de praias é a existência de um gradiente de 
estresse por temperatura e dessecação, no sentido perpendicular à linha d’água. Quanto mais 
longe da água, mais variável é a temperatura e mais seco o ambiente. Consequentemente, há 
também um gradiente de espécies tanto em diversidade quanto em densidade, no mesmo 
sentido, mas inversamente proporcional. Quanto mais perto da água, mais rica e densa é a 
comunidade. Observa-se ainda que a distribuição das espécies obedece a uma estratificação 
(horizontal e vertical), de acordo com sua adaptação ao ambiente. Este é um processo 
denominado zonação estrutural, o qual não é só determinado pela pressão do ambiente, mas 
também por aspectos ecológicos como predação e competição. Este conceito ecológico é 
fundamental para a gestão de ações de limpeza de óleo em praias. 
 
Figura 16- Fauna de praia. Caranguejos eremitas (Crustacea- Anomura). Barra de Mamanguape (PB). 
 
Fonte - Polleto, Carolina Rodrigues Bio. 
Figura 17- Molusco 
 
Fonte - pixabay.com 
22 
 
Figura 18- Echinoidea (bolacha da praia)- Equinoderma 
 
Fonte - trabalhocfb704.blogspot.com 
Figura 19- Caravela Portuguesa ou Garrafa Azul (Physaliaphysalis)- Cnidário 
 
Fonte - www.katembe.com.pt 
23 
 
Figura 20- Caranguejo Maria Farinha - _Ocypodequadrata_ (Crustacea, Ocypodidae) - Praia de Naufragados 
 
Fonte - www.panoramio.com 
3 AMBIENTE DELTAICO 
 
3.1 GENERALIDADES 
 
Em termos conceituais, torna-se necessário, antes de tudo, distinguir entre os sentidos 
mais precisos de delta, sistema deltaico e complexo deltaico. A palavra delta vem da quarta 
letra do alfabeto grego e foi usada pela primeira vez, por Heródoto(figura 21) há cerca de 
2500 anos passados, referindo-se à configuração exibida pela porção subaérea da foz do Rio 
Nilo, mostrada na figura 22. Nesta área, a planície aluvial está situada entre dois distributários 
principais e apresenta grande semelhança com a letra delta. 
Figura 21- Busto de Heródoto 
 
Fonte 1- www.biografiasyvidas.com 
24 
 
Figura 22- Delta do rio Nilo 
 
Fonte - http://www.geologia.ufpr.br/graduacao2/deposicionais/deltas.pdf 
Entretanto, segundo Moore (1966), deve-se a Lyell a introdução desse termo na 
literatura geológica, fato que ocorreu em 1832. 
Por sistema deltaico deve-se entender o conjunto de subambientes que constituem o 
ambiente deltaico. O complexo deltaico corresponde a uma associação de deltas geológica e 
geneticamente relacionada entre si, porém espacial e temporalmente independentes. Nesse 
contexto, as planícies litorâneas das desembocaduras de alguns dos principais rios da costa 
brasileira (Matinet al, 1993) constituiriam, a rigor, complexos deltaicos. 
Os conceitos fundamentais de sedimentação deltaica foram objetivamente delineados 
por Gilbert (1890), como conclusão de suas pesquisas no Lago Bonneville (Estados Unidos). 
Desde o surgimento desse trabalho, tornaram-se muito conhecidos, nos meios geológicos 
internacionais, os conceitos de camadas basais (bottomsetbeds), camadas frontais 
(foresetbeds) e camadas dorsais (topsetbeds). 
Entretanto, essas denominações só se aplica a alguns deltas de origem lacustre, cujo 
arcabouço sedimentar é mais simples que nos deltas oceânicos. 
Barrel (1912) usou o termo delta para designar um depósito parcialmente subaéreo, 
construído por um rio no encontro com um corpo permanente de água. Em 1930 concluiu que 
o termo delta deveria ser empregado para denominar sedimentos depositados por um rio nas 
vizinhanças de sua desembocadura. 
Bates (1953) definiu um delta como depósito sedimentar construído por fluxo de água 
dentro de um corpo permanente de água. À medida que novas áreas de sedimentação costeira 
25 
 
atribuíveis a deltas foram sendo estudadas, o conceito original foi sofrendo modificação para 
acomodar as novas observações. 
Figura 23- Delta do Nilo 
 
