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UE - 4 - COMPETENCIA_20131022170856

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Direito Processual do Trabalho
UE – 4 – Competência na JT
Por Déborah Camacho
“Quem primeiro percebe são os poetas. Isso se deve ao fato de que os seus olhos são diferentes. Por isso eles vêem [sic] as coisas ao revés. Poesia são coisas vistas ao contrário. Não é coisa de pensamento, é coisa da visão. Quando as pessoas, ao ouvirem um poema, dizem que não entenderam e pensam no lugar errado, no lugar onde moram os pensamentos. Mas um poema não é para ser pensado na cabeça. É para ser visto com os olhos.” Rubem Alves
COMPETÊNCIA
ALEXANDRE CÂMARA. Em sendo a jurisdição una e indivisível, não é possível “medir” a “quantidade de jurisdição”. Para o jurista carioca, competência é:
“O conjunto de limites dentro dos quais cada órgão do Judiciário pode exercer legitimamente a função jurisdicional”
PRINCÍPIOS EM MATÈRIA DE COMPETÊNCIA
1.PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
COMPETÊNCIA PENAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Art. 114. “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (...)
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição” .
INTEPRETAÇÃO DO STF: 
“Competência criminal. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC n. 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional n. 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais." (ADI 3.684-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 1º-2-07, DJ de 3-8-07”
2.PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA SOBRE COMPETÊNCIA
Origem = Direito Público Alemão.
Princípio da Kompetenz-Kompetenz = o juiz tem sempre competência para examinar sua competência;
CÂNDIDO DINAMARCO = “todo juiz é o primeiro juiz de sua própria competência”. 
Ou seja, o magistrado incompetente, tem, pelo menos constitucionalmente, competência de reconhecer sua incompetência (o que já revela a existência de ao menos uma parcela da jurisdição).
CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA - Passos
1) COMPETÊNCIA INTERNACIONAL e COMPETÊNCIA INTERNA
O critério de competência internacional no CPC é especificado nos artigos 88, 89 e 90 do CPC.
No Processo do Trabalho, este critério está especificado no artigo 651, §2º do CPC. 
 
2.“COMPETÊNCIA DE JURISDIÇÃO” OU COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL, COMPETÊNCIA DE FORO E COMPETÊNCIA DE JUÍZO.
i) Competência de Jurisdição
Verificada a competência da Justiça Brasileira, passa-se a uma segunda etapa, devendo o intérprete agora perquirir qual a “Justiça” competente.
Trata-se de saber se o conhecimento da ação caberá à Justiça Comum (estadual ou federal) ou a uma das Justiças especializadas (do Trabalho, eleitoral ou militar).
Justiça Comum dos Estados = possui competência de jurisdição residual. Vale dizer, as lides que não foram abarcadas nas competências das demais Justiças, todas previstas constitucionalmente, forçosamente serão julgadas pela Justiça Comum. 	 
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ii) Competência de Foro
Determinada qual o Órgão do Poder Judiciário competente para apreciação da demanda, passa-se a uma terceira etapa:
- A busca do foro competente, vale dizer, da circunscrição territorial judiciária em que a causa deve ser processada.
Na Justiça do Trabalho, não há muito problemas: Basta saber a Região do Tribunal do Trabalho, e depois a Vara competente para apreciação da lide (regra genérica = foro da prestação de serviços).
iii. Competência de Juízo = Definida qual a comarca, deve-se perquirir qual juízo, dentro daquele limite territorial, tem competência para apreciação da lide.
OBS 1: TRT/RS (4ª Região): Criou por Ato da Presidência, Varas Especializadas em indenização por danos morais e materiais decorrente de Acidente de Trabalho. O problema da competência do juízo, ratione materiae lá se impõe como etapa a ser enfrentada para determinação da competência.
OBS 2: JUÍZO x JUIZ 
JUÍZO = A Vara, a célula básica da organização judiciária, a unidade de prestação jurisdicional, composta de Juiz e Servidores.
A mudança da pessoa física do juiz, não altera a competência do juízo. Por isto se diz competência do juízo, e não do juiz.
C) COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA
COMPETÊNCIA ABSOLUTA
1. Prevalência do interesse público (indisponibilidade);
2. O juiz deve declarar-se incompetente,de oficio, sempre que lhe for remetido processo para o qual for absolutamente incompetente. (Artigo 113 do CPC + Parágrafo 1º do Artigo 795 da CLT);
3. Autor, réu ou qualquer interveniente podem, a qualquer tempo, invocar a incompetência absoluta, que é matéria preliminar de defesa (Art. 113 e 301, II do CPC).
