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A TUTELA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS (AS) TRABALHADORES (AS) DOMÉSTICOS (AS): UMA DISCUSSÃO ACERCA DA APLICABILIDADE E OMISSÕES DA EC-72/2013

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A TUTELA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS (AS) 
TRABALHADORES (AS) DOMÉSTICOS (AS): UMA 
DISCUSSÃO ACERCA DA APLICABILIDADE E 
OMISSÕES DA EC-72/2013.1 
 
Apio Vinagre Nascimento2 
Curso de Pós-Graduação em Direito e Processo do Trabalho 
Polo de Salvador, BA 
 
RESUMO 
O presente trabalho acadêmico estabelece uma discussão acerca da tutela dos direitos 
fundamentais dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as), seu contexto histórico no mundo e 
no Brasil, da mesma forma que a sua consolidação e dificuldades a partir da promulgação da 
EC nº. 72/2013. Desde os primórdios do Brasil colônia, a correlação entre a atividade 
doméstica e a escravidão foi uma constante. Jornadas extenuantes, muitas vezes superiores a 
18 horas/dia, a utilização de mão de obra feminina, infantil e idosa foi indiscriminadamente 
aplicada pelos senhores e senhoras de engenho, fazendeiros, etc. De forma paralela à evolução 
da sociedade, esta prática se perpetuou até os dias atuais. Em alguns casos empregadores 
domésticos, de hoje, praticam atos similares e as vezes até mais condenáveis que os ocorridos 
na época do Brasil Colônia. Com a modernização da sociedade brasileira e a evolução do 
processo de organização da classe trabalhadora, também os (as) trabalhadores (as) domésticos 
(as) passaram a se agrupar em entidades classistas, com vistas a garantir seus direitos. Este 
processo, acaba se consolidando com a promulgação da Emenda à Constituição nº. 72 de 02 
de abril de 2013. A contemporaneidade do tema, como também as controvérsias que o 
envolvem, desde os atores principais (empregados e empregadores domésticos) até o 
judiciário, tornam a elaboração científica acerca da questão plenamente justificável. 
Palavras Chaves: Direitos Fundamentais, Emprego Doméstico, EC nº. 72/2013, Igualdade 
 
 
 
 
 
1 Artigo científico apresentado ao Departamento de Pós-Graduação e Extensão da Anhanguera Uniderp, como requisito parcial à obtenção do 
grau de especialista. 
 
2 Bacharel em Direito pela UNIME - União Metropolitana de Educação e Cultura, Advogado inscrito junto à OAB/Bahia, Pós-graduando em 
Direito e Processo Trabalhista pela LFG/Juspodivm/Anhanguera, Pós graduando em Direito Eleitoral pela Uny Leya/AVM faculdades 
integradas. 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho acadêmico estabelecerá uma discussão sobre a tutela dos direitos 
fundamentais dos trabalhadores domésticos, abordando o contexto histórico da evolução deste 
segmento laboral, analisando os desdobramentos e efeitos sobre o seu funcionamento, a partir 
da promulgação da Emenda à Constituição nº. 72/2013. Além disto, analisará, a partir da 
tramitação no Congresso Nacional do Projeto de Lei do Senado nº 224, de 2013 – 
complementar, que visa regulamentar direitos dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as), 
carentes desta providência, a partir da EC-72/2013. 
Desde os tempos do Brasil colônia, a atividade doméstica e a escravidão tiveram 
sempre uma constante semelhança. Jornadas extenuantes, muitas vezes superiores a 18 
horas/dia, a utilização de mão de obra feminina, infantil e idosa foi indiscriminadamente 
aplicada pelos senhores e senhoras de engenho, fazendeiros, etc. De forma paralela à evolução 
da sociedade, esta prática se perpetuou até os dias atuais. Em alguns casos empregadores 
domésticos, de hoje, praticam atos similares e as vezes até mais condenáveis que os ocorridos 
na época do Brasil Colônia. 
A partir da modernização da sociedade brasileira e com a evolução do processo de 
organização da classe trabalhadora, também os (as) trabalhadores (as) domésticos (as) 
passaram a se agrupar em entidades classistas, com vistas a garantir seus direitos. Este 
processo, acaba se consolidando com a promulgação da EC 72/2013. 
Mesmo com a entrada em vigência da referida Emenda, alguns direitos, nela 
previstos, ainda carecem de regulamentação, na direção do que tramita o PLS nº 224/2013, 
também alvo de estudo do presente artigo. Vale salientar que contemporaneidade do tema, 
bem como as controvérsias que o envolvem, bem como a sua importância para a vida 
cotidiana dos envolvidos, desde os atores principais (empregados e empregadores domésticos) 
até o judiciário, tornam a elaboração científica acerca da questão plenamente justificável. 
Para desenvolver o presente trabalho, alguns aspectos necessitam ser devidamente 
problematizados, como por exemplo: Quais as efetivas mudanças em relação à tutela dos 
direitos dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as) a partir da promulgação da EC nº. 
72/2013? Até que ponto pode se afirmar que a aplicação das diretrizes definidas pela EC 
72/2013 estabelece uma tutela concreta dos direitos fundamentais dos (as) trabalhadores (as) 
domésticos (as)? Poderia se afirmar que no período anterior à EC 72/2013 o tratamento 
3 
 
concedido aos (às) trabalhadores (as) domésticos (as) era similar a modalidades de trabalho 
similares à escravidão? Quais as consequências da ausência de tratativas para alguns direitos 
na EC nº72/2013? Em que medida a necessidade de regulamentação de diversos direitos 
contidos na EC 72/2013 transformam a medida em letra inócua? 
Realizar uma discussão acadêmica acerca dos direitos fundamentais e trabalhistas 
dos (as) empregados (as) domésticos (as), à luz da recém promulgada EC 72/2013 surge como 
objetivo principal do presente trabalho, apontando como objetivos específicos, a abordagem 
histórica do trabalho doméstico no Brasil, ao longo do tempo; discutir os avanços 
conquistados com a promulgação da EC nº. 72/2013, no que tange aos direitos fundamentais e 
trabalhistas dos empregados domésticos e, a discussão dos aspectos da EC-72/2013, carentes 
de regulamentação, bem como os não abordados ou estabelecidos pela referida emenda e o 
significado e influência destas carências e omissões para o segmento do trabalho doméstico, 
sempre sob a ótica da garantia dos direitos fundamentais destes profissionais, 
respectivamente. 
 
 
1. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS TRABALHADORES 
 
 
Antes de adentrar ao tema propriamente dito, se faz necessária uma abordagem 
acerca do que efetivamente constitui os direitos fundamentais dos trabalhadores em geral, de 
igual maneira fazer uma análise comparativa com os trabalhadores domésticos, caminho 
trilhado evidentemente, a partir da consolidação do conceito de direitos fundamentais, 
alinhavados de maneira normativa pela Carta Magna brasileira. 
 
