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Apostila 2sem_2013_CULTURA E SOCIEDADE-1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS - UNIPAM
DISCIPLINA: CULTURA E SOCIEDADE
CULTURA E SOCIEDADE - 
TEXTOS ADAPTADOS
PROFESSORES (AS) COLABORADORES (AS): 
 Altamir Fernandes de Sousa
Carlos Roberto da Silva
Guilherme Caixeta Borges
Henrique Carivaldo de Miranda Neto
Maria da Penha Vieira Marçal
Maria de Fátima Silva Porto
Moacir Manoel Felisbino
Paulo Sérgio Moreira da Silva 
Roberto Carlos dos Santos
PATOS DE MINAS
2013�
SUMÁRIO
3MENSAGEM	�
4PLANO DE ENSINO DE CULTURA E SOCIEDADE	�
10TEMA 1: TRABALHO, MERCADO E RESPONSABILIDADE SOCIAL	�
131.1 EDUCAÇÃO E SOCIEDADE DO CONHECIMENTO	�
191.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E O PERFIL DO PROFISSIONAL NO SÉCULO XXI	�
221.3 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO	�
241.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO, PRIVADO E TERCEIRO SETOR	�
30TEMA 2 - O CONHECIMENTO EM SEUS DIVERSOS ASPECTOS	�
312.1 OS QUATRO TIPOS DE CONHECIMENTO	�
342.2CORRELAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO POPULAR E CONHECIMENTO CIENTÍFICO	�
352.3 – CIÊNCIAS EXTAS x CIÊNCIAS HUMANAS	�
372.4- MÉTODO CIENTÍFICO	�
40TEMA 3 - O HOMEM E A CULTURA	�
403.1 O HOMEM: SER BIOLÓGICO E CULTURAL	�
423.2 A CULTURA: DEFINIÇÕES, CULTURA POPULAR E CULTURA ERUDITA	�
483.3 MULTICULTURALISMO, RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA	�
563.4 INDÚSTRIA CULTURAL	�
61TEMA 4 – MEIOS DE COMUNIÇÃO DE MASSA, TECNOLOGIA E NOVAS MÍDIAS	�
614.1 OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E SUAS CARACTERÍSTICAS	�
684.2 AS VELHAS E NOVAS MÍDIAS	�
704.3 COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO	�
734.4 MÍDIA E SOCIEDADE DE CONSUMO	�
78TEMA 5 – ÉTICA E IDEOLOGIA	�
795.1 MORAL E ÉTICA	�
835.2 ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL	�
865.3 DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA	�
935.4 IDEOLOGIA	�
98TEMA 6 - RELAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO	�
1006.1 CONFIGURAÇÕES DE GÊNERO NA SOCIEDADE ATUAL	�
1036.2 MACHISMO E SEXISMO	�
1086.3 FEMINISMO	�
1136.4 DESIGUALDADE E DISCRIMINAÇÃO DA MULHER NA CULTURA E NA SOCIEDADE BRASILEIRA	�
118TEMA 7 - REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E GEOPOLÍTICA	�
1187.1 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TOYOTISMO	�
1237.2 GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO	�
1277.3 A GLOBALIZAÇÃO E A GRISE FINANCEIRA MUNDIAL	�
1347.4 REFLEXOS POLÍTICO-INSTITUCIONAIS, ECONÔMICOS E SOCIAIS DA GLOBALIZAÇÃO NO BRASIL	�
138TEMA 8 – GERAÇÃO Y	�
1388.1 NOVAS TECNOLOGIAS E A NOVA GERAÇÃO DE TRABALHADORES DO CONHECIMENTO (Y)	�
1408.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO NASCIMENTO DAS GERAÇÕES BABY BOOMERS, X, Y E Z	�
1458.3 O QUE A GERAÇÃO Y QUER E PRECISA NO TRABALHO	�
1468.4 ESTRATÉGIAS E PROGRAMAS PARA GERENCIAR A GERAÇÃO Y	�
155TEMA 9 - ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE	�
1559.1 NATUREZA E SOCIEDADE COMO ESPAÇO DE CIDADANIA	�
1599.2 O MOVIMENTO ECOLÓGICO E POLÍTICAS PÚBLICAS	�
1659.3 DESENVOLVIMENTO, SUSTENTABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL	�
1689.4 CATÁSTROFES AMBIENTAIS E SOCIEDADE	�
172TEMA 10 - VIOLÊNCIA URBANA E RURAL	�
17310.1 ORIGENS DA VIOLÊNCIA	�
18010.2 DISCURSO MIDIÁTICO E A VIOLÊNCIA	�
18410.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E VIOLÊNCIA	�
18510.4 MOVIMENTOS SOCIAIS	�
��
MENSAGEM
Caro (a) estudante, 
saudações!
Esta apostila da disciplina CULTURA E SOCIEDADE é composta por dez (10) temas selecionados por uma equipe de nove (9) professores (as) colaboradores (as), os quais ministram a referida disciplina em todos os cursos do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.
A seleção dos temas teve como diretriz as orientações do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE, que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, com o objetivo de verificar o rendimento dos (as) alunos (as) dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas competências e suas habilidades e, também, oferecer uma formação básica e geral sobre a realidade e/ou sociedade onde atuará profissionalmente.
Os temas foram adaptados e padronizados para todos os cursos, o que não impede que cada professor (a), ao ministrar a disciplina em um curso específico, possa acrescentar a seu modo, a seu critério e a seu ponto de vista, outros textos complementares em cada tema por meio de atividades diversas que serão aplicadas durante o semestre letivo.
Seja muito bem-vindo (a) e desejamos que você tenha um excelente aproveitamento!
Atenciosamente, 
Professores (as) colaboradores (as).
�
PLANO DE ENSINO DE CULTURA E SOCIEDADE
UNIPAM – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS
	CURSO
	ANO LETIVO
	PERÍODO
	CARGA HORÁRIA SEMANAL
	2013
	
	4 h/a
	Identificação da Disciplina: CULTURA E SOCIEDADE
	Professor(a): 
	
Ementa
Estudo de temas clássicos e contemporâneos essenciais para o entendimento da configuração do mundo atual nas perspectivas histórica, antropológica, sociológica e filosófica. Conhecimento dos aspectos caracterizadores da formação étnico-racial e cultural da sociedade brasileira.
Objetivos gerais
Desenvolver a capacidade de reflexão crítica por meio da discussão e da análise dos principais temas relacionados às áreas do saber histórico, filosófico, antropológico e sociológico.
Objetivos específicos
- Compreender o processo de constituição da cultura ocidental a partir das matrizes da antiguidade clássica greco-romana.
- Analisar a geopolítica contemporânea, a partir das relações do Brasil com o mercado internacional.
- Reconhecer aspectos relevantes da cultura contemporânea para a formação profissional.
- Estimular a leitura, a interpretação e a produção de textos relacionados às áreas do conhecimento humanístico.
- Estabelecer relações, comparações e contrastes em diferentes situações.
- Compreender os aspectos caracterizadores da formação étnico-racial e cultural brasileira.
