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Trabalho Civil Direitos de Vizinhança

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11 2106-0009 21 2518-1570 
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR UNYAHNA
ADAILTON DOS ANJOS
ALEX GOMES
EDUARDO BARROS
ÍTALO SANTANA
SIMONE PEIXOTO
	
DIREITOS DE VIZINHANÇA
SALVADOR
2016
ADAILTON DOS ANJOS
ALEX GOMES
EDUARDO BARROS
ÍTALO SANTANA
SIMONE PEIXOTO
	
DIREITOS DE VIZINHANÇA
Trabalho apresentado ao Instituto de Educação Superior Unyahna, curso de Direito, como requisito avaliativo da disciplina Direito Civil V. 
Prof. André Batista.
SALVADOR
2016
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo a análise dos direitos de vizinhança disciplinados pelo Código Civil de 2002. Além das restrições ao direito de propriedade que defluem de interesses coletivos, a propriedade também pode ser limitada (ou delineada) visando à proteção de outros interesses privados. Como exemplo dessas limitações, cujo objetivo reside nas proteções de outros interesses privados, podemos mencionar os direitos de vizinhança, cunhados pelo legislador no Capítulo V, do Título III, do Livro III, do vigente Código Civil.
INTRODUÇÃO 
O direito à propriedade é um dos direitos subjetivos previstos em lei mais amplos que existem. Nada obstante dita amplitude, o direito à propriedade não é absoluto, de modo que pode sofrer limitações das mais variadas formas.
Essas limitações existentes ao direito de propriedade pressupõem evitar os abusos do proprietário no exercício dos direitos a que se refere o art. 1228 do Código Civil de 2002 (usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha).
As limitações ao direito de propriedade vêm ganhando força, sobretudo devido ao enfraquecimento de seu caráter individual em virtude dos interesses sociais coletivos que, embora sem suprimir o caráter individual, cada vez mais o apequenam e realçam o seu enfoque social. Constituem obrigações propter rem (que acompanham a coisa). 
Está previsto no art. 1.277 do Código Civil que "o proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha".
Os atos prejudiciais à propriedade podem ser ilegais, quando configurar ato ilícito; abusivos, aqueles que causam incômodo ao vizinho, mas estão nos limites da propriedade (barulho excessivo, por exemplo); lesivos, que causam dano ao vizinho, porém não decorre de uso anormal da propriedade (indústria cuja fuligem polui o ambiente, por exemplo).
Os atos ilegais e abusivos decorrem do uso anormal de propriedade, posto que ultrapassam os limites toleráveis da propriedade. Outro ponto a ser analisado para verificar a normalidade de uso é a zona de conflito, somados aos costumes locais, já que são diferentes num bairro residencial e industrial, por exemplo. Além disso, deve-se considerar a anterioridade da posse, pois a pessoa que comprou o imóvel próximo de estabelecimentos barulhentos não tem razão de reclamar.
Entende-se que os primeiros a se instalarem num certo local determinam a sua destinação, no entanto, esta teoria não é absoluta, ou seja, os proprietários não podem se valer da anterioridade para justificar a moléstia ao vizinho.
BREVE APANHADO HISTÓRICO DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
A evolução histórica dos direitos de vizinhança é paralela à evolução do direito de propriedade, aqui tomada no sentido de perda de seu caráter individual e absoluto. Em outras palavras, se levarmos em conta que os direitos de vizinhança representam limitações ao direito de propriedade, é certo que eles evoluíram juntamente com a paulatina perda de sua feição absoluta.
Para que possamos vislumbrar a evolução histórica dos direitos de vizinhança, é necessário relembrar o conceito de imissio do direito romano e seu conceito formulado por Jhering, a partir de seu alargamento proposto ao longo do século XIX, até a configuração da interferência prejudicial, adotada expressamente pelo art. 1277 do vigente Código Civil.
As relações de vizinhança no direito romano eram tuteladas nas hipóteses em que restava configurada a imissio. Segundo Pietro Bonfante, a imissio representava uma interferência advinda do deslocamento físico de partículas materiais de um imóvel para outro, o que, com o passar do tempo, foi ganhando abstração para abranger também o deslocamento de gases e análogos.
