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Apostila Portugues Instrumental - Martins, 2016

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Prévia do material em texto

Neiva Francenely Cunha Vieira 
Adriana Regina Dantas Martins 
 
 
 
PORTUGUÊS INSTRUMENTAL 
 
 
 
 
 
Endereço: 
Editora FGF 
Avenida Porto Velho, 401 – Bairro João XXIII 
Fortaleza – CE – CEP: 60.525-571 
 
Email: editorafgf@fgf.edu.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2016 
 
 
M379p MARTINS, Adriana Regina Dantas. 
 Português instrumental / Adriana Regina Dantas Martins. 
 – Fortaleza: FGF, 2016. 
 105 p. : Il. 
 
 ISBN 978-85-8467-023-9 
 
1. Português. 2. Redação. 3. Estudo e ensino. 4. Título. 
 
 
 
 CDD: 371.422 
 
SUMÁRIO 
OBJETIVO..................................................................................................................... 01 
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 02 
UNIDADE 1: LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO................................................................. 03 
Tema 1: Elementos da Comunicação............................................................................. 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
04 
04 
04 
05 
06 
07 
08 
Tema 2: Funções da Linguagem.................................................................................... 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
09 
09 
10 
11 
16 
17 
23 
Tema 3: Variação Linguística......................................................................................... 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
24 
24 
25 
26 
28 
29 
35 
Tema 4: Leitura e níveis de leitura: o texto verbal e o texto visual................................ 
 Os Textos................................................................................................................. 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
36 
36 
38 
39 
41 
41 
47 
Tema 5: Tipologias, gêneros textuais e intertextualidade.............................................. 
 Os Textos................................................................................................................. 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
48 
48 
50 
51 
56 
56 
59 
UNIDADE 2: LINGUAGEM E USO.................................................................................... 60 
Tema 1: Coesão e coerência.......................................................................................... 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
61 
61 
62 
62 
66 
66 
70 
Tema 2: Nova ortografia............................................................................................... 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
71 
71 
72 
72 
75 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
75 
76 
Tema3: Concordância nominal e verbal....................................................................... 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
77 
77 
78 
78 
82 
82 
84 
Tema 4: O uso da escrita............................................................................................... 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
85 
85 
86 
87 
89 
89 
91 
Tema 5: Estudos do Texto............................................................................................. 
 O Texto.................................................................................................................... 
 O Contexto............................................................................................................... 
 A Teoria.................................................................................................................... 
 Resumo.................................................................................................................... 
 A Prática................................................................................................................... 
 Referências.............................................................................................................. 
92 
92 
93 
94 
95 
95 
100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivo 
 
O módulo visa trabalhar as particularidades da Língua Portuguesa em 
diferentes contextos sociais, suscitando no aluno a curiosidade de conhecer as 
nuances da língua. É objetivo também capacitar o estudante a interagir, por 
meio da linguagem, nas modalidades de leitura, escrita e comunicação em 
diferentes níveis de linguagem, podendo assim ter acesso as diferentes 
instâncias sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01 
Introdução 
Sejam bem vindos ao módulo de Português Instrumental. Esse módulo 
está dividido em duas unidades. Na unidade I, Linguagem e Comunicação, 
você terá a oportunidade de estudar as nuances e particularidades da 
linguagem dentro do complexo da comunicação e da interação social. Você 
será capaz de compreender como a linguagem se adapta nos diferentes 
contextos sociais considerando as variações linguísticas de cada interagente. 
Também irá estudar as particularidades e níveis de leitura em diferentes tipos e 
gêneros textuais. 
Na unidade II, Linguagem e uso, o foco está no uso da linguagem 
considerando aspectos estruturais de uso, tanto na leitura interpretativa como 
na escrita. Estudar esses aspectos permite ao estudante refletir de forma critica 
sobre a linguagem e como esse conhecimento pode levá-los a interagir em 
instâncias sociais diversas. 
Esse material está organizado em duas unidades com 5 temas cada. 
Para organizar melhor a leitura e estudo cada tema está dividido em 4 
subtópicos: o texto, o contexto, a teoria, a prática. O texto: mostra a linguagem 
em uso dentro de um gênero; o contexto: discute os pontos relacionados ao 
tema e o contexto interativo; a teoria: é a parte estrutural do assunto e as 
explicações de forma micro e macro; a prática: é o momento de treinar tudo o 
que foi estudado nos outros tópicos. 
 
Desejo a todos bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
02 
 
Unidade I 
Linguagem e comunicação 
Objetivos 
 Estudar os aspectos comunicativos da linguagem, reconhecendo suas 
particularidades; 
 Perceber que a comunicação acontece em diferentes modalidades e 
instâncias sociais; 
 Reconhecer criticamente cada uma das instâncias sociais em que a 
comunicação acontece. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
03 
 
 Tema 1 
Elementos da comunicação 
Objetivos 
� Conhecer os diferentes níveis de linguagem; 
� Reconhecer os elementos da comunicação e sua importância no processo 
comunicativo. 
O TEXTO 
Com duas pessoas eu já entrei em comunicação tão forte que deixei de existir, 
sendo. Como explicar? Olhávamo-nos nos olhos 
e não dizíamos nada, e eu era a outra pessoa e a 
outra pessoa era eu. É tão difícil falar, é tão difícil 
dizer coisas que não podem ser ditas, é tão 
silencioso. Como traduzir o profundo silêncio do 
encontro entre duas almas? E dificílimo contar: 
nós estávamos nos olhando fixamente, e assim 
ficamos por uns instantes. Éramos um só ser. 
Clarice Lispector, in Crônicas no 'Jornal do Brasil (1971)' 
http://www.portugues.com.br/upload/conteudo/images/a-funcao-fatica-ocorre-quando utilizamos-
linguagem-para-manter-contato-com-destinatario-mantendo-nos-assim-conectados-durante-comunicacao-
542aff6f257b9.jpg 
 
 
1. De acordo com o texto o que é comunicação? 
2. Interprete o sentido metafórico das antíteses utilizadas no texto: 
[...] deixei de existir x sendo (linha 2) 
[...] dizer coisas x não podem ser ditas (linhas 4 e 5) 
 
O CONTEXTO 
 
A comunicação é um processo social, que acontece por meio de uma 
linguagem e que culmina na transmissão, decodificação e significação de uma 
mensagem. A linguagem segundo Koch (1997, p.9) “é um local de interação 
que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos 
tipos de atos”, atos esses que estabelecem vínculos. A comunicação é um 
processo complexo, que requer dos interlocutores (locutor/receptor; 
ouvinte/leitor) certo grau de comprometimento e conhecimento compartilhado. 
04 
No trecho de Clarisse Lispector, há um envolvimento entre os participantes, a 
ponto de um “ser o outro”, podemos nomear esse fenômeno como sintonia. 
A sintonia acontece quando há a captação do sentido, ou seja, o 
entendimento “do que o outro quis dizer”, para isso é importante que os 
interlocutores “saibam empregar com adequação os recursos da língua na 
produção de textos, de acordo com a situação específica de comunicação, que 
é muitas vezes bem diversa” (SARMENTO, 2012, p. 21). 
Essa diversidade está relacionada a diferentes contextos em que a 
linguagem é utilizada para cumprir um propósito comunicativo, por isso, que é 
preciso muito mais que conhecimento linguístico para interagir, é necessário 
uma atitude ativa de estabelecer relações entre os elementos do texto e do 
contexto para construir sentido. É importante lembrar que esse “sentido” pode 
ser negociável, plásticode acordo com o conhecimento prévio e intenção de 
cada interlocutor. 
 
