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Fisiopatologia Endócrino

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Jefferson Medeiros
Maria Zilda
Fisiopatologia:
Sistemas Endócrino e Reprodutor
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Síndrome de Cushing
Caso Clínico
 Paciente do sexo feminino, 32 anos, um filho (6 anos), referenciada à consulta de Endocrinologia do Hospital Garcia de Orta por quadro clínico com 7 anos de evolução, caracterizado por aumento ponderal de 16 kg, distribuição centrípeta da gordura corporal e equimoses fáceis. 
 Negava aumento da pilosidade, acne, irregularidades menstruais, astenia, mialgias. Sem antecedentes pessoais e familiares valorizáveis. Não fazia qualquer tipo de medicação. 
 Ao exame objetivo: peso 73 kg, altura 168 cm, IMC 25,9 kg/m2, pressão arterial 127/64 mmHg, frequência cardíaca 85/minuto. Clínica sugestiva de hipercortisolismo, com pletora facial e face em lua-cheia; sem estrias purpúreas, equimoses e hirsutismo.
Caso Clínico
 
Caso Clínico
 Analiticamente, destacava-se aumento do cortisol livre urinário, ausência de ritmo circadiano de cortisol sérico, bem como ausência de frenação adequada do cortisol sérico; aspectos que confirmam a Síndrome de Cushing, procedendo-se à identificação de sua etiologia.
 Foi realizada ressonância magnética selar, sugestiva de microadenoma hipofisário lateral direito com elevação do bordo hipofisário, sem alteração do sinal antes e após contraste. Restante da função hipofisária e androgénios sem alterações.
 A tomografia computadorizada torácica foi negativa pra tumor ectópico e a das glândulas suprarrenais identificou discreto esboço nodular bilateral.
Caso Clínico
 
Caso Clínico
 Dada a dúvida etiológica, optou-se inicialmente por vigilância clínica e analítica com monitorização do cortisol livre urinário. Durante certo período ocorreram alterações de valores dentro da normalidade, sendo possível a identificação de 3 picos e 2 vales, o que sugere o diagnóstico de Síndrome de Cushing Cíclica. 
 A presença dos sinais e sintomas foi flutuante, coincidindo com os períodos de elevação do cortisol.
 
Caso Clínico
 Decidiu-se por cirurgia por via transesfenoidal do adenoma da hemi-hipófise, sem complicações no pós-operatório. O exame histológico foi compatível com adenoma hipofisário para ACTH e negativo para os hormônios do crescimento, prolactina, LH, FSH e TSH. 
 Desde então observou-se regressão progressiva do quadro clínico com perda ponderal de 20 kg e ausência de estigmas de hipercortisolismo.
 Apresenta-se em remissão da doença de Cushing, com valores normais de cortisol livre urinário de 24 horas, ritmo circadiano de cortisol mantido, função hipofisária basal preservada e ressonância magnética selar sem evidência de adenoma.
Discussão
A Síndrome de Cushing resulta da exposição prolongada dos tecidos a níveis inapropriadamente elevados de glicocorticoides;
A causa mais frequente é a administração exógena de substâncias contendo glicocorticoides;
O hipercortisolismo endógeno é raro, tendo como etiologias a doença de Cushing (hipofisária), neoplasias nas suprarrenais e tumor ectópico;
A síndrome de Cushing Cíclica é uma variante caracterizada por episódios de hipercortisolismo intercalados com períodos de secreção normal do cortisol.
Discussão
Há uma predominância do sexo feminino (3:1), manifestando-se mais frequentemente na 5ª década de vida. 
A clínica é evidenciada por estrias purpúreas, pletora facial, equimoses fáceis, miopatia proximal, aumento ponderal, irregularidades menstruais, hirsutismo, hipertensão arterial;
A fisiopatologia é desconhecida:
Episódios espontâneos de necrose/hemorragia tumoral;
Existência de feedback negativo do cortisol sob a ACTH tumoral;
Possível variabilidade periódica de estímulos hipotalâmicos condicionando maior ou menor secreção de ACTH.
Há grande referência a remissão da doença com terapêutica medicamentosa, sendo a cirurgia transesfenoidal a mais indicada.
Discussão
Os glicocorticoides induzem a gliconeogênese e inibem a captação de glicose pelas células, resultando em hiperglicemia, glicosúria e polidipsia.
Os efeitos do catabolismo causam perda de colágeno e reabsorção óssea; consequentemente a pele é fina, frágil e há o aparecimento de estrias cutâneas com cicatrização lenta.
Discussão
Fontes: lacmftc.files.wordpress.com; www.endocrinologiape.com.br
Hiperaldosteronismo
Caso clínico
 Paciente masculino de 49 anos é encaminhado pelo clínico geral para tratamento do diabetes mellitus. 
 Realizava acompanhamento ambulatorial para controle da hipertensão arterial sistêmica há 2 anos, diagnosticada após episódio isquêmico transitório. 
 Relatava emagrecimento progressivo de cerca de 8 kg nos últimos 6 meses e há 2 meses havia iniciado com poliúria, polidipsia, dor intensa nas pernas e cansaço aos médios esforços.
 Trouxe dosagem de glicemia de jejum de 256 mg/dL e no dia da consulta apresentava glicemia capilar de 224 mg/dL. Fazia uso de anti-hipertensivos. Não tinha história familiar de DM ou HAS.
Caso clínico
 Ao exame físico, apresentava emagrecimento aparente; peso de 58 kg, altura de 171 cm, frequência cardíaca de 91 bpm e pressão arterial em repouso de 190/100 mmHg.
 Exames mostravam: TSH 0,96 µUI/ml (0,4-4,5), colesterol total 228 mg/dl (< 200 mg/dL), triglicerídeos 144 mg/dl (< 150 mg/dL), creatinina 0,71 mg/dl (0,6-1,2) e potássio sérico 1,9 mEq/l (3,6-5,2).
 Nova coleta de potássio confirmou a hipocalemia (potássio 2,1 mEq/l) e paciente foi internado para reposição endovenosa de potássio e investigação de suspeita de hiperaldosteronismo primário.
 
