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Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 221 AAUULLAA 0088 EEQQUUIILLÍÍBBRRIIOO EENNVVOOLLVVEENNDDOO AA FFOORRMMAAÇÇAAOO DDEE ÍÍOONNSS CCOOMMPPLLEEXXOOSS As reações envolvendo a formação de íons complexos são muito utilizadas na Química Analítica, sendo um dos primeiros usos a titulação de cátions (os métodos volumétricos envolvendo a formação de íons complexos – complexometria - são utilizados há mais de um século) e a aplicação analítica desses métodos é devida a uma classe de compostos de coordenação particular, denominados quelatos (capítulo 17 – SKOOG, 2006). Um quelato é produzido quando um cátion metálico se coordena com dois ou mais pares de elétrons dentro de uma mesma molécula ligante para formar um anel heterocíclico de cinco ou seis membros. Outra aplicação envolvendo a formação de íons complexos são as determinações espectrofotométricas (capitulo 26 – SKOOG, 2006), pois os íons complexos são coloridos (absorvem radiação visível) ou absorvem radiação ultravioleta. Alguns complexos são pouco solúveis e podem ser empregados em análise gravimétrica (capítulo 12 – SKOOG, 2006) ou em titulações de precipitação (capítulo 13 – SKOOG, 2006). Os complexos também são utilizados para extrair os cátions de um solvente para outro (o nome do método é extração por solventes) e para dissolver precipitados insolúveis. Os reagentes formadores de íons complexos mais úteis são os compostos orgânicos que contêm vários grupos com pares de elétrons disponíveis para formar múltiplas ligações covalentes com cátions metálicos. AS ETAPAS DE FORMAÇÃO DE COMPLEXOS EM SOLUÇÃO A maioria dos cátions metálicos reage com espécies doadoras de elétrons para formar compostos de coordenação ou íons complexos. Íons complexos são aqueles íons formados em solução pela combinação de duas ou mais espécies (íons) simples e que podem existir independentemente em solução. As espécies doadoras ou LIGANTES devem ter pelo menos um par de elétrons desemparelhado disponível para a formação de ligação. A água, amônia e íons cloreto são ligantes inorgânicos comuns. De fato, a maioria dos cátions metálicos em solução aquosa forma complexos com as moléculas de água. O Cu(II), por exemplo, em solução aquosa, é imediatamente complexado por moléculas de água para formar espécies como Cu(H2O)42+. Por motivo de simplificação, suprime-se o complexo aquoso nas equações químicas, e escreve-se o cátion metálico (Cu2+). Lembrar, porém, que esses “cátions” estão complexados em solução aquosa. O número de ligações covalentes que o cátion tende a formar com as espécies que possuem par de elétrons disponíveis é o seu número de coordenação. Os valores típicos para os números de coordenação são 2, 4 e 6. As espécies formadas podem ser eletricamente positivas, neutras ou negativas. Exemplo: Cu(II) – número de coordenação (NC) = 4. Exemplos: - Positivo – Cu(NH3 )42+ - Neutro – Cu(NH2CH2COO)2 (glicina: NH2CH2COOH) Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 222 - Negativo – CuCl42- Sistemas ácidos-bases são um caso especial íons complexos, pois estes são formados pela combinação de íons hidrogênio (cátion – receptor de elétrons) e um grupo funcional, tal como água, amônia ou fosfato (“doador” de elétrons) – Teoria ácido-base de Lewis. Segundo a teoria de Lewis, ácidos são espécies deficientes em elétrons (cátions metálicos), e, portanto, podem aceitar elétrons e bases são espécies que contém um ou mais pares de elétrons (ligantes) e podem “doar” esses pares de elétrons (ou seja, compartilhar esses pares de elétrons por ligações coordenadas). Um ligante que possui um único grupo doador de elétron (ex: NH3), é chamado uni-dentado (dente único), enquanto aquele como a glicina, que possui dois grupos disponíveis para ligações covalentes é dito bi-dentado. Agentes quelantes tridentados, tetradentados, etc, são também conhecidos. ALGUMAS PROPRIEDADES DOS ÍONS COMPLEXOS - Os complexos metálicos foram reconhecidos primeiramente