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2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova IguaçuPB 1 ORIENTADOR ORGANIZADORES LÍNGUA PORTUGUESA Sumário - Morfologia: Estudo dos Pronomes - Pressupostos e subentendidos - Recursos estilísticos: zeugma, elipse, hiperônimo/hipônimo - Coesão textual - Para gostar de ler: “A moça tecelã”, de Marina Colasanti. Estudo dos Pronomes A diversidade e a importância dos pronomes transformam o seu estudo numa ferramenta muito útil a quem precisa interpretar e produzir textos. Por isso, vamos investigá-los detalhadamente. Leia o texto a se- guir e faça as atividades propostas. O SENHOR Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de “você”, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”: Senhora, Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para dizer que senhor ele não é, de nada, nem ninguém. Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconde sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis “você” escolhestes a mim para tratar de “senhor”, é bem de ver que poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos o Senhor de muitos anos, eis aí, o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós dois um muro frio e triste. Vi o muro e calei. Não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira. De começo eram apenas os “brotos” ainda mal núbeis que me davam senhoria; depois assim começaram a tratar-me as moças de dezoito a vinte, como essa mistura de respeito, confiança, distância e desprezo que é o sabor dessa palavra melancólica. Sim, eu vi o muro; e, astuto ou desanimado, calei. Mas havia na roda um rapaz de ouvido fino e coração cruel; ele instou para que repetísseis a palavra; fingistes não entender o que ele pedia, e voltastes a dizer a frase sem usar nem “senhor”, nem “você”. Mas o danado insistiu e denunciou o que ouvira e que, no embaraço de vossa delicadeza, evitáveis repetir. Todos riram, inclusive nós dois. A roda era íntima e o caso era de riso. O que não quer dizer que fosse alegre; é das tristezas rimos de coração mais leve. Vim para casa e como sou homem forte, olhei-me ao espelho; e como tenho minhas fraquezas, fiz um soneto. Para vos dar o tom, direi que no fim do segundo quarteto eu confesso que às vezes já me falece valor “para enfrentar o tédio dos espelhos”; e no último terceto digo a mim mesmo: “Volta, portanto, a cara e vê de perto - a cara, a tua cara verdadeira - ó Braga envelhecido, envilecido.” Sim, a velhice é coisa vil; Bilac o disse em prosa, numa crônica, ainda que nos sonetos ele almejasse envelhecer sorrindo. Não sou Bilac; e nem me dá consolo, mas tristeza, pensar que as musas desse poeta andam por aí encanecidas e murchas, se é que ainda andam e já não desceram todas à escuridão do túmulo. Vivem apenas, eternamente moças e lindas, na música de seus versos, cheios de sol e outras estrelas a verdade (ouvi, senhora, esta confissão de um senhor ido e vivido, ainda que mal tristemente), a verdade não é o tempo que passa, a verdade é o instante. E vosso instante é de graça, juventude e extraordinária beleza. Tendes todos os direitos; sois um belo momento da aventura do gênero humano sobre a terra. Detrás do meu muro frio eu vos saúdo e canto. Mas ser senhor é triste; eu sou, senhora, e humildemente, o vosso servo - R. B. ABRIL, 1951. (BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 1986. p. 146-7.) Exercícios propostos 01. Quais os sentidos com que a palavra senhor é empregada no texto? Aponte passagens que justifiquem sua resposta. __________________________________________________ __________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Professores Estagiários de Língua Portuguesa Filomena Varejã Professora Adjunta de Língua Portuguesa da Faculdade de Letras – UFRJ (filomenavarejao@uol.com.br) 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu2 3 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu2 3 CONCEITO Pronome é a palavra que denota os seres ou se refere a eles, con- siderando-os co pessoas do discurso ou relacionando-os com elas. Dessa forma, o pronome permite identificar o ser como sendo aquele que utiliza a língua no momento da comunicação (eu, nós), aquele a que a comunicação é dirigida (tu, você, vós, Senhora) ou também como aquele - aquilo que não participa do ato comunicativo, mas é nele mencionado (ele, ela, aquilo, outro, qualquer, alguém, etc.). CLASSIFICAÇÃO DOS PRONOMES Há seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrati- vos, relativos, indefinidos, interrogativos. Faremos a partir de agora o estudo de alguns desses tipos de pronomes. Pronomes Pessoais Os pronomes pessoais indicam diretamente as pessoas do discur- so. Quem fala ou escreve assume os pronomes eu ou nós, e usa os pronomes tu, vós, você ou vocês para designar a quem se dirige e ele, ela, eles ou elas para fazer referência à pessoa ou pessoas - quem fala. Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que exer- cem nas orações, dividindo-se em pronomes do caso reto e do caso oblíquo. Pronomes Pessoais do caso reto Singular Plural 1ª Pessoa EU NÒS 2ª Pessoa TU VÒS 3ª Pessoa ELE/ELA ELES/ELAS Pronomes pessoais do caso oblíquo Pertencem ao caso oblíquo os pronomes pessoais que nas orações desempenham funções de complemento verbal (objeto direto ou indire- to) ou complemento nominal. Os pronomes do caso oblíquo variam de forma de acordo com a tonicidade com que são pronunciados nas frases da língua, dividindo-se em átonos e tônicos. Singular Plural 1ª Pessoa ME NÒS 2ª Pessoa TE VÒS 3ª Pessoa O, A, SE, LHE OS, AS, SE, LHES Os pronomes me; te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos. Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos diretos; as formas - lhes, como objetos indiretos. Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z, -5 ou -r, o pronome assume a forma Ia, Ias, Ia ou Ias, ao mesmo tempo que a terminação verbal é suprimida: fiz + o = fi-la fazeis + o = fazei-lo dizer + a = dizê-la. Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as formas no, nos, na, nas: viram + o = viram-no; repõe + os= repõe-nos; retém + a = retém-na. OBS.: Os pronomes pessoais do caso reto usados como comple- mentos verbais em frases como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, 02. Em que consiste o “tédio dos espelhos” de que o autor nos fala? __________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 03. O autor afirma que a forma de tratamento que lhe foi endereçada o colocou detrás de um “muro frio” (quarto parágrafo). Você já experimen- tou essa sensação? As formas de tratamento são capazes de criar tais distâncias? Comente. __________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 04. Qual o tratamento dispensado pelo autor à jovem a quem escreve? Em que pessoa gramatical é conduzido esse tratamento? __________________________________________________ _________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ Gramática do Texto: Pronomes Por meio da leitura do texto de Rubem Braga, podemos perceber como a língua portuguesa organiza as relações entre os participantes de um ato co- municativo. Ao em’ uma carta a uma jovem que lhe dedicara o tratamento de “senhor”, o cronista estabelece um ato comunicativo em que se configuram com nitidez as chamadas pessoas do discurso: pessoa que fala ou escreve; a pessoa a quem se fala ou escreve; tudo aquilo a que se faz referência e que difere dessas duas pessoas. A pessoa que fala ou escreve é chamada de primeira pessoa do discur- so. No texto, é o próprio cronista, que comanda o manuseio da linguagem e assume o eu que se pronuncia: “tenho eu”, “eu mando”, “eu sou”. A pessoa a quem se fala ou escreve é a segunda pessoa do discurso. No texto, a jovem a quem é enviada a mensagem do cronista, designada principalmente pela forma “ senhora” é tratada respeitosamente por um vós que se faz presente em muitas formas verbais: “chamastes”, “escolhestes”, “ouvi”. Além disso, o texto faz referência a pessoas, situações e dados que di- ferem desse e desse vós: é o caso do “rapaz de ouvido fino e coração cruel”; é também o caso do poeta Olavo Bilac e suas musas e estrelas; também é o caso do “muro frio e triste”. Tudo a que se faz referência e difere da primeira e da segunda pessoas do discurso pertence à chama terceira pessoa do dis- curso. Observe, no texto, que há palavras que indicam os participantes do ato comunicativo apenas como pessoas do discurso: é o caso, por exemplo, das palavras eu, vos, senhora. Eu apenas indica o ser que, num determinado momento, apodera-se da linguagem para comentar o tratamento que lhe foi dispensado; só ficamos sabendo que se trata do próprio Rubem Braga quan- do surgem substantivos como autor, Braga ou as iniciais R.B. Vos e senhora apenas indicam de forma respeitosa a pessoa a quem é enviada a mensagem; só sabemos que se trata de uma jovem porque isso nos é claramente infor- mado em outras passagens do texto. Essas palavras que, como os nomes, se referem aos seres, mas indicando-os apenas como pessoas do discurso, são os pronomes. 