4. Em face da indisponibilidade é incabível “eleição de foro” (Artigo 111 do CPC).
5. A incompetência absoluta do juiz torna nulos quaisquer atos decisórios por ele proferidos (Artigo 113, parágrafo 2º do CPC);
A sentença proferida pelo Juiz absolutamente incompetente pode ser rescindida (Artigo 485, inciso II do CPC).
OBS: há quem diga que trata-se de vício transrescisório, insanável mesmo após o prazo decadencial de 2 anos para o ajuizamento da ação rescisória.
C.1. COMPETÊNCIA RELATIVA
COMPETÊNCIA RELATIVA
1. Prevalência do interesse privado (disponibilidade);
2. O juiz não pode, em hipótese nenhuma, declarar-se de ofício incompetente; só poderá fazê-lo se o réu suscitar a exceção de incompetência (Artigo 112 do CPC + Súmula 33 do STJ)
3. Somente o réu pode suscitar a exceção; Não suscitada no prazo legal, a Competência é prorrogada (Juiz em tese incompetente, se torna competente – Artigo 114 do CPC)
4. Em face da disponibilidade, lícita a cláusula contratual de eleição de foro, com exceção dos contratos de adesão;
5. As regras de competência relativa não provocam nulidades.
Ou ocorre a exceçãodeclinatóriafori, com remessa dos autos ao juiz competente (artigo 311 do CPC);
Ou ocorre a Prorrogação da Competência.
PERGUNTA: No Processo do Trabalho há exceção à rigidez destas regras? 
Artigo 795. §1º da CLT
Interpretação amplamente majoritária: a CLT quando se referiu à incompetência de foro, quis mencionar do FORO TRABALHISTA em geral, ou seja, mencionou regra de competência em razão da matéria, absoluta, portanto.
OJ 149 da SDI-2 do TST e Enunciado 7 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho.
IV - CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA
CHIOVENDA (critério adotado pelo Direito brasileiro)
A) CRITÉRIO OBJETIVO
Portanto, o legislador se vale dos elementos da demanda para distribuir a competência:
Partes = em razão das pessoas;
Causa de pedir = em razão da matéria;
Pedido = competência em razão do valor;
A.1. - COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (ex ratione materiae)
Também chamada de “competência objetiva”.
Relacionada com as questões de mérito, conforme a natureza da lide ou objeto do dissídio.
Ex.: causas referentes à relação de emprego são da Justiça do Trabalho (artigo 114, I da CR).
É competência absoluta e pode ser suscitada pela via de preliminar (art. 301, II do CPC).
Pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição.
Pode e deve ser declarada de ofício (artigo 113 do CPC)
A.2. - COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA (ex ratione personae)
Relacionada com a qualificação dos litigantes. Vinculada a atributo pessoal do litigante. 
- Atua na competência de jurisdição/competência constitucional: 
Ex. Causas em que for parte a União ou autarquia federal ou empresa pública federal, cabem à Justiça Federal (artigo 109, I, da CR).
- Atua na competência de juízo. 
É competência absoluta e pode ser suscitada pela via de preliminar;
A.3. - COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR (ex ratione valoris) 
Relacionadacom o valor da causa. Direito Processual do Trabalho: (Lei 5584/70, art. 2º)
- Causas de até 2 salários mínimos não altera-se competência de foro; Entretanto, ocorre limitação à competência funcional vertical (com limitação dos recursos à matéria constitucional).
Artigo 2º, § 3º, Lei 5584/70: 
“§3º - Quando o valor fixado para a causa, na forma dêste artigo, não exceder de 2 (duas) vêzes o salário-mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria de fato”. 
§ 4º - “Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação”. 
B) FUNCIONAL
Distribui entre diversos órgãos a competência “quando as diversas funções necessárias num mesmo processo ou coordenadas à atuação da mesma vontade de lei são atribuídas a juízes diversos ou órgãos jurisdicionais diversos”. 
E aqui a competência funcional pode ser “NO PLANO HORIZONTAL” ou “NO PLANO VERTICAL”.