Fonte: Suguio (2003) 
 
3.2 FATORES QUE CONTROLAM A FORMAÇÃO DE UM DELTA 
Para que um delta seja formado, é necessário que um rio (corrente aquosa), 
transportando carga sedimentar, flua rumo a um corpo permanentede água em relativo 
repouso. As velocidades das correntes fluviais diminuem da desembocadura para as porções 
mais distais, de modo que sedimentos sujeitos a velocidades cada vez mais lentas (mais finos) 
e menos esféricas sejam depositados nesse sentido. 
Vários são os fatoresque condicionam os processos de sedimentação deltaica, os quais 
mudam muito, dando em consequência origem a diferentes tipos de deltas. Alguns ocorrem ao 
longo de costas com amplitude de maré desprezível e/ou energia de onda mínima, enquanto 
outros são originados sob condições de grande amplitude de marés e/ou intensa atividade de 
ondas. por outro lado, os deltas podem ser construídos sob condições de clima tropical úmido, 
sob intensos processos químicos e biológicos ou em regiões desérticas, onde as atividades 
químicas e biológicas são praticamente nulas. A despeito da enorme diversidade ambiental, 
determinada pela combinação de diferentes fatores que interferem nos processos deltaicos, 
todos os deltas resultantes de progradação ativa apresentam ao menos um atributo em comum. 
Um rio fornece sedimentos terrígenos à zona costeira e à plataforma continental interna mais 
rapidamente que a velocidade de remoção pelos agentes geológicos litorâneos. 
26 
 
Coleman & Wright (1971,1975) discutiram sobre os vários processos costeiros e os 
seus efeitos e significados na sedimentação deltaica. Segundo esses autores, os fatores mais 
importantes são: clima, flutuação da descarga fluvial e da carga sedimentar, processos 
associados à desembocadura fluvial, energia das ondas, regimes de marés, ventos, correntes 
litorâneas, declividade da plataforma, tectônica e geometria da bacia receptora. Embora esses 
fatores tenham alguma influência, somente poucos processos atuam mais decisivamente na 
formação dos diferentes tipos de deltas. Segundo Morgan (1970), os seguintes fatores são 
fundamentais na sedimentação deltaica: 
a) Regime fluvial: Em rios com tendência a grandes flutuações de descarga, os canais 
exibem um padrão entrelaçado. Por outro lado, quando as variações de descarga anual são 
pequenas, os canais exibem um padrão meandrante. As diferenças desses padrões, ou seja, do 
regime fluvial, afetam a granulometria e a seleção dos grãos transportados. O volume de 
sedimentos supridos, que também depende das variações de descarga e da composição 
litológica das rochas matrizes da bacia de drenagem, é também importante na taxa e no 
padrão de crescimento dos deltas. Em rios de descarga líquida e carga sedimentar grande e 
constante comumente são formados corpos lineares dispostos a fortes ângulos em relação à 
linha de costa. Porém, em rios com grandes variações de descarga e, portanto, com grandes 
flutuações de carga sedimentar, as areias têm oportunidade de ser intensamente retrabalhadas 
pelos agentes marinhos. 
b) Processos Costeiros: Os processos costeiros compreendem principalmente os 
efeitos das ondas e marés, além de correntes litorâneas. O principal papel das ondas é o de 
selecionar e redistribuir os sedimentos supridos pelos rios. Os graus de influência dos regimes 
dos rios ou dos processos costeiros, como as ondas, são determinados pelas capacidades 
desses agentes em retrabalhar e redistribuir os sedimentos. Quando a energia das ondas é 
muito forte, as composições mineralógicas das areias fluviais podem ser drasticamente 
alteradas, sempre tendendo a aumentar os teores de quartzo nos corpos arenosos, em 
detrimento dos minerais menos estáveis como o feldspato , resultando em areias limpas e bem 
selecionadas. Em costas de baixa energia de ondas, as areias depositadas são essencialmente 
produtos de processos fluviais, em geral pobremente selecionadas. Entre os agentes 
geológicos que desempenham um papel muito importante entre os processos costeiros, há as 
correntes longitudinais (ou de deriva litorânea), cuja característica principal consiste em 
formar corpos arenosos orientados subparalela ou paralelamente às correntes. Entre as várias 
causas geradoras dessas correntes litorâneas têm-se: propagação de marés, ondas e ventos, 
27 
 
