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Apostila de Implantodontia APOSTILA DE IMPLANTODONTIA Rodrigo E. Coelho de Carvalho Apostila de Implantodontia 1 Rodrigo E. Coelho de Carvalho 1 Fundamentos da Osteointegração Condições do leito ósseo: Como todo receptor do implante, o osso deve apresentar duas caracteristicas essenciais: qualidade e quantidade óssea. A qualidade óssea é relativa ao osso ser saudável e apresentar densidade. Ser saudável significa não ser portador de qualquer alteração morfológica que comprometa sua resistencia, nem de processos infecciosos agudos disseminados pelos espaços trabeculares e ter densidade que possa auxiliar na estabilidade inicial do implante. A quantidade óssea, idealmente o volume ósseo deve ser suficiente para que, uma vez instalado, o implante fique totalmente introduzido na loja óssea. Osso tipo I Osso tipo II Osso tipo III Osso tipo IV Osso residual formado por osso cortical homogêneo, possuindo uma espessura de cortical maior. Osso residual formado por uma camada do osso cortical espesso, circundado por osso esponjoso denso. Osso residual formado por uma camada do osso cortical espesso, circundado por osso esponjoso denso. Osso residual formado por uma fina camada de osso cortical, circundado por osso esponjoso de baixa densidade. Melhor para se fazer carga imediata, porque se tem estabilidade primária, tendo assim uma resistência muito maior. Ossos 2 e 3 são os melhores para osteointegração, pois apresentam características tanto de osso cortical como esponjoso. Ossos 2 e 3 são os melhores para osteointegração, pois apresentam características tanto de osso cortical como esponjoso. Utiliza-se implante cilíndrico, pois ele tem efeito de corte. Utiliza-se implante cilíndrico, pois ele tem efeito de corte. Utiliza-se implante cônico, pois ele tem efeito de compactar. Utiliza-se implante cônico, pois ele tem efeito de compactar. Apostila de Implantodontia 2 Rodrigo E. Coelho de Carvalho A falta de osso pode impedir um posicionamento correto dos implantes e também promover um aumento do tecido duro e mole antes do tratamento. A Maxila apresenta predominantemente osso tipos III e IV, o que indica a necessidade de se realizarem implantes que apresentem superfície porosa, além do uso da técnica de subfresagem para a instalação de implantes para que a estabilidade inicial seja alcançada. A mandíbula há predominância de ossos tipo I e II, havendo, nos casos de mandíbulas severamente atróficas, áreas de maior corticalização e pouco tecido ósseo medular. Retenção primária é quando o implante trava no osso (Físico), a secundária é quando ocorre através da osteointegração (Biológico). A maxila como é imóvel, então o travamento primário é mais rápido (2 a 4 meses); já a mandíbula é mais demorado (4 a 6 meses). Remodelação Óssea: Depois que o osso atinge seu tamanho e forma adultos, o tecido ósseo antigo é constantemente destruído e um novo tecido é formando em seu lugar, em um processo conhecido como remodelação. A remodelação permite que os tecidos já gastos ou que tenham sofrido lesões sejam trocados por tecidos novos e sadios. Ela também permite que o osso sirva de reserva de cálcio para o corpo. Por que a escolha do titânio? Biocompatível; Metal muito leve; Seu módulo de elasticidade é mais próximo ao do osso; Muito resistente à corrosão, desgaste e a fratura; É usinável e sólido em temperatura ambiente. Osteointegração: É definida como uma união anatômica e funcional direta entre o osso vivo e remodelado e a superfície do implante. A combinação de recrutamento e migração de células osteogênicas resulta na osteointegração, que pode ser, dependendo da superfície do implante, promovida pela osteogênese por contato(superfícies tratadas) e osteogênese a distancia(superfície lisa ou usinada). Apostila de Implantodontia 3 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Osteogênese: A osteogênese à distancia, que ocorre no implantes usinados, a superfície do osso antigo é colonizada por células osteogênicas, que passam a secretar matriz óssea sobre o osso preexistente, resultando em neoformação óssea que se aproxima gradativamente da superfície do implante, junto com a camada de osteoblastos. A osteogênese por contato, que acontece nos implantes de superfície tratada, o osso é primeiramente depositado na superfície do implante, que é colonizada por células antes do inicio do deposito de matriz. Osteocondução: A migração de células osteogênicas atraídas por quimiotaxia para a superfície do implante, ocorre por meio do coágulo sanguíneo formado em