como unidades em sais cristalinos. - A extensão com que cátions metálicos formam íons complexos em solução varia muito. Os cátions metálicos alcalinos e alcalinos terrosos formam somente íons complexos muito fracos, que são descritos melhor como pares iônicos, pois o cátion e o ânion estão ligados simplesmente por atração eletrostática. No outro extremo estão os complexos aminados de Co(III), que são tão estáveis, que quase não reagem com HCl à ebulição ou H2SO4 concentrado à quente. - A seletividade de um ligante em relação a um cátion metálico sobre outros se refere à estabilidade dos complexos formados. Quanto maior for a constante de formação do complexo cátion metálico-ligante, melhor a seletividade do ligante para o cátion metálico quando comparado aos complexos semelhantes formados com outros cátions metálicos. - Os ligantes uni-dentados são adicionados invariavelmente em uma série de etapas. Ex: Cu(II), com um número de coordenação máximo igual a 4, pode formar complexos uni- dentados com amônia, que têm as fórmulas Cu(NH3)2+, Cu(NH3)22+, Cu(NH3)32+, Cu(NH3)42+. - Com os ligantes multidentados, o número de coordenação máximo do cátion pode ser satisfeito com apenas um ligante ou pela adição de poucos ligantes. Ex: Cu(II), com um número de coordenação máximo igual a 4, também pode formar complexos bi- dentados com (glicina: NH2CH2COOH). O Cu(II) se liga ao oxigênio do grupamento carboxila e ao nitrogênio do grupo amina para formar Cu(NH2CH2COO)2. EQUILÍBRIO DE COMPLEXAÇÃO - CONSTANTES DE EQUILÍBRIO DE COMPLEXOS As reações envolvendo formação de íons complexos (reações de complexação) envolvem uma espécie deficiente em elétron, um cátion metálico, por exemplo, M2+ denominado de cátion livre reagindo com uma espécie que possua pelo menos um par de elétrons disponível para a ligação, denominado de ligante L-, para formar o complexo ML+, por exemplo. As reações de complexação Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 223 ocorrem, invariavelmente, em uma série de etapas. Elas podem ser escritas como reações sucessivas e à soma das reações sucessivas dá-se o nome de reação global. Assim: 1) Constantes de formação sucessiva (Kn): São constantes de equilíbrio para formação de complexos a partir do complexo anterior, ou seja, pela adição sucessiva de ligante a cada complexo formado. M2++L-�ML+ K1[M2+]x[L-]=[ML+] ML++L-� ML2 K2[ML+]x[L-]=[ML2] ML2 +L- �ML3- K3[ML2]x[L-]=[ML3-] E assim, sucessivamente …………………… MLn-1 +L- �MLn- Kn[MLn-1]x[L-]=[MLn-] As reações de equilíbrio de complexos podem ser representadas como a soma das reações sucessivas (etapas individuais), e as constantes de equilíbrio são denominadas de constantes de formação global, designadas pelo símbolo βn, onde n é o número de coordenação do cátion central e se refere ao número de ligantes que podem ser incorporados ao íon complexo. 2) Constantes de formação global (βn): São as constantes de equilíbrio para a formação de complexos a partir do cátion metálico central, ou seja, para a formação total (global) de cada complexo, desde o complexo de menor número de coordenação (NC) até o de maior número de coordenação (NC): M2++L-�ML+ β1[M2+]x[L-]=[ML+] ∴ β1=K1 M2++2L-�ML2 β2[M2+]x[L-]2=[ML2] ∴ β2=K1K2 M2++3L-�ML3- β3[M2+]x[L-]3=[ML3-] ∴ β3=K1K2K3 M2++nL-�MLn- βn[M2+]x[L-]n=[MLn+2-n] ∴ βn=K1K2K3...Kn As reações envolvendo a formação de íons complexos também podem ser escritas na forma de dissociação dos íons complexos. Assim, tem-se: 3) Constantes de dissociação ou instabilidade: são constantes de dissociação sucessivas, semelhantes às de poliácidos, ou seja, inversas às constantes de formação sucessivas. ML3-�ML2+L- Kd1[ML3-]=[ML2]x[L] ∴ Kd1=1/K3 ML2�ML++L- Kd2[ML2]=[ML+]x[L]∴ Kd2=1/K2 ML+�M2++L- Kd3[ML+]=[M2+]x[L] ∴ Kd3=1/K1 A nomenclatura para estas constantes nos livros didáticos é variável, de acordo com o autor. Entretanto deve-se, ao consultar uma tabela, ter meios de avaliar qual o tipo de constante considerado. Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 224 CÁLCULOS DAS CONCENTRAÇÕES DE EQUILÍBRIO QUANDO VÁRIAS ETAPAS DE EQUILÍBRIO ESTÃO ENVOLVIDAS Os cálculos de concentrações das espécies em equilíbrio em soluções de complexos podem ser feitos através do equacionamento matemático, como já foi visto na metodologia sistemática de cálculo de sistemas ácido-base. Entretanto, deve-se salientar que, apesar de ser possível estabelecer algumas analogias dos cálculos de equilíbrio envolvendo complexos com sistema ácido-base, deve ser observado que as constantes sucessivas para íons complexos não seguem sempre a mesma regra da ionização dos poliácidos. Nos poliácidos a segunda ionização é sempre mais fraca que a primeira, a terceira, mais fraca que a segunda e assim sucessivamente; nos íons complexos esta sucessão de valores não obedece a esta regra, e, em uma dada concentração de ligante, freqüentemente, diversas espécies podem estar presentes em concentrações apreciáveis. Portanto, não faz muito sentido desenvolver equações gerais para cálculos como foi feito com soluções aquosas de ácidos, bases e sais. Exemplo 1: Calcular as concentrações de todas as espécies em equilíbrio presentes em uma solução contendo 1,00 mol de HCl e 0,01 mol de Cd(NO3)2 em 1,0 L. Equacionar o problema pelo método matemático, sabendo que as constantes sucessivas de formação dos Cl-complexos são respectivamente: K1=21 K2=7,9 K3=1,23 K4=0,35. Considerando que a solução está em meio reacional de ácido forte, as reações de ionização do cátion metálico em água podem ser desconsideradas e o problema pode ser equacionado apenas com as constantes de formação dos Cl-complexos de cádmio. Assim: - Dadas as reações de equilíbrio sucessivas de formação de íon complexo: Cd(NO3)2�Cd2++2NO3- HCl +H2O�H3O++Cl- Cd2++Cl- �CdCl+ CdCl++Cl- �CdCl2 CdCl2+Cl- �CdCl3- CdCl3-+Cl- �CdCl42- - As reações de complexação sucessivas podem ser escritas como reações de equilíbrio global, em função do cátion metálico livre e dos complexos formados. Assim: Cd2++Cl-�CdCl+ Cd2++2Cl- �CdCl2 Cd2++3Cl- �CdCl3- Cd2++4Cl-�CdCl42- - Sendo as constantes de formação de formação global para cada reação global dada pelo somatório das reações sucessivas até cada etapa com o respectivo produto das constantes de Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 225 formação sucessivas. Assim: β1=K1=21 β2=K1K2=166 β3=K1K2K3=204 β4=K1K2K3K4=71,5 - Assim, pode se escrever as expressões matemáticas de equilíbrio: (1) [CdCl+]=β1[Cd2+]x[Cl-] (2) [CdCl2]=β2[Cd2+]x[Cl-]2 (3) [CdCl3-]=β3[Cd2+]x[Cl-]3 (4) [CdCl4=]=β4[Cd2+]x[Cl-]4 - As equações das condições de equilíbrio, dadas pelos balanços de massa para cádmio e cloro e a equação do balanço de carga, que são: b.m. (em cloro): (5) [Cl-]+CdCl+]+2[CdCl2]+3[CdCl3-]+4[CdCl42-]=1,00mol/L b.m. (em cádmio): (6) [Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl42-]=0,01mol/L b.c.: (7) 2[Cd2+]+[CdCl+]+[H3O+]=[NO3-]+[Cl-]+[CdCl3-]+2[CdCl4=] - Para resolver este problema de forma simples, pode-se, como primeira aproximação, assumir que o cloreto livre está em maior quantidade em relação às espécies de cloreto complexadas com Cd(II), uma vez que as concentrações analíticas são: [Cl-]=1,0 mol/L e [Cd2+]=0,01 mol/L (Esta aproximação é razoável porque a concentração de cloreto é cem vezes maior que a concentração de cádmio). Então, assumindo em (5) que a concentração dos íons cloro-complexos formados é desprezível tem-se (5a): (5a) [Cl-]=1,0 mol/L - Substituindo (5a) nas equações de (1) a (4) e substituindo em (6) tem-se a concentração de cada íon complexo em função de [Cd2+]: - Da equação (1) tem-se: [CdCl+]=21[Cd2+] - Da equação (2) tem-se: [CdCl2]=166[Cd2+] - Da equação (3) tem-se: [CdCl3-]=204[Cd2+] - Da equação (4) tem-se: [CdCl4=]=71,5[Cd2+] - Que substituídos na equação (6) fornecem a [Cd2+]: (6) [Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl42-]=0,01mol/L [Cd2+]+21[Cd2+]+166[Cd2+]+204[Cd2+]+71,5[Cd2+]=0,01 462,5[Cd2+]=0,01 [Cd2+]=2,16x10-5mol/L - E substituindo a [Cd2+] nas equações (1) a (4) tem-se a concentração de todas as espécies complexadas. Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 226 [CdCl+]=21[Cd2+]=21x2,16x10-5=4,55x10-4mol/L [CdCl2]=166[Cd2+]=166x2,16x10-5=3,58x10-3mol/L [CdCl3-]=204[Cd2+]=204x2,16x10-5=4,40x10-3mol/L [CdCl4=]=71,5[Cd2+]=71,5x2,16x10-5=1,54x10-3mol/L Observação: Notar que a espécie principal contendo Cd(II) é CdCl3-, mas as outras espécies não são muito menores. Para checar a aproximação feita (que foi considerar que [Cl-]~1,0), deve-se utilizar os valores encontrados das concentrações de complexo calculadas acima no balanço de massa do cádmio (equação 6) e do cloreto (equação 5). Será aceito o erro relativo menor que 10% para este tipo de cálculo. (6) [Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl42-]=0,01 mol/L 2,16x10-5+4,55x10-4+3,58x10-3+4,40x10-3+1,54x10-3=Ccádmio Ccádmio=9,9966x10-3 mol/L (ER=0,34%) (5) [Cl-]+[CdCl+]+2[CdCl2]+3[CdCl3-]+4[CdCl42-]=1,00mol/L [Cl-]+4,55x10-4+2x3,58x10-3+3x4,40x10-3+4x1,54x10-3=1 [Cl-]+4,55x10-4+7,16x10-3+13,2x10-3+6,16x10-3=1 [Cl-]=0,973 mol/L Observações: (1) Feita a verificação na equação exata, verifica-se que o problema está concluído com erro relativamente pequeno (ER≈ 3%), ou seja, [ER=(1-0,973)/1x100 ≈ 3%]. (2) O balanço de cargas não foi utilizado para resolver este problema, mas pode ser usado. Utilizando o balanço de cargas, incluindo os balanços de massa, para calcular a [Cl-]: (9) [H3O+]=1,00 mol/L (10) [NO3-]=0,02 mol/L E o balanço de cargas: (8) 2[Cd2+]+[CdCl+]+[H3O+]=[NO3-]+[Cl-]+[CdCl3-]+2[CdCl4=] - Aproximação a ser feita: Em meio fortemente ácido não se considera as reações de ionização (hidrólise) de cádmio em água. Assim, [H3O+] não se altera, e é 100 vezes maior que a concentração de Cd(II). Assim, todas as espécies de cádmio (cátion livre e os íons complexos - < 0,01 mol/L) podem ser desprezadas na equação 8, pois são aproximadamente bem menores que H3O+ (~ 1,0 mol/L) e Cl- (~ 1,0 mol/L). Então, a equação (8) pode ser resumida para: (14) [H3O+]=[NO3-]+[Cl-] Que dará: (15) [Cl-]=1,0–0,02=0,98 mol/L≈1,00 mol/L. Portanto, trata-se de um problema onde concentração relativa de Cl- (elevada) permite assumir Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 227 que [Cl-] não será muito diferente de 1,0 mol/L, mesmo que se forme o complexo de maior ordem. Exemplo 2: Calcular as concentrações de todas as espécies em uma solução contendo 0,01 mol de CdCl2 por Litro de solução. Assumir que a solução contém quantidade de HNO3 suficiente para prevenir a ionização (hidrólise) do cátion (o balanço de cargas não será determinado neste caso). Os equilíbrios são os mesmos do exemplo anterior e as equações matemáticas também, diferenciando-se apenas no balanço de massa em Cl-. Assim: - As equações de equilíbrio: (1) [CdCl+]=β1[Cd2+]x[Cl-] (2) [CdCl2]=β2[Cd2+]x[Cl-]2 (3) [CdCl3-]=β3[Cd2+]x[Cl-]3 (4) [CdCl4=]=β4[Cd2+]x[Cl-]4 - As equações das condições de equilíbrio, dadas pelos balanços de massa para cádmio e cloro (a equação do balanço de carga não será feita porque não se sabe a concentração molar de HNO3). Assim: - b.m. (em cádmio): (5) [Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl4=]=0,01 mol/L - b.m. (em cloreto): (6) [Cl-]+[CdCl+]+2[CdCl2]+3[CdCl3-]+4[CdCl4=]=0,02 mol/L Em uma primeira aproximação, neste caso, pode se considerar que as concentrações de íons complexossão baixas em relação ao cloreto (como no exemplo 1), em razão dos pequenos valores das constantes de formação. Logo, pode se assumir que: (6a) [Cl-]=0,02 mol/L - Substituindo (2a) nas expressões de equilíbrio serão obtidos os seguintes: (1) [CdCl+]=0,42[Cd2+] (2) [CdCl2]=0,0664[Cd2+] (3) [CdCl3-]=1,63x10-3[Cd2+] (4) [CdCl4=]=1,144x10-5[Cd2+] - Substituindo (1) a (4) no balanço de massa de Cádmio tem-se: (5) [Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl4=]=0,01 [Cd2+]+0,42 [Cd2+]+0,0664[Cd2+]+1,63x10-3[Cd2+]+1,144x10-5[Cd2+]=0,01 1,4880[Cd2+]=0,01 [Cd2+]=6,72x10-3mol/L - Substituindo (1) a (4) tem-se: (3) [CdCl+]=2,82 x10-3mol/L (4) [CdCl2]=4,46x10-4mol/L (5) [CdCl3-]=1,10x10-5mol/L (6) [CdCl4=]=7,69x10-8mol/L - Verificando se a aproximação foi válida, utilizam-se os balanços de massa de cloreto e cádmio: Ccádmio=[Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl4=] Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 228 Ccádmio=6,72x10-3+2,82x10-3+4,46x10-4+1,10x10-5+7,69x10-8 Ccádmio=0,01mol/L (ER=0,0%) Ccloreto=0,02=[Cl-]+[CdCl+]+2[CdCl2]+3[CdCl3-]+4[CdCl4=] [Cl-]=0,02–2,82 x10-3–2x4,46x10-4–3x1,10x10-5+4x7,69x10-8 [Cl-]=0,0169mol/L (ER=15%) Observação: Verifica-se pelo balanço de massas do cloreto que esta aproximação não é adequada (erro relativo é maior que 10%); mas, a partir dos resultados obtidos pode se fazer uma aproximação mais adequada. As espécies que estão em maior concentração e têm a mesma ordem de grandeza são [CdCl+]≈[Cd2+]. Logo, nas equações dos balanços de massa (5) e (6) pode se considerar que essas espécies são predominantes em solução e considerar que a concentração dos outros complexos é desprezível (∼0). Assim: - Desprezando os complexos de maior NC em (5) tem-se (5a): (5a) [Cd2+]+[CdCl+]=0,01mol/L. Rearranjando tem-se: [Cd2+]=0,01-[CdCl+] - Desprezando os complexos de maior NC em (6) tem-se (6b): (6b) [Cl-]+[CdCl+]=0,02mol/L. Rearranjando tem-se: [Cl-]=0,02-[CdCl+] - Adicionando (5a) e (6b) em (1) tem-se: (1) [CdCl+]=21[Cd2+]x[Cl-] Resolver o sistema acima de 3 equações e 3 incógnitas: Uma maneira de resolver é tirar o valor [Cd2+] em (1b) e [Cl-] em (2b) e substituindo em (c); daí resolver a equação do segundo grau em [CdCl+]. Obtêm-se duas raízes (7,50x10-2 e 2,67x10-3). Como a concentração analítica de cádmio é 0,01, descarta-se a primeira raiz e tem-se que: [CdCl+]=21(0,01-[CdCl+])x(0,02-[CdCl+]) [CdCl+]=21(0,0002-0,01[CdCl+]-0,02[CdCl+]+[CdCl+]2 21[CdCl+]2-1,63[CdCl+]+0,0042=0 [CdCl+]=2,67x10-3mol/L [Cl-]=1,73x10-2mol/L [Cd2+]=7,35x10-3mol/L [CdCl2]=3,65x10-4mol/L [CdCl3-]=7,76x10-6mol/L [CdCl4=]=4,70x10-8mol/L - Verificando se a aproximação foi válida, utilizam-se os balanços de massa de cloreto e cádmio: Ccádmio=[Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl4=] Ccádmio=7,35 x10-3+2,67x10-3+3,65 x10-4+7,76 x 10-6+4,70 x 10-8 Ccádmio=0,0104mol/L (ER=4,0%) Ccloreto=[Cl-]+[CdCl+]+2[CdCl2]+3[CdCl3-]+4[CdCl4=] Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 229 Ccloreto=1,73x10-2+2,67x10-3+2x3,65 x10-4+3x7,76x10-6+4x4,70x10-8 Ccloreto=0,0207mol/L (ER=3,5%) A tentativa de considerar que as espécies principais são íon cloreto e íon cádmio não foi válida (ER>10% para cloreto total). Entretanto, quando também se considerou a espécie complexa CdCl+ nas equações, as concentrações calculadas de todos os íons satisfizeram às equações dos balanços de massa de cádmio e cloreto dentro do limite de 5% de erro relativo. ESTABILIDADE DE COMPLEXOS – DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO/DIAGRAMAS DE DISTRIBUIÇÃO A estabilidade de uma espécie complexa em relação aos outros complexos em solução pode ser traduzida pelo grau de formação desta espécie complexa. O fato de uma constante de formação ser muito grande não significa que a espécie complexa é a que predomina e que as outras são desprezíveis. Além disso, deve se observar a predominância desta espécie e de todas as outras em função da concentração do ligante. DIAGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO DAS FRAÇÕES (αααα) O coeficiente de distribuição ou a fração molar de cada complexo em função da concentração de ligante, à semelhança do diagrama ácido-base, fornece informações importantes a respeito de quais espécies complexas são predominantes em determinada concentração de ligante. É possível representar o equilíbrio de formação de complexos pelo mesmo método gráfico que foi utilizado para poliácidos (capítulo 6), exceto que em vez de pH utiliza-se pCl. O método matemático é uma generalização do que foi feito no exemplo 1. CÁLCULO DA FRAÇÃO MOLAR DE ÍONS COMPLEXOS EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DO LIGANTE Exemplo 3: Calcular como função