COMPETÊNCIA FUNCIONAL HORIZONTAL:
Ex. 1. Carta Precatória (juiz deprecado interroga a testemunha; demais atos do juiz deprecante)
COMPETÊNCIA FUNCIONAL VERTICAL:
Ex. 1: A competência do Juiz Corregedor, atribuída pelo Regimento Interno do TRT/RJ para apreciação de reclamação correicional ou pedido de providências ajuizados em face de juízo de 1º grau.
C) TERRITORIAL ou DE FORO
Significa que a distribuição da competência se faz em razão de aspectos ligados, exclusivamente, à posição geográfica.
É competência relativa, e deve ser argüída pela via de exceção.
É modificável e prorrogável. (Arts. 112 e 304 do CPC e art. 799 da CLT).
CRIOU-SE A COMPETÊNCIA TERRITORIAL FUNCIONAL: AÇÃO CIVIL PÚBLICA - Art. 2º, Lei 7.347/85:
“As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa”.
A COMPETÊNCIA TERRITORIAL FUNCIONAL É ABSOLUTA?
COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO
I – COMPETÊNCIA MATRIZ: AÇÕES ORIUNDAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO
1) RELAÇÃO DE TRABALHO - Artigo 114, I da CR: Apresenta o conceito de “Relação de Trabalho”.
MAURÍCIO GODINHO DELGADO: “Todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centradas em uma obrigação de fazer, consubstanciada em trabalho humano”.
 
2) SERVIDORES PÚBLICOS
CLASSIFICAÇÃO MAJORITÁRIA
2.1.) ESTATUTÁRIO 
Relação administrativa com o Estado (Lei 8112/1990) - aqui se inclui os exercentes de cargo de provimento efetivo como de cargo em comissão; 
Competência: Justiça Federal (União) e Justiça Estadual (Estados e Municípios); 
OJ 138 da SDI-1 do c. TST: “COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO.Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da referida lei. A superveniência de regime estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista”.
 O servidor público sob regime administrativo (estatutário), ainda que presente os 5 elementos acima mencionados, não formam vínculo contratual de natureza privada, mas vínculo de natureza pública, com regime jurídico próprio, distinto da CLT.
ADI 3.395 STF: liminar do Ministro Jobim, confirmada pelo Plenário do STF, corroborou este entendimento.“O Tribunal, por maioria, referendou liminar concedida em ação direta de inconstitucionalidade proposta pela AJUFE contra o inciso I do art 114 da CF, na redação dada pela EC 45/2004, em que o Min. Nelson Jobim, então presidente, dera interpretação conforme ao aludido dispositivo para suspender ‘toda e qualquer interpretação que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativa” (ADI 3395-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, Informativo 422)
2.2) SERVIDOR PÚBLICO CELETISTA 
Artigo 173, parágrafo 1º, II CR (Administração Indireta); 
Artigo 39 da CR: FIM DA OBRIGATORIEDADE DE REGIME JURÍDICO ÚNICO (Emenda Constitucional 19/1998, regulamentada pela Lei 9962/2000).
INFORMATIVO STF 474/2007
Em conclusão de julgamento, o Tribunal deferiu parcialmente medida liminar em ação direta ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores - PT, pelo Partido Democrático Trabalhista - PDT, pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B, e pelo Partido Socialista do Brasil - PSB, para suspender a vigência do art. 39, caput, da Constituição Federal [...] mantida sua redação original, que dispõe sobre a instituição do regime jurídico único dos servidores públicos [...]. ADI 2135 MC/DF, rel. orig. Min. Néri da Silveira, rel. p/ o acórdão Min. Ellen Gracie, 2.8.2006. (ADI-2135)
2.3.) ESPECIAL 
Art. 37, IX, CR e Lei 8745/1993 (Contrato Temporário)
De quem é a competência para apreciar demandas que envolvam tal agente público?
POSIÇÃO DO TST:
2.3 23/04/2009
Pleno do TST cancela Orientação Jurisprudencial nº 205 da SDI-1
O Pleno do Tribunal Superior do Trabalho decidiu hoje (23), por unanimidade, cancelar a Orientação Jurisprudencial nº 205 da Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), que trata da competência material da Justiça do Trabalho para julgar ações relativas ao desvirtuamento das contratações especiais (temporárias) por entes públicos. .[...], e estabelece que “a simples presença de lei que disciplina a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal) não é o bastante para deslocar a competência da Justiça do Trabalho se se alega desvirtuamento em tal contratação, mediante prestação de serviços à Administração para atendimento de necessidade permanente e não para acudir a situação transitória e emergencial.”