Conteúdos de plano de ensino
1 Trabalho, mercado e responsabilidade social
1.1 Educação e Sociedade do Conhecimento
1.2 Relações de trabalho e o perfil do profissional no século XXI
1.3 Empreendedorismo e inovação
1.4 Responsabilidade social: setor público, privado e terceiro setor
2 O conhecimento em seus diversos aspectos
2.1 Tipos de conhecimento (religioso, vulgar, filosófico e científico)
2.2 Senso comum X conhecimento científico
2.3 Ciências exatas/ ciências humanas
2.4 Método científico
3 O homem e a cultura
3.1 O homem: ser biológico e cultural
3.2 A cultura: definições, cultura popular e cultura erudita
3.3 Multiculturalismo, relações étnico-raciais, história e cultura afro-brasileira e indígena 
3.4 Indústria Cultural
4 Meios de comunicação de massa, tecnologia e novas mídias
4.1 Os meios de comunicação de massa e suas características
4.2 As velhas e novas mídias
4.3 Comunicação e tecnologia de informação
4.4 Mídia e sociedade de consumo
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5 Ética e Ideologia
5.1 Moral e ética
5.2 Ética geral e profissional
5.3 Democracia, ética e cidadania
5.4 Ideologia
6 Relações sociais de gênero
6.1 Configurações de gênero na sociedade atual
6.2 Machismo e sexismo
6.3 Feminismo
6.4 Desigualdade e discriminação da mulher na cultura e na sociedade brasileira.
7 Reestruturação Produtiva e geopolítica
7.1 Reestruturação produtiva e toyotismo
7.2 Globalização e Neoliberalismo 
7.3 A globalização e a crise financeira mundial
7.4 Reflexos político-institucionais, econômicos e sociais da globalização no Brasil
8 Geração Y
8.1 Novas tecnologias e a nova geração de trabalhadores do conhecimento (Y)
8.2 Contexto histórico do nascimento das gerações Baby Boomers, X, Y e Z
8.3 O que a Geração Y quer e precisa no trabalho
8.4 Estratégias e programas para gerenciar a geração Y
9 Ecologia e Biodiversidade
9.1 Natureza e sociedade como espaço de cidadania
9.2 O movimento ecológico e políticas públicas
9.3 Desenvolvimento, sustentabilidade social e ambiental
9.4 Catástrofes ambientais e sociedade
10 Violência urbana e rural
10.1 Origens da violência
10.2 Discurso midiático e a violência
10.3 Políticas públicas e violência10.4 Movimentos Sociais
Atividades práticas supervisionadas
Os discentes farão leituras de ensaios científicos e artigos de revistas selecionados pelo professor e assistirão a filmes, cuja abordagem se refira à disciplina, com a finalidade de reconhecer, interpretar e analisar os apontamentos teóricos analisados nas aulas. Além disso, serão realizados trabalhos e exercícios.
Metodologia
Pretende-se, mediante fundamentação teórica e recortes da realidade, compreender e criticar as transformações engendradas pelo homem na sociedade. As aulas serão desenvolvidas sob a forma de exposições dialogadas, seminários, análises de textos e filmes.
Recursos didáticos
Quadro, giz, datashow, filmes e livros e textos das obras indicadas na referência bibliográfica.
Avaliação
Durante o semestre letivo, a nota do discente na disciplina será composta pelos seguintes indicadores avaliativos:
a) Quarenta pontos distribuídos pelo docente da disciplina, em exercícios, trabalhos e provas.
b)Vinte pontos distribuídos no Projeto Integrador.
c) Vinte pontos da Avaliação Colegiada.
d) Vinte pontos da Avaliação Integradora (AVIN)
Considerar-se-ão dois critérios, que não se excluem, para a aprovação na disciplina, a saber:
a) Mínimo de sessenta pontos de aproveitamento, conforme nota global da disciplina.
b) Mínimo de setenta e cinco por cento de frequência na disciplina.
Referência bibliográfica básica
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 11.465, de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, ... a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: SEPPIR/SECAD/INEP, 2005. Disponível em: < http://www.iteral.al.gov.br/legislacao/http___www.iteral.al.gov.br_legsilacao_Lei-2011.465_-20de-202008.pdf/view>. Acesso em: 18 abr. 2011.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2011.
LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. 24. ed. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2009.
Referência bibliográfica complementar
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 5. ed. São Paulo: Boitempo, 2009. 
ARANHA, M. L. de A. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2009.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: SEPPIR/SECAD/INEP, 2005. Disponível em: <http://www.sinpro.org.br/arquivos/afro/diretrizes_relacoes_etnico-raciais.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2011.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 09 jan. 2003. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>. Acesso em: 03 fev. 2011. 
CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 14. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. 
COLEÇÃO. Os Pensadores. 5. ed. São Paulo: Nova Cultura, 1991. 
MASI, D. D. A sociedade pós-industrial. São Paulo: Senac, 2003. 
NILO, O. O que é violência. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 7. ed. São Paulo: Record, 2001. 
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
VALLS, A. L. O que é ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.�
TEMA 1: Trabalho, mercado e responsabilidade social
1.1 Educação e Sociedade do Conhecimento
1.2 Relações de trabalho e o perfil do profissional no século XXI
1.3 Empreendedorismo e inovação
1.4 Responsabilidade social: setor público, privado e terceiro setor
Introdução
Trabalho: Atividade Humana
O que é o trabalho? Como podemos definir essa atividade? O trabalho, segundo o pensador Karl Marx, coloca frente a frente o homem e a natureza, ou seja, o trabalho é uma atividade que medeia à relação homem e natureza por ser uma prática que aproxima um do outro, provocando transformações materiais e espirituais.
O trabalho para além da transformação da natureza, esse algo é o planejamento, a pré-ideação, em outras palavras, o ser humano constrói seu objeto - tendo por base o mundo material - primeiro na sua mente, isto é, cria a idéia do objeto, planeja como construí-lo e depois materializa sua idéia, executa a atividade prática-transformadora da natureza com consciência.
Essa atividade laboral também transforma o próprio ser que trabalha, em outros termos, essa atividade transforma a natureza e, ao mesmo tempo, transforma o homem, ou melhor, quando o homem produz objetos ele se autoproduz.
 História do Trabalho
A concepção de trabalho sempre esteve ligada a uma perspectiva negativa. A palavra “trabalho” deriva etimologicamente do vocabulário latino tripaliare do substantivo tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados e que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta.
Na Antiguidade grega, o trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto as pessoas da elite, desobrigadas de se ocuparem com a própria subsistência, dedicam-se ao “ócio digno”, que, para os gregos, significa a disponibilidade de gozar do tempo livre e cultivar o corpo e o espírito. Não por acaso, a palavra grega scholé, da qual deriva “escola”, significava inicialmente “ócio”. Para Platão, por exemplo, a finalidade das pessoas livres é justamente a “contemplação das ideias”, na medida em que a atividade teórica é considerada mais digna, por representar a essência fundamental de todo ser racional.
Também a Roma escravagista desvaloriza o trabalho manual. É significativo o fato de a palavra negotium indicar a negação do ócio: a ênfase posta no trabalho como “ausência de lazer” o distingue do ócio, prerrogativa das pessoas livres.
Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas, na verdade, a própria construção teórica de seu pensamento calcada na tradição grega, tende a valorizar a atividade contemplativa. Muitos textos medievais consideram a ars mechanica (arte mecânica ou trabalho mecânico) uma ars inferior.
Na idade Moderna, a situação começa a se alterar: o crescente interesse pelo trabalho justifica-se pela ascensão dos burgueses, vindos de segmentos de antigos servos, acostumados ao trabalho manual, que compram sua liberdade e dedicam-se ao comércio.
A burguesia nascente procura novos mercados, estimulando as navegações. No século XV os grandes empreendimentos marítimos culminam com a descoberta de outro caminho para as Índias e das terras do Novo Mundo. O interesse prático em dominar o tempo e o espaço faz com que sejam aprimorados os relógicos e a bússola. Com o aperfeiçoamento da tinta e do papel e a descoberta dos tipos móveis, Gutenberg inventa a imprensa. Todas essas mudanças indicam a expectativa com relação a novas formas do agir e do pensar humanos, às quais se acrescentam, no século seguinte, s revoluções do comércio e da ciência.
Como se vê, está ocorrendo uma mudança de enfoque na relação entre o pensar e o fazer. Enquanto na Idade Média uma hierarquia privilegia o saber contemplativo em detrimento da prática, no Renascimento e na Idade Moderna dá-se a valorização da técnica, da experimentação, do conhecimento alcançado por meio da prática.
Nascimento das fábricas
Na passagem do feudalismo para o capitalismo, ocorrem marcantes transformações na vida social e econômica, como o aperfeiçoamento das técnicas e a ampliação dos mercados. O capital acumulado torna possível a compra de matérias-primas e de máquinas, obrigando muitas famílias, quedesenvolviam o trabalho doméstico nas antigas corporações e manufaturas, a disporem de seus instrumentos de trabalho e, para sobreviver, a venderem sua força de trabalho em troca de salário.
