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A TUTELA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS (AS) TRABALHADORES (AS) DOMÉSTICOS (AS): UMA DISCUSSÃO ACERCA DA APLICABILIDADE E OMISSÕES DA EC-72/2013.1 Apio Vinagre Nascimento2 Curso de Pós-Graduação em Direito e Processo do Trabalho Polo de Salvador, BA RESUMO O presente trabalho acadêmico estabelece uma discussão acerca da tutela dos direitos fundamentais dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as), seu contexto histórico no mundo e no Brasil, da mesma forma que a sua consolidação e dificuldades a partir da promulgação da EC nº. 72/2013. Desde os primórdios do Brasil colônia, a correlação entre a atividade doméstica e a escravidão foi uma constante. Jornadas extenuantes, muitas vezes superiores a 18 horas/dia, a utilização de mão de obra feminina, infantil e idosa foi indiscriminadamente aplicada pelos senhores e senhoras de engenho, fazendeiros, etc. De forma paralela à evolução da sociedade, esta prática se perpetuou até os dias atuais. Em alguns casos empregadores domésticos, de hoje, praticam atos similares e as vezes até mais condenáveis que os ocorridos na época do Brasil Colônia. Com a modernização da sociedade brasileira e a evolução do processo de organização da classe trabalhadora, também os (as) trabalhadores (as) domésticos (as) passaram a se agrupar em entidades classistas, com vistas a garantir seus direitos. Este processo, acaba se consolidando com a promulgação da Emenda à Constituição nº. 72 de 02 de abril de 2013. A contemporaneidade do tema, como também as controvérsias que o envolvem, desde os atores principais (empregados e empregadores domésticos) até o judiciário, tornam a elaboração científica acerca da questão plenamente justificável. Palavras Chaves: Direitos Fundamentais, Emprego Doméstico, EC nº. 72/2013, Igualdade 1 Artigo científico apresentado ao Departamento de Pós-Graduação e Extensão da Anhanguera Uniderp, como requisito parcial à obtenção do grau de especialista. 2 Bacharel em Direito pela UNIME - União Metropolitana de Educação e Cultura, Advogado inscrito junto à OAB/Bahia, Pós-graduando em Direito e Processo Trabalhista pela LFG/Juspodivm/Anhanguera, Pós graduando em Direito Eleitoral pela Uny Leya/AVM faculdades integradas. 2 INTRODUÇÃO O presente trabalho acadêmico estabelecerá uma discussão sobre a tutela dos direitos fundamentais dos trabalhadores domésticos, abordando o contexto histórico da evolução deste segmento laboral, analisando os desdobramentos e efeitos sobre o seu funcionamento, a partir da promulgação da Emenda à Constituição nº. 72/2013. Além disto, analisará, a partir da tramitação no Congresso Nacional do Projeto de Lei do Senado nº 224, de 2013 – complementar, que visa regulamentar direitos dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as), carentes desta providência, a partir da EC-72/2013. Desde os tempos do Brasil colônia, a atividade doméstica e a escravidão tiveram sempre uma constante semelhança. Jornadas extenuantes, muitas vezes superiores a 18 horas/dia, a utilização de mão de obra feminina, infantil e idosa foi indiscriminadamente aplicada pelos senhores e senhoras de engenho, fazendeiros, etc. De forma paralela à evolução da sociedade, esta prática se perpetuou até os dias atuais. Em alguns casos empregadores domésticos, de hoje, praticam atos similares e as vezes até mais condenáveis que os ocorridos na época do Brasil Colônia. A partir da modernização da sociedade brasileira e com a evolução do processo de organização da classe trabalhadora, também os (as) trabalhadores (as) domésticos (as) passaram a se agrupar em entidades classistas, com vistas a garantir seus direitos. Este processo, acaba se consolidando com a promulgação da EC 72/2013. Mesmo com a entrada em vigência da referida Emenda, alguns direitos, nela previstos, ainda carecem de regulamentação, na direção do que tramita o PLS nº 224/2013, também alvo de estudo do presente artigo. Vale salientar que contemporaneidade do tema, bem como as controvérsias que o envolvem, bem como a sua importância para a vida cotidiana dos envolvidos, desde os atores principais (empregados e empregadores domésticos) até o judiciário, tornam a elaboração científica acerca da questão plenamente justificável. Para desenvolver o presente trabalho, alguns aspectos necessitam ser devidamente problematizados, como por exemplo: Quais as efetivas mudanças em relação à tutela dos direitos dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as) a partir da promulgação da EC nº. 72/2013? Até que ponto pode se afirmar que a aplicação das diretrizes definidas pela EC 72/2013 estabelece uma tutela concreta dos direitos fundamentais dos (as) trabalhadores (as) domésticos (as)? Poderia se afirmar que no período anterior à EC 72/2013 o tratamento 3 concedido aos (às) trabalhadores (as) domésticos (as) era similar a modalidades de trabalho similares à escravidão? Quais as consequências da ausência de tratativas para alguns direitos na EC nº72/2013? Em que medida a necessidade de regulamentação de diversos direitos contidos na EC 72/2013 transformam a medida em letra inócua? Realizar uma discussão acadêmica acerca dos direitos fundamentais e trabalhistas dos (as) empregados (as) domésticos (as), à luz da recém promulgada EC 72/2013 surge como objetivo principal do presente trabalho, apontando como objetivos específicos, a abordagem histórica do trabalho doméstico no Brasil, ao longo do tempo; discutir os avanços conquistados com a promulgação da EC nº. 72/2013, no que tange aos direitos fundamentais e trabalhistas dos empregados domésticos e, a discussão dos aspectos da EC-72/2013, carentes de regulamentação, bem como os não abordados ou estabelecidos pela referida emenda e o significado e influência destas carências e omissões para o segmento do trabalho doméstico, sempre sob a ótica da garantia dos direitos fundamentais destes profissionais, respectivamente. 1. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS TRABALHADORES Antes de adentrar ao tema propriamente dito, se faz necessária uma abordagem acerca do que efetivamente constitui os direitos fundamentais dos trabalhadores em geral, de igual maneira fazer uma análise comparativa com os trabalhadores domésticos, caminho trilhado evidentemente, a partir da consolidação do conceito de direitos fundamentais, alinhavados de maneira normativa pela Carta Magna brasileira. 1.1. A CONCEITUAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Não obstante as diversas análises e definições acerca do conceito de Direitos fundamentais, entendemos importante para o desenvolvimento do presente estudo os ensinamentos de Canotilho (1998), que define Direitos Fundamentais como sendo “os 4 direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espacio- temporalmente. ” (CANOTILHO, 1998, p. 359)3 Em direção semelhante, apregoa Comparato serem os Direitos Fundamentais “os direitos humanos reconhecidos como tal pelas autoridades, às quais se atribui o poder político de editar normas, tanto no interior dos Estados quanto no plano internacional; são os direitos humanos positivados nas Constituições, nas leis, nos Tratados Internacionais. ” (COMPARATO, 2001, p. 56)4 Importante nesta quadra de elucidação conceitual apontar os ensinamentos de Cesar, ao apontar as definições constitucionais acerca da questão. Leciona o doutrinador que, “A Constituição Federal brasileira de 1988, especificamente em seu Título I – arts. 1º ao 4º -, garante os direitos fundamentais ao dar ênfase à dignidade da pessoa humana, aos valores sociais do trabalho, à construção de uma sociedade livre, justa esolidária, e à promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação.”5 E complementa sua abordagem, lembrando que a Constituição “prossegue da mesma forma com o rol de direitos constantes nos arts. 5º a 7º, ou seja, os direitos e garantias fundamentais, os deveres e direitos individuais e coletivos e os direitos dos trabalhadores.”6 1.