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu2 3 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu2 3 Os pronomes de terceira pessoa indicam o que está distante • tanto de quem fala ou escreve como da pessoa a quem se fala ou escreve: Você está vendo aquelas nuvens para lá da montanha? Quem é aquele rapaz do outro lado da rua? Essas formas indicam um passado vago ou remoto: Naqueles tempos, o país era mais otimista. Naquela época, podia-se caminhar à noite em segurança. Esses pronomes demonstrativos também podem estabelecer • relações entre as partes discurso, ou seja, podem relacionar aquilo que já foi dito numa frase ou texto com o que ainda se vai dizer. Observe: Meu argumento é este: o crescimento econômico só faz sen- tido quando produz bem-estar social. O crescimento econômico só faz sentido quando produz bem- estar social. Essa é a posição que defendo. Este (e as outras formas de primeira pessoa) se refere ao que • ainda vai ser dito na frase ou texto; essa (e as outras formas de segunda pessoa) se refere ao que já foi dito na frase ou texto. Também se pode utilizar a oposição entre os pronomes de primeira pessoa e os de terceira pessoa na retomada de el- ementos anteriormente citados: Crianças e idosos enfrentam problemas semelhantes na so- ciedade brasileira: estes (= os idosos) são desprezados por um sistema previdenciário ineficiente e corrupto; aquelas (= as crianças) são massacradas por uma distribuição de renda que impede os pais de criá-las dignamente. Em determinadas situações, há outras palavras que podem • atuar como pronome demonstrativos,desempenhando impor- tantes papéis no inter-relacionamento das partes constituintes das frases e textos. Observe: - o, os, a, as são pronomes demonstrativos quando equiv- alem a isto, isso, aquilo ou aquele, aqueles, aquela, aquelas. É o que ocorre em frases como: Precisamos mudar nossa realidade social: é necessário que o façamos logo. (= ... é necessário que façamos isso...) A que fizer o melhor trabalho será promovida. (= aquela que fizer o melhor trabalho) Não se pode desprezar tudo o que foi feito. (tudo aquilo que foi feito...) Tal, tais• podem ter o sentido aproximado dos pronomes de- monstrativos estudados acima; nesses casos, são considera- dos pronomes demonstrativos, como ocorre na frase: Tal foi a conclusão a que chegamos. (= Essa foi...) Pronomes Relativos Os pronomes relativos se referem a um termo anterior - o ante- cedente -, introduzem uma oração adjetiva subordinada a esse antece- dente. Cumprem, portanto, um papel duplo: substituem ou especificam um antecedente e introduzem uma oração subordinada. m, assim, como pronomes e conectivos a um só tempo. Observe: Buscam-se soluções para a crise que há anos castiga o país. A palavra que é, na frase acima, um pronome relativo. O antece- dente a que se refere é a crise; a oração adjetiva que se subordina a esse antecedente é que há anos castiga o país. não devem ser usa dos na língua formal escrita Na língua culta, devem ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. Pronomes Oblíquos Tônicos Pronomes do caso oblíquo tônicos são, em geral, precedidos por preposições, como até, contra, de, em, entre, para, por, sem (a combi- nação da preposição com e alguns es pronomes originou as formas es- peciais comigo, contigo, consigo, conosco e convosco). As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronomes do caso reto. Por isso, preste atenção às frases abaixo, em que se exemplifica a forma padrão de utilização desses pronomes: Não há mais nada entre mim e ti. Não se comprovou qualquer entre ti e ela. Não vá sem mim. Singular Plural 1ª Pessoa MIM NÓS 2ª Pessoa TI VÒS 3ª Pessoa ELE/ELA/SI ELES/ELAS/ SI ☺ FIQUE LIGADO! Na língua falada, é comum a mistura da segunda e terceira pessoa, como tu e você, por exemplo. Na língua escrita padrão, no entanto, tal uso deve ser evitado. Observe os exemplos. “Se você chegar cedo, eu vou te ajudar.” Em lugar de “Se você chegar cedo, vou ajudá-lo” (ou: ajudar você) ou: “Se chegares cedo, vou ajudar-te”. Essa combinação dos pronomes de segunda e terceira pessoa tem sido assunto freqüente no vestibular, visto que, em alguns casos, ela pode ser intencional, ou seja, possuir algum objetivo lingüísti- co. Isso pode ser observado em algumas obras literárias. No final dessa apostila, encontram-se exercícios que mostram tal fato. Pronomes Demonstrativos Singular Plural 1ª Pessoa Este, esta, isto Estes, estas 2ª Pessoa Esse, essa, isso Esses, essas 3ª Pessoa Aquele,aquela, aquilo Aqueles, aquelas As formas de primeira pessoa indicam proximidade de quem fala ou escreve: Este rapaz ao meu lado é um velho amigo. Esta camisa que estou usando é nova. Os demonstrativos de primeira pessoa podem indicar também o tempo presente em relação a quem fala ou escreve: Nestas últimas horas tenho aprendido mais do que durante toda a minha vida. As formas de segunda pessoa indicam proximidade da pes-• soa a quem se fala ou escreve. Você pode mostrar o que é isso em sua mão? Receba meus cumprimentos por mais um ano que esse velho corpo consegue atravessar incólume! 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu4 5 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu4 5 Ou, às vezes: – Esta mulherzinha... Mas nunca mais de Quequinha. (O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o maior deles é o tempo. O tempo ataca em silencio. O tempo usa armas químicas.) Com o tempo, Norbertopassou a tratar a mulher por “ela”. – Ela odeia o Charles Bronson. – Ah, não gosto mesmo. Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de “ela”, ainda usava um vago gesto da mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer “essa aí” e apontar com o queixo. – Essa aí... E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém. (O tempo, o tempo. O tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois a outra...) Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na sua direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz: – Aquilo... (Luis Fernando Veríssimo) 01. No início do casamento, Norberto e Maria Teresa tratam-se cari- nhosamente por Beto e Quequinha. Com o passar do tempo, entretanto, Beto vai mudando o tratamento dado à mulher: “A mulher aqui...”, “Esta mulherzinha...”, “Ela”, “Essa aí...” e “Aquilo...”. Observando a seqüência de palavras com as quais ele passa a tratá-la, responda: a) Que grande função desempenham nas frases as palavras que ele usa para se referir à mulher? b) Grande parte dessas frases tem predicado explícito? 02. As palavras que o marido emprega para referir-se à mulher apresen- tam uma gradação. a) O diminutivo em Quequinha tem o mesmo valor semântico que o empregado em mulherzinha? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ b) Na expressão “A mulher aqui”, o substantivo mulher foi empregado, de acordo com o contexto, no sentido de pessoa do sexo feminino, em oposição a homem, ou em oposição a marido? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ c) Se essa palavra fosse empregada em oposição ao outro termo, que determinante deveria acompanhá-la? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ d) Que atitude o marido demonstra ter em relação à esposa ao empregar o pronome pessoal ela? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Desdobrando o período composto acima em duas orações, percebe- mos claramente qual o papel desempenhado pelo pronome relativo que: Buscam-se soluções para a crise. A crise há anos castiga o país. (que - introduz a segunda oração, na qual substitui a crise.) Cujo• e suas flexões equivalem a de que, do qual, de quem. Estabelecem normalmente relação de posse entre o anteced- ente e o termo que especificam: Devem-se eleger candidatos cujo passado seja garantia de boas intenções. (= o passado desses candidatos deve ser garantia ...) É uma pessoa com cujas opiniões não se pode concordar. (= com as opiniões dessa pessoa não se pode concordar.) Quem• refere-se a uma pessoa ou a uma coisa personificada: Aquele velho senhor a quem cumprimentamos toda manhã ainda não recebeu sua aposentadoria. Esse é o livro a quem prezo como companheiro. Onde • é pronome relativo quando tem o sentido aproximado de em que; deve ser usado, portanto, na indicação de lugar (com função de adjunto adverbial de lugar): Buscamos uma cidade onde possamos passar alguns dias tranqüilos. Quero mostrar-lhe a casa onde passei boa parte de minha infância. Pronomes e produção de textos Os pronomes são responsáveis por muitos dos mecanismos que garantem a coesão dos textos. Em outras palavras: graças à sua capaci- dade de inter-relacionar partes de frases e de textos, são eles que muitas vezes articulam essas mesmas partes em conjuntos harmônicos e fun- cionais. É óbvio que uma classe gramatical dessa importância deve ser cuidadosamente observada quando precisamos interpretar ou produzir um texto de qualquer gênero. Além disso, os pronomes possibilitam a expressão de diversos detalhes significação, acrescentando matizes muitas vezes sutis que indicam ironia, exagero, desprezo, admiração, decepção. Os pronomes indefinidos, que são capazes de transmitir noções como a inclusão ou a exclusão total (pense em tudo, todos ou nada, nenhum, por exemplo), são particularmente importantes na obtenção de uma argumentação con- sistente nos textos dissertativos. O manuseio seguro desses recursos é sinônimo de leitura e escrita eficiente. Exercícios propostos INIMIGOS O apelido de Maria Teresa, para Norberto, era “Quequinha”. Depois do casamento, sempre que queria contar pro outros uma da sua mulher, o Norberto pegava a sua mão, carinhosamente e começava: – Pois a Quequinha... E a Quequinha, dengosa, protestava: – Ora, Beto! Com o passar do tempo, o Norberto deixou de chamar Maria Teresa de Quequinha; se ela estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia: – A mulher aqui... 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu4 5 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu4 5 Em todos os textos, certas informações são transmitidas ex- plicitamente, enquanto outras, implicitamente, ou seja, estão pres- supostas ou subentendidas. Muitas vezes, um texto diz coisas que não parece estar dizendo, porque não as diz de maneira visível. É por isso que o leitor deve ser capaz de ler nas entrelinhas. Se não tiver essa habilidade, ignorará sentidos importantes ou concordará com idéias que rejeitaria se percebesse. Um texto pode ter dois tipos de informações implícitas: os pressupostos e os subentendidos. PRESSUPOSTOS: são idéias não expressas de maneira explí- cita, depreendidas logicamente do sentido de certas palavras ou expressões contidas na frase. Exemplo: André parou de fumar. A informação explícita é que hoje André não fuma mais. Do sentido do verbo “parar”, que significa “interromper algo”, decor- re, entretanto, logicamente a informação implícita de que, anterior- mente, André fumava. Se André não fumasse, não se poderia usar o verbo “parou”. Pedro é o último convidado a chegar à festa. A informação explícita é que Pedro chegou depois de todos os outros convidados. Se ele foi o último a chegar, está logicamente implícito que todos chegaram antes dele. As informações explícitas podem ser questionadas pelo ou- vinte, que pode ou não concordar com elas. Assim, pode-se, por exemplo, discutir o grau da convicção antitabagista de André. Os pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo menos, ad- mitimos como verdadeiros, porque é a partir deles que se constro- em as afirmações explícitas. Isso significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. Assim, por exem- plo, se Maria participa de todas as festas, não tem o menor sentido dizer: Todos vieram; até Maria. “Até”, no caso, contém o pressu- posto de que é inesperada ou inusitada a presença de Maria. SUBENTENDIDOS: são insinuações, não marcadas lingüisti- camente, contidas numa frase ou num conjunto de frases. Supo- nhamos que uma pessoa estivesse em visita à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse “que frio terrível”, poderia estar insinuando “feche a janela”. (Texto Adaptado de FIORIN, 1997) Pressuposto e Subentendido: Aplicação Por Tânia Sandroni* Analisemos um exemplo trivial: a notícia sobre acidentes em rodovias em um determinado feriado. Consideremos o seguinte título hipotético: “Morreram 20 pessoas nas rodovias neste feriado”. Imaginemos se o jornalista incluísse a palavra “só” neste titulo, ou seja: “Morreram só 20 pessoas nas rodovias neste feriado”. Fica pressuposto um juízo de valor, indica-se que foram poucos mortos: pode ficar subentendido que houve um bom trabalho do Governo, dapolícia ou das concessionárias das rodovias na prevenção de acidentes. Tudo isso dependerá das várias leituras que leitor faça. Agora, imaginemos que a mesma palavra fosse colocada em outra posição: “Morreram 20 pessoas nas rodovias só neste feriado”. Há uma inversão total de sentido. Pode-se pressupor que muitas pessoas morreram nas estradas, o que revela irresponsabilidade. Desse modo, duas letrinhas aparentemente inofensivas alteram a percepção do fato. Eis o poder da linguagem. Como você sabe, os pronomes demonstrativos transmitem infor- mações sobre a proximidade ou distanciamento de certo objeto demons- trando em relação ao locutor. Ao se referir à mulher, o locutor primeiramente utiliza o pronome essa e depois o pronome aquilo. O que essa alteração revela quanto ao relacionamento do casal? Os demonstrativos neutros (isto, isso, aquilo) não são normalmen- te empregados em referência a pessoas. No entanto, o marido se refere à mulher empregando um deles – aquilo. O que esse fato revela? 03. Ao longo dos anos, o marido vai dispensando à mulher formas de tratamento cada vez mais degradantes. Apesar disso, nas frases a mulher sempre ocupa a função de sujeito. Como se sabe, o sujeito é um dos termos essenciais da oração. a) Existe coerência entre o destaque dado à mulher nas frases e o desta- que que o marido lhe dá no casamento? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ b) O texto procura comprovar a tese de que o tempo corrói o amor. Considerando o relacionamento entre Maria Teresa e Norberto, levante hipóteses: por que o casamento se mantém? __________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Informações Implícitas A respeito da segunda mulher a ser nomeada ministra no Brasil, em 1989, Dorothéa Werneck, retiramos um fragmento de uma reportagem de Liliana pinheiro, publicada em O Estado de São Paulo: Mesmo com cuidado e seriedade no trato com a ministra, empresários e sindicalistas – dos quais ela se aproximou em busca de um pacto antiinflacionário – nunca esqueceram que ela era uma mulher. Seu sexo foi lembrado sempre, como defeito ou qualidade. Mário Amato, então presidente da Fiesp, tentou traduzir esse sentimento e foi muito infeliz. Declarou, na frente de jornalistas: “Ela é muito inteligente apesar de ser mulher”. O empresário, com isso, ganhou a antipatia da população feminina e de um Brasil que se rendia ao carisma de Doró. (Liliana Pinheiro. O Estado de São Paulo, 25 dez. 1994, p. B-1.) Nesse texto, o que nos interessa analisar é a declaração de Mário Amato sobre a ministra e por que ela é considerada infeliz, gerando a antipatia da população feminina e de um Brasil que se rendia ao carisma de Doró. Vejamos a afirmação: “Ela é muito inte- ligente apesar de ser mulher”. Essa frase diz explicitamente que: A ministra é inteligente; A ministra é mulher. Paralelamente, diz implicitamente que as mulheres não são inteligentes. Essa informação implícita decorre do uso do conector apesar de antes do conteúdo explícito ser mulher. As conjunções concessivas introduzem um argumento que vai na direção contrá- ria ao que foi dito na oração principal, segundo Platão e Fiorin. Assim, as mulheres não são inteligentes, logo a ministra deveria ser burra. No entanto, é inteligente. 