de [Cl-], a fração de cada espécie de cádmio presente em uma solução de cloreto de cádmio. - Dadas as reações de equilíbrio globais: Cd2++Cl-�CdCl+ Cd2++2Cl- �CdCl2 Cd2++3Cl- �CdCl3- Cd2++4Cl-�CdCl42- - As expressões matemáticas de equilíbrio são: (1) [CdCl+]=β1[Cd2+]x[Cl-] (2) [CdCl2]=β2[Cd2+]x[Cl-]2 (3) [CdCl3-]=β3[Cd2+]x[Cl-]3 Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 230 (4) [CdCl4=]=β4[Cd2+]x[Cl-]4 - Se C é a concentração analítica de cádmio, então o balanço de massa em cádmio é: (5) [Cd2+]+[CdCl+]+[CdCl2]+[CdCl3-]+[CdCl42-]=C - Substituindo em termos da constante de formação global listadas acima, tem-se a equação (6): C=[Cd2+]+β1[Cd2+][Cl-]+β2[Cd2+][Cl-]2+β3[Cd2+][Cl-]3+β4[Cd2+][Cl-]4 (6) C=[Cd2+](1+β1[Cl-]+β2 [Cl-]2+β3[Cl-]3+β4[Cl-]4) - Substituindo (6) na fração molar de cádmio, tem-se: 4 4 3 3 2 21 2 22 0 ][][][][1]([ ][][ 2 −−−−+ ++ ++++ ===+ ClClClClCd Cd C Cd Cd ββββαα (7) 4 4 3 3 2 21 2 0 ][][][][1 1][ 2 −−−− + ++++ ===+ ClClClClC Cd Cd ββββαα A fração molar de cada espécie complexa ou não de cádmio é independente da concentração total de cádmio na solução, e depende somente da concentração de íon cloreto. Notar que [Cl-] é a concentração de cloreto no equilíbrio, e não a concentração analítica de cloreto, que é dada pelo segundo balanço da massa (C1) na equação (8): (8) [Cl-]+[CdCl+]+2[CdCl2]+3[CdCl3-]+4[CdCl4=]=C1 A fração molar ou coeficiente de distribuição alfa, idêntico ao coeficiente de distribuição ácido- base, relaciona a concentração de cada espécie (cátion metálico livre ou íons complexos) em função da concentração analítica C, de cádmio. Assim: (9) αCdCl+=α1=[CdCl+]/C=β1[Cl-]α0 oClCd ClClClClCl Cl C ClxCd C CdCl αβββββ ββ αα ][][][][][1 ][][][][ 14 4 3 3 2 21 1 2 1 1 − −−−− −−++ = ++++ ====+ (10) αCdCl2=α2=[CdCl2]/C=β2[Cl-]2 α0 oCdCl ClClClClCl Cl C ClxCd C CdCl αβββββ ββ αα 224 4 3 3 2 21 2 2 22 22 2 ][][][][][1 ][][][][ 2 − −−−− −−+ = ++++ ==== (11) αCdCl3-=α3=[CdCl3-]/C=β3[Cl-]3α0 oCdCl Cl ClClClCl Cl C ClxCd C CdCl αβββββ ββ αα 334 4 3 3 2 21 3 3 32 33 3 ][][][][][1 ][][][][ 3 − −−−− −−+− = ++++ ==== − (12) αCdCl42-=α4=[CdCl42-]/C=β4[Cl-]4α0 Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 231 oCdCl Cl ClClClCl Cl C ClxCd C CdCl αβββββ ββ αα 444 4 3 3 2 21 4 4 42 4 2 4 4 ][][][][][1 ][][][][ 2 4 − −−−− −−+− = ++++ ==== − Assim, pode-se calcular a fração de cátion metálico livre ou complexado em função da [Cl-]; o somatório dos coeficientes de distribuição ou frações molares tem que ser igual a 1,0. α0+α1+α2+α3+α4=1,0 Pode-se, portanto, como, em equilíbrio ácido-base, fazer um diagrama que mostre as diferentes frações de cádmio em função da [Cl-]. A Figura 2 mostra as várias frações plotadas em funçãode pCl=-Log[Cl-]. Figura 2 – Fração de cádmio presente em cada cloro-complexo na solução em função da variação da concentração de cloreto. Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 232 Exemplo 4: A partir da Figura 2, calcular a fração de cádmio presente em cada espécie de cloro- complexo, a partir de uma solução contendo HCl 1,0 mol/L e nitrato de cádmio 0,01 mol/L. Se: [Cl-]=1mol/L pCl=0 Logo em pCl=0 pode-se ler as ordenadas, que são a fração de cada espécie de cádmio presente. Desde que a concentração analítica de cádmio (C) é 0,01 mol/L, basta multiplicar as frações por C para dar a concentração de cada espécie. - Da Figura 2: Se: [Cl-]=1mol/L pCl=0 αcd2+=0,002 (0,2%) αcd2+=[Cd2+]/C [Cd2+]=2x10-5 mol/L αCdCl+=0,046 (4,6%) αCdCl+=[CdCl+]/C [CdCl+]=4,6x10-4 mol/L αCdCl2=0,358 (35,8%) αCdCl2=[CdCl2]/C [CdCl2]=3,58x10-3 mol/L αCdCl3-=0,44 (44%) αCdCl3-=[CdCl3-]/C [CdCl3-]=4,4x10-3 mol/L αCdCl42-=0,154 (15,4%) αCdCl42-=[CdCl42-]/C [CdCl42-]=1,54x10-3 mol/L Os diagramas de distribuição, também podem ser representados pelos complementos α versus pCl. São construídos com base nos complementos de cada linha: 1a linha � α4=αCdCl42- ↔(α3+α2+α1+α0)=(αCdCl3-+αCdCl2+αCdCl++αCd2+) 2a linha � α4+α3=αCdCl42-+αCdCl3-↔(α2+α1+α0)=(αCdCl2+αCdCl++αCd2+) 3a linha � α4+α3+α2=αCdCl42-+αCdCl3-+αCdCl2 ↔(α1+α0)=(αCdCl++αCd2+) 4a linha � α4+α3+α2+α1=αCdCl42-+αCdCl3-+αCdCl2+αCdCl+ ↔(α0)=(αCd2+) Desta forma é obtido o diagrama contendo linhas paralelas que demarcam regiões de pCl onde predominam as espécies indicadas (Figura 3). Figura 3 - Fração dos complementos de cádmio presente em cada cloro-complexo na solução em função da variação da concentração de cloreto. Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 233 Estes são os mesmos resultados obtidos no exemplo 1. Para o exemplo 2, a leitura da concentração não pode ser lida diretamente, pois a [Cl-] não é conhecida; mas se a [Cl-] é em torno de 0,02 ou menor (pCl em torno de 1,7 ou maior), facilmente pode-se observar na Figura 2 que as espécies de cádmio mais importantes são Cd2+ e CdCl+ (e também CdCl2 em menor extensão que nesse exemplo não foi considerado, porque daria uma equação do terceiro grau). ESTABILIDADE DE UM COMPLEXO Em geral, não é necessário calcular a fração molar de cada complexo e sim calcular somente a fração complexada e a não complexada, que é uma medida da extensão da formação ou não de complexos, ou seja, é uma medida da formação de íons complexos a partir do cátion metálico livre e pode ser obtida pela expressão (1-α0). FRAÇÃO DE CÁTION METÁLICO LIVRE ���� (αααα0000) Na Figura 4 pode se observar que à medida que pCl aumenta (menor concentração de cloreto) aumenta a fração de cátion metálico livre. Figura 4 – Diagrama de fração de cátion metálico livre (α0) versus pCl. FRAÇÃO DE CÁTION METÁLICO COMPLEXADO ���� (1-αααα0000) Pode-se também fazer o diagrama do complemento da fração do cátion metálico livre, que resume o somatório de todas as frações do complexo. Na Figura 5 pode-se observar que não importa como fazer o diagrama, à medida que pCl aumenta (menor concentração de cloreto) aumenta a fração de cátion metálico livre. 0 1 2 3 4 5 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 Cátion livre Complexos αααα0 (1-αααα0) αααα0 pCl Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 234 Figura 5 – Diagrama de fração de cátion metálico complexado (1-α0) versus pCl. COMPETIÇÃO ENTRE LIGANTES Graficamente, pode se analisar a competição entre ligantes representando a variação da fração do cátion metálico central (αo), ou seu complemento (1-αo) em função do meio reacional. Dada a Tabela I com as constantes sucessivas de formação de complexos de Cd(II) com os halogenetos: Tabela 1 - Constantes sucessivas de formação de complexos de Cd(II) com os halogenetos. Ligante Log K1 Log K2 Log K3 Log K4 Cl- 1,32 0,90 0,09 -0,45 Br- 1,56 0,46 0,23 0,41 I- 2,08 0,87 2,09 1,59 Com os dados da Tabela 1 podem ser construídos os diagramas abaixo a partir da expressão αM para cada valor de pL. Na Figura 6 tem-se o diagrama construído com os dados acima. Cada linha representa a fração de cádmio livre na solução em função da concentração decrescente dos ligantes Cl-, Br- e I-. A leitura da fração de cádmio livre é feita do valor de pL até a linha respectiva de cada ligante. 0 1 2 3 4 5 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 Cátion livreComplexos (1-αααα0) αααα0 (1- αα αα 0) pCl Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 235 Figura 6: Fração de cátion metálico livre em função da concentração de ligante (Cl-, Br- e I-). Na Figura 7, cada linha representa o complemento de cádmio (II) livre, ou seja, a fração total de cádmio complexado, em função da concentração decrescente dos ligantes Cl-, Br- e I-. Figura 7: Fração total dos complexos metálicos de Cd(II) em função da concentração de ligante (Cl-, Br- e I-). - A partir das Figuras 6 e 7 podem ser feitas algumas observações: Fração Cd(II) em meio complexante 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 pL al fa [C d(I I)] Cl- Br- I- Competição entre ligantes com Cd(II) 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 pL 1- a lfa [C d(I I)] Cl- Br- I- Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 236 (1) À medida que o valor de pL aumenta (a concentração molar de ligante