O presidente da Comissão de Jurisprudência, ministro Vantuil Abdala, explicou que o Supremo Tribunal Federal, em diversos julgados, já se manifestou em sentido contrário a essa tese, entendendo pela incompetência da Justiça do Trabalho para apreciar demanda relativa à contratação temporária por ente público, inclusive em reclamações ajuizadas contra decisões do TST. 
OBSERVAÇÃO 1: MUNICÍPIOS QUE ADOTARAM A CLT COMO ESTATUTO JURÍDICO ÚNICO:
Competência da Justiça do Trabalho (entendimento já assentado no TST e no STF). 
“Instituído pelo Município como regime jurídico dos seus servidores o estabelecido pela CLT, fica evidente a competência da Justiça especializada para processar e julgar a reclamação”. (CC 15.795, relator Ministro Anselmo Santiago, DJU 03/02/1997). 
3) ENTES DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO
Artigo 114, I, CR:
“Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - CONFLITOS INTERSINDICAIS
Competência que deflui do artigo 114, incisos II e III da CR: 
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
Direito de GREVE
Artigo 114, inciso II da CR;
- “as ações que envolvam o exercício do direito de greve”;
JT aprecia todo e qualquer fato atinente ao direito de greve;
1.A) A liberdade do direito de greve (incluindo a repressão a atos anti-sindicais que importem em restrição ao direito de greve);
Legitimados: Sindicatos, MPT e trabalhador individualmente;
AÇÕES COLETIVAS, as ações decorrentes do exercício abusivo do direito de greve (tutela preventiva e reparatória),incluindo-se as de natureza indenizatória e possessória decorrentes da paralisação coletiva.
 
2 - AÇÕES ENVOLVENDO SINDICATOS
Com o advento da EC 45/2004, e face à nova redação do artigo 114 da CR, a Justiça do Trabalho passou a ser competente para:
a) ações que tenham por objeto a disputa sobre representação sindical;
Antigamente a decisão da Justiça do Trabalho era proferida apenas incidenter tantum, não fazia coisa julgada material (artigo 469 do CPC). 
b) as ações inter sindicatos;
Inclui-se aqui, também as controvérsias relativas às eleições sindicais e inter-sindicais.
c) as ações entre sindicatos e trabalhadores;
d) as ações entre sindicatos e empregadores.
Ações relativas às contribuições sindicais, assistenciais e estatutárias.
4.MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
SÚMULA 736 do TST:
"Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores". 
Paramos aqui...
 ENTES DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO
Artigo 114, I, CR:
“Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IMUNIDADES PESSOAIS = Convenção de Viena de 1961 a 1963 = réu é membro de corpo diplomático.
ATOS DE GESTÃO x ATOS DE IMPÉRIO
Para maior parte da doutrina: Imunidade restringe-se à fase de execução.
Nesta fase, o desrespeito à imunidade para o processo de execução, poderia supor uma inadmissível invasão do território estrangeiro, em injustificável desrespeito à soberania de Estado estrangeiro.
MAURO SCHIAVI: “Com efeito, a Constituição não restringe no inciso I, a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as demandas oriundas da relação de trabalho que envolvem as pessoas jurídicas de direito público externo. Se há competência para processar, também haverá para executar a decisão. De que adianta a Justiça do Trabalho poder condenar, se não puder executar. Ou a demanda trabalhista se processa por inteiro, ou então a Justiça do Trabalho somente atuará pela metade. No nosso sentir, quando um ente de direito público externo contrata um empregado brasileiro, dentro do território brasileiro, pelo regime da CLT, despe-se do poder de império para se equiparar ao empregador privado”. (Manual de Direito Processual do Trabalho, página 167). 
“O deferimento parcial do recurso resultou na ordem para o prosseguimento da execução contra a Embaixada do Suriname, limitada a penhora aos bens pertencentes à devedora em território brasileiro que não sejam destinados ou utilizados nas atividades diplomáticas ou consulares do Suriname no Brasil. “(RR 1301/1991-003-10-40.6)
 SEGURO DESEMPREGO
Súmula 389 do c. TST: 
“Seguro-desemprego. Competência da Justiça do Trabalho. Direito à indenização por não-liberação de guias.
 I – Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego. 
II – O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização”. 
