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Síntese de polímeros Disciplina COEQ0062 – Química de Polímeros Prof. Dr. Paulo Henrique S. L. Coelho Engenharia Química Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Universidade Federal do Maranhão 2 Polimerização Polimerização Variáveis primárias Temperatura da reação. Pressão. Tempo. Presença e tipo de iniciador. Agitação. É a reação ou conjunto de reações químicas que provocam a união de pequenas moléculas por ligação covalente com a formação de uma macromolécula de alta massa molecular, ou seja, um polímero. Variáveis secundárias Presença e tipo de inibidor, retardador, catalisador, controlador de massa molar, etc. Quantidade de reagentes. 3 Polimerização Funcionalidade de uma molécula Número de pontos reativos (passíveis de reação em condições favoráveis) presentes na molécula. Deve ser 2: Pode ser conseguida via dupla ligação reativa ou 2 radicais funcionais reativos. Moléculas monofuncionais produzem apenas 1 ligação, e formação de molécula pequena. 3 produzem uma rede tridimensional (termorrígido). D + D → DD + D → ...... DDDDD 4 Polimerização Classificação dos processos de polimerização Número de monômeros: 1 monômero – homopolimerização; 2 monômeros – copolimerização; 3 monômeros – terpolimerização. Tipo de reação química: adição etênica (produção do polietileno); esterificação (poliéster); amidação (poliamida); acetilação (acetato de celulose); outras. 5 Polimerização Classificação dos processos de polimerização Cinética de polimerização: poliadição (polimerização em cadeia); policondensação (polimerização em etapas). Tipo de arranjo físico: processo homogêneo; processo heterogêneo. 6 Polimerização Poliadição Consiste na formação de uma cadeia polimérica completa a partir da instabilização da dupla ligação de um monômero e sua sucessiva reação com outras ligações duplas de outras moléculas de monômero polimerização n A → [ A]n Processo exotérmico que libera 20 kcal/mol. 7 Polimerização Poliadição Logo, para que haja a polimerização em cadeia é necessário que exista pelo menos uma insaturação reativa na molécula. Esta reação pode gerar polímeros de cadeia carbônica quando o monômero possui uma dupla ligação C=C ou duas duplas ligações C=C, como no caso dos monômeros de dienos. Quando a dupla ligação envolve outros átomos que não somente o carbono (isto é, C=O, C=N, etc.) haverá o surgimento de um polímero de cadeia heterogênea. 8 Polimerização Poliadição É uma reação em cadeia que apresenta 3 diferentes componentes reacionais Iniciação: geração de espécies reativas Pode ser por calor, radiação UV, iniciador químico. Propagação: adição sequencial de monômeros. Terminação: desativação do sítio reativo. Todos componentes reacionais tem velocidade e mecanismo diferentes. 9 Polimerização Poliadição Tipos de polimerizações em cadeia: Polimerização em cadeia via radicais livres. Polimerização iônica Catiônica. Aniônica 10 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Iniciação: - A iniciação normalmente se dá através do uso de iniciadores instáveis (I- I), que são decompostos com a formação de dois centros ativos (como a molécula é normalmente simétrica estes dois centros ativos são iguais). - O radical ativo (I*) ataca a dupla ligação de um monômero (C=C) transferindo o centro ativo e dando início à polimerização. 11 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Iniciação: - A iniciação mais comum é através da decomposição de uma molécula instável termicamente como, por exemplo, um peróxido. Benzoíla 12 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Iniciação: Cada radical livre ataca a dupla ligação do monômero, rompendo a ligação e formando uma ligação simples entre a molécula do iniciador e o monômero, iniciando a polimerização: Estireno 13 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Propagação: - Transferência do centro ativo de monômero a monômero, com o crescimento da cadeia a uma velocidade altíssima e baixa energia de ativação. 14 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Término: - Combinação de dois macro-radicais: 15 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Término: - Desproporcionamento: 16 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Término: - Transferência de cadeia. 