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Inflamação crônica

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Daniele Longo 
 INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
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Lembrando que a inflamação aguda, as principais características são edema, que é chamado de 
exsudato, porque tem proteínas, mediadores bioquímicos inflamatórios, que vão compor esse liquido. 
Também tem células ainda viáveis. Vamos ver polimorfonucleares do tipo neutrófilo ou eosinófilo. 
Prioritariamente são os polimorfonucleares. Na maior frequência vemos muito neutrófilos pois ele mata 
por fagocitose e degranulacao. Nós vamos ter o edema inflamatório, que é o liquido inflamatório, 
composto por proteínas, células e tem baixa densidade, tem agua de concentração variada. Por exemplo, 
no exsudato da corisa tem muito mais agua do que um pus. É um exsudato chamado seroso. O catarro 
de uma infecção também é um exsudato, só que ele é mais denso, pois ele é rico em mucina, que é uma 
proteína produzida pelas células caliciformes que estão no nosso trato respiratório e intestinal. Então, 
quando se tem uma agressão nessas duas áreas, as células caliciformes também produz muco, 
literalmente mucina, e se é respiratório forma o catarro, se for intestinal forma o muco. É mais denso, 
menos agua. Tem o exsudato purulento, que é basicamente uma resposta bacteriana, rico em neutrófilos, 
que faz o pus. Quando a inflamação é muito intensa, uma pericardite, uma inflamação forte em alças 
intestinais, no pulmão um exsudato rico em fibrina, estimula a produção de rede de fibrina pra fazer a 
contenção do tecido. Esse exsudato é chamado de exsudato fibrinoso, que é o mais denso, que tem 
menos agua. Então, o processo inflamatório agudo forma o edema inflamatório, é um líquido acumulado 
no tecido que recebe o nome de exsudato. Todos os outros é transudato. Pode ser por pressão 
aumentada na parede do vaso, pode ser por redução da pressão oncótica ou coloidosmotica, etc. É 
transudato pois é basicamente agua. A agua varia de concentração dependendo do modelo do processo 
inflamatório. Outra característica é o infiltrado leucocitário. No local onde vai estar ocorrendo a inflamação 
nós vamos ver várias células do sistema imune. Lembrando que elas estão na grande maioria no sangue. 
Elas chegaram no tecido por diapedese, pois o endotélio liberou receptores de adesão, houve contração 
das células endoteliais e vasodilatação. E pra ajudar a aumentar a população de células na área, a 
circulação sanguínea tem que aumentar, tem que fazer um fluxo sanguíneo aumentado, pra aumentara a 
concentração de células na área, faz vasodilatação, faz aumento de permeabilidade vascular, que é a 
contração dessas células endoteliais, o endotélio expõe esses receptores de superfície de adesão, então 
as células aderem e migram, lembrar da P-selectina, ICAM, PECAM, etc. Então, no processo inflamatório 
agudo acontece vasodilatação, aumento de permeabilidade vascular, aumento de circulação sanguínea, 
que é igual a hiperemia ativa patológica. Hiperemia é aumento de sangue; ativa é porque está chegando 
principalmente sangue arterial; e patológica porque aumentou a circulação sanguínea naquela área 
devido a identificação de um agente agressor. Vamos ver também nas laminas, além de um infiltrado 
leucocitário, predominantemente polimorfonucleares, vamos ver hiperemia, áreas bem avermelhadas. 
Vamos ver área vascular bem avermelhada. As células inflamatórias saem do sangue para o tecido com 
qual objetivo? Macrófago está saindo pra fagocitar e o neutrófilo pra matar. Morte celular. A arquitetura do 
tecido vai estar com forma de origem ou vai estar desorganizado? Desorganizado. Nós vamos ver nas 
laminas de processo inflamatório agudo que a arquitetura do tecido foi destruída, infiltrado leucocitário, 
hiperemia, etc. Quando uma célula do tecido morre, a gente diz que está acontecendo, em termos 
patológicos, necrose. Qual o marcador de necrose? A gente olha para o núcleo. Além de olhar hiperemia, 
infiltrado leucocitário, a arquitetura do tecido, nós vamos olhar pro núcleo da célula de origem. Nós vamos 
ver que o núcleo está menor, picnotico. Quando uma célula está em necrose ela tem uma sequência de 
passos, o primeiro o núcleo reduz de volume. Núcleo picnotico pela desordem do processo inflamatório 
na área, desordem do citoplasma da célula, se está tendo ataque de polimorfonucleares naquela área, 
está tendo ataque enzimático, está tendo aumento de produção de radicais livres, de espécies reativas 
de oxigênio, etc, tudo isso gera desordem. No citoplasma se enche de agua geralmente, as vesículas 
internas se rompem, tudo isso contido pela membrana. Ou seja, o citoplasma começa a fazer pressão no 
núcleo, por isso a gente observa uma célula normal com núcleo de origem dela, e vai ver a célula do 
tecido dela com núcleo apertado, chamado de núcleo picnotico, que é um marcador de necrose. 
