Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor: Márcio do Nascimento 2013/02 PLANO DE ENSINO Disciplina DIREITO CONSTITUCIONAL I Professor: PROF. MÁRCIO DO NASCIMENTO Curso: DIREITO Período: Turma: Crédito: Carga horária: 2º PERÍODO 04 CRÉDITOS 72 HORAS/AULA Semestre letivo: 2013 - 2 1. Ementa: Teoria da Constituição. O Constitucionalismo. A evolução do Estado moderno: paradigmas. O Estado Liberal de Direito. O Estado Social de Direito. O Estado Democrático de Direito. O novo constitucionalismo. Constituição: conceitos, estudo de sua teoria e de sua tipologia, suas funções básicas. A Supremacia Constitucional. O Poder Constituinte: sua gênese constitucional. Norma Constitucional: normas e princípios. Hermenêutica Constitucional: interpretação, aplicação e concretização da Constituição. 2. Objetivos Gerais: - Refletir a respeito da importância do Direito Constitucional. - Identificar a origem e a formação do Estado. - Definir os fundamentos do Estado Moderno através da história. - Investigar os pressupostos e paradigmas do Estado Liberal, Estado Social e Estado Democrático de Direito. Específicos: - Analisar a formação do poder constituinte com a interface com o Estado Moderno. - Estabelecer compreensão dos variados conceitos e tipologia de Constituição. - Compreender a distinção entre princípios e normas constitucionais. - Discriminar os princípios de interpretação constitucional 3. Conteúdo Programático UNIDADE 1 – Teoria Geral do Estado 1. Teoria Geral do Estado 1.1 Origem da palavra Estado 2. Origem do Estado 3. Teorias que justificam a origem do Estado 3.1 Teoria Teológica 3.2 Teorias contratualistas 3.3 Teoria da Violência 3.4 Teoria Familiar 4 Evolução histórica do Estado 4.1 Estado Antigo 4.2 Estado grego 4.3 Estado romano 4.4 Estado medieval 4.5 Estado moderno 5 Elementos Constitutivos do Estado 5.1 Soberania 5.2 Território 5.3. Governo 5.4 Povo 5.5. Finalidade 6 Formação, modificação, extinção do Estado 7 Formas de Estado 7.1 Estado Unitário 7.2 Estado Composto 8 Formas de Governo 8.1. Sistema de Governo 8.2. Regime de Governo UNIDADE 2 – O Constitucionalismo 1. Antecedentes da Constituição Escrita 2. Constitucionalismo Antigo e moderno 2.1. Constitucionalismo Antigo 2.2. Constitucionalismo da Idade Média 2.3. Constitucionalismo Moderno 3. Constitucionalismo contemporâneo e globalizado 4. A evolução do Estado Moderno: Paradigma. O Estado Liberal de Direito, o Estado Social de Direito. O Estado Democrático de Direito. 4.1. O paradigma do Estado Medieval 4.1.1. A situação da Igreja 4.1.2. Caracteres fundamentais do sistema feudal 4.2. O paradigma do Estado Liberal de Direito 4.3. O paradigma do Estado Social de Direito 4.4. O paradigma do Estado Democrático de Direito. UNIDADE 3 – O Poder Constituinte: sua gênese constitucional 1. Considerações iniciais 2. Conceito de Poder Constituinte 3. Teorização do Poder Constituinte 4. Natureza 5. Titularidade e Exercício 5.1 Titularidade 5.2 Exercício 6. Poder Constituinte Originário e Derivado 6.1. Poder Constituinte Originário 6.1.1. Inicialidade 6.1.2. Ilimitação 6.1.3 Incondicionamento 6.2. Poder Constituinte Derivado Reformador e de Revisão 6.2.1. Derivação 6.2.2. Limitação 6.2.3. Condicionamento 6.3. Poder Constituinte Decorrente Institucionlizador 6.3.1. Derivação 6.3.2. Limitação 6.3.3. Condicionamento UNIDADE 4 – Teoria do Direito Constitucional e da Constituição 1. Direito Constitucional - Conceito 2. Direito Constitucional: Origem e Evolução 3. Direito Constitucional: objeto 4. Direito Constitucional: conteúdo científico 4.1. Direito Constitucional Especial (Interno, Positivo ou Particular) 4.2. Direito Constitucional Comparado 4.3. Direito Constitucional Geral 5. Teoria da Constituição e sua Tipologia 5.1. Constituição em sentido material e formal - Considerações iniciais 5.2. Conceito Material 5.3. Conceito Formal 5.4. Conceito Moderno 5.5. Concepções sobre as Constituições 5.5.1. Constituição em sentido político 5.5.2. Constituição em sentido sociológico 5.5.3 Constituição em sentido jurídico 6. Tipologia Constitucional 6.1 Quanto à forma 6.2 Quanto ao método de elaboração 6.3 Quanto à origem 6.4. Quanto ao Conteúdo 6.5. Quanto à estabilidade 6.6. Quanto à finalidade 6.7. Quanto à extensão 6.8. Quanto à correspondência com a realidade 6.9. Quanto à ideologia 6.10. Constituições nominalistas e semânticas 6.11. Quanto à sistematicidade 6.12. Constituições liberais (negativas) e sociais (dirigentes) 6.13. Classificação da Constituição do Brasil de 1988. 7. Supremacia constitucional UNIDADE 5. Norma Constitucional: normas e princípio – aplicabilidade - classificação. 1. Considerações iniciais 2. Normas Jurídicas Gerais 2.1. Considerações 3. Normas Constitucionais 3.1. Considerações 4. Normas Programáticas 4.1. Normas Programáticas e Normas Preceptivas 5. Princípios e Normas constitucionais 5.1. Normas Constitucionais 5.2. Normas e Princípios Constitucionais 5. Validez, Vigência e Eficácia das Normas Jurídicas em Geral 5.4. Validez, Vigência e Eficácia das Normas Constitucionais 6. Aplicabilidade das Normas Constitucionais 5.4. Classificação das Normas Constitucionais 6.1. Classificação Norte-Americana 6.2. Classificação de Azzaritti 6.3. Classificação de Crisafuli 6.4. Classificação de Luiz Roberto Barroso 6.5. Classificação de Maria Helena Diniz 6.6. Classificação de José Afonso da Silva 6.7. Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida 7. Interpretação constitucional 7.1.Conceitos, classificações e métodos clássicos de interpretação. 7.2. Os métodos ou elementos clássicos de interpretação. 7.2.1. a interpretação gramatical 7.2.2. a interpretação histórica 7.2.3. a interpretação sistemática 7.2.4. a interpretação teleológica 7.3. A interpretação conforme à Constituição 4. Metodologia Geral: A metodologia de ensino a ser utilizada, além dos tradicionais recursos didáticos, consistirá em aulas expositivas, em que serão evidenciados os conteúdos desta disciplina, com oferecimento de conceitos fundamentais e questionamentos para reflexões dos graduandos, dentro do processo maiêutico. Serão ministradas atividades acadêmicas diversificadas para propiciar aos discentes a aquisição de habilidades relacionadas com o aprender a aprender, que lhes permitam ser cada vez mais autônomos em suas aprendizagens, estimulando a autoestima e o autoavaliação em relação às aprendizagens do conteúdo que se propõem. Para tanto, serão ministrados: - leitura de textos complementares apresentados em seminários, visando a interação da teoria com a prática para garantir a articulação da vida acadêmica com a realidade concreta da sociedade, suas necessidades, complexidades e avanços científicos, no contexto da disciplina tratada; - trabalhos cujos temas deverão ser relacionados às demais disciplinas do período, visando a troca de conhecimentos entre as disciplinas jurídicas para se efetivar a comunicação entre elas, levando o discente a refletir a Ciência do Direito como ciência una e integrada aos demais campos do conhecimento; - trabalhos de pesquisas além da sala de aula, objetivando a produção científica, como artigos jurídicos, resenhas e relatórios de leitura. 5. Sistema de avaliação: Serão utilizados como instrumentos de avaliação de desempenho do acadêmico os seguintes instrumentos, com atribuições de notas, expressas em graus numéricos de 0 (zero) a 100 (cem): - Avaliação individual escrita (P1 e P2); - Resolução de exercícios; - Participação doaluno no seminário; - Trabalho Discente Interdisciplinar-TDI e - Trabalho Discente Efetivo – TDE. TDI - TRABALHO DISCENTE INTERDISCIPLINAR: TDE – TRABALHO DISCENTE EFETIVO: Fazer uma pesquisa a respeito do Tema “Evolução dos Direitos Humanos”, que deverá ser entregue em forma de um artigo, devendo ser apresentado em até 12 laudos digitadas. O trabalho será realizado extra-sala. Tendo como carga horária de 12 horas/aula, que comporá a nora de P!. 6. Bibliografia básica: ARAÚJO, LUIZ Alberto David. Curso de Direito Constitucional, v. 1, 6.ed. São Paulo: SARAIVA, 2002. FERREIRA, Pinto. Curso de Direito Constitucional, 11.ed., São Paulo: SARAIVA, 2001. FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional, v.1, 28.ed., São Paulo: SARAIVA, 2002. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo – v-1. 20 ed., São Paulo: MALHEIROS, 2002. TEIXEIRA, J. H. Meirelles. Curso de Direito Constitucional, v.1 ed., Rio de Janeiro: FU, 1991. TEMER. Michel. Elementos de Direito Constitucional. v.1, 18.ed., São Paulo: MALHEIROS EDITORES, 2001. Bibliografia complementar AZKOUL, Marco Antônio. Teoria Geral do Estado. 1.ed., São Paulo: EDITORA JUARES DE OLIVERIA, 2002. BARROSO, Luiz Roberto. Direito Constitucional e a Efetividade de suas Normas, O. 16.ed., Rio de Janeiro, RENOVAR, 2002. __________, Interpretação e Aplicação da Constituição. 7ª Ed.. São Paulo : Saraiva, 2009. BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição do Brasil. v. 4 – Arts. 44º a 126, 4,2º, São Paulo, SARAIVA, 2001. ___________. Comentários Á Constituição do Brasil – v.6 – art. 156 a 169º, 6, 2º, São Paulo, SARAIVA, 2001. ___________, Hermenêutica e Interpretação Constitucional. 2ª ed. rev. e ampl. – São Paulo : Celso Bastos Editor : Instituto Brasileiro de Direito Constitucional, 1999. BONAVIDES, Paulo. A Constituição aberta – Temas políticos e constitucionais da atualidade, com ênfase no federalismo das regiões. v.1, 2.ed., São Paulo: MALHEIROS EDITORES, 1996. BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 2 ed. Ver. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2008. CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional – Teoria do Estado e da Constituição, Direito Constitucional Positio. 14ª ed. rer. Atual. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. CLÉVE, Clémerson Merlin. Temas de Direito Constitucional e de Teoria do Direito, v.1, 1.ed., São Paulo: EDITORA ACADÊMICA, 1993. Constituição da República Federativa do Brasil. V, 1,29. Ed., São Paulo: SARAIVA, 2002. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 20.ed., São Paulo: SARAIVA, 1998. FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Comentários à Constituição Brasileira de 1998 – Arts. 104 a 250 – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, v.1 3.ed, São Paulo: SARAIVA, 2000. FERRAZ, Sergio Valadares. Curso de Direito Constitucional- Teoria, jurisprudência e 1.000 questões, 3.ed., Rio de janeiro: ESLSEVIER, 2007. HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha. v.1, 1.ed., Porto Alegre: SAFE, 1998. JUNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Constitucional. 5ª ed. Revista, ampliada e atualizada. Salvador : Editora Podium, 2011. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Constituição e Direitos Sociais dos Trabalhadores. V. 1, 1.ed., SÃO PAULO: LTR, 1997. MAXIMILIANO, Carlos. Comentários à Constituição Brasileira, v. 3 4.ed., São Paulo: FREITAS BASTOS, 1948. REALE JÚNIOR, Miguel. Caos de Direito Constitucional, v. 1 São Paulo: REVISTA DOS TRIBUNAIS, 1992. SILVA, Paulo Napoleão Nogueira. Constituição e Sociedade, v. 1, 1.ed., Rio de Janeiro: FORENSE, 2001. MENEZES, Aderson. Teoria Geral do Estado. 8.ed., Rio de Janeiro: 2005. MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição MORAES, Guilherme Peña de. Direito Constitucional – Teoria da Constituição, 4.ed., Rio de Janeiro: Editora Lumém Juris, 2007. MOTTA, Sylvio, BARCHET, Gustavo. Curso de Direito Constitucional, 1.ed., Rio de Janeiro: ELSEVIER, 2007. Apresentação Os apontamentos contidos nesta apostila têm como objetivo maior dar ao aluno um farto material bibliográfico, pois não foi extraído de um único livro, mas de diversos autores consagrados. São recortes de obras importantes no que diz respeito ao estudo do Direito Constitucional. Pretendemos com isto facilitar a vida universitária do aluno de Direito. Com certeza o estudo diário da disciplina Direito Constitucional I, será de fundamental importância para o desenvolvimento de todo o Curso de Direito. Assim, a apostila coloca a disposição do aluno o conteúdo que irá guiá-lo, não só na vida acadêmica, mas também durante sua vida profissional. Portanto, não despreze o estudo desta disciplina. Esta apostila contém textos complementares, que muito contribuirá na compreensão do conteúdo ministrado em sala de aula. A leitura destes textos precederá a elaboração de pequenos artigos. Também com o objetivo de fixação do conteúdo, ao final de cada unidade existem exercícios de fixação do conteúdo relativo a unidade estudada. Segue logo abaixo seis passos de como estudar Direito Constitucional extraídos da obra de Uadi Lammego Bulos, Curso de Direito Constitucional, que trazem dicas interessantes para o desenvolvimento do estudo da disciplina. 1º) Gostar de estudar: Estudar é hábito. É preciso cultivar uma disciplina feliz. O Contrário é perda de tempo. E como gostar de estudar? Tendo um objetivo na vida, sabendo querer para, desse, modo, centralizar a mente no alvo concreto a alcançar. 2°) Resumir a lição: Direito Constitucional é uma disciplina ampla. Envolve tudo, Só existe uma forma para absorvê-la: removendo-lhe o conteúdo. Repita, repita, repita, repita, que pega. Ler várias vezes a mesma coisa é atitude de sabedoria, porque as palavras tem vida. O significado delas depende da dimensão praxeológica e do nível teorético-científico que o autor lhe atribuiu. Por isso, é difícil captar, de um súbito, o conteúdo de uma lei, de uma decisão judicial ou de um texto doutrinário. Mas ruminar a lição não é decorá-la, sem entender a sua essência, e sim colocar na mente o cerne do assunto. Isso é algo diverso da cegueira, do mero utilitarismo prático, da unidimensionalização do saber jurídico que compromete o alicerçamento das leges artis da profissão. 3º) Fazer resumos: Resumir o assunto é um modo de evitar o sono durante o estudo porque o Direito Constitucional é uma disciplina densa. Por mais que se queira simplificá-lo, há momentos em que se tornar impossível fazê-lo sob pena de o tornar banal. Mas não basta fazer resumos, é preciso concentrar-se naquilo que se está lendo, precisamente para os pontos fortes da disciplina adentrarem no subconsciente, evitando os famosos “brancos” ou esquecimentos, na hora da prova. 4°) Não ter presa em aprender tudo de uma vez só: A ansiedade, a pressa, a agonia para estudar tudo de uma só vez gera angústia medo e depressão, criando quadros psicóticos profundos. Os apressados vivem uma eterna guerra de pensamento acelerado, sobrecarregam o córtex cerebral, escoando a energia vital do espírito. Andam tristes, agitados e esquecidos de tudo e de todos. Deixam de contemplar o belo, é, num processo inconsciente, perdem a alegria interior. Como não ser apressado? Gostando de si mesmo, pensando para viver, e não viver para pensar. Dinheiro, fama, status, cargo publico importante não compensam a sensação de ansiedade. Qualquer vitória só faz sentido se for obtida com esforço e em clima de festa. Esse é o único modo de reescrever o script de nosso destino, pois podemos ser felizes enquanto lutamos. Por isso é que o estudo do Direito Constitucional é uma oportunidade para reeducar hábitos. 5º) Descansar a mente: Ir a festas é ótimo quando se acha que não se está aprendendo mais nada. Jesus Cristo, o Mestredos Mestres, o príncipe da arte de gerenciar emoções e pensamentos, que não seguiu credo religioso algum, adorava socializar-se. Bebia vinho com os amigos e estava sempre alegre, mesmo sabendo o calvário que a ignorância humana iria proporcionar-lhe. Vivia em perigo constante, e não sofria antecipadamente. Sempre estava com o intelecto calmo e descansado. Foi à festa de Cana da Galileia, do tabernáculo, entre outras. Alguns de seus melhores ensinamentos foi durante as refeições, embora naquela época inexistissem restaurantes. Na realidade, é impossível absorver assuntos tão áridos, como os constitucionais, dentro de uma autocobrança lógica e rígida. Mais uma vez, recordemos do Carpinteiro do amor. Na hora da perseguição mais acirrada de sua vida, parou e disse: “olhais os lírios do campo”. Descansar a mente é atitude de enorme valia para quem deseja a verdadeira vitória: ter paz. 6º) Erigir Deus como o centro de tudo: Quando entregamos a nossa vida a Deus o estudo flui. Nem é preciso ter religião para fazer isso; basta quebrantar o coração, entregando-se a Ele. Ao reconheceremos que não somos nada sem a Sua presença tudo fica claro. Descobrimos que não estamos sozinhos nos embates da vida, pois a Divindade está conosco. Confiar em Deus, Amigo incondicional de todas as horas é compensar todo o esforço dispendido, coroando a nossa existência de luz, temperança e autodomínio. Dito tudo isto, mãos a obra, e vamos estudar o Direito Constitucional! UNIDADE 01 – TEORIA GERAL DO ESTADO Por que estudar uma Teoria Geral do Estado? A disciplina, a Teoria Geral do Estado, tem a finalidade de fornecer a compreensão do Estado como forma de organização política e de suas relações com o Direito. Muitos autores consideram, aliás, que a Teoria do Estado seja a “parte geral” do Direito Constitucional, porque ela estuda “o Estado”, abstratamente, enquanto que o Direito Constitucional se refere a “um Estado” determinado em particular. Por sua vez, Dalmo Dallari, enfatiza que o estudo da Teoria Geral do Estado diz respeito à necessidade de se preparar o profissional do Direito para ser mais do que um manipulador de um processo técnico, formalista e limitado a fins imediatos. E lembrando Edgar Bodenheimer, ressalta: “O de que mais se precisa no preparo de juristas de hoje é fazê-lo conhecer bem as instituições e os problemas da sociedade contemporânea, levando-os a compreender o papel que representam na atuação daqueles e aprenderem as técnicas para a solução destes” E ainda, segundo Bodenheimer. “certas tarefas a serem cumpridas com relação a esse aprendizado terão de ser deixadas às disciplinas não-juridicas da carreira acadêmica do estudante de Direito”. Continua apontando Dallari o seguinte: “Há, nessa referência, três pontos que devem ser ressaltados: a) é necessário o conhecimento das instituições, pois quem vive numa sociedade sem consciência de como ela está organizada e do papel que nela representa não é mais do que um autômato, sem inteligência e sem vontade; b) é necessário saber de que forma e através de que métodos os problemas sociais deverão ser conhecidos e as soluções elaboradas, para que não se incorra no gravíssimo erro de pretender o transplante, puro e simples, de fórmulas importadas, ou a aplicação simplista de idéias consagradas, sem a necessária adequação às exigências e possibilidades da realidade social; c) esse estudo não se enquadra no âmbito das matérias estritamente jurídicas, pois trata de muitos aspectos que irão influir na própria elaboração do direito.” A noção da Teoria Geral do Estado, pode-se dizer que