A imissão podia ser direta ou indireta. A imissão direta se caracterizava pela efetivação do incômodo pela introdução do elemento corpóreo. De seu turno, a imissão indireta, para que restasse caracterizada, pressupunha uma conseqüência da imissão corpórea.
Na tentativa de demonstrar a insuficiência da teoria de Jhering, Bonfante apresenta dois exemplos apresentados pelo autor alemão. O primeiro caso diz respeito à instalação da fábrica de açúcar e o segundo, o da escavação. Quanto à fábrica de açúcar, Jhering diz que é lícito ter abelhas, mas não em quantidade anormal. Caso a quantidade de abelhas fosse anormal, isso poderia conduzir ao ajuizamento de ação contra a fábrica pelo vizinho prejudicado pelo excesso de insetos. Bonfante mostra que, nesse caso, não há lesão em sentido jurídico à propriedade do vizinho. No caso da escavação, Jhering afirma que é lícito escavar, mas se esta escavação se der em local muito próximo ao vizinho, haverá uso anormal e, portanto, tutelável. Bonfante, de outro lado, afirma que aqui o problema exige a demonstração do dano iminente ou o desrespeito a normas de recuo, sendo o critério da normalidade perfeitamente afastável.
O novo Código, com as normas do CC 1278-1279, somadas à cláusula geral do uso anormal parece ter se inclinado a admitir a teoria do romanista italiano, a qual parece manter um eixo estável, dotado de certa maleabilidade conjuntural. Parece propor, apesar das críticas, uma conciliação entre a imissão romana e a doutrina da influência de Jhering.
NATUREZA JURÍDICA
É de fundamental importância fazer a distinção entre os direitos de vizinhança e as servidões legais, por que alguns autores consideram que os direitos de vizinhança estão inseridos no de servidão legal.
Diferentemente da servidão legal, o direito de vizinhança “não ser trata de limitações arbitrárias da propriedade, que poderiam deixar de existir, mas de normais limitações desse direito e que habitualmente não faltam”.
As limitações decorrentes da vizinhança (direito de vizinhança) são imanentes à propriedade, são deveres oriundos da propriedade. Portanto, são obrigações propter rem, pois estão vinculadas com a propriedade, e não ao proprietário. Logo, não importa que pessoa esteja na condição de proprietário.
CARACTERIZAÇÃO DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
Os direitos de vizinhança representam limitações ao direito de propriedade. Com efeito, para que uma pessoa se utilize de seu direito de propriedade adequadamente, deve levar em conta que a utilização desse direito pressupõe o respeito ao exercício de propriedade de outrem.
Por outras palavras, “o aproveitamento da propriedade por alguém encontra limites no mesmo aproveitamento de seu vizinho”.
Os direitos de vizinhança, pois, são disciplinados por meio de dispositivos legais cujo objetivo precípuo é a regulamentação da relação social
Os direitos de vizinhança podem ser definidos como restrições impostas por interesse social, com a finalidade de harmonizar os interesses particulares dos proprietários vizinhos, mediante regras limitativas ao direito de propriedade. Formam um conjunto de normas ordenadoras das condutas dos proprietários vizinhos de modo a evitar conflitos que possam eclodir entre eles.
Os direitos de vizinhança não se confundem com o direito real de servidão. A doutrina, de modo geral, aponta as razões segundo as quais não haveria dita confusão.
Em primeiro lugar, ambos podem ser distinguidos pela sua fonte, haja vista que os direitos de vizinhança decorrem de lei, ao passo que o direitoreal de servidão pode decorrer de convenção entre as partes ou pela usucapião.
Além disso, os direitos de vizinhança não necessitam de qualquer registro imobiliário. De seu turno, o direito real de servidão é constituído pelo registro imobiliário (salvo quando decorrer de usucapião).
Outro ponto distintivo diz respeito aos efeitos de um e de outro. Deveras, os direitos de vizinhança representam restrições e direitos recíprocos entre os vizinhos, enquanto o direito real de servidão gera benefícios para o prédio dominante e limitações para o prédio serviente.
