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Doença celíaca · Espru não tropical > doença autoimune de caráter permanente. · Doença crônica sistêmica, envolvendo o intestino delgado, imunomediada, que é precipitada pela dieta com glúten (trigo, cevada, centeio) em indivíduos geneticamente predispostos. · Glúten é uma mistura de proteínas presentes nas reservas nutritivas das sementes dos cereais > um de seus principais constituintes é a Gliadina. Epidemiologia · A doença celíaca afeta cerca de 0,6 a 1% da população mundial com grande variabilidade regional (prevalência na Alemanha de 0,3 % e na Finlândia de 2,4%). · Acomete preferencialmente indivíduos brancos, de origem caucasiana. · Somente 10% recebe o diagnóstico devido a ocorrência da doença sem sintomatologia. · A frequência da doença tem aumentado em países em desenvolvimento e orientais devido a “ocidentalização” da alimentação, alterações na produção e preparação do trigo, aumento da suspeita diagnóstica ou a combinação destes fatores. Patologia · Doença celíaca envolve a mucosa do intestino delgado e magnitude da lesão varia muito. · A celularidade da lâmina própria está alterada com predomínio de mastócitos e linfócitos (linfócitos intraepiteliais). · Paciente celíaco tem achatamento de vilosidades, por isso, tem menos lactase e tem menos capacidade de digerir o leite, no momento. Após isso, quando tira o glúten, a lactase volta a funcionar e NÃO é intolerante a lactose, apenas sintomaticamente no início; Classificação de MARSH: · Saber Marsh-Oberhuber!!! Marsh 0 não é celíaco; 1 e 2 se suspeita e 3 é celíaco; Patogênese · Digestão do glúten libera a Gliadina, que se liga à Transglutaminase tecidual, presentes na mucosa do intestino delgado, formando um complexo que pode ser identificado como antígeno por células apresentadoras que possuem os alelos do HLA-DQ2 e HLA-DQ8. · Quando isso ocorre, pode haver uma resposta imune adaptativa contra aquele antígeno, ocasionando a destruição da mucosa intestinal com um extenso infiltrado linfocítico e com produção de autoanticorpos contra o glúten, gliadina e transglutaminase. · Doença celíaca é uma doença imune, que tem como “gatilho” um fator ambiental(gluten) e é geneticamente determinada. · Fator ambiental – glúten · Doença Celiaca é o modelo de doença autoimune desencadeada por fator ambiental. · As proteinas no trigo existem em um número de formas que podem ser categorizadas em 4 grupos: · Prolaminas, Gluteninas, Globulinas e Albuminas. · O termo “gluten” engloba ambos prolaminas e glutetininas. Exposição ao glúten · Duas populações geneticamente semelhantes – Suécia e Dinamarca – mas a incidência em crianças suecas é de 5-10 vezes maior que em crianças dinamarquesas. · Estudos demonstraram uma maior concentração de gliadina nas fórmulas de suplementação na Suécia comparados com a Dinamarca sugerindo que uma maior exposição a um complexo imune imaturo seria um cofator no desenvolvimento da doença celíaca. · Outro fator seria o momento da primeira exposição ao glúten. · Maior a chance quanto mais precoce dentro de 3 meses de vida comparado a exposição após o sexto mês de vida. Fatores genéticos · É nítida a importância na patogênese. Maior incidência de DC dentro da mesma família, parentes de primeiro grau e em gêmeos alcançando taxas de 70%. · HLA(antígeno leucocitário humano) DQ2 está presente em quase 90% dos casos de DC comparado a 30% da população controle. Restantes 8-10% vão apresentar HLA-DQ8. · A presença do HLA DQ2 ou DQ8 não indica TER DOENÇA CELÍACA. Fator imune · Ingesta de glúten (prolaminas