Com o aumento da produção, aparecem os primeiros barracões das futuras fábricas, onde os trabalhadores são submetidos a uma nova ordem, a da divisão do trabalho com ritmo e horários preestabelecidos. O fruto do trabalho deixa de pertencer aos trabalhadores e a sua produção passa a ser vendida pelo empresário, que retém os lucros. Está ocorrendo o nascimento de uma nova classe: o proletariado.
No século XVIII, a mecanização do setor da indústria têxtil sofre impulso extraordinário na Inglaterra, como aparecimento da máquina a vapor, que aumenta significativamente a produção de tecidos. Outros setores se desenvolvem, como o metalúrgico; também no campo se processa a revolução agrícola.
No século XIX, o resplendor do progresso não oculta a questão social, caracterizada pelo recrudescimento da exploração do proletariado e das condições subumanas de vida. A nova classe é submetida a extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas, sem direito a férias, sem garantia para velhice, doença e invalidez. As condições de trabalho nas fábricas são insalubres, por serem elas escuras e sem higiene.
Embora todos sejam mal pagos, crianças e mulheres são arregimentadas como mão de obra mais barata ainda. Os trabalhadores moram em alojamentos inadequados e apertados, nos quais não se consegue evitar a promiscuidade.
Em decorrência desse estado de coisas, surgem no século XIX os movimentos socialistas e anarquistas, que denunciam a exploração e propõem formas para a modificação das relações de produção.
A flexibilização da produção
Com a implantação da tecnologia avançada da automação, da robótica, da microeletrônica, surgem novos padrões de produtividade, a partir das décadas de 1970 e 1980. A tendência nas fábricas é de quebrar a rigidez do fordismo, caracterizada pela linha de montagem e produção em série, centrado na produção em massa. Destaca-se a atuação da fábrica de automóveis Toyota, no Japão, ao criar novo método de gerenciamento que passou a ser conhecido como toyotismo.
Essa revolução administrativa adaptou-se melhor à economia global e ao sistema produtivo flexível, evitando a acumulação de estoques ao atender aos pedidos à medida da demanda, com planejamento a curto prazo. Privilegia-se agora o trabalho em equipe, a descentralização da iniciativa, com maior possibilidade de participação e decisão, além da necessidade da polivalência de mão de obra, já que o trabalhador passa a controlar diversas máquinas ao mesmo tempo.
Além disso, como a flexibilização depende da demanda flutuante, algumas tarefas são encomendadas a empresas “terceiras” subcontratadas. Essa terceirização atomiza os empregados, antes unidos nos sindicatos, o que provocou seu enfraquecimento no final da década de 1980, repercutindo negativamente na capacidade de reivindicação de novos direitos e manutenção das conquistas realizadas. Os temores mais frequentes dessa nova geração de trabalhadores da era da automação são o desemprego e o excesso de trabalho decorrente do “enxugamento” realizado pelas empresas em processo de “racionalização” de atribuição de tarefas.
A sociedade pós-industrial
A partir de meados do século XX, surge o que chamamos de sociedade pós-industrial, caracterizada pela ampliação dos serviços (setor terciário). Isso não significa que os outros setores tenham perdido importância, mas que as atividades agrícolas e industriais também dependem do desenvolvimento de técnicas de informação e comunicação.
A mudança de enfoque descentraliza a atenção, antes voltada para a produção (capitalista versus operário), e orientando-se agora para a informação e o consumo. A atividade da maioria dos trabalhadores se encontra nos escritórios, ampliada por uma comunicação ágil, instantânea, veiculada em âmbito mundial pela expansão da Internet.
Desde as décadas de 1980 e 1990, outra tentativa em direção à ética e à qualidade de vida está na efetiva ampliação das empresas do terceiro setor, assim chamadas por não serem gestadas nem pelo setor governamental ( o Estado) nem pelo mercado econômico, que visa lucros. Trata-se das organizações não governamentais (ONGs) que representam uma forma de atuação privada, mas com funções públicas e sem fins lucrativos. Tais instituições ocupam-se de atendimento de causas coletivas e sobrevivem de doações, que são aplicadas nas atividades-fins e no pagamento dos especialistas contratados. 
1.1 - Educação e Sociedade do Conhecimento
Inovação no contexto da Sociedade do Conhecimento
Na sociedade do conhecimento, o elemento diferenciador na atividade produtiva é o próprio conhecimento, sendo que as matérias primas passam a ter uma conotação secundária. Nessa sociedade produziram-se também outras grandes mudanças nos âmbitos social, econômico e produtivo. Entre elas, a mudança no modo de comunicação, derivada do surgimento da internet e das tecnologias de digitalização de documentos. A comunicação passa a ser processada de “muitos para muitos", facilitando a disseminação de informações e a socialização do conhecimento. 
Fortes investimentos em pesquisa e desenvolvimento feitos pelas organizações e promovidos geralmente pelos governos dos países desenvolvidos, e o intercâmbio de fluxos de informação entre países além de bens e capitais, entre outros, são fatores preponderantes nessa nova sociedade.
Todos esses fatores dão suporte e facilitam a criação de conhecimento, o bem mais apreciado nesta época. A inovação é vista como uma vantagem competitiva pelas organizações e, consequentemente, investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos são realizados, para se criar conhecimento, o principal insumo do processo inovativo. 
A inovação é entendida no contexto da sociedade do conhecimento, identificando sua relação com o conhecimento, as novas tendências empresariais frente a ela, e os novos papéis que os governos têm para fomentar esse processo. 
A Sociedade do Conhecimento
A sociedade do conhecimento é compreendida como aquela na qual o conhecimento é o principal fator estratégico de riqueza e poder, tanto para as organizações quanto para os países. Nessa nova sociedade, a inovação tecnológica ou novo conhecimento, passa a ser um fator importante para a produtividade e para o desenvolvimento econômico dos países.
A sociedade de conhecimento é então posterior à sociedade industrial moderna, na qual matérias primas e o capital eram considerados como o principal fator de produção. Essa nova sociedade é impulsionada também por contínuas mudanças, algumas tecnológicas como a Internet e a digitalização, e outras econômico-sociais como a globalização. 
Características da sociedade do conhecimento 
Quando se observa a sociedade pelo prisma histórico percebe-se, que do ponto de vista econômico, pode-se visualizar várias fases tais como: da sociedade agrícola, na qual a terra e a mão de obra foram os fatores preponderantes para determinar o nível de desenvolvimento; sociedade industrial, na qual o capital e o trabalho passam a ser forças motrizes do desenvolvimento econômico e na sociedade do conhecimento, na qual o conhecimento passa a ser o fator essencial do processo de produção, geração de riquezas e desenvolvimento dos países. O conhecimento se tornou a principal força produtiva, os produtos da atividade social não são mais produtos de trabalho cristalizado, mas de conhecimento cristalizado. O valor de troca das mercadorias não é determinado pela quantidade de trabalho social nelas contidas, mas pelo conteúdo de conhecimento, de informações e de inteligências gerais. Assim, o capital humano passa a fazer parte do capital da empresa, os trabalhadores pós-fordistas entram no processo de produção com toda a sua bagagem cultural. 
Assim, entre as principais características da sociedade do conhecimento, encontram-se as seguintes:A - Os produtos são valorados pelo conhecimento neles embutido. Assim, o poderio econômico das organizações e dos países está diretamente relacionado ao fator conhecimento. 
B - A pesquisa científica tornou-se fundamental para o desenvolvimento dos países. 
C - A criação de conhecimento organizacional tornou-se um fator estratégico chave para as organizações, sendo fonte de inovação e vantagem competitiva.
D - O conhecimento, a comunicação, os sistemas e usos da linguagem tornaram-se objetos de pesquisa cientifica e tecnológica, sendo o estado um agente estratégico para o desenvolvimento científico. 
E - Os fluxos de informação e conhecimento entre países, são acrescentados aos fluxos de capital e de bens já existentes, tornando-se uma economia transnacional. 