A TEORIA 
 
Alguns elementos fazem parte da dinâmica comunicativa são eles: 
 
a) Emissor ou remetente: é o que envia a mensagem. Pode ser uma única 
pessoa ou um grupo, por exemplo: uma empresa, um sindicato, uma emissora 
de rádio ou televisão, uma escola etc. 
b) Receptor ou destinatário: é o que recebe a mensagem. Também pode ser 
um grupo ou um indivíduo. 
c) Mensagem: é o conteúdo das informações transmitidas. 
d) Canal de comunicação ou contato: é o meio pelo qual a mensagem é 
transmitida. Esse meio pode ser tradicional ou eletrônico. 
e) Código: é o conjunto de sinais, ou signos utilizados para elaborar a 
mensagem. O emissor codifica o que o receptor irá descodificar, para que isso 
ocorra satisfatoriamente é preciso que ambos interagentes dominem o mesmo 
código linguístico. Em outras palavras, falem a mesma língua. 
f) Referente ou contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se 
refere. 
 
05 
No esquema temos: 
 
http://pessoal.educacional.com.br/up/47110002/929820/Esquema%20de%20comunica%C3%A7%C3%A3
o.JPG 
 
Exemplo: Quando você escreve um texto, exerce papel de emissor. O 
receptor é a pessoa ou grupo a quem seu texto é direcionado (pode ser algum 
familiar, o professor, o colega, o chefe etc). A mensagem é aquilo que você 
está comunicando sobre uma situação ou sobre alguém (referente ou 
contexto). Como a modalidade é a escrita, o canal é a própria folha de papel 
ou página da internet, a qual o texto está distribuído. O código, se for o Brasil, 
é a língua portuguesa (INFANTE, 1999, p.17-18). 
 
RESUMO 
 
Produzir um texto, seja oral ou escrito, é promover um ato de 
comunicação. Ao realizá-lo é preciso levar em conta todos os elementos 
envolvidos: o papel do emissor, aquele que produz um enunciado; as 
características do receptor, importante para elaborar a mensagem; o 
conhecimento sobre o referente; o domínio sobre o código e das condições que 
06 
garantam o bom funcionamento do canal comunicativo. O sucesso de um ato 
comunicativo requer conhecimento sobre todos esses elementos. 
 
A PRÁTICA 
 
1) Encontramos abaixo um dos poemas de Manuel Bandeira. Após analisá-lo 
encontre os elementos da comunicação. 
Andorinha 
Andorinha lá fora está dizendo: 
— “Passei o dia à toa, à toa!” 
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! 
 Passei a vida à toa, à toa… 
 
http://www.hileiaamazonica.com.br/wp-content/uploads/2013/09/andorinha-resize.jpg 
Emissor: ________________________________________________________ 
Receptor:_______________________________________________________ 
Mensagem:______________________________________________________ 
Código: _________________________________________________________ 
Canal:__________________________________________________________ 
Referente ou Contexto: ____________________________________________ 
 
2) O marido liga para a esposa e avisa que chegará atrasado para o jantar. 
Nesse contexto qual é o canal? 
_______________________________________________________________ 
 
3) Se uma pessoa, que não sabe falar inglês, está caminhando na beira-mar é 
abordada por um turista americano pedindo informações. Por que é possível 
dizer que a comunicação fica comprometida? 
_______________________________________________________________ 
07 
 
4) O pai fala para o filho: “Carlinhos vá até a padaria e compre 10 pães”. A 
frase que está em destaque se refere a qual elemento da comunicação? 
_______________________________________________________________ 
 
5) Assinale a alternativa correta. 
Podemos afirmar que Referente é: 
a) o código usado para estabelecer comunicação 
b) o que transmite a mensagem 
c) o assunto da mensagem 
d) quem envia a mensagem 
e) quem recebe a mensagem 
 
Referências 
BANDEIRA, Manoel. Libertinagem. Rio de Janeiro, 1930 
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. São Paulo: Scipione, 1999. 
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A inter-ação pela linguagem. 3ª Ed. São 
Paulo: Contexto, 1997. 
SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em Textos. São Paulo: Moderna, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
08 
Tema 2 
Funções da linguagem 
Objetivos 
� Estudar as funções da linguagem e correlacionando com os elementos da 
comunicação; 
� Reconhecer as diferentes funções da linguagem em contextos diversos. 
 
O TEXTO 
 
Metáfora - Gilberto Gil 
Uma lata existe para conter algo, 
Mas quando o poeta diz lata 
Pode estar querendo dizer o incontível 
 
Uma meta existe para ser um alvo, 
Mas quando o poeta diz meta 
Pode estar querendo dizer o inatingível 
 
Por isso não se meta a exigir do poeta 
Que determine o conteúdo em sua lata 
Na lata do poeta tudo-nada cabe, 
Pois ao poeta cabe fazer 
Com que na lata venha caber o incabível 
 
Deixe a meta do poeta, não discuta, 
Deixe a sua meta fora da disputa 
Meta dentro e fora, lata absoluta 
Deixe-a simplesmente metáfora 
Links: http://www.vagalume.com.br/gilberto-gil/metafora.html#ixzz3emVHK1Ei 
http://mfda.files.wordpress.com/2008/10/ma_lata.jpg 
https://seohackercdn-seohacker.netdna-ssl.com/wp-content/uploads/2010/09/Meta-tags.jpg 
 
1. Na música de Gilberto Gil a linguagem é utilizada em sentido literal ou 
metafórico? Cite exemplos do texto para comprovar sua resposta. 
2. Reflita sobra a analogia que o cantor faz entre as palavras “lata” e “poeta”. 
O que é possível inferir? Por quê? 
09 
 
O CONTEXTO 
A comunicação, seja de forma falada ou escrita, está 
além de expressar pensamentos. O discurso constrói 
realidades, realiza ações (convencer, prometer, declarar, 
esclarecer etc.), que produz efeito sobre o outro. Nesse 
aspecto é possível perceber que utilizamos a linguagem, geralmente com um 
propósito, com uma intenção. 
Como percebemos na música, a linguagem não está a serviço apenas 
de entreter, mas de levar o outro a refletir sobre determinado assunto, divertir, 
fazer rir etc. Nesse contexto, é um instrumento que pode servir para dar vazão 
ao mundo interior (como expressar a intenção do poeta, por exemplo), entre 
outras funções. 
O linguista russo Roman Jakobson, foi o primeiro estudioso a perceber 
que a linguagem não tem apenas a função de transmitir informações 
(SARMENTO, 2012). Para esse autor, cada elemento da comunicação teria 
uma função da linguagem correspondente, dependendo da ênfase da 
mensagem. Como no quadro abaixo (SARMENTO, 2012, p. 55). 
 