tóxicas) ocorrendo a passagem destas através da barreira mucosa. · Ocorre a ligação da enzima transglutaminase tecidual humana ao peptídeo do glúten. · Deaminação do peptídeo do glúten pela enzima transglutaminase tecidual humana. · Surge a célula apresentadora do antígeno contendo HLA DQ2 DQ8. · Ativação de células T – gluten específicas e infiltração linfocitária. Teste para doença celíaca: · Teste genético. · HLA DQ2 (95%) e HLA DQ8 (5%). · 30% da população normal tem HLA+ e não tem doença celíaca · Se for HLA DQ2 e HLA DQ8 - não tem doença celíaca Caroline Zanella ATM 2022/a 2 Manifestações clínicas: · Quanto maior for a extensão do acometimento intestinal, maior a probabilidade de o paciente desenvolver uma síndrome de má absorção intestinal completa, desenvolvendo distensão abdominal, diarreia crônica com esteatorreia, déficit ponderal,..... · Diarreia. · Perda de peso. · Mudanças clínicas de mal absorção. · Dor abdominal. · Anemia. · Dermatite herpetiforme. · Neuropatia periférica. · Deficiência de ácido fólico. · Redução de densidade óssea. · Infertilidade não explicada. · Deficiência de ferro. · Artrite. · Osteopenia. Manifestações no adulto · Perda de peso. · Diarreia crônica. · Anemia. · Distensão abdominal. · Cansaço e indisposição. · Pacientes apresentam diarreia, esteatorréia, distenção abdominal, flatulência e por vezes perda de peso. · Diarreia noturna, diarreia cedo pela manhã e diarreia pós-prandial são comuns . · Entretanto, diarreia deixou de ser uma das manifestações obrigatória e o paciente pode referir constipação. · Cerca de 21% dos pacientes podem apresentar sobrepeso e um estudo registrou 12 % dos pacientes com obesidade. · Fadiga é relatado com frequência mesmo na ausência de anemia. · Sintomas abdominais vagos podem predominar e levar a confusão com SII . · Aftas de cavidade oral recorrentes podem acontecer. Manifestações na criança · Deficiência de desenvolvimento, perda de peso e baixa estatura · Vômitos. · Diarreia. · Dor abdominal e recorrente · Intestino irritável · Hipoproteinemia · Irritabilidade e infelicidade Manifestações extraintestinais · Anemia – manifestação comum tanto em adultos quanto em crianças principalmente devido a má absorção de ferro ou folato. · Deficiência de B12 ocorre quando há envolvimento do íleo terminal. · Hipoesplenismo, trombocitose e deformidade nos eritrócitos ocorre em quase 50 % dos pacientes. · Osteopenia é uma complicação comum e sua prevalência aumenta conforme a idade do diagnóstico. · > 70% dos pacientes com DC não tratada tem osteopenia. · Osteopenia ocorre devido a diminuição na absorção do cálcio, deficiência de vitamin D, assim como pela perda óssea induzida por mediadores inflamatórios. · Problemas ginecológicos e obstétricos são comuns nas mulheres com doença celíaca. · Amenorréia ocorre em 30% das pacientes e menarca é frequentemente retardada em mais de 1 ano. · Mulheres podem apresentar infertilidade assim como maior número de aborto espontâneo. Exame físico. · · Os achados vão desde um exame físico normal até um paciente com severo comprometimento nutricional. · Retardo no crescimento, perda de massa muscular · Unhas quebradiças, queda de cabelo · Alteração na pigmentação cutânea. · Edema de membros inferiores. · Estomatite, aftas de repetição, língua geográfica. · Em casos severos, distenção abdominal, por vezes ascite · Hepatomegalia em casos graves. Diagnóstico: Devemos sempre pedir dosagem de IgA... · Todo paciente sob suspeita de doença celíaca deve realizar a pesquisa do autoanticorpo. · O teste de escolha é o IgA antitransglutaminase tecidual. · Se