17 Polimerização Poliadição Polimerização em cadeia via radicais livres. o Término: - Transferência para o solvente: 18 Polimerização Poliadição Inibidores e Retardadores - A presença de reagentes que podem doar hidrogênio afeta a reação de polimerização via radicais livres, mudando a taxa de conversão da reação. - A presença de um retardador reduz a taxa de polimerização, reduzindo a conversão do monômero em polímero em um dado intervalo de tempo, quando comparada à polimerização normal. - Este efeito é usado, por exemplo, quando se quer reduzir a exotermia da reação. Quando o retardador é excepcionalmente eficiente, a reação de polimerização não acontece enquanto este reagente estiver presente (inibidor). 19 Polimerização Poliadição Inibidores e Retardadores - A presença de inibidores impede completamente a reação de polimerização, aumentando o tempo para início da reação. - Este efeito é usado para permitir que o monômero seja armazenado sem ocorrer a reação de polimerização, que neste caso seria indesejada. - Inibidores reais não seguem exatamente o comportamento dos ideais, permitindoque a reação de polimerização inicie em um tempo menor que o de indução e após isto ainda influencia a reação, reduzindo sua taxa. 20 Polimerização Poliadição Efeito dos Inibidores e Retardadores no polimerização 21 O crescimento da cadeia é muito rápido (pesos moleculares ~ 105 ). Isto porque as espécies reativas têm centros ativos (íons ou radicais livres). Não há formação de subprodutos. Exemplos de polímeros formados por poliadição. Polietileno. Polipropileno. Poliestireno. Outros. Polimerização Poliadição 22 Físicos Radiações eletromagnéticas de baixa energia (calor, radiação UV e microondas) Radiações eletromagnéticas de alta energia (raios- e X) Elétrons (corrente elétrica) Químicos Peróxidos e hidroperóxidos Ácidos de Lewis (AlCl3, FeBr3, TiCl4, etc.) Bases de Lewis (Na, K, complexo sódio-naftaleno e reagentes de Grignard Sistemas cataliticos Ziegler-Natta e Kaminsky Polimerização Poliadição 23 Poliestireno Poli(cloreto de vinila) Polimerização Poliadição Iniciação é geralmente feita com peróxido de benzoíla 24 Poliamida 6 Polimerização Poliadição A PA 6 é produzida comercialmente através da polimerização por adição. Estruturalmente ela não é muito diferente da PA 6,6 e suas propriedades são semelhantes. Ocorre que, ao patentear o Nylon 6,6, a Du Pont obrigou seus concorrentes a procurarem uma alternativa viável para concorrer com o novo produto. 25 Vídeo: Polimerização Poliadição Organic Addition Polymers. Polythene, PVC and others 26 Polimerização Policondensação É uma reação em etapas em que não há distinção reacional entre o início da formação do polímero, do crescimento macromolecular e da terminação. Grupos funcionais dos monômeros são reativos, portanto não são necessários iniciadores. O crescimento é lento, aleatório. Resulta em polímeros com peso molecular da ordem de 104. São formados subprodutos de reação como H2O, HCl, NH3, etc. 27 Polimerização Policondensação Os materiais iniciais vão reagindo entre si simultaneamente com o passar do tempo. A massa molar (peso molecular) aumenta com o tempo de reação, pois pequenos grupos reagem com outros grupos formando moléculas maiores que a seu tempo também reagirão para formar grandes estruturas, gerando a cadeia polimérica. 28 Fatores que afetam o processo de policondensação: Temperatura/tempo de reação: o aumento do tempo de reação permite obter polímeros com massas molares maiores. o aumento da temperatura inicialmente irá produzir uma taxa de reação maior devido ao fornecimento de mais energia ao sistema e, portanto, para que um número maior de reações vença a barreira imposta pela energia de ativação da reação. Polimerização Policondensação 29 Fatores que afetam o processo de policondensação: Catalisador: A sua presença normalmente reduz as barreiras de energia de ativação, facilitando a reação (molécula de maior massa molar). Adição não equimolar dos materiais iniciais: Pode gerar um excesso dos componentes, pois haverá uma concentração maior de pontas de cadeia com um dado grupo do que com outro, reduzindo a velocidade de reação, consequentemente o grau de polimerização (baixa massa molar). Uma das maneiras de se terminar uma polimerização em etapas. Polimerização Policondensação 30 Polifenol (baquelite) Polimerização Policondensação 31 Poliéster Polimerização Policondensação 32 Poliamida 6,6 Polimerização Policondensação Condensação do ácido adípico e da hexametileno diamina, ambos monômeros formados por 6 átomos de carbono, daí a denominação PA 6,6. Estruturalmente, as PA apresentam um elevado índice de ligações de hidrogênio intermoleculares, tornando suas cadeias regularmente orientadas e conferindo-lhes um grau de cristalinidade que varia de 50 a 70%. 