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MATERIAL DE APOIO CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO Professor Ms. Fernando Barroso de Deus Este material não substitui a necessidade da leitura da bibliografia referenciada CONCEITO E OBJETO DA CIÊNCIA POLÍTICA (...) em sentido lato, tem por OBJETO o estudo dos acontecimentos, das instituições e das ideias políticas, tanto em sentido teórico (doutrina) como em sentido prático (arte) referido ao passo, ao presente e às possibilidades futuras (...) cabe p exame das instituições, dos fatos e das ideias referidas aos ordenamentos políticos da sociedade debaixo do tríplice aspecto: filosófico, jurídico ou político propriamente dito e sociológico (BONAVIDES, 2019, p. 40). Em sua acepção mais ampla, herdada da tradição clássica grega, a Política pertence ao DOMÍNIO DO CONHECIMENTO PRÁTICO (aquele que o homem constrói a partir de sua existência concreta, e não a partir de elaborações exclusivamente teóricas), utilizando-se como critérios para sua definição aspectos como a justiça, o bom governo, bem como as condições pelas quais seja possível atingir o bem comum (GOES; LIMA, 2015, p. 9). CIÊNCIA POLÍTICA é á área do conhecimento que tem como missão o estudo dos objetos políticos de forma organizada, com rigor e metodologia científicos. PRISMA FILOSÓFICO: (...) a discussão de proposições respeitantes à origem, à essência, à justificação e aos fins do Estado, como as demais instituições sociais geradoras do fenômeno do poder (BONAVIDES, 2019, p. 40). PRISMA SOCIOLÓGICO: Os temas de reconstrução social, de diagnose e interpretação dos momentos críticos da democracia, de análise dos conceitos políticos, de estimativas acerca da planificação, da liberdade e do poder tecem a miséria sociológica que serve de substrato a alguns dos capítulos mais fascinantes de nossa Ciência (BONAVIDES, 2019, p. 43). PRISMA JURÍDICO: Tem sido também a Ciência Política objeto de estudo que a reduz ao Direito Política, a simples corpo de normas (...) Quem elucidar o direito como norma elucidará o Estado. A força coercitiva deste nada mais significa que o grau de eficácia da regra direito, ou seja, da norma jurídica (BONAVIDES, 2019, p. 43 e 44). Tem Kelsen como um dos seus representantes. LINHAS TEÓRICAS SOBRE A FORMAÇÃO DO ESTADO (Dalmo de Abreu Dallari) TEORIA NATURALISTA: (...) afirmam a formação natural do Estado, não havendo entre elas uma coincidência quanto a causa, mas tendo todas em comum a afirmação de que o Estado se formou naturalmente, não por um ato puramente voluntário (DALLARI, 2016, p. 61 e 62). TEORIA CONTRATUALISTA: (...) sustentam a formação contratual dos Estados, apresentando em comum, apesar de também divergirem entre si quanto às causas, a crença em que foi a vontade de alguns homens, ou então de todos os homens, que levou à criação do Estado. De maneira geral, os adeptos da formação contratual da sociedade é que defendem a tese da criação contratualista do Estado (DALLARI, 2016, p. 61 e 62). SOB O PONTO DE VISTA DA FORMAÇÃO: ORIGINÁRIA: Agrupamentos humanos ainda não integrados em qualquer Estado (DALLARI, 2016, p. 61) DERIVADA: (...) formação de novos Estados a partir de outros preexistentes (DALLARI, 2016, p. 61). FRACIONAMENTO: Quando uma parte do território de um Estado se DESMEMBRA e passa a constituir um novo Estado (...) o Estado que teve seu território diminuído pelo fracionamento continua a existir, só se alterando a extensão territorial e o número de componentes do povo, uma vez que uma parcela deste sempre se integra ao Estado recém-constituído”. (DALLARI, 2016, p. 64). UNIÃO DE ESTADOS: implica a ADOÇÃO DE UMA CONSTITUIÇÃO COMUM, desparecendo os Estados preexistentes que aderiram à União. Neste caso, dois ou mais Estados resolvem unir-se, para compor um novo Estado, perdendo sua condição de Estados a partir daí, no Estado resultante. Todos os componentes desaparecem como Estados, surgindo em seu lugar uma nova entidade, que absorve todas as características de Estado que pertenciam àqueles que se uniram para formá-lo (DALLARI, 2016, p. 65). Professor Ms. Fernando Barroso de Deus LINHAS TEÓRICAS SOBRE A FORMAÇÃO DO ESTADO (Dalmo de Abreu Dallari) SOB O PONTO DE VISTA DAS CAUSAS DETERMINANTES (TEORIA NATURALISTA): SOB O PONTO DE VISTA DO APARECIMENTO: a) Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu sempre, pois desde de que o homem vive sobre a Terra acha-se integrado numa organização social, dotada de poder com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo (DALLARI, 2016, p. 61) . b) Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem o Estado durante um certo período. Depois, por motivos diversos (...) este foi constituído para atender às necessidades ou às conveniências dos grupos sociais (...) não houve concomitância na formação do Estado em diferentes lugares, uma vez que este for aparecendo de acordo com as condições concretas de cada lugar (DALLARI, 2016, p. 61). c) A terceira posição (...) a dos autores que só admitem como Estado a sociedade política dotada de certas características muito bem definidas. Justificando seu ponto de vista, um dos adeptos dessa tese, Karl Schmidt, diz que o conceito de Estado não é um conceito geral válido parra todos os tempos, mas é um conceito histórico concreto, que surge quando nascem a ideia e a prática da soberania, o que só ocorreu no século XVII (DALLARI, 2016, p. 61). a) ORIGEM OU FAMÍLIA PATRIARCAL: Estas teorias situam o núcleo social fundamental a família (...) cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado (DALLARI, 2016, p. 62). b) ORIGEM EM ATOS DE FORÇA, DE VIOLÊNCIA OU DE CONQUISTA: Com pequenas variantes, essas teorias sustentam, em síntese, que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados (DALLARI, 2016, p. 62). c) ORIGEM EM CAUSAS ECONÔMICAS OU PATRIMONIAIS D) ORIGEM NO DESENVOLVIMENTO INTERNO DA SOCIEDADE: (...) o Estado é um germe, uma potencialidade, em todas as sociedade humanas, as quais, todavia, prescindem dele enquanto se mantêm simples e pouco desenvolvidas. Mas aquelas sociedade que atingem maior grau de desenvolvimento e alcançam uma forma complexa têm absoluta necessidade do Estado, e então ele se constitui (DALLARI, 2016, p. 63). Com SÓCRATES, nasce o projeto de uma CIÊNCIA DOS VALORES HUMANOS na qual o sentido dos costumes e das leis era algo a ser examinado com os RIGORES DA RAZÃO. (...) contribuição de Sócrates para a formação do pensamento político não consiste em nenhuma doutrina ou mesmo esboço de doutrina sobre a pólis, mas na introdução de uma postura investigadora e eminentemente crítica acerca das instituições sociais (MACIEL, 2013, posições 531 e 551) . A POLÍTICA E O ESTADO NO PENSAMENTO ANTIGO SÓCRATES PLATÃO “(...) a partir de PLATÃO que o mundo da pólis é assumido, definitivamente, como parte integrante da agenda filosófica (...) é Platão o primeiro grande filósofo a elaborar, de modo sistemático, uma filosofia política. (...) a contribuição de Platão para a história do pensamento político, é sublinhar que, para ele, a IDEIA