Buscar

284 Conflitos Internacionais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Política Internacional - Conflitos Internacionais do século XVII ao XXI (1ªParte)
Os conflitos podem ser ordenados, segundo sua origem e desenvolvimento. Nos séculos passados foram vistos embates armados, que tiveram motivações:
A) Religiosa;
B) Dinástica;
C) Territoriais;
E) De libertação nacional (iniciados com as guerrilhas);
F) Étnicas;
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)
Durante anos, a pior da guerra da Europa foi a Guerra dos Trinta Anos, que gerou u retrocesso de 200 anos para a Alemanha. O total de mortos desta guerra foi de 4 milhões, diminuindo a população européia de 20 milhões para 16 milhões de habitantes, além de perdas totais em rebanhos e colheitas. O período do conflito e que se seguiu após o mesmo foi conhecido como o período de estagnação.
A motivação aparecia como uma luta religiosa entre rebeldes protestantes e católicos, que estavam dispostos a qualquer custo em manter a autoridade religiosa e política do Imperador do Sacro Império Romano Germânico. O final da guerra mostrou um novo tipo de regulamentação nas relações internacionais, em que o principio do interesse nacional substituiu a confissão religiosa. Um dos exemplos pragmáticos disto foi a entrada da França ao lado dos protestantes, uma vez que esta estratégia estava de acordo com o interesse nacional francês. Assim, poderia anexar o território da Alsácia e da Lorena, além de enfraquecer o principal inimigo dos Bourbons: os Habsburgos da Áustria e da Espanha.
O final da guerra trouxe também não apenas o novo equilíbrio de poder, mas uma nova regra do jogo das relações internacionais. Desta forma, os Tratados de Westphalia são vistos como o marco da construção da ordem européia moderna, sendo que a razão do Estado sobrepujará os princípios religiosos medievais da soberania universal do Papado, que tinham sido a base das grandes monarquias nacionais.
O inicio da guerra passou da guerra civil alemã à condição de conflito internacional. De um lado, a dinastia dos Habsburgos se aliando aos Estados alemães católicos e, por laços de parentesco e afinidade política e religiosa, à Espanha. Apoiavam esta facção a Polônia e o Papado. A aliança católica chegou, em determinados momentos do conflito, em sonhar em eliminar a heresia protestante do continente. Em determinados momentos, a coalizão católica recebeu apoio dos calvinistas de Brademburgo e dos luteranos da Saxônia. O bloco protestante composto por rebeldes da Boêmia e de diversas regiões do espaço alemão foi apoiado pela Dinamarca, Suécia, Países Baixos, Grã-Bretanha e França católica. Embora, o motivo desta aliança fosse lutar pela liberdade da Alemanha e pelo direito dos protestantes, mostrou também a capacidade bélica da Suécia e França decidirem o conflito. A França até aquele momento vinha apenas financiando seus aliados. O governo francês pragmaticamente estabeleceu relações com o principal Estado católico alemão, a Baviera, e com os principais Estados protestantes, como a Saxônia. Passava a descaracterizar o conflito como religioso. Começava o plano da França de neutralizar o poderio espanhol e austríaco, que estavam nas mãos dos Habsburgos, que procuravam estabelecer o poder universal.
As negociações envolveram 149 unidades políticas representadas, com várias conferências realizadas em várias cidades. Por outro lado, os conflitos não cessavam, sendo que Espanha e França lutaram até 1659. O mais importante fato da guerra foi o sistema internacional dos Estados e o pressuposto de reciprocidades, um direito internacional com pactos regulando as relações internacionais, com a livre navegação nos mares e o não comprometimento de civis e do comércio pelas guerras. Os Estados deixam de se submeter as normas morais externas a eles próprios e impõem uma lógica de dominação pragmática, que passou a ser conhecida desde então pela expressão “razão de Estado”. As relações internacionais são secularizadas, isto é, estabelecidas em função do reconhecimento da soberania do Estado, independentemente, da confissão religiosa. A política passava a ser reconhecida pela legitimidade do Estado e na constituição de um conjunto político de nações que se reconhecem como parte de um sistema em que rege o direito internacional, derivado do modelo criado e formalizado a partir da Paz de Westfália. Os Tratados de Westfália são compostos de um conjunto de 11 tratados. A anistia geral foi proclamada e os vencedores receberam concessões territoriais, sendo que as Províncias Unidas e a Confederação Suíça são confirmadas como países independentes. A França conquistou seus objetivos anexando a Alsácia e a Lorena. A Suécia passou a dominar o Báltico, além dos estuários dos rios Oder, Elba e Weser. Cerca de 300 Estados-membros do Império têm a soberania fortalecida e aumenta consideravelmente o federalismo. Marcou também o aparecimento do principal Estado alemão: a Prússia. No âmbito comercial, o Reno deveria permanecer aberto a todas as nações para a navegação comercial.
Houve o armistício das guerras religiosas, causando também a derrota do Papado. Na prática, passou a existir o “equilíbrio de poder”, estabelecido entre as nações européias, garantindo uma Alemanha pluri-religiosa. O modelo do pacto federativo passou a inspirar as relações entre as várias nações européias. O modelo estabelecido Tratado de Westfália foi confrontado, pela primeira vez, em 1806, quando Napoleão invade a Prússia e aboliu o Sacro Império. Por outro lado, houve ainda na Europa, pós-Westfália uma sucessão de conflitos:
- 1642-1660: o período mostra o choque entre monarquia e Parlamento dominado pelos puritanos (calvinistas), o que leva a Inglaterra à guerra civil. Em 1649, o rei Charles I é decapitado, nascendo a República Puritana, sob a liderança de Oliver Cromwell, que, em 1653, passa a governar com mão de ferro até sua morte, após fechar o Parlamento. O filho de Cromwell, Ricardo, sucede o pai, colocando a Inglaterra como potência européia, porém sem sustentação política a República Puritana cai, sendo restaurada a monarquia com a Casa de Stuart, em 1660. Enquanto tentava resolver seus conflitos no âmbito interno, a Inglaterra envolvia-se em ações militares no continente. A Guerra Franco-Holandesa (1652-1678) opôs França, Inglaterra e Suécia de um lado contra Holanda, Áustria e Espanha de outro, além de vários Estados do espaço alemão que lutaram de ambos os lados. O motivo principal do conflito foi a ingerência francesa em assuntos internos e externos holandeses. A França derrota a Holanda e a Áustria, enquanto os suecos são derrotados pelas tropas de Bradenbugo. A paz não traz proveito para nenhum dos lados.
- 1688: o final do absolutismo inglês ocorre com a Revolução Gloriosa. Há a insatisfação contra Jaime II, conhecido como protetor. Os parlamentares dão um golpe de Estado, destituindo o monarca e oferecem a Coroa a Guilherme de Orange da Holanda, que, por sua vez, é caso com Maria Stuart, a filha protestante de Jaime II. Um novo governo ascende, trocando a monarquia absolutista pela monarquia constitucional, na qual o monarca se compromete a respeitar a Declaração dos Direitos (Bill of Rights), que proibi o monarca de sustar leis, aumentar impostos e manter exército sem consentimento parlamentar.
- Na Espanha, o debilitado Carlos II deixa para o sucessor um país com sérias dificuldades de cunho separatista com as províncias buscando desligarem-se de Madri, problemas financeiros de administração, que são crescentes. As riquezas vindas da América passam a enriquecer os países vizinhos e deixam a metrópole espanhola empobrecida. A ascensão de Felipe V, da Casa de Bourbon, ao trono espanhol busca colocar o país no rumo da unificação aos moldes franceses, recuperar o poderio naval espanhol, que foi superado pelo da Inglaterra. As lutas da sucessão espanhola se espalham pelas regiões limítrofes, levando um filho do monarca a assumir os tronos da Sicília e Nápoles.
- A Europa está convulsionada por uma série de guerra e ligações entre países para as ações militares.Tem-se conflitos por todo o continente, que são de origem dinástica ou demarcatória. A guerra entre Dinamarca e Suécia (1675-1679) opôs os dois países por questões territoriais, uma vez que a Dinamarca queria recuperar suas províncias tomadas por suecos. O conflito estende-se ao espaço alemão. A França se aliará à Suécia para invadir a Dinamarca, fazendo com que a Suécia saia da guerra sem perda de território. 
- A Guerra do Palatinado (1688-1697) : Sob a pressão de Luís XIV para ocupar o Palatinado, Áustria, Espanha e Suécia se unem para manter a unidade alemã, recebem, no momento em que a guerra irrompe, a ajuda da Inglaterra, da Holanda e de Savóia. A França perde o conflito em uma derrota completa, enquanto a região do Palatinado é devastada. Por outro lado, a França quer se livrar dos problemas da sucessão espanhola.
- No norte, a Suécia enfrenta sozinha, entre 1700-1721, a Dinamarca, Noruega, Polônia-Saxônia, Prússia e Rússia. As ações irrompem com uma operação relâmpago sueca contra a Dinamarca, que busca estabelecer a paz imediatamente, que é aceita pela Suécia. O conflito estabelece a Suécia como potência no Báltico e traz a Rússia como um novo ator para o cenário europeu.
- Apesar da sucessão de conflitos, a Europa assiste à irradiação intelectual e artística da França, ao fortalecimento da monarquia austríaca na região do Danúbio, à preponderância inglesa nos mares e à ascensão d Prússia e da Rússia na política internacional do continente, assim como nas ações militares. Por outro lado, é crescente a perda de poder e de territórios do Império Otomano, que desde 1699 a 1718, entregam a Transilvânia, e a Hungria para a Áustria, além da Sérvia e uma parcela da Valáquia. Este decréscimo de poder contraria a posição otomana até 1740, quando era considerado um império poderoso, porém o sultão ainda assegura posições estratégicas como a maior parte da península balcânica, as ilhas do Mar Egeu e possessões dentro da Europa Central como a outra parte da Valáquia e a Moldávia, na Romênia.