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu6 7 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu6 7 l) Os brasileiros que não lêem são incultos. __________________________________________________ __________________________________________________ m) Os brasileiros, que não lêem, são incultos. __________________________________________________ __________________________________________________ 02. Veja um trecho do poema “A flor e a náusea”, de Carlos Drummond de Andrade: (...) Vomitar esse tédio sobre a cidade. Quarenta anos e nenhum problema Resolvido, sequer colocado. Nenhuma carta escrita nem recebida. Todos os homens voltam para casa. Estão menos livres, mas levam jornais E soletram o mundo, sabendo que o perdem. (...) Crimes da terra, como perdoá-los? Tomei parte em muitos, outros escondi. Alguns achei belos, foram publicados. Crimes suaves, que ajudam a viver. (...) (Um Eu Todo Retorcido, 1945.) a) Qual o pressuposto verificado no verso grifado? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Qual o sentido da conjunção nem, no 4º verso da 1ª estrofe? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ c) O último verso abre um procedente, por meio do adjetivo suaves. Considere o contexto de toda essa estrofe e explique qual a conclusão tirada da afirmação do eu-poético. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ Esse mesmo acontecimento poderia ainda ser relatado de outras maneiras, como “Rodovias mataram 20 pessoas neste feriado”, tornado “rodovias” o sujeito ativo do fato, ou ainda, “Diminui o número de mortos na estrada” em que a escolha do verbo leva o leitor a perceber o fato da notícia. Ao redigir, o jornalista seleciona e hierarquiza informações. Não se trata necessariamente de manipulação consciente; não é isso que está em discussão, mas sim a de que há um sujeito da enunciação, indicado por meio da produção textual. ADAPTADO de Revista Discutindo a Língua Portuguesa; p.42-43; n°6. * - Jornalista e mestre em comunicação pela USP, revisora e professora de Língua Portuguesa da Universidade Paulista. Exercícios propostos 01. Aprendemos que Pressupostos são informações retiradas da frase, através do sentido lógico de certas palavras ou expressões e também por meio de sua organização sintática. Assim, aponte quais os pressupostos encontrados nas seguintes frases e quais os termos que estão servindo de marcadores de pressupostos: a) “Freqüentei a Universidade, mas aprendi bastante”. __________________________________________________ __________________________________________________ b) É pobre, porém é muito educado e honesto. __________________________________________________ __________________________________________________ c) Mesmo sendo negro, Miguel é muito cheiroso. __________________________________________________ __________________________________________________ d) Meu marido foi meu último namorado. __________________________________________________ __________________________________________________ e) Alan deixou de mentir. __________________________________________________ __________________________________________________ f) Somente agora, a produção agropecuária brasileira está totalmente nas mãos dos brasileiros. _________________________________________________ _______________________________________ g) Aline saiu com o namorado que era baiano. __________________________________________________ __________________________________________________ h) Aline saiu com o namorado, que era baiano. __________________________________________________ __________________________________________________ i) Eu não conheciaeste cinema. __________________________________________________ __________________________________________________ j) Os policiais do RJ se transformaram em monstros. __________________________________________________ __________________________________________________ k) Naquela sala de aula, há muitas mulheres. __________________________________________________ __________________________________________________ 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu6 7 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu6 7 Agora eles têm saído de lá, sim, e basta ler a manchete dos jornais para perceber o que os bandidos minimamente organizados têm feito com aqueles que não têm nada a perder. Tacar fogo no ônibus cuja passagem eles não tem dinheiro para pagar é o mínimo que, nessa lógica cruel, poderia acontecer. Ontem ouvi no rádio algum especialista falando que um grande percentual da população carcerária de São Paulo não terminou o primeiro grau. Duas conclusões possíveis, dependendo do ponto de vista de quem analisa: 1) além de bandido é analfabeto. 2) Se não fosse analfabeto teria alguma chance de ser bandido. Mas a maioria das pessoas comuns desta cidade, não todas, mas aquelas com quem falo, que lêem o que está escrito em computadores, têm medo. Medo “deles”, como se eles não fossem também nós. Resultado de nossa inépcia como Estado, como governo, como povo, que isola, exclui, esconde, marginaliza e depois chama de marginal. Como se não tivesse nada a ver com isso. Esse medo todo é obviamente a falta de coragem de encarar nosso fracasso e não ficar por aí botando a culpa em quem também tem. Cada um que assuma a sua, isso já é um bom começo. (Luiz Caversan. Folha de São Paulo, 15 de Jul. de 2006). a) A partir da noção de pressuposto, destaque do texto um fragmen- to – do 1º, 2º e 6º, parágrafos – que exemplifique, de maneira clara, a utilização deste recurso pelo colunista. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Selecione, no texto, uma passagem que explicite o sentido do título “A necessidade de sentir medo”. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ c) No fragmento “é um privilégio de poucos neste país cosmopolitana- mente jeca”, qual é a idéia expressa pelos vocábulos sublinhados? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ d) Em “Resultado de nossa inépcia como Estado, como governo, como povo, que isola, exclui, esconde, marginaliza e depois chama de mar- ginal”, observa-se a presença de um vocábulo anafórico. Destaque-o, apresentando o elemento ao qual este se refere. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _______________________________________ 05. Leia com atenção o e-mail a seguir e responda às questões propostas. Amigo(a), se você ama o Brasil Leia até o final! Leiam este apelo e façam o possível e o impossível para atender. Agradeço a sua presti- mosa colaboração. Por favor, leiam com muita atenção!!!! 03. (UNICAMP) – Sobre a 1ª tira acima, a lesma Flecha manifesta duas opiniões contraditórias, uma explícita e uma implícita (isto é, suben- tendida). a) Explicite a opinião que Flecha deixa implícita. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Segundo o texto, em qual das duas opiniões Flecha realmente acredita. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ c) Qual é a passagem da tira que permitiu que você chegasse a essa conclusão? Justifique. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 04. (UNICAMP) – Agora, olhe para a 2ª tira. Para achar graça, você precisa perceber que ela traz implícitas duas opiniões relativas a uma prática institucional de nossa sociedade. a) Quais as duas opiniões contidas na tira? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Qual dessas opiniões pode ser considerada um argumento favorável à manutenção dessa prática institucional? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 05. Leia com atenção o seguinte texto e responda às questões propostas. A NECESSIDADE DE SENTIR MEDO Sempre fomos o país do tudo bem, tudo legal. Beleza. Tudo em cima. Nós nos acostumamos há tempos a desfrutar da nossa própria capacidade de trivialmente nos divertirmos, compartilhar alegrias, festejar a vida, enfim. Nós, claro, os incluídos. Você que tem computador para ler isso aqui, ou ao menos dispõe do acesso a uma máquina. Basicamente você que lê, porque ler, buscar a leitura, querer buscar a leitura, poder buscar a leitura é um privilégio de poucos neste país cosmopolitanamente jeca. Uns três anos atrás, o escritor Ferréz, ícone letrado do Capão Redondo, região barra pesada de São Paulo, me disse que os jovens do pedaço passavam o dia inteiro perambulando por lá, pelas quebradas, barrocas, esquinas, biroscas e bocas, porque simplesmente não tinham absolutamente nada para fazer. Nada. Sem uma casa decente, sem emprego, sem dinheiro nem sequer para pagar uma passagem de ônibus, muitos deles, não apenas do Capão, mas de muitas outras periferias desvalidadas dessa metrópole excludente, nunca tinham ido ao centro da cidade. 