é uma disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça, como ressalta Dalmo Dallari. Nina Ranieri (2013, p. 2) responde a pergunta: “Para que serve uma teoria do Estado?” da seguinte forma: “As teorias tem função cognitiva: buscam capta o mundo, racionaliza-lo, explica-lo, domina-lo. A teoria geral do Estado (TGE) não foge a regra: visa a compreender o Estado como fenômeno social, politico e jurídico no qual nossa vida se desenvolve. Existem inúmeras teorias sobre o Estado nas diversas áreas do conhecimento humano. São doutrinas filosóficas, politicas, sociológicas, econômicas, históricas, etc., que se recortam na especificidade de sua metodologia e de seus campos de investigação e, sendo complementares, compõem um amplo quadro acerca das origens, da evolução e do desenvolvimento do Estado.” E complementa: “A TGE serve-se, dialeticamente, de todas aquelas fontes – dai ser uma teoria geral – com o objetivo de reunir, analisar e sistematizar conhecimentos uteis ao aperfeiçoamento da vida justa nas sociedades estatais. Incluem-se, portanto, entre seus problemas, o estudo das origens do Estado, de seu funcionamento, sua finalidades, características, tendencias, configurações futuras, etc. O que e o Estado? Qual a sua natureza? Para que serve? Quais são seus fins? Como surgiram os Estados? Todos são iguais? Como se evoluíram? Que formas assumiram? Que formas podem assumir?” Por fim, a autora Nina Ranieri (2013, p. 11) conclui: “Desde o inicio do século XXI estamos, em relação ao Estado moderno, diante de uma novidade fundamental que se expressa pela relativização da soberania do Estado Nacional e pela fundamentação axiológica do Direito e do Estado nos planos nacional e internacional. Essa novidade vem delineando uma nova modalidade do Estado moderno, que se caracteriza tanto por ser Estado internacional e democrático de direito, em razão da emergência do direito internacional publico, sob a orientação dos valores expressos na Carta das Nações Unidas de 1946 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH -, de 1948, em virtude dos valores e princípios de justiça que constituem o núcleo do modelo axiológico da Constituição como norma. O desafio da teoria do Estado e compreender e explicar esse tipo de Estado, acompanhando sua evolução e induzindo mudanças nos paradigmas que o orientam, se necessário.” TEORIA GERAL DO ESTADO 1. Introdução Inicialmente é preciso compreender de que “Estado” iremos tratar. Observe esta frase: O Estado de Goiás faz parte do Estado brasileiro, que se constitui em uma federação de Estados, que segundo a Constituição de 1988 é uma República. Pois bem, a palavra “Estado” foi utilizada três vezes, sendo que na primeira “Estado de Goiás”, significa que “Goiás” faz parte da divisão territorial e administrativa do “Estado brasileiro”, ou seja, é a parte, portanto, é um “Estado-membro”. Assim, não é este o “Estado” que iremos estudar, ou seja, da parte, mas estudaremos o “Estado” como sendo o todo. No exemplo dado, o “Estado brasileiro”, adotou uma forma de Estado, que é uma Federação, mas existem outras formas de Estados, como iremos estudar logo mais. Segundo Nina Ranieri (2013, 12) a) O Estado e uma forma especifica de sociedade politica, organizada mediante regras e dotada de poder superior sobre seus membros; b) o Estado e uma pessoa jurídica de direito publico interno e internacional. O primeiro conceito indica, abstratamente, qualquer tipo assumido pelo Estado em seu desenvolvimento no tempo e no Espaço, independente de sua variações, considerando-se sociedade politica, sendo a definição de Bobbio a forma mais intensa e vinculante de organização da vida coletiva. O segundo conceito,também de forma abstrata, equipara Estado a conotação a palavra “Pais”. Em ambos, o Estado e visto como unidade político-jurídica, sendo este o seu sentido moderno. 1.1. ideia Racional de Estado Para a ciência, o que é afinal o Estado? Para muitos é uma ficção, uma entidade abstrata, criada pelos juristas e pelos filósofos, sem correspondente exato na realidade, para outros , uma ideia, uma imagem, para alguns um simples fato. Se considerarmos a manifestação concreta do que se chama Estado, isto é, homens que governam a outros homens, em um território determinado, o Estado é simplesmente um fato. Se procurarmos as causas e as relações, o motivo e os fins da coexistência dos governantes, teremos uma ideia, que é a representação mental da realidade e não a fantasia ou um mito. “O Estado não é a suprema encarnação da idéia”, como acreditava Hegel. O Estado não é uma espécie de super-homem coletivo; o Estado é um órgão habilitado a empregar o poder e a coerção, e dirigido por peritos e especialistas da ordem e do bem-estar do povo – um instrumento de serviço do homem.... Por outro lado, o Estado é obra da inteligência e da vontade dos membros do grupo social, ou dos que nele exercem o governo e sua influência. Na história de todas as sociedades “chegou um momento em que os homens sentiram o desejo, vago e indeterminado, de um bem que ultrapassa o seu bem particular e imediato e que ao mesmo tempo fosse capaz de garanti-lo e promovê-lo. Esse bem é o bem comum ou o bem público, e consiste em um regime de ordem, de coordenação de esforços e intercooperação organizada. Por isso o homem se deu conta de que o meio de realizar tal regime era a reunião de todos em um grupo específico, tendo por finalidade o bem público. Assim, a causa primária da sociedade política reside na natureza humana, racional e perfectível. No entanto, a tendência deve tornar-se um ato; é a natureza que impele o homem a instituir a sociedade política de outrora e de hoje. O instinto natural não era suficiente, foi preciso a arte humana” (Dabin, Doctrine génerale de L’État, pp. 89- 90). O Estado aparece, assim, aos indivíduos e à sociedade, como um poder de mando, como Governo e dominação. O Aspecto coativo e a generalidade são o que distingue as normas por eles editadas; suas decisões obrigam a todos os que habitam o seu território. 2. Origem do Estado Do exposto até aqui se apura que o Estado é uma sociedade política organizada sob a forma de governantes e governados, com território delimitado e dispondo de poder próprio para promover o bem de seus membros, isto é, o bem público Para atingir seu objetivo, o Estado estabelece e impõe normas e regras que orientam sua ação e disciplinam as atividades dos indivíduos e grupos que o compõem” (Darcy Azambuja, pág. 49/54). Mas, com surgiu o Estado? 2.2 ORIGEM DA PALAVRA ESTADO: A palavra Estado foi usada pela primeira vez por Nicolau Maquiavel, no livro O Príncipe, publicado em 1531, para designar uma sociedade política (“todos os Estados, todas as dominações que tiveram e tem o império sobre os homens foram e são republicas ou principados”). A partir daí a palavra, Estado passou a ser usada pelos italianos como cidade independente. Muito embora, alguns autores não aceitam que o Estado tenha existido antes do século XVI, apenas admitindo uso do nome Estado como concepção de sociedade política, quando dotado de certas características bem definidas, que serão estudadas logo adiante. Entretanto, a maioria dos autores admite que o Estado, como sociedade política, sempre existiu, mesmo antes do século XVI, embora com nomes diversos, pois sempre existiram sociedades políticas, que com autoridade superior, fixaram regras de convivência que eram observadas pelos seus membros. Exemplificando: a) Na Grécia: Havia delimitação das cidades-estados, a polis grega. Havia um conjunto de habitantes. Existia uma organização política, com diversas formas de governo. b) Em Roma: Existia a Civitas – comunidades de habitantes ou a res publica. A palavra status republicae, era utilizada para designar a situação, a ordem, o estado da coisa pública dos negócios do governo, assim considerados status familiae, status libertatis. Com o crescimento de Roma e sua expansão no mundo conhecido modifica-se o conceito de status romanus, e os juristas romanos passam a empregar a expressão status romanus, embora a palavra status não está nunca empregada de modo absoluto, sozinha, no sentido de Estado. c) Na idade Média: Com o sistema feudal, a noção de Estado não ganha força de sociedade política, devido a fragmentação dos reinos em feudos ou comunas. Contudo, percebe-se que estão presentes as figuras do rei, de uma população e um território. O certo é que do século XVI em diante, o termo italiano stato, conforme utilizada por Maquiavel, se incorpora à linguagem corrente, vai aos poucos tendo entrada na terminologia política dos povos ocidentais: É o État francês,o Staat alemão, em inglês State, e em português e em espanhol Estado. 3. ORIGEM DO ESTADO1: As teorias que buscam justificar ou explicar a época do aparecimento do Estado são inúmeras. Examinando as principais teorias que procuram explicar a formação originaria do Estado, estas podem ser reduzidas a quatro posições fundamentais: 1) O Estado tem origem em Deus, são as teorias teológicas, divididas em Doutrina do Direito Divino Sobrenatural e Doutrina do Direito Divino Providencial. 2) O Estado, assim, como a própria sociedade existiu sempre, pois desde que o homem vive sobre a terra, acha-se integrado numa organização social, dotado de poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. (Teoria Familiar, Teoria Natural), 3) A sociedade humana, em algum momento existiu sem o Estado durante certo período. Depois por motivos diversos, o Estado surge para atender as necessidades ou conveniências dos grupos sociais. (Teoria Contratualista ou Pactuais). 