- A Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714): Envolve Inglaterra, Áustria e Holanda, de um lado, e França, Espanha, Savóia, Bavária e Portugal de outro. Por outro lado, ao longo do conflito Portugal e Savóia trocam de lado opondo-se à França. A causa da guerra foi a tentativa de Felipe de Anjou, francês, de ascender ao trono espanhol, porém os Habsburgos acreditam que isto é privilégio deles. A derrota da França retira parcelas do seus territórios, no continente são cedidos à Holanda, enquanto parcelas do Canadá francês são ocupadas pela Inglaterra. Em meio este conflito, são assinados os tratados de Utrecht (1713-1714), que é um marco importante para a Europa, estabelecendo que nenhuma potência continental poderia se impor sobre os territórios europeus continentais e isso vale também para França e Áustria. 
- A Guerra da Sucessão Austríaca (1740-1748): O conflito opôs de um lado Áustria, Inglaterra, Holanda e Rússia e, do outro, Bavária, Prússia, França, Espanha e Suécia. Posteriormente, outros Estados alemães e italianos tomam parte no conflito em ambos os lados. O motivo principal do conflito são as demandas de Carlos da Bavária contra os Habsburgos e o final da linha sucessória masculina. A paz é estabelecida pela Prússia e Áustria, através da concessão da Silésia à primeira, e há aceitação de Maria Tereza como rainha da Áustria. 
- Embora seja mais conhecida pelos seus desdobramentos na América do Norte, a Guerra dos Sete Anos produz desarranjos na política européia. O conflito de 1756 a 1763 trouxe o desejo de Frederico o Grande de manter sua posição na Silésia contrariando uma forte posição antiprussiana no continente, composta por Áustria, França, Rússia, Saxônia e Suécia. A Prússia é aliada de Hannover e da Inglaterra. O conflito se encerra com a retirada da Rússia e da Suécia, seguidas pela França. No computo geral, o equilíbrio de poder na Europa permanece o mesmo, porém a Prússia coloca-se na condição de potência regional.
- 1756-1763: A Inglaterra e a França enfrentam-se na Guerra dos Sete Anos . A origem do conflito é a rivalidade econômica e colonial franco-inglesa, que se espalha pelas Américas e Índia. Possessões francesas são tomadas por colonos britânicos, no atual Canadá, gerando o revide de tropas francesas, que têm como aliados tribos indígenas, que passam a atacar as possessões britânicas. Os colonos de origem britânica procuram a proteção da Coroa Inglesa deixando de lado, momentaneamente, os embates causados pelos atritos comerciais entre colonos e metrópole. A Inglaterra vence o conflito e passa a consolidar suas posições na região, acarretando na perda do Canadá, nas Américas, do Senegal, na África, e da sua possessão na Índia.
- 1768-1772: A Guerra da Libertação da Polônia mostra uma tentativa de se manter na condição de escolher o sucessor do monarca polonês, Augusto III, evitando a ingerência russa. A preferência recaia sob Stanislau Augusto, que seria garantida pelo avanço de tropas russas sobre o território polonês, o que colocaria o reino como um simples fantoche do monarca russo. Nobres católicos poloneses formam uma coalizão, em 1768, clamando por auxilio de outros países europeus. A Áustria e a Prússia respondem ao apelo polonês, buscando, assim, evitar a queda de Varsóvia em definitivo nas mãos russas. Por outro lado, em 1772, ficou claro que para evitar a guerra total, a Polônia cedeu partes de seu território às três potências: Rússia, Prússia e Áustria. 
- A Rússia volta-se para seus vizinhos exercendo a pressão através de uma condição bélica adquirida por uma melhoria considerável do seu exército, incluído a modernização aos moldes francês e inglês. A Suécia buscava desviar a atenção de seus problemas internos, desta forma Gustavo III aproveita a pressão russa e leva o país ao atrito, conquistando vitórias navais, conseguindo evitar as perdas de território, usuais no período, para o inimigo russo, encerrando o conflito iniciado em 1788, que perdurou até 1790.
- 1776: A América do Norte está em crise desde a Guerra dos Sete Anos, acirrando os ânimos entre colonos de origem britânica e aqueles já nascidos na colônia. O motivo principal é carga de impostos cobrada pela Coroa Britânica. O estopim para o inicio dos combates foi a Lei do Chá, que dá aos britânicos da Companhia Britânica das Índias Orientais, o monopólio sobre o comércio do produto, prejudicando os comerciantes locais. A igualdade é solicitada pelos colonos em 1774, através do Congresso Continental da Filadélfia. Em 1775, com a Batalha de Lexington, há organização militar dos colonos e declaram guerra à metrópole. Espanhóis e franceses em função de disputas com os ingleses oferecem ajuda aos colonos americanos, sendo prontamente aceita. A Declaração de Independência é redigida por Thomas Jefferson, sendo promulgada em 04/07/1776. Em 1783, no Tratado de Versalhes, a Inglaterra reconhece a independência das 13 Colônias.
1804: Aquele ano marcou o início dos movimentos de independência das colônias espanholas da América. O processo foi favorecido pela difusão de ideais liberais trazidas pela Revolução Francesa, pela independência dos EUA, pela mudança no equilíbrio de poder na Europa em conseqüência das guerras napoleônicas e pela alteração nas relações entre metrópole e colônia. A maioria dos movimentos emancipacionistas é liderada por criollos, descendentes de espanhóis nascidos na América, que exigem maior autonomia, liberdade comercial e igualdade com espanhóis. Os criollos eram apoiados pelos ingleses, que tem interesse na liberação dos mercados latino-americanos, principalmente os portos, principalmente os de Buenos Aires e Montevidéu.
As possessões espanholas, na América do Sul, desde 1804, já enfrentavam lutas pela independência, que se agravaram com a situação da Espanha ocupada. O representante da corte portuguesa, no Rio de Janeiro, Souza Coutinho, dirigiu-se a Buenos Aires a fim de oferecer proteção às possessões espanholas na América. O enviado português alegouo perigo de invasão por forças napoleônicas, porém aceitando a proteção portuguesa receberia o apoio da armada britânica. A oferta foi rejeitada pelo cabildo de Buenos Aires que reafirmou sua obediência ao monarca espanhol.
Carlota Joaquina, espanhola de nascimento, buscou estabelecer suas pretensões sobre os territórios espanhóis na América ao sul do RS. Em Buenos Aires, tentou aproximar-se de realistas, assim como na Banda Oriental. No Uruguai, realistas e republicanos lutavam, Carlota apoiava os primeiros, enquanto argentinos forneciam ajuda aos últimos. 
Início da guerra entre Inglaterra e França, com a chantagem francesa a Portugal: captura de bens ingleses em Portugal, exigência de pagamento de 16 milhões de francos ao governo francês. Tratados de Badajoz (1801)-a localidade fica apenas a 7 km da fronteira portuguesa - e Madri (1801). Napoleão iniciou sua campanha de anexações pela Europa, enfrentando resistência britânica e de alguns estados alemães, liderados pela Prússia, aliada à Rússia e a Áustria.
1807: Exigência de obediência portuguesa, por parte da França, ao bloqueio naval à Inglaterra. Assinatura de um acordo entre Inglaterra e Portugal, que seria fundamental para a evacuação da família real do território, quando da invasão francesa de 1808.
Tratado de Fontaineblau foi assinado entre França e Espanha, demarcando a divisão do território luso entre franceses e espanhóis. Ficava clara a intenção da Espanha em aliar-se a Napoleão e admitir a sua política expansionista pela Europa. Seria pedida pela França a saída do embaixador português, enquanto a Espanha faria o mesmo.
Em 26/05/1812, um armistício foi assinado entre Artigas, os lideres das Províncias Unidas e os emissários brasileiros. O Uruguai era desocupado pelas tropas estrangeiras. Tropas argentinas abandonam Montevidéu, porém os partidários de Artigas não conseguiram estabelecer a ordem, acarretando na invasão brasileira, em 1817. Em 1821, a Cisplatina era formalmente parte do território brasileiro. Com a ascensão de Pedro I à condição de monarca de um reino independente, a Banda Oriental enfrentou a divisão das tropas brasileiras em seu território. Representantes artiguistas argumentavam que a anexação deveria ser extinta, uma vez que o Brasil não era mais parte integrante de Portugal. 
 Naquele mesmo ano, os EUA repeliam a última tentativa da Grã-Bretanha de tomar o território estadunidense. O ataque foi repelido, mantendo os britânicos no Canadá.
1815: Com a derrota de Napoleão, a Europa, através de seus representantes, se reuniu no Congresso de Viena para redefinir o mapa político do continente e do mundo. Sob a liderança da Áustria, da Grã-Bretanha, da Prússia e da Rússia, os territórios napoleônicos foram redistribuídos entre os países vencedores, restaurando dinastias e fronteiras alteradas pelas guerras napoleônicas. A Santa Aliança era criada como uma organização política internacional com o objetivo de deter novos movimentos revolucionários e impedir o desequilíbrio de poder entre as potências européias.
1830-1832: Os movimentos de caráter liberal e burguês, que começaram na França, se espalharam pela Europa, ficando conhecidas como Revoluções Liberais. Na França, os distúrbios, receberam o nome de Revolução de julho de 1830, explodiram revoltas populares depois que o rei da casa de Bourbon, Carlos X, suspendeu a liberdade de imprensa e dissolveu o Parlamento. A vitória da burguesia levou ao trono um membro da família Orléans: Luís Felipe I. A queda dos Bourbons gerou uma onda de insurreições na Europa. 
A Bélgica libertou-se da Holanda. Na Bélgica, os católicos das províncias belgas se levantam contra os holandeses, após os dias de conflito, as forças holandesas evacuam Bruxelas, que posteriormente, foi escolhida a capital da Bélgica independente. A Grécia tornou-se independente da Turquia, após um embate iniciado em 1820. Em 1829, as potências européias garantiram a independência grega. As lutas internas gregas cessaram quando as facções aceitaram a escolha de Otto da Baviera como monarca da Grécia. 