gradientes de densidade das águas e principalmente a incidência oblíqua das ondas em relação 
à praia. 
c) Fatores Climáticos: O tipo de clima determina a intensidade de atuação dos 
processos físicos, químicos e biológicos de um sistema fluvial. Em bacias hidrográficas 
situadas em áreas tropicais, verifica-se intensa decomposição química das rochas, formando-
se espesso manto de intemperismo, que é protegido da erosão pela densa cobertura vegetal, 
em geral existente nessas áreas. Os rios transportarão principalmente materiais solúveis e 
partículas finas em suspensão e poucos sedimentos grossos. Este modelo pode ser perturbado 
pela ação antrópica como o desmatamento, que acaba induzindo o transporte de material mais 
grosso pelo rio. Por outro lado, quando o clima da bacia de drenagem for árido, a vegetação é 
escassa e o regime fluvial é irregular. Nessas condições, os canais tornam-se instáveis e 
frequentemente desenvolvem-se canais entrelaçados pelos quais serão transportados 
sedimentos com excesso de carga de fundo em relação à carga em suspensão. 
d) Comportamento Tectônico: A geometria dos litossomas em sequências 
sedimentares deltaicas é muito fortemente controlada pelo comportamento tectônico do sítio 
deposicional. Uma rápida subsidência origina espessos pacotes de areias deltaicas (algumas 
centenas a poucos milhares de metros), enquanto uma lenta subsidência ou relativa 
estabilidade resulta em delgadas sequências deltaicas (algumas dezenas de metros). 
 
3.3 CLASSIFICAÇÃO DE DELTAS 
 
 Diferentes critérios têm sido usados na classificação de deltas. Considerando-se a 
natureza da bacia receptora, Lyell (1832) classificou os deltas em continentais (lacustres) e 
marinhos (ou oceânicos). 
Bates,(1953) , baseado nos contrastes de densidade entre as águas do afluente fluvial 
principal e o corpo líquido receptor, reconheceu três tipos fundamentais de deltas. 
a) Deltas Homopicnais: não há diferença de densidade próximo à saída do rio, e 
sedimento é rapidamente depositado. Barras sedimentares próximas ao rio são formadas se a 
bacia receptora for rasa, bifurcando o canal distributário. 
28 
 
Figura 24- Fluxo homopicnal 
 
Fonte: Suguio, 2003 
b) Deltas Hiperpicnais: a densidade do meio transportador é maior que a do meio 
receptor e, desse modo, os sedimentos são carreados junto ao substrato por correntes de 
turbidez. Neste caso, não se formam verdadeiros deltas, mas sim leques submarinos que se 
depositam ao sopé dos taludes continentais, nas desembocaduras de canhões submarinos. 
Figura 25- Fluxo hiperpicnal 
 
Fonte- Suguio, 2003 
c) Deltas Hipopicnais: a densidade do meio transportador é menor que a do meio receptor e, 
dessa maneira, os sedimentos movem-se pela superfície do meio mais denso. Esta situação é 
mais característica dos deltas originados por rios que deságuam em mares e oceanos. 
29 
 