diminui) a fração de cádmio livre aumenta tendendo 1,0 (não há formação de complexo em meio muito diluído de ligante). O inverso também é verdadeiro, ou seja, à medida que diminui pL (concentração molar de ligante aumenta) a fração molar de cádmio livre tende a zero (cádmio está totalmente complexado em concentração molar alta de ligante). (2) Quanto menor a fração de cátion metálico livre (maior pL), maior a estabilidade dos complexos. Isto implica em que quanto maior a concentração de ligante (menor pL), mais complexos se formam, e se formam mais os complexos com número de coordenação (NC) maior. (3) Quanto maior a fração de cátion complexado (menor pL), menor a estabilidade dos complexos. Isto implica em que quanto menor a concentração de ligante (maior pL), menos complexos se formam e se formam mais o de menor NC. (4) Em concentrações iguais de ligantes os iodetos de cádmio são mais estáveis que os brometos de cádmio e estes mais estáveis que os cloretos de cádmio. (5) Entretanto uma solução 0,1 mol L-1 de Cl- complexa melhor o cádmio do que uma solução 0,01 mol L-1 de Br-. pCl=1,0 αCd2+=0,2 (cátion livre) pBr=2,0 αCd2+=0,75 (cátion livre) Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 237 Tabela I - Constantes sucessivas de formação de íons complexos. Cátion Central Ligante log k1 log k2 log k3 log k4 log k5 log k6 Obs Cd(II) Cl- 1,32 0,90 0,09 -0,45 - - 4,5 mol/L NaClO4 Hg(II) Cl- 6,74 6,48 0,85 1,00 - - 0,5 mol/L NaClO4 Fe(III) Cl- 0,62 0,11 -1,40 -1,92 - - 1,0 mol/L NaClO4 Cd(II) Br- 1,56 0,46 0,23 0,21 - - 1,0 mol/L NaClO4 Hg(II) Br- 9,05 8,28 2,41 1,26 - - 0,5 M de NaClO4 Cd(II) I- 2,08 0,87 2,09 1,59 - - 4,5 mol/L NaClO4 Hg(II) I- 12,87 10,95 3,78 2,23- - 0,5 mol/L NaClO4 Cd(II) CN- 5,48 5,14 4,56 3,58 - - 3,0 mol/L NaClO4 Hg(II) CN- 18,00 16,70 3,83 2,98 - - 0,1 mol/L NaNO3 Ag(I) SCN- 4,59 3,70 1,77 1,20 - - 4,0 mol/L NaClO4 Ni(II) SCN- 1,18 0,46 0,17 - - - 1,0 mol/L NaClO4 Fe(III) SCN- 1,96 2,02 -0,41 -0,14 -1,57 -1,51 1,8 mol/L NaClO4 Ag(I) S2O32- 8,82 4,64 0,69 - - - Corrigido I = 0 Ag(I) NH3 3,20 3,83 - - - - 2,0mol/LNH4NO3 Hg(II) NH3 8,8 8,7 1,00 0,78 - - 2,0mol/LNH4NO3 Zn(II) NH3 2,37 2,44 2,50 2,15 - - 2,0mol/LNH4NO3 Cd(II) NH3 2,65 2,10 1,44 0,93 -0,32 -1,66 2,0mol/LNH4NO3 Ni(II) NH3 2,80 2,24 1,73 1,19 0,75 0,03 2,0mol/LNH4NO3 Cu(II) NH3 4,15 3,50 2,89 2,13 -0,5 -2,5 2,0mol/LNH4NO3 Co (II) NH3 2,11 1,63 1,05 0,76 0,18 -0,62 2,0mol/LNH4NO3 Hg(II) -OH 10,30 11,40 - - - - Corrigido I=0 Zn (II) -OH 4,15 6,0 4,1 1,26 - - Corrigido I=0 Ag(I) -OH 2,30 1,72 - - - - Corrigido I=0 Textos de Apoio Bibliográfico UFRRJ – Química Analítica II – IC610/2015-I 238 Tabela II - Constantes de saturação com formação de complexos. Cátion central Ligante Log kpso Log ks1 Log ks2 Log ks3 Log ks4 Sólido Observação Ag(I) Cl- -9,75 -6,70 -4,70 -4,70 -4,46 AgCl Corrigido I=0 Hg(II) Cl- -13,79 -7,05 -0,57 +0,28 +1,28 HgCl2 0,5mol.L-1NaClO4 Cu(I) Cl- -6,73 -5 -1,12 -1,47 - CuCl 1,0mol.L-1NaClO4 Pb(II) Cl- -3,73 - - -1,93 - PbCl2 Corrigido I=0 Cu(I) Cl- -6,73 -5 -1,12 -1,47 - CuCl 1,0mol.L-1NaClO4 Ag(I) Br- -12,10 -7,96 -5,00 -4,15 -3,22 AgBr 0,1mol.L-1NaClO4 Hg(II) Br- -19,10 -10,05 -1,77 +0,64 +1,90 HgBr2 0,5mol.L-1NaClO4 Ag(I) I- -16,35 -8,22 -5,40 -2,60 -1,96 AgI 4,0mol.L-1NaClO4 Hg(II) I- -27,70 -14,83 -3,88 -0,10 +2,13 HgI2 0,5mol.L-1NaClO4 Ag(I) CN- -15,92 -7 +4,62 +5,32 +4,19 Ag2(CN)2 0,5mol.L-1NaClO4 Hg(II) CN- -25,10 -17,10 -0,40 +3,43 +6,41 Hg(CN)2 0,1mol.L-1NaNO3 Cu(I) CN- -19,49 -13 -4,23 +0,36 +2,06 CuCN Corrigido I=0 Al(III) HO- -33,96 -24,98 -15,26 -6,95 -1,29 Al(OH)3 Corrigido I=0 Hg(II) HO- -25,32 -15,02 -3,62 - - HgO Corrigido I=0 Ag(I) HO- -7,73 -5,43 -3,71 - - Ag2O Corrigido I=0 Zn(II) HO- -17,15 -13,0 -7 -2,92 -1,66 Zn(OH)2 Corrigido I=0 Fe(II) HO- -15,1 -9,4 -6 -5,1 -5,5 Fe(OH)2 Corrigido I=0 Fe(II) HO- -38,7 Ni(II) HO- -17,2 -13,8 -7,0 -4,2 - Ni(OH)2 Corrigido I=0 Mg(I) HO- -10,74 -8,16 Mg(OH)2 Corrigido I=0 Co(II) HO- -15,6 -13,8 -6,4 -5,1 Co(OH)2 Corrigido I=0
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