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS TRABALHADORES Em relação aos direitos fundamentais dos trabalhadores, entabula de forma categórica o referido autor, que “deve-se ressaltar que os direitos dos trabalhadores, amplamente resguardados pelo Art. 7º da Constituição Federal, normalmente são indisponíveis, conforme previsto nos arts. 9º, 444 e 468 da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho.”7 3 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 1998. Apud PFAFFENSELLER, Michelli. Teoria dos direitos fundamentais. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_85/artigos/MichelliPfaffenseller_rev85.htm Consultado em 20 de abril de 2015. 4 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Apud PFAFFENSELLER, Michelli. Teoria dos direitos fundamentais. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_85/artigos/MichelliPfaffenseller_rev85.htm Consultado em 20 de abril de 2015. 5 CESAR, João Batista Martins. A tutela coletiva dos direitos fundamentais dos trabalhadores. 160 p. São Paulo, LTr, 2013. Disponível em http://pt.slideshare.net/ciadoslivros/978-8536125466 Consutada em 26 de abril de 2015 6 Idem 7 Idem 5 Elemento provocador do presente artigo, a primeira verificação de tratamento discrepante entre trabalhadores emana da leitura do parágrafo único do Art. 7º da Constituição Federal brasileira, que assegura aos trabalhadores domésticos, apenas os “direitos previstos nos Incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, do referido artigo, bem como a sua integração à previdência social.”8 Nitidamente, o constituinte de 88 se contradiz ao estabelecer o acesso a apenas alguns dos direitos sociais previstos no art. 7º da Carta Magna brasileira, notadamente quanto ao eixo central dos direitos e garantias fundamentais, previstas no art. 5º, que determina que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)”.9 A análise crítica desta contradição, bem como a evolução deste processo, a partir da promulgação da EC nº. 72/2013 e da perspectiva futura com a tramitação e aprovação do PLS 224/2013, no Congresso Nacional, será o eixo central do presente trabalho, a ser desenvolvida nos próximos capítulos. 2. A EVOLUÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO NO BRASIL De forma similar à análise do que seja direitos fundamentais, feita no capítulo anterior, avaliar a evolução do trabalho doméstico ao longo do tempo, na história do Brasil, torna-se tarefa imprescindível na construção conceitual do presente trabalho acadêmico, o que passamos a realizar no presente capítulo. 2.1. ESCRAVIDÃO E TRABALHO DOMÉSTICO Ao analisarmos o contexto histórico brasileiro, tendo como origem o Brasil colônia, chegamos sem muito esforço à informação de que àquela época, tanto índios como os africanos, para cá traficados e escravizados, exerciam em favor dos colonizadores as tarefas 8 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 9 Idem 6 cotidianas ligadas à casa grande, bem como às lavouras da época. Crianças, homens e mulheres das mais variadas idades executavam tarefas como cuidar dos jardins, tomar conta dos filhos da família, levar e trazer recados a outros senhores de engenho, costurar, cozinhar, dar apoio na amamentação dos filhos da casa grande (amas de leite), entre outras tantas tarefas domésticas, sempre com jornadas extenuantes, nunca menores que 18 horas. Não havia remuneração por estes serviços, dada a condição de subserviência a que eram submetidas estas pessoas, por seus “donos”. Importante trazer a lume o que ensina Gomes (2013), que nos lembra o fato de, à época, “Essas atividades não eram exercidas por pessoas de cor branca, pois na época esse tipo de trabalho era sinônimo de desonra, onde preferiam a morte a exercer qualquer atividade doméstica.”10 Outro aspecto importante trazido a lume por Gomes, é o fato de que além da discriminação sofrida pelas mulheres, na realização destas tarefas, elas tinham a sua atuação estendida ao âmbito das relações mais íntimas, “sendo assim totalmente subordinadas aos seus “patrões”, sendo obrigadas a suportar toda exploração que lhes fossem atribuídas, inclusive serem objetos sexuais do senhor e de seus filhos.”11 Como se percebe, nos encontrávamos numa época em que conceitos como dignidade da pessoa humana eram temas fora de qualquer discussão da sociedade daquele período histórico. Vale salientar que a primeira Lei brasileira a versar sobre a contratação para fins de prestação de serviços, data de 1830 e ainda sob a égide da escravatura estabelecia: “Art. 7º O contracto mantido pela presente Lei não poderá celebrar-se, debaixo de qualquer pretexto que seja, com os africanos barbaros, á excepção daquelles, que actualmente existem no Brazil (Sic).”12 Com a abolição da escravatura, o serviço doméstico passou a ser executado por outras pessoas que, em tese, não eram tratadas como escravas, entretanto, a prática apontava para um cenário de exploração similar à escravidão, por parte dos agora empregadores. Conforme Gomes, este tipo de atividade passou a ser exercido “por moças jovens, solteiras, filhas de pequenos agricultores, pobres e analfabetas, onde eram buscadas no interior do Estado, pelos empregadores interessados para trabalhar”.13 10 GOMES, Douglas. Origem do Trabalho Doméstico no Brasil. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfqd4AK/origem-trabalho-domestico-no-brasil consultado em 20 de abril de 2015. 11 Idem 12 BRASIL. Lei 37984/1830. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37984-13-setembro-1830-565648- publicacaooriginal-89398-pl.html consultada em 21 de abril de 2015. 13 GOMES, Douglas. Origem do Trabalho Doméstico no Brasil. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfqd4AK/origem- trabalho-domestico-no-brasil consultado em 20 de abril de 2015. 7 Importante ressaltar que, considerada a sua falta de qualificação para atuar nos segmentos produtivos, essas pessoas, mulheres em sua maioria, “em busca de subsistência, trabalhavam em casas de família, recebendo em troca dos serviços prestados, alimentação, vestuário, moradia e pequenos valores, o que ajudava na renda familiar que era muito pouca diante de tantos dependentes que seus pais tinham.”14 2.2. EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E O EMPREGO DOMÉSTICO As primeiras normatizações específicas para a atividade doméstica acontecem com o Código Civil de 1916, que estabelece que: “Art. 1.216 – Toda espécie de serviços ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratado mediante retribuição.”15 A definição de quais seriam os trabalhadores qualificados como domésticos, como também a gama de serviços englobados neste segmento laboral se dá com a promulgação do Decreto nº 16.107, em30/07/1923. Em seguida, advém o Decreto Lei nº 3.078/1941, que estabelece a existência de aviso prévio para esses profissionais, de oito dias, conquistados com o cumprimento de um período de experiência de seis meses. Além disso, passaria o empregado doméstico a ter direito de rescindir o contrato nos casos de “atentado à sua honra ou integridade física, mora salarial ou falta de ambiente higiênico de alimentação e habitação, garantindo portanto melhores condições no ambiente de trabalho.”16 Em 1972 é sancionada a Lei nº 5.859/72, instrumento normativo do emprego doméstico até a promulgação da EC nº. nº. 72/2013, que define o empregado doméstico como sendo “aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas (...)”17 Importante trazer o ensinamento de Garcia (2011, pag. 106), que diz: 14 Idem 15 Acquaviva, Marcus Cláudio. Vade mecum universitário de direito. Código Civil de 1916. 4ª edição rev. e ampl. . SP: Editora Jurídica Brasileira, 2001, pág. Apud DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos empregados domésticos: a evolução da jurisprudência até a legislação. Disponivel em http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12610&revista_caderno=25 Consultado em 22 de abril de 2015 16 Idem 17 BRASIL. Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5859.htm Consultado em 22 de abril de 2015 8 “na realidade, pode-se entender que o empregado doméstico presta serviços, de natureza não econômica, à pessoa física ou à família, para o âmbito residencial destas. É doméstico não só o empregado que exerce funções internamente, na residência do empregador, como de limpeza, de faxina, de cozinhar, cuidando de crianças ou idosos, mas também o jardineiro, o vigia da casa, o motorista etc.”18 Como já descrito anteriormente, os direitos sociais dos trabalhadores foram normatizados no Artigo 7º da Constituição Federal, tendo o constituinte restringindo o acesso dos empregados domésticos aos “direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.”19 Ou seja, daquilo que se depreende do texto constitucional apenas foram destinados a estes profissionais: “O direito ao Salário mínimo em seu regramento legal; a irredutibilidade do salário, exceto quando previsto em convenção ou acordo coletivo; décimo terceiro salário baseado na remuneração integral do salário ou da aposentadoria; o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos um terço a mais do que o salário normal; licença à gestante sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias; licença paternidade nos termos legais; o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, num mínimo de 30 dias e a aposentadoria, além da sua integração ao sistema de previdência.”20 Ou seja, a partir do momento em que apenas estes direitos foram definidos constitucionalmente como acessíveis a estes profissionais, de plano, se aponta para uma restrição incompatível com as definições de igualdade constituídas, principalmente, no art. 5º caput do texto constitucional. Importante trazer a lume o que assevera dos Reis, ao recordar que: “muitos dos direitos conferidos aos trabalhadores domésticos, somente lhes foram concedidos recentemente através de legislação ordinária, a exemplo da vedação de dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, direito que somente em 2006 foi estendido às domésticas, mediante a edição da Lei nº 11.324/06”21 Vale salientar as definições da Organização Internacional do Trabalho – OIT, em sua 100ª Convenção, em Genebra, Suíça, que teve como principal resultado a aprovação da Convenção nº 189, aprovada em 16/06/2011, que apontava na perspectiva de condições de trabalho decente para os empregados domésticos. Não obstante não ter havido ainda a ratificação da mesma pelo Brasil, o funcionamento do trabalho doméstico no Brasil sofreu 18 Garcia, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de direito do trabalho. 3ª edição rev. e atual. . RJ: Forense; SP: Método, 2011. Pág. 106. Apud DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos empregados domésticos: a evolução da jurisprudência até a legislação. Disponivel em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12610&revista_caderno=25 Consultado em 22 de abril de 2015 19 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 20 Idem 21 DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos empregados domésticos: a evolução da jurisprudência até a legislação. Disponivel em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12610&revista_caderno=25 Consultado em 22 de abril de 2015 9 alterações consistentes com a promulgação da EC-72/2013, objeto de estudos do próximo capítulo. 3. EC Nº. 72/2013: CONQUISTAS E OMISSÕES Conforme já abordado anteriormente, a modernização da sociedade brasileira e a evolução do processo de organização da classe trabalhadora, também os (as) trabalhadores (as) domésticos (as) passaram a se agrupar em entidades classistas, com vistas a garantir seus direitos. Este processo, acaba se consolidando como aspecto importante para a promulgação da EC nº. número 72 de 02 de abril de 2013, instrumento que passa a ser analisado neste capítulo. Com a referida emenda, o parágrafo único do art. 7º do texto constitucional passou a ter a seguinte redação: “Parágrafo único - São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social."22 3.1. DIREITOS INCORPORADOS IMEDIATAMENTE PELA EC-72/2013 A alteração implementada fez com que alguns dos direitos antes negados aos trabalhadores domésticos passassem a ser a eles garantidos de modo imediato, a saber: “IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na 22 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). EC-72/2013. Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 10 remuneração integral ou no valor da aposentadoria; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XV - repouso semanal remunerado, preferencialmenteaos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIV - aposentadoria; XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência e XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;”23 Ao verificar o conteúdo dos direitos apregoados de modo imediato pela nova redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal fortalece ainda mais a leitura quanto à contradição do texto original do referido dispositivo, pois, não há como se admitir razoável, que os direitos aqui colocados já não o fossem extensivos aos trabalhadores domésticos. 3.2. DIREITOS CARENTES DE REGULAMENTAÇÃO Noutra medida, aspectos fundamentais das relações de trabalho, mesmo com a Emenda ao texto constitucional, carecem de regulamentação, tais como: “I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; XII - salário- família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas e XXVIII - 23 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 11 seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;”24 Vale salientar os crescentes debates acerca do eventual impacto do acesso a esses direitos, por parte dos trabalhadores domésticos. Diversos são os elementos arguidos pelos contrários a esta ampliação de direitos, como os trazidos à tona por Pereira (2013), de que “não é justo atribuir aos empregadores domésticos a mesma carga trabalhista, pois os tomadores de serviço que possuem maior capacidade econômica deverão ter maior ônus. Em outras palavras, as famílias brasileiras não poderão ter os mesmos encargos trabalhistas de empresas que naturalmente são constituídas com o intuito de lucro.”25 Com o devido respeito ao nobre professor, tendemos a nos filiar à abordagem formulada por da Costa (2013), que categoricamente defende a tese de que: “os direitos constitucionais do trabalhador devem ser respeitados, seja o empregador uma multinacional, uma microempresa ou uma pessoa física. Noutras palavras: não deve ser a condição específica do empregador um fator determinante para se restringir direitos do trabalhador, seja qual for a categoria.”26 As expectativas quanto ao processo e o conteúdo da regulamentação destes direitos tramita no momento no Congresso Nacional, através do Projeto de Lei do Senado Federal, sob o nº 224/2013, sendo objeto de abordagem mais adiante. 3.3. DIREITOS NÃO EXTENSIVOS AOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS Importante ressaltar que com o novo texto constitucional, seguem extraídos do mundo do trabalho doméstico direitos, em tese, inerentes a outras relações de trabalho, entre os quais pode-se citar as previsões de: “V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes 24 Idem 25 PEREIRA, Leone. PEC dos Domésticos: Inviabilidade. Disponível em http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/pec-dos- domesticos-inviabilidade/11055 consultado em 22 de abril de 2015 26 DA COSTA, Luis Alberto. Constituição, realidade social e a “PEC das domésticas”. Disponível em http://jus.com.br/artigos/23520/constituicao-realidade-social-e-a-pec-das-domesticas consultado em 23 de abril de 2015. 12 das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos e XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.”27 Não obstante a compreensão de pertinência em boa parte dos direitos mantidos em outros segmentos do mundo do trabalho, nos parece ilógico que se estabeleça como valor absoluto a impossibilidade de se ter aspectos geradores destes direitos no âmbito do ambiente doméstico, salvo raras exceções. Nesta direção, entendemos ser uma demonstração de insensibilidade do constituinte derivado não problematizar estas questões de forma a garantir aos domésticos, o acesso aos mesmos, uma vez que estejam dadas, em seu ambiente de labor, as condicionantes do acesso a estes direitos. 