decorrência da intervenção cirúrgica, quando vasos sanguíneos são lesados, produzindo uma hemorragia que resulta na formação de um coágulo. Uma matriz transitória de fibrina forma-se como produto da cascata de coagulação desencadeada e atua como uma ponte, através da qual as células osteogênicas atingem a superfície do implante para iniciar o processo de osteogênese. OSTEOINTEGRAÇÃO FIBROINTEGRAÇÃO CONCEITO É uma união anatômica e funcional que ocorre entre o osso vivo e remodelado e da superfície do implante. É a falta de íntimo contato entre implante e osso, podendo propiciar a proliferação de tecido mole. CAUSA Problemas sistêmicos; Super aquecimento. OBSERVAÇÕES Ela independe do formato do implante, pois isso não interfere na osteointegração, mas sim no tipo de material (Titânio). Apostila de Implantodontia 4 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Desenho do Implante: Um dos pré-requisitos para se obter sucesso na osteointegração é que os implantes apresentem estabilidade inicial adequada. É fundamental que, no período de cicatrização, o implante permaneça imóvel para que não ocorra formação de tecido de cicatrização fibroso na interface osso implante. Os implantes do tipo parafuso são mais vantajosos, pela facilidade de realizar sua implantação e remoção, propiciam mais estabilidade inicial, maior área de contato e melhor dissipação da cargas para o tecido ósseo. Superfície dos implantes: A texturização da superfície do implante visa aprimorar a qualidade da interface e diminuir o período não funcional do implante, as superfícies dos implantes podem ser classificadas de acordo com o processo de texturização a que o metal é submetido. Superfícies lisas ou usinadas – conseguidas através da usinagem simples de um bloco metálico, apresentam irregularidades decorrentes apenas da ação dos tornos durante a usinagem, que, no entanto, são importantes para o fenômeno da osteointegração. Superfícies tratadas por diversos métodos - sendo mais comum o jateamento de partículas (oxido de titânio ou de alumínio), que deformam a superfície do implante, duplo ataque ácido (HCl ou H2SO4), que produzem irregularidades homogêneas e anodização que são obtidas por meio do método do ataque eletroquímico. As superfícies dos implantes são modificadas para que haja o aumento da superfície, melhorar a adesão e proliferação celulares, diminuir o tempo de osteointegração, aumentar o contato ósseo e a resistência da interface osteintegrada e aumentar o índice de sucesso dos implantes instalados em osso de baixa densidade. O tratamento superficial, principalmente os submetidos ao ataque ácido e à anodização, apresenta as vantagens de: melhor adesão; mais contato ósseo; promove interface mais resistentee acelerar o processo de osteointegração. A somatória destas vantagens indicam estes implantes para serem utilizados em osso com qualidade ruim e em áreas enxertadas. Apostila de Implantodontia 5 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Regeneração Óssea Guiada: A ROG baseia-se no conceito da osteopromoção, que se refere ao uso de meios físicos para promover um selamento total de um local anatômico para prevenir que outros tecidos, principalmente tecido conjuntivo, interfiram na osteogênese, bem como no direcionamento da formação óssea. Esta barreira é colocada em contato direto com a superfície óssea circundante, posicionando o periósteo na superfície externa da membrana (ACEVEDO et al, 2004). Técnica cirúrgica: O sucesso de uma reabilitação com implantes requer a ocorrência de uma ancoragem óssea que seja capaz de suportar as cargas funcionais. O planejamento reverso deve sempre ser realizado. Os cuidados vão desde o preparo do paciente, eliminando possíveis focos de infecção antes da cirurgia, até os passos operatórios propriamente ditos. Entre as inúmeras variáveis, merece consideração especial a variação de temperatura do osso durante a fresagem, no qual tolera o máximo de 44º C durante um minuto. Para se evitarem efeitos deletérios sobre a osteointegração, devem-se utilizar fresas e brocas novas, no máximo de 2000 rpm sob irrigação constante, além disso, esses instrumentos de corte devem ser utilizados aumentando-se gradativamente seu diâmetro, com movimentos intermitentes no leito ósseo. Condições de Carga: O protocolo para instalação de implantes é definido em dois tempos cirúrgicos, no qual o tempo médio entre a instalação dos implantes e a colocação de cicatrizadores é de 3 meses para mandíbula e 4 meses para maxila. Com a evolução da implantodontia, estudiosos elaboraram a técnica