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu8 9 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu8 9 Com base na leitura do texto acima, responda: a) Qual o pressuposto defendido pelo texto. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Qual o suporte desse texto? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ c) Qual o público alvo dessa revista? A matéria está adequada a ele? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ d) Você concorda com o que está proposto no texto? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ e) Há uma figura de linguagem nas duas últimas linhas do texto. Identifique-a e explique o sentido dessa frase _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________Interpretação Textual PARATODOS Chico Buarque O meu pai era paulista Meu avô, pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô, baiano Meu maestro soberano Foi Antonio Brasileiro Foi Antonio Brasileiro Quem soprou esta toada Que cobri de redondilhas Pra seguir minha jornada E com a vista enevoada Ver o inferno e maravilhas Nessas tortuosas trilhas AVISO URGENTE !!! A Toda Sociedade Brasileira. Precisamos da sua ajuda!!! O “P.C.C.” seqüestrou um grupo completo de deputados do: PSDB, PT, PTB, PL, PPB e PMDB. Estão solicitando US$ 1.000.000,00 para sua libertação. Se o pagamento pelo resgate não for cumprido dentro das próximas 24 horas, os seqüestradores vão banhá-los com combustível e os queimarão vivos. Estamos organizando uma coleta e necessitamos da sua ajuda !!!!!! Veja o que conseguimos até agora: -580 litros de Gasolina Aditivada -320 litros de gasolina Premium -125 litros de diesel -175 de gasolina convencional -38 caixas de fósforos e... -21 isqueiros OBS: Não mandem álcool, pois o mesmo pode ser consumido pelos deputados!... Aceita-se também botijão de gás. Se você apagar essa mensagem, é porque não tem coração e não ama o Brasil ... Por favor, leia e ajude . O BRASIL PRECISA DE VOCÊ”!!! Repasse este apelo para 10 pessoas urgentemente!!! a) O texto acima podemos interpretar como uma “piada”. Por quê? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Destaque os elementos lingüísticos que comprovam a “piada”. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ c) Com base nos verbos, identifique o valor semântico que eles expressam. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ d) Você aceitaria esse apelo? Em caso afirmativo, redija três linhas com argumentos convincentes que comprovem sua opção. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 10. O texto abaixo foi extraído da revista Claúdia. Era uma seção com os 10 mandamentos do homem casado. Analisemos o décimo: NÃO COBIÇARÁS A MULHER DO PRÓXIMO (Por Fabrício Carpinejar) O homem parte do princípio de que indivíduos do sexo masculino são todos iguais, imutáveis, enquanto as mulheres são todas diferentes. Por isso, um cara esperto não poderá deixar de conhecê-las, “perdendo sua vida” apenas com uma delas. Essa é uma das teorias mais machistas que existem. Igualmente equivocado é definir amizade como um amor sem sexo; e amor como uma amizade com sexo. Liberdade na vida é ter um amor para se prender. (Revista Cláudia) 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu8 9 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu8 9 03. Retire do texto duas passagens que esclarecem a valorização na- cional. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 04. Na terceira estrofe, há dois pronomes destacados. Aponte os refe- rentes de ambos. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ Recursos Estilisticos HIPÔNIMOS E HIPERÔNIMOS Vocábulos gerais e específicos 1. A operação de designação No processo de representação, A operação de designação se encarrega de identificar, conceituar e nomear os seres do mundo, utilizando-se dos chamados substantivos ou termos em função substantiva. Todos os seres do mundo recebem uma designação, pela qual passam a ser nomeados e reconhecidos: árvore, amor, casa, ente. De certo modo, é o nome que dá existência aos seres; antes de conhecê-los, os seres já possuem existência real, mas não estão em nossa consciência do mundo e, por isso, anônimos: há quanto tempo existem, no espaço, os “buracos negros?” Certamente há milhares de anos, mas só passaram a “existir” a partir do momento em que os incluímos em nosso mundo conhecido e os “batizamos”. Cada ser do mundo conhecido possui uma designação, mas nosso conhecimento precário de alguns deles pode fazer com que os nomeamos de forma menos precisa: é fato conhecido de que os esquimós, habitantes de um mundo permanentemente gelado, possuem mais de quarenta designações para a neve, enquanto nós, envolvidos por um mundo mais quente, dispomos de um número muitíssimo menor, exatamente por precisar conhecê-la menos. Assim, uma mesma realidade pode receber, em cada língua, uma quantidade variada de designações, representativas de uma história social, política, econômica e cultural e de uma maneira particular de ver o mundo. Nosso objetivo, neste capítulo, porém, é verificar de que modo a operação de designação interfere na estruturação de enunciados. 2. Adequação vocabular A seleção do vocábulo a ser utilizado deve obedecer ao princípio da adequação, ou seja, à maior ou menor conveniência do emprego de um vocábulo dentro de uma situação comunicativa específica. De fato, uma situação de comunicação envolve um conjunto de elementos, conjunto esse que é levado em conta, na avaliação do falante, para uma seleção vocabular mais adequada; assim, se um leiloeiro, desejoso de obter um bom preço pelo produto que anuncia, pretende designar o referente cadeira, uma seleção vocabular adequada o levaria ao emprego do vocábulo peça, em função desse A viola me redime Creia, ilustre cavalheiro Contra fel, moléstia, crime Use Dorival Caymmi Vá de Jackson do Pandeiro Vi cidades, vi dinheiro Bandoleiros, vi hospícios Moças feito passarinho Avoando de edifícios Fume Ari, cheire Vinícius Beba Nelson Cavaquinho Para um coração mesquinho Contra a solidão agreste Luiz Gonzaga é tiro certo Pixinguinha é inconteste Tome Noel, Cartola, Orestes Caetano e João Gilberto Viva Erasmo, Ben, Roberto Gil e Hermeto, palmas para Todos os instrumentistas Salve Edu, Bituca, Nara Gal, Bethania, Rita, Clara Evoé, jovens à vista O meu pai era paulista Meu avô, pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô, baiano Vou na estrada há muitos anos Sou um artista brasileiro (1993 - Marola Edições Musicais) 01. Na primeira e na última estrofe do poema, Chico Buarque utiliza uma figura de linguagem bem conhecida. Identifique-a e explique o seu uso. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 02. Podemos perceber claramente a exaltação que Chico faz dos músi- cos brasileiros. Além disso, o compositor convoca o leitor a comparti- lhar dessa exaltação. Aponte o recurso gramatical usado pelo autor. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu10 11 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu10 11 Exercícios propostos 01. Preencha as lacunas das frases abaixo com palavras específicas que possam adequar-se às palavras gerais destacadas na continuidade do texto. O novo prazo definanciamento de _______________ procura reani- mar a indústria de VEÍCULO, paralisada pelas dificuldades econômicas do momento. Dizem que a _____________diminuiu a fertilidade masculina. Um cientista declarou que o consumo da DOGRA causa a redução do núme- ro de espermatozóides. O fato de a cesta básica passar a conter _____________não significa que a produção nacional desse CEREAL tenha crescido no último ano. Os _____________ encontrados com os marginais presos mostram que essa ARMA continua sendo a preferida dos brasileiros. O ______________ roubado no Museu do Louve na semana passada mostra que nem as OBRAS DE ARTE bem protegidas estão dos ladrões. 