3.4. PROJETO DE LEI DO SENADO 224/2013: PERSPECTIVAS DE DIREITOS NO MUNDO DO TRABALHO Acerca dos direitos carentes de regulamentação, em relação aos empregados domésticos, tramita no Congresso Nacional, desde junho de 2013 o PLS 224 de 2013 – Complementar. A matéria foi apreciada no Senado da República, ganhando redação final daquela casa em 11/072013 e foi recebida pela Câmara dos Deputados, onde passou a tramitar desde o dia 17 do mesmo mês. Na Câmara dos Deputados, a matéria foi alvo do Substitutivo SCD 5/2013, passando a tramitar como Projeto de Lei Complementar - PLP 302/2013, que sofreu emenda substitutiva global, sendo aprovada pela Câmara no dia 17 de março de 2015, retornando para tramitação final no Senado Federal, em face das alterações proferidas pela Câmara dos Deputados. De volta ao Senado Federal, a matéria tramita desde o dia 19 de março de 2015 na Comissão de Assuntos Sociais, sob a relatoria da Senadora Ana Amélia. O texto da Câmara dos Deputados prevê que uma vez promulgada a Lei Complementar 27 BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Lex: legislação federal. Vade Mecum, Saraiva, 13. Ed. São Paulo, 2014. 13 “Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; altera as Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, e 11.196, de 21 de novembro de 2005;e revoga o inciso I do art. 3º da Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990, e a Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972.”28 Aspectos fundamentais do mundo do trabalho são estendidos aos empregados domésticos com esta regulamentação, que tem previsão de entrar em vigor após 120 dias da publicação oficial da Lei Complementar. Como exemplo podemos apontar a proteção contra a despedida sem justa causa e o direito à percepção do seguro desemprego, prevista no Artigo 15 do PLP: “Art. 15. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará jus ao benefício do seguro-desemprego, de que trata a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990. § 1º O benefício de que trata o caput deste artigo será concedido ao empregado nos termos do regulamento do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT. § 2º Para se habilitar ao benefício, o trabalhador deverá apresentar ao órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego: I - Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual deverão constar a anotação do contrato de trabalho doméstico e a data da dispensa, de modo a comprovar o vínculo empregatício, como empregado doméstico, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses; II - termo de rescisão do contrato de trabalho atestando a dispensa sem justa causa; III - declaração de que não está em gozo de nenhum benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte; e IV - declaração de que não possui renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família. (...) § 5º O seguro-desemprego deverá ser requerido de 7 (sete) a 90 (noventa) dias contados da data da dispensa (...)”.29 A principal dúvida residia em quanto tempo duraria a nova tramitação no Senado, visto que em sua passagem pela Câmara dos Deputados, a matéria ficou adormecida por aproximadamente dois anos, o que certamente não condizia com a importância do tema, para um segmento que conta com aproximadamente sete milhões de trabalhadores (as). A celeridade com que a matéria tramitou no Senado Federal, contrastou com a regressão promovida pelos Senadores (as) em relação ao que foi apresentado como eventuais avanços no Substitutivo aprovado pela Câmara dos Deputados, aprovando texto definitivo em 06 de maio de 2015 sendo encaminhado para sanção da Presidência da República, que assim procedeu em 01 de junho de 2015, originando a Lei Complementar nº 150/2015, cujos desdobramentos compões a análise da próxima seção do presente trabalho. 28 BRASIL. PLP 302/2013. Disponível em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=C527DB9E1CC117C80E631BA14BFC7203.proposicoesWeb1? codteor=1310906&filename=Tramitacao-PLP+302/2013 consultado em 24 de abril de 2015 29 Idem 14 3.5. A LEI COMPLEMENTAR Nº 150/2015 E SEUS DESDOBRAMENTOS No último dia 01 de junho de 2015 a Presidência da República sancionou, com dois vetos, a Lei Complementar nº 150/2015, que dá efeito a algumas das disposições contidas na Emenda Constitucional nº 72/2013. Na mensagem de veto, a Presidência da República justifica os motivos que a levaram a preterir do texto legal o disposto no § 2º do Art. 10 e no Inciso VII do Art. 27 da recém sancionada Lei Complementar: Diz a Presidência sobre o Art. 10, § 2º: “Ao possibilitar a extensão do regime de horas previsto no caput e no § 1º do art. 10 aos empregados enquadrados na Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983 e, de forma ampla e imprecisa, a outras atividades, o dispositivo trataria de matéria estranha ao objeto do Projeto de Lei, que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico, contrariando o disposto no art. 7º, inciso II, da Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998. Além disso, submeteria a mesmo regime categorias profissionais sujeitas a condições de trabalho completamente distintas.” 30 E prossegue, ao justificar o veto ao segundo dispositivo da Lei, Art. 27, VII: “Da forma ampla e imprecisa como prevista, a hipótese de dispensa por justa causa tratada neste inciso daria margem a fraudes e traria insegurança para o trabalhador doméstico. Tal circunstância, além de ser incompatível com regras gerais do direito do trabalho, não seria condizente com as próprias atividades desempenhadas na execução do contrato de trabalho doméstico.” 31 Tratado no primeiro capítulo da Lei Complementar, o direito ao pagamento de horas extras estabelece um primeiro passo na direção da igualdade de direitos entre os trabalhadores do segmento doméstico e os demais segmentos laborais. Entretanto, ao estabelecer um prazo de um ano, para a compensação das horas extras excedentes às primeiras quarenta horas extras do mês, a Lei volta a tratar os domésticos como trabalhadores de segunda classe, já que no mundo convencional do trabalho o período estabelecido para eventuais compensações, via banco de horas, é de dois meses. Apesar disso, pode se afirmar que este passo aponta numa perspectiva de novos tempos nas relações de emprego do mundo doméstico. Outro aspecto importante neste novo momento é o que prevê a obrigatoriedade de recolhimento do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço, em procedimento a ser regulamentado pelo Conselho Curador do Fundo, em conjunto com o operador do FGTS. 30 BRASIL. Mensagem nº 197 de 01 de junho de 2015. Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Msg/VEP-197.htm Consultado em 03 de junho de 2015. 