de carga imediata, que possibilitaria a reabilitação protética no mesmo dia da cirurgia de instalação dos implantes. A principal vantagem que a técnica de carga imediata traz é devolver imediatamente o conforto e a função ao paciente através de prótese fixa implantossuportada. Sua indicação deve estar restrita a casos em que a qualidade óssea deve ser tipo I ou II e com remanescente ósseo provido de boa altura e espessura. Os Implantes imediatos são aqueles que são realizados na mesma sessão da exodontia do elemento. Apostila de Implantodontia 6 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Deve-se ressaltar as três fases de estabilidade que o implante é submetido ao longo do tempo. No momento da instalação do implante, deve-se obter a estabilidade primária que é obtida pela associação de fatores como o desenho da macroestrutura do implante, densidade óssea e técnica cirúrgica. A estabilidade secundária é atingida com a participação celular e com a qualidade da superfície do implante. E a estabilidade terciária é caracterizada pela longevidade das reabilitações osteointegráveis. 2 Kit Cirúrgico e Instalação de Implantes Fresa lança – Apresenta corte na ponta e marcações de 5,5 a 10 mm. É utilizada para marcar o local do implante e romper a cortical externa do tecido ósseo. Fresas helicoidais – Apresentam corte potencializado na ponta e suavizado nas laminas laterais. São utilizadas para aumentar o diâmetro da cavidade, além de definir a sua profundidade. Apresentam no kit com diâmetros 2,0; 2,8; 3,0; 3,15; 3,35 e 4,35 mm. As fresas 3,15 3,35 mm são opcionais para osso tipo I. Fresa piloto – Apresenta corte na parte inferior a nas laterais de sua região mais volumosa e a sua finalidade é aumentar o diâmetro da região cervical (fresa piloto 2,0 – 3,0 ou 3,0 – 4,35), visando facilitar a inserção da fresa seguinte. Macho de rosca – Usado para formar roscar nas paredes da cavidade confeccionada, deve ser usado em regiões que apresentam alta densidade. Fresa countersink – Utilizada para alargar a porção coronal da cavidade óssea nos casos de se utilizarem implantes 3,3; 3,75; 4,0 e 5,0 mm de diâmetro em região de osso cortical espesso e denso. Fresas cônicas – São fresas específicas para a instalação dos implantes cônicos. Chave de catraca com controlador de torque – Chave que finaliza a instalação do implante na cavidade, possui também o controlador de torque de instalação do implante(de 40 a 80 Ncm). Apostila de Implantodontia 7 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Procedimento de confecção da cavidade: O uso de qualquer instrumento de perfuração requer irrigação intensa com solução fisiológica. Um guia cirúrgico deve ser utilizado para definir a melhor posição para os implantes. Durante a perfuração, o movimento da fresa deve ser intermitente (com movimentos para cima e para baixo), o que ajuda a remover o osso residual e manter a temperatura adequada em toda extensão da cavidade. Em áreas previamente edêntulas, o implante deve ser instalado no nível da crista alveolar e nos casos de implantes imediatos a exodontia, o implante deve ser instalado 1 a 2 mm abaixo da crista alveolar. Sequencia de fresagem: 3,75 – fresa lança; fresa helicoidal 2,0; fresa piloto 2,0 – 3,0; fresa helicoidal 3,0; fresa helicoidal 3,35; macho de rosca 3,75; fresa countersink 3,75. 3 Princípios de Técnica cirúrgica aplicados a implantodontia Incisões: O objetivo da incisão é criar um campo cirúrgico com a boa visibilidade e, ao mesmo tempo, sem sangramentos excessivos. A incisão na mucosa alveolar vestibular (mucogengival) definida como uma incisão vestibular e horizontal no nível da metade do processo alveolar com o deslocamento do retalho lingual ou palatinamente (retalho pediculado). Outra opção é a incisão sobre a crista do rebordo, com ou sem incisões relaxantes, e que proporcionam boa visibilidade do campo cirúrgico e preservação do suprimento sanguíneo. Instalação de implantes em maxila ou mandíbula edentula (protocolo) – Incisão horizontal, por vestibular, na metade da altura do rebordo alveolar e o deslocamento de um retalho pediculado mucoperiosteal para lingual. Incisões na região posterior da mandíbula – Devem ser feitas sobre a crista do rebordo, deixando 1,5 mm ou mais de gengiva inserida em cada lado da incisão. Implantes unitários ou reabilitação parcial em áreas estéticas – Se as papilas estiverem intactas, faz-se uma incisão, mais para lingual, deixando uma faixa de gengiva inserida ao redor dos dentes adjacentes. Se as Apostila de Implantodontia 8 Rodrigo E. Coelho de Carvalho