4) O Estado como sociedade política, surgiu quando dotado de certas características muito bem definidas2, tais como: Governo, Território e Povo. 3.1. TEORIAS QUE JUSTIFICAM A ORIGEM DO ESTADO: Sobre a origem e justificação do Estado, existem diversas teorias, umas como matrizes do pensamento a respeito do tema, e outras como simples variações de estilo. Assim, serão apresentados três grupos de teorias mais gerais. 1º) O Estado é obra de Deus, por isso são chamadas doutrinas teológicas. Segundo esta teoria tudo foi criado por Deus, inclusive, o Estado, daí a sua origem divina. Podem ser divididas em duas: A) Doutrina do Direito Divino Sobrenatural: O Estado é obra imediata de Deus, uma manifestação direta de seu poder no universo, designando o próprio Deus a pessoa ou a família que, assim divinizada iria exercer a autoridade estatal. B) Doutrina do Direito Divino Providencial: O Estado é instituído pela Graça da providência divina, que o conduz indiretamente, isto é, pela direção providencial dos acontecimentos. Por esta doutrina os homens são dotados de livre-arbítrio, praticam atos e se organizam entre si, respondendo, no entanto, à onipresença de Deus. Segundo os teóricos das doutrinas teológicas, Deus delega aos reis a sua autoridade, por isso, sem muito esforço verifica-se que a doutrina teológica contribuiu para o fortalecimento da monarquia de caráter absoluta, ou o absolutismo monárquico. 1 Segundo Aderson de Menezes – Teoria Geral do Estado. 2 Segundo Dalmo Dallari, lembrando Balladore Pallieri, “a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estados é a de 1648, anoem que foi assinada a paz de Westfália.” 2º) TEORIAS CONTRATUALISTAS: Também chamadas como convencionais ou pactuais. Para esta teoria o Estado tem a sua origem num acordo entre os homens. Justificando o seu poder com base no mútuo consentimento de seus integrantes. Foi a inteligência humana, em reciprocidade concordante, que contratou, convencionou, pactuou a sociedade política, num determinado local e num certo instante. Assim, o Estado é criação do homem. Esta teoria tem como principais representantes: Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau, entre outros. Embora, tenham partido do mesmo ponto (situação do homem vivendo em estado de natureza, divergiram quanto a esta situação e a finalidade do pacto). Para cada um dos autores citados acima o homem vivendo em estado de natureza é explicado de uma forma diferente, vejamos: PARA HOBBES (1588-1679): Hobbes teve uma origem familiar humilde, viveu em um tempo que a Inglaterra enfrentava serias crises sociais, políticas e religiosas. Para ele o homem vivendo em estado de natureza vive isolado, não tem noção de direito, vivem em constante estado de guerra, “O homem é o lobo do homem”. O homem vivendo em Estado de Natureza para Hobbes é irracional, não tendo limites. PARA JOHN LOCKE (1632-1704): John Locke diferente de Hobbes, embora fossem contemporâneos, nasceu em uma família, se não abastada, mas de origem burguesa, não era nobre de nascimento, é considerado um dos principais representantes do liberalismo político. Para Locke, o homem em estado de natureza vive em perfeita liberdade, guiado pela lei natural, a razão, todos são iguais e independentes. “Todos os homens participariam dessa sociedade singular que é a humanidade, ligando-se pelo liame comum da razão. No Estado natural todos os homens teriam o destino imediato de preservar a paz e a humanidade e evitar ferir os direitos dos outros.” (Coleção Os Pensadores, Nova Cultural, Vida e obra de Locke). PARA J. J. ROUSSEAU (1712-1778): Por sua vez, Rousseau, suíço de nascimento, ficou órfão de mãe ainda na infância, desenvolveu sua obra nos momentos que precederam a Revolução Francesa, contribuindo enormemente, principalmente com a publicação de seu livro “O Contrato Social”. Para Rousseau o homem em estado de natureza vive em pequenos grupos, vivendo para família e para os afazeres domésticos, felizes, sem problema, era o “bom selvagem inocente”, até o surgimento da propriedade privada3, dando origem ao estado de sociedade, na guerra de todos contra todos4. Soluções apontadas para os problemas criados pelo homem vivendo em estado de natureza, segundo os autores acima: PARA HOBBES: Para sair do estado de natureza os homens voluntariamente renunciam (o pacto é feito entre os homens) a seu direito de viver em liberdade, e entregam a um soberano, o Leviatã, encarregado de promover a paz, nem que para isso o soberano tenha que usar a espada. “Os pactos sem espada não passam de palavras”. (pacto da submissão). PARA JOHN LOCKE: Os homens viviam em perfeita liberdade e igualdade no estado natural, contudo, estariam expostos a certos inconvenientes. De modo que os homens fazem um pacto ou contrato, não entre governantes e governados, mas entre homens iguais e livres, para organizar a forma de convivência, desse pacto surge o poder político, tendo como forma o Estado 3 “A propriedade privada, que causou a miséria de uns e a riqueza excessiva de outros, o luxo, que criou os vícios; a instrução, que criou a ambição, as inquietações de espírito.” (Aderson de Menezes, pág. 86). 4 Esta situação parece a que foi retratada por Thomas Hobbes. como estrutura máxima. (pacto do consentimento). Neste caso, os homens não renunciam ao poder, mas entrega-o a um terceiro, e a qualquer momento pode reaver o poder, se o terceiro não desempenhar o exercício do poder de acordo com os interesses dos homens. PARA ROUSSEAU: Os homens vivendo em Estado de sociedade formularam um contrato, denominado Contrato Social, renunciam a liberdade natural e transferem a um terceiro – o soberano - para criar e aplicar leis – o contrato social cria a soberania (que para Rousseau pertencente ao povo é o pacto social), surge assim a sociedade política. Explicação da Teoria Contratualista, segundo seus autores 1. THOMAS HOBBES (1588- 1679), escreveu o livro “LEVIATÔ. O HOMEM VIVENDO EM ESTADO DE NATUREZA 2. JOHN LOCKE( 1632-1704), escreveu o livro “O Segundo tratado do Governo Civil. 3. J. J. ROUSSEAU (1712-1778) escreveu o livro “O Contrato Social”. O homem vive isolado, não tem noção de direito, o homem é mau, vive em estado de guerra O homem vive em liberdade, em paz, uns com os outros. O homem vive em pequenos grupos, cuidando da família e dos afazeres domésticos. Até que surge alguém e cerca um terreno e diz “é meu”, dando início a sociedade privada, e o Estado de Sociedade(Estado hobbesiano). O homem vivem em Estado de natureza Solução encontrada O homem renuncia a liberdade natural, faz um acordo entre eles, e renunciam e entregam a um terceiro que vai governar sobre eles. Os homens entregam o direito de viverem livres a um terceiro, porém não renunciam ao direito de viver em liberdade, podendo reassumir o poder. Os homens renunciam o direito da viverem livres e entregam a um terceiro, assim, cria o corpo político, este poder é chamado soberania, mas é uma soberania popular Justifica Poder absoluto dos reis Poder exercido tanto pelo rei como pelo parlamento Um poder democrático, com a participação do povo Pacto da submissão. Pacto do consentimento Pacto Social 3.2) O ESTADO É PRODUTO SOCIAL, DE ORIGEM HISTÓRICA E EVOLUTIVA: Esta teoria pode ser resumida em duas: A teoria familiar e a teoria natural (Teoria do impulso associativo). a) Teoria Familiar: O Estado se origina na família, e, por isso, mesmo, é denominada patriarcal, é na autoridade social do chefe familiar que encontra justificação o poder político da entidade estatal. Para Robert Filmer (contemporâneo de Hobbes), é apontado com um expoente desta teoria, cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado. a) Teoria Natural: Para os defensores desta teoria, o Estado surge naturalmente, ou seja, a sociedade política se formou na ordem regular das coisas, em cujos meandros se firmou e legitimou o poder como decorrência da própria necessidade de vida em conjunto. OBSERVAÇÃO: Existem outras teorias que procuram justificar a origem do Estado. Dallari apresenta, ainda as seguintes: a) Origem em atos de força, de violência ou de conquista. Com pequenas variantes, essas teorias sustentam, em síntese, que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjugação de dominantes e dominados. Entre os adeptos dessa teoria situa-se Oppenheimer, que, afirmando ter sido criado o Estado para regular as relações entre vencedores e vencidos, acrescenta que essa dominação teve por finalidade a exploração econômica do grupo vencido pelo vencedor. b) origem em causas econômicas ou patrimoniais: Dentre os autores de maiores repercussões que justificam a origem do Estado por motivos econômicos foi e continua sendo a de Marx e Engels. 4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO: Considerações: A história da civilização humana, compreendendo a evolução do Estado, proporciona conhecimentos da máxima importância, para que se tenha uma noção exata dos diversos tipos de Estados ou de organizações políticas, que através dos tempos se tem apresentado e funcionado a sociedade política, situando o homem em suas relaçõescom a entidade à qual compulsoriamente está ligado. Para efeitos didáticos será apresentada, em sucessão cronológica esta evolução, evidenciando as características do Estado em cada época, para melhor compreensão do Estado Contemporâneo, servido ainda como um processo auxiliar para uma futura fixação de tipos de Estados. 