Entre 1830 e 1831, eclodiu na Polônia uma série de manifestações nacionalistas, que foram reprimidas pelos russos. Desde 1815, a Polônia mantinha uma união com a Rússia, porém o levante do Exército Polonês se rebelou provocando o retorno das tropas russas, que derrotaram os poloneses e colocando Varsóvia sob a ocupação russa. 
Em 1832, ocorreram agitações no espaço alemão e italiano.
Em 1831, o rei Luís Felipe I criou a Legião Estrangeira, corpo militar formado por voluntários estrangeiros e oficiais franceses, que foi a principal unidade que tomou parte da invasão da Argélia. Passou a ser a principal força militar, a partir deste momento, para ocupação de território ultramarinhos franceses.
1834-1839: A guerra da sucessão na Espanha provocou um conflito no país. A morte de Ferdinando VII deixou o trono vago, em 1833, para sua filha Isabella, enquanto o irmão do monarca morto, Don Carlos, se proclamou rei, nas províncias bascas, provocando uma longa guerra civil. Os Carlistas obtiveram sucesso no início do conflito, porém em função de várias deserções, em 1839, Don Carlos abandonou as armas refugiando-se na França com seus seguidores próximos. 
1838: A Grã-Bretanha assistiu ao nascimento dos sindicatos influenciados pelo aparecimento de idéias socialistas e das revoluções liberais. A ascensão da rainha Vitória, em 1837, governando até 1901, colocaria a Grã-Bretanha como a maior potência colonial, conquistando novos territórios na Ásia, África e Oceania. 
Entre 1839 e 1860, China e Grã-Bretanha se envolveram na Guerra do Ópio, quando a Companhia Britânica das Índias Orientais mantinham um intenso comércio com os chineses, comprando chá e vendendo ópio trazido da Índia. A decisão do governo imperial chinês de suspender a importação deste produto produz o primeiro conflito, entre 1838-1842, a China foi vencida, obrigada a pagar uma indenização e forçada a abrir cinco portos, transferindo, também, a posse da Ilha de Hong Kong para a Grã-Bretanha. No segundo confronto, os britânicos tinham a França como aliada e derrotam a China, que cedem outros portos para as nações vencedoras. Por outro lado, as tentativas britânicas de tomarem outras regiões também foram vistas na América do Sul. O fracasso da intervenção franco-britânica (1845-1850) na região do rio da Prata, contra Juan Manuel Rosas, fortaleceu o governante platino com a vitória sobre as duas potências européias.
Nas Américas, o México e os EUA passaram a travar um conflito na fronteira. Quando o Texas tornou-se parte dos EUA, em 1845, os mexicanos passaram a apresentar queixas e partiram para o embate armado, em 1846. Em 1847, a Cidade do México era ocupada por tropas estadunidenses e a paz foi concluída em 1848. O alvo das reclamações mexicanas era o Texas, que os mexicanos julgavam ser parte de seu território. O México perdeu os territórios acima do Rio Grande, o Novo México e a Califórnia, além de abdicar de todas as tentativas de reconquista do Texas.
O Parlamento britânico, em 1845, estabeleceu a Bill Aberdeen, lei que pressiona os países extinguir o tráfico negreiro de escravos, dando permissão à Marinha Real Britânica a aprisionar e a afundar os navios negreiros no Oceano Atlântico.
A Europa, em 1848, foi tomada por uma série de conflitos, que começam na França em função da falta de liberdade civil, que produzem uma reação contra a monarquia do país. Os revoltosos proclamam a II República, instalando o governo provisório, de maioria burguesa após a insurreição de fevereiro. Apesar da conquista da democracia, as condições de vida dos trabalhadores continuavam ruins, apresentando poucas mudanças. Em junho, uma nova rebelião estava instaurada e foi reprimida pelas tropas oficiais. A onda revolucionária foi chamada de Primavera dos Povos atingindo simultaneamente outras nações européias, como Itália, Suíça e os Estados Alemães. Em todos os locais, os movimentos foram duramente reprimidos.
Na Suíça, os embatescomeçaram com a decisão do Governo Federal Suíço de usar a força contra rebeldes dos cantões católicos provocou o levante, porém a ação militar impediu a desagregação do território suíço. No espaço alemão, a Prússia manteve a ordem, porém, nos territórios da Hungria e Schleswig-Holstein, os combates contra a Áustria e a Dinamarca foram registrados, respectivamente, em larga escala. A Hungria lutava para se conter o avanço da Áustria, enquanto os alemães de Schleswig-Holstein buscavam se libertar da Dinamarca. A crise com a Dinamarca se agravou, quando tropas prussianas, por ordem da Confederação Germânica, passaram a combater ao lado dos revoltosos, a retirada prussiana selou a sorte dos revoltosos, que permaneceram sob o governo dinamarquês. 
No continente europeu, ainda em 1848, foi publicado o Manifesto do Partido Comunista, de autoria de Friedrich Engels e Karl Marx, que pregavam que a evolução histórica era concebida através da luta de classe. No capitalismo, a oposição era feita entre a burguesia e a classe operária e o manifesto conclamava o operariado à união e a tomar o poder, passando a ser traduzido em vários idiomas e exercendo grande influência sobre os movimentos revolucionários e operários. 
A ascensão da Rússia na Europa uniu Grã-Bretanha, França, Áustria, Sardenha e Império Otomano contra os russos que se alastravam pelos Bálcãs, nas regiões dos mares Negro e Mediterrâneo e mantinham uma relação ruim com os otomanos desde o apoio à independência grega. A Guerra da Criméia ocorreu na península de mesmo nome, no território da atual Ucrânia, e nos Bálcãs. Derrotada a Rússia devolveu o mar da Bessarábia, atual Ucrânia, e a foz do rio Danúbio (atual Romênia) para a Turquia, ficando proibida de manter bases ou forças navais no mar Negro, em 1854. Também foi obrigada a evitar pressões nos Bálcãs, onde mantinha relações com populações de religião ortodoxa, insuflando inclusive rebeliões contra o Império Austro-Húngaro.
No final da década, a Áustria e a França se enfrentam na Guerra Austro-Francesa. O controle austríaco no norte do espaço italiano gerou o conflito entre a Áustria e a Sardenha, que recebeu apoio francês, que secretamente buscou auxiliar na unificação deste espaço italiano. Após as vitórias franco-sardas, os beligerantes decidem estabelecer a paz. A França receberia Savóia e Nice, em 1860, e a concessão de Modena, Parma e Toscana à Sardenha, deixando de pertencerem aos Estados Papais.
Em 1860, inicia-se a luta pela Unificação Italiana, como uma conseqüência direta do conflito austro-francês (1859). O líder guerrilheiro Garibaldi com os “Camisas Vermelhas” expulsou as tropas napolitanas da Sicília, ocupando Nápoles após um desembarque bem sucedido. A Sardenha enviou tropas para intervir, quando o Exército Papal foi derrotado. A união das forças de Garibaldi com as tropas da Sardenha derrotou a resistência de Nápoles, obrigando à assinatura do tratado de paz que colocava a Itália unificada sob a regência de Vitor Emmanuel I, o “Rei da Itália”.
Na América do Norte, os EUA enfrentavam a Guerra da Secessão, opondo o Norte industrializado contra o Sul escravocrata, aristocrata, latifundiário e agrário. O conflito, que mostrou os interesses antagônicos começou em 1861 perdurando até 1865. Os Estados do Sul, que iniciaram o conflito, acabam derrotados ocasionando o fim da escravidão, porém a condição imposta aos negros estadunidenses era, no final de da guerra, de marginalidade, sem nenhum programa governamental de integração social, econômica e profissional. Houve a ocupação militar do Sul até 1877, o que proporcionou a colocação da região de acordo com o planejamento estabelecido pelo Norte. Enquanto os EUA enfrentavam o conflito interno, que gerou 600 mil mortos e conseqüentes perdas na economia, como, por exemplo, o algodão, o México sofria uma intervenção estrangeira patrocinada pela França, que opôs nacionalistas mexicanos republicanos e monarquistas europeus aliados a simpatizantes mexicanos. Em 1863, usando disputas financeiras como desculpa, Napoleão III enviou tropas para ocupar a Cidade do México, colocando no trono mexicano o arquiduque austríaco Maximiliano, que chegou ao país em 1864, trazendo uma gama variada de tropas para apoiá-lo, como belgas, turcos, austríacos e franceses. A Grã-Bretanha e Espanha foram seduzidas pela demanda francesa, porém quando seus governantes e oficiais perceberam a verdadeira manobra francesa, desistiram do apoio e retiram-se de volta à Europa. O conflito no México terminou em 1867, com a retirada francesa e a execução do monarca, além de recolocar o país sob regime republicano, embora não solucionasse os problemas internos e de fronteira com os EUA.
A Desintegração da América Espanhola. 
Entre 1750 a 1830, o sistema colonial na América Espanhola chegou ao seu fim. O capitalismo mercantil, que projetou Espanha e Portugal como expoentes, se encerrava. No século XVIII, chegava o capitalismo industrial com a liderança da Inglaterra e França, com regimes liberais burgueses, fundamentados por idéias iluministas e com um novo pensamento econômico: o liberalismo, que trazia no seu ideário as vantagens do comércio. Nesta etapa, Portugal e Espanha foram ultrapassados por não poderem fornecer a demanda de produtos industrializados que suas colônias demandavam. Tornaram-se inoperantes, inclusive para defendê-las. Isto fez com que, aliado às influências externas, como a Independência do EUA (1776) e a Revolução Francesa (1789), as colônias americanas se tornassem independentes.
O Processo de Independência na América Central.
Em 1823, a Capitânia Geral da Guatemala proclamou a independência, sendo a província de Chiapas a única que aceitou a integração ao México. Pela Constituição de 1824, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica criaram um Estado Federal, chamando-o de Províncias Unidas da América Central, com congresso bicamaral instalado juntamente com a Presidência na Cidade Guatemala. Os Estados confederados possuíam poderes Executivo, Legislativo e Judiciário completamente autônomos, deixando as oligarquias locais no controle dos territórios conforme seus interesses. Neste ambiente foi permitida a disputa entre liberais e conservadores, sendo que estes eram os antigos realistas, ainda simpatizantes da monarquia espanhola valorizando a tradição e o clericalismo. Por outro lado, os liberais visavam às mudanças políticas e econômicas, defendendo o sistema federal, enquanto negavam os laços com o passado colonial.
