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TGPp21_Do Ministério Público

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO
 TEMA 21 - 	Do Ministério Público. Atribuições. Disciplina constitucional e pluralidade. Importância e unicidade na defesa da lei e da sociedade.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público tem se caracterizado como instituição essencial à justiça desde os primórdios dos tempos. Mesmo quando a atividade judicante era muito incipiente já se encontravam traços marcantes dessa função.
Muito embora a origem da Instituição, verdadeiramente, seja atribuída, pela doutrina acreditada, ao direito francês - por assim dizer, originária da França, por criação de uma Ordenação, no séc. XIV, com a finalidade específica de defender judicialmente os interesses do Soberano “identificam-se nos procuradores Caesaris remotos precursores dos atuais promotores e curadores”. Os Procuradores Caesaris, na antiga Roma, exerciam as funções de defensores do patrimônio do Imperador.
Interessante notar, consoante ensina Ada Pellegrini, e seus Pares, que no Egito de 4.000 anos A.C. havia um corpo de funcionários, exercendo funções de Estado, cujas atribuições, inegavelmente, guardam similitude com as do moderno Ministério Público, tanto mais quando aqueles altos funcionários do Estado Egípcio eram encarregados de:
“I. 	Ser a língua e os olhos do Rei do País;
II.	Castigar os rebeldes, reprimir os violentos, proteger os cidadãos pacíficos;
III.	Acolher os pedidos do homem justo e verdadeiro, perseguindo o malvado e o mentiroso;
IV.	Ser o marido da viúva e o pai do órfão;
V.	Fazer ouvir as palavras da acusação, indicando as disposições legais aplicáveis em cada caso;
VI.	Tomar parte nas instruções para descobrir a verdade ”.
								 (Obr. cit. pag. 179)
Essa breve notícia sobre as admitidas origens do Ministério Público enseja, ao estudioso, melhor compreendê-lo como corpo indispensável à administração da justiça, nos dias atuais, assim como o é a Magistratura e o exercício da Advocacia. (art. 133 da C.F.)
Com a evolução histórica da sociedade e acompanhando as mutações e o aperfeiçoamento do direito, genericamente falando, que, por sua vez, se aperfeiçoa passo a passo com o desenvolvimento das sociedades, o Ministério Público, ao longo dos tempos, também evoluiu e, particularmente no Brasil, pela Emenda nº 1 da Constituição de 1967, art. 126, tinha ele a atribuição de representar os interesses do Poder Executivo em Juízo. Era um encargo anômalo porque destoava inteiramente dos verdadeiros objetivos da Instituição, de modo a remontar aos tempos do séc. XIV, na França, e ao Império Romano. Já a Constituição de 1988 veda-lhe, ao M.P., a representação judicial e a consultoria jurídica às entidades públicas (art. 129, IX).
A T R I B U I Ç Õ E S
Nos dias atuais, o Ministério Público ocupa lugar importantíssimo na sociedade, pelas suas atribuições no campo jurídico e jurisdicional, concernente ao seu contributo para sustentação do estado social de direito, contemporâneo, que “assume por missão garantir ao homem, como categoria universal e eterna, a preservação da sua condição humana, mediante o acesso aos bens necessários a uma existência digna - e um dos organismos de que dispõe para realizar essa função é o Ministério Público (Ada Pellegrini - obr. cit. pág. 178)”.
Ao contrário do passado, como se verificou na França e em Roma, o mister do Ministério Público, nos dias de hoje, tem atribuições de alta dignidade e significado social.
A Constituição Federal de 1988 dota a Instituição de função social imprescindível à sua participação como uma das mantenedoras da ordem jurídica e social. Funciona de modo a contribuir para o equilíbrio do Estado de Direito. Assim é que, no art. 127 “caput”, a C.F. define as atribuições :
“O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.
Assim. pois, é fácil concluir que a Instituição Ministério Público tem função essencial, “ sine qua non ”, no exercício da jurisdição. É o que está dito na Constituição, que lhe outorga as atribuições:
- defesa da ordem jurídica;
- defesa do regime democrático;
- defesa dos interesses sociais;
- defesa dos interesses individuais indisponíveis.
As funções institucionais do Ministério Público estão descritas no art. 129 da Constituição Federal, inclusive a de promover, privativamente, as ações penais públicas ( artigo de consulta obrigatória do aluno ).