Figura 26- Fluxo hipopicnal 
 
Fonte: Suguio, 2003 
Moore (1966), baseado em Lyell (1832) e Bates (1 953), estabeleceu quatro tipos 
principais de deltas: 
1. de canhões submarinos (fluxo hiperpicnal em forma de jato plano); 
2. lacustres (fluxo homopicnal em forma de jato axial e com predominância de fácies 
marinhas). o primeiro grupo foi subdividido em dois subtipos: lobados e alongados; o 
segundo grupo foi subdividido, conforme a predominância das ondas ou das marés em subtipo 
em cúspide e ou cuspidado) e em franja e ou franjado)' respectivamente. 
Baccocoli (1971) em um estudo pioneiro sobre os deltas quaternários brasileiros, 
discutindo as suas idades, considerou-os como holocênicos, mas atualmente sabe-se que eles 
são em parte pleistocênicos (Martin et al., 1993). 
Galloway (1975) apresentou uma classificação modificada de Scott & Fisher (op. cit.), 
baseada na ação recíproca dos processos marinhos e no papel desempenhado por esses 
processos na construção deltaica, 
3. mediterrâneos (fluxohomopicnal em forma de jatoplano); 
4. oceânicos (construídos em ambientes de macro-marés). 
Scott & Fisher (1969) adotaram, especificamente para os deltas marinhos, uma 
classificação baseada em conceitos genéticos (natureza e intensidade dos agentes geológicos 
oceânicos) e na distribuição de fácies nas porções subaéreas (Fig. 8.57). Desse modo, 
estabeleceram dois grandes grupos: deltas construtivos (com predominância de fácies fluviais) 
30 
 
e deltas destrutivos propondo uma grande variedade de deltas, que foram agrupados em um 
diagrama triangular (Figura 8.58) segundo três membros extremos: 
1. deltas de domínio fluvial; 
2. deltas dominados por ondas; 
3. deltas dominados por marés. 
Figura 27- Deltas construtivos e destrutivos 
 
Fonte: ppegeo.igc.usp.br 
 
3.4 SUBAMBIENTES DELTAICOS 
 
Os deltas compreendem uma porção subaérea que abrange a planície deltaica situada 
acima da maré baixa, e a subaquososa representando a porção submersa, separadas pelo limite 
de influência das marés. O conceito clássico de delta admite uma subdivisão em três 
províncias de sedimentação: planície deltaica (ou plataforma deltaica), frente deltaica (ou 
talude deltaica) e prodelta. 
31 
 
Figura 28- Subambientes deltaicos 
 
Fonte 2: www.twiki.ufba.br 
 
3.4.1. PLANÍCIE DELTAICA 
 
Constitui a superfície suborizontal adjacente à desembocadura da corrente fluvial. 
Abrange a parte predominante subaérea da estrutura deltaica onde, em geral, a corrente flvial 
principal subdivide-se em vários distributários deltaicos (ativos e abandonados) e as áreas 
entre estes tributários (planícies interdistributárias), onde se desenvolvem lagos e pântanos, 
por exemplo. 
Os principais depósitos sedimentares associados à planície deltaica são: 
Depósitos de preenchimento de canais: compostos de sedimentos grossos e finos, que 
preenchem um canal abandonado pelo rio. Consistem em areias sílticas, que passam para 
argilas sílticas e argilas. Além dos depósitos de preenchimento de canais típicos ocorrem, 
também, as barras de meandros e as barras de canais entrelaçados. 
Depósitos de diques naturais: formam áreas levemente elevadas, que flanqueiam os 
canais distributários e são construídos por deposição de sedimentos mais grossos da carga em 
suspensão durante as enchentes. Consistem em argilas sílticas perturbadas mais comumente 
por raízes de plantas (fitoturbações). Associados aos diques naturais, também podem aparecer 
os chamados depósitos de rompimento de diques naturais, que se apresentam na forma de 
pequenos leques. 
Depósitos de planície interdistributária: são constituídos por sedimentos argilosos 
acumulados nas áreas baixas da planície deltaica, entre os distributários ativos e abandonados, 
quando ocorre extravasamento dos canais distributários. 
32 
 