Os conservadores eram mais fortes na Guatemala, o que os aliou com o presidente Manuel José Arce, que foi eleito por liberais. Em 1826, estoura a guerra civil, que poupou apenas a Costa Rica, que votou pela separação provisória da Confederação. A vitória do exército liberal colocou o hondurenho Francisco Morazán como ditador, que estabeleceu reformas modernizantes, enquanto desenvolvia represálias contra os conservadores, restringindo o poder da Igreja.
O autoritarismo de Morazán desencadeou uma nova guerra civil, em 1837, o conflito foi dominado por intervenções presidenciais, nas áreas provinciais, assim como conflitos localizados. Em 1838, o Congresso tentou dar a soberania às Províncias Unidas, transferindo para o governo central o controle dos postos de alfândega. Os Estados confederados se negaram a aceitar tal imposição e, no mesmo ano, em abril, a Costa Rica abandona a Confederação, seguida pela Nicarágua e Honduras. As Províncias Unidas deixam de existir em 1839.
Ficou claro, naquele momento, segundo o historiador John Lynch, que as estruturas fortemente arraigadas não combinavam com mudanças legislativas. A substituição de tutela da Igreja pelo Estado laico encontrou resistência, a integração do índio ao sistema do liberalismo econômico não encontrou amparo na realidade, assim como a substituição do mercantilismo e do protecionismo pelo livre comércio. As mudanças prometidas pelos liberais viriam da reforma gradual, que seria a longo prazo sem benefícios imediatos.Com a descoberta do ouro, em 1840, nos EUA, a América Central entrou na área de influência estadunidense. Sem ferrovias para ligar o leste ao oeste dos EUA, a América Central tornou-se o porto de passagem mais curto para se chegar à Califórnia vindo do leste (Washington, Boston e etc.)
Isto ocorreu, porque a América Central é uma faixa de terra estreita entre os Oceanos Pacífico e Atlântico. Já se pensava naquele período (1840), na construção de um canal. Em 1849, a diplomacia estadunidense negociou com a Nicarágua a abertura de um canal, com a intenção de contrabalançar com a presença britânica na região, uma vez que a Grã-Bretanha detinha o território de Belize (o que ocorre até os dias atuais), parcela da Guatemala. 
Outra tentativa para a construção do canal foi aquela que se concretizou apenas em 1914: no Panamá, mas foi rejeitada em um primeiro instante, porém não impediu a assinatura de um tratado de amizade, navegação e comércio entre os EUA e a Nova Granada (atual Colômbia).
Grã-Bretanha e EUA decidiram, em 1850, assinar o Acordo Clayton-Bulwer, pelo qual assumiam garantias mutuas de não ocupar, colonizar, fortificar ou anexar territórios na América Central e se declaram neutros nos assuntos internos referentes aos países da região. Declaram-se, também, protetores do futuro canal interoceânico, que viria a ser construído. Este canal seria na Nicarágua, que garantia a posse de Belize para a Grã-Bretanha, não permitiria que o governo nicaragüense cobrasse impostos, haveria a imposição de tonelagem de barcos que por ele transitassem. A companhia que administrasse o canal receberia incentivos e privilégios. A Nicarágua recusa os ditames por julgá-los abusivos.
Em 1850, a Grã-Bretanha passava a negociar diretamente com os governos centro-americanos. Apesar da negativa e do não reconhecimento guatemalteco a Belize, este território é incorporado ao Império Britânico. Por outro lado, encerrasse o litígio entre Nicarágua e Grã-Bretanha, em 1894, com a arbitragem do imperador da Áustria, dando ganho ao país centro-americano. Passava a ser reconhecida, pelo governo britânico, a hegemonia dos EUA sobre a região, vista como fator promotor da estabilidade na região, principalmente garantindo as atividades e interesses comerciais de Londres e Washington.
A Definição dos Estados Nacionais e Guerras. 
Entre 1860 e 1880, o quadro político latino-americano estabilizou-se e os Estados puderam experimentar uma melhoria na sua organização. Já havia avanços na organização administrativa e a valorização das terras, que levou os governos a se dedicar à construção dos espaços nacionais. Houve a incorporação de terras indígenas e buscaram definir as fronteiras, quer pela atuação diplomática, quer pela força das armas.
A estabilidade política decorre de fatores internos e externos:
(A) Fatores Internos: esgotadas pela guerra civil, as sociedades buscaram a paz para se estabelecer. Os comerciantes mostravam vantagens sobre os demais setores da elite, uma vez que mesmo com retração econômica o setor mercantil assiste à chegada de capital e às trocas com o exterior. Este contato permitiu a observação de centros avançados de capital sobre a América Latina, que passou a buscar o acesso à tecnologia militar, que se desenvolvia nos países de economia mais avançada. O setor têxtil, metalúrgico e de alimentos também passa a ser de interesse dos países latino-americanos. A burguesia mercantil, no poder, aprimora suas forças armadas, que eram mais eficientes que aqueles grupos armados mantidos pelas oligarquias regionais e, até mesmo, locais. Estas oligarquias estavam enfraquecidas e, desta forma, foram absorvidas pela burguesia mercantil.
B) Fatores Externos: a conjuntura internacional foi favorável à América Latina. A corrida do ouro nos EUA, a partir de 1840, e o crescimento econômico dos centros capitalistas europeus abrem espaço aos produtos primários dos países latino-americanos. As financeiras européias forneceram grandes empréstimos, com a taxa de juros aceita por estes países sendo mais alta que aquela praticada pelos governos europeus, acostumados a socorrer economicamente os latino-americanos, como a Grã-Bretanha. Os investidores europeus aceitaram correr o risco, em função das excelentes perspectivas de lucros.
Os empréstimos feitos na Europa ampliavam a infra-estrutura seja urbana, seja na produção agropecuária, modernizando as forças armadas e capacitando o funcionalismo público. Mais uma vez, o poder central era fortalecido diante das oligarquias locais, que deixaram de se isolar, passando a se integrar ao sistema e, assim, colocando suas produções no mercado internacional. A construção do Estado nacional oligárquico e agroexportador, com consenso entre as elites, estava estabelecida. Ex: o Brasil do café.
Segundo Halperin Dongui, a América Latina entra em um novo estágio colonial, quando se torna fornecedora de matéria-prima e gêneros alimentícios para os centros capitalistas industrializados, enquanto importava bens manufaturados.
No interior do continente, foram ampliadas propriedades agrícolas, criando-se novas cidades e ferrovias. Superam-se os desertos populacionais e as economias isoladas. O capitalismo impulsiona desde o comércio ao setor primário. As terras passam a ser um bem precioso, sendo que na Argentina ocupa-se do fértil Pampa à menos nobre Patagônia com a eliminação da população indígena. No Brasil, houve a expansão do café no centro-oeste com a penetração no território dos atuais MT, MS e GO e em SP, além de toda extensão do Vale do Paraíba.
Esta ocupação territorial fez os governos latinos americanos promovessem a melhoria do aparelho do Estado.
Em duas ocasiões a demarcação territorial se confirma pela guerra, o que interferirá muito no destino dos derrotados: a Guerra do Paraguai (1864-1870) e a Guerra do Salitre (1879-1883), além da Guerra Hispano-Americana, que com a derrota da Espanha, propiciou o intervencionismo armado dos EUA na parcela central e sul do continente americano.
Europa
Em 1867, a Áustria e a Hungria uniram-se formando o Império Austro-Húngaro originado de ações nacionalistas, que ocorreram no Império Austríaco governado pelos Habsburgos. Os dois países eram entidades separadas em termos de constituições, governos e parlamentos separados, porém estavam sob o mesmo monarca e com ministros em comum para assuntos estrangeiros. Várias nacionalidades dentro do Império se sentiram excluídas: tchecos, eslovenos, eslovacos, sérvios, croatas e etc... A negativa dos governos da Áustria-Hungria em atender suas demandas estimula o nacionalismo, que posteriormente acarretará na dissolução do Império.
Ásia
No Extremo Oriente, o Japão iniciara a sua marcha para a modernização. O imperador Mutsushito (1852-1912) assumiu o poder e eliminaria o poder feudal no Japão. É o inicio da industrialização e da modernização, que ficou conhecida como Era Meiji. Em algumas décadas o país se tornaria a maior potência do Oriente.
Em 1870, ocorreu a reunificação italiana, unindo os vários Estados da Península Italiana. Pós-Revolução de 1848, de cunho liberal, se intensificaram os ideais italianos pela união do país. Os principais Estados dentre do então espaço italiano eram: Sardenha, Piemonte, Duas Sicílias, Lombardia, os Estados da Igreja e os ducados da Toscana e Modena. O processo de unificação foi defendida por dois grupos: Jovem Itália ( formado pela média burguesia e proletariado), que buscava um Estado republicano, e o Risorgimento (alta burguesia), que queria a monarquia liberal. Após a luta liderada pela Sardenha-Piemonte, que teve como principais atores o Conde Cavour e Giuseppe Garibaldi. O soberano dos dois territórios, Vittorio Emmanuelle I, tornou-se rei da Itália, em 1861. Houve a consolidação do Estado, em 1870, com a conquista de Roma. 