F - Ocorreu uma mudança no paradigma de comunicação, a lógica comunicacional de “um para muitos" foi substituída pela de “muitos para muitos", impulsionado pelo surgimento da Internet como meio de disseminação de informações e pelas novas tecnologias motivadas pela digitalização de documentos. 
 Dávila Calle, Guillermo Antonio e Da Silva, Edna Lucia, 2008. Inovação no contexto da sociedade do conhecimento. Revista TEXTOS de La CiberSociedad, 8. Temática Variada. 
Escola, sociedade da informação e o novo mundo do trabalho (Ligia leite)
O mundo contemporâneo apresenta mudanças que afetam todos os setores da sociedade, inclusive a educação. Compreendemos que passamos de uma sociedade cuja base tecnológica era analógica para uma vida digital, como nos afirma Negroponte (1995). Essa desafiadora situação exige novas capacidades mentais, habilidades gerais de comunicação e maior capacidade de abstração, num reduzido espaço de tempo. As pessoas e as instituições devem adaptar-se a esta nova situação, passando a rever, métodos de ensinar e aprender, tanto na escola como no trabalho. A sociedade global, que nos é imposta, objetiva um agir e pensar padronizados. 
Conclui-se que neste quadro que se apresenta, resultam mudanças que deslocam as estruturas das sociedades modernas e de suas instituições. A escola, enquanto instituição local, que pelas novas tecnologias pode inserir-se globalmente, não poderia deixar de acompanhar estas transformações. 
Dentro deste contexto, objetivamos refletir sobre o papel da escola, a integração da tecnologia no processo ensino aprendizagem e a pensar sobre a formação de um educando integrado na sociedade da informação e capaz de sobreviver neste Novo Mundo do Trabalho.
A escola no contexto atual
Tornou-se urgente fazer com que a escola seja parte integrante do futuro que por agora se configura, resignificando o seu papel, estabelecendo uma relação prazerosa entre o conhecimento e o saber, desenvolvendo a comunicação, o pensamento crítico e trabalhando no sentido de levar o educando a resolver situações problemas, num processo dinâmico de construção do conhecimento.
Para que se realize um trabalho novo, há necessidade de mudanças na escola. Pretto (2000) aponta alterações de currículo, programas, materiais didáticos, estrutura administrativa e arquitetônica, para que a escola possa enfrentar os novos desafios que lhe são colocados. Além de centro mediador da informação, ela deve ser o centro facilitador do acesso das comunidades carentes às novas tecnologias. Complementaria o seu papel transformando-se em espaço da discussão, da crítica, da sistematização das informações que estariam disponíveis dentro e fora da escola.
Por estar inserida nas mudanças por que passa a sociedade, a escola, segundo Alencar (2001: 44) apresenta-se como aparelho ideológico, cujas transformações se fazem de forma mais lenta. "mais ainda assim, decisiva". Dessa forma, o papel da escola passa a ser de fundamental importância para a configuração deste novo cidadão que, na urgência, nós, educadores, precisamos ajudar a formar.
A sociedade da informação e o novo mundo do trabalho
Vivendo na cibercultura torna-se necessário considerar a posição de Castells (2003) ao se referir à Internet como a transformação tecnológica que resume o conjunto de transformações da sociedade da informação, ressaltando que tudo que é significativo hoje passa pela Internet e que as pessoas que não têm acesso a ela permanecem excluídas do que é importante, assim sendo, não se pode aceitar que o professor permaneça afastado da Internet e que esta tecnologia não esteja presente na sala de aula da cibercultura.
Numa sociedade em transformação, a internet, juntamente com as tecnologias de telecomunicação, contribui para que o aluno aprenda a conviver com a diversidade, portanto, ela se apresenta como um potencial para produzir mudança social revolucionária na educação e na sociedade. Se pensarmos na Internet como uma tecnologia que possibilita o desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem baseado na construção de conhecimento, sua presença em situações de aprendizagem, oportuniza aos sujeitos-aprendentes ter mais condições para desenvolver sua própria aprendizagem, pois esta tecnologia permite que eles se tornem participantes ativos na busca de conhecimento, definindo suas necessidades de aprendizagem, encontrando informações, construindo suas próprias bases de conhecimento e compartilhando suas descobertas.
Navegar na Internet pode ser um processo de busca de informações que podem ser transformadas em conhecimento, gerando um rico ambiente interativo facilitador e motivador de aprendizagem, bem como pode ser um dispersivo e inútil coletar de dados sem relevância que não agregam qualidade pedagógica ao uso da rede. Assim, cabe ao professor, profissional responsável pelo planejamento, desenvolvimento e avaliação dos processos de aprendizagem sob responsabilidade da escola, orientar os alunos no uso da Internet de modo que os conduza ao processo de construção do conhecimento.
Reflexões finais
De acordo com Moran (2002), os modelos de educação tradicional não nos servem mais, porém, a função primordial da escola continua sendo a mesma: o ensino, tendo a questão pedagógica na base de todos os esforços para a melhoria da sua qualidade. Porém, a escola precisa re-significar o seu papel estabelecendo uma relação prazerosa entre o conhecimento e o saber, transformando-se em um lugar de produção e não apenas apropriação de conhecimento e cultura. Deve procurar desenvolver a comunicação, a memória, o pensamento crítico e trabalhar no sentido de levar o educando a resolver situações-problema em todos os níveis: os que aparecem no trabalho escolar, os que pertencem ao gerenciamento de questões diárias e os sociais, os que encontramos na interação com as outras pessoas. E o trabalho com a imagem, através do vídeo e do computador pode possibilitar a concretização dessas possibilidades.
A escola não deve dispensar nenhum meio de comunicação, mas integrá-los, utilizando-se de novos procedimentos e entre eles inclui-se a aprendizagem cooperativa, a pesquisa, o trabalho com projetos. 
Parece-nos premente continuar mudando a educação, porém, esta ação deve ser contínua e fruto da reflexão de professores e alunos, e não uma imposição do sistema educacional. Este novo professor deve desenvolver novas competências e habilidades em seus alunos, tornando-os capazes de sobreviver num mundo globalizado e fazendo-os perceberem-se como construtores das suas próprias histórias, capazes de aprender a aprender, numa atualização constante, na qual a imagem da TV, do vídeo e do computador têm papel significativo. 
Finalizando com Dowbor (2001), é preciso que a educação mobilize a sua força na reconstrução de uma convergência entre o potencial tecnológico e os interesses humanos. Somente articulando dinâmicas mais amplas, que extrapolam a sala de aula poderá a educação realizar mais este novo modelo de alfabetização tecnológica, que permitirá a permanência e sobrevivência dos nossos alunos neste Novo Mundo do Trabalho. Fonte: http://br.monografias.com/trabalhos/escola-sociedade-informacao-mundo-trabalho/escola-sociedade-informacao-mundo-trabalho2.shtmlEducação, cidadania e ética
A educação deve ser entendida como fator de realização da cidadania, com padrões de qualidade da oferta e do produto, na luta contra a superação das desigualdades sociais e da exclusão social. Nesse sentido, a articulação da escol com o mundo do trabalho torna-se a possibilidade de realização da cidadania, pela incorporação de conhecimentos, de habilidade técnicas, de novas formas de solidariedade social, de vinculação entre trabalho pedagógico e lutas sociais pela democratização do Estado.
No contexto da sociedade contemporânea, a educação pública tem tríplice responsabilidade: ser agente de mudanças, capaz de gerar conhecimentos e desenvolver a ciência e a tecnologia; trabalhar a tradição e os valores nacionais ante a pressão mundial de descaracterização da soberania das nações periféricas; preparar cidadãos capazes de entender o mundo, seu país, sua realidade e de transformá-lo positivamente. 
Essas possibilidades indicam, complementarmente, três objetivos fundamentais que devem servir de base para a construção de uma educação pública de qualidade no contexto atual: preparação para o processo produtivo e para a vida em uma sociedade técnico-informacional, formação para a cidadania crítica e participativa e formação ética.