DO BEM (simbolizada na alegoria pela figura do sol) CONSISTE NO ÁPICE DO CONHECIMENTO E AQUELE QUE, AO FINAL DE UM LONGO E ÁRDUO PROCESSO DE ASCENSÃO AO MUNDO REAL, CONSEGUE CONTEMPLÁ-LA ESTÁ APTO A CONDUZIR OS OUTROS HOMENS NO CAMINHO DA VERDADE e a organizar a cidade segundo leis e instituições essencialmente boas e justas. (...) Donde se conclui que APENAS UMA ARISTOCRACIA INTELECTUAL, FEITA DE HOMENS QUE SE TORNARAM PERFEITOS À MEDIDA QUE SE TORNARAM SÁBIOS, PODE ASSEGURAR UM GOVERNO ESTÁVEL E ESSENCIALMENTE JUSTO, já que a justiça é uma virtude e, como tal, consequência do Bem, que nada mais é que a outra face da Verdade. (MACIEL, 2013, posições 570, 588) Professor Ms. Fernando Barroso de Deus A POLÍTICA E O ESTADO NO PENSAMENTO ANTIGO ARISTÓTELES (...) O Estado teria um fundamento natural, pois seria o resultado de um processo desencadeado por forçada natureza. Em primeiro lugar, existe a atração natural entre os sexos com vistas à reprodução (...) Assim, surge a primeira sociedade: a família ou sociedade doméstica. Segundo Aristóteles, o homem seria um zoon politikon, ou seja, um animal político, pois teria uma tendência natural à vida em sociedade (MACIEL, 2013, posições 666, 682). Para Aristóteles, o bom governo é movido pelo interesse público, e não privado e, para que isso ocorra, é preciso que o poder político pertença às instituições, e não aos indivíduos (MACIEL, 2013, posição 701). Professor Ms. Fernando Barroso de Deus ARISTÓTELES opõe-se a PLATÃO, quando este último afirma ser a posse do verdadeiro conhecimento o único critério seguro mediante o qual se pode definir quem deve exercer o governo. Para o primeiro, não há uma única forma de governo justo e, além disso, existe maior probabilidade de que uma multidão reúna mais virtudes do que um único indivíduo ou uma minoria. Por isso, a sociedade mais justa é aquela em que um grande número de indivíduos participa igualmente do mando e da obediência, compartilhando do poder e das prerrogativas políticas. (MACIEL, 2013, posições 701 e 721). A POLÍTICA E O ESTADO NO PENSAMENTO MEDIEVAL SANTO AGOSTINHO b) (...) considera a necessidade do poder político e, portanto, do Estado, uma consequência do pecado original. A formação da sociedade é um meio pelo qual os homens buscam amenizar os efeitos da corrupção originada pela queda de seus primeiros pais (MACIEL, 2013, posição 795). a) A busca de uma conciliação entre o pensamento racional e a verdade revelada permitiu o nascimento de uma filosofia cristã, considerada por Santo Agostinho “a verdadeira filosofia” (...) Essa filosofia parte da ideia de que o poder terreno é um instrumento para a instauração de uma ordem imposta por Deus (MACIEL, 2013, posição 778). c) Rejeitando a premissa aristotélica da sociabilidade natural humana, que insere a existência do Estado na ordem natural (premissa que será acolhida mais tarde por São Tomás de Aquino), Santo Agostinho não vê sentido na discussão acerca das formas de governo justas e injustas, uma vez que todas estariam marcadas pela mancha da corrupção humana. Esse diagnóstico conduz à imperiosa valorização de outra instituição, a IGREJA, figura terrestre da “Cidade de Deus”, capaz de fazer a mediação entre a lei eterna e a lei temporal, porém, para tanto, necessitando assumir também um caráter político (MACIEL, 2013, posição 795). Professor Ms. Fernando Barroso de Deus A POLÍTICA E O ESTADO NO PENSAMENTO MEDIEVAL TOMAS DE AQUINO O ESTADO E O PODER POLÍTICO, em vez de serem concebidos como obras contingentes, criadas pelos homens em resposta às necessidades resultantes de sua própria corrupção, são vistos por São Tomás como incluídos no plano perfeito de Deus. São realidades que decorrem da agência criadora de Deus, como todo ser decorre do Ser em si e, como este é essencialmente bom e perfeito, as coisas criadas ganham sentido quando se contempla a excelência de toda a ordem da criação (“E Deus viu que tudo era bom”, Gênesis 1, 31) (MACIEL, 2013, posição 814). São Tomás de Aquino adere à premissa aristotélica da sociabilidade natural humana, vista como a força responsável pela formação das cidades terrestres. A função da autoridade política é ordenar a sociedade humana para que ela atinja a sua perfeição, isto é, produza o bem previsto pelo desígnio divino. Quanto à forma que essa autoridade deve revestir, São Tomás prescreve a MONARQUIA. Antes de mais nada, ela conta com fundamentos nas Escrituras, que apresentam os reis do povo hebreu como escolhidos por Deus. Além disso, tem como modelo o governo que o próprio Deus exerce sobre todo o universo. O Ser Criador é também LEGISLADOR E JUIZ, e submete todas as coisas a uma unidade de comando (MACIEL, 2013, posição 830). São Tomás de Aquino apresenta os critérios segundo os quais as leis humanas (normas impostas pela autoridade política) podem ser consideradas justas. Em primeiro lugar, elas precisam estar de acordo com a lei natural (manifestação da lei eterna de Deus no mundo por Ele criado), a qual, por sua vez, recebe a forma de preceitos positivos nas Sagradas Escrituras e nas regras estabelecidas pela Igreja (a lei divina revelada) (MACIEL, 2013, posição 850). Professor M s. Fernando Barroso de Deus MONTESQUIEU A CENTRALIDADE DA MODERAÇÃO NA POLÍTICA “para que seja impossível abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder” (MONTESQUIEU, 1979, p. 148). A liberdade é o poder das leis, não do povo. Considerada em relação ao cidadão, a liberdade política consiste, em síntese, na segurança pessoal que este experimenta ao abrigo das leis e de uma Constituição que aponte limites precisos à ação do governo. Para Montesquieu, a liberdade política em um cidadão é a tranquilidade do espírito que provém da opinião que tem cada um da própria segurança e, para isso, é necessário que o governo seja tal que um cidadão não possa temer outro cidadão (FREIRE; WAGNER e RIBEIRO, 2013, posição 3441). . Assim, a liberdade política pode-se encontrar apenas num governo onde o poder seja moderado, moderação esta que depende de uma certa “distribuição” das forças, que resulte da razão e não do acaso (FREIRE; WAGNER e RIBEIRO, 2013, posição 3458). Ao monarca, cabe-lhe o poder executivo, porque essa parte do governo – necessitando quase sempre de ação momentânea – é melhor administrada por um do que por muitos (FREIRE; WAGNER e RIBEIRO, 2013, posição 3487). (...) Como forma de conter o absolutismo do governo à época (...) a teoria da Separação dos Poderes, consagrada por Montesquieu, destacava-se pela necessidade de que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário fossem exercidos por órgãos distintos, harmônicos e independentes entre si (FREIRE; WAGNER e RIBEIRO, 2013, posição 3505). Poder Judiciário deveria estar nas mãos de membros do povo reunidos em tribunais provisórios destinados a resolver sobre disputas envolvendo indivíduos e questões criminais. Legislativo: O povo não age por si mesmo, mas por seus representantes, eleitos para a função de criar, derrogar ou modificar as leis do Estado. Elementos essenciais do Estado (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) MATERIAIS POPULAÇÃO (brasileiros e estrangeiros em território nacional); POVO (brasileiros natos e naturalizados = nacional) e CIDADÃO (nacional com direitos políticos) (MORAIS; STRECK, 2019, p. 172). TERRITÓRIO: Locus sobre o qual será fixado o elemento humano e terá lugar o exercício do poder e aplicação do ordenamento jurídico-positivo estatal (...) Na tradição, o território desempenha uma função positiva de que tudo e todos que se encontram nos seus limites ficam sujeitos à sua autoridade e uma função negativa de exclusão de toda e qualquer outra autoridade diversa daquela do Estado (...) (MORAIS; STRECK, 2019, p. 170). FORMAL GOVERNO INDEPENDENTE E SOBERANO: A noção de soberania emerge quando há a consciência da oposição entre o poder do Estado e outros poderes. É UNA (é sempre poder superior sobre todos os demais); INDIVISÍVEL (aplica-se a todos os fatos ocorridos no interior do Estado); INALIENÁVEL (quem a detém desaparece ao ficar sem ele); IMPRESCRITÍVEL (não tem prazo de duração) (...) a soberania possui duplo significado, um interno, de insubordinação a um poder superior, e outro externo, de independência e impermeabilidade, muito embora modernamente se lhe atribua um caráter de coordenação (MORAIS; STRECK, 2019, p. 175). TELEOLÓGICO FINALIDADE (realização de um fim comum) TIPOS DE ESTADO CRITÉRIO HISTÓRICO (Norberto Bobbio) 2) ESTADO ESTAMENTAL (...) organização política na qual se foram formando órgãos colegiados, os Stände ou estados, que reúnem indivíduos possuidores da mesma posição social, precisamente os estamentos, e enquanto tal fruidores de direitos e privilégios que fazem valer contra o detentor do poder soberano por meio de assembleias deliberantes como os parlamentos (BOBBIO, 2020,p. 149 e 150). 3) ESTADO ABSOLUTO (...) ocorre através de um duplo processo paralelo de concentração e de centralização do poder num determinado território. Por concentração, entende-se aquele processo pelo qual os poderes com que se exerce a soberania – o poder de ditar leis válidas para toda a coletividade (...) o poder jurisdicional, o poder de usar a força no interior e no exterior com exclusividade, por fim o poder de impor tributos – são atribuídos de direito ao soberano pelos legistas e exercidos de fato pelo rei e pelos funcionários diretamente dependentes dele. Por centralização, entende-se o processo de eliminação ou de desautorização de ordenamentos jurídicos inferiores, como as cidades, as corporações, as sociedades particulares, que sobrevivem não mais como ordenamentos originários e autônomos, mas somente como ordenamentos derivados de uma autorização ou da tolerância do poder central (BOBBIO, 2020, p. 151 e 152). 1) ESTADO FEUDAL: (...) caracterizado pelo exercício acumulativo das diversas funções diretivas por parte das mesmas pessoas e pela fragmentação do poder central em pequenos agregados sociais (BOBBIO, 2020, p. 149). Como forma intermediária entre o Estado feudal e o Estado absoluto, o Estado estamental distingue-se do primeiro por uma gradual institucionalização dos contrapoderes e também pela transformação das relações de pessoa a pessoa, próprias do sistema feudal, em relações entre instituições: de um lado as assembleias de estamento, de outro o rei com o seu aparato de funcionários que, onde conseguem se afirmar, dão origem ao Estado burocrático característico da monarquia absoluta. Distingue-se do segundo pela presença de uma contraposição de poderes em contínuo conflito entre si, que o advento da monarquia absoluta tende a suprimir (BOBBIO, 2020, 151). TIPOS DE ESTADO 4) ESTADO REPRESENTATIVO: Tal como o Estado de estamentos, também o Estado representativo se afirma, ao menos num primeiro tempo, como resultado de um compromisso entre o poder do príncipe (cujo princípio da legitimidade é a tradição) e o poder do povo (por “povo” entendendo- se, ao menos num primeiro tempo, a classe burguesa), cujo princípio de legitimidade é o consenso (BOBBIO, 2020, p. 152). 5) ESTADO SOCIALISTA: Estado burocrático dominado por uma oligarquia que se renova por cooptação (...) a diferença essencial entre as democracias representativas e os Estados socialistas está no contraste entre sistemas multipartidários e sistemas monopartidários (...) O domínio de um partido único reintroduz no sistema político o princípio monocrático dos governos monárquicos do passado e talvez constitua o verdadeiro elemento característico dos Estados socialistas de inspiração leninista direta ou indireta, em confronto com os sistemas poliárquicos das democracias ocidentais (BOBBIO, 2020, p. 157 e 158). CRITÉRIO HISTÓRICO (Norberto Bobbio) A crítica de Bobbio é que, em um segundo momento, com a universalização do voto, os partidos teriam passado a se formar do lado de fora do parlamento e em torno dos seus próprios interesses, não votando mais o cidadão em pessoas individualmente. Essa alteração no sistema da representação (a substituição da representação por categorias ou corporativas pela representação dos indivíduos singulares) teria induzido a transformação do Estado representativo em Estado de partidos, no qual, como no Estado de Estamentos, os sujeitos políticos relevantes não seriam mais indivíduos singulares, mas grupos organizados com base em interesses de classe ou presumidamente gerais (BOBBIO, 2020, p. 153 e 154). TIPOS DE ESTADO CRITÉRIO RELATIVO À MAIOR OU MENOR EXPANSÃO DO ESTADO EM DETRIMENTO DA SOCIEDADE (NORBERTO BOBBIO) ESTADO TOTALITÁRIO: (...) toda sociedade está resolvida no Estado, na organização do poder político que reúne em si o poder ideológico e o poder econômico. Não há espaço para o não Estado (BOBBIO, 2020, p. 159). ESTADO MÁXIMO ESTADO MÍNIMO 1) Antes de avançar no assunto estado máximo e estado mínimo, é preciso entender a visão de Bobbio dos conceitos de “Estado” e “Não Estado”. Segundo o autor, o “Não Estado” compreenderia a esfera religiosa e econômica, o que, numa doutrina que primasse por suas orientações, o “Estado” se resolveria apenas em um poder meramente instrumental que lhe prestaria serviços (BOBBIO, 2020, p. 159). 