DO USO ANORMAL DA PROPRIEDADE
O art. 1277 constitui importante dispositivo legal em matéria de direitos de vizinhança. Segundo a letra do caput desse dispositivo legal, “O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha”.
Diante da literalidade do preceito legal acima exposto, percebe-se que os benefícios decorrentes dos direitos de vizinhança dizem respeito, além do proprietário, também ao possuidor. Com efeito, o possuidor, diante das interferências prejudiciais à segurança, sossego, saúde e outras, provocadas pela utilização de propriedade vizinha, está legitimado a lançar mão das medidas necessárias aptas a fazer cessar ditas interferências.
Bens tutelados no Direito da Vizinhança
Quanto à saúde, visa o comando do art. 1277 do CC/02 resguardar tanto a saúde física quanto a psíquica do vizinho. As hipóteses mencionadas pela doutrina se referem à manutenção de água empoçada no quintal ou de animais em condições inadequadas, com a possibilidade de propagar doenças pelo bairro.
Quanto à segurança, constituirá́ ofensa à segurança pessoal, ou dos bens, a exploração de indústrias de explosivos e inflamáveis, a provocação de fortes trepidações, o armazenamento de mercadorias excessivamente pesadas, enfim, todo e qualquer ato que possa comprometer a estabilidade e a solidez do prédio.
Quanto ao sossego, de seu turno, a ofensa ao sossego pode ocorrer quando houver interferências por agentes diversos que causem impressões sensitivas, como o som, a luz, o cheiro, as sensações térmicas e as sensações térmicas, por exemplo.
Espécies de interferências ou atos prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde capazes de causar conflitos de vizinhança: 
Atos ilegais
Ilegais são os atos ilícitos que obrigam à composição do dano, nos termos do art. 186 do Código Civil, por exemplo, atear fogo no prédio vizinho. Ainda que não existisse o supratranscrito art. 1.277, o prejudicado estaria protegido pela norma do art. 186, combinada com o art. 927, caput, do mesmo diploma, que lhe garantem o direito à indenização.
 Se o vizinho, por exemplo, danifica as plantações de seu confinante, o ato é ilegal e sujeita o agente à obrigação de ressarcir o prejuízo causado.
Atos abusivos
Abusivos são os atos que, embora o causador do incomodo se mantenha nos limites de sua propriedade, mesmo assim veem a prejudicar o vizinho, muitas vezes sob a forma de barulho excessivo.
Consideram-se abusivos não só́ os atos praticados com o propósito deliberado de prejudicar o vizinho, senão também aqueles em que o titular exerce o seu direito de modo irregular, em desacordo com a sua finalidade social. A teoria do abuso do direito é, hoje, acolhida em nosso direito, como se infere do art. 187 do Código Civil, que permite considerar ilícitos os atos praticados no exercício irregular de um direito.
 Atos lesivos
Lesivos são os atos que causam dano ao vizinho, embora o agente não esteja fazendo uso anormal de sua propriedade e a atividade tenha sido até autorizada por alvará́ expedido pelo Poder Público. É o caso, por exemplo, de uma indústria cuja fuligem esteja prejudicando ou poluindo o ambiente, embora normal à atividade. São atos lícitos e regulares, causando, não obstante, dano ao vizinho.
DAS ÁRVORES LIMÍTROFES
A Seção II, do Capítulo V, do Título III, do Livro III do Código Civil de 2002 trata das árvores limítrofes.
Como se sabe, as árvores que fazem fronteira entre prédios podem dar ensejo a muitas discussões e problemas entre vizinhos. Visando minorar ditos problemas, os arts. 1282 a 1284 do Código Civil de 2002 se dedicam a regulamentar alguns aspectos relativos à matéria.
O art. 1282 do CC/02 dispõe que “a árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes”.
O comando estampado no art. 1282 do Código Civil de 2002 é simples e define a propriedade da árvore cujo tronco se encontrar na linha divisória entre prédios confinantes. Desprezam-se outros atributos da árvore como raízes, galhos, etc. O que importa, na hipótese, é a localização do tronco.