 
 
É importante ressaltar que um texto ou um trecho discursivo, em 
algumas situações, não cumprem apenas uma única função comunicativa. Não 
10 
é algo fixo, pois cada texto, ou discurso pode flutuar por mais de uma função, 
nesse caso é preciso entender que existe o predomínio de uma função em 
detrimento da outra. 
Por exemplo: A crônica de Jean Carlos Sestrem sobre o marketing 
político. 
“Mentira bem feita, um negócio de mentira que não tem pernas curtas, mas 
longos e esfomeados tentáculos, os que vencem pelo poder de convencer 
sem ter feito ou ter credibilidade natural para tanto baseado numa estória de 
vida erguida do nada e não de uma história de vida que fala por si só.” 
http://pensador.uol.com.br/frase/MTY5ODU5Mw/ 
 
Embora o autor expresse sua opinião sobre o assunto, a função 
predominante é a metalingüística, pois ele utiliza a linguagem para explicar o 
que é marketing político. 
 
A TEORIA 
 
Vamos estudar cada uma das funções da linguagem e suas 
particularidades. 
 
Função emotiva ou expressiva: A ênfase está no emissor. A linguagem tem 
função emotiva quando expressa os sentimentos do locutor. Nesse contexto, 
geralmente, o discurso aparece em 1ª pessoa. 
 
Ex: 
Eu 
Eu sou a que no mundo anda perdida,Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte 
Sou a crucificada ... a dolorida ... 
 
Sombra de névoa ténue e esvaecida, 
E que o destino amargo, triste e forte, 
Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida! ... 
 
Sou aquela que passa e ninguém vê ... 
Sou a que chamam triste sem o ser ... 
Sou a que chora sem saber porquê ... 
11 
 
Sou talvez a visão que Alguém sonhou, 
Alguém que veio ao mundo pra me ver 
E que nunca na vida me encontrou! 
 
Florbela Espanca 
 
O exemplo acima é um poema e por esse motivo
imaginem que a função da linguagem ser
na mensagem e sim nos sentimentos da poetiza, que expressa seu mais 
profundo ser. A função da linguagem predominante é a emotiva. Nessa função, 
o discurso aparece em 1ª pessoa do singular em vários trechos: (Eu sou, so
aquela); a pontuação é mais expressiva, com o uso de ponto de exclamação e 
reticências. Ex: (E que nunca na vida me encontrou!, 
dolorida ...) 
 
Função apelativa ou conativa:
publicitário. 
http://3.bp.blogspot.com/-
ntTcENPoPEs/UQgUfW1kNaI/AAAAAAAAAHk/C3YoF9jZni4/s1600/lata_logo_questione_mude_beba_pepsi.png
 
Na função apelativa a ênfase está no interlocutor, por isso o discurso é 
persuasivo, ou seja, tem o intuito de convencer, ou não con
algo apelando para suas atitudes. Esse tipo de discurso é muito comum nos 
textos publicitários, nesse aspecto, os verbos aparecem geralmente no 
imperativo (ordem, pedido, incitação): Ex: Questione. Mude. Beba. 
O anúncio nem sempre é pu
valem, por exemplo, das características do produto em questão. Quando o 
anunciante descreve os recursos de um determinado aparelho ou carro, ou os 
Sou talvez a visão que Alguém sonhou, 
Alguém que veio ao mundo pra me ver 
e nunca na vida me encontrou! 
O exemplo acima é um poema e por esse motivo, talvez alguns 
imaginem que a função da linguagem seria a poética, porém a ênfase não está 
na mensagem e sim nos sentimentos da poetiza, que expressa seu mais 
profundo ser. A função da linguagem predominante é a emotiva. Nessa função, 
o discurso aparece em 1ª pessoa do singular em vários trechos: (Eu sou, so
aquela); a pontuação é mais expressiva, com o uso de ponto de exclamação e 
e nunca na vida me encontrou!, Sou a crucificada ... a 
Função apelativa ou conativa: A ênfase está no locutor. Observe o anúncio 
 
ntTcENPoPEs/UQgUfW1kNaI/AAAAAAAAAHk/C3YoF9jZni4/s1600/lata_logo_questione_mude_beba_pepsi.png
Na função apelativa a ênfase está no interlocutor, por isso o discurso é 
persuasivo, ou seja, tem o intuito de convencer, ou não convencer, o outro de 
algo apelando para suas atitudes. Esse tipo de discurso é muito comum nos 
textos publicitários, nesse aspecto, os verbos aparecem geralmente no 
imperativo (ordem, pedido, incitação): Ex: Questione. Mude. Beba. 
O anúncio nem sempre é puramente apelativo, alguns anúncios se 
valem, por exemplo, das características do produto em questão. Quando o 
anunciante descreve os recursos de um determinado aparelho ou carro, ou os 
, talvez alguns 
ia a poética, porém a ênfase não está 
na mensagem e sim nos sentimentos da poetiza, que expressa seu mais 
profundo ser. A função da linguagem predominante é a emotiva. Nessa função, 
o discurso aparece em 1ª pessoa do singular em vários trechos: (Eu sou, sou 
aquela); a pontuação é mais expressiva, com o uso de ponto de exclamação e 
Sou a crucificada ... a 
Observe o anúncio 
ntTcENPoPEs/UQgUfW1kNaI/AAAAAAAAAHk/C3YoF9jZni4/s1600/lata_logo_questione_mude_beba_pepsi.png 
Na função apelativa a ênfase está no interlocutor, por isso o discurso é 
vencer, o outro de 
algo apelando para suas atitudes. Esse tipo de discurso é muito comum nos 
textos publicitários, nesse aspecto, os verbos aparecem geralmente no 
imperativo (ordem, pedido, incitação): Ex: Questione. Mude. Beba. 
ramente apelativo, alguns anúncios se 
valem, por exemplo, das características do produto em questão. Quando o 
anunciante descreve os recursos de um determinado aparelho ou carro, ou os 
12 
benefícios em adquirir um imóvel ou outro bem, a linguagem predominante 
nesses trechos é a denotativa. A função referencial nesse contexto de 
descrição está a serviço de um intuito maior que é o de convencer o leitor. 
 
Função fática ou de contato: A ênfase está no canal. Leia a tirinha de Zoé & 
Zezé - por Rick Kirkman & Jerry Scott: 
 
 
http://3.bp.blogspot.com/-
_ACwT4JG1Ug/T4l9nsEq8NI/AAAAAAAAAXA/VT1PrzWLArk/s1600/As+Tirinhas+de+Jornais+5.jpg 
 
A função da linguagem utilizada para estabelecer contato verbal é a 
fática. Na tirinha a ênfase está no contato entre Zoé e Zezé. É uma sequência 
de orientações para escovar os dentes. Em várias situações cotidianas 
fazemos contato sempre que iniciamos uma conversa, seja face a face, no 
telefone ou nas redes sociais. 
 
Função referencial ou denotativa: A ênfase está no referente ou contexto. 
Observe a reportagem: 
13 
Um terço das pessoas do mundo não tem acesso a água potável, diz ONU. 
 
Cerca de 2,4 bilhões de pessoas no mundo 
— ou um terço da população — não têm 
acesso a serviços de saneamento básico e 
água potável. A conclusão é de um estudo 
mundial feito pela Unicef e pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta 
semana. A situação brasileira, por outro 
lado, é favorável: o acesso chega a 94% dos cidadãos. 
"O que os dados mostram é a necessidade de focar nas desigualdades como 
único caminho para alcançar um progresso sustentável", afirma no relatório 
Sanjay Wijesekera, chefe da divisão de água e saneamento da Unicef, segundo 
publicou o portal G1. 
 
Época, São Paulo, n. 891, online, 4 de jul 2015. 
 