1870-1871: A Guerra Franco-Prussiana marcou o fim da hegemonia francesa na Europa. A França estava sob o reinado de Napoleão III, que já havia assistido ao fracasso de suas tropasno México sob comando austríaco. O conflito consolidou a posição de Otto von Bismarck (1815-1898), chanceler prussiano, que uniu os vários Estados do espaço alemão para combater o inimigo francês. A principal resistência francesa à Prússia estava no poder conquistado após a vitória contra a Áustria (1866) e nas tentativas de Bismarck unir os Estados do espaço alemão. Agrava a situação a candidatura da família Hohenzollern de assumir o trono espanhol, levando a França a declarar guerra. Para a surpresa de Napoleão III, os Estados do Sul da Alemanha apóiam a Prússia e a chegada dos aliados esperados pela França não ocorre, Itália e Áustria decidem pela neutralidade. A capacidade militar prussiana aliada aos armamentos modernos e ao planejamento de um estado-maior extremamente competente eram fortes oponentes à inércia francesa e a falta de comandantes capazes no Exército Francês, o que gerou uma sucessão de vitórias prussianas. 
No inicio do conflito, a França foi derrotada em três campanhas desastrosas, Napoleão III foi capturado em Sedan com suas tropas. Várias cidades francesas caiam sucessivamente, inclusive, Paris em 1871. A França abalada encerrava o governo de Napoleão III, instalando a república. A Alemanha unificou-se sob o reinado do rei da Prússia. A paz assinada em 1871 marcou a concessão da Alsácia e parte da Lorena à Alemanha, além da indenização francesa à Alemanha no valor de 5 bilhões de francos.
A humilhação imposta à França pela Alemanha gerou distúrbios em Paris, instalou-se o governo revolucionário – A Comuna de Paris – que acabava com os privilégios de classe e instaurava o ensino gratuito e obrigatório no país, além da distribuição de renda em sistema cooperativo. Após 72 dias, a Comuna era derrotada por tropas conservadoras francesas e forças de ocupação prussianas, causando a execução de mais de 20 mil revolucionários.
Américas
Entre 1879 e 1884, o Chile derrotava o Peru e a Bolívia na Guerra do Pacífico, que envolveu a posse da região do deserto de Antofagasta rica em salitre. Pelo Tratado de Valparaiso, a Bolívia entregaria ao Chile a sua única saída para o mar.
Nos anos de 1880, os mercados financeiros de Londres, Paris, Berlim e Bruxelas competiam, no âmbito europeu, para cobrir investimentos e levantar empréstimos para a Argentina, para expandir a compra de novas tecnologias a fim de aprimorar a produção de carnes e cereais. Seriam considerados duvidosos estes investimentos, se ocorressem em um período diferente daquele. Embora a produção fosse altíssima e rentável, a Argentina mergulhou em uma crise financeira e política.
 Entre 1890-1891, as dificuldades no serviço da dívida mostram que a Argentina tinha um endividamento que era três vezes o seu PIB. A casa inglesa Baring Brothers veio enfrentar dificuldades, porém o Banco da Inglaterra veio ao seu socorro evitando a falência. Em 1893, chegou-se a um acordo, conhecido por “Arreglo Romero”, que concedeu à Argentina uma moratória de 10 anos para pagar a dívida, reduzindo substancialmente os juros. As empresas estrangeiras aproveitaram a falência de empresas do país e aumentaram, principalmente, os bancos, as suas participações em áreas vitais. Inversões externas propiciaram uma rápida recuperação da economia do país.
Enquanto a crise se desenvolvia na Argentina, os banqueiros continuavam contraindo empréstimos no Brasil, com a euforia econômica produzindo uma onda de criação de novas empresas e a expansão sucessiva de meios de pagamento. Na verdade, a instabilidade política e econômica, no Brasil, se instaurou em 1891, com a queda do preço do café, com a falência de empresas sem muita solidez. As ações vendidas com ágio elevado agora não encontravam compradores por menos da metade do valor original.
Divisão do Mundo e novas ações militares
Em 1885, começava a Conferência de Berlim, que reparte grande parte dos territórios da África entre as potências européias.
Em 1894, iniciou a Guerra Sino-Japonesa pelo controle da península coreana, de posição estratégica e com reservas de minerais. O Japão, muito melhor armado, derrotou a China recebendo as ilhas de Taiwan e dos Pescadores como indenização, no final do conflito em 1895.
1899-1902: A Grã-Bretanha entrou em conflito com os territórios do Orange e Transvaal, no nordeste da atual África do Sul, dando inicio à Guerra dos Boers, descendentes de colonos holandeses que ocuparam a região, em função das suas jazidas de diamantes, ferro e ouro, anexando estes territórios no final dos combates. Em 1910, as regiões unem-se às colônias do Cabo e de Natal formando a União Sul-Africana, atual África do Sul. 
1900-1901: Insatisfeitos com a submissão da dinastia Manchu à dominação européia, nacionalistas chineses cometem atentados contra as legações estrangeiras em Beijing, deflagrando a Guerra dos Boxers. O movimento rebelde era formado no norte do país. Grã-Bretanha, França, Japão, Rússia, Itália, Império Austro-Húngaro, Alemanha e EUA organizaram uma resistência aos ataques boxers e enviaram tropas em expedição para a China a fim de derrotar o movimento. No final do embate, a China foi condenada a pagar indenizações e aceitar a política da Porta Aberta, que mantinha a integridade territorial e oferece concessões econômicas ao Ocidente.
1904-1905: Os expansionismos japonês e russo se chocam na região do Pacifico, provocando a Guerra Russo-Japonesa. Iniciou-se o conflito com a ocupação nipônica da Manchúria, região do norte da China, com solo fértil e rica em xisto petrolífero, carvão e ferro, além de avançar para o norte da região coreana. Os japoneses reagiram e derrotaram os russos. Foi a primeira vitória de um pais asiático contra uma potência européia. O Japão ascendia à condição de potência militar.
A Europa também mostrava um quadro de guerras no período. Os países dos Bálcãs e o Império Turco enfrentavam-se em dois conflitos seguidos: as Guerras Balcânicas. A primeira, em 1912, Montenegro, Sérvia, Grécia e Bulgária uniram-se para combater a presença turca na região. A Turquia saiu derrotada em todas as frentes. A Grécia recebeu as regiões de Salônica e Janina. A Bulgária e a Sérvia receberam a região de Adrianópolis. A coalizão saiu vencedora do embate, porém durante a divisão dos territórios tomados aos turcos, outro conflito foi originado, que foi conhecido como a Segunda Guerra Balcânica, em 1913. A Sérvia e a Grécia declararam guerra à Bulgária, seguidas por Montenegro, Romênia e Império Turco, mais a Rússia. A Turquia teve a oportunidade de retomar Adrianópolis. Ao enfrentar forças muito mais numerosas e armadas que as suas, a Bulgária abriu mão dos territórios ocupados na Primeira Guerra dos Bálcãs. A Grécia e a Sérvia dividiram estes territórios anteriormente conquistados pelos búlgaros. A Turquia, através da sua participação ao lado dos vencedores, manteve Adrianópolis. Como conseqüência do conflito, nasceu mais um país na região: a Albânia. A Sérvia saiu do conflito como a grande vencedora, que quase duplicou seus territórios, por outro lado o país continuava sem saída para o Mar Adriático, o que já mostrava a propensão de um ataque ao Império Austro-Húngaro, preparando o cenário para a Primeira Guerra Mundial.
 Na Rússia a situação se agravava após a derrota do país na guerra contra o Japão. Estourava a Revolução de 1905, que se originou do “Domingo Sangrento”, quando uma manifestação pacifica em São Petesburgo foi massacrada pelo Exército, gerando uma série de protestos e greves. Operários, soldados e camponeses organizaram os conselhos (sovietes). A burguesia estalava o Parlamento a Duma, em 1906.
 A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) já estava sendo desenhada em função dos conflitos que se alastraram pela Europa, fosse no âmbito internacional ou nos cenários internos. O choque de interesses imperialistas dos países europeus, aliado aos anseios nacionalistas, levou ao conflito. A disputa entre Sérvia, a grande vencedora dos conflitos dos Bálcãs, virou-se contra o Império Austro-Húngaro para reclamar a possede territórios. O estopim do conflito foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, em junho de 1914, por um nacionalista sérvio. As alianças lançam-se ao embate em toda a Europa: os Impérios Centrais (Alemanha, Império Austro-Húngaro, Bulgária e Turquia) e a Entente (França, Grã-Bretanha, Bélgica, Montenegro e Sérvia), que, posteriormente, recebeu o reforço da Romênia, EUA e Itália. 
 A guerra colocou a Grã-Bretanha como potência naval, enquanto a Alemanha batia facilmente seus adversários em terra. Por outro lado, os aliados germânicos eram derrotados na frente oriental, o que obrigou a Alemanha capitanear as ações, até 1918. Os EUA entraram no conflito auxiliando os membros da Entente, dificultando mais as ações alemãs. Em 1918, a Alemanha e seus aliados foram obrigados a capitular. 
 A paz foi concluída, em 1919, com o Tratado de Versalhes. A Alemanha, em função dos acordos, foi obrigada a reduzir suas forças para 100.000 homens, a frota naval foi suprimida e obrigada a pagar reparações de guerra. Além de ceder suas possessões na África, a Alemanha perdeu a Alsácia Lorena para a França. Poznan, a Prússia Ocidental e a Alta Silésia para a Polônia. Memel à Lituânia, Eupen e Malmedy à Bélgica. A Dinamarca recuperou o norte de Schleswig, enquanto Danzig se tornava cidade livre. A Hungria se separava da Áustria, gerando também a criação da Tchecoeslováquia. A Iugoslávia era formada sob a liderança da Sérvia.
 Em 1920, era assinado o Tratado de Sèvres, que determinava a partilha das áreas do Império Turco, na região do Oriente Médio, entre as potências vencedoras. A Grã-Bretanha tomou o Iraque, a Transjordânia e a Palestina. A Síria e o Líbano passaram a ser protetorados franceses. Era criada no mesmo ano, em Genebra, a Liga ou Sociedade das Nações, com a função de garantir a paz e a segurança mundiais.
 Enquanto a Europa se debatia em um conflito de proporções mundiais, a Rússia enfrentava seus próprios conflitos internos, que eram os reflexos das crises provocadas pela derrota para o Japão e pelo Domingo Sangrento. 
