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Modernidade como Ruptura - David Harvey

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Modernidade como Ruptura 
 
A modernidade como ruptura diz respeito a destruição criativa, quer do 
tipo pacifico, quer do tipo revolucionário, traumático e autoritário. A ideia de 
modernidade para o autor é um mito – noção de ruptura tem o poder de 
persuasão diante das evidencias do que ocorre e do que não ocorre. 
A ruptura é radical nos setores da arte e da literatura, do planeamento 
urbano, na organização industrial e política, ou dos deslocamentos nesses 
fatores que se concentram em alguns locais e se expandem mundo a fora. 
 
 Haussmann em Paris 
Ele coagiu a cidade a assumir a modernidade. A indústria manufatureira 
estava dispersa e organizada de forma artesanal. Então ele abre o caminho para 
um maquinário e para industrias modernos. Pequenas lojas em ruas estreitas, 
tortuosas ou em galerias se tornaram imensas lojas tomando conta dos 
bulevares. 
Saíram o utopismo e o romantismo e vieram o gerencialismo prático e o 
socialismo cientifico. Em 1848 foi consolidado o novo sem o velho. Porém, fome, 
miséria, republicanos e socialistas dispostos a enfrentar a monarquia. Greves, 
manifestações de rua, haviam sido contidos em 1840, mas retornaram em 1848, 
em busca da liberdade – que era imaginada como o corpo de uma mulher. 
Em 1830, Thiers não conseguiu estabilizar o regime como monarquia 
constitucional no estilo britânico. Surgiram mais movimentos revolucionários, 
onde faziam parte estudantes, trabalhadores e burgueses insatisfeitos. O rei e a 
rainha, então, fugiram disfarçados, para a Inglaterra como Sr. e Sra. Smith. Veio 
um governo provisório. 
Muitas pessoas invadiram o Palácio de Versalhes saqueados todos os 
objetos, queimando muitos outros. A cidade havia sido tomada pelo povo. E 
nesse meio tempo, Haussmann era o subprefeito de Blaye. Foram realizadas 
novas eleições, onde muitos votaram na direita, muitos na esquerda e alguns 
socialistas notáveis foram eleitos. 
Formaram-se clubes políticos, associações de trabalhadores – 
‘Parlamento dos Trabalhadores’. Oficinas nacionais foram criadas para oferecer 
trabalho e salario para trabalhadores. A economia ia de mal a pior com grandes 
dividas. E o governo, com a direita em maioria, encerrou suas atividades em 
junho. 
Louis Cavaignac assumiu o comando do exército, colocando fim às 
barricadas. Luís Napoleão, ainda oficialmente exilado havia sido eleito em junho 
para uma cadeira na assembleia. Foi reeleito em setembro e assumiu o posto. 
Criou uma nova constituição nos modelos americanos. Na assembleia haviam 
poucos bonapartistas, a monarquia conservadora prevalecia. 
A presidência era limitada a quatro ano e Napoleão se recusou a estendê-
la, até o golpe de 2 de dezembro de 1851, aboliu o sufrágio universal e restituiu 
a censura na imprensa. Autoritarismo e despotismo constituíam esse novo 
governo, já que as experiências com um governo democrático e republicano 
haviam fracassado. 
Haussmann com simpatias bonapartistas assumiu a prefeitura em janeiro 
de 1849 em Van e depois em Auxenne. Em 1 de dezembro de 1851 foi transferido 
para a região fronteiriça com a Itália e depois para sua região preferida, 
Bordeaux. Em 1853 assumiu Paris e recebeu um esboço do imperador com 
planos para reconstruir o sistema viário de Paris. 
O imperador havia o instituído a evitar linhas retas, e como não tinha 
interesse na distribuição de agua corrente, não pediu muita atenção, mas 
Haussmann ignorou suas ordens – o que revelou egoísmo e vaidade. Ele criou 
um mito – que sobrevive até hoje – de que ele e o imperador não tinha ligação 
alguma em pensamentos ou praticas do pensamento imediato. 
E além de criar o mito inovador, ajudava a garantir a ideia de que não 
havia alternativa para o autoritarismo benevolente no Império, e que, como as 
propostas e os planos socialistas, republicanos e democráticos eram 
impraticáveis não mereciam consideração. 
Hittorff, foi um dos principais arquitetos, junto a Baltard, na 
transformação de Paris, sendo o primeiro, o elaborador de um plano para 
avenidas da cidade, onde Haussmann triplicou a escala do projeto, e o segundo, 
o criador dos projetos híbridos ‘grandes guarda-chuvas de ferro’. 
Para os artistas – poetas, literários, pintores, escultores – o moderno era 
entendido como efêmero, eterno e imutável. Os artistas haviam perdido sua 
influência. Paris era descrita como imenso teatro, por toda parte alegria, ganho, 
vitalidade, a certeza do pão de amanhã. Baudelaire vê a humanidade em ruina, 
onde seu caráter absoluto foi revertido para o cumulo do horror e seu destino 
estava dado. Para Marx, 1848 foi um divisor de águas intelectual e político.

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