Caso clínico
 Após dois dias de infusão endovenosa de potássio e dieta rica em sal, os exames coletados pela manhã foram os seguintes – potássio: 3,0 mEq/l, sódio: 141 mEq/l (137-145), aldosterona em urina de 24 h: 88 ug (normal <14), renina: <0,10 ng/ml/h (0,2-1,6 em decúbito).
 Para investigação etiológica, foi realizado dosagens dos níveis séricos de aldosterona, renina e cortisol no basal e após 2 horas de ortostatismo. O nível de aldosterona ficou estável e a renina permaneceu suprimida, sem elevação significativa do cortisol plasmático, sugerindo fortemente a hipótese de HAP relacionado à adenoma produtor de aldosterona (APA). 
Caso clínico
 Realizada tomografia computadorizada evidenciou-se um nódulo único na adrenal esquerda e adrenal direita normal, confirmando o diagnóstico.
 O paciente foi submetido à adrenalectomia esquerda, sem intercorrências. 
 A pressão arterial apresentou melhora progressiva e três meses após a cirurgia, o metabolismo da glicose estava normalizado.
Discussão
O Hiperaldosteronismo primário é uma síndrome decorrente da secreção autônoma de aldosterona pela glândula adrenal, independente do controle da renina;
A aldosterona, hormônio mineralocorticoide produzido na zona glomerulosa da adrenal, está envolvida na homeostase pressórica e promove retenção de sódio e excreção de potássio pelo rim.
A hiperplasia nodular bilateral das glândulas suprarrenais é a causa subjacente mais comum, seguido por neoplasias adrenocortical (adenoma produtor de aldosterona e carcinoma adrenocortical).
Discussão
Os achados clínicos são inespecíficos e resultam da depleção de potássio, como fraqueza muscular ou câimbras, paralisia periódica ou tatania;
Noctúria e poliúria, decorrentes do defeito de concentração tubular induzido pela hipocalemia podem ocorrer;
Hiperglicemia pode ocorrer associada à redução da secreção de insulina causada pela redução do potássio, e a hipertensão associada é geralmente moderada;
Além da hipocalemia, a alcalose metabólica leve e hipernatremia relativa frequentes aumentam a suspeita de Hiperaldosteronismo primário.
Discussão
Para rastreamento, utiliza-se a dosagem do potássio sérico e a sua excreção urinária em 24 horas e a medidia da razão aldosterona sérica/atividade da renina plasmática;
A adrenalectomia total unilateral é o tratamento de escolha nos casos de adenoma produtor de aldosterona, carcinoma e hiperplasia adrenal unilateral.
O manejo clínico é reservado para pacientes com doença bilateral, com alto risco cirúrgico e cuja terapia segue durante o resto da vida. 
Síndromes Virilizantes
Caso clínico
 Doente do sexo feminino com 66 anos, referenciada à consulta de ginecologia por hirsutismo com início na menopausa. Apresentava ainda engrossamento da voz, alopécia e aumento da libido. Tinha história de infertilidade. Menopausa espontânea aos 50 anos e não fizera terapêutica hormonal. Nos antecedentes pessoais a destacar a existência de obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial e depressão. 
Caso clínico
 Foi feita ecografia endovaginal, que revelou um espessa-mento endometrial com 12 mm e ovários com dimensões aumentadas, face ao status pós-menopausa, com estroma denso e imagens econegativas sugestivas de folículos. O estudo analítico revelou um doseamento sérico de testosterona total de 225ng/dL e de Estradiol de 60,3 pg/mL; restantes parâmetros avaliados sem alterações. A histeroscopia revelou a existência de uma formação polipóide, cujo estudo histológico demonstrou tratar-se de um pólipo endometrial simples, associado a hiperplasia endometrial simples sem atipía. Foram feitas ainda tomografiacomputadorizada (TC) da suprarrenal e ressonância magnética (RM) crânio-encefálica, que não mostraram alterações. 
Caso clínico
 Perante a ausência de um tumor ovárico ou suprarrenal identificável, mas na presença de ovários aumentados de volume, foi decidida histerectomia total com anexectomia bilateral, que decorreu sem complicações. O estudo histológico confirmou a presença de patologia ovárica, com o diagnóstico de hipertecose ovárica bilateral. Seis meses após a cirurgia apresentava testosterona total <20 ng/dL. Clinicamente apresentava marcada redução do hirsutismo e discreta melhoria da alopécia, mantiveram-se masculinização da voz e ligeira hipertrofia do clitóris.
Caso clínico
 
Caso clínico
 
Discussão
Síndromes hiperandrogênicas na mulheradulta (virilizantes):
Associam-se a doenças neoplásicas ou funcionais (hipertecose ovárica ou hiperplasia do estroma cortical);
No presente caso, houve a procura de tumores secretores de androgênios;
O uso de técnicas de imagem permite ajudar a localizar os tumores secretores;
Suprarrenais – RM e TC;
Ecografia transvaginal – Ovários.
Discussão
Hipertecose ovárica (HO) 
Não neoplásica;
Resulta da regulação anormal da esteroidogênese;
O diagnóstico definitivo é histológico;
Patologia endometrial;
A ooforectomia bilateral levou a uma redução dos níveis séricos de testosterona.
Obs.: Estudos recentes têm mostrado que os altos níveis de testosterona se relacionam com maior risco de cancro da mama e patologia cardíaca.
Agradecemos!
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