A preparação para o processo produtivo e para a vida em uma sociedade técnico-informacional envolve a necessidade de a escola preparar para o mundo do trabalho e para formas alternativas de trabalho, tendo em vista a flexibilização que caracteriza o processo produtivo contemporâneo e a adaptação dos trabalhadores às complexas condições de exercício de sua profissão. Isso implica que a educação escolar deverá centrar-se:
na formação geral, cultural e científica que permita a diversidade/integração de conhecimentos básicos da ciência contemporânea e de habilidades técnicas que fundamentam os novos processos sociais e cognitivos;
na preparação tecnológica e no desenvolvimento de saberes, habilidades e atitudes básicas que caracterizam o processo de escolarização, incluindo as qualificações do novo processo produtivo, como compreensão da totalidade do processo de produção, capacidade de tomar decisões, fazer análises globalizantes, interpretar informações de toda natureza, pensar estrategicamente e desenvolver flexibilidade intelectual;
no desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas encaminhadas para um pensamento autônomo, crítico e criativo. Tal desenvolvimento está intimamente relacionado à auto-socioconstrução do conhecimento, com a ajuda pedagógica do professor.
A formação para a cidadania crítica e participativa diz respeito a cidadãos-trabalhadores capazes de interferir criticamente na realidade para transformá-la, e não apenas para integrar o mercado de trabalho. A escola deve continuar investindo para que se tornem críticos e se engajem na luta pela justiça social. Deve ainda entender que cabe aos alunos se empenhar, como cidadãos críticos, na mudança da realidade em que vivem e no processo de desenvolvimento nacional e que é função da escola capacitá-los para que desempenhem esse papel. Cidadania hoje significa, usando a expressão do italiano Mário Manacorda, dirigir ou controlar aquele que dirigem, e, para que isso ocorra, o aluno precisa ter as condições básicas para situar-se competente e criticamente no sistema produtivo. Nesse sentido, a preparação para a vida social é exigência fundamental, especialmente porque um dos pontos fortes da chamada sociedade pós-moderna é a emergência de movimentos localizados, baseados em interesses comunitários mais restritos, no bairro, na região, nos pequenos grupos, organizados em associações civis, entidades não-governamentais, etc. A preparação para a vida social é exigência educativa para viabilizar o controle não estatal sobre o Estado, mediante o fortalecimento da esfera pública não estatal. Constata-se que muitos movimentos sociais atuais tendem a dispensar a intermediação político-partidária para a conquista de seus objetivos, seja por inoperância deste canal, seja pela hostilidade com que setores da opinião pública encaram os políticos profissionais. É preciso aliar a atuação dos movimentos localizados não-governamentais com as formas convencionais de representação política. Daí a necessidade de a escola preocupar-se com o desenvolvimento de competências sociais como relações grupais e intergrupais, processos democráticos e eficazes de tomada de decisões, capacidades sociocomunicativas de iniciativa, de liderança, de responsabilidade, de solução de problemas, etc.
A formação ética é um dos pontos fortes da escola do presente e do futuro. Trata-se de formar valores e atitudes diante do mundo da política e da economia, do consumismo, do individualismo, do sexo, da droga, da depredação ambiental, da violência e, também, das formas de exploração que se mantêm no capitalismo contemporâneo. Segundo o filósofo alemão Habermas, é possível reabilitar a sociedade no âmbito da esfera pública, de modo que as pessoas possam participar das decisões não por imposição, mas por uma disposição de dialogar e de buscar consenso, com base na racionalidade das ações expressa em normas jurídicas compartilhadas. A emancipação objetiva de todas as formas de dominação torna-se possível se os indivíduos desenvolverem capacidades de aprendizagem baseadas em uma prática comunicativa. A escola pode auxiliar no desenvolvimento de competências comunicativas que possibilitarão diálogo e consenso baseados na razão crítica.
Para que os indivíduos possam compartilhar de uma situação comunicativa ideal, recomenda-se:
investimento na capacidade do indivíduo de situar-se em relação aos outros, de estabelecer relações entre objetivos, pessoas e idéias;
desenvolvimento da autonomia, isto é, indivíduos capazes de reconhecer nas regras e nas normas sociais o resultado do acordo mútuo, do respeito ao outro e da reciprocidade;
formação de indivíduos capazes de ser interlocutores competentes, expressar suas idéias, desejos e vontades, de forma cognitiva e verbal, incluindo a perspectiva do outro (nível de informações, de intenções e outros);
capacidade de dialogar.
1.2 Relações de trabalho e o perfil do profissional no século XXI
A formação profissional no século XXI: desafios e dilemas – Edna Lúcia
 O século XXI chegou e vem marcado com algumas características: o mundo globalizado e a emergência de uma nova sociedade que se convencionou chamar de sociedade do conhecimento. Tal cenário traz inúmeras transformações em todos os setores da vida humana. O progresso tecnológico é evidente, e a importância dada à informação é incontestável. 
O mundo globalizado da sociedade do conhecimento trouxe mudanças significativas ao mundo do trabalho. O conceito de emprego está sendo substituído pelo de trabalho. A atividade produtiva passa a depender de conhecimentos, e o trabalhador deverá ser um sujeito criativo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mudanças dessa nova sociedade. 
O diploma passa a não significar necessariamente uma garantia de emprego. A empregabilidade está relacionada à qualificação pessoal; as competências técnicas deverão estar associadas à capacidade de decisão, de adaptação a novas situações, de comunicação oral e escrita, de trabalho em equipe. O profissional será valorizado na medida da sua habilidade para estabelecer relações e de assumir liderança. Para Drucker, "os principais grupos sociais da sociedade do conhecimento serão os 'trabalhadores do conhecimento"', pessoas capazes de alocar conhecimentos para incrementar a produtividade e gerar inovação. 
Na perspectiva do trabalho na sociedade do conhecimento, a criatividade e a disposição para capacitação permanente serão requeridas e valorizadas. As tecnologias de informação e comunicação estão modificando as situações de trabalho, e as máquinas passaram a executar tarefas rotineiras em substituição aos seres humanos. Neste ambiente de mudanças, "a construção do conhecimentojá não é mais produto unilateral de seres humanos isolados, mas de uma vasta colaboração cognitiva distribuída, da qual participam aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais".
Nesta conjuntura, em que a mudança tecnológica é a regra, buscar condições para ancorar a preparação do profissional do futuro requer uma estratégia diferenciada. Este profissional deverá interagir com máquinas sofisticadas e inteligentes, será um agente no processo de tomada de decisão. Além disso, o seu valor no mercado será estimado com base em seu dinamismo, em sua criatividade e em seu empreendedorismo. Todas esses fatores evidenciam que só a educação será capaz de preparar as pessoas para enfrentar os desafios dessa nova sociedade. 
Além disso, segundo De Masi, existem alguns valores emergentes, nesta nova sociedade, que merecem ser levados em consideração quando tratamos de formação e educação profissional. Um deles é a intelectualidade (valorização das atividades cerebrais em detrimento às atividades braçais); outro é a criatividade (tarefas repetitivas e chatas serão feitas pelas máquinas); outro é a estética (o que distingue hoje não é mais a técnica, e sim a estética, o design). Para este autor, ainda, a subjetividade, a emotividade, a desestruturação e a descontinuidade também são valores importantes e, por isso, deverão, também, estar na mira dos processos educativos do futuro. 
Esta realidade parece apontar para uma educação básica e polivalente que valorize a cultura geral, a postura profissional, a ética e a responsabilidade social. 
A UNESCO, que nos dá as dicas de algumas competências e conhecimentos desejados, ou seja, oito características do trabalhador do século XXI: 
1. Ser flexível e não especialista demais 
2. Ter mais criatividade do que informação 
3. Estudar durante toda a vida 
4. Adquirir habilidades sociais e capacidade de expressão 
5. Assumir responsabilidades 
6. Ser empreendedor 
7. Entender as diferenças culturais 
8. Adquirir intimidade com as novas tecnologias 
O mundo do trabalho na sociedade do conhecimento 
Sociedade informacional 
Uma nova sociedade está surgindo e é expressa das mais diferentes formas como sociedade da pós-informação (NEGROPONTE), sociedade de inteligências coletivas (LEVY), sociedade pós-industrial (DE MASI) e sociedade do conhecimento. 