A função referencial ou denotativa se concentra no assunto em questão, 
o foco está no referente, nesse contexto é sobre a temática “água potável”. A 
linguagem é geralmente em 3ª pessoa (“Cerca de 2,4 bilhões de pessoas no 
mundo”; “A conclusão é de um estudo mundial”; “O que os dados mostram é”); 
ausência de advérbios e adjetivos com alta carga de subjetividade 
(SARMENTO, 2012, p.59). 
 Na maioria dos textos jornalísticos é predominante essa função, pois o 
jornalista tem a intenção de falar sobre um determinado assunto para informar 
ou alertar sobre algo que está acontecendo. É possível encontrar a função 
referencial em outros gêneros, por exemplo: trechos narrativos e descritivos de 
livros, romances, propagandas; folhetos ou textos informativos sobre doenças 
etc. 
 
 
Linguagem Denotativa: É o emprego do sentido real da 
palavra, isto é, como aparece no dicionário. Ex: ”O furacão 
Katrina, um dos mais avassaladores da história dos Estados 
Unidos, destruiu a região metropolitana de Nova Orleans e 
causou mais de mil mortes (Jornal Nacional, 23/08/2005)”. 
Aqui a palavra furacão se refere ao fenômeno climático. 
14 
Linguagem Conotativa
Esse tipo de linguagem não aparece apenas em textos literários, mas também 
em interações cotidianas. De forma geral, o significado é construído 
culturalmente, por isso é possível captar a intenção do interlocutor em utilizar 
determinada palavra. Ex: “Essa mulher é 
Furacão- Lucas César e Adriano).” Aqui as palavras fogo e 
furacão se referem ao significado simbólico 
devastadora, sensual. 
https://pixabay.com/static/uploads/photo/2014/04/02/16/28
 
Função metalinguística:
 
 
O termo metalinguagem é a linguagem é utilizada para explicar a própria 
linguagem. A tirinha acima é um bom exemplo disso
código) é utilizado para explicar a imagem. 
É importante perceber que a metalinguagem não se restringe a textos 
especializados, como as explicações de significado do dicionário, por exemplo. 
Ao contrário, a função metalinguística ocorre nas mais diversas situações 
cotidianas, por exemplo: “Explique o que você falou” (INFANTE, 1999, p.260). 
Também nostextos didáticos, na parte das definições e explicações de termos 
e expressões. Nos textos de cunho literário, linguístico e crítico em que a 
linguagem é utilizada, em 
específicos de alguma área. Um autorretrato também pode ser considerado um 
exemplo de função metalinguística. 
Função poética: A ênfase está na mensagem. Observe as imagens:
Linguagem Conotativa: É uma linguagem metafórica, simbó
Esse tipo de linguagem não aparece apenas em textos literários, mas também 
em interações cotidianas. De forma geral, o significado é construído 
culturalmente, por isso é possível captar a intenção do interlocutor em utilizar 
avra. Ex: “Essa mulher é fogo, é um furacão... (Música: Mulher 
Lucas César e Adriano).” Aqui as palavras fogo e 
furacão se referem ao significado simbólico de mulher 
https://pixabay.com/static/uploads/photo/2014/04/02/16/28/hurricane-307398_640.png 
ística: A ênfase está no código. Observe a tirinha:
O termo metalinguagem é a linguagem é utilizada para explicar a própria 
tirinha acima é um bom exemplo disso, pois o texto verbal (o 
utilizado para explicar a imagem. 
É importante perceber que a metalinguagem não se restringe a textos 
especializados, como as explicações de significado do dicionário, por exemplo. 
Ao contrário, a função metalinguística ocorre nas mais diversas situações 
cotidianas, por exemplo: “Explique o que você falou” (INFANTE, 1999, p.260). 
Também nos textos didáticos, na parte das definições e explicações de termos 
e expressões. Nos textos de cunho literário, linguístico e crítico em que a 
linguagem é utilizada, em muitos momentos, no intuito de esclarecer os termos 
específicos de alguma área. Um autorretrato também pode ser considerado um 
exemplo de função metalinguística. 
A ênfase está na mensagem. Observe as imagens:
: É uma linguagem metafórica, simbólica, figurada. 
Esse tipo de linguagem não aparece apenas em textos literários, mas também 
em interações cotidianas. De forma geral, o significado é construído 
culturalmente, por isso é possível captar a intenção do interlocutor em utilizar 
(Música: Mulher 
Observe a tirinha: 
 
O termo metalinguagem é a linguagem é utilizada para explicar a própria 
pois o texto verbal (o 
É importante perceber que a metalinguagem não se restringe a textos 
especializados, como as explicações de significado do dicionário, por exemplo. 
Ao contrário, a função metalinguística ocorre nas mais diversas situações 
cotidianas, por exemplo: “Explique o que você falou” (INFANTE, 1999, p.260). 
Também nos textos didáticos, na parte das definições e explicações de termos 
e expressões. Nos textos de cunho literário, linguístico e crítico em que a 
muitos momentos, no intuito de esclarecer os termos 
específicos de alguma área. Um autorretrato também pode ser considerado um 
A ênfase está na mensagem. Observe as imagens: 
15 
 
 
http://econexos.com.br/wp-content/uploads/2013/11/Vang-Gogh.jpeg 
http://econexos.com.br/wp-content/uploads/2013/11/Van-gogh-depois.jpeg 
 
A pintura da esquerda é “Oliveiras com o céu amarelo e o sol” de Van 
Gogh, e a da direita é uma releitura, mostrando o impacto do desmatamento, 
do pesquisador Iain Woodhouse. Nas duas imagens o foco é chamar atenção 
para uma mensagem, a beleza das oliveiras e o ambiente sem as oliveiras. 
Nesse contexto é perceptível que a elaboração da mensagem utiliza recursos a 
fim de chamar a atenção do leitor, no intuito de causar surpresa, 
“estranhamento”, prazer estético (INFANTE, 1999), reflexão e mudança de 
atitude. 
A função poética é perceptível na seleção do tópico, na arrumação das 
cores e das palavras, na exploração do sentido, nos efeitos sonoros e rítmicos. 
Esse conjunto desenvolve o sentido conotativo dos recursos utilizados no texto, 
por isso a função poética não aparece apenas em textos literários, mas 
também em textos e slogans publicitários, provérbios, canções populares etc. É 
importante lembrar que, nem sempre, todo o texto literário apresenta o 
predomínio da função poética, como vimos no poema de Florbela Espanca, em 
que o predomínio é a função emotiva. 
 
RESUMO 
 
As funções da linguagem são parte do nosso cotidiano, portanto estudá-
las nos permite entender de forma consciente sobre a linguagem nas diversas 
práticas sociais. Cada uma das funções está correlacionada a ênfase que é 
colocada em cada um dos elementos da comunicação, porém como nossa 
16 
linguagem é dinâmica e os significados são construídos nas práticas de 
interação essas funções não são estáticas, embora possuam suas 
particularidades. Identificar qual função da linguagem prevalece em 
determinada situação, significa interagir, compreender a ênfase de um texto em 
um contexto particular. 
 