2) Em BOBBIO, o estado máximo e mínimo correlacionar-se-ia com a maior ou menor expansão do “Estado” em direção ao “Não-Estado”. Assim, também sob esse aspecto poder-se-iam ser distinguidos dois tipos ideais: O “Estado” que assume tarefas do “Não Estado” e o “Estado” indiferente (BOBBIO, 2020, p. 162). ESFERA RELIGIOSA (Estado confessional e Estado laico) e ESFERA ECONÔMICA (Estado intervencionista e Estado abstencionista): O Estado confessional preocupa-se com o comportamento religioso dos próprios súditos e com esse objetivo lhes controla os atos externos, as opiniões, os escritos, impedindo qualquer manifestação de dissenso e perseguindo os dissidentes (...) O Estado liberal (...) é ao mesmo tempo laico com respeito à esfera religiosa e abstencionista com respeito à esfera econômica. O Estado intervencionista, não considera estranho a si o modo pelo qual se desenrolam em seu âmbito as relações econômicas assume como própria uma determinada doutrina econômica (...), advoga para si o direito eminentemente de regular a produção dos bens ou a distribuição da riqueza, facilita certas atividades e obstaculiza outra, imprime uma direção ao conjunto da atividade econômica do país (BOBBIO, 2020, p. 163). FORMAS DE ESTADO (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) FEDERADO: (...) implica uma REPARTIÇÃO RÍGIDA DE COMPETÊNCIAS entre o órgão do poder central, denominado União, e as expressões das organizações regionais, mais frequentemente conhecidas por Estados Membros, sendo que estes participam naquela via de representação, ou, ainda – como no caso brasileiro -, de um terceiro nível de competências: o município (...) A federação criaria uma estrutura forte, uma unidade poderosa sem, todavia, destruir os particularismos e as peculiaridades próprias dos seus membros (MORAIS; STRECK, 2019, p. 178 e 179). UNITÁRIO: (...) INEXISTÊNCIA DE COLETIVIDADES INFERIORES DOTADAS DE ORGANISMOS E COMPETÊNCIAS PRÓPRIAS (...) O modelo unitário se caracteriza, politicamente, pela unidade do sistema jurídico, excluindo qualquer pluralidade normativa e, administrativamente, pela centralização da execução das leis e da gestão dos serviços (MORAIS; STRECK, 2019, p.180). ASPECTOS POSITIVOS: 1) existência de uma só ordem jurídica, política e administrativa; 2) o fortalecimento da autoridade estatal; 3) o reforço da unidade nacional; 4) uma burocracia única que, assim, seria eficaz e racionalizada; 5) impessoalidade e imparcialidade no exercício das prerrogativas de governo (MORAIS; STRECK, 2019, p.180). ASPECTOS NEGATIVOS: 1) ameaça à autonomia criadora das coletividades menores com o desaparecimento dos grupos sociais intermediários asseguradores das liberdades individuais; 2) sobrecarga administrativa do poder central; 3) estancamento do autogoverno e desvinculação em face dos problemas públicos; 4) temas de interesse local resolvidos no plano da legislação nacional; 5) retardamento das decisões administrativas (MORAIS; STRECK, 2019, p.180). Podemos, então, distinguir o Estado Unitário do Estado Federal, uma vez que naquele ocorre uma descentralização administrativa, com dependência frente ao Estado Unitário, ao passo que no Estado Federal há independência (...) Ainda, no Estado Federal há dualidade de poderes políticos, sistemas jurídicos, etc., bem como sua configuração se dá via estrutura constitucional, ao passo que no Estado Unitário, quando há, ocorre por meio de legislação inferior (ordinária) (MORAIS; STRECK, 2019, p.180 e 181). FORMAS DE GOVERNO (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) REPÚBLICA (MORAIS; STRECK, 2019, p. 181 e 182): Temporariedade, porque o Chefe de governo e /ou do Estado recebe um mandato fixo, com proibiçãode reeleições sucessivas em parcela expressiva das repúblicas; => Efetividade, porque na República o governante é eleito pelo povo; => Responsabilidade, porque o Chefe do governo e/ou do Estado é politicamente responsável, devendo prestar contas (accountability) de sua orientação política na condução dos destinos do país. MONARQUIA (MORAIS; STRECK, 2019, p. 181) => Vitaliciedade, porque o monarca não tem mandato; governa enquanto viver ou tiver condições de governar; Hereditariedade, porque a escolha se faz pela linha de sucessão; Irresponsabilidade, porque o monarca não tem responsabilidade política (questão que de há muito sofre mitigação).P ro fe ss or M s. F er na nd o Ba rr os o de D eu s SISTEMAS DE GOVERNO (Dalmo de Abreu Dallari) PARLAMENTARISMO A) DISTINÇÃO ENTRE CHEFE DE ESTADO E CHEFE DE GOVERNO – o CHEFE DE ESTADO, monarca ou Presidente da República, não participa das decisões políticas, exercendo preponderantemente uma função de representação do Estado. Sendo secundária sua posição, em termos políticos, é normal nas repúblicas parlamentares que sua escolha seja feita por eleição no Parlamento e que seu mandato seja relativamente longo (DALLARI, 2018, p. 231). O CHEFE DE GOVERNO, por sua vez, é a figura central do parlamentarismo, pois é ele que exerce o poder executivo. Como já foi assinalado, ele é apontado pelo Chefe de Estado para compor o governo e só se torna Primeiro-Ministro depois de obter a aprovação do parlamento (DALLARI, 2018, p. 232). C) CHEFIA DE GOVERNO COM RESPONSABILIDADE POLÍTICA: O CHEFE DE GOVERNO, aprovado pelo parlamento, não tem mandato com prazo determinado, podendo permanecer no cargo por alguns dias ou muitos anos (...) há dois fatores que podem determinar a QUEDA DO GOVERNO, quais sejam, perda da maioria parlamentar ou voto de desconfiança (DALLARI, 2018, p. 232). B) Possibilidade de dissolução do parlamento Uma característica importante do sistema inglês é a possibilidade de ser dissolvido o Parlamento , considerando-se extinto o mandato dos membros da Câmara dos Comuns antes do prazo normal. Isso pode ocorrer quando o Primeiro-Ministro percebe que só conta com uma maioria e acredita que a realização de eleições gerais irá resultar numa ampliação dessa maioria. Ou então, e isto se aplica mais aos sistemas pluripartidários, quando o Primeiro-Ministro recebe um voto de desconfiança , mas entende que o Parlamento é que se acha em desacordo com a vontade popular (DALLARI, 2018, p. 233). Professor Ms. Fernando Barroso de Deus PRESIDENCIALISMO A) O PRESIDENTE É CHEFE DO ESTADO E CHEFE DO GOVERNO: O mesmo órgão unipessoal acumula as duas atribuições, exercendo o papel de vínculo moral do Estado e desempenhando as funções de representação, ao mesmo tempo em que exerce a chefia do poder executivo (...) Tudo isso deu ao presidente as características de verdadeiro Chefe de Governo, pois além das funções estritamente executivas ele desempenha atribuições políticas de grande relevância, numa autêntica função governativa (DALLARI, 2018, p. 238). B) A CHEFIA DO EXECUTIVO É UNIPESSOAL: A responsabilidade pela fixação das diretrizes do poder executivo cabe exclusivamente ao Presidente da República (...) Acentuando-se o caráter unipessoal da presidência, verifica-se que o vice-presidente, escolhido juntamente com o presidente, não tem qualquer atribuição, só podendo tomar conhecimento dos assuntos do governo quando são públicos, ou quando o Presidente da república o permite (DALLARI, 2018, p. 238). E) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA É ESCOLHIDO PELO POVO C) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA É ESCOLHIDO POR UM PRAZO DETERMINADO: Para assegurar o caráter democrático do governo foi estabelecida a escolha por eleições. Entretanto, pouco adiantaria a adoção desse processo se o presidente, uma vez eleito, pudesse permanecer indefinidamente no cargo. Isso não passaria de uma forma de monarquia eletiva. Para que isso não aconteça, o chefe do executivo, no regime presidencial, é eleito por um prazo fixo predeterminado, findo o qual povo é novamente chamado a escolher novo governante (DALLARI, 2018, p. 240). D) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA TEM PODER DE VETO: Para que não ocorresse o risco de uma verdadeira ditadura do legislativo, reduzindo-se