Muito precisa é a definição sociedade informacional, baseada em um modo de desenvolvimento específico em que as informações, sua geração, processamento e transmissão, tornam-se as fontes fundamentais de produtividade e poder na sociedade (CASTELLS). 
Essas novas terminologias expressavam uma das maiores reviravoltas sócio-econômicas da história, sem falar nas consequências políticas e relativas à reorganização do Estado. Tudo isso porque há ganho de eficiência e uma mudança de processos que representa o surgimento de novas formas de fazer as coisas. 
A nova economia está nas ideias, no conhecimento, na inteligência. Por isso, capital e trabalho ficam menos antagônicos, pois o verdadeiro capital passa a ser o capital intelectual. 
Novas relações de trabalho no século xxi 
Discutir as mudanças que estão ocorrendo no mundo e a sua influência nas várias estruturas da sociedade e das organizações é cada vez mais um assunto pertinente. Estamos vivendo uma transição nas relações de trabalho em decorrência da evolução dos processos produtivos. E nisto as tecnologias tiveram papel fundamental buscando responder ao desafio de produzir sempre mais com menos trabalho. 
Ainda vivemos numa sociedade em que grande parte da vida das pessoas adultas é dedicada ao trabalho. Constrói-se hoje uma sociedade na qual montante significativo do tempo das pessoas será dedicado a outra atividade, mais criativa. 
Essa é uma transição que se materializa na busca de novas formas de inventar e difundir um novo tipo de organização capaz de elevar a qualidade de vida e de trabalho e ao mesmo tempo promover a felicidade das pessoas. Ora, a história nos mostra (e o nosso dia a dia) que o trabalho foi sempre visto como um problema e a partir daí, criou-se, inovou-se e investiu-se em tecnologia para criar mecanismos que minimizassem esse problema. 
Educação e habilidades para o trabalho 
É por isso que a nova sociedade, e sua busca de eficiência e mudança de processos, trouxe alto ganho de produtividade e com ele o aumento do desemprego. Aparentemente, não haveria nova indústria para substituir os empregos perdidos. Deve surgir e está surgindo um novo perfil de atividades que podem absorver a função dos velhos processos. 
De qualquer forma, hoje os postos de trabalho estão escassos, e por motivos diversos. O crescimento econômico tem sido anêmico e, sem crescimento, não há trabalho. Por outro lado, as necessidades humanas são infinitas (não esqueça o enorme aumento da população) e, por isso, a demanda sempre existirá. 
O que parece cada vez mais óbvio é o descompasso entre a oferta de novos empregos e a capacidade das pessoas para eles. As oportunidades estão aí. Mesmo assim, muitas vagas estão vazias pelo mundo afora. Isso mostra que, mesmo havendo postos de trabalho, a sociedade necessita de pessoas preparadas para preenchê-los. Resta, portanto, implementar uma educação arrojada, ininterrupta e abrangente. É preciso uma qualificação para a era da informação. 
Um profissional deve hoje assumir um outro perfil, privilegiando:
Flexibilidade 
Gerenciar risco 
Lógica do raciocínio 
Conhecimento de línguas 
Saber trabalhar em equipe 
Habilidade para lidar com pessoas 
Iniciativa e criatividade 
Liderança 
Aprendizado contínuo 
Multifuncionalidade 
Como deve ser, então, o profissional do futuro? Philip Kotler, em seu o livro Marketing para o século XXI, aponta que os Profissionais do futuro devem ter os seguintes atributos, que eu gostaria de discorrer um pouco sobre cada um deles: 
1-   Os Profissionais do futuro têm que ser competentes – Os mercados não perdoarão o amadorismo. Chega de improvisação, do chamado “jeitinho brasileiro”! 
2-   Os profissionais do futuro devem ser bem-educados – Isto significa que devemos ser cavalheiros, diplomáticos, finos no trato, elegantes, conhecedores de etiquetas e cordiais. Sim, quem não atentar para estas coisas estão fora de sintonia com as novas leis de mercado. 
3-   Os Profissionais do futuro devem ser bem-humorados – Um toque de humor, de alegria, faz bem a qualquer ambiente. É bom ter cuidado, porém, com as piadas! Estas, quando bem empregadas produzem bem estar na maioria, mas quando mal utilizadas, podem comprometer qualquer negócio. 
4-   Os Profissionais do futuro devem ser confiáveis e honestos - Como isto serve para todas as áreas, tenho esperança de que a sociedade brasileira consiga mecanismos para viabilizar o judiciário e este venha punir nossos políticos corruptos, que levam para os paraísos fiscais boa parte das nossas riquezas! O fato é que não haverá espaço, no mercado, em todos os segmentos, para o desonesto. 
5-   Os Profissionais do futuro serão responsáveis – Assumir os seus atos, agir com responsabilidade, tomar decisões abalizadas, trabalhar com dados que sedimentem as decisões, são características desse Profissional que os mercados necessitam. Só uma observação: esse futuro já chegou!
1.3 Empreendedorismo e inovação
Características do Comportamento Empreendedor
Dificilmente uma pessoa tem todas as características de comportamento empreendedor em perfeito equilíbrio porque essas características não são herdadas, mas sim aprendidas ao longo da vida, com experiências de trabalho, determinação e estabelecimento de metas pessoais desafiadoras.
Se você é uma pessoa obstinada, persistente e está o tempo inteiro buscando informações para melhorar e aumentar seus negócios, será meio caminho andado.
No jogo dos negócios é muito importante que você identifique suas reais características empreendedoras, pois um grande número de pessoas tem buscado iniciar negóciospróprios, sem, no entanto, apresentar comportamento adequado.
É importante estar consciente de quais são suas qualidades e suas deficiências. Uma análise de suas experiências práticas, capacidade e personalidade ajudarão a enfrentar qualquer situação.
Características de Comportamento Empreendedor
1. Busca de oportunidades e iniciativa
Faz as coisas antes de solicitado, ou antes, de ser forçado pelas circunstâncias; Age para expandir o negócio em novas áreas, produtos ou serviços; Aproveita oportunidades fora do comum para começar um negócio, obter financiamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência.
O empreendedor é alguém que está sempre buscando novas oportunidades. Observando o ambiente, costuma ter idéias que possam ser transformadas em negócios e as coloca em prática.
2. Persistência
Age diante de um obstáculo; Age repetidamente ou muda de estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo; Assume responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário para atingir metas e objetivos.
3. Comprometimento
Faz sacrifícios pessoais ou despende esforços extraordinários para completar uma tarefa; Colabora com os empregados, colaboradores e parceiros ou se coloca no lugar deles, se necessário, para terminar um trabalho; Esmera-se em manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a boa vontade em longo prazo, acima do lucro em curto prazo.
4. Exigência de qualidade e eficiência
Encontra maneiras de fazer as coisas melhor, mais rápido ou mais barato; Age de maneira a fazer coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência; Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou que o trabalho atenda a padrões de qualidade previamente combinados. 
5. Correr riscos calculados
Avalia alternativas e calcula riscos deliberadamente; Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados; Coloca-se em situações que implicam desafios ou riscos moderados. 
6. Estabelecimento de metas
Estabelece metas e objetivos que são desafiantes e que têm significado pessoal; Define metas de longo prazo, claras e específicas; Estabelece objetivos de curto prazo, mensuráveis. 
7. Busca de informações
Dedica-se pessoalmente a obter informações de clientes, fornecedores e concorrentes; Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou fornecer um serviço; Consulta especialistas para obter assessoria técnica ou comercial. Conversar com clientes, fornecedores e concorrentes é essencial para posicionar melhor sua empresa no mercado.