A PRÁTICA 
 
1) Leia o poema Xícara de Fábio Sexugi: 
 
 
 
a) Qual a função da linguagem predominante nesse texto? Por quê? 
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b) A leitura desse texto revela alguma característica rítmica ou métrica? 
Identifique com elementos do texto. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
17 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
2) (ENEM, 2014) Leia o texto e marque a alternativa. 
O exercício da crônica 
Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um 
cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas 
pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um 
prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma 
máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um 
assunto qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da 
véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um 
sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e 
esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a 
crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente 
despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao 
assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de 
escrever, pode surgir o inesperado. 
(MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São 
Paulo: Cia das Letras, 1991). 
Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui 
(A) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista. 
(B) nos elementos que servem de inspiração ao cronista. 
(C) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica. 
(D) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica. 
(E) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica. 
3) De acordo com o texto “O exercício da crônica”, qual a função da 
linguagem predominante? Qual a função que aparece em segundo plano? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
18 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
4) Leia o quadrinho de Duke: 
 
http://images.slideplayer.com.br/8/1870179/slides/slide_11.jpg 
a) Como o efeito de humor se constrói nesse quadrinho? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
______________________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
b) Qual função da linguagem é predominante nesse texto? Retire do texto 
argumentos para fundamentar sua resposta. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
19 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
5) Leia o texto publicitário: 
 
http://port1002.blogspot.com.br/ 
a) Qual a função da linguagem predominante nesse texto? 
_______________________________________________________________ 
b) Quais estratégias de persuasão, verbais e não verbais, foram utilizadas para 
cumprir o propósito comunicativo? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
20 
6) Leia o fragmento da carta de Machado de Assis a José Veríssimo (Rio, 21 
de abril de 1902). 
 
 “Meu caro J. Verríssimo, - Recebi sábado o seu 
recado, e respondo que sim que estou zangado com 
você, como você esteve comigo. A sua zanga veio de o 
não haver felicitado pelos 45 anos, a minha vem de os 
ter feito sem me propor antes uma troca. E a aceitaria 
de muito boa vontade”. 
 
http://panorama-direitoliteratura.blogspot.com.br/2010/05/cartas-jose-
verissimomachado-de-assis.html 
 
http://2.bp.blogspot.com/-
9pXy5NR82VU/U8vyyBDFTqI/AAAAAAAAP5c/v2QGZm92SlQ/s1600/Machado+de+Assis,+por+Andr%C3%A9+Brown.j
pg 
 
a) Qual função da linguagem predomina na carta de Machado? Justifique com 
elementos do texto. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b) A caricatura de Machado de Assis de alguma forma complementa o discurso 
de sua carta? Argumente sua resposta. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
21 
7) Leia o texto jornalístico. 
 
 
http://www.robertoavila.com.br/arquivos/images/referencial.jpg 
 
a) Qual a finalidade do texto? Justifique sua resposta. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b) O canal de comunicação é trabalhado de alguma forma especial no texto? 
Comente os recursos utilizados? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
22 
c) Que função da linguagem predomina nesse texto? E quais outras funções 
aparecem em segundo plano? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
Referências 
 
ESPANCA, Florbela. Livro de Mágoa -Sonetos. Amadora, Portugal : Bertrand, 
1978. 
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. São Paulo: Scipione, 1999. 
SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em Textos. São Paulo: Moderna, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
Tema 3 
Variação Linguística 
 
Objetivos 
 
� Estudar os níveis de linguagem que fazem parte da prática interativa; 
� Conhecer as diferentes variedades da língua portuguesa e as possibilidades 
de uso em contextos específicos; 
 
O TEXTO 
Fala e Escrita 
Toda a atividade discursiva e todas as práticas linguísticas se dão em 
textos orais ou escritos com a presença de semiologias de outras áreas, como 
a gestualidade e o olhar, na fala, ou elementos pictóricos e gráficos, na escrita. 
Assim, as produções discursivas são eventos complexos constituídos de várias 
ordens simbólicas que podem ir além do recurso estritamente linguístico. Mas 
toda nossa atividade discursiva situa-se, grosso modo, no contexto da fala ou 
da escrita. Basta observar nossa vida diária desde que acordamos até o final 
do dia. Portanto, mesmo vivendo numa sociedade em que a escrita entrou de 
forma bastante generalizada, continuamos falando mais do que escrevendo. 
Fala e escrita, ambas têm um papel importante a cumprir e não competem. 
Cada uma tem sua arena preferencial, nem sempre fácil de distinguir, pois são 
atividades discursivas complementares. Em suma, oralidade e escrita não 
estão em competição. Cada uma tem sua história e seu papel na sociedade. 
Nesse aspecto dinâmico da linguagem, consideramos que a variação 
linguística é normal, natural e comum em todas as línguas, pois todas as 
línguas variam, não devemos estranhar as diferenças existentes entre os 
falantes do português nas diversas regiões do Brasil. Contudo, a grande 
variação presenciada na oralidade não se verifica com a mesma intensidade na 
escrita, dado que a escrita tem normas e padrões ditados pelas academias. 
Possui normas ortográficas rígidas e algumas regras de textualização que 
diferem na relação com a fala. Mas isso ainda não significa que não haja 
variação nos modos de escrever. 
 
MARCUSCHI, Luiz Antônio; DIONISIO, Angela Paiva. Fala e Escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. P. 
13-16 (Fragmento). 
 
 
 
 
24 
1) De acordo com o texto qual o papel da fala e da escrita na interação social? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
2) Explique por que as pessoas não falam e não escrevem da mesma forma. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
O CONTEXTO 
 
Como observamos no texto anterior, a fala e a escrita, fazem parte do 
processo interativo e não existe uma única forma de falar ou de escrever. A 
linguagem é sempre utilizada para cumprir um propósito, que está vinculado a 
uma necessidade comunicativa de realizar algo. Dentre outros fatores, essa 
necessidade, o contexto, o conhecimento e a intenção do interlocutor são 
pontos que determinam as escolhaslinguísticas. 
A fala e a escrita flutuam dentro de um continuo que versa entre o formal 
e o informal. Isso significa que dependendo do contexto a fala pode ser mais 
formal que a escrita, por exemplo: uma palestra de trabalho – uma mensagem 
de WhatsApp para um amigo; em outro contexto a escrita pode ser mais formal 
que a fala, por exemplo: um trabalho acadêmico – um diálogo com um colega. 
25 
Toda língua apresenta variações. Em geral, a modalidade escrita segue 
os padrões dos modelos de prestígio, porém isso não significa que seja 
invariável. “O bom uso da língua é aquele que se adéqua às condições de uso” 
(ANTUNES, 2007). Em situações mais formais é comum o uso da língua culta, 
em situações informais é mais adequado o uso da linguagem coloquial 
(SARMENTO, 2012). 
Por isso, é importante cada interagente da língua conhecer as variações 
linguísticas, “para saber empregá-las com propriedade e domínio” 
(SARMENTO, 2012, p. 42). 
 
Variação Linguística: são as diferentes variações regionais e sociais dentro 
de uma mesma língua. 
Norma padrão: é a variedade linguística mais valorizada socialmente e a mais 
utilizada na esfera pública (imprensa, comércio, indústria, universidade, 
governo etc). Na escola é o falar de acordo com as regras gramaticais. É o 
falar de maior prestígio social. (SARMENTO, 2012). 
 
A TEORIA 
 
 Vamos estudar os diferentes tipos de variações. 
 