papilas estiverem comprometidas, faz-se uma incisão na crista do rebordo, mais para lingual, e duas incisões intrassuculares em torno dos dentes adjacentes. Técnica da subfresagem: Esta técnica deve ser utilizada em casos em que a instalação de implantes será realizada em osso de baixa densidade, é caracterizada por não utilizar a ultima fresa helicoidal como, por exemplo, não utilizar a fresa helicoidal 3,0 para instalação de implante com 3,75 de diâmetro. O objetivo desta técnica é proporcionar mais estabilidade inicial ao implante. Implantes curtos: São definidos como sendo aqueles com comprimento de 8,5 mm ou menos, é uma opção viável, principalmente para implantes múltiplos em pacientes portadores de regiões posteriores de mandíbulas, que não apresentarem altura óssea ideal entre a crista alveolar e o canal mandibular. Técnica de Summers: Técnica de acesso transalveolar, por meio de uma técnica de osteotomia para elevação do assoalho do seio maxilar, usando uma seleção de osteótomos com diâmetros variados para preparar o local de instalação de implantes. Uma pequena osteotomia é realizada na crista alveolar na parede inferiordo seio maxilar, no qual permite a elevação da mucosa do seio, formando uma espécie de “tenda”. Cuidado com a perfuração da membrana sinusal. 4 Segundo Estágio Cirúrgico Objetivos: Expor o implante ao meio bucal; Avaliar a imobilidade dos implantes; Preservar e aumentar, se necessário, gengiva inserida; Ajustar a espessura dos tecidos moles; Melhorar a estética dos tecidos moles. Apostila de Implantodontia 9 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Avaliação dos implantes: Fixação rígida (ausência de mobilidade); Sem perda óssea na crista alveolar; Ausência de dor ao torque; Espessura adequada de gengiva ceratinizada; Profundidade do sulco peri-implantar menor ou igual a 4 mm; Sem inflamação; Contorno apropriado de tecido mole; Se o componente protético permite o carregamento do implante sob condições fisiológicas. Em implantodontia, é recomendável que se haja quantidade adequada de gengiva ceratinizada, antes da inserção dos implantes, na cirurgia de instalação ou durante o segundo estágio cirúrgico. A presença de gengiva ceratinizada ao redor do implante apresenta várias vantagens clínicas: facilita a moldagem; evita o colapso tecidual acima da plataforma do implante; a altura gengival é mantida em um nível consistente; possibilita a formação de um colar gengival firmemente aderido em torno do implante; e facilita os procedimentos de higienização. A gengiva ceratinizada possui importância clínica relevante, pois previne a disseminação da inflamação através do tecido, pode prevenir recessões da gengiva marginal, diminui os movimentos excessivos da gengiva livre, além de oferecer resistência aos danos causados pela ação mecânica da escovação. Classificação da gengiva ceratinizada: Tipo 1 – Faixa de pelo menos 5 mm de gengiva ceratinizada; Tipo 2 Classe I – Há um mínimo de tecido ceratinizado no rebordo, porém quase nada na superfície vestibular; Tipo 2 Classe II – Pouca gengiva ceratinizado no rebordo, que será posicionada apicalmente por lingual; Tipo 3 – Não há gengiva ceratinizada no rebordo ou na Apostila de Implantodontia 10 Rodrigo E. Coelho de Carvalho superfície vestibular. Seleção do componente de cicatrização (cicatrizador): Sugere-se que a altura do tecido ao redor do cicatrizador seja mantida em menos de 4mm de altura, a fim de diminuir o risco de perda óssea causada por bactérias e no mínimo de 1mm abaixo da altura do cicatrizador, evitando o crescimento do tecido peri-implantar sobre o mesmo e diminuindo assim a proliferação bacteriana na região. Técnicas Cirúrgicas: Os princípios das técnicas cirúrgicas do segundo estágio cirúrgico podem ser agrupados segundo as necessidades de eliminação de tecido sobre a plataforma do implante ou preservar, deslocar ou mesmo aumentar o tecido ceratinizado adaptado ao contorno do cicatrizador, utilizando o bisturi circular ou o bisturi convencional. Bisturi circular (punch) – Este instrumental impõe pré- requisitos necessários ao uso, no segundo estágio cirúrgico como volume (altura e espessura) de gengiva ceratinizada é decisivo pela técnica da eliminação de tecido para chegar a um resultado estético gengival adequado. Bisturi convencional – Utilizado para pequenas incisões estendidas sobre a crista do rebordo com o objetivo de posicionar uma faixa de gengiva ceratinizada por vestibular, ajustando seu volume e espessura de acordo com as necessidades de cada caso. Divisão de gengiva ceratinizada – realiza-se a incisão sobre a crista do rebordo dividindo o tecido ceratinizado em quantidade adequada para ambos os lados, lingual e vestibular, a após instalação do cicatrizador é feita a adaptação do tecido ao seu redor. Incisão em “H” – Tipo de incisão realizada sobre a crista do rebordo no segundo estágio cirúrgico em implantes unitários instalados entre dentes, e com “defeitos” gengivais por vestibular relativos a sua espessura bem visíveis por uma vista oclusal. Incisão trapezoidal – Inicia-se com uma incisão principal paralela à crista do rebordo na região mais por palatino, de um dente Apostila de Implantodontia 11 Rodrigo E. Coelho de Carvalho ao outro que limitam o espaço edêntulo onde foi instalado o implante, nestes limites partem duas incisões relaxantes em direção à vestibular até ultrapassar o limite mucogengival. Técnica de regeneração de Palacci – Para regiões de dois ou mais implantes na maxila, com o objetivo de formação de papilas entre eles. Técnicas cirúrgicas complementares Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial – Procedimento realizado para melhorar a espessura vestibular no segundo estágio cirúrgico. Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial pediculado (tec. do rolo) – Opção de técnica para o enxerto de tecido conjuntivo por vestibular. Enxerto gengival livre no segundo estágio cirúrgico – Técnica iniciada com o preparo da área receptora com exposição do parafuso de cobertura do implante e divisão do retalho vestibular, sendo que a mucosa pode ser suturada em uma posição mais para apical ou eliminada. Uso de fresas perfilhadoras (Bone profile) – Durante o segundo estágio cirúrgico, é possível que após a exposição do parafuso de cobertura encontremos proliferação de tecido ósseo sobre o mesmo, que deverá ser removido com cinzéis de uso em procedimentos periodônticos, ou uso de fresas perfilhadoras que conformam o tecido ósseo circundante ao implante, permitindo uma adaptação perfeita do cicatrizador e, posteriormente, do componente protético. 5 Biomateriais Em implantodontia, os Biomateriais devem ser utilizados como tratamento complementar para a instalação dos implantes. Biocompatibilidade é a habilidade de um biomaterial de desempenhar sua Apostila de Implantodontia 12 Rodrigo E. Coelho de Carvalho função desejada em relação a um tratamento médico, sem induzir qualquer efeito local ou sistêmico indesejável ao beneficiário do tratamento, mas gerando as respostas celulares e teciduais mais benéficas naquela situação específica e otimizando as respostas clinicamente relevantes daquele tratamento. É uma propriedade que os materiais devem apresentar para que possam ser utilizados em um sistema biológico sem provocar reações adversas e nem impeçam a diferenciação tecidual característica do local da implantação. Biomaterial é qualquer substancia construída de tal forma que , sozinha ou como parte de um sistema complexo, é usada para dirigir, pelo controle de interações com componentes de um sistema vivo, o curso de um procedimento diagnóstico ou terapêutico, quer seja em humanos ou animais. Implante é o termo utilizado para definir qualquer dispositivo médico composto por um ou mais biomateriais colocados no corpo, sepultados parcial ou totalmente abaixo do epitélio onde a intenção é deixa-los por um período significativo. Enxerto é uma peça de tecido que é transferida de um local doador para um local receptor com o objetivo de reconstruir o receptor. Transplante aplica-se a um a estrutura completa, que é transferida de um local para outro ou de uma pessoa para outra, com o objetivo de restabelecer uma função. Objetivos do biomaterial: Carreador de fatores de crescimento; Atrair, estimular e favorecer crescimento; Selecionar populações celulares. Propriedades do biomaterial: Não induzir a formação de trombos; Não induzir resposta imune adversa; Ser atóxico; Não ser carcinogênico; Não perturbar o fluxo sanguíneo; Não produzir respostainflamatória aguda ou crônica que impeça a diferenciação própria dos tecidos adjacentes. Apostila de Implantodontia 13 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Indicação para o uso de biomateriais: Manutenção do volume alveolar após a exodontia; Contorno de rebordo; Preenchimento de defeitos ósseos peri-implantar; Aumento em altura e/ou espessura do processo alveolar; Levantamento da membrana do seio maxilar ou enxerto sinusal. Classificação dos biomateriais: Quanto a Origem: Autógeno ou autólogo – Obtido de áreas doadoras do próprio individuo. Homógeno ou homólogo – Obtido de indivíduos de espécie