INDENIZAÇÃO PIS
Súmula 300 do TST: 
“Competência da Justiça do Trabalho. Cadastramento no PIS. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações de empregados contra empregadores, relativas ao cadastramento no Plano de Integração Social (PIS)”.
FGTS
- Autorização para saque do FGTS:
Decorre da relação de trabalho. Pouco importa que haja interesse do órgão gestor (CEF)
ENUNCIADO 63 DA 1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL e PROCESSUAL DO TRABALHO: 
“COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. LIBERAÇÃO DO FGTS E PAGAMENTO DO SEGURO-DESEMPREGO. Compete à Justiça do Trabalho, em procedimento de jurisdição voluntária, apreciar pedido de expedição de alvará para liberação do FGTS e de ordem judicial para pagamento do seguro-desemprego, ainda que figurem como interessados os dependentes de ex-empregado falecido”. 
TRABALHO DO PRESO
“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS DAS VARAS DE EXECUÇÃO PENAL E TRABALHISTA. REMUNERAÇÃO POR TRABALHO PRESTADO NA CONDIÇÃO DE CONDENADO PERANTE ESTABELECIMENTO PRISIONAL. EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004. LEI 7.210/1984. COMPETÊNCIA DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL. 1. Compete ao Juízo da Vara de Execução Penal pronunciar-se acerca de situação em que se estabeleça conflito entre o Estado e o apenado, como no caso de cobrança de remuneração relativa ao trabalho prestado pelo condenado perante estabelecimento prisional. 2. Aplicação do art. 28, §2º, da Lei 7.210/1984. 3. A Emenda Constitucional 45/2004, ao alterar a competência da Justiça Obreira, não incluiu as relações decorrentes do trabalho do preso à apreciação do Juízo Trabalhista, por se tratar de relação institucional entre o condenado e o Estado, a qual é regida por direito público, qual seja, pela LEP. 4. Conflito conhecido para declarar-se competente o Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal de Dourados-MS, o suscitante”. (CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 92.851 - MS (2007/0308719-7) RELATOR : MINISTRO JORGE MUSSI)
III - AÇÃO INDENIZATÓRIA
Dano Moral (Orientação Jurisprudencial 327 do c. TST);
Posição do STF quanto às sentenças já prolatadas:
“A competência para julgar as ações indenizatórias decorrentes da relação laboral – após a promulgação da EC 45/2004 – é da Justiça do Trabalho, desde que não tenha sido proferida sentença de mérito pela Justiça Comum” (Pet 3.578, Rel. Min. Eros Grau, DJ 22/02/2006).
DANOS PRÉ e PÓS CONTRATUAIS? COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO?
CONCLUSÃO AMATRA 5 (encontro em 2005):“DANOS PRÉ E PÓS CONTRATUAIS. São da competência da Justiça do Trabalho as ações reparatórias de danos pré e pós contratuais. Afastamento da existência de relação de emprego como critério de competência”.
NÃO = STJ, Rodolfo Pamplona Pinto, Antônio Lamarca, Ministro Luis Fux = contrato de trabalho é de execução. Só adquire vida através de sua execução.
					X
SIM = Decorrem de um futuro contrato de trabalho (Edilton Meirelles, Campos Batalha, Mauro Schiavi) = culpa in contrahendo. 
DANOS EM RICOCHETE -  O dano reflexo seja material ou moral, pode ser definido como aquele que por via indireta, ocasione conseqüências a uma terceira pessoa. 
1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL e PROCESSUAL DO TRABALHO
ENUNCIADO 36: “ACIDENTE DO TRABALHO. COMPETÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA POR HERDEIRO, DEPENDENTE OU SUCESSOR. Compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar ação de indenização por acidente de trabalho, mesmo quando ajuizada pelo herdeiro, dependente ou sucessor, inclusive em relação aos danos em ricochete”.
PENALIDADES ADMINISTRATIVAS
Artigo 114, inciso VII da CR: Compete à Justiça do Trabalho julgar:
“as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho”.
O exame do art. 114, VII da CR, revela que na apreciação desta competência é fundamental:
* Observar que os atores devem ser: os empregadores (sujeito passivo da penalidade administrativa) e o órgão de fiscalização das relações de trabalho (sujeito ativo da penalidade administrativa). 
COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - Art. 114, CR: “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VIII – “a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir”; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
Paramos aqui
CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE: “É importante ressaltar, desde logo, que somente as contribuições previdenciárias declaradas expressamente pelas sentenças trabalhistas é que são da competência da JT. A contrario sensu, isso quer dizer que a execução de débitos previdenciários,que deveriam ter sido recolhidos durante a vigência do contrato de trabalho e que não integram a sentença trabalhista, continua sob a alçada da Justiça Federal.”