Variação regional 
 
O regionalismo são as marcas linguísticas que caracterizam uma 
determinada região, em outras palavras as expressões típicas de determinado 
lugar. Isso geralmente acontece pelas diversas influências de elementos 
culturais, linguísticos, históricos, sociais, artísticos, religiosos, políticos etc. 
Essa variedade linguística pode ser no aspecto sintático (que é o mais 
raro), por exemplo: Tu já estudaste Química? Em contrapartida Você já 
estudou Química?; no aspecto vocabular, por exemplo: Aipim (Rio de 
Janeiro), Macaxeira (Nordeste), Mandioca (Sudeste); no aspecto fonético, por 
exemplo: o /r/ paulista, o /s/ carioca etc; no aspecto semântico, por exemplo: 
canjica (São Paulo, iguaria doce feita de milho branco; Ceará, pasta de milho 
verde). A canjica do paulista é o mugunzá do cearense; a canjica do cearense 
26 
é o curau do paulista. Compreender essas variedades é essencial para se 
comunicar em determinados contextos com determinados interlocutores. 
 
Variação social 
 
É característica das diferenças entre as classes sociais. Pode ser no 
aspecto profissional, que são os jargões de cada área: médico, professor, 
policial etc; Pode ser para caracterizar as “tribos sociais” que são as gírias, que 
são dialetos sociais de um grupo específico. 
As variações sociais podem estar relacionadas às questões como: grau 
de escolaridade, classe econômica, idade, sexo, grau de formalismo, diferença 
entre classes etc. Cada um dos interlocutores de cada classe social, 
dependendo da situação, pode fazer uso de uma variedade padrão ou popular. 
 
Variação Histórica 
 
A variação histórica é caracterizada devido às mudanças que acontecem 
na língua ao longo do tempo. Essas mudanças são incentivadas tanto por 
características internas da própria língua, ou por fatores externos, como 
contato com outros povos e avanço tecnológico (SARMENTO, 2012). Essas 
mudanças podem acontecer nos aspectos: 
 Semântico: broto (garota); fonético: (pranta x planta, fror x flor), lexical: 
(novas palavras: digitação; outras desaparecem: datilografia), sintático: “São 
dessas coisas que se não explicam” (Aluísio Azevedo) x “São dessas coisas 
que não se explicam”, ortográfico: (pharmácia x farmácia). 
 
Neologismo e Estrangeirismo 
 
Os neologismos são fenômenos linguísticos que acontecem quando o 
interagente da língua impugna uma significação diferente para um termo já 
existente, por exemplo: gato (ligação clandestina de água ou luz); ou cria um 
novo termo para explicar algo ou definir alguém. Isso acontece independente 
de um vocabulário amplo, é motivado pela própria dinamicidade da língua. Um 
27 
bom exemplo são os textos literários e musicais. Sarmento (2006, p. 285) cita 
um exemplo interessante: 
 
Replique tocou, o surdo escutou 
E o meu corasamborim (junção de coração + samba+ tamborim) 
Cuíca gemeu, será que era eu, quando ela passou por mim? 
ARNALDO, Antunes; CARLINHOS,Brown; MONTE, Marisa. Carnavália, In Tribalistas, 2002. 
 
Os estrangeirismos são os empréstimos linguísticos, ou seja, são os 
termos estrangeiros que passam a fazer parte de uma língua. Na sociedade 
globalizada é frequente esse tipo de fenômeno, pois a influência que algumas 
culturas exercem sobre outras é claramente percebida na culinária, na música, 
na vestimenta, na tecnologia e até no comportamento. No vocabulário 
tecnológico a maioria das palavras são estrangeirismos do inglês, por exemplo: 
mouse, software, hardware, case, scanner, mousepad, notebook, iphone etc. 
No dicionário, algumas palavras, de origem estrangeira já são incorporadas em 
nosso vocabulário, por exemplo: lanche (lunch em inglês), esse exemplo em 
inglês significa almoço; futebol (football em inglês britânico). 
 
Resumo 
 
Estudar os diferentes níveis de linguagem e as diferentes variações 
linguísticas, significa refletir sobre a dinamicidade da língua e se apropriar de 
um tipo de conhecimento específico para interagir com mais propriedade nos 
diferentes contextos. Estudamos que a língua pode variar em diferentes níveis 
e dimensões, dessa forma é importante entender que essas variações são 
características de uma região, por isso o conceito de erro não se aplica à 
linguagem. Os diferentes usos podem caracterizar inadequações e nunca erro. 
É importante ficar atento para essas questões e compreender que preconceito 
linguístico é um julgamento depreciativo e desrespeitoso. Depreciar a língua é 
depreciar a identidade de um povo. 
 
 
28 
A PRÁTICA 
1)Leia o texto e responda as questões: 
 
Cuitelinho (Renato Teixeira) 
Cheguei na beira do porto 
Onde as onda se espaia 
As garça dá meia volta 
E senta na beira da praia 
E o cuitelinho não gosta 
Que o botão de rosa caia,ai,ai 
Ai quando eu vim 
da minha terra 
Despedi da parentália 
Eu entrei no Mato Grosso 
Dei em terras paraguaias 
Lá tinha revolução 
Enfrentei fortes batáia,ai, ai 
A tua saudade corta 
Como aço de naváia 
O coração fica aflito 
Bate uma, a outra faia 
E os óio se enche d´água 
Que até a vista se atrapáia, ai... 
http://letras.mus.br/renato-teixeira/298332/ 
http://www.walldesk.com.br/pdp/1024/03/10/Bei
ja-Flor/Broad-billed-Hummingbird.jpg 
a)Que nível de linguagem foi 
utilizada no texto de Renato 
Teixeira? Explique o por quê. 
____________________________
____________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
 
29 
b) De acordo com o texto o que é “cuitelinho”? Em que trecho esse significado 
aparece? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
c) Retire do texto as palavras que caracterizam algum tipo de variação e 
identifique-as. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________2) Leia o texto: 
 
https://mscamp.wordpress.com/files/2008/10/variedade-linguistica11.jpg 
 
a) De que forma os elementos linguísticos provocam o efeito de humor? É 
possível dizer que houve algum problema na comunicação? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________ 
30 
b) Que nível de linguagem é utilizado no quadrinho anterior? Em que variedade 
o texto se enquadra? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
3) Leia o texto e responda: 
 
http://www.taquiprati.com.br/images/Norma%20culta%20charge-surfista.jpg 
 
a) Que inadequações contribuem para que o humor seja resgatado no texto? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b) Analisando a expressão facial do surfista o que é possível inferir? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
31 
c) Reescreva o texto verbal da charge adequando-o com o contexto em 
questão. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
d) Essa charge se refere a qual tipo de variação? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
 
4) Decifre o texto: 
 
https://encrypted-
tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSpzV8496yPbQbCvOFfX05soM8Pf9dP24s1fqmbWVTJwQjfIVH0Lw 
 
 
 
a) Qual é o assunto do texto? 
32 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b) Que nível de linguagem e que tipo de variação encontramos nesse texto? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
c) Que tipo de conhecimento é necessário para escrever ou compreender esse 
tipo de texto? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
5) Leia o texto: 
 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/6641/imagens/digitalizar7.jpg 
 
a) O que a médica está dizendo? Que variação e que nível de linguagem ela 
está utilizando? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
33 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b) Reescreva esse texto utilizando uma variação popular. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
6) Leia o texto de Zeca Baleiro: 
Venha provar meu brunch 
Saiba que eu tenho approach 
Na hora do lunch 
Eu ando de ferryboat... 
Eu tenho savoir-faire 
Meu temperamento é light 
Minha casa é hi-tech 
Toda hora rola um insight 
Já fui fã do Jethro Tull 
Hoje me amarro no Slash 
Minha vida agora é cool 
Meu passado é que foi trash... 
http://letras.com/zeca-baleiro/43674/ (Fragmento) 
a) Explique a influência do estrangeirismo na letra da música. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
b)Destaque os termos estrangeiros e explique o que significam dentro do 
contexto. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
34 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
Referências 
 
 ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem 
pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. 
MARCUSCHI, Luiz Antônio; DIONISIO, Angela Paiva. Fala e Escrita. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2007. P. 13-16 (Fragmento). 
SARMENTO, Leila Lauar. Gramática em Textos. São Paulo: Moderna, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
Tema 4 
Leitura e níveis de leitura: o texto verbal e o texto visual 
 
Objetivos 
 
� Conhecer o que é leitura e os níveis de leitura, tanto na modalidade verbal 
como visual; 
� Praticar a leitura nesses diferentes níveis e nessas modalidades. 
 