O art. 1282 institui uma modalidade de condomínio legal em relação à árvore cujo tronco estiver situado na linha divisória entre prédios confinantes. Aplica-se, portanto, em relação à árvore, as regra dos art. 1314 e subseqüentes do Código Civil de 2002.
A presunção trazida pelo dispositivo em apreço é relativa, podendo ser derrogada, por exemplo, provando-se a origem da árvore, que tenha sido, por exemplo, plantada por um dos proprietários apenas, sendo que, pelo desenvolvimento natural, acabou por atingir o solo de seu confinante. 
Estatui o art. 1283 do Código Civil que “as raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório pelo proprietário do terreno invadido”. Havendo referida invasão, o Código Civil permite o corte dos ramos e raízes das árvores, sendo certo que a invasão poderá ocorrer pelo espaço aéreo, terrestre ou, até mesmo, pelo subsolo. O critério utilizado pela lei para que o proprietário prejudicado proceda ao corte é a linha vertical que divide os terrenos confinantes. O corte poderá ser efetuado pelo vizinho independentemente de qualquer autorização do vizinho confinante.
Todavia, é de se ter presente que conquanto o corte independa de qualquer autorização do vizinho, isso não autoriza que o vizinho prejudicado o promova sem haver qualquer autorização administrativa para tanto. Com efeito, diz Francisco Eduardo Loureiro que “a supressão de parte de uma árvore, especialmente quando ponha em risco a própria sobrevivência desta, está subordinada à prévia autorização administrativa e ao respeito às normas ambientais, não valendo o princípio da autonomia privada”.
Por fim, o art. 1284 prescreve que “Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular”. O comando insculpido no art. 1284 só vale para os frutos caídos. Não tem aplicação se se tratar de frutos pendentes, haja vista que, enquanto permanecerem nesse estado, pertencerão ao dono da árvore, segundo o princípio accessorium sequitur principale.
DA PASSAGEM FORÇADA
O Código Civil de 2002 veio a tratar da passagem forçada em apenas um único dispositivo – art. 1285 – que dispõe o seguinte:
“Art. 1285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
§ 1.º. Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.
§ 2.º. Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3.º. Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra”.
Este direito só será válido se o encravamento for natural e absoluto, portanto, se houver uma saída mesmo que penosa, não pode o proprietário exigir do vizinho outra passagem.
Para que o vizinho tenha direito a se utilizar da passagem forçada, é necessário que estejam presentesos seguintes requisitos, de forma cumulativa: 
a) acesso inexistente às vias públicas; 
b) a falta de acesso deve ter origem natural, isto é, não pode ter sido causada por aquele que pede a passagem forçada; 
c) pagamento de indenização ao vizinho, o que nos leva a concluir que inexiste passagem forçada gratuita.
Se não houver acordo, o juiz determinará a passagem pelo imóvel que mais facilmente prestá-la.
É importante lembrar que não se confunde passagem forçada com servidão de passagem, já que esta constitui direito real sobre coisa alheia e provém geralmente de um contrato.
DA PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES
A Seção IV, do Capítulo V, do Título II, do Livro III do Código Civil de 2002 (arts. 1286 e 1287) disciplina a passagem de cabos e tubulações.
O Código de 1916 não tratava especificamente sobre a passagem de cabos e tubulações como o fez o vigente estatuto civil, dado o crescimento populacional em grandes centros urbanos.
O proprietário deve tolerar a passagem de cabos e tubulações em proveito de seus vizinhos, mediante recebimento de indenização que atenda também a desvalorização da área remanescente, caso seja impossível que a passagem seja feita de outro modo, ou se muito oneroso (art. 1.286 do CC).
Pode o proprietário exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso, bem como depois seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel, como prevê o parágrafo único do art. 1.286 do CC. Assim como é facultado ao mesmo que exija a realização de obras de segurança quando as instalações oferecerem grave risco (art. 1.287 do mesmo diploma legal).