4.1. ESTADO ANTIGO, ORIENTAL OU TEOCRÁTICO: Este modelo de Estado os autores se refere às formas de Estados mais recuados no tempo. São civilizações que surgiram no oriente e no Mediterrâneo. A família, a religião, o Estado, a organização econômica formavam um conjunto confuso. Existindo duas marcas fundamentais: a) A natureza unitária: O Estado Antigo sempre aparece como uma unidade geral, não admitindo qualquer divisão interior, nem temporal, nem de funções, há uma confusão de papeis. b) Religiosidade5: A presença do fator religioso é tão marcante que muitos autores entendem que o Estado desse período pode ser qualificado como Estado Teocrático. Traços marcantes do Estado Antigo ou Oriental6: Teocracia, poder político sob forte influência do poder religioso; Forma monárquica, combinada com a teocracia, pois o monarca é adorado como um deus; Ordem desigual, hierárquica e sagrada da sociedade. É uma sociedade estratificada. Reduzidas garantias jurídicas dos indivíduos; Larga extensão territorial e aspiração para constituir um império universal. Ilustram esse tipo estatal a antiga Pérsia, por volta do século V a.C.., o Egito a partir de 1.500 a.C., aproximadamente, assim, como a China e o Japão. 4.2. ESTADO GREGO: Embora seja comum a referência ao Estado grego, não se tem notícia de um único Estado grego. Pode-se falar de Estado grego pela verificação de certas características fundamentais: a) A Cidade-Estado – a polis – Apresenta-se como a sociedade política de maior 5 A influência predominante foi religiosa, afirmando-se a autoridade dos governantes e as normas de comportamento individual e coletivo como expressões da vontade de um poder divino. 6 Lugar à parte ocupa apenas Israel, firmado na crença monoteísta, na recusa da natureza divina dos reis e no princípio da submissão da vontade destes à lei ditada por Deus. expressão. O ideal visado era a auto-suficiência, a autarquia, ou seja, como diz Aristóteles “a sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, com todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido por assim dizer, o fim a que se propôs.” b) O indivíduo tem uma posição peculiar – Há uma elite, que compõe a classe política, com intensa participação nas decisões do Estado, a respeito dos assuntos de caráter público. Entretanto, nas relações de caráter privado a autonomia da vontade individual é bastante restrita. Assim, mesmo quando o governo era tido como democrático isto significava que apenas uma faixa restrita da população – os cidadãos7 – é que participavam das decisões políticas, tomadas nas assembleias em praça pública, trata-se de um embrião da democracia direta. O restante da população (escravos e estrangeiros) não participavam das decisões tomadas nas assembleias. Traços essenciais da polis, do Estado, na Grécia são: Prevalência do fator pessoal - O Estado é a comunidade dos cidadãos, embora não sejam estes os únicos habitantes – também há os metecos8 e os escravos; Fundamento da comunidade dos cidadãos: a comunidade religiosa, unida no culto de antepassados (apesar de a autoridade não ter natureza divina e não predominar a casta sacerdotal). Relativa importância territorial, que pode ser percebida pela pequena extensão do território (O Estado tem caráter municipal, é a Cidade-Estado) Diversidade de formas de governo, sucessivamente ou com oscilações de Cidade para Cidade, e conforme a filosofia e as transformações políticas, internas e externas. 4.3. O Estado Romano (756 a. C a 565 d. C) Começou pela cidade, chamada civitas, formada por famílias e tribos que constituíam as gentes. “Teve início com um pequeno agrupamento humano, experimentou várias formas de governo, expandiu seu domínio por uma grande extensão do mundo...” (Dallari, pág. 62). Ampliou-se a cidade no seu aspecto estatal, conservando a família, no entanto, a sua importância primitiva, desde quando o governo residia numa assembléia de pater-familias, ao ponto mesmo de manter-se sempre os senadores romanos o tratamento usual de paters. Para fazer parte de uma gens9, era preciso pertencer a uma família, que compreendiam duas classes de pessoas: a) os patrícios; estes eram de raça nobre, livre de nascimento e descendentes de um pater, daí lhe advinha o nome. b) os clientes, eram meros servidores de cada grupo familiar, não podendo jamais se tornar proprietários. c) Havia outra classe ou, melhor, a espécie humana desqualificada, mas que exerceu marcante influência no processo histórico de Roma, composta pelos plebeus. De modo que, uma das peculiaridades mais importantes do Estado Romano é a base familiar da organização, havendo mesmo quem sustente que o primitivo Estado, a Civitas, resultou da união de grupos familiares (as gens). 7 Que não tinha o mesmo significado moderno do termo que damos na atualidade como “cidadão” 8 Estrangeiros residentes na polis grega. 9 Grupos familiares Peculiaridades do Estado Romano O desenvolvimento da noção de poder político, como poder supremo e uno, cuja plenitude – imperium, potestas, majestas – pode ou deve ser reservado a uma única origem e a um único detentor; A consciência da separação entre o poder público (Estado) e o poder privado (do pater familias) e a distinção entre o Direito Público e o Direito Privado; A consideração como direitos básicos do cidadão romano não apenas do jus suffragii (direito de eleger) e do jus honorum (direito de acesso às magistraturas), mas também do jus connubii (direito de casamento) e do jus commercii (direito de celebração de atos jurídicos). 4.4. ESTADO MEDIEVAL10: Com a decadência do império romano, instaura-se a Idade Média com novos elementos na vida política, tendo como características: a) O cristianismo: A doutrina cristã e a propagação da igreja cristã constituem influências importantes na marcha do pensamento político. O Cristianismo surge proclamando que os indivíduos adquirem um valor supremo pregando a igualdade de todos homens. Esta mensagem encontrou respaldo entre pessoas humildes e desprezadas. Cresce lentamente, e com a decadência do império romano, aumenta rapidamente a sua influência e no século IV, se constitui a religião das classes dominantes. O imperador Constantino com o Edito de Milão, do ano 313, através do qual assegurou a liberdade religiosa no império torna o Cristianismo a religião oficial do Estado Romano, As autoridades eclesiásticas angariam prestígio e poder, bem como riquezas. Na Idade Média 1/3 das terras pertenciam a Igreja. b) Os invasores bárbaros – As hordas bárbaras, esvalos, godos e principalmente os germanos, põem em relevo a importância do indivíduo em relação ao Estado, possuíam assembléias populares, composta de homens livres que elegiam os chefes das tribos. c) Feudalismo: Sistema de dependência territorial nas relações entre os homens, associado, na prática, à autoridade política e à influência religiosa. Os homens punham-se debaixo da proteção dos próprios homens, ficando, em troca, ligados ao solo e sujeitos à prestação de serviço. O feudalismo encerra uma instituição, em que os fortes e capazes podiam fazer guerras, cunhar moedas e firmar jurisdições. 4.5. ESTADO MODERNO: As deficiências da sociedade medieval determinaram as característicasdo Estado moderno que são: a) O DECLÍNIO DO SISTEMA FEUDAL: Compreendendo uma estrutura econômica e social de pequenos produtores individuais, mas com o passar do tempo não davam conta da demanda proporcionada pelo crescimento das cidades. O surgimento da burguesia, que vai desempenhar um importante papel na evolução do Estado. 10 “No Estado Medieval “vai ocorrer sobretudo através de três institutos jurídicos, a confusão entre o setor público e o privado. Pela vassalagem os proprietários menos poderosos colocavam-se a serviço do senhor feudal, obrigando-se a dar-lhe apoio nas guerras e a entregar-lhe uma contribuição pecuniária, recebendo em troca proteção. Outra forma de estabelecimento de servidão era o benefício, contratado entre o senhor feudal e o chefe de família que não possuía patrimônio. Este último recebia uma faixa de terra para cultivar, dela extraindo o sustendo de sua família, além de entregar ao senhor feudal uma parcela da produção. Estabelecido o benefício, o servo era tratado como parte inseparável da gleba, e o senhor feudal adquiria, sobre ele a sua família, o direito de vida e de morte, podendo assim estabelecer as regras de seu comportamento social e privado. Por último, é importante considerar a imunidade, instituto pelo qual se concedida a isenção de tributos às terras sujeitas ao benefício. (Dallari, pág. 69). b) O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO: O fortalecimento do poder real11, a partir do século XIII, fazendo com que o rei enfeixasse em suas mãos todos os poderes. O confronto do reis12 com a igreja, reagindo a autoridade do papa, o fortalecimento da burguesia com a descoberta de novas rotas comerciais. c) OS MOVIMENTOS CULTURAIS E POLITICOS como a Renascença, o Iluminismo, e também o sacrifício imposto pelas guerras patrocinadas pelos reis, com a cobrança de impostos, e a ganância da burguesia, agora detentora do poder econômico, mas querendo o poder político, e os privilégios dos nobres que passou a ser contestado. Os fatores mencionados acima fazem surgir o Estado Constitucional, tendo como linhas mestras: Limitação da autoridade estatal, pelo delineamento da divisão do poder, na tripartição de suas funções executiva, legislativa e jurisdicional; A não intervenção do Estado no domínio econômico. Este fator favoreceu a burguesia. A garantia dos direitos individuais, devidamente assegurados e garantidos e disciplinado por um documento sócio-jurídico-político 5. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO: Quanto as notas características do Estado, que alguns autores preferem denominar de elementos essenciais ou constitutivos, por serem todos indispensáveis para a existência do Estado: São eles soberania, o território, o povo, e a finalidade, cujo síntese nos conduz a um conceito de Estado. Traremos inicialmente da Soberania. 5.1. Considerações iniciais a respeito da soberania: “Quando se diz que o Estado é soberano, deve-se entender que, na esfera da sua autoridade, na competência que é chamada a exercer para realizar a sua finalidade, que é o bem público, ela representa um poder que não depende de nenhum outro, nem é igualado por nenhum outro dentro de seu território” (Darcy Azambuja, pág, 90). Mas nem sempre foi assim, vejamos: Nos Estados da Antiguidade até o fim do Império romano, não se encontra qualquer noção que se assemelha ao conceito moderno de soberania. No império romano também não se tem qualquer noção que possa ser considerada semelhante ou análoga a soberania. Os termos majestas, imperium e potestas, usados em deferentes circunstâncias de poder, indicavam o poderio civil ou militar, ou revelava o grau de autoridade de um magistrado. Contudo, nenhum deles indicava poder supremo do Estado 11 “Sob o aspecto político entre reis e burgueses levará à consolidação das monarquias nacionais, fundadas na unidade de território, povo e governo. Do século XVI ao XVIII, a legitimação da soberania monárquica justifica o absolutismo real. Do ponto de vista econômico, a intervenção direta do Estado nos negócios particulares fortalece o mercantilismo.”(Maquiavel – A lógica da força. Maria Lúcia A. Aranha, 2ª ed.. ed. Moderna, p. 17). 12 “é preciso relacionar esses fatos a outros já analisados, tais como o surgimento da nova classe burguesa e os ideais de formação das nacionalidades. A busca do fortalecimento do poder dos reis e a formação das monarquias nacionais tornam inevitável a rejeição da supremacia papal e do universalismo da Igreja. Além disso, a Igreja, dona de cerca de um terço das terras da Europa, representava a manutenção da ordem feudal.” .”(Maquiavel – A lógica da força. Maria Lúcia A. Aranha, 2ª ed.. ed. Moderna, p. 19). em relação a outros poderes. Como o poder não admite vazio, com o declínio do império romano, o problema ganha importância com o surgimento de inúmeras ordenações independentes (feudos ou comunas), que detinham atividades de segurança, tributação, etc, e isto iria dar causa aos freqüentes conflitos entre as atribuições do Estado e estas entidades. Até o século XII, a situação continua mal definida, aparecendo referências a duas soberanias concomitantes no mesmo Estado, uma senhorial e outra de natureza real. No século XIII o monarca vai ampliando a esfera de sua competência exclusiva, afirmando- se soberano de todo reino, acima de todos os barões, adquirindo o poder supremo de justiça e de polícia e legislativo. Assim, é que o conceito de soberania, inicialmente relativo, adquire o caráter absoluto. No final da idade Média o conceito de soberania está amadurecido, recebendo tratamento teórico e sistemático13. 5.2. TEORICOS DA SOBERANIA a) Jean Bodin, em 1576 foi um dos primeiros a teorizar acerca do tema Soberania no livro Les Six livres de La République” (Os seis livros da República): Neste livro ele define soberania como um poder perpétuo e ilimitado, tendo limitação apenas na lei divina e na lei natural. Entende que a soberania deve ser concentrada em poder do rei. (portanto, ele é defensor do absolutismo e do direito natural). b) J. J. Rousseau: Este autor debate o tema soberania no livro “O Contrato Social”, publicado em 1762, dando ênfase no conceito de soberania, mas transferindo sua titularidade do governante para o povo. Surgindo, assim a teoria da Soberania Popular. Com a ascensão da burguesia, após a Revolução Francesa a idéia de Soberania passa a caminhar no sentido de soberania nacional. c) No século XIX, o termo soberania ganha a expressão de poder político, sem qualquer restrição jurídica. Trata-se de uma concepção puramente política de soberania d) No século XX, com o aperfeiçoamento da doutrina jurídica do Estado, a soberania passa a ser indicada como sua nota característica, desenvolvendo uma completa teoria jurídica de soberania. 5.3. CONCEPÇÕES E CONCEITO DE SOBERANIA: Procedendo a uma síntese de todas as teorias formuladas, o que se verifica é que a noção de soberania está sempre ligada a uma concepção de poder. Para Dalmo Dallari, o que realmente diferencia as concepções de soberania é uma evolução do sentido eminentemente político para uma noção jurídica de soberania. 5.3.1. Concepções de soberania a) Concepção em termos puramente político 13 Dalmo Dallari, diz que Jellinek observou que o fato da antiguidade não ter chegado a conhecer o conceito de soberania tem um fundamento histórico de importância, a saber, faltava ao mundo antigo o único dado capaz de trazer a consciência o conceito de soberania: a oposição entre o Poder do Estado e outros poderes. De fato, a atribuições muito específicas do Estado, que limitados exclusivamente aos assuntos ligados a segurança, não lhe davam condições para limitar os poderesprivados. Sobretudo no âmbito econômico as intervenções verificadas eram apenas para assegurar a ordem estabelecida e arrecadar tributos, não havendo, pois a ocorrência de conflitos que tornassem necessário a hierarquização dos poderes sociais. (Dalmo Dallari, pág. 75). Concebida em termos puramente políticos, a soberania expressava a plena eficácia de poder, sendo conceituada como o poder incontrastável de querer coercitivamente e de fixar competências. Prevalece pela força. Por este conceito largamente difundido, verifica-se que o poder soberano não se preocupa em ser legítimo ou jurídico, importando apenas que seja absoluto, não admitindo confrontações, e que tenha meios para impor suas determinações. Baseia-se na supremacia do mais forte. Esta concepção estimulou um verdadeiro egoísmo entre os grandes Estados. Como a França e principalmente a Inglaterra, pois todos se afirmavam soberanos, favorecendo ao colonialismo do século XIX, sobretudo, nos países da África e Ásia. b) Concepção puramente jurídica Uma concepção puramente jurídica conduz ao conceito de soberania como o poder de decidir em última instância sobre a atributividade das normas, vale dizer, sobre a eficácia do direito. Ou seja, com respeito a validade das normas. Como fica evidente, embora continuando a ser uma expressão de poder, a soberania é poder jurídico utilizado para fins jurídicos. A soberania continua sendo expressão de poder. Partindo do pressuposto, de que todos os atos dos Estados são passíveis de enquadramento jurídico, tem-se como soberano o poder que decide qual a regra jurídica aplicável em cada caso, podendo, inclusive, negar a juridicidade da norma. Segundo esta concepção não há Estados mais fortes ou mais fracos, uma vez que para todos a noção de direito é a mesma (igualdade entre os Estados sob o ponto de vista da soberania). A grande vantagem dessa conceituação jurídica é que mesmo os atos praticados pelos Estados mais fortes podem ser qualificados como antijurídicos, permitindo e favorecendo a reação de todos os demais Estados. Por exemplo: Condenando diplomaticamente, aplicando sanções econômicas. Ou seja, o estágio de desenvolvimento da civilização não admite mais o uso puro e simples da força. Embora esta atitude não está descartada. 5.3.2. Conceitos de Soberania Aderson de Menezes apresenta o conceito de soberania: “Como a qualidade que o Estado possui, na esfera de sua competência jurídica, de ser supremo, independente e definitivo, dispondo, portanto, de decisões ditadas em último grau pela sua própria vontade e que pode impor definitivamente pela força coativa.” Celso Ribeiro Bastas, conceituou soberania da seguinte maneira: “Soberania é a qualidade que cerca o poder do Estado. [....] indica o poder de mando em última instancia, numa sociedade política. [....] a soberania se constitui na supremacia do poder dentro da ordem interna e no fato de, perante a ordem externa, só encontrar Estado igual poder.” 5.4. CARACTERÍSTICAS DA SOBERANIA: Quanto as características da soberania, praticamente a totalidade dos estudiosos a reconhece como sendo UNA, INDIVISÍVEL, INALIENÁVEL e IMPRESCRITÍVEL. Vejamos cada uma delas: a) Una, porque não se admite num mesmo Estado a convivência de duas soberanias. Seja poder incontrastável, ou poder de decisão em última instância sobre a atributividade das normas, é sempre poder superior a todos os demais que existam no Estado, não sendo concebível a convivência de mais de um poder superior no mesmo âmbito. b) Indivisível, porque, além das razões que impõem sua unidade, a soberania se aplica à universalidade dos fatos ocorridos no Estado, sendo inadmissível, por isso mesmo, a existência de várias partes separadas da mesma soberania. c) Inalienável, “A soberania é inalienável, porque está excluída de seu conceito a possibilidade de transferência”. (Aderson de Menezes, pág. 157). d) Imprescritível, porque jamais seria verdadeiramente superior se tivesse prazo certo de duração todo poder soberano aspira existir permanentemente e só desaparece quando forçado por uma vontade superior. 