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Ética e Psicologia

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As questões da Ética e sua relação com a Psicologia
Aluna – Irene Genecco de Azambuja – PTA
Disciplina – Ética
Textos base para análise e elaboração de resenha : 
O que é Ética, de Álvaro L. M. Valls
A Psicologia a caminho do novo século: identidade profissional e compromisso social – Ana Mercês Bahia Bock
Seguindo as considerações iniciais no texto de Valls, em consonância com estudiosos e pensadores do assunto, Ética é um estudo ou reflexão sobre as ações humanas. Pode ser normativa ou descritiva, quanto aos costumes, e especulativa, principalmente quanto à questão fundamental da liberdade. Ao longo deste processo reflexivo, o autor nos propõe algumas questões, sobre a constatação comum ocorrente nos estudos de Antropologia cultural e outras áreas afins. Por exemplo, os costumes mudam, e também seus respectivos valores, através do tempo (o que foi certo ontem pode não mais ser hoje). As culturas, diversas entre si, com costumes típicos e peculiares que podem ser aceitos numa e não aceitos noutra, também mudam. Existiria, pois, o certo? Existiria um princípio ético supremo e absoluto, interior ou exterior, que nos guiasse ao rumo certo, e que perpassasse e sobrevivesse às transformações da história, ao longo de séculos ou de milhares de anos?
Segundo o autor, observa-se na análise deste assunto que subsiste em toda a cultura e sociedade, no registro de todos os tempos, meio encoberto e paralelo aos princípios e valores explícitos, o modelo de outros valores, opostos à teoria então vigente, mas real. Segundo me parece, quanto a isto, podemos tomar como exemplo, nos nossos dias, o embate entre o ser e o ter, onde de um lado estão os que consolidam valores transcendentes ao individual e ao imediato. Do outro lado encontramos o mesmo embate, onde são escolhidos valores de satisfação egóica e imediata, que caracterizam o consumo desenfreado, a alienação e a exaltação ao supérfluo, etc na conhecida expressão “inversão de valores”. Esta convivência de valores opostos pode ser entendida na proposição de Yves de La Taille, quando nos diz que “para compreendermos os comportamentos morais dos indivíduos precisamos conhecer a perspectiva ética que eles adotam”. Vemos assim que ainda coexistem valores que se opõem e até se excluem, e talvez nos momentos mais críticos de transição, como vivemos atualmente, esta oposição se torne mais acirrada e visível. Penso que o conhecimento e a prática de valores, diversos entre si, despertam e sustentam a substância própria do ser na sua caminhada de busca de superação e auto realização. Os conflitos de interesses fazem parte da diversidade cultural, pois o tempo e o espaço, as condições e circunstâncias nunca são as mesmas para todos. Nesta questão, Valls aponta Max Weber – os valores éticos nem sempre são simples, claros, e acessíveis a todos.[1: Psicologia: Teoria e Pesquisa. 2010, Vol. 26 n. especial, pp. 105-114]
Conforme o autor, a reflexão ética sobre princípios universais, advindos de filósofos e grandes pensadores, representa um ideal muitas vezes distante da práxis. Porém, ainda assim, pensando nestes princípios universais (não absolutizados), vejo-os como pilares de uma ponte entre teoria e prática, considerando fator de alta complexidade as diversidades e variação de costumes concomitantes entre as culturas. Entendo, quanto a esta constatação do autor no texto, que os princípios morais antagônicos coexistentes numa sociedade (sem julgamentos a priori), são o cerne do objeto da Ética, uma vez que esta não se ocupa de normas nem julgamentos, mas na busca de sentido do comportamento moral mesmo, nas relações entre os indivíduos. Uma questão interessante de se observar é que o antagonismo de valores se dá somente quanto à práxis, durante o processo complexo de busca entre diferentes indivíduos e culturas, e não quanto ao objetivo desejado, comum a todos os indivíduos e sociedades – auto realização, satisfação de necessidades básicas e ou transcendentais, sociais, culturais, espirituais, de realização pessoal, de reconhecimento, de sentimento de pertença, etc. 