semelhante ao receptor. Heterógeno ou xenógeno – Obtido de indivíduos de espécie diferente do receptor. Sintético ou aloplástico – Podem ser metálicos, cerâmicos ou plásticos. Esses materiais sintéticos são denominados materiais de implante. Quanto a resposta biológica: Biotolerado – Material caracterizado pela presença de tecido conjuntivo fibroso entre o implante e o tecido. Bioinerte – Material caracterizado por neoformação óssea de contato. Bioativo – Material caracterizado por induzir uma reação físico- quimica entre o implante e o osso. Quanto a propriedade biológica: Osteocondutor – Refere-se à capacidade do biomaterial de conduzir o desenvolvimento de novo tecido ósseo através de sua matriz de suporte. Apostila de Implantodontia 14 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Osteoindutor – O processo de osteoindução é aquele pelo qual a osteogênese é induzida e envolve a formação de novo osso a partir do recrutamento de células imaturas e sua diferenciação em células osteoprogenitoras. Osteogênico – A osteogênese é o processo pelo qual as células ósseas vivas e remanescentes no enxerto mantêm a capacidade de formar matriz óssea. Quanto a característica física: Anorgânico, inorgânico ou mineralizado – componentes orgânicos removidos. Desmineralizado – componentes inorgânicos e celulares são removidos. Fresco – o material e obtido e utilizado sem nenhum tipo de processamento. 6 Moldagem A fase protética inicia-se no fim do período de osseointegração determinado pelo protocolo, após a validação da imobilidade clínica dos implantes. É importante considerar sempre a finalidade da prótese implantar e as compressões que lhe são próprias: Seja qual for o tipo de fixação protética( parafusada ou cimentada), a daptação dos diferentes componentes deve seguir uma lógica de passividade. No plano biomecânico, a distribuição das forças deve, de modo ideal, ocorrer de acordo com o eixo do implante. O limite cervical de uma prótese supraimplantar deve estar situado, no máximo, 2 ou 3 mm sob a gengiva. Os elementos intermediários que se adaptam sobre o implante devem ser usinados ou sobrefundidos sobre uma base metálica usinada. A moldagem implantar pode ser simplesmente qualificada de moldagem de posicionamento. Na prótese supraimplantar, a principal dificuldade está em obter Apostila de Implantodontia 15 Rodrigo E. Coelho de Carvalho uma adaptação passiva dos elementos protéticos sobre os implantes. A precisão de registro das posições espaciais dos implantes é essencial. A compressão pode ser a causa de fratura da cerâmica, dos parafusos ou mesmo do implante; ela pode, até mesmo, levar à perda da osseintegração em certos casos. A moldagem permite, portanto, obter o registro: Situação dos implantes no ambiente bucal; Contorno gengival; Perfil de emergência. Técnica de moldagem: Direta (moldeira aberta): A moldagem direta, cuja característica é a utilização de uma moldeira perfurada, parece ser a mais confiável, o que a indica como técnica de escolha. Os pilares de cicatrização, são desparafusados; aparafusa-se os transferentes de moldagem; verifica-se o posicionamento do transferente de moldagem radiograficamente; realiza-se a prova da moldeira individual; preparação da moldeira individual e realização da moldagem; desinserção da moldagem; reaparafusamento dos pilares de cicatrização e posicionamento dos análogos de laboratório. Vantagens: Diminuição das compressões sobre o material durante a desinserção; maior precisão. Inconvenientes: Maior importância dos transferentes; inserção muito delicada; impossibilidade de desinserir a moldagem sem desaparafusar todos os transferentes, o que requer reaparafusar todos os pilares de cicatrização ao mesmo tempo; material reunido com antecedência. Indicações: Moldagem apresenta um número importante de pilares; moldagem apresenta riscos de implante muito divergentes; implantes muito enterrados. Apostila de Implantodontia 16 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Indireta (moldeira fechada): Esse tipo de moldagem permite utilizar uma moldeira clássica e se aproxima muito da moldagem de preparação dentária; sua menor precisão limita sua indicação ao registro de um pequeno número de implantes. Os pilares de cicatrização são desaparafusados; aparafusamento dos transferentes de moldagem; verifica-se o posicionamento do transferente de moldagem radiograficamente; realiza-se a prova da moldeira; realização da moldagem; desinserção da moldagem; desaparafusamento dos transferentes e aparafusamento dos pilares de cicatrização; reunião dos pares