8. Planejamento e monitoramento sistemáticos
Planeja dividindo tarefas de grande porte em subtarefas com prazos definidos; Revisa seus planos constantemente, levando em conta os resultados obtidos e as mudanças circunstanciais; Mantém registros financeiros e utiliza-os para tomar decisões.
Para se tornar um empreendedor bem-sucedido é preciso que você aprenda a planejar. Por isso, é indispensável que você aprenda a fazer um planejamento de suas ações futuras.
9. Persuasão e rede de contatos
Utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os outros; Utiliza pessoas-chave como agentes para atingir seus próprios objetivos; Age para desenvolver e manter relações comerciais.
10. Independência e autoconfiança
Busca autonomia em relação a normas e controles de outros; Mantém seu ponto de vista, mesmo diante da oposição ou de resultados inicialmente desanimadores; Expressa confiança na sua própria capacidade de complementar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio.
Fonte: <http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml>
1.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL: setor público, privado e terceiro setor
A função social da empresa sob a ótica do desenvolvimento sustentável
Bruna Medeiros David de Souza
Advogada, Pós-graduanda em Direito Civil pela Faculdade de Direito Milton Campos.
A função social da propriedade privada é um princípio consagrado na Constituição brasileira de 1988, que, em seu artigo 170, preceitua que “a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, dentre outros, o Princípio da Função Social da Propriedade”.
O princípio da função social da empresa busca estabelecer um equilíbrio entre a nova ordem econômica social e as idéias do liberalismo clássico, mesclando elementos de ambos. Diante dessa nova concepção, o lucro, por si só, não é mais um elemento capaz de justificar a existência de uma empresa. A missão das companhias privadas não é somente gerar lucro; este é uma recompensa justa e legítima a ser recebida pelos investidores, que aceitaram correr o risco de aplicar seu capital em um empreendimento produtivo.
Outra forma de atuação empresarial que se coaduna com a função social da empresa é a busca pelo desenvolvimento sustentável. Exerce função social a empresa que utiliza os recursos naturais de forma justa e reduz ao mínimo o impacto de suas atividades no meio ambiente.
Responsabilidade sócio-ambiental é a “forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”.
Bem assim, o respeito às leis trabalhistas e aos interesses dos empregados também demonstram o princípio da função social pautando as relações da empresa com seus empregados. Tal forma de atuação empresarial prevê, além da observância aos direitos trabalhistas, respeito à dignidade dos trabalhadores, em seus diversos aspectos.
Uma empresa realiza sua função social com a opção por ações que promovam a dignidade da pessoa humana, como a valorização do trabalho, a busca do pleno emprego e a redução das desigualdades sociais.
Hoje, os consumidores estão mais exigentes e demonstram preocupação com o futuro do nosso ambiente, o que tem alterado seu comportamento ao adquirir um produto. Dá-se preferência hoje aos ecologicamente sustentáveis, que não agridem a natureza, sem se esquecer da qualidade. Empresas de diferentes atividades estão tentando se adaptar a essa nova realidade, e atender a essa nova busca do consumidor.
A atuação empresarial, em relação aos consumidores, também deve ser orientada pelo princípio da função social. O Código de Defesa do Consumidor determina a responsabilidade empresarial pela prestação de serviços e pela qualidade dos produtos, reconhecendo a função social da empresa ao estabelecer finalidades sociais e proteção aos interesses do consumidor (CDC, art.51).
A questão da responsabilidade social tem sido tema recorrente no mundo dos negócios. Há uma crescente preocupação por parte das empresas brasileiras em compreender seu conceito e dimensões e incorporá-los à sua realidade. Muitas empresas já se mobilizaram para a questão e estruturaram projetos voltados para uma gestão socialmente responsável, investindo na relação ética, transparente e de qualidade com todos os seus públicos de relacionamento.
Essas iniciativas, apesar de apresentarem resultados positivos, representam, na maioria das vezes, ações pontuais e desconectadas da missão, visão, planejamento estratégico e posicionamento da empresa e, consequentemente, não expressam um compromisso efetivo para o desenvolvimento sustentável.
Em muitos casos, as empresas brasileiras acabaram por associar responsabilidade social à ação social,seja pela via do investimento social privado, seja pela via do estímulo ao voluntariado. Esse viés de contribuição, embora relevante, quando tratado de maneira isolada, coloca o foco da ação fora da empresa e não tem alcance para influenciar a comunidade empresarial a um outro tipo de contribuição, extremamente importante para a sociedade:a gestão dos impactos ambientais, econômicos e sociais provocados por decisões estratégicas, práticas de negócio e processos operacionais. Para que se compreenda esta abordagem mais ampla, que podemos chamar de sustentabilidade empresarial, é necessário que se conheça previamente o conceito de desenvolvimento sustentável. 
O conceito de responsabilidade social empresarial traz, ainda, a questão da relação da empresa com seus diversos públicos de interesse, conforme expresso na definição do Instituto Ethos: “Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”.
Dito de outra maneira, espera-se cada vez mais que as organizações sejam capazes de reconhecer seus impactos ambientais, econômicos e sociais e, a partir desse pano de fundo, construam relacionamentos de valor com os seus diferentes públicos de interesse, os chamados stake-holders – público interno, fornecedores, clientes, acionistas, comunidade, governo e sociedade, meio ambiente, entre outros. Embora já haja diversos exemplos de práticas de gestão socialmente responsável, a inserção da sustentabilidade e responsabilidade social às práticas diárias de gestão ainda representa um grande desafio para grande parte da comunidade empresarial brasileira. A associação desses conceitos à gestão dos negócios deve necessariamente expressar o compromisso efetivo de todos os escalões da empresa, de forma permanente e estruturada.
Do exposto conclui-se que, diante da nova ordem constitucional, toda empresa deve pautar sua atuação de acordo com o Princípio da Função Social da Empresa, não visando unicamente o lucro, mas também o atendimento dos interesses socialmente relevantes, buscando um equilíbrio da economia de mercado com a supremacia dos interesses sociais previstos na Constituição Federal. 
Fonte:<http://direito.newtonpaiva.br/revistadireito/docs/convidados/13_convidado_bruna.pdf
A influência da responsabilidade social empresarial no setor público
Uzias Ferreira Adorno Jr. 09/10/2011
O artigo discute as aplicações e benefícios que o conceito de responsabilidade social prevê a nova gestão pública para responder adequadamente às necessidades e exigências da sociedade civil que hoje representa para as instituições do Estado. Isto levará o último a assumir um comportamento socialmente responsável, tanto internamente como externamente, de modo a alcançar um nível de "qualidade ética sustentável" e um acordo com os novos desafios dos serviços públicos em todo o mundo.
Normalmente, o conceito de responsabilidade social tem sido limitado às ações desenvolvidas pelas empresas, referindo-se, em particular, os efeitos e o impacto que estas atividades possam ter sobre o ambiente para eles.
No entanto, a responsabilidade social tem uma aplicação muito mais ampla, abrangendo não só o ambiente externo de uma organização, mas também dentro da organização, em todas as ações, atitudes e comportamentos dos indivíduos no exercício das suas funções normais, como um valor na cultura organizacional.
A abordagem da responsabilidade social das empresas coloca a necessidade de uma gestão organizacional baseada em princípios e valores, a fim de desenvolver um relacionamento ético e transparente com as partes internas e externas que a organização possui. Essa relação é expressa como uma preocupação constante para o impacto gerado no âmbito das atividades principais e fins declarados na sua missão e visão, e fornecer feedback para cada um dos sistemas de gestão de uma instituição.
Além disso, a reforma da administração pública tem desenvolvido importantes processos de modernização da governança, incorporando técnicas de gestão numerosas do setor privado, além de fazer investimentos significativos em equipamentos, infraestrutura e treinamento de servidores.
Nesse cenário, o governo emerge para novos desafios resultantes dos processos de globalização e desenvolvimento da sociedade do conhecimento. Estes mostrar ao público a necessidade de respeitar e tomar novos direitos, tais como a não discriminação, equidade, diversidade, autonomia e participação.