 
1.1. A CONCEITUAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
Não obstante as diversas análises e definições acerca do conceito de Direitos 
fundamentais, entendemos importante para o desenvolvimento do presente estudo os 
ensinamentos de Canotilho (1998), que define Direitos Fundamentais como sendo “os 
4 
 
direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espacio-
temporalmente. ” (CANOTILHO, 1998, p. 359)3 
Em direção semelhante, apregoa Comparato serem os Direitos Fundamentais “os 
direitos humanos reconhecidos como tal pelas autoridades, às quais se atribui o poder 
político de editar normas, tanto no interior dos Estados quanto no plano internacional; são 
os direitos humanos positivados nas Constituições, nas leis, nos Tratados Internacionais. ” 
(COMPARATO, 2001, p. 56)4 
Importante nesta quadra de elucidação conceitual apontar os ensinamentos de Cesar, 
ao apontar as definições constitucionais acerca da questão. Leciona o doutrinador que, 
 
“A Constituição Federal brasileira de 1988, especificamente em seu Título I 
– arts. 1º ao 4º -, garante os direitos fundamentais ao dar ênfase à dignidade 
da pessoa humana, aos valores sociais do trabalho, à construção de uma 
sociedade livre, justa esolidária, e à promoção do bem de todos, sem 
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade, idade, ou quaisquer outras 
formas de discriminação.”5 
 
E complementa sua abordagem, lembrando que a Constituição “prossegue da mesma 
forma com o rol de direitos constantes nos arts. 5º a 7º, ou seja, os direitos e garantias 
fundamentais, os deveres e direitos individuais e coletivos e os direitos dos trabalhadores.”6 
 
 
1.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS TRABALHADORES 
 
 
Em relação aos direitos fundamentais dos trabalhadores, entabula de forma 
categórica o referido autor, que “deve-se ressaltar que os direitos dos trabalhadores, 
amplamente resguardados pelo Art. 7º da Constituição Federal, normalmente são 
indisponíveis, conforme previsto nos arts. 9º, 444 e 468 da CLT – Consolidação das Leis do 
Trabalho.”7 
 
3 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 1998. Apud PFAFFENSELLER, 
Michelli. Teoria dos direitos fundamentais. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_85/artigos/MichelliPfaffenseller_rev85.htm Consultado em 20 de abril de 2015. 
 
4 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Apud 
PFAFFENSELLER, Michelli. Teoria dos direitos fundamentais. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_85/artigos/MichelliPfaffenseller_rev85.htm Consultado em 20 de abril de 2015. 
5 CESAR, João Batista Martins. A tutela coletiva dos direitos fundamentais dos trabalhadores. 160 p. São Paulo, LTr, 2013. 
Disponível em http://pt.slideshare.net/ciadoslivros/978-8536125466 Consutada em 26 de abril de 2015 
6 Idem 
7 Idem 
5 
 
Elemento provocador do presente artigo, a primeira verificação de tratamento 
discrepante entre trabalhadores emana da leitura do parágrafo único do Art. 7º da Constituição 
Federal brasileira, que assegura aos trabalhadores domésticos, apenas os “direitos previstos 
nos Incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, do referido artigo, bem como a 
sua integração à previdência social.”8 
Nitidamente, o constituinte de 88 se contradiz ao estabelecer o acesso a apenas 
alguns dos direitos sociais previstos no art. 7º da Carta Magna brasileira, notadamente quanto 
ao eixo central dos direitos e garantias fundamentais, previstas no art. 5º, que determina que 
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)”.9 
A análise crítica desta contradição, bem como a evolução deste processo, a partir da 
promulgação da EC nº. 72/2013 e da perspectiva futura com a tramitação e aprovação do PLS 
224/2013, no Congresso Nacional, será o eixo central do presente trabalho, a ser desenvolvida 
nos próximos capítulos. 
 
 
2. A EVOLUÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO NO BRASIL 
 
 
De forma similar à análise do que seja direitos fundamentais, feita no capítulo 
anterior, avaliar a evolução do trabalho doméstico ao longo do tempo, na história do Brasil, 
torna-se tarefa imprescindível na construção conceitual do presente trabalho acadêmico, o que 
passamos a realizar no presente capítulo. 
 
 
2.1. ESCRAVIDÃO E TRABALHO DOMÉSTICO 
 
 
Ao analisarmos o contexto histórico brasileiro, tendo como origem o Brasil colônia, 
chegamos sem muito esforço à informação de que àquela época, tanto índios como os 
africanos, para cá traficados e escravizados, exerciam em favor dos colonizadores as tarefas 
 
8 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 
9 Idem 
6 
 
cotidianas ligadas à casa grande, bem como às lavouras da época. Crianças, homens e 
mulheres das mais variadas idades executavam tarefas como cuidar dos jardins, tomar conta 
dos filhos da família, levar e trazer recados a outros senhores de engenho, costurar, cozinhar, 
dar apoio na amamentação dos filhos da casa grande (amas de leite), entre outras tantas 
tarefas domésticas, sempre com jornadas extenuantes, nunca menores que 18 horas. 
Não havia remuneração por estes serviços, dada a condição de subserviência a que 
eram submetidas estas pessoas, por seus “donos”. Importante trazer a lume o que ensina 
Gomes (2013), que nos lembra o fato de, à época, “Essas atividades não eram exercidas por 
pessoas de cor branca, pois na época esse tipo de trabalho era sinônimo de desonra, onde 
preferiam a morte a exercer qualquer atividade doméstica.”10 
Outro aspecto importante trazido a lume por Gomes, é o fato de que além da 
discriminação sofrida pelas mulheres, na realização destas tarefas, elas tinham a sua atuação 
estendida ao âmbito das relações mais íntimas, “sendo assim totalmente subordinadas aos 
seus “patrões”, sendo obrigadas a suportar toda exploração que lhes fossem atribuídas, 
inclusive serem objetos sexuais do senhor e de seus filhos.”11 
Como se percebe, nos encontrávamos numa época em que conceitos como dignidade 
da pessoa humana eram temas fora de qualquer discussão da sociedade daquele período 
histórico. Vale salientar que a primeira Lei brasileira a versar sobre a contratação para fins de 
prestação de serviços, data de 1830 e ainda sob a égide da escravatura estabelecia: “Art. 7º O 
contracto mantido pela presente Lei não poderá celebrar-se, debaixo de qualquer pretexto que 
seja, com os africanos barbaros, á excepção daquelles, que actualmente existem no Brazil 
(Sic).”12 
Com a abolição da escravatura, o serviço doméstico passou a ser executado por 
outras pessoas que, em tese, não eram tratadas como escravas, entretanto, a prática apontava 
para um cenário de exploração similar à escravidão, por parte dos agora empregadores. 
Conforme Gomes, este tipo de atividade passou a ser exercido “por moças jovens, solteiras, 
filhas de pequenos agricultores, pobres e analfabetas, onde eram buscadas no interior do 
Estado, pelos empregadores interessados para trabalhar”.13 
 
10 GOMES, Douglas. Origem do Trabalho Doméstico no Brasil. Disponível em 
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfqd4AK/origem-trabalho-domestico-no-brasil consultado em 20 de abril de 2015. 
11 Idem 
12 BRASIL. Lei 37984/1830. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37984-13-setembro-1830-565648-
publicacaooriginal-89398-pl.html consultada em 21 de abril de 2015. 
13 GOMES, Douglas. Origem do Trabalho Doméstico no Brasil. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfqd4AK/origem-
trabalho-domestico-no-brasil consultado em 20 de abril de 2015. 
7 
 
Importante ressaltar que, considerada a sua falta de qualificação para atuar nos 
segmentos produtivos, essas pessoas, mulheres em sua maioria, “em busca de subsistência, 
trabalhavam em casas de família, recebendo em troca dos serviços prestados, alimentação, 
vestuário, moradia e pequenos valores, o que ajudava na renda familiar que era muito pouca 
diante de tantos dependentes que seus pais tinham.”14 
 
 
2.2. EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E O EMPREGO 
DOMÉSTICO 
 
 
As primeiras normatizações específicas para a atividade doméstica acontecem com o 
Código Civil de 1916, que estabelece que: “Art. 1.216 – Toda espécie de serviços ou trabalho 
lícito, material ou imaterial, pode ser contratado mediante retribuição.”15 
A definição de quais seriam os trabalhadores qualificados como domésticos, como 
também a gama de serviços englobados neste segmento laboral se dá com a promulgação do 
Decreto nº 16.107, em30/07/1923. 
Em seguida, advém o Decreto Lei nº 3.078/1941, que estabelece a existência de aviso 
prévio para esses profissionais, de oito dias, conquistados com o cumprimento de um período 
de experiência de seis meses. Além disso, passaria o empregado doméstico a ter direito de 
rescindir o contrato nos casos de “atentado à sua honra ou integridade física, mora salarial ou 
falta de ambiente higiênico de alimentação e habitação, garantindo portanto melhores 
condições no ambiente de trabalho.”16 
Em 1972 é sancionada a Lei nº 5.859/72, instrumento normativo do emprego 
doméstico até a promulgação da EC nº. nº. 72/2013, que define o empregado doméstico como 
sendo “aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à 
pessoa ou à família no âmbito residencial destas (...)”17 
Importante trazer o ensinamento de Garcia (2011, pag. 106), que diz: 
 