o chefe do executivo à condição de mero executor automático das leis, lhe foi concedida a possibilidade de interferir no processo legislativo através de veto (...) Em muitos Estados considerou-se insuficiente essa participação do Presidente da República no processo legislativo, tendo-se-lhe concedido a possibilidade de enviar projetos de lei ao poder legislativo, finando este obrigado a discutir e votar o projeto (DALLARI, 2018, p. 240). SISTEMAS DE GOVERNO (Dalmo de Abreu Dallari) PRESIDENCIALISMO (DALLARI, 2018, p. 241) FAVOR: Fortalecimento do poder executivo, sem quebra da formal separação de poderes; Unidade de comando, o que permite um aproveitamento mais adequado das possibilidades do Estado, sem a necessidade de transigências e adaptações que deformam qualquer diretriz política; Maior energia nas decisões, pois, sendo o responsável pela política e tendo os meios para aplica-la, O Presidente da República, naturalmente interessado no êxito de sua política, tudo fará para que o Estado atue com o máximo de suas possibilidades. CONTRA: Constitui, na realidade, uma ditadura a prazo fixo (...) O impeachment, geralmente previsto nos sistemas presidenciais, é uma figura penal, que só permite o afastamento do presidente se ele cometer um crime. E é perfeitamente possível que o presidente, adotando uma política inadequada, mas sem praticar qualquer ato delituoso, cause graves prejuízos ao Estado, não havendo, nessa hipótese, como retirá-lo da presidência e impedir a manutenção da política errônea. PARLAMENTARISMO: (DALLARI, 2018, p. 234) FAVOR: Mais racional e menos personalista, porque atribui responsabilidade política ao chefe do executivo e transfere ao Parlamento, onde estão representadas todas as grandes tendências do povo; CONTRA: Fragilidade e instabilidade, sobretudo na época atual em que o Estado não pode ficar numa atitude passiva, de mero vigilante das relações sociais. Professor Ms. Fernando Barroso de Deus QUADRO COMPARATIVO (MORAIS; STRECK, 2019, p. 186) AS FUNÇÕES DO ESTADO (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) As funções tradicionalmente foram apresentadas como sendo a legislativa, que se manifesta através da edição de normas gerais e obrigatórias para todos; a executiva, que atua através da implementação de soluções concretas, sendo a função como responsabilidade do governo, como atribuições políticas, colegislativas e de decisão, além da administração pública em geral; e a jurisdicional, cujo campo é o da solução em especifico dos conflitos surgidos e regulados pelas regras gerais, interpretando e aplicando a lei (...) tal teoria propõe uma visão orgânico funcional do Estado em três departamentos independentes e harmônicos entre si, a partir da experiência inglesa, objetivando a autonomia dos indivíduos através da tripartição de funções com o objetivo de desconcentração institucional e resultado da conscientização hegemônica burguesa (MORAIS; STRECK, 2019, p. 191). (...) podendo-se melhor falar em exercício preponderante de certas atribuições por determinados órgãos do poder público estatal ou, como é o caso das funções executiva e jurisdicional no campo da aplicação do direito ao caso concreto, onde o que diferencia é a maior ou menor eficácia conclusiva do ato praticado ou da decisão (MORAIS; STRECK, 2019, p. 191). (...) é possível afirmar que o Estado é um fenômeno original e histórico de dominação. Cada momento histórico e o correspondente modo de produção (prevalecente) engendram um determinado tipo de Estado (...) Ou seja, o Estado não tem uma continuidade (evolutiva), que o levaria ao aperfeiçoamento; são as condições econômico-sociais que fazem emergir a forma de dominação apta a atender os interesses das classes hegemônicas (MORAIS;STRECK, 2019, p. 28). O ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) 1) CONSIDERAÇÕES GERAIS: 2.1) TEORIA CONTRATUALISTA: A visão instrumental do Estado na tradição contratualista aponta para a instituição estatal como criação artificial dos homens, apresentando-o como um “instrumento” da vontade racional dos indivíduos que o “inventam”, sempre buscando o atingimento de determinados fins que arcam ou identificam as condicionantes de sua criação (...) Assim, o pensamento contratualista pretende estabelecer, ao mesmo tempo, a origem do Estado e o fundamento do poder político a partir de um acordo de vontades, tácito ou expresso, que ponha fim ao estágio pré-político (estado de natureza) e dê início à sociedade política (estado civil) (MORAIS; STRECK, 2019, p. 29). A – o estado de natureza, como hipótese lógica negativa, reflete como seria o homem e seu convívio fora do contexto social; B – o contrato representa o instrumento de emancipação em face do estado de natureza e de legitimação do poder político; e C – o estado civil, portanto, surge como criação racional, sustentado no consenso dos indivíduos. O ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) 2) TEORIA CONTRATUALISTA 2.2) MODELO CONTRATUALISTA SEGUNDO HOBBES, LOCKE E ROUSSEAUHOBBES: Poderemos ter a construção de um poder ilimitado, posto que sem nenhum referencial no estado de natureza, ou seja, um poder novo, sem vínculos ao estilo hobbesiano, tido como ilustrador do estado absoluto, uma vez que o “príncipe” tudo pode, ou tudo deve fazer, pecando unicamente por fraqueza. Aqui, não há parâmetros naturais para a ação estatal, uma vez que pelo contrato o homem se despoja de tudo, exceto da vida, transferindo o asseguramento dos interesses à sociedade política, especificamente o soberano (...) Resumidamente (...) para Hobbes, o contrato social, à maneira de um pacto em favor de terceiro, é firmado entre os indivíduos que, com o objetivo de preservarem suas vidas, transferem a outrem não partícipe (homem ou assembleia de homens) todos os seus poderes – não há ainda o que se falar em direitos, pois estes só aparecem com o Estado. Ou seja, para pôr fim à guerra, despojam-se do que possuem em troca da segurança do Leviatã (MORAIS; STRECK, 2019, p. 33 a 36). LOCKE: Ao contrário de Hobbes, para Locke, o poder estatal é essencialmente um poder circunscrito. O erro do soberano não será a fraqueza, mas o excesso. E, para isso, admite o direito de resistência (...) Este (o Estado) nasce limitado pelos direitos naturais fundamentais – vida e propriedade – que são conservados pelos indivíduos quando da criação do Estado, o qual também é restringido “porque o consenso é dado aos governantes somente sob a condição de que exerçam o poder dentro dos limites estabelecidos (...) Contrapondo Hobbes, para Locke, o poder estatal é essencialmente um poder delimitado. O erro do soberano não será a fraqueza, mas o excesso (...) Em Locke, a existência-permanência dos direitos naturais circunscreve os limites da convenção e do poder dela derivado (MORAIS; STRECK, 2019, p. 33 a 36). ROUSSEAU: O princípio que dá legitimidade ao poder é a vontade geral (...) A vontade de que fala Rousseau não advém da submissão a um terceiro, através de um pacto: ela se origina de uma união entre iguais. Cada um renuncia a seus