02. Substitua a palavra coisa, nas frases abaixo, por outras equivalen- tes semanticamente, e mais específicas, nas frases abaixo. a) Maria esqueceu algumas coisas dela no quarto. _________________________________________________ _________________________________________________ b) Carlos Drummond deixou algumas coisas escritas. _________________________________________________ _________________________________________________ c) A cozinheira acrescentou algumas coisas ao bolo. _________________________________________________ _________________________________________________ d) A empregada fez algumas coisas antes de ir embora. _________________________________________________ _________________________________________________ e) Comeu alguma coisa antes de sair para a escola. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ Coesão Textual COMO DAR COESÃO AO TEXTO? Introdução Etimologicamente, texto e tecido estão relacionados e, de fato, há razões para isso. O tecido é fruto de uma junção de pequenos fios que se vão ligando até o limite de uma extensão determinada. O texto, por seu lado, também tem seus componentes ligados a fim de que formem um só corpo estrutural. Aos elementos que realizam essa ligação se atribui a função de coesão, e eles correspondem basicamente a marcas lingüís- ticas da superfície do texto, de caráter sintático ou gramatical. A coesão é uma das marcas fundamentais da textualidade e pode ocorrer por meio de mecanismos diversos: a coesão referencial, a coesão recorrencial e a coesão seqüencial. Vejamos cada uma delas: I. A coesão referencial: ocorre quando um elemento da seqüência textual se remete a outro elemento do mesmo texto, substituindo-o: a. Encontrei meu irmão na esquina, mas não falei com ele. b. Ele estava lá na esquina, o meu irmão. vocábulo atribuir maior vaiar ao objeto. Do mesmo modo, se um dicionário apresenta a definição desse mesmo referente, e torna- se necessário incluí-lo numa determinada classe de objetos, o vocabulário mais adequado seria assento, e assim por diante. Uma conclusão importante a que devemos chegar após a leitura das linhas precedentes, é a de que não há, a priori, um vocábulo melhor do que outro na designação das realidades do mundo: é a situação de comunicação que vai condicionar o emprego deste ou daquele vocábulo; assim, na dependência da situação comunicativa, cada uma das possíveis designações do referente cadeira pode ser a mais adequada. A observação é importante porque ainda persiste, em muitos, a idéia de que os vocabulários de nível mais culto, independentemente da situação comunicativa, são os de emprego mais conveniente. 3. Vocábulos gerais e específicos Em muitas situações de comunicação necessitamos designar, da forma mais precisa possível, os referentes do mundo: imaginemos, por exemplo, a necessidade de fazermos um depoimento sobre um acidente de trânsito que presenciamos, e que é fundamental para a condenação ou não de pessoas envolvidas. É evidente que, em casos assim, a seleção vocabular deve ser procurada em função da precisão. Quando consideramos os vocábulos por sua precisão, dividimo-los em vocábulos gerais e vocábulos específicos, ou hipônimos e hiperônimos. São vocábulos gerais(hiperônimos)aqueles que abrangem maior número de referentes e vocábulos específicas(hipônimos). Os que, ao contrário, reduzem o alcance de sua aplicação, podendo chegar a ponto de designarem um só referente. Vejamos, por exemplo, o caso de quadro e de Mona Lisa: ora, quadro é um vocábulo aplicável a uma quantidade imensa de pinturas, ao passo que Mona Lisa restringe seu emprego a um quadro determinado de Leonardo da Vinci. Como se pode observar, do vocábulo mais geral ao mais específico de uma cadeia, há uma gradação; a cadeia, por exemplo, que inclui quadro e Mona Lisa poderia ser assim especificado: obra – pintura- quadro - quadro a óleo - Mona Lisa. RESUMINDO: No caso dos hiperônimos, duas situações podem apresentar-se: ou possuem por antecedente um só hiperônimo (caso típico em que se procura evitar a repetição) ou pode abarcar um conjunto de hiperônimos, caso que também envolve certa condensação do texto: Logo depois de o sargento ter sido vítima de um acidente, o militar foi levado ao hospital. Ditados, cópias, redações, todas essas atividades preenchiam o tempo. Observe-se que o texto torna-se inadequado quando empregamos o termo de conteúdo geral antes do termo de conteúdo específico: Logo depois de o militar ter sido vítima de um acidente, o sargento foi levado ao hospital. Ocorre freqüentemente a substituição de alguns referentes por termos extremamente gerais, como coisa, fato, elemento, fenômeno etc. Tinha hábito de falar alto, coisa que me incomodava. 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu10 11 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu10 11 progressão temática pode realizar-se por meio da satisfação de compromissos textuais ou por meio de novos acréscimos ao texto. Ao 1º tipo pertencem os seguintes casos: a. Condicionalidade: Se chover, eu não irei. b. Causalidade: Todos foram de roupa de praia porque estava fazendo sol. c. Implicação lógica: Só há um meio de fazer isso: trabalhando. Os acréscimos ao texto podem ser feitos de vários modos: a. Explicação ou justificativa: Todos chegaram na hora marca- da, pois o trânsito estava bom. b. Conjunção: Cheguei na hora marcada. E comigo vieram meus primos. OBS: Dêixis: a interpretação do termo não é dada pelo contexto anterior, mas por um elemento da situação comunicativa, caracterizando o que se denomina dêixis. a. Na Europa faz frio nesta época do ano, mas aqui não passamos por isso. (frase em que o significado do vocábulo “aqui” depende do local da enunciação.) Exercícios propostos 01. Substitua a palavra em destaque por outra de sentido geral (hiperô- nimo), como no exemplo a seguir: O coronel trazia documentos importantes, mas, quando a polícia o en- controu, nada foi descoberto na pasta do militar. a. O rádio e a televisão não consumiam energia demais, mas todos os outros________________________aumentavam sua conta no final do mês. b. Gal Costa e Caetano Veloso irão apresentar-se no festival de Mú- sica de Barcelona. Os__________________________já ensaiaram exaustivamente os números. c. Caiu ontem a palmeira maior da parte central do Jardim Botânico. Como todas as demais__________________________, foi ataca- da por um fungo de origem desconhecida. d. O delegado foi afastado do cargo, assim como todos os de- mai___________________________da delegacia. e. A Belém-Brasília apresenta maior número de problemas que todas as demais____________________________brasileiras. 02. No desenvolvimento linear dos textos a seguir – de autoria de Millôr Fernandes – os termos em destaque foram substituídos para evitar-se a repetição de palavras idênticas. Sublinhe os termos substituídos e nu- mere cada texto segundo o tipo de substituição realizada, conforme o código abaixo: (1) pronome (2) hiperônimo (3) sinônimo ou quase-sinônimo(4) metáfora (5) termo cognato (6) símbolo (7) caracterização (8) forma abreviada (9) forma ampliada (10) advérbio Acredito que o péssimo estado das nossas prisões é que impede de serem ocupadas por algumas pessoas de nossa melhor sociedade. ( ) OBS: quando a referência se faz do depois para o antes, denomina- se anáfora e, no caso contrário, catáfora. I.I. Os modos de substituição: a. As formas pronominais: Maria é uma ótima aluna. Inclusive, ontem eu a vi. b. As formas verbais: neste caso, os verbos fazer e ser são empre- gados em referência a todo o predicado e não apenas ao verbo. O cantor apresentou dois números, mas o mímico não fez o mesmo. c. As formas adverbiais: Saiu duas vezes e o outro, nunca. d. As formas numerais: João e Maria saíram, mas os dois vol- taram logo. I.II. Reiteração de elementos do texto. As repetições do mesmo termo: a. De forma idêntica: Comprou casa, mas a casa não tinha porta. b. Com um novo determinante: Comprou a casa, mas essa casa lhe trouxe problemas. c. De forma abreviada: Fernando Henrique Cardoso não governa bem e, por isso, FHC é malvisto. d. De forma ampliada: Lula é candidato, mas Luís Inácio Lula da Silva não está bem no pleito. e. De forma cognata: Trabalhar é bom e o trabalho enriquece. f. De forma associativa: A cidade não era grande: a