TRABALHADORES DE CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS
Artigo 236 da CR/88: Serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado por delegação do Poder Público.
Lei 8935/1994, artigo 20: Estabelece que os prepostos do cartório são escreventes e outros, contratados sob o regime da legislação do trabalho.
Competência da Justiça do Trabalho.
É a posição do STF: Decisão clássica do STF (Pleno, Ac. 69642/110, Ementa 1.657-2, Rel. Ministro Néri da Silveira, DJ 10/04/1992).
É a posição do TST:
“COMPETÊNCIA – Justiça do Trabalho. Empregado de cartório extrajudicial. O regime adotado pelos cartórios extrajudiciais para a contratação de auxiliares e escreventes, mesmo antes da L. 8.935/94, era o celetista. Isso porque o art. 236 da CF de 1988 – encerrando norma auto-aplicável, que dispensa, pois, regulamentação por lei ordinária dispõe em seu caput, que "Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público". A expressão "caráter privado" revela nitidamente a exclusão do Estado como empregador. O titular do cartório, no exercício de delegação estatal, contrata, assalaria e dirige a prestação laboral, equiparando-se ao empregador comum, ainda mais porque aufere renda decorrente da exploração do cartório. Assim, é competente esta JT para conhecer e julgar reclamação ajuizada por empregado de cartórios extrajudiciais, pois a relação jurídica existente entre as partes tem a natureza mencionada no art. 114 da CF, ou seja, foi estabelecida entre trabalhador e empregador”. (TST – RR 378.565/1997.3 – 3ª T. – Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi – DJU 16.11.2001) 
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EX 1. Quando a habitação é fornecida como salário in natura;
EX 2. Quando a habitação é concedida como mera utilidade; 
EX 3. Quando tem por objeto bem móvel do empregado (como ferramentas e utensílios) utilizadas em serviço e retidas pelo empregador, ou vice-versa.
STF decidiu que:
"Justiça do Trabalho: competência. Const., art. 114: ação de empregado contra empregador, visando à observância das condições negociais da promessa de contratar formulada pela empresa em decorrência de relação de trabalho. 2. À determinação da competência da Justiça do Trabalho não importa que dependa a solução da lide de questões de direito civil, mas sim, no caso, que a promessa de contratar, cujo alegado conteúdo é o fundamento do pedido, tenha sido feita em razão da relação de emprego, inserindo-se no contrato de trabalho."(Conflito de Jurisdição, nº 6.959-6, Rel. Desig. Min. Sepúlveda Pertence, decisão por maioria, DJU 22.02.1991, ementário nº 1.608-1).
FGTS
- Autorização para saque do FGTS:
Decorre da relação de trabalho. Pouco importa que haja interesse do órgão gestor (CEF). Artigo 109, I da CR: exclui da competência da Justiça Federal comum, a matéria sujeita à Justiça do Trabalho. 
ENUNCIADO 63 DA 1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL e PROCESSUAL DO TRABALHO: 
“COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. LIBERAÇÃO DO FGTS E PAGAMENTO DO SEGURO-DESEMPREGO. Compete à Justiça do Trabalho, em procedimento de jurisdição voluntária, apreciar pedido de expedição de alvará para liberação do FGTS e de ordem judicial para pagamento do seguro-desemprego, ainda que figurem como interessados os dependentes de ex-empregado falecido”. 
Questão interpretativa: Há limitação aos sujeitos da relação de emprego? Engloba as ações indenizatórias e possessórias movidas por terceiros?
SIM = inciso II não vincula as ações decorrentes da greve à relação de trabalho;
					X
NÃO = interpretação sistemática em relação ao inciso I (apenas aos sujeitos do movimento paredista) – Ministro Pedro Paulo Teixeira Manus.
FURTO OCORRIDO DENTRO DO ESTABELECIMENTO DO RÉU: PRETENSÃO INDENIZATÓRIA 
“A Segunda Seção declarou a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ação de indenização por danos decorrentes de furto de motocicleta ocorrido em local indicado pelo empregador para o estacionamento de veículos de seus empregados”. CC 81729/SC. Segunda Seção. Min. Ari Pargendler. DJ de 4/8/2008

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