O Ministério Público funciona tanto nos procedimentos de jurisdição voluntária, como nos de jurisdição contenciosa, consoante observa Frederico Marques :
“Na jurisdição voluntária, ele e o juiz exercem tutela administrativa sobre interesses privados. Todavia, enquanto o juiz se mantém em posição análoga à que tem na jurisdição contenciosa, o Ministério Público atua com dinamismo, para obter, fora do procedimento ou neste, elementos que permitam uma adequada proteção ao direito subjetivo submetido à administração judiciária.
	Nas lides de direito privado em que só se projetam direitos dispositivos das partes, o Ministério Público não intervém. O contrário sucede, porém, quando se agitam, nos conflitos litigiosos, direitos indisponíveis, ou quando o interesse público não pode ser obnublado ou sobrepujado pelos interesses particulares em contenda (infra, nº 369 ) .
	Por fim, há interesses pro populo que reclamam plena atuação da ordem jurídica (analogicamente ao que acorre com a repressão penal), hipóteses em que o Ministério Público toma a iniciativa de propor a ação cabível, constituir o processo e, como litigante, pleitear a tutela jurisdicional favorável ao bem público, ou a bens com este interligados. Quando assim atua, ele é parte, como autor, e um dos sujeitos principais do processo ”.
									 
 (Obr. cit., pág. 306)
Assim, o Ministério Público atua no processo civil como parte e como fiscal da lei.
Como parte - Quando o M.P. promove a ação, nos casos previstos em lei, portanto, o art. 81 do CPC diz que a ele cabem, “ no processo, os mesmos poderes e ônus que as partes ”. Aí, ele se torna intérprete do interesse geral, como órgão pro populo. Como exemplo do Órgão do M. P. como parte, , aponta Frederico Marques (obr. cit. pag. 307), as intervenções do M.P., que lhe autoriza o ordenamento jurídico:
a) Ação de nulidade de casamento prevista no art. 1.549, do Código Civil;
b) As ações de dissolução de sociedade civil ( CPC de 1939, art. 670 );
c) A ação rescisória, nos casos do art. 487, III, do CPC;
d) As ações diretas para a declaração de inconstitucionalidade ( C.F., arts. 36, III, 103,VI e 129, IV );
e) Ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, meio ambiente, e de outros interesses difusos e coletivos.
Há casos, também, em que o M.P. atua em nome próprio, como autor ou réu e como substituto de sujeitos processuais, tanto pessoa jurídica como física ( vide arts, 68,127 e 142 do CPP e arts. 1.177, 1.178, 1.182, parágrafo 2º, 862, 1.188, parágrafo único, e 9º, II, do CPC ). Aí o M.P. tem os direitos, poderes, obrigações e ônus que a lei processual confere e impõe às partes.
							(idem, F. Marques, págs. 307/308)
Como fiscal da lei : O Ministério Público intervém para resguardar tanto o interesse privado como os interesses públicos, os quais devem predominar em relação a determinados litígios, tais como : 
“ - causas em que há interesses de incapazes;
- concernentes ao estado de pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade”.
							 (idem, F. Marques, pág. 309)Há, pois, nos casos de interesse privado, a intervenção do M.P., quando se trata de interesses e bens indisponíveis. Também “ em todas as demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte ” ( art. 82, III, do CPC ).
DISCIPLINA CONSTITUCIONAL E PLURALIDADE
O Ministério Público sempre foi objeto de disciplina constitucional, na história jurídica do Brasil, sendo que esse objeto tem sido apresentado com maior ou menor capacidade e poder, na conformidade das tendências políticas e sociais de cada uma dessas cartas magnas. Por exemplo, a Emenda nº 1 à Constituição de 1967 o colocava entre os órgãos do Poder Executivo, enquanto que o texto original o incluía entre os órgãos do Poder Judiciário.
Entretanto, pela Constituição atual - 1988 - , o Ministério Público encerra atividade essencial à administração da justiça, vale dizer: essencial à jurisdição, sem nenhum traço de dependência, seja ao Judiciário ou ao Executivo.
O M.P., após a Carta de 1988, tem autonomia e independência e se equipara, em dignidade funcional, à Magistratura e à Advocacia.