Portanto, os desafios usuais que deve assumir o governo de qualquer Estado, na implementação de políticas públicas que visem efetivamente questões como a pobreza, criminalidade, desemprego, exclusão, saúde ou educação, bem deve incorporar questões de gênero e intersetoriais, porque estes dois aspectos são parte dos impactos e das condições que devem conceber e implementar políticas e programas de governo que devem ser executados para atender às demandas emergentes.
Aplicação da responsabilidade social na administração pública
É possível associar a responsabilidade social com a governança em matéria de ética pública, probidade administrativa, especialmente no caso do governo, com o qual tanto os servidores e as instituições devem desenvolver seu respectivo serviço civil, em conformidade com sua missão.
A este respeito, a responsabilidade social apresenta critérios importantes para fortalecer a ética e a probidade no serviço público, por exemplo, cultura organizacional, associada com a responsabilização ou prestação de contas (accountability), relatórios de sustentabilidade, códigos de ética, gestão do relacionamento com partes interessadas, entre outras práticas que fortaleçam um comportamento socialmente responsável de uma organização.
Assim, a necessidade de reforçar a consciência dos efeitos e impactos das ações e decisões são implementadas na sociedade em geral, é uma das principais razões para levantar como viável e necessária para aplicar o modelo de responsabilidade social corporativa em governança, não só para reforçar o empenho e conhecimento dos serviços e instituições governamentais em geral, mas também dos servidores públicos em relação à assunção de um conjunto de valores e princípios relacionados com um comportamento socialmente responsável, a nível individual.
Outro elemento que pode reforçar um comportamento socialmente responsável é a accountability e a transparência - expressa através do pleno acesso à informação, por exemplo, a publicação de relatórios de sustentabilidade ou gestão de contas públicas.
É evidente que, por si só, a transparência e a responsabilidade tornam-se características distintivas da gestão pública, porém tornam-se também os indicadores de comportamento socialmente responsável, com outros elementos descritos neste trabalho. Por isso, é importante não considerar como sinônimo de transparência e responsabilidade, a responsabilidade social, porque os primeiros são a expressão de um aspecto específica do processo de gestão e tomada de decisão em uma organização (a avaliação e controle, por exemplo). Já a responsabilidade social, em vez disso, deverá abranger e ultrapassar todas as etapas e atividades de gestão de uma organização.
Estas são condições essenciais para desenvolver a gestão dos serviços públicos, adequada ao cenário atual, definido pelo processo de globalização e, em especial, o desenvolvimento da sociedade do conhecimento. Esta procura de instituições do Estado para o desenvolvimento contínuo de uma atitude mais responsável e comportamento aberto no acesso à informação e conhecimento sobre os resultados alcançados e, sobretudo, em relação ao uso adequado dos recursos, claramente expressando um comportamento socialmente responsável.
Responsabilidade está relacionada à necessidade de transparência com que os serviços públicos devem agir em relação aos cidadãos, não somente em matéria de acesso à informação, mas também nos resultados obtidos por instituições públicas no cumprimento da sua missão, em que "a criação de mecanismos institucionais de controle e supervisão[...] institucionalizada a prática social relacionada à responsabilidade democrática da administração pública [...] exige a existência de sistemas políticos e administrativos, com um elevado grau de legitimidade política e eficiência administrativa".
No entanto, as ações de responsabilidade e transparência não são eficazes em si mesmas, se houver uma sociedade civil ativa e vigilante para estar alerta e comunicar qualquer irregularidade. (artigo adaptado pelo prof. Altamir Fernandes).
 Fonte:<http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-influencia-da-responsabilidade-social-empresarial-no-setor-publico/47145/>
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TEMA 2 - O CONHECIMENTO EM SEUS DIVERSOS ASPECTOS
2.1 TIPOS DE CONHECIMENTOS (RELIGIOSO, VULGAR, FILOSÓFICO E CIENTÍFICO)
2.2 SENSO COMUM x CONHECIMENTO CIENTÍFICO
2.3 CIÊNCIAS EXATAS / CIÊNCIAS HUMANAS
2.4 MÉTODO CIENTÍFICO
Introdução
No processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre a sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existentes. Para tal, analisemos uma situação histórica, que pode servir de exemplo. 
Desde a Antiguidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da colheita, a necessidade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas: duas cultivadas e uma terceira "em repouso", alternando-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. O início da Revolução Agrícola não se prende ao aparecimento, no século XVIII, de melhores arados, enxadas e outros tipos de maquinaria, mas à introdução, na segunda metade do século XVII, da cultura do nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra em pousio: seu cultivo "revitalizava" o solo, permitindo o uso constante. Hoje, a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos daninhos. 
Mesclam-se, neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o primeiro, vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido de geração para geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição do solo, das causas do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas, do ciclo reprodutivo dos insetos etc.; o segundo, científico, é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conheci​mento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um simples fato - uma cultura específica, de trigo, por exemplo. 
2.1 OS QUATRO TIPOS DE CONHECIMENTO
Existem pelo menos quatro tipos fundamentais de conhecimento, que são: o conhecimento popular (senso comum), conhecimento religioso, conhecimento filosófico e conhecimento religioso(teológico).Trujillo (1974, p.11) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento: 
	Conhecimento Popular
	Conhecimento Científico
	Valorativo
	Real (factual)
	Reflexivo
	Contingente
	Assistemático
	Sistemático
	Verificável
	verificável
	Falível
	Falível
	Inexato
	Aproximadamente exato
	Conhecimento Filosófico
	Conhecimento Religioso (Teológico)
	Valorativo
	Valorativo
	Racional
	Inspiracional
	Sistemático
	Sistemático
	Não Verificável
	Não Verificável
	Infalível
	Infalível
	Exato
	Exato
Conhecimento Popular
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na "organização" particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas. 
Conhecimento Filosófico 
O conhecimento fIlosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação" (TRUJILLO, 1974.p. 12); por este motivo, o conhecimento fIlosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmandosomente aquilo que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega "o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica" (RUIZ, 1979, p. 110). O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência. 
Conhecimento Religioso
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as "verdades" tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em "revelações" da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência, pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina. 
Conhecimento Científico
Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda "forma de existência que se manifesta de algum modo" (TRUJILO, 1974, p. 14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hip6teses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
Apesar da separação "metodológica" entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biol6gico, verificando, através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. 
Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema Filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. 
2.2CORRELAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO POPULAR E CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do "conhecer". Saber que determinada planta necessita de uma quantidade "X" de água e que, se não a receber de forma "natural", deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra. Dessa forma, patenteiam-se dois aspectos: 
A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. 
Um mesmo objeto ou fenômeno - uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados - pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação. 
Para Bunge (1976, p. 20), a descontinuidade radical existente entre a Ciência e o conhecimento popular, em numerosos aspectos (principalmente no que se refere ao método), não nos deve fazer ignorar certa continuidade em outros aspectos, principalmente quando limitamos o conceito de conhecimento vulgar ao "bom-senso". Se excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como manifestações de desagrado da divindade pelos comportamentos individuais ou sociais), verificamos que tanto o "bom-senso" quanto a Ciência almejam ser racionais e objetivos: "são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-se aos fatos em vez de permitir-se especulações sem controle (objetividade)". Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação, é obtido muito mais por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da Ciência, do que pelo conhecimento comum, entendido como acumulação de partes ou "peças" de informação frouxamente vinculadas. Por sua vez, o ideal de objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançado se não ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da experiência particular; é necessário abandonar o ponto de vista antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção de nossos sentidos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxílio das teorias. Por esse motivo é que o senso comum, ou o "bom-senso", não pode conseguir mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação. 
Características do Conhecimento Popular 
"Se o ‘bom-senso’, apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade, só consegue atingir essa condição de forma muito limitada", pode-se dizer que o conhecimento vulgar ou popular, latu sensu, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: "é o saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo" (BABINI, 1957, p.21). 
Para Ander-Egg (1978, p.13-14), o conhecimento popular caracteriza-se

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