Tubulações constituem a colocação de um ou mais tubos. Condutos são canais, que, no caso, devem ser subterrâneos. Podemos dizer, também, que se constituem de vias subterrâneas hábeis ao escoamento de fluidos. Devem os cabos, as tubulações, outros condutos serem subterrâneos, ou seja, estarem debaixo da terra. A restrição que se impõe ao vizinho não envolve o espaço aéreo ou a superfície do terreno. Ela alcança apenas a utilização do que está embaixo da superfície, o que denominamos subterrâneo”.
Caso o valor de depreciação do prédio onerado seja superior àquele utilizado para a passagem pelas vias normais, descabe a passagem. De outro lado, se o valor de depreciação for menor que o valor que seria despendido para fazer a passagem pelas vias normais (desde que seja excessivamente oneroso), o proprietário do prédio vizinho deverá tolerar a passagem de cabos e tubulações. 
Havendo grave risco devido às instalações da passagem de cabos e tubulações, o art. 1287 permite ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança. Os riscos, para se qualificarem como graves, devem ameaçar de modo efetivo a incolumidade física ou mental das pessoas que ocupam o prédio onerado, de modo a vulnerar a saúde, segurança e sossego, tutelados pelo direito de vizinhança.
O proprietário prejudicado é titular do direito de exigir a execução de tais obras. Parece-nos, contudo, que o direito deve ser acolhido sempre que houver risco, porque, se ele está presente, não é equânime que se exija a quem quer que seja a convivência com ele. Por isso, em que pese a literalidade do texto, falando em risco grave, devemos entender que qualquer risco, que ponha em perigo a vida das pessoas, sua saúde, em todos os níveis, ou a solidez e segurança do prédio onerado, permite seja exigida obra de segurança.
DAS ÁGUAS
Também constitui objeto dos direitos de vizinhança alguns aspectos relativos à disciplina das águas. As águas são disciplinadas, no plano infraconstitucional, pelo Decreto 24.643/34 (Código de Águas). Todavia, em se tratando de direitos de vizinhança, o Código Civil de 2002 veio a instituir regras específicas quanto ao tratamento das águas, na Seção V, do Capítulo V, do Título III, do Livro III, mais precisamente, nos arts. 1288 a 1296, assim como já o fazia o arts. 563 a 568 do Código Civil de 1916.
De acordo com o art. 1.288 do CC "o dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior".
Caso o escoamento seja devido a águas levadas artificialmente ao prédio superior, ou seja dele colhida, poderá o dono do prédio inferior reclamar o seu desvio ou indenização pelos prejuízos que sofrer, nos termos do art. 1289 do Código Civil de 2002, sendo certo que se o prédio inferior se beneficiar dessas águas, o valor desse benefício será subtraído da indenização, a teor do parágrafo único desse mesmo dispositivo legal (art. 1289), vedando, assim, o enriquecimento sem causa. Diferentemente, prevendo apenas a indenização, o art. 92 do Decreto 24.643/34 (Código de Águas) prescreve que “mediante indenização, os donos dos prédios inferiores, de acordo com as normas da servidão legal de escoamento, são obrigados a receber as águas das nascentes artificiais”. Conquanto haja dito contraste entre o Código Civil e o Código de Águas, aplica-se à hipótese o Código Civil por motivos já antes analisados, de sorte que o proprietário do prédio inferior poderá exigir tanto o desvio quanto a indenização.
O direito à retenção das águas naturais vem tratado no art. 1290 do Código Civil de 2002 (correspondente ao art. 565 do Código Civil de 1916), cuja redação é a seguinte: “O proprietário de nascente, ou de solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores”.
O art. 1291 disciplina a poluição das águas indispensáveis às primeiras necessidades de vida dos possuidores dos imóveis inferiores. Segundo a literalidade desse preceito legal, “o possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas”.