31 Idem 15 Também neste aspecto, apesar do avanço nele contido, mais uma vez as regras tratam o empregado e empregador domésticos de forma diferenciada ao modo destinado aos convencionais. Ao definir o recolhimento de 3,2%, a título de fundo de indenização para efeito de despedida sem justa causa, já se estabelece uma regra por demais diferenciada, em desfavor do empregado doméstico, mais ainda, ao estabelecer que em caso de justa causa, pedido de demissão ou até mesmo o falecimento do empregado, a movimentação do referido fundo pelo empregador, o legislador estabelece uma distorção, que a nosso modo de ver abre grandes brechas para fraudes e até mesmo assédio no âmbito deste ambiente já propenso a estes comportamentos deploráveis. Em outra linha, nos parece correta a definição de critérios taxativos para a caracterização de justa causa no ambiente doméstico, como forma de se evitar simulações de situações fáticas, em desfavor dos empregados. Além disso, a regulamentação do acesso destes profissionais a direitos como licença maternidade e paternidade, acesso ao seguro desemprego, aviso prévio, abono de férias, efetivamente são aspectos que precisam ser mensurados positivamente no sentido da construção de um processo mais digno de trabalho, mas, esta leitura não deve impedir a leitura da necessidade premente de se estabelecer de uma vez por todas um processo de igualdade plena entre todos os trabalhadores, sejam eles urbanos ou rurais, domésticos ou de outros segmentos produtivos. A instituição do simples doméstico, regime de recolhimento unificado de tributos, adotado pelo capítulo II da Lei Complementar visa facilitar não apenas o recolhimento tributário relativo a este segmento como também viabilizar o bom cumprimento destas obrigações pelos empregadores domésticos. O prazo de cento e vinte dias para regulamentação bem como para início da obrigatoriedade do seu recolhimento, dá a todos os setores envolvidos no processo tempo suficiente para adequação ao novo regramento legal, possibilitando dentro deste prazo o acesso dos empregados domésticos a direitos importantes em seu cotidianolaboral. Importante ainda abordar os aspectos previdenciários relativos a este segmento. O acesso aos direitos previdenciários, sempre tão difíceis aos empregados domésticos ao longo da existência do Brasil, tende a deixar de ser exceção para ser regra geral. De igual modo, a possibilidade de recuperação de eventuais débitos previdenciários por parte dos empregadores além de facilitar o ajuste de contas entre empregadores e o fisco, permite regularizar situações 16 referentes a empregados, prejudicados muitas vezes por comportamentos inaceitáveis de empregadores. 4. CONCLUSÃO De tudo o quanto exposto no presente trabalho acadêmico nos permitimos apontar algumas conclusões acerca da questão relativa aos direitos fundamentais dos empregados domésticos. Podemos afirmar que, em linhas gerais, a promulgação da EC nº. 72/2013 aponta na direção de uma busca de equilíbrio de direitos dos empregados domésticos em relação ao conjunto dos demais trabalhadores, principalmente a partir da concretização da sua regulamentação, visto que, os elementos carentes desta medida afetam mais diretamente as relações destes trabalhadores com o outro polo deste segmento, os empregadores domésticos. A constatação da ocorrência de uma grosseira contradição interna no texto constitucional, representada pelo texto original do parágrafo único do art. 7º da Constituição brasileira, em confronto com o disposto no art. 5º da mesma norma constitucional, nos traz a convicção da manutenção, mesmo que sutil, no imaginário da classe política, empresarial e até mesmo da sociedade civil de classe média, de que são os empregados domésticos, trabalhadores de classe inferior e, sob as mais variadas desculpas, podem estar submetidos a uma condição distante do respeito a seus direitos e garantias fundamentais. O condicionamento das matérias em tramitação do Congresso Nacional ao humor, ou à falta dele, daqueles que conduzem as mesas diretoras do Senado da República e da Câmara dos Deputados, não pode se manter como algo normal e aceitável pelo conjunto da sociedade brasileira. Não é razoável, proporcional e muito menos condizente com o estado democrático de direito se chegar a praticamente três anos, para deliberar acerca de aspectos inerentes ao bem-estar e à dignidade humana de um segmento já tão desrespeitado ao longo da história brasileira. Passados quinhentos e quinze anos da chegada da esquadra portuguesa a terras brasileiras e a consequente colonização do nosso país, o espírito escravocrata ainda permeia boa parte da linha ideológica daqueles que integram a parcela mais estruturada e articulada da nossa sociedade. Por fim, a expectativa da sociedade brasileira, notadamente dos cerca de sete milhões de trabalhadores e trabalhadoras domésticas brasileiras, vai na direção da construção de um arcabouço jurídico capaz de destinar aos integrantes do mundo do emprego doméstico uma lógica de mercado que garanta, por um lado a prestação, de qualidade, dos diversos serviços domésticos e de outro plano, propicie ao trabalhador doméstico as condições de salário, 17 seguridade social e demais direitos sociais comuns à maioria dos trabalhadores brasileiros, de forma ampla, digna e efetiva. A entrada em vigor da Lei Complementar 150/2015 aponta na direção de perspectivas positivas para o mundo do trabalho doméstico, logicamente que se traçado um comparativo entre o que se tinha de regramento e o que se ganha com o novo dispositivo legal. Entretanto, ao comparar o mundo doméstico e os demais segmentos laborais, verificamos ainda ser pouca, apesar de louvável, a consolidação de igualdade efetiva de direitos entre estes dois mundos. A luta por igualdade de direitos continuará sendo uma batalha a ser encampada por todos os que defendem o respeito aos direitos humanos. Por que é necessário, por que é respeitoso e por que atende diretamente ao preceito constitucional da igualdade plena entre todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Acquaviva, Marcus Cláudio. Vade mecum universitário de direito. Código Civil de 1916. 4ª edição rev. e ampl. SP: Editora Jurídica Brasileira, 2001, pág. Apud DOS REIS, Elaine Santos. Equiparação dos direitos dos empregados domésticos: a evolução da jurisprudência até a legislação. 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Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_85/artigos/MichelliPfaffenseller_rev85.htm Consultado em 20 de abril de 2015. 19 ANEXO I EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 72/2013 20 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 72, DE 2 DE ABRIL DE 201332 Altera a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Artigo único. O parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 7º ..................................................................................... Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social." (NR) Brasília, em 2 de abril de 2013. Mesa da Câmara dos Deputados Mesa do Senado Federal Deputado HENRIQUE EDUARDO ALVES Presidente Senador RENAN CALHEIROS Presidente Deputado ANDRÉ VARGAS 1º Vice-Presidente Senador JORGE VIANA 1º Vice-Presidente (…) Este texto não substitui o publicado no DOU 3.4.2013 32 BRASIL. Emenda Constitucional nº 72, de 02 de abril de 2013. Lex: legislação federal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc72.htm Consultada em 03 de junho de 2015. 21 ANEXO II LEI COMPLEMENTAR Nº. 150/2015 22 LEI COMPLEMENTAR Nº 150 DE 1º DE JUNHO DE 2015 33 Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991, no 8.213, de 24 de julho de 1991, e no 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso I do art. 3o da Lei no 8.009, de 29 de março de 1990, o art. 36 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro 1995; e dá outras providências. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: CAPÍTULO I DO CONTRATO DE TRABALHO DOMÉSTICO Art. 1o Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. Parágrafo único. É vedada a contratação de menor de 18 (dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico, de acordo com a Convenção no 182, de 1999, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de junho de 2008. Art. 2o A duração normal do trabalho doméstico não excederá 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, observado o disposto nesta Lei. § 1o A remuneração da hora extraordinária será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) superior ao valor da hora normal. § 2o O salário-hora normal, em caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário mensal por 220 (duzentas e vinte) horas, salvo se o contrato estipular jornada mensal inferior que resulte em divisor diverso. § 3o O salário-dia normal, em caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário mensal por 30 (trinta) e servirá de base para pagamento do repouso remunerado e dos feriados trabalhados. § 4o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário e instituído regime de compensação de horas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, se o excesso de horas de um dia for compensado em outro dia. § 5o No regime de compensação previsto no § 4o: I - será devido o pagamento, como horas extraordinárias, na forma do § 1o, das primeiras 40 (quarenta) horas mensais excedentes ao horário normal de trabalho; 33 BRASIL. Lei Complementar nº 150, de 01 de junho de 2015. Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/LCP/Lcp150.htm Consultada em 03 de junho de 2015. 23 II - das 40 (quarenta) horas referidas no inciso I, poderão ser deduzidas, sem o correspondente pagamento, as horas não trabalhadas, em função de redução do horário normal de trabalho ou de dia útil não trabalhado, durante o mês; III - o saldo de horas que excederem as 40 (quarenta) primeiras horas mensais de que trata o inciso I, com a dedução prevista no inciso II, quando for o caso, será compensado no período máximo de 1 (um) ano. § 6o Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma do § 5o, o empregado fará jus ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data de rescisão. § 7o Os intervalos previstos nesta Lei, o tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os domingos livres em que o empregado que mora no local de trabalho nele permaneça não serão computados como horário de trabalho. § 8o O trabalho não compensado prestado em domingos e feriados deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal. Art. 3o Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda 25 (vinte e cinco) horas semanais. § 1o O salário a ser pago ao empregado sob regime de tempo parcial será proporcional a sua jornada, em relação ao empregado que cumpre, nas mesmas funções, tempo integral. § 2o A duração normal do trabalho do empregado em regime de tempo parcial poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente a 1 (uma) hora diária, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, aplicando-se-lhe, ainda, o disposto nos §§ 2o e 3o do art. 2o, com o limite máximo de 6 (seis) horas diárias. § 3o Na modalidade do regime de tempo parcial, após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 18 (dezoito) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 22 (vinte e duas) horas, até 25 (vinte e cinco) horas; II - 16 (dezesseis) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 20 (vinte) horas, até 22 (vinte e duas) horas; III - 14 (quatorze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 15 (quinze) horas, até 20 (vinte) horas; IV - 12 (doze) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 10 (dez) horas, até 15 (quinze) horas; V - 10 (dez) dias, para a duração do trabalho semanal superior a 5 (cinco) horas, até 10 (dez) horas; VI - 8 (oito) dias, para a duraçãodo trabalho semanal igual ou inferior a 5 (cinco) horas. Art. 4o É facultada a contratação, por prazo determinado, do empregado doméstico: I - mediante contrato de experiência; 24 II - para atender necessidades familiares de natureza transitória e para substituição temporária de empregado doméstico com contrato de trabalho interrompido ou suspenso. Parágrafo único. No caso do inciso II deste artigo, a duração do contrato de trabalho é limitada ao término do evento que motivou a contratação, obedecido o limite máximo de 2 (dois) anos. Art. 5o O contrato de experiência não poderá exceder 90 (noventa) dias. § 1o O contrato de experiência poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, desde que a soma dos 2 (dois) períodos não ultrapasse 90 (noventa) dias. § 2o O contrato de experiência que, havendo continuidade do serviço, não for prorrogado após o decurso de seu prazo previamente estabelecido ou que ultrapassar o período de 90 (noventa) dias passará a vigorar como contrato de trabalho por prazo indeterminado. Art. 6o Durante a vigência dos contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado é obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, metade da remuneração a que teria direito até o termo do contrato. Art. 7o Durante a vigência dos contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o, o empregado não poderá se desligar do contrato sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem. Parágrafo único. A indenização não poderá exceder aquela a que teria direito o empregado em idênticas condições. Art. 8o Durante a vigência dos contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o, não será exigido aviso prévio. Art. 9o A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo empregado ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e, quando for o caso, os contratos previstos nos incisos I e II do art. 4o. Art. 10. É facultado às partes, mediante acordo escrito entre essas, estabelecer horário de trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36 (trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. § 1o A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, e o art. 9o da Lei no 605, de 5 de janeiro de 1949. § 2o (VETADO). Art. 11. Em relação ao empregado responsável por acompanhar o empregador prestando serviços em viagem, serão consideradas apenas as horas efetivamente trabalhadas no período, podendo ser compensadas as horas extraordinárias em outro dia, observado o art. 2o. § 1o O acompanhamento do empregador pelo empregado em viagem será condicionado à prévia existência de acordo escrito entre as partes. 25 § 2o A remuneração-hora do serviço em viagem será, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) superior ao valor do salário-hora normal. § 3o O disposto no § 2o deste artigo poderá ser, mediante acordo, convertido em acréscimo no banco de horas, a ser utilizado a critério do empregado. Art. 12. É obrigatório o registro do horário de trabalho do empregado doméstico por qualquer meio manual, mecânico ou eletrônico, desde que idôneo. Art. 13. É obrigatória a concessão de intervalo para repouso ou alimentação pelo período de, no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se, mediante prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sua redução a 30 (trinta) minutos. § 1o Caso o empregado resida no local de trabalho, o período de intervalo poderá ser desmembrado em 2 (dois) períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1 (uma) hora, até o limite de 4 (quatro) horas ao dia. § 2o Em caso de modificação do intervalo, na forma do § 1o, é obrigatória a sua anotação no registro diário de horário, vedada sua prenotação. Art. 14. Considera-se noturno, para os efeitos desta Lei, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. § 1o A hora de trabalho noturno terá duração de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. § 2o A remuneração do trabalho noturno deve ter acréscimo de, no mínimo, 20% (vinte por cento) sobre o valor da hora diurna. § 3o Em caso de contratação, pelo empregador, de empregado exclusivamente para desempenhar trabalho noturno, o acréscimo será calculado sobre o salário anotado na Carteira de Trabalho e Previdência Social. § 4o Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos. Art. 15. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho deve haver período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. Art. 16. É devido ao empregado doméstico descanso semanal remunerado de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, preferencialmente aos domingos, além de descanso remunerado em feriados. Art. 17. O empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, salvo o disposto no § 3o do art. 3o, com acréscimo de, pelo menos, um terço do salário normal, após cada período de 12 (doze) meses de trabalho prestado à mesma pessoa ou família. § 1o Na cessação do contrato de trabalho, o empregado, desde que não tenha sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, na proporção de um doze avos por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias. § 2o O período de férias poderá, a critério do empregador, ser fracionado em até 2 (dois) períodos, sendo 1 (um) deles de, no mínimo, 14 (quatorze) dias corridos. 