OS TEXTOS 
Texto 1: 
 
http://c6.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/B9f128efb/14614833_hJwTy.jpeg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
Texto 2: 
 
http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSGU3BMR3zfDKLi5_t-hDYxDVtAxXV4U0ENjxUhOjVd_n7G8svKng 
 
1) O que é possível compreender a partir da leitura desses dois textos? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
2) Analisando o texto 1 explique a afirmação: “Liga seu senso crítico na 
tomada”. 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
3) Observando o texto 2, podemos dizer que a escolha da imagem reforça o 
sentido do texto verbal? Por quê? 
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________ 
37 
O CONTEXTO 
 
O conceito de texto, hoje, é visto a partir da noção de interação. Nessa concepção 
interacional, os sujeitos são vistos como seres ativos e construtores sociais, assim, o 
texto passa a ser visto como o próprio lugar de interação. É tomado como um evento 
em que os "sujeitos são atores sociais levando em conta o contexto 
sociocomunicativo, histórico e cultural para a construção dos sentidos e das 
referências dos textos" (CAVALCANTE, 2013, p. 19). 
Koch & Elias (2010) advertem que: 
Na concepção interacional da língua o texto é considerado o próprio 
lugar da interação e da constituição dos interlocutores. Há lugar, no 
texto, para toda uma gama de implícitos, dos maisvariados tipos, 
somente detectáveis quando se tem, como pano de fundo, o 
contexto sociocognitivo dos participantes da interação. [...] o sentido 
de um texto é construído na interação texto- sujeitos e não algo que 
preexista a essa interação. (KOCH; ELIAS, 2010, p. 11). 
 
No bojo dessa concepção, temos que a leitura é, pois, uma atividade interativa 
altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com 
base em elementos linguísticos (e não-linguísticos) presentes na superfície textual e 
na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de 
saberes no interior do evento comunicativo (KOCH & ELIAS, 2010). A compreensão 
de um texto não se dá exclusivamente por meio da materialidade dos elementos 
linguísticos presentes na superfície do texto, mas leva-se em conta no processo da 
leitura, o ativamento de conhecimentos que estão armazenados na memória do 
ouvinte/ leitor que contribuem para a produção de sentidos. Exemplo: 
 
Fonte: http://pilhapuradejoaninha.blogspot.com.br/2012/12/viva-criatividade-em-torno-de-oscar.html. 
 
Nas palavras de Carvalho & Silva (2014), apenas os elementos linguísticos do texto 
(O título Convocação extraordinária e a fala do personagem à direita - Jesus) não 
proporcionam subsídios necessários para a compreensão e o efeito cômico presente 
na charge. Para que o leitor entenda o sentido do texto faz-se necessário a leitura das 
imagens e os reconhecimentos dos elementos que compõem o texto: saber que o 
senhor que carrega uma maleta permeada por réguas é o arquiteto Oscar Niemeyer, 
38 
compreender o contexto em que o texto está inserido (morte do arquiteto que projetou 
a cidade de Brasília e de grande reconhecimento no mundo todo), perceber que na 
fala do personagem Jesus: "Vou acabar com tudo no dia 21", refere-se a previsão 
apocalíptica de que o mundo acabaria em 21/12/2012. Segundo os autores, o humor 
se dá não somente pelo o que está homologado no texto, mas sim por sua relação 
com as imagens e os conhecimentos que devem ser mobilizados para que a 
compreensão seja possível. É preciso considerar que, no exercício da leitura, além 
das pistas e sinalizações que o texto oferece, entram em cena os conhecimentos do 
leitor. 
CARVALHO, Francisco Romário Paz. Leitura, Texto e produção de sentido: em cena 
o verbal e o visual. Revista Temática. Vol. 10, n. 6 (2014). (Fragmento). 
 
A TEORIA 
 
O texto do tópico “contexto” esclarece pontos importantes no que se 
refere à leitura. A partir desse conhecimento é possível compreender, de forma 
consciente, o que é ler e que leitura não se restringe apenas aos textos 
verbais. Foi possível perceber pelo exemplo da charge “convocação 
extraoridinária” que o texto visual também contribui para que o sentido do texto 
seja recuperado. 
A leitura acontece por meio de um processamento interativo da mente, e 
segundo a necessidade da tarefa e do leitor, pode acontecer de forma 
descendente ou ascendente. A estratégia descendente são as que partem do 
conhecimento de mundo para o nível de decodificação da palavra, seria em 
outras palavras, do amplo para o restrito; a estratégia ascendente inicia pelo 
elemento linguístico (palavra) para depois acionar outros conhecimentos de 
ordem enciclopédica, semântica e/ou 
pragmática (KLEIMAN, 2010, p.40). 
No âmbito das estratégias 
ascendentes ou descendentes é 
possível dizer que essa dinâmica 
acontece em três níveis: pré-leitura, 
leitura e pós-leitura. 
http://www.iapcursos.com.br/site/imagens/cursos/leitura.jpg 
A pré-leitura: é o momento em que o conhecimento sobre determinado 
assunto é ativado, mesmo antes da leitura detalhada do texto. Isso envolve a 
39 
experiência do leitor com outros textos ou experiências de vida. Esse 
conhecimento pode ser ativado pelo título ou pelas imagens que compõem 
esse texto. Nesse momento algumas estratégias específicas são acionadas: 
predição/ inferência, conhecimento de mundo e contexto. 
 
• Predição ou inferência: É a atividade de predizer, inferir, “adivinhar” o 
conteúdo de um texto, por intermédio de pistas que estão no próprio 
texto. Estas pistas podem ser: o título, o conteúdo visual, as marcas 
tipográficas (uso de maiúscula, itálico, negrito, número, símbolo), o 
gênero textual etc. A predição aciona os outros conhecimentos a seguir. 
• Conhecimento de mundo: Se refere a toda bagagem cultural e de vida 
que todas as pessoas possuem, seja ela letrada ou não. Esse 
conhecimento, acionado a partir da predição, contribui no processo de 
compreensão do texto. 
• Contexto: É a inter-relação dos elementos que acompanham um fato ou 
uma situação criando um local específico. O conhecimento desse local 
ajuda o leitor a compreender o sentido real ou figurado de uma 
determinada palavra, ou imagem. 
 