trasferente-análogo. Vantagens: Simplicidade na implementação; pouca altura necessária; possibilidade de desaparafusar os transferentes em sequencia após a moldagem, o que é menos doloroso no momento de aparafusar os pilares de cicatrização. Inconvenientes: Menor precisão; compressões sobre o material durante a desinserção da moldagem e durante a reinserção dos transferentes; risco de erro durante a reinserção dos pilares na moldagem; técnica não adaptada se os implantes forem muito divergentes. Indicações: Paciente ansioso ou apresenta um reflexo de náuseas que pode necessitar uma desinserção urgente a moldagem; pouca altura disponível; moldagem por uma unidade coronária ou por um pequeno número de implantes; paciente delicado e gengiva frágil. 7 Reconstrução óssea em implantodontia As técnicas de enxerto ósseo e de reconstrução parcial ou total da maxila e da mandíbula e das áreas doadoras são avaliadas, basicamente, de acordo com o grau de perda óssea, do planejamento cirúrgico-protético e das condições gerais do paciente. Os melhores resultados tem sido relatados com o osso autógeno. Apostila de Implantodontia 17 Rodrigo E. Coelho de Carvalho A escolha das possíveis áreas doadoras para a reconstrução óssea depende, principalmente, do volume ósseo necessário e do tipo de defeito ósseo. Para perdas ósseas pequenas e médias, as áreas intrabucais são o mento, a área retromolar e o túber. Para reconstruções maiores, as áreas doadoras externas possíveis são o osso ilíaco, a calota craniana, a tíbia e a costela, mas as mais utilizadas são a crista ilíaca e a calota craniana. Mento: O mento é uma das melhores áreas bucais porque oferece boa quantidade e qualidade ósseas cortical e medular. O enxerto tem a forma de semiarco, e pode ser usado como enxerto do tipo onlay(sobre o rebordo), inlay(dentro de uma cavidade), “sanduiche”(dentro e fora do rebordo remanescente, em geral em seio maxilar) ou particulado(para preencher espaços entre blocos ou de pequenos defeitos e/ou dentro do seio maxilar). Tem sua indicação para reconstrução para 4 implantes. A técnica consiste em anestesia regional bilateral do nervo alveolar inferior; incisão pode serfeita na crista e na papila interdental até o periósteo; deslocamento do retalho; uma vez exposto o osso, utiliza-se broca da série 700 em baixa rotação com irrigação abundante; limita-se superiormente pelas raízes dos dentes(5mm abaixo); a sutura é feita em planos, sendo primeiro o periósteo, em seguida a musculatura e a mucosa. As complicações relatadas nessa área são hemorragia, hematomas e edemas, parestesia labial e/ou dental, apicetomia e desvitalização da polpa. Retromolar(Ramo): Nessa área, encontramos grande quantidade de osso cortical e pouco osso medular. Assim, recomenda-se enxerto do tipo veneer(sobreposto ao remanescente ósseo) onlay e/ou inlay. Tem sua indicação para reconstrução alveolar para até 4 implantes. A técnica consiste em anestesia regional no nervo alveolar inferior; incisão começa na base do ramo e segue pela linha oblíqua até a região do primeiro molar inferior; o retalho é total até o periósteo, expondo-se toda área Retromolar e a linha obliqua; com broca da série 700 em baixa rotação e irrigação abundante delimita-se Apostila de Implantodontia 18 Rodrigo E. Coelho de Carvalho a área a ser retirada e completa-se a osteotomia, retirando o bloco de osso com cinzel. O enxerto pode ser triturado e/ou usado em forma de bloco. Quando o enxerto for em bloco. Ele deve ser modelado, fixado e adaptado da melhor forma possível ao defeito ósseo. Os riscos cirúrgicos e as possíveis complicações nessa área são a possibilidade de atingir e seccionar o feixe vasculonervoso do alveolar inferior, o que pode provocar parestesia, hemorragia e hematoma. Calota craniana: É uma área caracterizada por osso cortical e pouca medular. Tem a mesma origem embriológica que a mandíbula, intramembranosa. É indicada para reconstruir áreas amplas(reabilitação total), e o osso de escolha é o parietal, por ele não ter inserções musculares e ser plano. A técnica consiste em anestesia geral, em ambiente hospitalar; incisão é total até o periósteo; desloca-se o retalho e expõe-se o tecido ósseo. Para determinar a espessura do crânio e a profundidade segura para remover a cortical externa e a camada diploica, usa-se o trepano cirúrgico. Após a determinação, utilizando-se bocas nº 702 montadas em baixa rotação, divide-se o parietal em blocos que serão removidos; o limite da osteotomia, no sentido da profundidade, é determinado quando o tecido ósseo começa a sangrar, o