O represamento das águas e as consequências advindas da invasão delas ao prédio vizinho encontram-se estampadas no art. 1292 do Código Civil de 2002, segundo referido dispositivo legal, é dado ao proprietário o direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio. O comando estampado em aludido dispositivo legal deve ser aplicado em sintonia com os arts. 1288, 1289 e 1290 já referidos linhas atrás. Com efeito, a construção de barragens, açudes ou outras obras para represamento de água no prédio não deve acarretar prejuízos ao prédio inferior que receberá as águas. Além disso, aquele que fizer as barragens não deverá construí-las a tal ponto de impedir ou desviar o curso natural das águas. Se houver invasão aos prédios vizinhos pelas águas represadas, deverá o proprietário do prédio vizinho ser indenizado, com dedução do valor dos benefícios obtidos, conforme dispõe a parte final do art. 1292. Deveras, caso as barragens se rompam de modo que as águas penetrem no prédio vizinho a ponto de lhe trazer algum gravame, tal fato deverá ser indenizado, independentemente da existência de culpa do proprietário do prédio que fizer construir as barragens ou açudes, por se tratar de responsabilidade objetiva.
Sobre a construção de aquedutos, o Art, 1.293 dispõe que é permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.
A construção do aqueduto através dos prédios vizinhos pressupõe prévia indenização aos proprietários prejudicados. O aqueduto deverá ser construído segundo o princípio da menor onerosidadeao proprietário vizinho e será custeado pelo seu dono. Na hipótese de haver infiltração, interrupção das águas ou deterioração das obras destinadas a canalizá-las, caberá ao proprietário prejudicado exigir indenização para ressarcimento desses eventuais danos.
LIMITES ENTRE PRÉDIOS E DIREITO DE TAPAGEM 
Preceitua o art. 1.297 do CC: "o proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. É interesse do dono de um prédio que se estabeleça os limites extremos de sua propriedade".
O estabelecimento dos limites físicos e das linhas divisórias da propriedade é assegurado pelo Código Civil de 2002 de diferentes modos. Deveras, o art. 1297 permite que ao proprietário cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, sendo que as despesas relativas à dita demarcação serão carreadas proporcionalmente aos interessados.
Interposta tal ação o juiz delimitará as áreas de acordo com a posse justa e, no caso da mesma não ser provada, o terreno será dividido em partes iguais entre os prédios ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro (art. 1.298 do CC).
Entende-se que os tapumes pertencem a ambos os proprietários confinantes que, por isso, devem arcar com as despesas de conservação e construção em partes iguais.
Porém, para "a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas".
DIREITO DE CONSTRUIR
Conquanto o direito de construir esteja inserido em Capítulo do Código Civil que regula os direitos de vizinhança, calha mencionar que ele independe de qualquer relação jurídica vicinal. Em outras palavras, o direito de construir é “elemento constitutivo da situação jurídica de direito das coisas em matéria imobiliária”.
Nada obstante o direito de construir seja amplo, para que seja exercido, a lei impõe o respeito ao direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Hely Lopes Meirelles, com propriedade, observa que “ao direito de construir se opõem limites de ordem privada e de ordem pública. Aqueles são dados pelas restrições de vizinhança expressas em normas civis e convenções particulares; estes são estabelecidos pelas limitações administrativas, consignadas em normas de ordem pública”. Ateremo-nos, visando não fugir do tema proposto neste breve estudo, às restrições de vizinhança constantes do Código Civil de 2002, sem descuidar de que há outras normas relativas ao direito de construir, sobretudo no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01). 
Quanto à classificação das restrições ao direito de construir são elas:
Limitações e responsabilidades
Argúi o art. 1.299 do CC que "o proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos".
Assim, todo o proprietário deve ressarcir o seu vizinho pelos danos causados pela construção, podendo este último valer-se da ação de indenização, na qual provará a ocorrência do dano e o nexo de causalidade com a construção. 
Cabe lembrar que os construtores, arquitetos e empresas que prestam serviços de construção civil respondem solidariamente com os proprietários pelos danos causados pela obra, já que são técnicos habilitados para realizá-la. Se os danos decorrem de imperícia ou negligência do construtor, pode o proprietário que pagar sozinho valer-se de ação regressiva contra àquele.