próprios interesses em favor da coletividade. Nada é privado; tudo é público no Rousseau do Contrato Social. A soberania sai das mãos do monarca, e a sua titularidade é consubstanciada no povo, tendo como limitação, apesar de seu caráter absoluto, o conteúdo do contrato originário do Estado (...) Sergio Cotta chama a atenção para o fato de que o contrato social dá origem a um Estado democrático, na medida em que o poder já não pertence a um príncipe ou a uma oligarquia, e sim à comunidade (...) Entretanto, Rousseau também consagra o despotismo da maioria, que assume roupagens de totalidade, pela qual sua vontade não somente é lei, senão também a norma que indica o justo e a virtude (MORAIS; STRECK, 2019, p. 38 a 39). HOBBES ESTADO CIVIL (LEVIATÃ) LOCKE ESTADO CIVIL (MONARCA) ROSSEAU ESTADO CIVIL (VONTADE GERAL) 3) MODELO LIBERALO ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA(Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) O liberalismo é uma doutrina do Estado limitado tanto com respeito aos seus poderes quanto às suas funções (BOBBIO, apud MORAIS; STRECK, 2019, p. 56) (...) liberalismo se identifica com a ideia de limites/liberdades e que tem como ator principal o indivíduo (MORAIS; STRECK, 2019, p. 58). NÚCLEO MORAL: Este núcleo contém uma afirmação de valores e direitos básicos atribuíveis à natureza do ser humano – liberdade, dignidade, vida – que subordina tudo o mais à sua implementação (...) Pode-se perceber no interior deste núcleo a ocorrência de liberdades: a.1) pessoais – consistentes nos direitos que garantem a proteção individual contra o governo (o requisito básico é que homens e mulheres viva debaixo de leis gerais e abstratas previamente conhecidas – são as liberdades individuais de pensamento, expressão, crença, etc.) (...) a.2) civis – que indicam os canais e as áreas livres e positivas da atividade e da participação humanas e; a.3) sociais – que correspondem ao que chamamos de oportunidade de mobilidade social, sendo que todos têm a possibilidade de alcançar um posição na sociedade compatível com suas potencialidades (MORAIS; STRECK, 2019, p. 59). NÚCLEO ECONÔMICO: se relaciona com a ideia dos direitos econômicos ou sistema de livre empresa ou capitalismo. Seus pilares têm sido a propriedade privada e uma economia de mercado livre de controles estatais (...) O ponto de encontro de várias vontades individuais, onde são estabelecidas as relações contratuais, é o mercado, que auto- organiza constantemente, sendo sensível tanto à procura por parte do consumidor quanto inteiramente aberto, permitindo a entrada de novos competidores e a saída dos que não tivera sucesso. A competição é o termômetro regulador (MORAIS; STRECK, 2019, p. 61). NÚCLEO POLÍTICO: Aqui estão presentes os direitos políticos relacionados à representação, tais como sufrágio, eleições, opção política, etc. (MORAIS; STRECK, 2019, p. 59). 4) ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL (WELFARE STATE): O ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA O projeto liberal teve como consequências: o progresso econômico; a valorização do indivíduo, como centro e ator fundamental do jogo político e econômico; técnicas de poder como poder legal, baseado no direito estatal (...) Todavia, estas circunstâncias geraram, por outro lado, uma postura ultraindividualista, assentada em um comportamento egoísta; uma concepção individual e formal da liberdade no qual há o direito, e não o poder de ser livre; e a formação do proletariado em consequência da Revolução Industrial e seus consectários, tais como a urbanização, condições de trabalho, segurança pública, saúde etc. (MORAIS; STRECK, 2019, p. 69 e 70). Pode-se, então, dizer que a transformação no viés intervencionista do Estado Moderno Liberal o faz assumir responsabilidades organizativas e diretivas do conjunto da economia do País, em vez de simplesmente exercer poderes gerais de legislação e polícia, próprias do perfil do Estado Mínimo, como era até então conhecido. Em virtude disso, é possível afirmar que o Estado de Bem-Estar Social constitui uma experiência concretada total disciplina pública da economia (assumindo como modelo de futuros objetivos autoritários da política econômica) e, ao mesmo tempo, cria hábitos e métodos dirigistas dificilmente anuláveis (MORAIS; STRECK, 2019, p. 72). O Estado do bem-estar (Welfare State), ou Estado assistencial, pode ser definido, à primeira análise, como Estado que garante "tipos mínimos de renda, alimentação, saúde, habitação, educação, assegurados a todo o cidadão, não como caridade mas como direito político (WILENSKY apud BOBBIO et. al, 1998, p. 416). O cerne da diferença, além da crescente atitude interventiva estatal, se colocaexatamente neste aspecto de direito próprio do cidadão a ter garantido o seu bem-estar pela ação positiva do Estado como afiançador da qualidade de vida do povo (MORAIS; STRECK, 2019, p. 79). O ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA CONSIDERAÇÕES GERAIS: A estrutura do Estado de direito pode ser, assim, sistematizada como: 1) Estrutura formal do sistema jurídico, garantia das liberdades fundamentais com a aplicação da lei geral-abstrata por parte de juízes independentes. 2) Estrutura material do sistema jurídico: liberdade de concorrência no mercado, reconhecida no comércio aos sujeitos da propriedade. 3) Estrutura social do sistema jurídico: a questão social e as políticas reformistas de integração da classe trabalhadora. 4) Estrutura política do sistema jurídico: separação e distribuição do poder (BOBBIO et. al, 1998, p. 401) A ideia do Estado de Direito carrega em si a prescrição da supremacia da lei sobre a autoridade pública (MORAIS; STRECK, 2019, p. 92). O Estado de Direito ESTADO DE DIREITO (≠ ESTADO POLÍCIA E ESTADO LEGAL) Professor Ms. Fernando Barroso de Deus (...) o Estado de Direito diferenciar-se-á tanto do Estado Polícia – no qual o Direito é apenas um instrumento sob plena disponibilidade do Estado – quanto do Estado legal, em que, mesmo sendo a lei limite e condição da atividade administrativa, não há o privilegiamento hierárquico da ordem jurídica, cristalizando-se uma supremacia parlamentar, sequer uma vinculação de conteúdos que lhe são inerentes (MORAIS; STRECK, 2019, p. 92). O ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA 1) ESTADO LIBERAL DE DIREITOO ESTADO DE DIREITO A nota central deste Estado Liberal de Direito apresenta-se como uma limitação jurídico-legal negativa, ou seja, como garantia dos indivíduos-cidadãos frente à eventual atuação do Estado, impeditiva ou constrangedora de sua atuação cotidiana. Ou seja: a este cabia o estabelecimento de instrumentos jurídicos que assegurassem o livre desenvolvimento das pretensões individuais, ao lado das restrições impostas à sua atuação positiva. Em razão disse que o Direito, próprio a este Estado, terá como característica central e como metodologia eficacial a coerção das atitudes, tendo como mecanismo fundamental a sanção (MORAIS; STRECK, 2019, p. 96). 