33 Poliamida Polimerização Polimerização VÍDEOS: Polimerização - Nylon-6, Nylon-6,10, Nylon -5, Nylon-2,6. 34 Polimerização Poliadição x Policondensação POLIADIÇÃO POLICONDENSAÇÂO Reação em cadeia, iniciação, propagação e terminação Reação em etapas. A polimerização só possui um processo cinético Não há sub-produtos da reação Há sub-produtos da reação Polímeros com alto peso molecular (ordem 105) se formam desde o início da reação não se modificando com o tempo Um longo tempo reacional é essencial para se obter um polímero peso molecular da ordem 104, que cresce durante a reação Apenas o monômero e as espécies propagantes podem reagir entre si Quaisquer duas espécies moleculares no sistema podem reagir A concentração do monômero decresce gradativamente durante a reação O monômero é todo consumido no início da reação restando menos de 1% do monômero ao fim da reação A velocidade da reação cresce com o tempo até alcançar uma velocidade máxima na qual permanece constante A velocidade da reação é máxima no início e decresce com o tempo Insaturações são os centros ativos Grupos funcionais são centros ativos Necessário iniciador Não é necessário iniciador Não há grupos terminais reativos Grupos terminais permanecem ativos 35 Polimerização Tipos de arranjos físicos empregados em polimerização Sistemas homogêneos Polimerização em massa. Polimerização em solução. Sistemas heterogêneos Polimerização in situ. Polimerização em emulsão. Polimerização em suspensão. Polimerização interfacial. Polimerização em fase gasosa. 36 Polimerização Polimerização em massa É o arranjo físico mais simples Iniciador é adicionado ao monômero Reação se inicia com aquecimento, podendo ser verificada pelo aumento da viscosidade do meio Produto final é livre de qualquer impureza Há dificuldade de controlar a temperatura, pois a reação é exotérmica Grande geração de calor (20 Kcal/mol) Chapas de acrílico são obtidas comercialmente por esse arranjo 37 Polimerização Polimerização em massa Vídeo: “Bulk polymerization-Polymer Chemistry- Engineering” 38 Além do iniciador, usa-se um solvente dos monômeros. Controle da temperatura é favorecido devido a baixa viscosidade do meio reacional. há uniformidade das condições de polimerização O polímero pode ser obtido em solução se for solúvel no solvente. nesse caso é utilizado em solução. O polímero pode ser insolúvel no solvente. deve ser separado, seco, granulado e utilizado. Industrialmente é o arranjo usado para polimerização das poliolefinas. Polimerização Polimerização em solução 39 Vídeo: “Solution polymerization-Polymer Chemistry- Engineering” Polimerização Polimerização em solução 40 Polimerização Polimerização em emulsão Monômero, iniciador hidrossolúvel, solvente, (geralmente água), e um emulsificante são utilizados na reação onde se formam micelas É comum nas poliadições, mas é difícil a remoção do emulsificante. Dimensões da partícula emulsionada: de 1 nm a 1 µm 41 A velocidade da reação é alta Produtos têm pesos moleculares maiores e mais homogêneos, pelo fácil controle da temperatura O produto final é um pó fino, com granulometria da ordem de 0,05 a 1 mícron Industrialmente é empregada para fazer látex, por ex., para tintas residenciais à base de PVA Polimerização Polimerização em emulsão 42 Polimerização Polimerização em emulsão 43 Vídeo: “Animated Emulsion polymerization- Polymer Chemistry -Engineering Chemistry” Polimerização Polimerização em emulsão 44 Polimerização Polimerização em suspensão Água é o solvente (meio de transferência de calor) Iniciador é dissolvido no monômero e a mistura é adicionada a água, além de um agente de suspensão Monômero fica disperso em gotas, evitando a coalescência das mesmas entre si Aumento da temperatura inicia a polimerização em cada gota Calor gerado é facilmente retirado pela