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* Aula 12 RESPONSABILIDADE CIVIL Dano moral Prof. Dr. Alexandre Guerra * * Dano moral Impropriedade técnica da designação Reparação de danos extrapatrimoniais Não se aplica o princípio da restituição integral Conceito: “é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio” (CRG) Lesão aos direitos da personalidade Honra, dignidade, intimidade, vida privada, imagem, bom nome. CF/1988, art. 5º. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem CF/1988, art. 5º. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Incapaz pode sofrer dano moral? Nascituro? Amentais? * * “É a lesão a um interesse que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade” (Zanoni) Dor, sofrimento, aflição, frustração e angústia? Mero dissabor, mágoa, sensibilidade exacerbada, contratempos do quotidiano, aborrecimentos. Sofrimento de foge à normalidade dos acontecimentos e interfere direta e intensamente no comportamento psicológico do indivíduo (Sergio Cavalieri Filho) Industrialização do dano moral (José Osório de Azevedo Junior) Banalização do dano moral Prisão em porta giratória. Mero aborrecimento? Descumprimento de contrato. Mero aborrecimento? * * Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Súmula 227 STJ Abalo de crédito e nome comercial Possibilidade de ajuizamento de ação por espólio e sucessores (STJ) NATUREZA JURÍDICA DA INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS Compensatório (satisfatório) em favor da vítima e sucessores PUNITIVO (pedagógico, educativo, desestimulador) contra o ofensor. STJ. Teoria do desestímulo * * Necessidade de coibir-se o enriquecimento indevido (ilícito) da vítima: Nossa posição: CC. Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz. Dano moral subjetivo: sofrimento à vítima Dano moral objetivo: ofensa a direito de personalidade PROVA DO DANO MORAL Dispensa prova em concreto (“in re ipsa”) Trata-se de presunção absoluta de dano que independe de prova concreta pela vítima. Controvérsia. Imoralidade de compensação pecuniária pela morte de ente querido. Controvérsia. STJ. * * Deve ficar demonstrado, em razão da própria situação concreta, que o descumprimento de determinada prestação, por sua natureza, foi capaz de gerar intenso sofrimento à vítima (dano moral subjetivo), ou de ofender direito de personalidade (dano moral objetivo). Os primeiros (dano moral subjetivo) não são “in re ipsa”: controvérsia. Não se exige a prova do sofrimento em si, de caráter nitidamente subjetivo, mas sim a prova da gravidade da ofensa e de sua repercussão sobre a vítima, que gere a presunção de lesão extrapatrimonial (v. FILHO, Sérgio Cavalieri, Programa de Responsabilidade Civil, Malheiros, Atlas, p. 80). * * Salvo situações excepcionais e bem demarcadas não é a simples frustração decorrente do inadimplemento que se indeniza. Indeniza-se a ofensa a direitos da personalidade, ou sofrimento intenso e profundo, a ser demonstrado caso a caso (v. Maria Celina Bodin de Moraes, Danos à Pessoa Humana, Renovar, p. 64; STJ). O atentado ao bem-estar psicofísico do indivíduo, para ensejar a indenização de danos morais, deve apresentar uma certa magnitude para ser reconhecido como dano moral. Não basta um mal-estar trivial, de escassa importância, próprio do risco cotidiano da convivência em sociedade. * * Indenização de danos morais pressupõe a lesão a interesses objetivos, com ofensa a direitos da personalidade. Mero aborrecimento quotidiano ou dissabores não o ensejam. Simples emoções negativas. O entendimento dos tribunais é no sentido de que se faz necessário que o constrangimento, a tristeza, a humilhação, sejam intensos a ponto de poderem facilmente distinguir-se dos aborrecimentos e dissabores do dia-a-dia, situações comuns a que todos se sujeitas, aspectos normais da vida cotidiana (Maria Celina Bodin de Moraes, Danos à Pessoa Humana, Renovar, p. 157/158). * * CRITÉRIOS PARA ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO CBT (Lei n. 4.117/65): 5 a 100 salários mínimos Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/67): até 200 salários mínimos (revogada) Inexistência de tarifação legal ou constitucional PARÂMETROS A SEREM CONSIDERADOS (rol exemplificativo) Situação econômica das partes Intensidade de sofrimento da vítima e culpa do ofensor Gravidade, natureza e repercussão da ofensa Circunstâncias que permeiam o fato (realidade social) Evitar indenização simbólica ou enriquecimento ilícito da vítima Tempo decorrido desde o dano até o ajuizamento e decisão judicial Concessão de provimento judicial de urgência que o minimize Teoria do desestímulo (“punitive damages”) * * Necessidade de razoabilidade, proporcionalidade, moderação do julgador. Bom senso. Respeito aos parâmetros fixados pelos tribunais e STJ Supremo Tribunal Federal. Súmula 490: "A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores." TJSP: Impossibilidade de fixação em salários mínimos. Fixação em moeda corrente nacional, ainda que um dos critérios possa ser o valor do salário mínimo à época. Valor das causa: desnecessário pedido expresso e determinado quanto ao valor (STJ) http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=93679#. Acesso em 30.10.2012 * * STJ – Exemplos (não são valores obrigatórios) Morte de criança na escola: 500 SM Paraplegia por lesão a funcionário público em rebelião em presídio: 250 SM Morte de filho no parto: 250 SM “Fofoca social”: R$30.000,00 Protesto indevido de títulos: R$20.000,00 Alarme antifurto acionado irregularmente: R$7.000,00 a R$15.000,00. *