5.5. JUSTIFICAÇÃO E TITULARIDADE: Isto tem haver com a legitimidade do poder soberano, ou quem tem a decisão em última instância dentro do âmbito de um território. De modo geral as teorias justificadoras do poder soberano podem ser divididas em dois grandes grupos com várias subdivisões: 5.5.1. TEORIAS TEOCRÁTICAS: Tiveram predomínio no final da Idade Média, quando surgia a clara conceituação de soberania, bem como no período absolutista do Estado Moderno. Tinha como ponto de partida a máxima do cristianismo, que “todo poder vem de Deus”, se divide em duas: a) Direto divino sobrenatural: quando afirma que o próprio Deus concedia o poder ao príncipe. b) Direito divino providencial: sustenta que a soberania vem de Deus, como todas as coisas terrenas, mas que diretamente ela vem do povo, razão pela qual apresenta imperfeições 14. MAS, EM AMBOS OS CASOS, O TITULAR DA SOBERANIA ACABA SENDO A PESSOA DO MONARCA. 5.5.2. TEORIAS DEMOCRÁTICAS: Sustenta que a soberania se origina do próprio povo. Apresenta três fases sucessivas bem distintas 14 “A doutrina do Direito Divino Providencial é mais sofisticada. É a doutrina segundo a qual todo poder vem de Deus, no sentido de que Deus é a providência e, portanto, o responsável pelo modo porque a Providência age. Assim, Deus não escolheu A ou B, em determinado instante, para ser o regente de determinado Estado, mas simplesmente dispôs as coisas de tal forma que isso iria ocorrer necessariamente no seu dado momento.” (Manoel Gonçalves Ferreira Filho, pa, 27). 1) Na primeira fase aparece como titular da soberania o próprio povo, como massa amorfa (massa incorpórea, inorgânica que vive em determinado momento), situada fora do Estado. Concepção defendida por Rousseau, ao dizer que a vontade popular é representada pela vontade geral. 2) Na segunda fase, adquire seu ponto de consolidação com a Revolução Francesa influindo sobre as concepções políticas do século XIX e início do século XX, a titularidade é atribuída a nação, que é o povo concebido numa ordem integrativa (nação é a encarnação de uma comunidade em sua permanência). Esta concepção é defendida por Emanuel Joseph Sieyès. 3) Por último, chega-se à afirmação de que o titular da soberania é o Estado, o que começaria a ser aceito na segunda metade do século XIX e ganharia prestígio no século XX (teoria alemã acerca da personalidade jurídica do Estado). “O povo mesmo concebido como nação. Não tem personalidade jurídica. Mas, como ele participa do Estado e é o elemento formador da vontade deste, a atribuição da titularidade da soberania do Estado atende às exigências jurídicas, ao mesmo tempo em que preserva o fundamento democrático.” (Dalmo Dallari, pág. 83). 5.6. OBJETO DA SOBERANIA: Quanto ao objeto e à significação da soberania, verifica-se que o poder soberano é exercido sobre os indivíduos, que são a unidade elementar do Estado, não importando que atuem isoladamente ou em conjunto, assim os cidadãos estão sempre sujeitos ao seu poder soberano (poder coercitivo). A) Relativamente aos que não são cidadãos do Estado, este exerce poder soberano quando se encontrem dentro de seu território, embora haja também alguns casos excepcionais, em que o estrangeiro não é atingido pela soberania de um Estado, mesmo que se ache em seu território (Embaixadas ‘representação política, e consulado ‘representação comercial’). B) A afirmação do poder soberano, significa que, dentro dos limites territoriais do Estado, tal poder é superior a todos os demais, tanto dos indivíduosquanto dos grupos sociais existentes no âmbito do Estado. E com relação aos demais Estados a afirmação de soberania tem a significação de independência, admitindo que haja outros poderes iguais, nenhum, porém, que lhe seja superior. Assim, a soberania do Estado é considerada geralmente sob dois aspectos: interno e externo: A soberania interna quer dizer que a autoridade do Estado, nas leis e ordens que edita para todos os indivíduos que habitam seu território e as sociedades formadas por esses indivíduos, predomina sem contraste, não pode ser limitada por nenhum outro poder. A soberania externa significa que, nas relações recíprocas entre os Estados, não há subordinação nem dependência, e sim igualdade.” (Darcy Azambuja, pág. 90). 5.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE SOBERANIA O conceito de soberania tem sido de índole exclusivamente política, na sua origem histórica, já se acha disciplinado juridicamente, quanto a sua aquisição, seu exercício, e a sua perda. De fato, apesar do progresso, a soberania continua a ser concebida de duas maneiras: a) Como sinônimo de independência, e assim tem sido invocado pelos dirigentes dos Estados que desejam afirmar, sobretudo, ao seu próprio povo, não serem submissos a qualquer potência estrangeira. b) Como expressão de poder jurídico mais alto significa, que, dentro dos limites da jurisdição do Estado, este é o poder de decisão em última instância, sobre a eficácia de qualquer norma jurídica. 6. TERRITÓRIO: A noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceu com o Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania, isso não queria dizer que os Estados anteriores não tivessem território. Segundo Nina Ranieri (2013, p. 115): A noção de território estatal e de origem moderna. Ate 1500, menos de 20% da superfície terrestre estafa dividida por fronteiras nacionais. Antes disso, a humanidade convivera com sociedades politicamente organizada sob o principio da personalidade que sustentava diferentes comunidades tribais, povos nomandes e suas esferas de competência; e alem do território do Império Romano, na direção da Asia, onde se situavam as rotas comerciais para o Oriente, tribos nômades controlaram caminhos e pessoas, independente de se organizarem politicamente sobre qualquer território. Foi justamente, a organização territorial dessas unidades de associação que apagou as diferenças entre tribos e criou um sentimento comum como se deu na formação das cidades da Idade Media. 6.1. Evolução da noção de território No Estado Grego: Na Cidade-Estado, o território era limitado a um centro urbano e a uma zona rural circunvizinha, não havendo ensejo para conflito de fronteiras. Assim, não chegou a surgir a necessidade de uma clara delimitação territorial. Na Idade Média: Com a multiplicação dos conflitos entre as ordens (feudos) e as autoridades (monarca), tornou-se indispensável a definição de território, e isto foi conseguida através de duas noções: a) soberania, que indicava o poder no mais alto grau, atuando no Estado; b) território, que indicava onde esse poder (soberano) seria efetivamente o mais alto. 6.2. CONCEITO DE TERRITÓRIO: O autor Ranelletti, superando as deficiências apresentadas por algumas teorias propõe que o território é o espaço dentro do qual o Estado exerce seu poder de império. Este poder se exerce sobre tudo, pessoas e coisas, que se encontre no território. O território é o elemento físico do Estado. “O território, em sua concepção elementar, pode ser definido como a base física, onde a soberania (qualidade intrínseca do Estado), é exercida em sua plenitude”. (Reis Friede, pág. 56). “O território é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade da sua ordem jurídica, conforme definiu Hans Kelsen. ”. (Reis Friede, pág. 56). Conclusões de caráter geral, sobre as quais se pode dizer que praticamente não há divergência: a) Não existe Estado sem território. No momento de sua constituição o Estado integra num conjunto indissociável, entre outros elementos, um território, que não pode ser privado sob pena de não ser mais Estado. b) O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado. Dentro dos limites territoriais a ordem jurídica do Estado é a mais eficaz, por ser a única dotada de soberania, dependendo dela admitir a aplicação dentro do âmbito territorial, de normas jurídicas provindas do exterior (os tratados internacionais, os acordos, as convenções, etc). Dos aspectos acima, pode-se extrair os seguintes conceitos: PRINCÍPIO DA IMPENETRABILIDADE: Face aos fundamentos anteriores a ordem jurídica estatal, atuando soberanamente em determinado território, está protegida pelo princípio da impenetrabilidade, o que significa reconhecer ao Estado o monopólio de ocupação de determinado espaço, sendo impossível que no mesmo lugar e ao mesmo tempo convivam duas ou mais soberanias. A definição espacial do território estatal delimita suas fronteiras e o âmbito de validade jurídica de suas normas na sociedade internacional de Estados. Tal delimitação produz dois efeitos jurídicos principais: a) submete tudo e todos que se encontrem no território estatal as suas normas (efeito positivo ou inclusivo); b) exclui, deste mesmo território, a possibilidade de vigência de outra ordem estatal soberana (efeito negativo ou excludente). 