26 § 3o É facultado ao empregado doméstico converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. § 4o O abono de férias deverá ser requerido até 30 (trinta) dias antes do término do período aquisitivo. § 5o É lícito ao empregado que reside no local de trabalho nele permanecer durante as férias. § 6o As férias serão concedidas pelo empregador nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. Art. 18. É vedado ao empregador doméstico efetuar descontos no salário do empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia, bem como por despesas com transporte, hospedagem e alimentação em caso de acompanhamento em viagem. § 1o É facultado ao empregador efetuar descontos no salário do empregado em caso de adiantamento salarial e, mediante acordo escrito entre as partes, para a inclusão do empregado em planos de assistência médico-hospitalar e odontológica, de seguro e de previdência privada, não podendo a dedução ultrapassar 20% (vinte por cento) do salário. § 2o Poderão ser descontadas as despesas com moradia de que trata o caput deste artigo quando essa se referir a local diverso da residência em que ocorrer a prestação de serviço, desde que essa possibilidade tenha sido expressamente acordada entre as partes. § 3o As despesas referidas no caput deste artigo não têm natureza salarial nem se incorporam à remuneração para quaisquer efeitos. § 4o O fornecimentode moradia ao empregado doméstico na própria residência ou em morada anexa, de qualquer natureza, não gera ao empregado qualquer direito de posse ou de propriedade sobre a referida moradia. Art. 19. Observadas as peculiaridades do trabalho doméstico, a ele também se aplicam as Leis nº 605, de 5 de janeiro de 1949, no 4.090, de 13 de julho de 1962, no 4.749, de 12 de agosto de 1965, e no 7.418, de 16 de dezembro de 1985, e, subsidiariamente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Parágrafo único. A obrigação prevista no art. 4º da Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, poderá ser substituída, a critério do empregador, pela concessão, mediante recibo, dos valores para a aquisição das passagens necessárias ao custeio das despesas decorrentes do deslocamento residência- trabalho e vice-versa. Art. 20. O empregado doméstico é segurado obrigatório da Previdência Social, sendo-lhe devidas, na forma da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, as prestações nela arroladas, atendido o disposto nesta Lei e observadas as características especiais do trabalho doméstico. Art. 21. É devida a inclusão do empregado doméstico no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), na forma do regulamento a ser editado pelo Conselho Curador e pelo agente operador do FGTS, no âmbito de suas competências, conforme disposto nos arts. 5o e 7o da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, inclusive no que tange aos aspectos técnicos de depósitos, saques, devolução de valores e emissão de extratos, entre outros determinados na forma da lei. 27 Parágrafo único. O empregador doméstico somente passará a ter obrigação de promover a inscrição e de efetuar os recolhimentos referentes a seu empregado após a entrada em vigor do regulamento referido no caput. Art. 22. O empregador doméstico depositará a importância de 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento) sobre a remuneração devida, no mês anterior, a cada empregado, destinada ao pagamento da indenização compensatória da perda do emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador, não se aplicando ao empregado doméstico o disposto nos §§ 1o a 3o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990. § 1o Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, de término do contrato de trabalho por prazo determinado, de aposentadoria e de falecimento do empregado doméstico, os valores previstos no caput serão movimentados pelo empregador. § 2o Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores previstos no caput será movimentada pelo empregado, enquanto a outra metade será movimentada pelo empregador. § 3o Os valores previstos no caput serão depositados na conta vinculada do empregado, em variação distinta daquela em que se encontrarem os valores oriundos dos depósitos de que trata o inciso IV do art. 34 desta Lei, e somente poderão ser movimentados por ocasião da rescisão contratual. § 4o À importância monetária de que trata o caput, aplicam-se as disposições da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, e da Lei no 8.844, de 20 de janeiro de 1994, inclusive quanto a sujeição passiva e equiparações, prazo de recolhimento, administração, fiscalização, lançamento, consulta, cobrança, garantias, processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários federais. Art. 23. Não havendo prazo estipulado no contrato, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindi-lo deverá avisar a outra de sua intenção. § 1o O aviso prévio será concedido na proporção de 30 (trinta) dias ao empregado que conte com até 1 (um) ano de serviço para o mesmo empregador. § 2o Ao aviso prévio previsto neste artigo, devido ao empregado, serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado para o mesmo empregador, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. § 3o A falta de aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período ao seu tempo de serviço. § 4o A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo. § 5o O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio indenizado. Art. 24. O horário normal de trabalho do empregado durante o aviso prévio, quando a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral. 28 Parágrafo único. É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias previstas no caput deste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salário integral, por 7 (sete) dias corridos, na hipótese dos §§ 1o e 2o do art. 23. Art. 25. A empregada doméstica gestante tem direito a licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário, nos termos da Seção V do Capítulo III do Título III da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Parágrafo único. A confirmação do estado de gravidez durante o curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea “b” do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Art. 26. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará jus ao benefício do seguro-desemprego, na forma da Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, no valor de 1 (um) salário- mínimo, por período máximo de 3 (três) meses, de forma contínua ou alternada. § 1o O benefício de que trata o caput será concedido ao empregado nos termos do regulamento do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). § 2o O benefício do seguro-desemprego será cancelado, sem prejuízo das demais sanções cíveis e penais cabíveis: I - pela recusa, por parte do trabalhador desempregado, de outro emprego condizente com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remuneração anterior; II - por comprovação de falsidade na prestação das informações necessárias à habilitação; III - por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício do seguro- desemprego; ou IV - por morte do segurado. Art. 27. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei: I - submissão a maus tratos de idoso, de enfermo, de pessoa com deficiência ou de criança sob cuidado direto ou indireto do empregado; II - prática de ato de improbidade; III - incontinência de conduta ou mau procedimento; IV - condenação criminal do empregado transitada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; V - desídia no desempenho das respectivas funções; VI - embriaguez habitual ou em serviço; VII - (VETADO); VIII - ato de indisciplina ou de insubordinação; 29 IX - abandono de emprego, assim considerada a ausência injustificada ao serviço por, pelo menos, 30 (trinta) dias corridos; X - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas em serviço contra qualquer pessoa, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; XI - ato lesivo à honra ou à boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador doméstico ou sua família, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; XII - prática constante de jogos de azar. Parágrafo único. O contrato de trabalho poderá ser rescindido por culpa do empregador quando: I - o empregador exigir serviços superiores às forças do empregado doméstico, defesos por lei, contrários aos bonscostumes ou alheios ao contrato; II - o empregado doméstico for tratado pelo empregador ou por sua família com rigor excessivo ou de forma degradante; III - o empregado doméstico correr perigo manifesto de mal considerável; IV - o empregador não cumprir as obrigações do contrato; V - o empregador ou sua família praticar, contra o empregado doméstico ou pessoas de sua família, ato lesivo à honra e à boa fama; VI - o empregador ou sua família ofender o empregado doméstico ou sua família fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; VII - o empregador praticar qualquer das formas de violência doméstica ou familiar contra mulheres de que trata o art. 5o da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. Art. 28. Para se habilitar ao benefício do seguro-desemprego, o trabalhador doméstico deverá apresentar ao órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego: I - Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual deverão constar a anotação do contrato de trabalho doméstico e a data de dispensa, de modo a comprovar o vínculo empregatício, como empregado doméstico, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses; II - termo de rescisão do contrato de trabalho; III - declaração de que não está em gozo de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte; e IV - declaração de que não possui renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família. Art. 29. O seguro-desemprego deverá ser requerido de 7 (sete) a 90 (noventa) dias contados da data de dispensa. Art. 30. Novo seguro-desemprego só poderá ser requerido após o cumprimento de novo período aquisitivo, cuja duração será definida pelo Codefat. 30 CAPÍTULO II DO SIMPLES DOMÉSTICO Art. 31. É instituído o regime unificado de pagamento de tributos, de contribuições e dos demais encargos do empregador doméstico (Simples Doméstico), que deverá ser regulamentado no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de entrada em vigor desta Lei. Art. 32. A inscrição do empregador e a entrada única de dados cadastrais e de informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais no âmbito do Simples Doméstico dar-se-ão mediante registro em sistema eletrônico a ser disponibilizado em portal na internet, conforme regulamento. Parágrafo único. A impossibilidade de utilização do sistema eletrônico será objeto de regulamento, a ser editado pelo Ministério da Fazenda e pelo agente operador do FGTS. Art. 33. O Simples Doméstico será disciplinado por ato conjunto dos Ministros de Estado da Fazenda, da Previdência Social e do Trabalho e Emprego que disporá sobre a apuração, o recolhimento e a distribuição dos recursos recolhidos por meio do Simples Doméstico, observadas as disposições do art. 21 desta Lei. § 1o O ato conjunto a que se refere o caput deverá dispor também sobre o sistema eletrônico de registro das obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais e sobre o cálculo e o recolhimento dos tributos e encargos trabalhistas vinculados ao Simples Doméstico. § 2o As informações prestadas no sistema eletrônico de que trata o § 1o: I - têm caráter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e encargos trabalhistas delas resultantes e que não tenham sido recolhidos no prazo consignado para pagamento; e II - deverão ser fornecidas até o vencimento do prazo para pagamento dos tributos e encargos trabalhistas devidos no Simples Doméstico em cada mês, relativamente aos fatos geradores ocorridos no mês anterior. § 3o O sistema eletrônico de que trata o § 1o deste artigo e o sistema de que trata o caput do art. 32 substituirão, na forma regulamentada pelo ato conjunto previsto no caput, a obrigatoriedade de entrega de todas as informações, formulários e declarações a que estão sujeitos os empregadores domésticos, inclusive os relativos ao recolhimento do FGTS. Art. 34. O Simples Doméstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes valores: I - 8% (oito por cento) a 11% (onze por cento) de contribuição previdenciária, a cargo do segurado empregado doméstico, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; II - 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária para a seguridade social, a cargo do empregador doméstico, nos termos do art. 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; III - 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho; IV - 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS; 31 V - 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do art. 22 desta Lei; e VI - imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o inciso I do art. 7o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, se incidente. § 1o As contribuições, os depósitos e o imposto arrolados nos incisos I a VI incidem sobre a remuneração paga ou devida no mês anterior, a cada empregado, incluída na remuneração a gratificação de Natal a que se refere a Lei no 4.090, de 13 de julho de 1962, e a Lei no 4.749, de 12 de agosto de 1965. § 2o A contribuição e o imposto previstos nos incisos I e VI do caput deste artigo serão descontados da remuneração do empregado pelo empregador, que é responsável por seu recolhimento. § 3o O produto da arrecadação das contribuições, dos depósitos e do imposto de que trata o caput será centralizado na Caixa Econômica Federal. § 4o A Caixa Econômica Federal, com base nos elementos identificadores do recolhimento, disponíveis no sistema de que trata o § 1o do art. 33, transferirá para a Conta Única do Tesouro Nacional o valor arrecadado das contribuições e do imposto previstos nos incisos I, II, III e VI do caput. § 5o O recolhimento de que trata o caput será efetuado em instituições financeiras integrantes da rede arrecadadora de receitas federais. § 6o O empregador fornecerá, mensalmente, ao empregado doméstico cópia do documento previsto no caput. § 7o O recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, e a exigência das contribuições, dos depósitos e do imposto, nos valores definidos nos incisos I a VI do caput, somente serão devidos após 120 (cento e vinte) dias da data de publicação desta Lei. Art. 35. O empregador doméstico é obrigado a pagar a remuneração devida ao empregado doméstico e a arrecadar e a recolher a contribuição prevista no inciso I do art. 34, assim como a arrecadar e a recolher as contribuições, os depósitos e o imposto a seu cargo discriminados nos incisos II, III, IV, V e VI do caput do art. 34, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência. § 1o Os valores previstos nos incisos I, II, III e VI do caput do art. 34 não recolhidos até a data de vencimento sujeitar-se-ão à incidência de encargos legais na forma prevista na legislação do imposto sobre a renda. § 2o Os valores previstos nos incisos IV e V, referentes ao FGTS, não recolhidos até a data de vencimento serão corrigidos e terão a incidência da respectiva multa, conforme a Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990. CAPÍTULO III DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA E TRIBUTÁRIA Art. 36. O inciso V do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art.30.......................................................................... 32 V - o empregador doméstico é obrigado a arrecadar e a recolher a contribuição do segurado empregado a seu serviço, assim como a parcela a seu cargo, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência; ....................................................................................”
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