14 Idem 
15 Acquaviva, Marcus Cláudio. Vade mecum universitário de direito. Código Civil de 1916. 4ª edição rev. e ampl. . SP: Editora Jurídica 
Brasileira, 2001, pág. Apud DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos empregados domésticos: a evolução da 
jurisprudência até a legislação. Disponivel em http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12610&revista_caderno=25 Consultado em 22 de abril de 2015 
 
16 Idem 
17 BRASIL. Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5859.htm Consultado em 22 
de abril de 2015 
8 
 
“na realidade, pode-se entender que o empregado doméstico presta serviços, 
de natureza não econômica, à pessoa física ou à família, para o âmbito 
residencial destas. É doméstico não só o empregado que exerce funções 
internamente, na residência do empregador, como de limpeza, de faxina, de 
cozinhar, cuidando de crianças ou idosos, mas também o jardineiro, o vigia 
da casa, o motorista etc.”18 
Como já descrito anteriormente, os direitos sociais dos trabalhadores foram 
normatizados no Artigo 7º da Constituição Federal, tendo o constituinte restringindo o acesso 
dos empregados domésticos aos “direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, 
XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.”19 
Ou seja, daquilo que se depreende do texto constitucional apenas foram destinados a 
estes profissionais: 
“O direito ao Salário mínimo em seu regramento legal; a irredutibilidade 
do salário, exceto quando previsto em convenção ou acordo coletivo; 
décimo terceiro salário baseado na remuneração integral do salário ou da 
aposentadoria; o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos 
domingos; o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos um terço a 
mais do que o salário normal; licença à gestante sem prejuízo do emprego e 
do salário, com duração de cento e vinte dias; licença paternidade nos 
termos legais; o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, num mínimo 
de 30 dias e a aposentadoria, além da sua integração ao sistema de 
previdência.”20 
Ou seja, a partir do momento em que apenas estes direitos foram definidos 
constitucionalmente como acessíveis a estes profissionais, de plano, se aponta para uma 
restrição incompatível com as definições de igualdade constituídas, principalmente, no art. 5º 
caput do texto constitucional. 
Importante trazer a lume o que assevera dos Reis, ao recordar que: 
“muitos dos direitos conferidos aos trabalhadores domésticos, somente lhes 
foram concedidos recentemente através de legislação ordinária, a exemplo 
da vedação de dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada 
gestante, direito que somente em 2006 foi estendido às domésticas, mediante 
a edição da Lei nº 11.324/06”21 
Vale salientar as definições da Organização Internacional do Trabalho – OIT, em sua 
100ª Convenção, em Genebra, Suíça, que teve como principal resultado a aprovação da 
Convenção nº 189, aprovada em 16/06/2011, que apontava na perspectiva de condições de 
trabalho decente para os empregados domésticos. Não obstante não ter havido ainda a 
ratificação da mesma pelo Brasil, o funcionamento do trabalho doméstico no Brasil sofreu 
 
18 Garcia, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de direito do trabalho. 3ª edição rev. e atual. . RJ: Forense; SP: Método, 2011. Pág. 106. Apud 
DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos empregados domésticos: a evolução da jurisprudência até a legislação. Disponivel 
em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12610&revista_caderno=25 Consultado 
em 22 de abril de 2015 
19 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 
20 Idem 
21 DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos empregados domésticos: a evolução da jurisprudência até a legislação. 
Disponivel em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12610&revista_caderno=25 
Consultado em 22 de abril de 2015 
9 
 
alterações consistentes com a promulgação da EC-72/2013, objeto de estudos do próximo 
capítulo. 
 
 
3. EC Nº. 72/2013: CONQUISTAS E OMISSÕES 
 
 
Conforme já abordado anteriormente, a modernização da sociedade brasileira e a 
evolução do processo de organização da classe trabalhadora, também os (as) trabalhadores 
(as) domésticos (as) passaram a se agrupar em entidades classistas, com vistas a garantir seus 
direitos. Este processo, acaba se consolidando como aspecto importante para a promulgação 
da EC nº. número 72 de 02 de abril de 2013, instrumento que passa a ser analisado neste 
capítulo. 
Com a referida emenda, o parágrafo único do art. 7º do texto constitucional passou a 
ter a seguinte redação: 
“Parágrafo único - São assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, 
XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, 
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do 
cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, 
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos 
incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à 
previdência social."22 
 
 
3.1. DIREITOS INCORPORADOS IMEDIATAMENTE PELA EC-72/2013 
 
 
A alteração implementada fez com que alguns dos direitos antes negados aos 
trabalhadores domésticos passassem a ser a eles garantidos de modo imediato, a saber: 
“IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, 
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; VI - 
irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo 
coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que 
percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na 
 
22 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). EC-72/2013. Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 
10 
 
remuneração integral ou no valor da aposentadoria; X - proteção do salário 
na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XIII - duração do 
trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro 
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, 
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XV - repouso semanal 
remunerado, preferencialmenteaos domingos; XVI - remuneração do 
serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do 
normal; XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um 
terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem 
prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX 
- licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XXI - aviso prévio 
proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos 
termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de 
normas de saúde, higiene e segurança; XXIV - aposentadoria; XXVI - 
reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXX - 
proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de 
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de 
qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do 
trabalhador portador de deficiência e XXXIII - proibição de trabalho 
noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho 
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 
quatorze anos;”23 
 
Ao verificar o conteúdo dos direitos apregoados de modo imediato pela nova redação 
do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal fortalece ainda mais a leitura quanto à 
contradição do texto original do referido dispositivo, pois, não há como se admitir razoável, 
que os direitos aqui colocados já não o fossem extensivos aos trabalhadores domésticos. 
 
 
3.2. DIREITOS CARENTES DE REGULAMENTAÇÃO 
 
 
Noutra medida, aspectos fundamentais das relações de trabalho, mesmo com a 
Emenda ao texto constitucional, carecem de regulamentação, tais como: 
“I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa 
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de 
desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IX - 
remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; XII - salário-
família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos 
termos da lei; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o 
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas e XXVIII - 
 
23 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 
11 
 
seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a 
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;”24 
Vale salientar os crescentes debates acerca do eventual impacto do acesso a esses 
direitos, por parte dos trabalhadores domésticos. Diversos são os elementos arguidos pelos 
contrários a esta ampliação de direitos, como os trazidos à tona por Pereira (2013), de que 
“não é justo atribuir aos empregadores domésticos a mesma carga 
trabalhista, pois os tomadores de serviço que possuem maior capacidade 
econômica deverão ter maior ônus. Em outras palavras, as famílias 
brasileiras não poderão ter os mesmos encargos trabalhistas de empresas 
que naturalmente são constituídas com o intuito de lucro.”25 
Com o devido respeito ao nobre professor, tendemos a nos filiar à abordagem 
formulada por da Costa (2013), que categoricamente defende a tese de que: 
“os direitos constitucionais do trabalhador devem ser respeitados, seja o 
empregador uma multinacional, uma microempresa ou uma pessoa física. 
Noutras palavras: não deve ser a condição específica do empregador um 
fator determinante para se restringir direitos do trabalhador, seja qual for a 
categoria.”26 
As expectativas quanto ao processo e o conteúdo da regulamentação destes direitos 
tramita no momento no Congresso Nacional, através do Projeto de Lei do Senado Federal, sob 
o nº 224/2013, sendo objeto de abordagem mais adiante. 
 