 Os gastos com a I Guerra Mundial elevaram os preços aumentando os conflitos sociais, propagando a fome e as greves nas cidades. A insatisfação chegou ao ápice em 1917, na Revolução de Fevereiro, quando tropas do Exército Russo se negaram a marchar contra uma manifestação popular em Petrogrado. A burguesia disputava o poder na Duma com o Partido Operário Social-Democrata Russo, que estava dividido entre os bolcheviques ( que pregavam a tomada do poder) e os mencheviques (que querem a revolução gradual através de reformas). 
 Enfraquecido pelos distúrbios e pelas derrotas militares em dois conflitos, o czar Nicolau II abdicou, levando os mencheviques a estabelecer a república na Duma, liderada por um liberal, o príncipe Lvov. Após o fracasso na I Guerra Mundial, ele foi substituído por um socialista moderado: Aleksandr Kerenski. A oposição bolchevique começou a ser reforçada e Leon Trotsky, líder do soviete de Petrogrado, criou a Guarda Vermelha, formada por operários e soldados rebeldes. Lênin, que estava na Finlândia, voltou e incitou os sovietes a tomar o poder, o seu lema era “Pão, paz e terra” e “Todo o poder aos sovietes”. 
 Começava a ser propagada a Revolução Bolchevique. Em 25 de outubro (7 de novembro) a resistência de Kerenski era vencida, com a vitória dos bocheviques que instituíram os Conselhos dos Comissariados do Povo, presidido por Lênin. Trotsky assumiu a liderança do Comissariado das Relações Exteriores e Josef Stalin o das nacionalidades.
 Os bolcheviques mudaram o sistema político e econômico concedendo terras aos camponeses, dando o controle das fábricas aos operários, além de expropriarem as indústrias e nacionalizarem bancos. Moscou passava, em 1918, a ser a capital, enquanto era decidido o fuzilamento da família real. Os bolcheviques defenderam a saída da Rússia da guerra, o que ocorreu em 1918, com a paz assinada em separado com a Alemanha, com o Tratado de Brest-Litovsk. Entre as imposições feitas pela Alemanha à Rússia estavam a entrega da Finlândia, Polônia e Ucrânia, que seriam perdidas em 1919, com a derrota germânica na I Guerra Mundial.
 Entre 1918 e 1921, os contra-revolucionários (mencheviques e aristocratas), conhecidos como russos brancos, combateram os bolcheviques. Tropas estrangeiras colaboram com o esforço de guerra dos russos brancos. Grã-Bretanha, França, Japão, EUA e Polônia tomam parte do conflito. Era a fase da Guerra Civil.
 A revolução consolidava-se, Trotsky organizou o Exército Vermelho, que derrotou os russos brancos e as tropas estrangeiras. Em 1921, com a vitória na guerra civil, Lênin estabeleceu a NEP (Nova Política Econômica), misto de economia de mercado e projeto de socialista, visando reconstruir a economia, destruída por anos de guerra. Foi permitido a criação de empresas privadas e comércio. Era formada, em 1922, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), que buscava manter unidos os territórios o Império Russo. A morte de Lênin, em 1924, o poder passou a ser disputado entre Trotsky e Stálin. O primeiro defendia a ampliação da revolução em outros países, enquanto que Stálin queria implantar o socialismo na URSS apenas. A vitória foi de Stálin que estabelece o regime conhecido como stalinismo. 
 Na Grã-Bretanha, o IRA (Exército Republicano Irlandês), fundado na clandestinidade, como braço armado do Sinn Fein, partido nacionalista irlandês, passava a combater tropas britânicas, contra o domínio inglês no Ulster (Irlanda do Norte). Em Dublin, as tropas inglesas atiram contra uma multidão de irlandeses, matando 12 pessoas, gerando o episódio conhecido como Domingo Sangrento. O fato ocorreu em meio uma onde de violência na tentativa inglesa de submeter a Irlanda, que foi respondido pelo Sinn Fein e IRA. Em 1922, era proclamado o Estado Livre da Irlanda, atual Republica da Irlanda (EIRE) 
Havia a pendência da área do Chaco, com uma extensão de 600.000 quilômetros quadrados, que tocava a borda dos Andes, vindo da Amazônia e encontrava o Pampa. O problema residia na confusa definição de fronteiras. Em 1913, havia a perspectiva de uma divisão pacifica do Chaco, porém nos anos 1920, um pedido da Bolívia à Liga das Nações, requerendo uma saída para o oceano, foi recusado. Na tentativa de cortar caminho para o Atlântico, cruzando a área de conflito, para chegar ao Rio Paraguai, os bolivianos afrontaram o governo paraguaio.
 Ao mesmo tempo, companhias exploradoras começaram a suspeitar da existência de petróleo na região em litígio, o que agravou as disputas. As situações políticas internas não conseguiam estabelecer um diálogo em direção à paz. As eleições bolivianas elegeram Daniel Salamanca, em 1930, que não tardou em culpar “a propaganda comunista estrangeira” pela situação conturbada que reinava no seu país. Incapaz de apaziguar o conflito social e político que evoluía na Bolívia, direcionou a atenção da população para a questão do Chaco. Em 1932, vários setores da sociedade boliviana se manifestaram contra a guerra que se pronunciava.
 Por sua vez, o Paraguai estava convencido que a Bolívia adquirira enormes quantidades de armamentos, assim tomou a iniciativa dos combates. Sem encontrar um adversário aguerrido, o Exército Paraguaio derrotou o oponente boliviano, que aceitou as derrotas, em 1935, através da assinatura do Tratado de Buenos Aires, pelo qual a Bolívia entregava 225.000 quilômetros quadrados do seu território do Chaco ao Paraguai. 
 Nos dois países, governos de tendências fascistas chegaram ao poder, em 1936. Na Bolívia, José David Toro e, no Paraguai, o General Rafael Franco, que derrubou o seu antecessor através de um golpe de estado. Em ambos, sentia-se uma debilidade econômica muito forte, acompanhada por ditaduras que se empenhavam em reconstruir a vida política nacional, respondendo com a força às mobilizações sociais, que viam como uma ameaça a seus governos.
 O conflito do Chaco, que foi finalizado formalmente, somente na segundametade da década de 1930 atraiu para a América do Sul um grande número de mercenários: alemães, tchecos, espanhóis e chilenos, lutaram ao lado dos bolivianos, enquanto franceses, britânicos, russos brancos serviram aos paraguaios. O total de mortos foi de 100.000.
Os conflitos periféricos (1931-1938)
Em 1931 iniciou-se a primeira de uma série de guerras regionais, que conduziriam à Segunda Guerra Mundial e que possuíam características comuns: foram desencadeadas ou fomentadas pelos países do Eixo. A debilidade da economia japonesa fez com que o país fosse duramente atingido pela crise de 29 e pelo protecionismo comercial dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França. Com a radicalização dos conflitos sociais internos, acelerou-se por parte do exército a aplicação do Plano Tanaka, que visava a conquista do norte da China, Sibéria e das colônias européias do Sudeste Asiático (a zona ou esfera de co-prosperidade da Grande Ásia Oriental).
A Manchúria foi invadida em setembro de 1931 e o Jehol em 1933. Nestas regiões o Japão criou uma monarquia dependente, o Manchukuo, coroando o último imperador chinês da dinastia Manchu, Pu-Yi, como monarca. Esta região era rica em minérios e possuía grandes potencialidades agrícolas, além de ser pouco povoada. Era a primeira etapa do Plano Tanaka, pois a Manchúria estava estrategicamente localizada entre a Sibéria, a Mongólia e o restante da China, além de ligada diretamente ao Japão através da Coreia. A invasão da Manchúria representava também um balão de ensaio, uma provocação destinada a testar a reação da LDN (da qual a China era membro) e dos Estados Unidos, para o prosseguimento da expansão japonesa. A LDN protestou timidamente, enquanto Chang Kai-Chek foi obrigado a aceitar este fato consumado, devido às reticências de seus aliados e à guerra civil chinesa.
O presidente Hoover considerou que a invasão japonesa era útil aos Estados Unidos para “manter a ordem e impedir a bolchevização da China”, o que levou ao abandono do sistema estruturado pela Conferência de Washington. Esta atitude instigava implicitamente Chang Kai-Chek a concentrar seus esforços contra os comunistas chineses e não contra os japoneses. A ofensiva do KMT contra o Partido Comunista da China (PCC) levou então Mão Zedong (Mao Tsé-Tung) a empreender a Longa Marcha em 1935, do sul até o norte do país (Chen-Si), para escapar ao cerco e à aniquilação. Paralelamente, a situação europeia tornava-se mais tensa com a ascensão de Hitler ao poder. A Alemanha, aplicando uma versão autoritária do keynesianismo, reativou as indústrias, montou um grande exército moderno e iniciou ousadas jogadas diplomáticas, destruindo o Tratado de Versalhes e ocupando países e regiões vizinhas sem maiores dificuldades. Como isto foi possível a uma potência que se encontrava em profunda estagnação econômica e em tão curto espaço de tempo?
Na verdade, o rearmamento alemão já começara na primeira metade dos anos 20, pois a Alemanha de Weimar contou com o apoio da URSS para burlar o Tratado de Versalhes (através do Tratado de Rapallo). Na segunda metade dos anos 20, os créditos necessários ao reerguimento da indústria bélica alemã vieram dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Em 1932, o fracasso das conversações sobre o desarmamento em Genebra significou, na realidade, um aprofundamento da política das potências ocidentais em permitir o rearmamento alemão, ainda antes de Hitler chegar ao poder. Com que propósito?
Segundo o historiador Alexandre Roche, os mercadores de canhões, como Krupp (alemão) e Schneider (francês), ou da indústria do aço e carvão, como Thyssen (alemão) e De Wendel (francês), buscavam apoios em ma Europa tensa, já antes de 1929. Neville Chamberlain e Lord Halifax, expoentes de um grupo do Partido Conservador britânico, juntamente com o casal Astor, organizaram o chamado grupo de Cliveden, que articularia politicamente um cartel do aço e do carvão em escala internacional. Segundo este grupo, a Grã-Bretanha não resistiria a outra luta fratricida europeia.