Depósitos paludais ou pântanos: são formados quando a área inundada entre os 
distributários torna-se sufi cientemente rasa para suportar vegetação. Existem pântanos de 
vegetação rasteira (marsh), constituídos por água salgada, doce ou salobra, que se 
desenvolvem próximo ao mar, e os de vegetação de maior porte (swamp), que são de água 
doce e situam-se mais para o interior dos continentes. Nos pântanos do tipo marsh, quando 
ocorrem em zonas costeiras de clima quente e úmido, desenvolvem-se os manguezais 
que são caracterizados por vegetação típica (Rhizophoramangle, Laguncularia racemosa, etc.) 
e no swamp originam a turfa. 
Os depósitos lacustres de argila orgânica com laminação formam-se em áreas 
pantanosas do tipo marsh, resultantes do afogamento na área. Os depósitos de planície 
deltaica nas regiões de clima seco (semi-árido e árido) são caracterizados por depósitos de 
calcretes (materiais superficiais, tais como cascalhos e areais, cimentados por carbonato de 
cálcio) ou de evaporitos, como halita e gipsita. 
3.4.2. FRENTE DELTAICA 
 
Esta província forma a área frontal de deposição ativa do delta que avança sobre os 
depósitos de prodelta, sendo constituída por siltes e areias fi nas fornecidos pelos principais 
distributários deltaicos. Os principais depósitos associados à frente deltaica são: 
1. Depósitos de barra distal – são formados por sedimentos da faixa frontal 
progradante do delta, predominando siltes e argilas. 
2. Depósitos de barra de desembocadura de distributário – são oriundos da 
sedimentação da carga do rio na boca do canal distributário, sendo constituídos por areia e 
silte e sujeitos a constantes retrabalhamentos pelas correntes fluviais e ondas. 
3. Depósitos de canais distributários submersos – correspondem ao prolongamento 
natural subaquático dos canais distributários subaéreos, que se alargam ao atingir a frente 
deltaica e terminam pela deposição de barras arenosas de desembocadura. 
4. Os diques naturais submersos – são cristas submarinas localizadas nas margens dos 
canais distributários submersos e formados pela redução da velocidade das águas na frente 
deltaica. Os sedimentos são compostos de areias muito finas e siltes, bem selecionadas, com 
ocasionais laminações finas de restos de plantas e argilas. 
33 
 
Figura 29- Subambientes associados à frente deltaica 
 
Fonte: Suguio (2003) 
3.4.3. PRODELTA 
 
A sedimentação prodeltaica é essencialmente argilosa e representa a parte mais 
avançada de deposição do sistema deltaico. A construção de um delta tem início com a 
deposição de argila marinha na bacia receptora que está em baixo dos sedimentos das duas 
províncias anteriores (planície deltaica e frente deltaica). No delta do rio Mississipi (Estados 
Unidos), os sedimentos prodeltaicos atingem espessuras superiores a 400 m e as argilas dessa 
província contêm quantidades moderadamente altas de matéria orgânica. 
Duas feições geológicas diretamente associadas à deposição prodeltaica argilosa são: 
1) Planícies de lama, que são formadas quando o fornecimento de lama fluvial 
sobrepuja a capacidade de dispersão de processos costeiros. Continuando a deposição de 
sedimentos argilosos fluviais, uma linha de praia arenosa pode ser isolada por trás de uma 
planície de lama, e os depósitos praiais assim isolados recebem o nome de depósito de 
chênier. 
2) Os díapiros de lama, que são projeções de lama dentro dos depósitos de barra de 
desembocadura ou extrusões de lama, formando ilhas próximas à desembocadura dos 
distributários. 
 
 
34 
 
3.5 O CRESCIMENTO DOS DELTAS 
 
 À medida que um delta se desenvolve, a foz de seu rio também avança nessa direção, 
por algumas centenas ou milhares de anos deixando no percurso a planície deltaica, com uma 
elevação de poucos metros acima do nível do mar, que encerra grandes áreas de terras úmidas, 
porque armazenam água e constituem o habitat de muitas espécies de plantas e animais. 
Em muitas áreas, as terras úmidas deltaicas sofreram controle das cheias com a 
construção de barragens, que reduziu o seu aporte sedimentar, e com os grandes diques 
artificiais que evitaram as cheias menores, mas frequentes, que alimentavam as terras 
alagáveis deltaicas. Os deltas crescem pela adição de sedimentos e afundam à medida que 
ocorre compactação das partículas e subsidência da crosta devido ao peso da carga 
sedimentar. A cidade de Veneza, parcialmente edificada no delta do rio Pó (Itália), vem 
sofrendo um processo de afundamento devido a subsidência crustal. 
 