3.3. DIREITOS NÃO EXTENSIVOS AOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS 
 
 
Importante ressaltar que com o novo texto constitucional, seguem extraídos do 
mundo do trabalho doméstico direitos, em tese, inerentes a outras relações de trabalho, entre 
os quais pode-se citar as previsões de: 
“V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; XI 
- participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, 
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido 
em lei; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XX - proteção do 
mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos 
da lei; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, 
insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXVII - proteção em face da 
automação, na forma da lei; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes 
 
24 Idem 
25 PEREIRA, Leone. PEC dos Domésticos: Inviabilidade. Disponível em http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/pec-dos-
domesticos-inviabilidade/11055 consultado em 22 de abril de 2015 
26 DA COSTA, Luis Alberto. Constituição, realidade social e a “PEC das domésticas”. Disponível em 
http://jus.com.br/artigos/23520/constituicao-realidade-social-e-a-pec-das-domesticas consultado em 23 de abril de 2015. 
12 
 
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do 
contrato de trabalho; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, 
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos e XXXIV - 
igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício 
permanente e o trabalhador avulso.”27 
 
Não obstante a compreensão de pertinência em boa parte dos direitos mantidos em 
outros segmentos do mundo do trabalho, nos parece ilógico que se estabeleça como valor 
absoluto a impossibilidade de se ter aspectos geradores destes direitos no âmbito do ambiente 
doméstico, salvo raras exceções. Nesta direção, entendemos ser uma demonstração de 
insensibilidade do constituinte derivado não problematizar estas questões de forma a garantir 
aos domésticos, o acesso aos mesmos, uma vez que estejam dadas, em seu ambiente de labor, 
as condicionantes do acesso a estes direitos. 
 
 
3.4. PROJETO DE LEI DO SENADO 224/2013: PERSPECTIVAS DE 
DIREITOS NO MUNDO DO TRABALHO 
 
Acerca dos direitos carentes de regulamentação, em relação aos empregados 
domésticos, tramita no Congresso Nacional, desde junho de 2013 o PLS 224 de 2013 – 
Complementar. A matéria foi apreciada no Senado da República, ganhando redação final 
daquela casa em 11/072013 e foi recebida pela Câmara dos Deputados, onde passou a tramitar 
desde o dia 17 do mesmo mês. 
Na Câmara dos Deputados, a matéria foi alvo do Substitutivo SCD 5/2013, passando 
a tramitar como Projeto de Lei Complementar - PLP 302/2013, que sofreu emenda 
substitutiva global, sendo aprovada pela Câmara no dia 17 de março de 2015, retornando para 
tramitação final no Senado Federal, em face das alterações proferidas pela Câmara dos 
Deputados. 
De volta ao Senado Federal, a matéria tramita desde o dia 19 de março de 2015 na 
Comissão de Assuntos Sociais, sob a relatoria da Senadora Ana Amélia. O texto da Câmara 
dos Deputados prevê que uma vez promulgada a Lei Complementar 
 
27 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 
13 
 
“Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; altera as Leis nºs 8.212, de 
24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, e 11.196, de 21 de 
novembro de 2005;e revoga o inciso I do art. 3º da Lei nº 8.009, de 29 de 
março de 1990, e a Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972.”28 
Aspectos fundamentais do mundo do trabalho são estendidos aos empregados 
domésticos com esta regulamentação, que tem previsão de entrar em vigor após 120 dias da 
publicação oficial da Lei Complementar. Como exemplo podemos apontar a proteção contra a 
despedida sem justa causa e o direito à percepção do seguro desemprego, prevista no Artigo 
15 do PLP: 
“Art. 15. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará 
jus ao benefício do seguro-desemprego, de que trata a Lei nº 7.998, de 11 de 
janeiro de 1990. § 1º O benefício de que trata o caput deste artigo será 
concedido ao empregado nos termos do regulamento do Conselho 
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT. § 2º Para se 
habilitar ao benefício, o trabalhador deverá apresentar ao órgão competente 
do Ministério do Trabalho e Emprego: I - Carteira de Trabalho e Previdência 
Social, na qual deverão constar a anotação do contrato de trabalho doméstico 
e a data da dispensa, de modo a comprovar o vínculo empregatício, como 
empregado doméstico, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 
(vinte e quatro) meses; II - termo de rescisão do contrato de trabalho 
atestando a dispensa sem justa causa; III - declaração de que não está em 
gozo de nenhum benefício de prestação continuada da Previdência Social, 
exceto auxílio-acidente e pensão por morte; e IV - declaração de que não 
possui renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de 
sua família. (...) § 5º O seguro-desemprego deverá ser requerido de 7 (sete) a 
90 (noventa) dias contados da data da dispensa (...)”.29 
A principal dúvida residia em quanto tempo duraria a nova tramitação no Senado, 
visto que em sua passagem pela Câmara dos Deputados, a matéria ficou adormecida por 
aproximadamente dois anos, o que certamente não condizia com a importância do tema, para 
um segmento que conta com aproximadamente sete milhões de trabalhadores (as). 
A celeridade com que a matéria tramitou no Senado Federal, contrastou com a 
regressão promovida pelos Senadores (as) em relação ao que foi apresentado como eventuais 
avanços no Substitutivo aprovado pela Câmara dos Deputados, aprovando texto definitivo em 
06 de maio de 2015 sendo encaminhado para sanção da Presidência da República, que assim 
procedeu em 01 de junho de 2015, originando a Lei Complementar nº 150/2015, cujos 
desdobramentos compões a análise da próxima seção do presente trabalho. 
 
 
28 BRASIL. PLP 302/2013. Disponível em 
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=C527DB9E1CC117C80E631BA14BFC7203.proposicoesWeb1?
codteor=1310906&filename=Tramitacao-PLP+302/2013 consultado em 24 de abril de 2015 
29 Idem 
14 
 
3.5. A LEI COMPLEMENTAR Nº 150/2015 E SEUS DESDOBRAMENTOS 
No último dia 01 de junho de 2015 a Presidência da República sancionou, com dois 
vetos, a Lei Complementar nº 150/2015, que dá efeito a algumas das disposições contidas na 
Emenda Constitucional nº 72/2013. Na mensagem de veto, a Presidência da República 
justifica os motivos que a levaram a preterir do texto legal o disposto no § 2º do Art. 10 e no 
Inciso VII do Art. 27 da recém sancionada Lei Complementar: 
Diz a Presidência sobre o Art. 10, § 2º: 
“Ao possibilitar a extensão do regime de horas previsto no caput e no § 1º do art. 
10 aos empregados enquadrados na Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983 e, de 
forma ampla e imprecisa, a outras atividades, o dispositivo trataria de matéria 
estranha ao objeto do Projeto de Lei, que dispõe sobre o contrato de trabalho 
doméstico, contrariando o disposto no art. 7º, inciso II, da Lei Complementar nº 95, 
de 26 de fevereiro de 1998. Além disso, submeteria a mesmo regime categorias 
profissionais sujeitas a condições de trabalho completamente distintas.” 30 
E prossegue, ao justificar o veto ao segundo dispositivo da Lei, Art. 27, VII: 
“Da forma ampla e imprecisa como prevista, a hipótese de dispensa por justa causa 
tratada neste inciso daria margem a fraudes e traria insegurança para o 
trabalhador doméstico. Tal circunstância, além de ser incompatível com regras 
gerais do direito do trabalho, não seria condizente com as próprias atividades 
desempenhadas na execução do contrato de trabalho doméstico.” 31 
Tratado no primeiro capítulo da Lei Complementar, o direito ao pagamento de horas 
extras estabelece um primeiro passo na direção da igualdade de direitos entre os trabalhadores 
do segmento doméstico e os demais segmentos laborais. Entretanto, ao estabelecer um prazo 
de um ano, para a compensação das horas extras excedentes às primeiras quarenta horas 
extras do mês, a Lei volta a tratar os domésticos como trabalhadores de segunda classe, já que 
no mundo convencional do trabalho o período estabelecido para eventuais compensações, via 
banco de horas, é de dois meses. Apesar disso, pode se afirmar que este passo aponta numa 
perspectiva de novos tempos nas relações de emprego do mundo doméstico. 
Outro aspecto importante neste novo momento é o que prevê a obrigatoriedade de 
recolhimento do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço, em procedimento a ser 
regulamentado pelo Conselho Curador do Fundo, em conjunto com o operador do FGTS. 
 