Era necessário criar uma frente de potências capitalistas, onde o Império britânico e a França exerceriam seu poder no mundo colonial e à Alemanha caberia a tarefa de controlar a Europa centro-oriental, o que implicaria na possível destruição do Estado soviético e da agitação esquerdista no continente. O apoio desses políticos e industriais a Hitler foi decisivo quando as opções políticas se esgotaram na Alemanha em crise, no início dos anos 30. Foram eles os principais mentores da chamada política de apaziguamento, que permitiu aos nazistas ampliarem o território e o poder militar-industrial da Alemanha sem encontrar resistência séria.
Com a ascensão de Hitler, a Reichswehr (o exército alemão do Império e da República de Weimar) se transformou na Wehrmacht (o exército da Alemanha nazista). A forma como o Alto Comando estruturou o pequeno exército de Weimar fez com que este fosse o núcleo de um grande exército.
A concentração de oficiais permitiu que cada companhia se transformasse em um batalhão, cada batalhão num regimento, este em divisões, e estas em exércitos, com a incorporação de milícias paramilitares. Toda a estrutura estava preparada para este salto qualitativo. Mesmo na República de Weimar, os militares alemães constituíram um verdadeiro Estado dentro do Estado e uma força política decisiva. Paralelamente, eram encerrados em campos de concentração ou mortos os elementos ligados às correntes antifascistas, personalidades destacadas exilavam-se, os judeus eram perseguidos e o obscurantismo dominava a vida cultural.
Em 1935 a região do Sarre com seus grandes recursos econômicos foi incorporada à Alemanha, foi instituído o serviço militar obrigatório e permitida a expansão da marinha alemã até 35% da inglesa, através do Acordo Naval Anglo-Germânico. No ano seguinte a Renânia foi remilitarizada e iniciou-se a construção da Linha Sigfried. O sistema de Versalhes desmoronava com o consentimento das potências Ocidentais. Mas o avanço da direita internacional e do fascismo não foi, entretanto, tão tranqüilo como aparentava. Na Alemanha, seria necessário um expurgo dentro do próprio Partido Nazista em junho de 1934, a Noite das Longas Facas, um massacre no qual os líderes mais ligados aos setores populares foram eliminados (o Partido, para viabilizar a aliança com a elite econômica, se tornava mais nacional e menos socialista), e o esmagamento completo da oposição antifascista. Neste mesmo ano fracassou um golpe fascista na França, enquanto na Áustria os nazistas assassinavam o ditador fascista católico Dollfus, sendo, todavia, impedidos de tomar o poder por Mussolini e pelo Papa.
Em outubro de 1935 a Itália invadiu a Abissínia (atual Etiópia) a partir de suas colônias na Eritréia e Somália. A LDN, da qual a Abissínia era membro, além dos tradicionais protestos verbais, aprovou um embargo comercial à Itália, por pressão de Londres, pois o controle da região por Mussolini poderia ameaçar os interesses petrolíferos britânicos no Oriente Médio. O embargo constituía apenas uma pressão limitada para impedir novos ímpetos expansionistas de Roma, pois nada de concreto foi feito para defender o país agredido. A dificuldade na conquista do país (só completada em maio de 1936), apesar da desproporção de forças, evidenciou a fragilidade do fascismo italiano e católico. A guerra na África oriental serviu para enterrar a política da Conferência de Stresa (na qual Londres e Paris procuraram atrair Roma e afastá-la de Berlim), pois Mussolini aproximou-se de Hitler para fazer frente ao embargo britânico, criando o Eixo Roma-Berlim em 1936.
Neste mesmo ano, as frentes populares (coalizão de partidos antifascistas proposta pela Komintern, reunindo os liberais e a esquerda) venceram as eleições na França e na Espanha. Além disso, Roosevelt e o Partido Democrata dos Estados Unidos, com apoio dos interesses judaicos (preocupados com o fortalecimento dos nazistas “ideológicos” - Hitler, Himmler, e Bormann) reagiram contra a política deconivência com o nazismo. Na Grã-Bretanha, Churchill (ligado à City e à Royal Navy), com parte do Partido Conservador e o Partido Trabalhista, opuseram-se à colaboração com Hitler. As dificuldades cresciam para a política de apaziguamento defendida pelo Grupo de Cliveden.
Em julho de 1936, o general Franco, na Espanha, sublevou-se contra a República, com o apoio da ala reacionária do exército, da Igreja Católica e dos grandes proprietários rurais. Itália e Alemanha forneceram um apoio logístico decisivo para o desencadeamento do golpe. A população reagiu ao golpe fascista, que visava destruir os sindicatos, os partidos de esquerda e a democracia liberal, devendo estar concluído em uma semana. Em lugar disto, a Guerra Civil durou quase três anos, impedindo Franco de ajudar Hitler na Segunda Guerra Mundial. Com o aprofundamento do conflito na Espanha, a Alemanha começou a estruturar alianças internacionais e a tentar tirar proveito da política de apaziguamento, nesta conjuntura difícil, através de uma postura anticomunista. Em novembro de 1936 assinou com o Japão o Pacto Anti-Komintern (colaboração na luta contra a URSS e a Internacional Comunista), a qual, juntamente com o Eixo Roma-Berlim, embasaria a aliança fascista, o Eixo (a Espanha uniu-se ao Pacto em 1939).
A Guerra Civil Espanhola constituiu um exemplo das misérias e grandezas da época. A luta encarniçada entre espanhóis envolveu outros povos, para os quais se tratava de uma luta entre o fascismo e a democracia. A República recebeu apoio material da URSS e a Internacional Comunista organizou os voluntários de todas as origens nacionais e ideológicas antifascistas nas Brigadas Internacionais (15 mil homens aproximadamente). Franco, por sua vez, foi apoiado pela Legião Condor alemã (10 mil soldados) com aviação e blindados modernos, pelo Corpo Expedicionário Italiano (120 mil soldados), além de centenas de fascistas de outros países. Assim, houve combates entre brigadistas alemães e italianos contra seus conterrâneos fascistas. Além disso, Franco recebeu apoio estratégico de Portugal, petróleo de empresas americanas e foi favorecido indiretamente pela política anglo-francesa de não intervenção. Apesar da vitória franquista em março de 1939, o conflito demonstrou a importância da resistência ao avanço político e militar do fascismo.
Em 1937, entretanto, a crise econômica mundial voltou a se intensificar, depois de uma efêmera recuperação. O boicote de Chang Kai-Chek aos produtos made in Japan e a proposta de Mao Zedong para a formação de uma aliança antijaponesa entre o PCC e o KMT (com uma trégua na guerra civil), aliados ao recrudescimento da crise, levaram o Japão a invadir o restante da China em 1937. A cidade de Xangai foi bombardeada pela aviação japonesa, com milhares de vítimas. A grande ofensiva nipônica em 1937-38 permitiu a conquista do litoral do país e do baixo e médio vale dos rios Huang-Ho e Yang Tsé-Kiang.
Esta região, embora menor que a controlada pelo KMT (que recebia apoio financeiro e militar não oficial dos Estados Unidos), era mais povoada e economicamente desenvolvida, abrigando as cidades mais importantes e a rede de transportes. Os japoneses, que haviam longamente preparando alianças no país, criaram um governo colaboracionista em Nanking, dirigido pelo número dois do KMT, o general Wang Ching-Wei. A partir de então a frente estabilizou-se, ocorrendo somente escaramuças entre o KMT e o exército nipônico. Nas áreas ocupadas, desenvolveram-se guerrilhas defensivas, lideradas ou instigadas, sobretudo pelos comunistas. Assim, a atual China abrigava quatro governos: o Manchukuo no nordeste e o de Nanking no litoral (ambos pró-japoneses), o do Kuomintang no sul (capital em Chunking) e o comunista no norte (Yenan).
No dia 1º de setembro de 1939 a Wehrmacht invadiu a Polônia, empregando a Blitzkrieg, ou guerra-relâmpago. Esta foi eficaz mais por demérito do adversário que por méritos próprios, na medida em que o governo polonês abandonou o país no dia 19, deixando atrás de si uma resistência obstinada, mas descoordenada e sem recursos. Mesmo assim, os alemães levaram um mês para controlar o país. No dia 17 as forças soviéticas cruzaram a fronteira e ocuparam as regiões do leste, majoritariamente povoadas por bielo-russos e ucranianos. Curiosamente, durante os oito meses que se seguiram ao início da guerra, as tropas franco-britânicas permaneceram praticamente inativas na fronteira ocidental da Alemanha, no que ficou conhecido como drôle de guerre (guerra estranha ou engraçada) ou Sitzkrieg (guerra sentada ou parada), inclusive em setembro de 1939 e abril de 1940, quando o exército alemão encontrava-se combatendo na frente polonesa e escandinava, respectivamente. Durante este período, a mobilização militar aliada foi apenas parcial e projetos franceses de aviões e tanques modernos permaneceram arquivados. Era como se a verdadeira guerra ainda não houvesse começado.
Atentos a estes “não acontecimentos”, os soviéticos procuraram controlar as repúblicas fascistas da Lituânia, Letônia e Estônia, que pertenciam à sua esfera de influência de acordo com o Pacto Nazi-Soviético, através de pactos de defesa que permitiam a instalação de bases e tropas em seus territórios. A mesma estratégia fracassou em relação à Finlândia (que foi apoiada pelas potências ocidentais), produzindo-se uma guerra entre os dois países no inverno de 1939-40, vencida pelos soviéticos com extrema dificuldade. Ao preparar uma força para desembarcar na Noruega, como elemento de pressão em apoio aos finlandeses, bem como de controle das jazidas de ferro suecas, a Inglaterra levou Hitler a acelerar seus planos de invasão da Escandinávia. Em abril de 1940 a Alemanha ocupou a Dinamarca e a Noruega, enquanto a Inglaterra ocupava a Islândia, colônia dinamarquesa.