Valls cita Kant, em seu imperativo categórico, com referência à igualdade entre os homens, condição fundamental para o desenvolvimento de uma ética universal, cujo significado seria resumidamente “o limite da minha liberdade vai até onde começa a liberdade do outro”. Seguindo a linha do autor em seu texto, esta máxima poderia ser válida ou não para uma boa convivência em qualquer tempo, pois é discutível como valor absoluto. Nada é permanente ou eterno na caminhada da história, onde tempo e circunstâncias vão ditando as transformações e conquistas humanas. Numa reflexão ética, o método ‘ético’ me parece ser deixar sempre aberto o espaço para novas interrogações aos princípios advindos desta reflexão, onde o meio decide o que fazer, conforme possibilidades e livre arbítrio. Penso também que é neste ponto nevrálgico, na confluência quase sempre conflituosa de valores, que se insere o papel da Psicologia, com seu objeto específico voltado a subjetividades do indivíduo e suas relações em meio do convívio social. 
Quanto a isto, Ana Bock faz inicialmente uma crítica referente às políticas sociais caraterizadas em nosso país pelos ditames do Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, administradores e controladores de financiamentos a países em desenvolvimento, dando-se eles mesmos o poder de interferências nas políticas domésticas, incentivando a baixa de investimentos em setores não lucrativos. Perceber, pois, e transcender as limitações político sociais do psicólogo é condição essencial para uma prática comprometida com a transformação social. Intervir na pessoa como sujeito construtor da cidadania e de sua própria identidade. 
Isto seria, conforme a autora, compromisso social do psicólogo, na construção de uma nova identidade profissional, quanto à percepção do sofrimento psíquico como decorrente de um processo nem sempre justo de interação entre sujeito e meio, e não como uma doença ‘natural’, individual. Quanto à reflexão ética, seria como tirar a ‘culpa’ do indivíduo de suas costas, pelo seu ‘fracasso’. É preciso acabar com a visão do sofrimento psíquico como independente da interação social e suas condições objetivas. Segundo Bock, a visão focada no desenvolvimento isola o sujeito em si mesmo e ignora ou camufla o processo de construção na relação entre sujeito, sociedade e cultura. O psicólogo, pois, precisa pensar sua ação numa percepção mais ampla, promovendo a saúde em nível de comunidade, onde o sujeito é compreendido como capaz de superar-se pelo conhecimento e compreensão da realidade que o cerca, intervindo, atuando e transformando-a. É preciso, diz-nos Bock, adequar as teorias e técnicas aprendidas na formação do psicólogo, à demanda social e à realidade, e fazer uma conexão da constituição do ser humano com as condições de vida que a determinam.
Entendo que o espaço de divergências entre um princípio moral e sua prática, entre a reflexão e a ação, presente em todos os tempos, aparece como fruto das próprias diferenças individuais, culturais e sociais que caracterizam e impulsionam o ato de ser (verbo) humano. Realizar, ou seja, dar corpo concreto ao pensamento, requer um espaço de tempo e um espaço físico para acontecer. É como uma gestação. O tempo decorrido na realização da teoria (práxis) cria um espaço virtual entre teoria e prática, um distanciamento. Mas é neste espaço que se cria a oportunidade do embate, da reflexão e onde muitas vezes a história dá uma guinada. É quando o eixo de buscas encontra equilíbrio para diferentes desejos, ideologias, necessidades reais ou sugeridas, impostas ou não pelo sistema, não importa. Diferentes intenções e propostas, e suas complexas conexões, constituem-se no processo de construção da própria identidade e na identidade de um povo ou cultura. É a busca permanente de superação dos desafios pessoais perante o mundo que unifica todas estas diferenças, e configura a inquietação como lema da práticaética e moral do psicólogo, desafio dos nossos dias. (BOCK-1999).
Referências bibliográficas
BOCK, B Ana Mercês - A Psicologia a caminho do novo século: identidade profissional e compromisso social. Estudos de Psicologia 1999, pp. 315-329. PUC: São Paulo.
VALLS, L. M. Álvaro – O que é Ética. Coleção Primeiros Passos – Nº 177. Ano: 1994. Editora: Brasiliense. Brasília.

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