30 BRASIL. Mensagem nº 197 de 01 de junho de 2015. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Msg/VEP-197.htm Consultado em 03 de junho de 
2015. 
 
31 Idem 
15 
 
Também neste aspecto, apesar do avanço nele contido, mais uma vez as regras tratam o 
empregado e empregador domésticos de forma diferenciada ao modo destinado aos 
convencionais. Ao definir o recolhimento de 3,2%, a título de fundo de indenização para 
efeito de despedida sem justa causa, já se estabelece uma regra por demais diferenciada, em 
desfavor do empregado doméstico, mais ainda, ao estabelecer que em caso de justa causa, 
pedido de demissão ou até mesmo o falecimento do empregado, a movimentação do referido 
fundo pelo empregador, o legislador estabelece uma distorção, que a nosso modo de ver abre 
grandes brechas para fraudes e até mesmo assédio no âmbito deste ambiente já propenso a 
estes comportamentos deploráveis. 
Em outra linha, nos parece correta a definição de critérios taxativos para a 
caracterização de justa causa no ambiente doméstico, como forma de se evitar simulações de 
situações fáticas, em desfavor dos empregados. Além disso, a regulamentação do acesso 
destes profissionais a direitos como licença maternidade e paternidade, acesso ao seguro 
desemprego, aviso prévio, abono de férias, efetivamente são aspectos que precisam ser 
mensurados positivamente no sentido da construção de um processo mais digno de trabalho, 
mas, esta leitura não deve impedir a leitura da necessidade premente de se estabelecer de uma 
vez por todas um processo de igualdade plena entre todos os trabalhadores, sejam eles 
urbanos ou rurais, domésticos ou de outros segmentos produtivos. 
A instituição do simples doméstico, regime de recolhimento unificado de tributos, 
adotado pelo capítulo II da Lei Complementar visa facilitar não apenas o recolhimento 
tributário relativo a este segmento como também viabilizar o bom cumprimento destas 
obrigações pelos empregadores domésticos. O prazo de cento e vinte dias para 
regulamentação bem como para início da obrigatoriedade do seu recolhimento, dá a todos os 
setores envolvidos no processo tempo suficiente para adequação ao novo regramento legal, 
possibilitando dentro deste prazo o acesso dos empregados domésticos a direitos importantes 
em seu cotidianolaboral. 
Importante ainda abordar os aspectos previdenciários relativos a este segmento. O 
acesso aos direitos previdenciários, sempre tão difíceis aos empregados domésticos ao longo 
da existência do Brasil, tende a deixar de ser exceção para ser regra geral. De igual modo, a 
possibilidade de recuperação de eventuais débitos previdenciários por parte dos empregadores 
além de facilitar o ajuste de contas entre empregadores e o fisco, permite regularizar situações 
16 
 
referentes a empregados, prejudicados muitas vezes por comportamentos inaceitáveis de 
empregadores. 
 
4. CONCLUSÃO 
 
De tudo o quanto exposto no presente trabalho acadêmico nos permitimos apontar 
algumas conclusões acerca da questão relativa aos direitos fundamentais dos empregados 
domésticos. 
Podemos afirmar que, em linhas gerais, a promulgação da EC nº. 72/2013 aponta na 
direção de uma busca de equilíbrio de direitos dos empregados domésticos em relação ao 
conjunto dos demais trabalhadores, principalmente a partir da concretização da sua 
regulamentação, visto que, os elementos carentes desta medida afetam mais diretamente as 
relações destes trabalhadores com o outro polo deste segmento, os empregadores domésticos. 
A constatação da ocorrência de uma grosseira contradição interna no texto 
constitucional, representada pelo texto original do parágrafo único do art. 7º da Constituição 
brasileira, em confronto com o disposto no art. 5º da mesma norma constitucional, nos traz a 
convicção da manutenção, mesmo que sutil, no imaginário da classe política, empresarial e 
até mesmo da sociedade civil de classe média, de que são os empregados domésticos, 
trabalhadores de classe inferior e, sob as mais variadas desculpas, podem estar submetidos a 
uma condição distante do respeito a seus direitos e garantias fundamentais. 
O condicionamento das matérias em tramitação do Congresso Nacional ao humor, ou 
à falta dele, daqueles que conduzem as mesas diretoras do Senado da República e da Câmara 
dos Deputados, não pode se manter como algo normal e aceitável pelo conjunto da sociedade 
brasileira. Não é razoável, proporcional e muito menos condizente com o estado democrático 
de direito se chegar a praticamente três anos, para deliberar acerca de aspectos inerentes ao 
bem-estar e à dignidade humana de um segmento já tão desrespeitado ao longo da história 
brasileira. 
Passados quinhentos e quinze anos da chegada da esquadra portuguesa a terras 
brasileiras e a consequente colonização do nosso país, o espírito escravocrata ainda permeia 
boa parte da linha ideológica daqueles que integram a parcela mais estruturada e articulada da 
nossa sociedade. 
Por fim, a expectativa da sociedade brasileira, notadamente dos cerca de sete milhões 
de trabalhadores e trabalhadoras domésticas brasileiras, vai na direção da construção de um 
arcabouço jurídico capaz de destinar aos integrantes do mundo do emprego doméstico uma 
lógica de mercado que garanta, por um lado a prestação, de qualidade, dos diversos serviços 
domésticos e de outro plano, propicie ao trabalhador doméstico as condições de salário, 
17 
 
seguridade social e demais direitos sociais comuns à maioria dos trabalhadores brasileiros, de 
forma ampla, digna e efetiva. 
A entrada em vigor da Lei Complementar 150/2015 aponta na direção de 
perspectivas positivas para o mundo do trabalho doméstico, logicamente que se traçado um 
comparativo entre o que se tinha de regramento e o que se ganha com o novo dispositivo 
legal. Entretanto, ao comparar o mundo doméstico e os demais segmentos laborais, 
verificamos ainda ser pouca, apesar de louvável, a consolidação de igualdade efetiva de 
direitos entre estes dois mundos. 
A luta por igualdade de direitos continuará sendo uma batalha a ser encampada por 
todos os que defendem o respeito aos direitos humanos. Por que é necessário, por que é 
respeitoso e por que atende diretamente ao preceito constitucional da igualdade plena entre 
todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação. 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 
 
 
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13. Ed. São Paulo, 2014. 
 
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SP: Método, 2011. Pág. 106. Apud DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos 
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Consultado em 20 de abril de 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO I 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 72/2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 72, DE 2 DE ABRIL DE 201332 
 
Altera a redação do parágrafo único do art. 7º da 
Constituição Federal para estabelecer a igualdade 
de direitos trabalhistas entre os trabalhadores 
domésticos e os demais trabalhadores urbanos e 
rurais. 
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da 
Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: 
Artigo único. O parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal passa a vigorar com a 
seguinte redação: 
"Art. 7º ..................................................................................... 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos 
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, 
XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do 
cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e 
suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua 
integração à previdência social." (NR) 
Brasília, em 2 de abril de 2013. 
Mesa da Câmara dos Deputados Mesa do Senado Federal 
Deputado HENRIQUE EDUARDO ALVES 
Presidente 
Senador RENAN CALHEIROS 
Presidente 
Deputado ANDRÉ VARGAS 
1º Vice-Presidente 
Senador JORGE VIANA 
1º Vice-Presidente 
 
(…) 
Este texto não substitui o publicado no DOU 3.4.2013 
 
32 BRASIL. Emenda Constitucional nº 72, de 02 de abril de 2013. Lex: legislação federal. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc72.htm Consultada em 03 de junho de 
2015. 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO II 
 
LEI COMPLEMENTAR Nº. 150/2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
LEI COMPLEMENTAR Nº 150 DE 1º DE JUNHO DE 2015 33 
 
Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; 
altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991, no 
8.213, de 24 de julho de 1991, e no 11.196, de 21 
de novembro de 2005; revoga o inciso I do art. 3o 
da Lei no 8.009, de 29 de março de 1990, o art. 36 
da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei no 
5.859, de 11 de dezembro de 1972, e o inciso VII 
do art. 12 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro 
1995; e dá outras providências. 
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei Complementar: 
CAPÍTULO I 
DO CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO 
Art. 1o Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma 
contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito 
residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. 
Parágrafo único. É vedada a contratação de menor de 18 (dezoito) anos para desempenho de 
trabalho doméstico, de acordo com a Convenção no 182, de 1999, da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de junho de 2008. 
Art. 2o A duração normal do trabalho doméstico não excederá 8 (oito) horas diárias e 44 
(quarenta e quatro) semanais, observado o disposto nesta Lei. 
§ 1o A remuneração da hora extraordinária será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) superior 
ao valor da hora normal. 
§ 2o O salário-hora normal, em caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário 
mensal por 220 (duzentas e vinte) horas, salvo se o contrato estipular jornada mensal inferior que 
resulte em divisor diverso. 
§ 3o O salário-dia normal, em caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário 
mensal por 30 (trinta) e servirá de base para pagamento do repouso remunerado e dos feriados 
trabalhados. 
§ 4o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário e instituído regime de compensação de horas, 
mediante acordo escrito entre empregador e empregado, se o excesso de horas de um dia for 
compensado em outro dia. 
§ 5o No regime de compensação previsto no § 4o: 
I - será devido o pagamento, como horas extraordinárias, na forma do § 1o, das primeiras 40 
(quarenta) horas mensais excedentes ao horário normal de trabalho; 
 
33 BRASIL. Lei Complementar nº 150, de 01 de junho de 2015. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/LCP/Lcp150.htm Consultada em 03 de junho de 2015. 
23 
 
II - das 40 (quarenta) horas referidas no inciso I, poderão ser deduzidas, sem o correspondente 
pagamento, as horas não trabalhadas, em função de redução do horário normal de trabalho ou de dia 
útil não trabalhado, durante o mês; 
III - o saldo de horas que excederem as 40 (quarenta) primeiras horas mensais de que trata o 
inciso I, com a dedução prevista no inciso II, quando for o caso, será compensado no período máximo 
de 1 (um) ano. 
§ 6o Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação 
integral da jornada extraordinária, na forma do § 5o, o empregado fará jus ao pagamento das horas 
extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data de rescisão. 
§ 7o Os intervalos previstos nesta Lei, o tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados 
e os domingos livres em que o empregado que mora no local de trabalho nele permaneça não serão 
computados como horário de trabalho. 
§ 8o O trabalho não compensado prestado em domingos e feriados deve ser pago em dobro, sem 
prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal. 
Art. 3o Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda 25 
(vinte e cinco) horas semanais. 
§ 1o O salário a ser pago ao empregado sob regime de tempo parcial será proporcional a sua 
jornada, em relação ao empregado que cumpre, nas mesmas funções, tempo integral. 
§ 2o A duração normal do trabalho do empregado em regime de tempo parcial poderá ser 
acrescida de horas suplementares, em número não excedente a 1 (uma) hora diária, mediante acordo 
escrito entre empregador e empregado, aplicando-se-lhe, ainda, o disposto nos §§ 2o e 3o do art. 2o, 
com o limite máximo de 6 (seis) horas diárias. 
§ 3o Na modalidade do regime de tempo parcial, após cada período de 12 (doze) meses de 
vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: 
I - 18 (dezoito) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 22 (vinte e duas) horas, até 
25 (vinte e cinco) horas; 
II - 16 (dezesseis) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 20 (vinte) horas, até 22 
(vinte e duas) horas; 
III - 14 (quatorze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 15 (quinze) horas, até 20 
(vinte) horas; 
IV - 12 (doze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 10 (dez) horas, até 15 
(quinze) horas; 
V - 10 (dez) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 5 (cinco) horas, até 10 (dez) 
horas; 
VI - 8 (oito) dias, para a duraçãodo trabalho semanal igual ou inferior a 5 (cinco) horas. 
Art. 4o É facultada a contratação, por prazo determinado, do empregado doméstico: 
I - mediante contrato de experiência; 
24 
 
II - para atender necessidades familiares de natureza transitória e para substituição temporária de 
empregado doméstico com contrato de trabalho interrompido ou suspenso. 
Parágrafo único. No caso do inciso II deste artigo, a duração do contrato de trabalho é limitada 
ao término do evento que motivou a contratação, obedecido o limite máximo de 2 (dois) anos. 
Art. 5o O contrato de experiência não poderá exceder 90 (noventa) dias. 
§ 1o O contrato de experiência poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, desde que a soma dos 2 
(dois) períodos não ultrapasse 90 (noventa) dias. 
§ 2o O contrato de experiência que, havendo continuidade do serviço, não for prorrogado após o 
decurso de seu prazo previamente estabelecido ou que ultrapassar o período de 90 (noventa) dias 
passará a vigorar como contrato de trabalho por prazo indeterminado. 
Art. 6o Durante a vigência dos contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o, o empregador que, 
sem justa causa, despedir o empregado é obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, metade da 
remuneração a que teria direito até o termo do contrato. 
Art. 7o Durante a vigência dos contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o, o empregado não 
poderá se desligar do contrato sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos 
prejuízos que desse fato lhe resultarem. 
Parágrafo único. A indenização não poderá exceder aquela a que teria direito o empregado em 
idênticas condições. 
Art. 8o Durante a vigência dos contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o, não será exigido 
aviso prévio. 
Art. 9o A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra 
recibo, pelo empregado ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas 
para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e, quando for o caso, os 
contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o. 
Art. 10. É facultado às partes, mediante acordo escrito entre essas, estabelecer horário de 
trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36 (trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, observados 
ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. 
§ 1o A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os 
pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão 
considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que 
tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo 
Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, e o art. 9o da Lei no 605, de 5 de janeiro de 1949. 
§ 2o (VETADO). 
Art. 11. Em relação ao empregado responsável por acompanhar o empregador prestando 
serviços em viagem, serão consideradas apenas as horas efetivamente trabalhadas no período, podendo 
ser compensadas as horas extraordinárias em outro dia, observado o art. 2o. 
§ 1o O acompanhamento do empregador pelo empregado em viagem será condicionado à prévia 
existência de acordo escrito entre as partes. 
25 
 
§ 2o A remuneração-hora do serviço em viagem será, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) 
superior ao valor do salário-hora normal. 
§ 3o O disposto no § 2o deste artigo poderá ser, mediante acordo, convertido em acréscimo no 
banco de horas, a ser utilizado a critério do empregado. 
Art. 12. É obrigatório o registro do horário de trabalho do empregado doméstico por qualquer 
meio manual, mecânico ou eletrônico, desde que idôneo. 
Art. 13. É obrigatória a concessão de intervalo para repouso ou alimentação pelo período de, no 
mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se, mediante prévio acordo escrito 
entre empregador e empregado, sua redução a 30 (trinta) minutos. 
§ 1o Caso o empregado resida no local de trabalho, o período de intervalo poderá ser 
desmembrado em 2 (dois) períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1 (uma) hora, até o 
limite de 4 (quatro) horas ao dia. 
§ 2o Em caso de modificação do intervalo, na forma do § 1o, é obrigatória a sua anotação no 
registro diário de horário, vedada sua prenotação. 
Art. 14. Considera-se noturno, para os efeitos desta Lei, o trabalho executado entre as 22 horas 
de um dia e as 5 horas do dia seguinte. 
§ 1o A hora de trabalho noturno terá duração de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) 
segundos. 
§ 2o A remuneração do trabalho noturno deve ter acréscimo de, no mínimo, 20% (vinte por 
cento) sobre o valor da hora diurna. 
§ 3o Em caso de contratação, pelo empregador, de empregado exclusivamente para 
desempenhar trabalho noturno, o acréscimo será calculado sobre o salário anotado na Carteira de 
Trabalho e Previdência Social. 
§ 4o Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, 
aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos. 
Art. 15. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho deve haver período mínimo de 11 (onze) horas 
consecutivas para descanso. 
Art. 16. É devido ao empregado doméstico descanso semanal remunerado de, no mínimo, 24 
(vinte e quatro) horas consecutivas, preferencialmente aos domingos, além de descanso remunerado 
em feriados. 
Art. 17. O empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, 
salvo o disposto no § 3o do art. 3o, com acréscimo de, pelo menos, um terço do salário normal, após 
cada período de 12 (doze) meses de trabalho prestado à mesma pessoa ou família. 
§ 1o Na cessação do contrato de trabalho, o empregado, desde que não tenha sido demitido por 
justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, na proporção de um 
doze avos por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias. 
§ 2o O período de férias poderá, a critério do empregador, ser fracionado em até 2 (dois) 
períodos, sendo 1 (um) deles de, no mínimo, 14 (quatorze) dias corridos. 
26 
 