No dia 10 de maio de 1940 os alemães atacaram a Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo e a França, utilizando o velho Plano Schlieffen, agora executado com a Blitzkrieg, enquanto Churchill assumia o poder na Inglaterra, com uma postura mais combativa em relação ao III Reich. A queda dos pequenos países foi rápida, com a Wehrmacht contornando a Linha Maginot pelo norte e encurralando os ingleses em Dunquerque, os quais foram evacuados por mar para a Inglaterra, sem que os alemães pudessem realmente impedi-los.
A segunda fase da campanha, a Batalha da França, evidenciou a política que vinha sendo seguida pelos conservadores franceses, que não ofereceram uma resistência muito forte à Hitler. Pareciam mais preocupados que em conter a oposição esquerdista, desmantelar as conquistas sociais da Terceira República e buscar algum acordo com a Alemanha, minimizando a derrota.
O velho marechal Petáin assumiu o poder e rendeu-se aos alemães, que consentiram com a instalação de um governo fascista francês em Vichy, o qual, sintomaticamente, foi reconhecido pelos EUA e pela URSS. Enquanto isto, o general De Gaulle evadia-se para o exterior e passava a organizar a resistência dos chamados Franceses Livres.
Em lugar de atacar a Inglaterra, tarefa impossível face à superioridade naval inglesa e ao apoio dos Estados Unidos (ainda formalmente neutros) a este país, Hitler optou por bombardeá-la, visando enfraquecê-la, enquanto preparava a invasão da URSS. Os ataques aéreos alemães apoiavam-se na teoria do bombardeio estratégico, criada pelos próprios ingleses durante a Primeira Guerra Mundial, e que consistia em destruir a infraestrutura do adversário com bombardeiros de grande raio de ação e atemorizar a população, quebrando a capacidade de resistência. A capacidade aérea dos alemães se revelou limitada, o que também ocorreria com sua campanha submarina no Atlântico, com vistas a revidar o bloqueio naval inglês.
Enquanto os britânicos enfrentavam os italianos na Grécia e no norte da África, os alemães intervieram nos Balcãs, como preparação à invasão da URSS. Berlim conseguiu assinar acordos diplomático-militares com os países balcânicos, mas um golpe de Estado antifascista na Iugoslávia e as debilidadesitalianas obrigaram Hitler a invadir a Iugoslávia (que foi desmembrada) e a Grécia, além de enviar tropas à África em socorro de Mussolini. As dificuldades encontradas pelos pára-quedistas alemães para conquistar Creta, a queda das colônias italianas no leste da África e das francesas no Oriente Médio (Síria e Líbano, controladas pelo regime de Vichy) frente aos aliados, a derrubada do governo germanófilo da Pérsia, bem como o fracasso do levante contra os britânicos de Rachid Ali no Iraque, destruíram os planos alemães para a região.
As façanhas do Afrika Korps, liderado pelo general Rommel, jamais ameaçaram verdadeiramente o canal de Suez. Além do atraso na invasão da URSS que estas operações implicaram, as negociações tentadas por Rudolf Hess junto à liderança inglesa nesta oportunidade, buscando um compromisso político para facilitar a operação anti-soviética em articulação pela Alemanha (evitando uma guerra em duas frentes), também fracassaram.
A guerra total e mundial
Apesar disso, o III Reich podia dispor da economia de toda a Europa (exceto a Inglaterra), integrada à sua indústria, o que lhe propiciou a capacidade de mobilizar um imenso e bem aparelhado exército, apoiado nos recursos humanos e materiais de todo o continente (inclusive de países neutros). Assim, no dia 22 de junho de 1941, tropas alemãs, húngaras, romenas e finlandesas desencadearam a Operação Barbaroxa, uma gigantesca invasão da União Soviética em três eixos: Leningrado, Moscou e Kiev. Iniciava-se assim a guerra total, com a completa mobilização dos recursos dos beligerantes e a não distinção entre alvos civis e militares.
Embora a resistência encontrada fosse considerável, Stalin não realizara os preparativos necessários, e os alemães avançaram rapidamente, cercando Leningrado por 900 dias e tomando Kiev, mas esbarrando na bem-sucedida contra-ofensiva soviética frente a Moscou em novembro (a primeira derrota militar alemã na guerra). Mais do que ao frio, a vitória soviética deveu-se à motivação dos soldados e, principalmente, à capacidade organizativa da URSS, que transferiu indústrias para a Sibéria e mobilizou a população, deitando por terra a previsão alemã de encontrar um povo apático e um regime desacreditado. Pelo imenso volume de recursos humanos e materiais empregados na frente leste, a guerra na Europa constituía principalmente um conflito terrestre entre o III Reich e a URSS, travado dentro do território desta última, a um custo incrivelmente elevado. Desde a invasão alemã, Churchill e Stálin começaram a discutir uma aliança anglo-soviética, que se formalizaria, posteriormente, com a adesão dos Estados Unidos, após sua entrada na guerra.
Paralelamente, os Estados Unidos e seus aliados na Ásia estabeleceram um bloqueio econômico ao Japão, para impedi-lo de atacar a URSS, pois a derrota deste país daria à Alemanha um poderio insuperável, tanto em recursos como no controle da massa continental eurasiana, a Heartland das teorias geopolíticas. Além disso, para Washington o Japão era o inimigo principal e chegara a hora de atraí-lo para o confronto definitivo. Com sua reserva de petróleo chegando a um nível crítico e com todas suas propostas de acordo sendo recusadas pelos anglo-saxões, os japoneses não tiveram alternativa, senão atacar, o que era esperado pelos norte-americanos. Por outro lado Roosevelt, diante de uma opinião pública pacifista e da oposição dos políticos isolacionistas, precisava de uma justificativa para entrar na guerra.
O traiçoeiro ataque a Pearl Harbor deu-lhe a justificativa de que necessitava, com amplo apoio interno. Assim, a guerra tornava-se mundial, com a participação de todas as grandes potências. A guerra no Pacífico constituía essencialmente um conflito aeronaval, onde a capacidade tecnológica e industrial é decisiva. Considerando-se que quando o conflito iniciou o PIB dos Estados Unidos era de 70 bilhões de dólares e o do Japão de apenas 6, depreende-se que este país não tinha reais chances de vitória.
Nos seis meses seguintes a Pearl Harbor os japoneses ocuparam alguns arquipélagos do Pacífico e as colônias européias do Sudeste Asiático, chegando até a fronteira da Índia. Nestes territórios Tóquio implantou a Esfera de Co-prosperidade da Grande Ásia que, apesar de propagava uma missão asiática libertadora contra o imperialismo branco, constituía essencialmente um mecanismo de pilhagem dos recursos da região para sua indústria bélica.
Com a perda da maioria de seus porta-aviões e a batalha de Guadalcanal (que durou vários meses), seguiu-se um período de estagnação, que só se encerrou em julho de 1943, quando os Estados Unidos passaram à ofensiva, ocupando seletivamente apenas um corredor de ilhas estratégicas em direção ao Japão e ao continente asiático. Ou seja, durante a maior parte da guerra, apenas em algumas fases e regiões ocorreram conflitos intensos na Ásia-Pacífico.
Na Europa, os alemães avançaram, em 1942, em direção a Stalingrado e ao Cáucaso, produtor de petróleo, atingindo o máximo de sua expansão no final do ano. Nos territórios sob seu controle, os nazistas implantaram sua nova ordem, calcada na exploração intensiva dos recursos econômicos e das populações locais e numa repressão intensa, em cooperação com boa parte das elites dos países dominados. Campos de concentração e, logo, de extermínio consumiram a vida de milhões de russos, judeus, poloneses e iugoslavos, entre outros, além dos que morreram fora deles por inanição, trabalho escravo, epidemias e extermínio puro e simples. Os povos dominados reagiram organizando movimentos de resistência, sabotagens e guerrilhas, levando os alemães a desencadear sangrentas punições coletivas, particularmente severas contra os eslavos.
Desde o início, entretanto, a resistência esteve dividida em grupos nacionalistas-conservadores, interessados em restaurar o status quo ante, e organizações de esquerda, geralmente lideradas pelos comunistas (dominantes no Mediterrâneo e nos Balcãs), que aliavam as tarefas de libertação nacional com as de transformação social, os quais se fortaleciam cada vez mais ao longo da guerra.
Em Stalingrado, travou-se durante o inverno de 1942-43 a maior batalha da guerra, envolvendo um milhão e setecentos mil soldados, numa luta casa por casa que resultou na completa derrota dos alemães com o cerco e a rendição de seu VI Exército. Com a simultânea vitória inglesa em El Alamein, no norte da África, o III Reich passou definitivamente à defensiva. Em julho de 1943, ocorreu a batalha de Kursk, no sul da Rússia, a maior de tanques da história, colocando frente a frente os Tigres alemães e os T-34 russos, com nova vitória do exército soviético. Este passou então à ofensiva ininterrupta, apesar das enormes baixas causadas pela encarniçada resistência dos alemães, que praticavam uma política de terra arrasada em sua retirada.
Enquanto isto os anglo-americanos, que auxiliavam materialmente os soviéticos, bombardeavam intensivamente as cidades e transportes alemães, empregando sua aviação estratégica (fortalezas voadoras). É importante ressaltar, entretanto, que estes bombardeios afetaram limitadamente a capacidade militar da Alemanha, que descentralizou suas indústrias e continuou mantendo uma produção elevada, a qual atingiu o auge no segundo semestre de 1944.
No plano diplomático, as vitórias do Exército Vermelho e o recuo contínuo dos alemães na frente leste criaram uma situação política mais definida. As negociações entre os aliados da coalizão antifascista formalizaram-se numa série de conferências, em que foi acertada uma estratégia comum para a derrota do Eixo e começaram a ser discutidos alguns problemas da reorganização européia do pós-guerra. Entretanto, paralelamente a estes eventos, intensifica-se a diplomacia secreta, sem a qual é impossível compreender certos acontecimentos, político-militares da guerra. Esta diplomacia secreta foi, na verdade, uma continuação das ambigüidades da diplomacia triangular, e que não foram interrompidas mesmo durante a fase de expansão

Outros materiais