A pluralidade do Órgão do Ministério Público, encerra abrangência porque funciona, com nomenclatura própria, em todos os organismos jurisdicionais da União, tanto mais quanto oficia perante a Justiça do Trabalho, Justiça Militar, Tribunais e Juízos Federais, etc. Todavia, “ sabendo-se que o Procurador Geral da República, sendo Chefe do Ministério Público da União, é quem exerce a direção geral de todos os ramos deste ”.
No particular, convém transcrever trecho da obra de Ada Pellegrini e seus co-autores: 
“Oficiando os membros do Ministério Público junto ao Poder Judiciário e compondo-se este de diversos organismos distintos (o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça e as ‘Justiças’ comuns e especiais, da União e dos Estados), é compreensível que também o Ministério Público se apresente diversificado em vários organismos separados, cada um deles oficiando perante um daqueles.
	Assim, a Constituição vigente apresenta o Ministério Público da União integrado pelo Ministério Público Federal (oficiando perante o Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça e Justiça Federal), Ministério Público do Trabalho (justiça do Trabalho), Ministério Público Militar (Justiça Militar da União) e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (Justiça do Distrito Federal e Territórios) (art. 128, inc. I). Não existe mais cada um desses corpos como instituição autônoma. Autônomo é o Ministério Público de cada Estado, oficiando perante a respectiva Justiça, de que se falará ainda neste tópico”.
									(Obr. cit. págs. 179/180)
Assim, o pluralismo da atividade do M.P. não compromete a unicidade, consoante dispõe a Constituição Federal:.
“art. 128. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende :
o Ministério Público Federal; STF, STJ e JF
o Ministério Público do Trabalho; JT
o Ministério Público Militar; JM
o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; idem
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
IMPORTÂNCIA DA UNICIDADE DA DEFESA DA LEI 
E DA SOCIEDADE
São três, os princípios básicos que informam a instituição do Ministério Público, por ditame da Constituição vigente ( 1988 ) - 127 § 1º :
- a unidade;
- a indivisibilidade;
- e a independência funcional.
É, pois, indivisível e uno, o M.P. e, consoante preleciona Ada Pellegrini, e seus Pares :
“Ser una e indivisível a Instituição significa que todos os seus membros fazem parte de uma só corporação e podem ser indiferentemente substituídos um por outro em suas funções, sem que com isso haja alguma alteração subjetiva nos processos em que oficiam ( quem está na relação processual é o Ministério Público, não a pessoa física de um promotor ou curador ) .”
								
							 	 (Obr. cit. pág. 180)
Por tudo quanto examinado, conclui-se que à unicidade do Ministério Público é condição indispensável e inquestionável na defesa da lei e da sociedade, porque obedecendo a um só comando, dificilmente a sua finalidade será distorcida.
A independência funcional, genericamente falando, significa dizer que a Instituição, por mandamento constitucional, tem existência autônoma, administrativa, financeira e orçamentaria, desvinculada tanto do Poder Executivo, como do Poder Judiciário, competindo-lhe propor ao Legislativo, através de mensagem e anteprojeto, a edição de leis de organização, estrutura interna, criação, extinção e provimento dos seus cargos e promoções, e serviços auxiliares, bem como de leis orçamentarias.
Quanto à independência funcional no sentido estrito, diz respeito à capacidade, e poder, que tem o representante do Ministério Público, de exercer o seu ofício sem prévia, ou posterior, fiscalização ou acompanhamento dos Órgãos Superiores da Instituição, cabendo àquele atuar na forma da lei, segundo a sua consciência jurídica e livre convencimento.
__________________________________________________________
APOSTILA ELABORADA PELO PROFº DR. MÁRIO MARQUES DE SOUZA E REESCRITA PELO PROFº LUIZ SOUZA CUNHA
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS
Antônio Carlos Araújo Cintra 	Teoria Geral do Processo 
Ada Pellegrini Grinover 	Volume Único - 9ª Edição - 1992
Cândido R. Dinamarco 
Moacyr Amaral Santos 	Direito Processual Civil 
 	Volume 1º - 15ª Edição - 1992 
José Frederico Marques 	Manual de Direito Processual Civil
 	Volume 1º - 13ª Edição. - 1990
Humberto Theodoro Júnior 	Curso de Direito Processual Civil 
 	Volume I - 15ª Edição - 1995
 Atenção:	A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.
Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores.
Atualizada em 21.07.2006 _dsn/: 
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