§ 3o É facultado ao empregado doméstico converter um terço do período de férias a que tiver 
direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. 
§ 4o O abono de férias deverá ser requerido até 30 (trinta) dias antes do término do período 
aquisitivo. 
§ 5o É lícito ao empregado que reside no local de trabalho nele permanecer durante as férias. 
§ 6o As férias serão concedidas pelo empregador nos 12 (doze) meses subsequentes à data em 
que o empregado tiver adquirido o direito. 
Art. 18. É vedado ao empregador doméstico efetuar descontos no salário do empregado por 
fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia, bem como por despesas com transporte, 
hospedagem e alimentação em caso de acompanhamento em viagem. 
§ 1o É facultado ao empregador efetuar descontos no salário do empregado em caso de 
adiantamento salarial e, mediante acordo escrito entre as partes, para a inclusão do empregado em 
planos de assistência médico-hospitalar e odontológica, de seguro e de previdência privada, não 
podendo a dedução ultrapassar 20% (vinte por cento) do salário. 
§ 2o Poderão ser descontadas as despesas com moradia de que trata o caput deste artigo quando 
essa se referir a local diverso da residência em que ocorrer a prestação de serviço, desde que essa 
possibilidade tenha sido expressamente acordada entre as partes. 
§ 3o As despesas referidas no caput deste artigo não têm natureza salarial nem se incorporam à 
remuneração para quaisquer efeitos. 
§ 4o O fornecimentode moradia ao empregado doméstico na própria residência ou em morada 
anexa, de qualquer natureza, não gera ao empregado qualquer direito de posse ou de propriedade sobre 
a referida moradia. 
Art. 19. Observadas as peculiaridades do trabalho doméstico, a ele também se aplicam as Leis 
nº 605, de 5 de janeiro de 1949, no 4.090, de 13 de julho de 1962, no 4.749, de 12 de agosto de 1965, e 
no 7.418, de 16 de dezembro de 1985, e, subsidiariamente, a Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. 
Parágrafo único. A obrigação prevista no art. 4º da Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, 
poderá ser substituída, a critério do empregador, pela concessão, mediante recibo, dos valores para a 
aquisição das passagens necessárias ao custeio das despesas decorrentes do deslocamento residência-
trabalho e vice-versa. 
Art. 20. O empregado doméstico é segurado obrigatório da Previdência Social, sendo-lhe 
devidas, na forma da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, as prestações nela arroladas, atendido o 
disposto nesta Lei e observadas as características especiais do trabalho doméstico. 
Art. 21. É devida a inclusão do empregado doméstico no Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço (FGTS), na forma do regulamento a ser editado pelo Conselho Curador e pelo agente operador 
do FGTS, no âmbito de suas competências, conforme disposto nos arts. 5o e 7o da Lei no 8.036, de 11 
de maio de 1990, inclusive no que tange aos aspectos técnicos de depósitos, saques, devolução de 
valores e emissão de extratos, entre outros determinados na forma da lei. 
27 
 
Parágrafo único. O empregador doméstico somente passará a ter obrigação de promover a 
inscrição e de efetuar os recolhimentos referentes a seu empregado após a entrada em vigor do 
regulamento referido no caput. 
Art. 22. O empregador doméstico depositará a importância de 3,2% (três inteiros e dois décimos 
por cento) sobre a remuneração devida, no mês anterior, a cada empregado, destinada ao pagamento 
da indenização compensatória da perda do emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador, não 
se aplicando ao empregado doméstico o disposto nos §§ 1o a 3o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de 
maio de 1990. 
§ 1o Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, de término do contrato de trabalho 
por prazo determinado, de aposentadoria e de falecimento do empregado doméstico, os valores 
previstos no caput serão movimentados pelo empregador. 
§ 2o Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores previstos no caput será movimentada 
pelo empregado, enquanto a outra metade será movimentada pelo empregador. 
§ 3o Os valores previstos no caput serão depositados na conta vinculada do empregado, em 
variação distinta daquela em que se encontrarem os valores oriundos dos depósitos de que trata o 
inciso IV do art. 34 desta Lei, e somente poderão ser movimentados por ocasião da rescisão 
contratual. 
§ 4o À importância monetária de que trata o caput, aplicam-se as disposições da Lei no 8.036, 
de 11 de maio de 1990, e da Lei no 8.844, de 20 de janeiro de 1994, inclusive quanto a sujeição 
passiva e equiparações, prazo de recolhimento, administração, fiscalização, lançamento, consulta, 
cobrança, garantias, processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários 
federais. 
Art. 23. Não havendo prazo estipulado no contrato, a parte que, sem justo motivo, quiser 
rescindi-lo deverá avisar a outra de sua intenção. 
§ 1o O aviso prévio será concedido na proporção de 30 (trinta) dias ao empregado que conte 
com até 1 (um) ano de serviço para o mesmo empregador. 
§ 2o Ao aviso prévio previsto neste artigo, devido ao empregado, serão acrescidos 3 (três) dias 
por ano de serviço prestado para o mesmo empregador, até o máximo de 60 (sessenta) dias, 
perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. 
§ 3o A falta de aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários 
correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período ao seu tempo de 
serviço. 
§ 4o A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os 
salários correspondentes ao prazo respectivo. 
§ 5o O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio indenizado. 
Art. 24. O horário normal de trabalho do empregado durante o aviso prévio, quando a rescisão 
tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário 
integral. 
28 
 
Parágrafo único. É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias 
previstas no caput deste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salário integral, 
por 7 (sete) dias corridos, na hipótese dos §§ 1o e 2o do art. 23. 
Art. 25. A empregada doméstica gestante tem direito a licença-maternidade de 120 (cento e 
vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário, nos termos da Seção V do Capítulo III do Título III 
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 
1943. 
Parágrafo único. A confirmação do estado de gravidez durante o curso do contrato de trabalho, 
ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a 
estabilidade provisória prevista na alínea “b” do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias. 
Art. 26. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará jus ao benefício do 
seguro-desemprego, na forma da Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, no valor de 1 (um) salário-
mínimo, por período máximo de 3 (três) meses, de forma contínua ou alternada. 
§ 1o O benefício de que trata o caput será concedido ao empregado nos termos do regulamento 
do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). 
§ 2o O benefício do seguro-desemprego será cancelado, sem prejuízo das demais sanções cíveis 
e penais cabíveis: 
I - pela recusa, por parte do trabalhador desempregado, de outro emprego condizente com sua 
qualificação registrada ou declarada e com sua remuneração anterior; 
II - por comprovação de falsidade na prestação das informações necessárias à habilitação; 
III - por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício do seguro-
desemprego; ou 
IV - por morte do segurado. 
Art. 27. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei: 
I - submissão a maus tratos de idoso, de enfermo, de pessoa com deficiência ou de criança sob 
cuidado direto ou indireto do empregado; 
II - prática de ato de improbidade; 
III - incontinência de conduta ou mau procedimento; 
IV - condenação criminal do empregado transitada em julgado, caso não tenha havido suspensão 
da execução da pena; 
V - desídia no desempenho das respectivas funções; 
VI - embriaguez habitual ou em serviço; 
VII - (VETADO); 
VIII - ato de indisciplina ou de insubordinação; 
29 
 