o anticorpo está negativo, sem sintomas, está curado? NÃO, porque é uma doença autoimune/genética e assim que ingerir o glúten novamente, a sintomatologia volta. · Negativar o anticorpo não quer dizer que está curado → não é uma alergia; · 40% da população tem gente HLA DQ2 e DQ8 positivos e não tem doença celíaca, porque tem que ter o anticorpo positivo também; · Se o gene HLA DQ2 ou DQ8 vier negativo, não tem a doença → alto valor preditivo negativo; · Se o anticorpo antitransglutaminase vier positivo, tem a doença → alto valor preditivo positivo; · E quando sorologia negativa para doença celíaca mas a biópsia demonstra atrofia... · Nem toda atrofia na biópsia é doença celíaca, por isso, pode ter atrofia e dosagens negativas → tem outras causas · Pode existir pacientes com Doença celíaca mas com anticorpos negativos... · Deficiência de IgA. · Muito cedo ou muito tardena evolução da doença. · Uso de imunossupressores. Doenças associadas com doença celíaca · · Dermatite Herpetiforme. · Diabete Mellitus tipo 1. · Epilepsia. · Hipo ou Hipetireoidismo. · Deficiência de IgA. · Pericardite recorrente. · Artrite Reumatóide. · Osteoporose. · Doença Hepática autoimune. · Síndrome de Sjoegren. · Vasculite sistêmica. · Sarcoidose. · Polimiosite. · Esquizofrenia. Dermatite herpetiforme · É considerada uma forma de doença celíaca da pele, podendo aparecer em pacientes com ou sem queixas gastrointestinais associadas. · DH é uma doença caracterizada por lesões papulovesiculatres que podem se localizar nas extremidades, quadril, tronco e pescoço. · O rash é intensamente prurítico e ao arranhar as vesículas, há alívio do prurido. · DH raramente é diagnosticada na infância e usualmente manifesta-se na idade adulta. · Ao contrário da DC, DH é mais prevalente em homens (3 : 2). · Dermatite herpetiforme e doença celíacasão 2 doenças relacionadas ao glúten. Muitos ou mesmo todos os pacientes com DH tem doença celíaca, enquanto menos de 10% dos pacientes com doença celíaca tem dermatite herpeptiforme. RESUMO: · Doença Celiaca afeta 1% da população · 75% dos casos não são diagnosticados e em média levam 13 anos para ser feito o diagnóstico · Aderir aos protocolos de biópsias · 12,4% dos pacientes com DC realizaram uma biópsia nos últimos 5 anos · > 70% dos médicos subestimam o benefício de uma dieta sem gluten em pacientes com doença celíaca. Qual a diferença? · Intolerância ao glúten (maior prevalência), depois doença celíaca, depois alergia ao glúten Quatro razões para não-celíacos NÃO realizarem dieta sem glúten: · Aumento de doença cardiovascular · Deficiência nutricional (folato, vitamina B12, vitamina D, cálcio, ferro, zinco, magnésio) · Obesidade e diabetes · Alto custo · Screening: faz investigação em pacientes assintomáticos; · Case finding: faz investigação em pacientes com queixas; · Se o bebê tem doença celíaca, a mãe tem que parar de ingerir glúten; e tem que cuidar a maquiagem e cosméticos que usa, porque pode aumentar o anticorpo nos bebês e piorar sintomatologia → em casos de amamentação; · Quanto tem paciente que já está em dieta sem glúten, se faz teste desafio ingerindo muito glúten e depois dosa anticorpo, caso o paciente não queria voltar a comer, se dosa o gene (porque não muda com a alimentação) · 30-40% dos casos de doença celíaca fizeram uma endoscopia nos últimos 5 anos e não foi diagnosticado porque não fez biópsia · Alergia ao glúten tem que ter IgE; · Intolerância ao glúten é quando melhora a sintomatologia ao glúten, mas não tem atrofia nem anticorpo positivo;
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