água, facilitando o controle da temperatura Produto final são partículas dispersas variam de 1 a 1000 m, que são separadas, lavadas, secas e empregadas Polímeros obtidos industrialmente: PS, PVC, PMMA, etc 45 Vídeo: “Suspension polymerization-Polymer Chemistry” Polimerização Polimerização em suspensão 46 Polimerização Polimerização em fase gasosa Técnica moderna, recente e sofisticada, restrita a patentes de fabricação de HDPE e PP. Empregada para poliadição de monômeros gasosos (etileno e propileno). Utiliza iniciador Ziegler-Natta mantidos sob a forma de partículas, em leito fluidizado, contínuo. Cada partícula de catalisador deve gerar uma partícula de polímero. 47 Polimerização Processos de polimerização do polietileno Existem três tipos básicos de processos para polimerização do polietileno: Ziegler-Natta. Metaloceno. Phillips. Embora todos estes processos sejam através de catalisadores e pressão relativamente baixas os detalhes da preparação dos catalisadores são segredos industriais. 48 Polimerização Processo Ziegler-Natta A polimerização ocorre através de mecanismo de coordenação que envolve um complexo de coordenação monômero-catalisador que controla o caminho de aproximação do monômero para o crescimento da cadeia. O catalisador de coordenação é formado pela interação de um composto de metal de transição (o catalisador) e um composto organometálico dos metais do Grupos I-III na tabela periódica (o cocatalisador). 49 Um dos catalisadores mais comuns é o Ziegler-Natta, complexo formado por TiCl4-AlR3 onde R corresponde a um álcali. A polimerização por este processo ocorre de forma contínua em reator compressões em torno de 0,2 a 0,4 MPa e temperaturas que ficam entre 50 e 75º C. O polímero sintetizado possui densidade em torno de 0,945 g/cm 3 e as ramificações na ordem de cinco a sete grupos de etil por 1000 átomos de carbono. Grupos butila e outras ramificações não são encontradas. Polimerização Processo Ziegler-Natta 50 Ligante não especificado Catalisador ativo rearranjo rearranjo várias repetições Produto Final Polimerização Processo Ziegler-Natta 51 Polimerização Processo metalocênico Processo extremamente eficiente. Produz grande quantidade de polímero por grama de catalisador. Possibilita melhor controle no tamanho e na uniformidade da cadeia polimérica com baixo número de ramificações. 52 Polimerização Processo metalocênico Fórmula geral do catalisador L2MX2 M pode ser um metal de transição do grupo IV. X pode ser um halogênio ou um grupo alquila, fenila, benzila ou trimetilsilila. L é um ligante associado ao metal por ligação π e podem ser o ciclopentadienila, o indenil ou o fluorenil 53 O custo deste catalisador ainda é muito alto. O HDPE tem excelente resistência ao ataque de produtos químicos e a solventes, boas propriedades elétricas, especialmente baixa permissividade e alta rigidez dielétrica, sendo assim muito usado na fabricação de fios e cabos elétricos. Polimerização Processo metalocênico 54 Polimerização Processo Phillips É baseado no uso de catalisadores heterogêneos, os quais consistem de um composto de metal de transição (óxido de cromo) que após reagir com sílica ou sílica- alumina (75-90%), forma o catalisador que contém 5% de óxido de cromo, principalmente CrO3. As pressões e temperaturas geralmente usadas são maiores que no processo Ziegler, em torno de 1,4 a 3,5 MPa e 130 e 160ºC, sendo a temperatura um parâmetro muito importante para o controle do peso molecular do polímero. 55 Os HDPEs formados por este processo possuem alta densidade, em torno de 0,96g/cm 3 , e ramificações em média de três grupos metila para cada 1000 átomos de carbono e não sendo detectados grupos butila ou etila. Polimerização Processo Phillips 56 1) Discutir a polimerização em massa, suas vantagens e desvantagens em relação aos outros métodos físicos de polimerização. Quais os principais polímeros que podem ser obtidos deste modo? 2) Comparar a polimerização em emulsãoe suspensão e dar pelo menos dois exemplos de polímeros obtidos em cada uma. 3) Como se dá o controle da massa molar de termoplásticos em reatores comerciais durante o processo de polimerização? 4) Por que é de fundamental importância se ter conhecimento de substâncias retardantes e até inibidoras das reações de polimerização? Polimerização Questões