IX - abandono de emprego, assim considerada a ausência injustificada ao serviço por, pelo 
menos, 30 (trinta) dias corridos; 
X - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas em serviço contra qualquer 
pessoa, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; 
XI - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador 
doméstico ou sua família, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; 
XII - prática constante de jogos de azar. 
Parágrafo único. O contrato de trabalho poderá ser rescindido por culpa do empregador 
quando: 
I - o empregador exigir serviços superiores às forças do empregado doméstico, defesos por lei, 
contrários aos bonscostumes ou alheios ao contrato; 
II - o empregado doméstico for tratado pelo empregador ou por sua família com rigor excessivo 
ou de forma degradante; 
III - o empregado doméstico correr perigo manifesto de mal considerável; 
IV - o empregador não cumprir as obrigações do contrato; 
V - o empregador ou sua família praticar, contra o empregado doméstico ou pessoas de sua 
família, ato lesivo à honra e à boa fama; 
VI - o empregador ou sua família ofender o empregado doméstico ou sua família fisicamente, 
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; 
VII - o empregador praticar qualquer das formas de violência doméstica ou familiar contra 
mulheres de que trata o art. 5o da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
Art. 28. Para se habilitar ao benefício do seguro-desemprego, o trabalhador doméstico deverá 
apresentar ao órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego: 
I - Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual deverão constar a anotação do contrato de 
trabalho doméstico e a data de dispensa, de modo a comprovar o vínculo empregatício, como 
empregado doméstico, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses; 
II - termo de rescisão do contrato de trabalho; 
III - declaração de que não está em gozo de benefício de prestação continuada da Previdência 
Social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte; e 
IV - declaração de que não possui renda própria de qualquer natureza suficiente à sua 
manutenção e de sua família. 
Art. 29. O seguro-desemprego deverá ser requerido de 7 (sete) a 90 (noventa) dias contados da 
data de dispensa. 
Art. 30. Novo seguro-desemprego só poderá ser requerido após o cumprimento de novo período 
aquisitivo, cuja duração será definida pelo Codefat. 
30 
 
CAPÍTULO II 
DO SIMPLES DOMÉSTICO 
Art. 31. É instituído o regime unificado de pagamento de tributos, de contribuições e dos 
demais encargos do empregador doméstico (Simples Doméstico), que deverá ser regulamentado no 
prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de entrada em vigor desta Lei. 
Art. 32. A inscrição do empregador e a entrada única de dados cadastrais e de informações 
trabalhistas, previdenciárias e fiscais no âmbito do Simples Doméstico dar-se-ão mediante registro em 
sistema eletrônico a ser disponibilizado em portal na internet, conforme regulamento. 
Parágrafo único. A impossibilidade de utilização do sistema eletrônico será objeto de 
regulamento, a ser editado pelo Ministério da Fazenda e pelo agente operador do FGTS. 
Art. 33. O Simples Doméstico será disciplinado por ato conjunto dos Ministros de Estado da 
Fazenda, da Previdência Social e do Trabalho e Emprego que disporá sobre a apuração, o 
recolhimento e a distribuição dos recursos recolhidos por meio do Simples Doméstico, observadas as 
disposições do art. 21 desta Lei. 
§ 1o O ato conjunto a que se refere o caput deverá dispor também sobre o sistema eletrônico de 
registro das obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais e sobre o cálculo e o recolhimento dos 
tributos e encargos trabalhistas vinculados ao Simples Doméstico. 
§ 2o As informações prestadas no sistema eletrônico de que trata o § 1o: 
I - têm caráter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficiente para a exigência dos 
tributos e encargos trabalhistas delas resultantes e que não tenham sido recolhidos no prazo 
consignado para pagamento; e 
II - deverão ser fornecidas até o vencimento do prazo para pagamento dos tributos e encargos 
trabalhistas devidos no Simples Doméstico em cada mês, relativamente aos fatos geradores ocorridos 
no mês anterior. 
§ 3o O sistema eletrônico de que trata o § 1o deste artigo e o sistema de que trata o caput do art. 
32 substituirão, na forma regulamentada pelo ato conjunto previsto no caput, a obrigatoriedade de 
entrega de todas as informações, formulários e declarações a que estão sujeitos os empregadores 
domésticos, inclusive os relativos ao recolhimento do FGTS. 
Art. 34. O Simples Doméstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de 
arrecadação, dos seguintes valores: 
I - 8% (oito por cento) a 11% (onze por cento) de contribuição previdenciária, a cargo do 
segurado empregado doméstico, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; 
II - 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária para a seguridade social, a cargo 
do empregador doméstico, nos termos do art. 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; 
III - 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para financiamento do seguro contra 
acidentes do trabalho; 
IV - 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS; 
31 
 
V - 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do art. 22 desta Lei; e 
VI - imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o inciso I do art. 7o da Lei no 7.713, de 
22 de dezembro de 1988, se incidente. 
§ 1o As contribuições, os depósitos e o imposto arrolados nos incisos I a VI incidem sobre a 
remuneração paga ou devida no mês anterior, a cada empregado, incluída na remuneração a 
gratificação de Natal a que se refere a Lei no 4.090, de 13 de julho de 1962, e a Lei no 4.749, de 12 de 
agosto de 1965. 
§ 2o A contribuição e o imposto previstos nos incisos I e VI do caput deste artigo serão 
descontados da remuneração do empregado pelo empregador, que é responsável por seu 
recolhimento. 
§ 3o O produto da arrecadação das contribuições, dos depósitos e do imposto de que trata o 
caput será centralizado na Caixa Econômica Federal. 
§ 4o A Caixa Econômica Federal, com base nos elementos identificadores do recolhimento, 
disponíveis no sistema de que trata o § 1o do art. 33, transferirá para a Conta Única do Tesouro 
Nacional o valor arrecadado das contribuições e do imposto previstos nos incisos I, II, III e VI do 
caput. 
§ 5o O recolhimento de que trata o caput será efetuado em instituições financeiras integrantes da 
rede arrecadadora de receitas federais. 
§ 6o O empregador fornecerá, mensalmente, ao empregado doméstico cópia do documento 
previsto no caput. 
§ 7o O recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, e a exigência das 
contribuições, dos depósitos e do imposto, nos valores definidos nos incisos I a VI do caput, somente 
serão devidos após 120 (cento e vinte) dias da data de publicação desta Lei. 
Art. 35. O empregador doméstico é obrigado a pagar a remuneração devida ao empregado 
doméstico e a arrecadar e a recolher a contribuição prevista no inciso I do art. 34, assim como a 
arrecadar e a recolher as contribuições, os depósitos e o imposto a seu cargo discriminados nos incisos 
II, III, IV, V e VI do caput do art. 34, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência. 
§ 1o Os valores previstos nos incisos I, II, III e VI do caput do art. 34 não recolhidos até a data 
de vencimento sujeitar-se-ão à incidência de encargos legais na forma prevista na legislação do 
imposto sobre a renda. 
§ 2o Os valores previstos nos incisos IV e V, referentes ao FGTS, não recolhidos até a data de 
vencimento serão corrigidos e terão a incidência da respectiva multa, conforme a Lei no 8.036, de 11 
de maio de 1990. 
CAPÍTULO III 
DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA E TRIBUTÁRIA 
Art. 36. O inciso V do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com a 
seguinte redação: 
“Art.30.......................................................................... 
32 
 
V - o empregador doméstico é obrigado a arrecadar e a recolher a contribuição do segurado 
empregado a seu serviço, assim como a parcela a seu cargo, até o dia 7 do mês seguinte ao da 
competência; 
....................................................................................”

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