 
3.6 DELTAS QUATERNÁRIOS BRASILEIROS 
 
Associadas às desembocaduras dos principais rios que deságuam no oceano Atlântico, 
ao longo da costa brasileira, existem zonas de progradação que Bacoccoli (1971) interpretou 
como deltas. O rio Amazonas seria do tipo altamente destrutivo dominado por marés, 
enquanto que os dos rios Parnaíba, Jaguaribe,São Francisco, Jequitinhonha, Doce e Paraíba 
do Sul seriam do tipo altamente destrutivo dominados por ondas. No exame dos parâmetros 
considerados importantes por diversos autores que estudaram os diferentes deltas, verifica-se 
que todos ignoraram o papel das flutuações do nível relativo do mar durante o Quaternário. 
Essas variações podem resultar da mudança real do nível do mar (eustasia) e das modificações 
do nível dos continentes (tectonismo e isostasia). Martin et al. (1993) revelaram que as 
variações do nível relativo do mar foram muito importantes na construção dos complexos 
deltaicos quaternários brasileiros, sendo possível constatar que parte dessas planícies exibe 
sedimentos pleistocênicos e holocênicos. Finalmente, a existência de deltas intralagunares (ou 
intraestuarinos) nas planícies costeiras das desembocaduras dos rios Doce (ES) e Paraíba do 
Sul (RJ) corresponde ao estágio de culminação do nível relativo do mar, acima do atual entre 
5 mil e 6 mil anos AP (Antes do Presente). 
35 
 
Figura 40- Os Deltas quaternários da costa brasileira segundo Bacoccoli (1971) 
 
Fonte- Suguio (2003) 
 
Figura - Os deltas da costa leste do Brasil 
 
Fonte: Dominuez, José Landim. 
36 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Como vimos, o conceito de delta é muito amplo, tendo em comum o fato de 
constituírem-se em zonas de progradação vinculadas a um curso fluvial. O regime fluvial, os 
processos costeiros, os fatores climáticos e o comportamento tectônico do sítio estrutural são 
os fatores fundamentais que controlam a sedimentação deltaica. Assim, os deltas progradam 
pela adição de sedimentos e afundam à medida que ocorre compactação das partículas e 
subsidência da crosta devido ao peso da carga sedimentar. Além disso, o ambiente praial 
também apresenta sua importância por apresentar feições características favoráveis à 
formação e acumulação de petróleo. Sua observação perante a época do ano, sua declividade e 
sedimentação características se dão necessárias para um melhor conhecimento e exploração 
de sua área. 
5 REFERÊNCIAS 
 
SUGUIO, Kenitiro. Geologia sedimentar. São Paulo: Edgard Blucher, 2003. 
BACOCCOLI, G. Os deltas marinhos holocênicos brasileiros – uma tentativa de 
classificação: Boletim Técnico Petrobras 14: 5-38, Rio de Janeiro, 1971. 
CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia Fluvial. São Paulo: Edgard Blucher, 1981. 
MARTIN, Louis; SUGUIO, Kenitiro; FLEXOR, J. M. As flutuações do nível do mar durante 
o Quaternário superior e a evolução geológica dos “deltas” brasileiros. Boletim IG-SP, 
Publicação Especial. 15: 1-186. São Paulo, 1993. 
Dominguez, J. M. L. Notas de aula de Processos Sedimentares e Problemas Ambientais na 
Zona Costeira. Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, 2009. 
PRESS,S.;SIEVER,R. In: Para entender a terra, 3ª Edição. Artmed Editora. Porto Alegre. 
2006. 
Ambientes Costeiros Contaminados por óleo- Procedimentos de limpeza- Manual de 
orientação, Governo do Estado de São Paulo; 
(http://www.ecoa.unb.br/probioea/guia/index.php/ambientes-costeiros-e-marinhos/18-intro) 
www.geologia.ufpr.br/graduacao2/.../sistemasclasticosondas.pdf 
37 
 
http://cetesb.sp.gov.br/emergencias-quimicas/wpcontent/uploads/sites/53/2013/12/ambientes-
costeiros.pdf