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GLÚTEN E FIBROMIALGIA. EXISTE RELAÇÃO? A doença celíaca (DC) se configura por ser uma enfermidade autoimune, caracterizada pela intolerância permanente induzida pelo glúten, expressa-se pela ação de linfócitos T sobre as frações proteicas do glúten, a gliadina e glutenina, em indivíduos geneticamente predispostos. Por sua vez, a hipersensibilidade corresponde à ativação do sistema imune inato pelo glúten, com alterações morfológicas, funcionais e imunológicas, na ausência de alterações significativas na histologia da mucosa intestinal que definem a doença celíaca, além da ausência dos anticorpos IgA-endomísio (EMA) e transglutaminase (anti-tTG). Verificou-se que DC e a sensibilidade ao glúten têm alta prevalência em pacientes com fibromialgia, uma síndrome de dor crônica, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, em 1992, sob a identificação M 79.7 na classificação internacional das doenças. Entre os sintomas, destacam-se as dores musculoesqueléticas acompanhadas, frequentemente, de transtornos do sono e fadiga, além de sintomas somáticos, incluindo manifestações gastrointestinais de natureza inespecífica. Os sintomas gastrintestinais da DC e hipersensibilidade ao glúten podem ser atípicos na fibromialgia, em que a maioria dos pacientes, também, apresenta grau elevado de associação com a síndrome do intestino irritável, que pode ser o principal elo da CD e fibromialgia. Em pacientes com fibromialgia e doença celíaca ou hipersensibilidade ao glúten, o tratamento dietético livre de glúten tem apresentado melhoras nos sintomas, incluindo as dores musculares e a fadiga. Todavia o tratamento deve ser avaliado individualmente, pois nem todos os pacientes podem se beneficiar igualmente da abordagem dietética. É importante ressaltar que, se confirmado o diagnóstico de DC ou hipersensibilidade ao glúten, é essencial a adesão ao tratamento, uma vez que a restrição alimentar do glúten tende a normalizar as manifestações clínicas. Ademais, ocorre melhora substancial das condições nutricionais do paciente. Em suma, apesar dos achados, são necessários mais estudos que elucidem com maior clareza a relação entre as desordens causadas pelo glúten na fibromialgia, com isso, objetivando melhora na qualidade de vida dos pacientes e dos seus familiares. Além disso, ressalta-se a importância do acompanhamento multidisciplinar em saúde, em que o diagnóstico precoce beneficia de modo satisfatório a minimização dos riscos associados. REFERÊNCIAS: BESSET, V. L. et al. Um nome para a dor: fibromialgia. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza, v. 10, n. 4, p. 1245-1269, 2010. CARUSO, R. et al. Appropriate nutrient supplementation in celiac disease. Ann Med., Helsinki, v. 45, n. 8, p. 522-531, p. 457-463, 2014. GARCÍA-LEIVA, J. M. et al. Celiac symptoms in patients with fibromyalgia: a cross-sectional study. Rheumatol Int., Berlim, v. 35, n. 3, p. 561-567, 2015. HELFENSTEIN JUNIOR, M.; GOLDENFUM, M. A.; SIENA, C. A. V. Fibromialgia: aspectos clínicos e ocupacionais. Rev Assoc Med Bras., São Paulo, v. 58, n. 3, p. 358-365, 2012. ISASI, C. et al. Fibromyalgia and non-celiac gluten sensitivity: a description with remission of fibromyalgia. Rheumatol Int., Berlin, v. 34, n. 11, p. 1607-1612, 2014. NISIHARA, R. et al. Celiac disease and fibromyalgia: Is there an association? Rev Esp Enferm Dig., Madrid, v. 108, n. 2, p. 107-108, 2016. TOVOLI, F. et al. Fibromyalgia and coeliac disease: a media hype or an emerging clinical problem? Clin Exp Rheumatol., Pisa, v. 6, suppl. 79, p. 50- 52, 2013.
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