A predição ou inferência depende do contexto e do conhecimento de 
mundo para ser formulada. Essas estratégias além de ajudarem na construção 
do significado, contribuem para a captação de novas palavras que são 
associadas a determinados contextos, e dessa forma é possível maximizar as 
“famílias” de conceitos sobre um assunto (KLEIMAN, 2010, p. 79). 
A leitura: É a parte da interação verbal ou visual que implica na 
participação ativa do leitor para interpretar e reconstruir o sentido, sempre 
levando em consideração a intenção do autor (ANTUNES, 2003, p. 66). 
É uma atividade complexa, em que todos os elementos que se 
encontram no texto funcionam como “instruções” que não podem ser 
desprezadas, pois traçam um caminho para que o leitor construa significações, 
hipóteses, confirme predições, tire conclusões. Grande parte do que o leitor 
consegue assimilar do texto está ligado ao conhecimento prévio, ou seja, aquilo 
que ele já sabe sobre determinado assunto (ANTUNES, 2003, p. 67). É uma 
mistura de processo cognitivo e interativo, um exemplo disso é que em 
40 
determinadas situações o leitor nem precisa ler todo o texto, ou ler de forma 
detalhada para captar seu sentido. 
A pós-Leitura: Esse é a atividade final em que o leitor faz uma reflexão 
sobre o texto e sobre a aplicação deste para sua vida. É importante que o leitor 
tenha o hábito de fazer essa atividade de forma consciente, e que seja 
motivada uma reflexão crítica, buscando compreender a importância desse 
texto, refletindo sobre as predições iniciais, tirando uma conclusão final sobre a 
intenção do autor e o mundo do leitor. 
Considerando todo esse complexo que compõe a atividade de ler, é 
possível dizer que a leitura ajuda a formar conceitos e melhora de forma 
significativa a capacidade de argumentação. Vamos ler!!!!! 
 
Resumo 
 
A leitura é uma atividade interativa, é uma forma de comunicação 
importante na construção do sentido. Ler não se resume ao contato com o 
texto verbal, o texto visual é também um instrumento importante e que já faz 
parte do contexto de leitura. 
 O leitor durante a leitura além de construir sentido, utiliza algumas 
estratégias que podem reconstruir significados a partir da interação com o 
texto, do conhecimento prévio, do contexto e do conhecimento linguístico. 
 
A PRÁTICA 
 
Leia o texto “Geração Coca-Cola de Renato Russo e o mesmo texto em 
outro formato e responda as questões: 
Quando nascemos fomos programados 
A receber o que vocês 
Nos empurraram com os enlatados 
Dos U.S.A., de 9 às 6 
Desde pequenos nós comemos lixo 
Comercial e industrial 
Mas agora chegou nossa vez - 
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês. 
Somos os filhos da revolução 
Somos burgueses sem religião 
Somos o futuro da nação 
Geração Coca-Cola. 
Depois de 20 anos na escola 
41 
Não é difícil aprender 
Todas as manhas do seu jogo sujo 
Não é assim que tem que ser? 
Vamos fazer nosso dever de casa 
E aí então vocês vão ver 
Suas crianças derrubando reisFazer comédia no cinema com as suas leis 
 http://letras.com/legiao-urbana/45051/ (fragmento) 
http://spe.fotolog.com/photo/30/63/15/rusloko/1197038318_f.jpg 
 
a) A partir da leitura do texto nos dois formatos, qual relação é possível fazer 
entre eles? 
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_______________________________________________________________ 
b) Utilizando a estratégia de pré-leitura o que é possível inferir a partir do título 
do texto? 
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_______________________________________________________________ 
c) Utilizando a estratégia de leitura, quais as marcas tipográficas são 
encontradas no texto? 
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d) Considerando o contexto social do Brasil, o que é possível afirmar a partir 
desse trecho? “Desde pequenos nós comemos lixo/ Comercial e industrial” 
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42 
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e) Observando o texto no formato de garrafa responda: 
I- Por que o texto aparece em cores diferentes? 
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II- Por que o tamanho e a fonte de algumas palavras aparecem em destaque? 
Qual a intenção do autor? 
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f) A partir da estratégia de pós-leitura, qual a leitura crítica é possível fazer 
desse texto considerando a realidade social do Brasil? 
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_______________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
43 
Leia os textos e responda as perguntas: Texto 1: Leitura Alimenta 
 
http://portalpitanga.com.br/wp-content/uploads/2013/02/Imagem2.jpg 
Texto 2: Quem lê enxerga mais. 
44 
 
http://algarmidia.com.br/blog-da-propaganda/wp-content/uploads/sites/3/2011/04/hco.jpg 
a) Que leitura é possível fazer do título do texto 1? Qual o objetivo desse 
anúncio? 
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b) Qual o sentido dos artefatos de cozinha (garfo, faca e saleiro) no texto 1 
para a construção do sentido? 
45 
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c) Qual a leitura crítica é possível fazer do conteúdo verbal do texto 1? 
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d) Qual a ligação entre o titulo do texto 2 e seu conteúdo visual? 
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e)Qual o objetivo do anúncio do texto 2? Pelas informações no anúncio quem é 
o autor? 
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 f)Por que de acordo com o anúncio: Quem lê enxerga mais? 
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46 
g) O que existe de comum entre os textos 1 e 2? Comprove com elementos 
extraídos dos textos. 
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Referências 
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: Encontro e Interação. São Paulo: 
Parábola Editorial, 2003. 
 ________________. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem 
pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. 
KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. Campinas, SP: Pontes 
Editores, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
Tema 5 
Tipologias, Gêneros Textuais e intertextualidade 
 
Objetivos 
 
� Entender a diferença entre tipologia e gênero textual; 
� Conhecer as particularidades e usos das tipologias e gêneros textuais. 
 
OS TEXTOS 
Texto 1: Cartum de Quino 
 
 
 
 
48 
Texto 2: Notícia da Revista Veja 
 
Pan-2015: atleta desmaia, mas é medalha de prata no levantamento de peso 
A halterofilista equatoriana Neise Dajones passou mal, nesta terça-feira, após 
levantar 121 quilos em prova da categoria até 69 quilos, no Pan de Toronto. Logo 
após o esforço, a atleta de 17 anos não aguentou: desmaiou e, caída no chão, sofreu 
uma convulsão. Mesmo com o incidente, Neise foi liberada para tentar levantar 125 
quilos em outra fase da prova. O resultado: medalha de prata. Na segunda-feira, outra 
atleta, a venezuelana Genesis Rodriguez, também desmaiou ao tentar erguer 106 
quilos e também conseguiu faturar a prata. 
http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/pan-2015-atleta-desmaia-mas-e-medalha-de-prata-no-levantamento-de-peso 
 
Texto 3: Artigo de opinião 
 
Análise/ Thomaz Wood Jr. 
O fim dos gerentes? 
por Thomaz Wood jr. — publicado 15/07/2015 04h06 
 
Após ceifar empregos na base, chegou a hora de a tecnologia ameaçar o meio da 
pirâmide corporativa. 
As fábricas automatizadas do fim do século XX substituíram trabalhadores por robôs. 
Agora é a vez de as empresas de serviços substituírem gerentes e outros 
profissionais por softwares. Os efeitos ainda são alvo de especulação. Por um lado, 
um movimento que libera os seres humanos de tarefas repetitivas e maçantes é um 
sonho de qualquer utopista. Por outro, o desemprego e o agravamento das 
desigualdades são efeitos palpáveis e hoje incontestáveis. 
Em editorial da revista científica Administrative Science Quarterly, veiculada em junho 
de 2015, Gerald F. Davis observa

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