igreja ficava no alto do morro e as ruas eram estreitas. I.III. Os sinônimos ou quase-sinônimos: a. Hipônimos: Comprou flores e deu as rosas para a mulher. b. Hiperônimos: Vinha um ônibus, mas o pedestre não viu o veículo. c. Nomes genéricos: Trouxe cadernos, livros e outras coisas. d. Termos simbólicos: Inácio tinha dúvidas se iria para a Igreja, mas o apelo da cruz foi forte. I.IV. Expressões nominais definidas: a. Pelé foi a Paris onde o maior jogador do século foi premiado. II. A coesão recorrencial: caracteriza-se pela repetição de algum tipo de elemento anterior que não funciona, a exemplo do caso da coesão referencial, com alusão ao mesmo referente, mas como uma “recordação” de um mesmo padrão. Ela pode aparecer de várias formas. a. A recorrência de termos: Rosa falava, falava, falava... b. O paralelismo: recorrência da mesma estrutura sintática, mar- cada por expressões introdutórias como isto é, ou seja, quer dizer, digo, ou melhor, em outras palavras. Ele não compareceu, ou seja, sumiu. c. Recursos fonológicos: Os sons, caso da rima. Os casos do Brasil são a corrupção, a educação e o Fernandão. d. Elipse: omissão de um termo. O grande objetivo da vida não é o conhecimento, mas [...] a ação. III. A coesão seqüencial: esse tipo de mecanismo de coesão se refere ao desenvolvimento textual propriamente dito, ora por procedimentos de manutenção temática, com o emprego de termos pertencentes ao mesmo campo semântico, ora por meio de processos de progressão temática. A 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu12 13 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu12 13 No futuro, a temperatura da Terra pode aumentar em até 6 graus. Os oceanos podem subir cerca de 4 cm. 20% dos carros serão movidos a etanol ou energia elétrica. A vacina contra a Aids será uma realidade. Os Estados Unidos estarão em guerra. Os computadores pessoais serão virtuais. O congresso vai aumentar seu próprio salário. E não vai aumentar o nosso. 95% dos tipos de câncer terão cura. E todos nós falaremos a mesma língua. Ou duas ou três línguas. Apenas 5% dos pousos e decolagens vão atrasar. O Brasil ainda será o país do futuro. Mas, para você que fuma, nada disso tem a menor importância. (ABRAD - Associação brasileira de alcoolismo e drogas) a) Nas 3 primeiras linhas, vemos que o verbo “poder” exerce papel im- portante na construção de sentido do texto da ABRAD acerca de coisas futuras. Por que o autor escolheu esse verbo? Releia esse trecho. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Qual a idéia central do texto? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ c) “O Brasil ainda será o país do futuro”. O termo grifado tem valor negativo no texto, pois traz certa mensagem implícita acerca do país. Que mensagem é essa? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ e) Por que nenhuma dessas notícias não tem a menor importância para os fumantes? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ f) Qual o objetivo desse texto propagandista? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 05. Leia com atenção o seguinte texto jornalístico e responda às ques- tões propostas. Infelizmente o cérebro humano é um dos poucos órgãos do nosso corpo sem uma válvula excretora. E as fezes culturais ficam lá, nos en- venenando pelo resto da vida, transformando o mais nobre e complexo órgão do corpo numa imensa fossa, imunda e fedorenta. ( ) A frase “Mens sana in corpore sano” é uma redundância e, como tal, inútil. Não há corpo sem mente sã, e vice-versa. ( ) Os homens são sábios, não pelo que lhes ensinam, mas por sua capa- cidade de negar o que lhes ensinam. ( ) Os sujeitos que escrevem cartas anônimas não se preocupam com a redação das cartas pelo mesmo fato de pretenderem que elas permane- çam no anonimato. O resultado é que, descobertos, não são considera- dos somente canalhas mas também ignorantes. ( ) Ser pobre é um pecado venial. Se conformar com isso é um pecado mortal. ( ) Ser pobre não é crime, mas ajuda muito a chegar lá. ( ) Enquanto as guerras se tornam cada dia mais violentas, dirigi-las é cada vez mais cômodo e se faz de locais cada dia mais distantes da conflagração. ( ) Santo Agostinho disse que todos os pecados que ele cometeu foram imediatamente punidos por Deus, na medida em que “toda perturbação da alma é sua própria punição”. ( ) As ruínas dos templos gregos não são devidas à construção de má qualidade, mas sim à infiltração dos ingleses, que levaram a maior parte da Grécia para os museus de Londres. ( ) O mundo tem muitos idiotas, mas, infelizmente, estão todos nas outras mesas. ( ) Dinheiro não traz felicidade. Quem disse o ditado pensava em reais, porque dólar traz. ( ) Qualquer homem, andando uma média de onze horas por dia, levaria apenas 285 dias para ir do Rio a Paris. Isso, naturalmente, se não houvesse o Oceano Atlântico entre a Cidade Maravilhosa e a Cidade Luz. ( ) Devagar se vai ao longe, mas, quando se chega lá, não se encontra mais ninguém. ( ) 03. Indique, sublinhando, os termos referentes ao termo destacado no início do texto. “As tartarugas também amam e, além disso, gostam de apanhar sol, confortavelmente apoiadas umas às outras. Isso é comum entre esses répteis da ordem dos quelônios, principalmente no cativeiro. No zoológico do Rio, os cágados costumam provocar comentários maliciosos, quando ficam na curiosa posição de banho de sol. Biólogos garantem, porém, que esses animais só acasalam dentro da água.” 04. Leia com atenção o texto a seguir e responda às questões propostas. 2007- Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu12 13 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu12 13 f) Quais os argumentos defendidos pelo autor para refutar a tese da Igreja Católica quanto à prática do ficar? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ g) A quem se refere o verbo “estão”, grifado no texto? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ h) Na antepenúltima linha, o escritor abusa da ironia, se mostrando espantado pela não proibição da Igreja para com o jogo de xadrez. Qual a mensagem implícita acerca da Igreja? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ i) No final do texto, o jornalista recorre à linguagem como estratégia para enfatizar sua mensagem, preferindo, propositadamente o verbo “comer” a outro com o mesmo sentido. Se você fosse reescrever esse texto a fim de encaminhá-lo para o papa, teria de fazer, obrigatoriamente algumas adequações vocabulares, a começar pelas últimas linhas. Troque o verbo “comer” por outro de sentido menos agressivo. Tente fazer isso com o texto todo. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ j) Justifique as vírgulas do último período do texto. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ Leia com atenção o seguinte texto e responda às questões 06 e 14. TESTE DE FIDELIDADE!!! A minha namorada e eu estávamos juntos havia mais de um ano, por isso decidimos casar. Só havia uma coisa que me chateava, era a irmã mais nova dela. A minha futura cunhada tinha 18 aninhos, usava minissaias e grandes decotes... Tinha a mania de vir se abaixar bem perto de mim, e tive muitas vezes visões agradáveis da sua roupa interior. Um dia ligou-me e convidou-me pra ir ver os convites do meu casamento. E lá, disse-me que em breve eu estaria casado, e que ela tinha sentimentos e desejos por mim que não conseguia e nem queria esquecer. Ela queria fazer amor comigo somente uma vez antes de eu me casar. Eu fiquei em total choque e nem consegui dizer uma palavra. Ela disse: Vou lá pra cima para o meu quarto, se quiseres, só tens de subir e apanhar-me... Fiquei atônito. Estava congelado enquanto a observava subir as escadas. Depois das mamas, vamos ao papa. Escrevo este texto antes da chegada de Bento XVI, mas junto da chegada da frente fria – o céu está desabando. Quer dizer, não sei se ele vai conseguir pousar em São Paulo, se vai rolar um caos aéreo básico, se o papamóvel vai virar papabote, se São Paulo vai virar Rio ou coisas do tipo. Então vou falar só dos outros atrasos. Acabei de ler uma declaração do Dom Dimas, novo porta-voz da CNBB, dizendo que ficar iguala adolescentes a garotas de programa; que os meninos apostam quem fica com mais garotas e depois nem sabem o nome delas. Cá entre nós, acho muito melhor abrir a boca para dar um beijo do que para falar uma asneira dessas. Primeiro porque todo mundo sabe que, pelo código de conduta das garotas de programa, a única coisa que elas não fazem é dar beijo na boca. Então, iguala como? Segundo, porque eu nunca ouvi dizer que as adolescentes estão cobrando pelo beijo. Terceiro: numa recente pesquisa realizada com adolescentes, quase nenhum deles sabia o nome do papa. E, pelo que sei, também não ficam com papa numa balada. O problema da Igreja Católica é que ela muda o papa, mas não muda o papo. Casamento entre pessoas do mesmo sexo não pode. Aborto, não pode. Camisinha, não pode. Sexo antes do casamento, não pode. E, agora, beijar na boca, também não pode. Não é à toa que estão perdendo o jogo contra outras religiões. Aliás, falando em jogo, não sei como ainda não proibiram o xadrez. Afinal, no jogo, o bispo pode comer a dama, o rei, os peões e alguns mais taradões, até os cavalos. Pode uma coisa dessas? (Revista Domingo, JB, 13 de maio de 2007.) a) O que o autor sugere ao dizer “vou falar só dos outros atrasos”? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ b) Há uma leve ironia na frase “mas junto da frente fria”. A que deve estar se referindo o autor? Isso tem relação com o que ainda vai ser dito pelo escritor? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ c) Qual o sentido do verbo ficar? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ d) Para o jornalista, qual deveria ser a postura da Igreja Católica? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ e) Qual a idéia central do texto? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu14 15 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu14 15 12. Qual o sentido de “Com lágrimas nos olhos...”? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 13. A quem se refere o verbo “estamos” da frase “estamos muito con- tentes”? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 14. Segundo os conceitos sociais, para o sogro, o genro demonstrou ser um homem bom por quê? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ As questões de números 15 a 19 referem-se ao texto abaixo. (CEDERJ 2006/1) AÍ, GALERA Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não? – Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. – Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. – Como é? – Aí, galera. – Quais são as instruções do técnico? – Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo- nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. – Ahn? – É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça. – Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?– Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? – Pode. – Uma saudação para a minha progenitora. – Como é? – Alô, mamãe! – Estou vendo que você é um, um... – Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo Quando ela chegou ao topo da escada, tirou a calcinha e jogou-a para mim. Eu fiquei lá por um momento, então virei-me e fui direto para a porta da frente. Abri a porta e saí da casa. Caminhei em direção ao meu carro. O meu futuro sogro estava lá fora. Com lágrimas nos olhos abraçou-me e disse: “Estamos muito contentes que tenhas conseguido passar no nosso pequeno teste! Não podíamos pedir um melhor homem pra nossa filha, bem-vindo à família!”. Moral Da História: “Guarde sempre os preservativos no carro...” (Autor desconhecido) 06. Em um primeiro momento, antes do final do texto, temos certa im- pressão do narrador, que é desfeita no decorrer da leitura. Diga qual é a 1ª impressão que temos dele e o porquê dela não se sustentar. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 07. Há algumas mensagens implícitas nesse texto no que se refere ao comportamento masculino. Comente-as. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 08. Vemos no narrador um típico estereótipo, que ele não faz nenhuma questão de esconder. De que estereótipo se trata? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 09. A que se refere o termo grifado? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 10. O que induziu o sogro a pensar que o genro passou no “teste”? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 11. Qual o sentido do vocábulo “congelado”? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu14 15 2007 - Caderno 3 Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu14 15 então decidiu enviar um e-mail a sua mulher, mas errou uma letra sem se dar conta e o enviou a outro endereço... O e-mail foi recebido por uma viúva que acabara de chegar do enterro do seu marido e que ao conferir seus e-mails desmaiou instantaneamente. O filho, ao entrar na casa, encontrou sua mãe desmaiada, perto do computador, onde na tela poderia se ler: — Querida esposa: Cheguei bem. Provavelmente se surpreenda em receber noticias minhas por e-mail, mas agora tem computador aqui e pode enviar mensagens às pessoas queridas. Acabo de chegar e já me certifiquei que já está tudo preparado para você chegar na sexta que vem. Tenho muita vontade de te ver e espero que sua viagem seja tão tranqüila como a minha. Obs: Não traga muita roupa, porque aqui faz um calor infernal! 20. O texto que acabamos de ler é um ótimo exemplo para constatarmos as diferentes leituras que diferentes leitores podem fazer a depender de vários fatores, como bagagem cultural, momento emocional, conheci- mento lingüístico, objetivo e outros. Isto é, pudemos observar, claramen- te, que se pode fazer diferentes leituras de um mesmo texto. De acordo com seu conhecimento de mundo, diga por que a mensagem no compu- tador levou a viúva a desmaiar? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 21. O que faz com que a situação do texto se torne cômica e inusitada? O que acontece “fora do esperado”? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 22. Os termos grifados do texto se encaixam no que chamamos de aná- fora associativa. Aponte o campo semântico do qual fazem parte. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 23. Que outro título você daria ao texto? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 24. O texto pode ser dividido em dois momentos. Indique o elemento que, além de contribuir para a progressão textual, marca uma mudança, uma quebra de expectativas em relação ao sentido do texto. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ Leia com atenção o texto a seguir e responda as questões de 25 a 28. Numa pizzaria, ao lado da porta de entrada, um cartaz avisava: primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação. – Estereoquê? – Um chato? – Isso. Luís Fernando Verissimo (In: Correio Brasiliense, 13/05/1998.) 15. Na entrevista com o jogador de futebol, há algumas marcas de ora- lidade (hesitações, marcadores discursivos, repetições etc.) nas pergun- tas feitas pelo entrevistador. Assinale a alternativa em que todos os elementos enumerados são mar- cas de oralidade: (A) aí / galera / como é? / alô; (B) ahn? / um, um... / como é? / aí; (C) galera / como é? / alô / isso; (D) alô, mamãe! / ahn / aí / pra; (E) como é? / pra pegá / um, um... / isso. 16. A frase “surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação” poderia ser substituída, sem prejuízo do sentido, por: (A) confundido por um refluxo inadvertido; (B) admirado com a paralisação da jogada; (C) imobilizado pela ação rápida da defesa; (D) desconcertado pelo contra-ataque rápido; (E) contido pelo apito final da partida. 17. Ao longo da entrevista, o jogador oferece sempre duas formas de resposta a cada pergunta: uma que não atende às expectativas do entre- vistador, e outra que está de acordo com a “estereotipação” mencionada no texto. Marque o par de vocábulos que melhor caracteriza, respectiva- mente, essas formas de resposta: (A) ambigüidade / elegância; (B) elegância / correção; (C) clareza / prolixidade; (D) correção / obscuridade; (E) prolixidade / concisão. 18. O jogador de futebol confunde o entrevistador porque: (A) usa palavras difíceis, tais como progenitora, estereotipação; (B) faz uma saudação à mãe chamando-a de progenitora; (C) usa uma linguagem não adequada à situação da entrevista; (D) corresponde ao estereótipo de um jogador de futebol; (E) faz uma saudação aos fãs do clube no início da entrevista. 19. Como pudemos
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