2) ESTADO SOCIAL DE DIREITO (...) projeta-se um modelo no qual o bem-estar e o desenvolvimento social pautam as ações do ente público (...) Neste quadro, esvai-se a noção de legalidade própria do ideário liberal, pois a lei passa a ser utilizada não mais apenas como ordem geral e abstrata, mas, cada vez mais, apresenta-se específica e com destinação concreta – a generalidade da lei era considerada fulcro do Estado de Direito. Deste modo, a lei passa a ser compreendida como instrumento de ação, muitas vezes, com caráter específico e concreto, atendendo critérios circunstanciais (MORAIS; STRECK, 2019, p. 97). Professor Ms. Fernando Barroso de Deus O ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA 3) ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO O ESTADO DE DIREITO O conteúdo da legalidade – princípio ao qual permanece vinculado – assume a forma de busca efetiva da concretização da igualdade, não pela generalidade do comando normativo, mas pela realização através dele, de intervenções que impliquem diretamente uma alteração na situação da comunidade. O Estado Democrático de Direito tem um conteúdo transformador da realidade, não se restringindo, como o Estado Social de Direito, a uma adaptação melhorada das condições sociais de existência. Assim, o seu conteúdo ultrapassa o aspecto material de concretização de uma vida digna ao homem e passa a agir simbolicamente como fomentador da participação pública no processo de construção e reconstrução de um projeto de sociedade, apropriando-se do caráter incerto da democracia para veicular uma perspectiva de futuro voltada à produção de uma nova sociedade, na qual a questão da democracia contém e implica, necessariamente, a solução do problema das condições materiais de existência (MORAIS; STRECK, 2019, p. 98). PRINCÍPIOS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (MORAIS; STRECK, 2019, p. 98 a 100) A) Constitucionalidade: vinculação do Estado Democrático de Direito a uma Constituição como instrumento básico de garantia jurídica; B) Organização Democrática da Sociedade; C) Sistema de direitos fundamentais individuais e coletivos, seja como Estado de distância, porque os direitos fundamentais asseguram ao homem uma autonomia perante os poderes públicos, seja como um Estado antropologicamente amigo, pois respeita a dignidade da pessoa humana e empenha-se na defesa da garantia da liberdade, da justiça e da solidariedade; D) Justiça Social como mecanismos corretivos das desigualdades; E) Igualdade não apenas como possibilidade formal, mas, também como articulação de uma sociedade justa; F) Divisão de Poderes ou de Funções; G) Legalidade, que aparece como medida do direito, isto é, através de um meio de ordenação racional, vinculativamente prescritivo, de regras, formas e procedimentos que excluem o arbítrio e a prepotência e; H) Segurança e Certeza Jurídicas. Professor Ms. Fernando Barroso de Deus A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) PARTIDOS POLÍTICOS CONCEITO: (...) agrupamento livre e estável de pessoas, reunidas em razão de um conjunto de ideias compartilhadas, disposto a participar do jogo eleitoral com vistas à conquista do poder político para a implementação de políticas próprias (MORAIS; STRECK, 2019, p. 195). CONSIDERAÇÕES GERAIS: As características que nos permitem reconhecê-lo podem ser agrupadas em dois pontos fundamentais. O primeiro diz com o vínculo ideológico expresso em um programa partidário, e o segundo, com o conteúdo teleológico, ou seja, a finalidade de conquista do poder, visando à organização da sociedade e à busca de apoio para o governo (MORAIS; STRECK, 2019, p. 195). Os partidos políticos têm um caráter pluridimensional: a. sociológico: resultado das forças sociais e luta de classes; b. psicológico: impulsos psíquicos para a dominação; c. político: busca de controle do governo para realizar determinados fins; d. jurídico: organismos de direito público ou privado, dependendo da definição legislativa adotada (MORAIS; STRECK, 2019, p. 195). Professor Ms. Fernando Barroso de Deus A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) PARTIDOS POLÍTICOS CLASSIFICAÇÕES: QUANTO A ESTRUTURA (MORAIS; STRECK, 2019, p. 196) a) PARTIDO DE QUADROS: membros são pessoas ilustres (...), ou seja, levam em consideração a qualidade de seus membros. b) PARTIDO DE MASSAS: vinculados à democracia representativa e à universalização do sufrágio, buscando quantificar o número de partícipes. QUANTO À INTENSIDADE DE PARTICIPAÇÃO (MORAIS; STRECK, 2019, p. 196) a) DEDICAÇÃO INTEGRAL: os totalitários. b) DEDICAÇÃO RELATIVA: os especializados, com dedicação não integral pelos seus membros. QUANTO AO ÂNIMO PARA ALTERAÇÃO DO STATUS QUO (MORAIS; STRECK, 2019, p. 196) a) DIREITISTA: com cunho conservador. b) ESQUERDISTA: perfil transformador. c) CENTRISTA: alternam sua postura em face de circunstâncias específicas – fundamentalmente em razão da ordem econômica. QUANTO A PLATAFORMA E PROGRAMA (MORAIS; STRECK, 2019, p. 196) a) IDEOLÓGICOS: aqueles dotados destes elementos, independentemente da vertente política definida. b) NÃO-IDEOLÓGICOS: que não refletem acerca destes elementos ou que os fazem de maneira apenas formal, atuando diversamente. A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) PARTIDOS POLÍTICOS CLASSIFICAÇÕES: QUANTO AOS SISTEMAS PARTIDÁRIOS (MORAIS; STRECK, 2019, p. 196 e 197) a) SISTEMAS MONOPARTIDÁRIOS: o que finda por excluir minorias, fundamentalmente através de expurgos daqueles discordantes, produzindo uma oposição conspirativa, posto que a disputa política está impossibilitada. b) SISTEMAS BIPARTIDÁRIOS: caracterizando-se pela pouca diferença ideológica e sua ligação ao sistema de votodistrital, não proporcional e majoritário. c) SISTEMAS PLURIPARTIDÁRIOS: nos quais aparecem, em razão da multiplicação do número de agremiações, partidos ideológicos e mais representativos de pequenas fatias da sociedade, estando ligados ao sistema eleitoral proporcional e permitindo a constituição de coligações ou coalizões* partidárias em razão das afinidades e dos interesses mais variados. *No BRASIL as coligações e coalizões estão proibidas. QUANTO AO POSICIONAMENTO EM RELAÇÃO AO GOVERNO (MORAIS; STRECK, 2019, p. 197) a) PARTIDOS DE SITUAÇÃO: desempenham função governamental, segundo uma concepção própria. b) PARTIDOS DE OPOSIÇÃO: controladores da atuação governamental, constituindo-se, ainda, em alternativa sólida para a substituição na condução do Estado. QUANTO AO SEU ÂMBITO DE ATUAÇÃO (MORAIS; STRECK, 2019, p. 197) a) VOCAÇÃO UNIVERSAL: aqueles que projetam para além de suas fronteiras. b) VOCAÇÃO NACIONAL: aqueles que se limitam ao espaço geográfico do território de um determinado estado. c) VOCAÇÃO LOCAL: que projetam sua atuação para os limites dos municípios. Professor Ms. Fernando Barroso de Deus A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) SISTEMAS ELEITORAIS MAJORITÁRIO A ocupação de vagas de representação far-se-á através da escolha a partir da detenção de um número maior de votos por parte do candidato vencedor. Ou seja, apenas o grupo majoritário é que elege representantes