Devassamento da propriedade vizinha
Prescreve o art. 1.301 do CC "é defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho", com a finalidade de resguardar a intimidade a intimidade das famílias. No entanto, não estão proibidas pequenas aberturas para luz e ventilação.
Pode o proprietário "no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho", conforme previsto no art. 1.302 do CC.
Entretanto, em se tratando de aberturas ou vãos para luz, poderá o vizinho levantar sua edificação ainda que vede a claridade do outro (art. 1.302, parágrafo único do CC).
Já na zona rural não de pode levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho (art. 1.303 do CC).
Águas e beirais
Estabelece o art. 1.300 do Código Civil que "o proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho", portanto, as águas pluviais devem ser despejadas no solo do proprietário e não no do vizinho, já que este só está obrigado a receber as águas que naturalmente correm para seu prédio.
Paredes divisórias
Não se confunde com os muros divisórios, que são elementos de vedação regulamentados junto aos tapumes. As paredes divisórias integram a estrutura do edifício e constituem elemento de vedação e sustentação.
Cabe ao confinante que primeiro construir a possibilidade de "assentar a parede divisória até meia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce" (art. 1.305 do CC).
Uso do prédio vizinho
Dispõe ao art. 1.313 do CC que "o proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para:
I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente".
A única restrição que pode o proprietário fazer é a estipulação de horários, por exemplo. Além disso, o vizinho que causar dano ao penetrar no imóvel tem o dever de repará-lo.
 
CONCLUSÃO
Em síntese e em função de tudo o que nos foi possível desenvolver neste breve ensaio, podemos concluir que o direito à propriedade não é absoluto, de modo que pode sofrer limitações das mais variadas formas.
Além das restrições ao direito de propriedade que defluem de interesses coletivos, a propriedade também pode ser limitada (ou delineada) visando à proteção de outros interesses privados. Como exemplo dessas limitações, cujo objetivo reside na proteção de outros interesses privados, podemos mencionar os direitos de vizinhança.
A evolução histórica dos direitos de vizinhança é paralela à evolução do direito de propriedade. Em outras palavras, se levarmos em conta que os direitos de vizinhança representam limitações ao direito de propriedade, é certo que eles evoluíram juntamente com a paulatina perda de sua feição absoluta. Com efeito, para que uma pessoa se utilize de seu direito de propriedade adequadamente, deve levar em conta que a utilização desse direito pressupõe o respeito ao exercício de propriedade de outrem.
Vale salientar que os direitos de vizinhança não se confundem com o direito real de servidão. Calha mencionar, ademais disso, que as obrigações que defluem dos direitos de vizinhança podem ser qualificadas como obrigações propter rem, haja vista que acompanham a coisa, independentemente de onde ela estiver.
Conquanto seja tema clássico do direito privado, os direitos de vizinhança e suas implicações são de indiscutível importância, diante dos atuais conglomerados urbanos em que a sociedade passou a coexistir e tem por fim regulamentar a relação sociale jurídica existente entre os titulares de direitos reais sobre imóveis, sobretudo diante da proximidade existente entre eles.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo. O Direito de Vizinhança no Novo Código Civil. Disponível em: <http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/anais_onovocodigocivil/anais_especial_2/Anais_Parte_II_revistaemerj_158.pdf>, Acessado em 25 de maio de 2016.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - Direito Das COISAS. Volume V, editora Saraiva, 2° tiragem, 2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Esquematizado, v. 2; coordenador: Pedro Lenza. – 2. Ed. Editora Saraiva. – São Paulo, 2014.
GRANADO, Daniel Willian. Os direitos de vizinhança no Código Civil de 2002. Disponível em <http://www.arrudaalvimadvogados.com.br/visualizar-artigo.php?artigo=8&>. Acessado em 25 de maio de 2016.
JUSBRASIL, Direito de Vizinhança. Disponível em <http://raphaelgfaria.jusbrasil.com.br/artigos/302003403/direitos-de-vizinhanca>. Acessado em 25 de maio de 2016.
Direitos de Vizinhança. Disponível em <http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/55/Direitos-de-vizinhanca>. Acessado em 25 de maio de 2016.

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