6.3. LIMITES TERRITORIAIS: É importante que se faça um estudo dos limites territoriais, sobretudo, tendo em conta a ampla utilização ou exploração econômica do mar, de seu solo e subsolo, bem como do espaço aéreo. a) Em terra firme, os Estados limítrofes estabelecem a delimitação ou as suas fronteiras, por linhas imaginárias, montanhas, acidentes geográficos, etc. b) Extensão territorial sobre o mar: Com a crescente utilização econômica do mar, de seu solo, subsolo marinho, a pesca, a fauna, (superando o critério do ‘tiro de canhão’) cresceu a importância do problema, esta faixa de mar passou a ser designada mar territorial. A solução adotada pelos países sul-americanos foi a fixação do mar territorial em 200 milhas náuticas, através de tratados internacionais e atos unilaterais. c) Alto mar: A Convenção sobre os direitos do Mar (1982) considera o alto mar comum da humanidade. Nenhum Estado pode reivindicar a propriedade do alto mar. d) A Antártida: Está sujeita a um tratado,desde 1959, pelo qual não se reconhece sobre ela qualquer pretensão territorial. e) O espaço aéreo: O problema foi acentuado após a 2ª guerra Mundial, sobretudo com o desenvolvimento da aeronáutica, e a utilização das aeronaves com meio de transporte de passageiros. A partir daí sentiu-se a necessidade do estabelecimento de regras para utilização do espaço aéreo. Considerou-se indispensável assegurar a passagem inocente, das aeronaves de transporte de passageiros. Isto ocorreu mediante uma convenção sobre aviação civil internacional, em Chicago em 1944, regulamentando o uso do direito da passagem inofensiva. Com a tecnologia das viagens espaciais, satélites lançados na estratosfera, tornou-se ineficaz a regra tradicional da extensão ilimitada, representada por uma coluna de ar que se estendia até o infinito. 7. ELEMENTO ESSENCIAL DO ESTADO – POVO: É unânime a aceitação da necessidade do elemento pessoal para a constituição e a existência do Estado, uma vez que sem ele não é possível existir Estado e é para ele que o Estado se forma. POPULAÇÃO: Há doutrinadores que designe como população esse elemento pessoal. Mas, esta designação não é a melhor, vez que a população é mera expressão numérica, demográfica, ou econômica, segundoMarcelo Caetano, que abrange: O conjunto das pessoas que vivem no território de um Estado ou mesmo que se achem temporariamente. Fazendo algumas distinções NAÇÃO: É outra expressão largamente usada com o sentido de povo e que tem sido causa de grande imprecisão, provocando confusão até mesmo na legislação. MAS O QUE NAÇÃO? • O termo NAÇÃO surgiu no século XVIII com a pretensão de ser a expressão do povo como unidade homogênea, o termo nação adquiriu grande prestígio durante a Revolução Francesa, sendo utilizado para externar tudo quanto se referisse ao povo. • NAÇÃO, expressão usada inicialmente para indicar origem comum, ou comunidade de nascimento, não perdeu de todo tal significado, indicando, segundo Miguel Reale, uma comunhão formada por laços históricos e culturais e assentada sobre um sistema de relações de ordem objetiva. • NAÇÃO pode ser vista como uma comunidade de base histórico-cultural, pertencendo a ela em regra, os que nascem num certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito idêntico de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais coletivos. “Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos interesses comuns e, principalmente, por ideais e aspirações comuns. Povo é uma entidade jurídica; Nação é muito mais do que povo, é uma comunidade de consciências, unidos por um sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo” (Darcy Azambuja, pág. 58). Por tudo isto é que NAÇÃO não se confunde com POVO. 7.1. NOÇÃO JURÍDICA DE POVO: A noção jurídica de povo é uma conquista bastante recente. O indivíduo deixou de ser súdito do rei, para ser cidadão do Estado, portador de direitos constitucionalmente previstos. 7.2. Evolução do conceito de povo Na Grécia antiga indicava apenas o membro ativo da sociedade política, isto é, aquele que podia participar das decisões políticas, juntamente com estes existiam os homens livres não- dotados de direitos políticos e os escravos, que compunham a polis ou a Cidade-Estado. Assim, quando se fala em povo de Atenas só se incluem nessa expressão os indivíduos que tem certos direitos. Durante a Idade Média já menos precisa é a noção de povo, pois a extensão dos direitos e as novas camadas da população, bem como a maior mobilidade desta, até que se começassem a delinear os traços do Estado Moderno, tudo isso perturbou os padrões tradicionais. Enquanto povo de um mesmo Estado permanecia dividido em diferentes ordenações, sem um centro unificador eficaz, não pôde ser concebido como uma unidade. Durante o primeiro período do Estado Moderno, enquanto prevaleceu a monarquia absoluta, foi-se generalizando, sobretudo na França, a designação de cidadão, o que iria influir para que o conceito de povo também se ampliasse. Com a ascensão política da burguesia, através das revoluções do século XVIII, apareceria, inclusive, nos textos constitucionais a idéia de povo, livre de qualquer noção de classe, pretendendo-se mesmo impedir qualquer discriminação15 entre os componentes do Estado, como bem se percebe pela consagração do princípio do sufrágio universal, que significa o voto igual para todos. Portanto, o reconhecimento jurídico de povo se dá a partir do momento que os Estados passaram a ser organizados através de uma Constituição escrita que assegura ao mesmo tempo a limitação de direitos, bem como a presença de um rol mínimo de direitos aos cidadãos. 8. ELEMENTO ESSENCIAL DO ESTADO – GOVERNO: O governo é o órgão diretor, o aparelho de mando e coação exercitado pelo Estado. Este quarto elemento do Estado manifesta-se de maneira diversa, do território e povo, pois pressupõe para sua existência a presença daqueles dois. O governo integrado por pessoas, é extraído da população. Uma vez constituído, tem de localizar-se num território, onde vai manifestar a sua ação, atingindo o elemento humano que ocupam o território. 8.1. GOVERNO – Teor de independência O governo é órgão de autoridade, revela a soberania do Estado, isto é, põe-na (soberania) em ação. 15 Na verdade, as discriminações não desapareceriam na prática, mas, afirmado o princípio, iniciou-se um esforço doutrinário no sentido de efetivar, em termos jurídicos, a extensão plena de cidadania. Parafraseando Alexis Toccqueville: a cidadania não foi simplesmente a obra de alguns homens, mas sim a culminância de um processo histórico. Em sua complexidade estrutural e em sua diversidade formal, o governo é que, pressupondo já a população e o território, dá o caráter especial ao Estado como um poder de dominação, inconfundível e incontrastável. Seja pelo exercício da autoridade, seja pelo sistema de funções, o governo é expressão diretora, a impor-se soberanamente. NÃO SE DEVE CONFUNDIR GOVERNO COM SOBERANIA, EIS QUE ESTA É TÃO SOMENTE A SUBSTÂNCIA DAQUELE PARA EXPRIMIR O ESTADO PERFEITO. A soberania se expressa ou é a manifestada pelo governo. “O governo, como elemento diretivo que revela a soberania do Estado é seu veículo na consecução da felicidade pública tem de existir, especialmente agora neste apogeu da civilização, sob a égide do Direito”. (Aderson de Menezes, pág. 142). 9. ELEMENTO FINAL DO ESTADO: O BEM COMUM A finalidade é o elemento do Estado que diz respeito a fundamentação de sua ação. Tais fundamentos são simultaneamente teleológicos (isto é, são relativos aos fins do Estado) e axiológicos (relativos aos valores sob os quais se orienta a ação do Estado). A mais importante tarefa da politica esta, justamente, em dirigir o poder do Estado para a realização de fins considerados legítimos pelo povo. Não se admite a existência do Estado sem um fim específico: Que a doutrina identificou como “O bem comum”. A existência da sociedade política com território e população definidos, governo soberano e normas comportamentais não se justifica como um fim em si mesmo, mas, sim, para que se alcance o bem-estar da mesma população. Por isso, é que podemos conceituar bem comum como a realização global do ser humano, quer do ponto de vista biológico, quer do psíquico o que deve ser propiciado pelo Estado. CONCLUSÃO: Assim, “podemos dizer que o Estado realiza o bem comum à medida que mantém a segurança interna e externa de um povo (força, policiais armados, em última análise), constrói um Estado de Direito (pela aplicação efetiva das normas jurídicas e respeito aos direitos e garantias individuais) e atende ao bem-estar de todos.” (Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política, José Geraldo Brito Filomeno, pág. 86). 10. CONCEITO DE ESTADO: Encontrar um conceito de Estado que satisfaça a todas as correntes doutrinárias é absolutamente impossível, pois sendo o Estado um ente complexo pode ser abordado sob diversos pontos de vista. Devido a dificuldade em conceituar o Estado, Dalmo Dallari, no seu livro Elementos da Teoria Geral do Estado, Ed. Saraiva, 20ª Ed, pág. 118, levando em consideração os elementos que o compõem: conceituou o Estado: “Como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território.” 11. FORMA DE GOVERNO – FORMA DE ESTADO – REGIME DE GOVERNO – SISTEMA DE GOVERNO16 Inicialmente, faremos uma distinção entre “formas de governo”, “forma de Estado”, e “regime de governo” e “sistema de governo”, pois, não se pode confundi-los, pois cada um tem uma função especifica na compreensão do estudo das formas de governo. Forma de governo: Modo pelo qual o Estado se organiza e estrutura, com o objetivo de exercer o poder político. Regime de governo e sistema de governo:
Compartilhar