que indica que atingiu a parte medular. O enxerto, normalmente, é desenhado em blocos e, em seguida, modelado, fixado e adaptado de acordo com o defeito ósseo. Os riscos e as possíveis complicações são bem reduzidos e há poucos relatos de complicações na literatura. Mas vale salientar que pode ocorrer pequena hemorragia proveniente de vasos presentes na camada diploica. O tempo cirúrgico é um pouco maior, pois a remoção do enxerto não é feita junto com o preparo da área receptora. Osso ilíaco: O ilíaco oferece grande quantidade de osso, com predominância de medular. Apresenta a vantagem de exigir menos tempo cirúrgico, já que permite o preparo do leito receptor simultâneo à retirada do enxerto por outro profissional. A intervenção Apostila de Implantodontia 19 Rodrigo E. Coelho de Carvalho cirúrgica deve ser realizada em ambiente hospitalar, com anestesia geral; a área de retirada escolhida é a parte anterior superior da crista ilíaca; a incisão é feita em planos até o acesso à crista óssea; a remoção do enxerto é realizada por meio de brocas cilíndricas em baixa rotação e cinzéis, com irrigação abundante. O enxerto é modelado e esculpido para melhor adaptação e fixação sobre a área receptora; é feita uma toalete da área, coloca-se um dreno e sutura-se plano a plano. As complicações estão relacionadas à quantidade de osso retirado, podendo ocorrer hemorragia interna com áreas extensas de hematoma e edema, dor, penetração na área abdominal e lesões nas vísceras, e ruptura do nervo lateral femural cutâneo, o que provoca parestesia da porção lateral da coxa e dificuldade durante o caminhar. Preparo da área receptora O procedimento cirúrgico de reconstrução inicia-se com a incisão, que deve ser sempre realizada à distancia da área doadora. Após o descolamento do retalho e a exposição do leto ósseo que será reconstruído, deve-se realizar o preparo do leto receptor. Com os blocos obtidos da área doadora e modelados conforme e defeito ósseo, estes são fixados com parafusos por meio da técnica compressiva, que consiste de parafusar o leito receptor e o enxerto ósseo com a fresa de 1,2 mm de diâmetro e, na sequencia e sem movimentar o bloco, que deverá estar preso com uma pinça de enxerto, parafusa-se apenas o bloco do enxerto com a fresa de 1,6 mm de diâmetro. Após a fixação do bloco de osso autógeno, deve-se observar se o retalho mucoperiósteo coapta por primeira intenção e sem tensão na linha de sutura; caso isto ocorra, há necessidade de incisar o periósteo na base do retalho porque ele é inelástico. Não deve haver espaços vazios entre o leito receptor e o enxerto ósseo. Os enxertos em espessura denominam-se enxertos onlay. Enxertos Sinusais Não existe consenso na indicação dos enxertos sinusais com relação ao remanescente ósseo. Dessa maneira, sugerimos as seguintes indicações para os enxertos sinusais considerando-se a altura de osso remanescente: Apostila de Implantodontia 20 Rodrigo E. Coelho de Carvalho Até 5mm de osso remanescente – o enxerto sinusal deve ser realizado com osso autógeno particulado ou com associação de osso particulado e material inorgânico de origem heterógena ou sintético. De 5 a 7mm de osso remanescente – o enxerto sinusal pode ser realizado apenas com material inorgânico de origem heterógena ou sintético. De 7 a 10mm de osso remanescente – não há necessidade de enxerto sinusal, podendo ser utilizada a técnica de Summers. Acima de 10mm de osso remanescente – Instalar implantes no osso alveolar ou aplicar a técnica de Summers. A incisão mais utilizada na região posterior da maxila é a incisão de Neumann, que oferece um campo cirúrgico com boa visibilidade. A osteotomia da parede dom seio maxilar pode ser realizada com instrumento rotatório de baixa rotação montado com broca diamantada esférica nº 4 ou 6. Deve- se iniciar a osteotomia pela parte mais baixa do seio, o que facilita o inicio do descolamento da membrana sinusal. Após a osteotomia, com curetas especiais e começando pelo assoalho do seio maxilar, inicia-se o descolamento da membrana sinusal, que deve ser realizado de forma delicada e com movimentos lentos e graduais em todos os sentidos até haver a formação de uma cavidade com a membrana levantada. Na sequencia, esta cavidade é preenchida pelo material de eleição e a “janela óssea” por vestibular deve ser protegida com uma membrana absorvível. Suturar a membrana sinusal com fio absorvível 6-0; ou fixar bloco ósseo intrassinusal. Em qualquer uma das situações descritas, existe o risco de “perder” o enxerto.
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