sem considerar-se a amplitude da superioridade eleitoral que poderá se dar mesmo que por um voto (MORAIS; STRECK, 2019, p. 200) CRÍTICA: a maioria nunca representa o maior número de eleitores/cidadãos, principalmente quando são vários os partidos envolvidos na corrida eleitoral, possibilitando vitórias insignificantes e negando representação às minorias (MORAIS; STRECK, 2019, p. 200). DEFESA: para os defensores deste sistema, a eleição por sufrágio majoritário tem a vantagem de exigir responsabilidade por parte dos eleitos, uma vez que lhes atribui a representação do conjunto dos eleitores (MORAIS; STRECK, 2019, p. 200 e 201). Professor Ms. Fernando Barroso de Deus A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) SISTEMAS ELEITORAIS PROPORCIONAL Estabelece-se uma proporção entre o número de votos recebidos pelos partidos e o número de vagas eleitorais que ele obtém, sendo considerados eleitos os candidatos mais votados pertencentes aos seus quadros (MORAIS; STRECK, 2019, p. 201). CRÍTICA: para os seus críticos, com a proporcionalidade, haveria uma diluição de responsabilidades e se reduziria a eficácia do governo, posto que os eleitos não teriam, tal qual no sistema majoritário, a força política do número de votos recebidos, tal qual ocorre neste onde apenas o mais votado é que alcança a representação política (MORAIS; STRECK, 2019, p. 201). DISTRITAL Para composição dos dois sistemas anteriores, adota-se o sistema distrital, tanto em sua forma pura como sob a estratégia mista, quando então o colégio eleitoral é dissolvido em distritos eleitorais, e o eleitor deve votar em algum candidato de seu distrito, sendo considerado eleito, pelo respectivo distrito eleitoral, o candidato que obtiver o maior – sistema majoritário – número de votos ou, em outras vezes, adotando-se uma distribuição de vagas de representação que serão ocupadas algumas pelo método majoritário e outras pelo método proporcional, visando-se a garantir a expressão de todas as vontades políticas, quando uma parte dos cargos em disputa será preenchida pela votação e todo o Estado (MORAIS; STRECK, 2019, p. 201). CRÍTICA: possibilidade de constituição de “currais” eleitorais perpetuadores de células locais, a distribuição de favores governamentais em troca de votos e a corrupção econômica (MORAIS; STRECK, 2019, p. 201). VANTAGENS: A constituição de vínculo entre os candidatos e um colégio eleitoral específico, o que oportunizaria uma maior fiscalização direta pelos eleitores, além de facilitar o controle da corrupção eleitoral, bem como permitir um melhor desempenho do representante em razão do menor número de problemas a serem enfrentados e reconhecidos, sem afetar sua participação nos debates nacionais (MORAIS; STRECK, 2019, p. 201 e 202). A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA (Lenio Luiz Streck e José Luis Bolzan de Morais) SISTEMAS ELEITORAIS BRASIL MAJORITÁRIO: Presidente da República (art. 77 da CF), Governadores de Estados (at. 28 da CF), Prefeitos (art. Art. 29, II da CF) e Senadores (art. 46 da CF). PROPORCIONAL: Deputados Federais (art. 45 da CF), deputados estaduais (art. 27 da CF) e vereadores (art. 29, IV da CF) 2º TURNO (caso não haja maioria absoluta no 1º turno): Presidente da República e Governadores de Estados. Para Prefeitos, apenas se o município possuir mais de 200 (duzentos) mil eleitores. O ESTADO CONSTITUCIONAL E AS PERSPECTIVAS DO ESTADO CONTEMPORÂNEO (Dalmo de Abreu Dallari) TENDÊNCIAS DO GOVERNO NO ESTADO CONTEMPORÂNEO FORTALECIMENTO DEMOCRÁTICO DO ESTADO: (...) o Estado vem aumentando suas atribuições, em extensão e profundidade, agindo com mais intensidade e mais energia e passando a tomar iniciativas, inclusive no campo econômico. Essa nova atitude do Estado é que tem sido chamada, talvez sem muita propriedade, de fortalecimento, sobretudo porque essas novas atitudes exigem maior concentração do poder (...) Na verdade, há uma exigência de maior presença do Estado na vida social, e isso, associado ao esforço de racionalização, leva à elaboração de planejamentos globais para melhor equacionamento dos problemas e aproveitamento mais adequado dos recursos. Mas há também a exigência de que esse fortalecimento seja democrático (...) Esta permanente atenção à vontade do povo é indispensável para que o Estado forte não seja apenas uma ditadura (DALLARI, 2018, p. 248). RACIONALIZAÇÃO DO GOVERNO: A diferença fundamental entre esses movimentos anteriores e a tendência que agora se manifesta é que já não se pretende fazer do governo uma atividade racionalizada, livre de imprevistos e de opções inesperadas. Essa espécie de racionalização, incompatível com a própria natureza humana, só é preconizada atualmente pelos chamados tecnocratas, que acreditam na possibilidade de transformar cada homem num robô. A racionalização, que aos poucos vai se tornando mais clara como tendência, pretende, isto sim, utilizar os elementos técnicos e altamente especializados de que o homem dispõe atualmente, como auxiliares do governo (DALLARI, 2018, p. 246 e 247). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FREIRE, Silene de Moraes; WAGNER, Adolfo; e RIBEIRO, Douglas Ribeiro. Montesquieu: a centralidade da moderação na política (in ABRANCHES, Aparecida. Curso de Ciência Política. São Paulo: Forense, 2013. Edição do Kindle). MACIEL, Marcelo da Costa. A contribuição do pensamento antigo e medieval para o desenvolvimento da Ciência Política (in ABRANCHES, Aparecida. Curso de Ciência Política. São Paulo: Forense, 2013. Edição do Kindle). BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO; Gianfranco. Dicionário de política I; trad. Carmen C, Varriale et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998. BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: Fragmentos de um dicionário político. Tradução de Marco Aurélio Nogueira, 23ª ed. São Paulo / Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 26ª ed. São Paulo: Malheiros, 2019. BONAVIDES, Paulo. Teoria geral do estado. 11ª ed. São Paulo: Malheiros, 2018. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 33ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016. GOÉS, Guilherme Sandoval; LIMA, Marcelo Machado. Ciência política. Rio de Janeiro: SESES, 2015. MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. Do espírito das leis. Tradução de Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues. São Paulo: Abril Cultural, 1979. MORAIS, Jose Luis Bolzan de; STRECK,Lênio Luiz. Ciência política e teoria geral do estado. 8ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado 2019. CURRÍCULO: Fernando Barroso de Deus Especialista em Direito Tributário pela PUC-MG (2016) Especialista em Gestão em Administração Pública pela UFF (2020) Mestre em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis (2019) Doutorando em Políticas Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) Advogado Controlador interno efetivo do município de Cambuci-RJ Endereço para acessar CV: http://lattes.cnpq.br/3823107200130668
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