Lembrando que dentro do núcleo tem DNA e muita enzima, que são as endonucleases. Quando o núcleo 
está apertado, essas endonucleases passam a ter acesso a esse DNA, e essa enzima pode ser 
comparada a uma tesoura. Outro marcador de necrose é o núcleo da célula fragmentado, que é a 
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cariorrexe. Uma enzima enquanto tiver substrato vai continuar quebrando, e o terceiro marcador de 
necrose a gente vê uma célula sem núcleo, mostrando que está acontecendo necrose. A única célula 
sem núcleo é a hemácia. Observar num corte histológico uma célula sem núcleo é certeza de necrose. 
Então, na inflamação aguda a gente vê infiltrado leucocitário, hiperemia, vamos ver necrose, edema, etc. 
→ Definição: Soma de reações do organismo como persistência do agente agressor que não foi 
eliminado pelos mecanismos de uma inflamação aguda. Então, o primeiro ponto para que ocorra uma 
inflamação crônica é porque ainda tem agente agressor na área, é a persistência do agente agressor. 
Principais características: aumento na proporção de linfócitos e macrófagos, são mononucleares. 
Proliferação de vasos sanguíneos, acontecendo depois de uma aguda. A aguda tem destruição do tecido, 
vai destruir tecidos e vasos também, e ai por isso a gente vai ter uma angiogenese, proliferação de novos 
vasos sanguíneos, porque todo o tecido precisa ser oxigenado, nutrido, e isso chega a partir de estrutura 
vascular. Se ela foi destruída na aguda, ela tem que ser refeita na crônica. Então, a gente vê proliferação 
de vasos sanguíneos que a gente chama de neoangiogenese ou simplesmente angiogenese e 
fibroblastos. Fibroblasto é uma célula de tecido conjuntivo que produz colágeno. Nós vamos ter um 
aumento de deposito de colágeno num processo crônico. Então, na inflamação crônica as principais 
características são células mononucleares, proliferação de vasos sanguíneos, proliferação de deposito de 
colágeno. O colágeno é uma proteína que compõe o nosso corpo, não sendo imunogênico. Ele não gera 
atividade de resposta imune. Por isso é produzido, porque ainda tem agente agressor mas não deu certo 
a inflamação aguda, não conseguiu eliminar, e o colágeno agora vai ajudar a isolar esse agente agressor. 
Nós vamos ter estruturas de isolamento em um processo crônico rico em colágeno. O agente agressor 
vai ficar lá dentro, pra que o colágeno como não estimula sistema imune pode ficar ali por meses, anos 
ate. Os linfócitos e os macrófagos que vão ficar colados ao agente agressor tentando, 
independentemente do tempo, corroer e digerir aquilo que não foi eliminado numa inflamação aguda. 
Então, uma inflamação crônica só acontece se o agente agressor permanecer na área. Segundo, muda o 
tipo celular. Vai de polimorfo pra mononuclear, principalmente linfócitos e macrófagos. E lembra que os 
linfócitos temos o linfócito B que pra secretar anticorpo vira plasmocito. Novos vasos sanguíneos pra 
recompor o tecido que foi destruído, e muito colágeno produzido pelo fibroblastopara isolar esse agente 
agressor e poder destruir ele a longo prazo. Não apresenta os sinais cardinais da inflamação. PROVA – 
TABELA!!! 
 
Os macrófagos produzem fatores de crescimento, que são famílias, PDGF (fator de crescimento 
derivado de plaquetas), FGF (fator de crescimento de fibroblastos), para a produção de colágeno, e as 
plaquetas estimulam a produção de novos vasos sanguíneos, e tem também o TGFbeta (fator de 
crescimento transformador do tipo beta) que é um inibidor mitótico. Ou seja, se já produziu uma 
quantidade suficiente de células do tecido, ele estabelece a parada de mitose. Os macrófagos e linfócitos 
também produzem citocinas, a IL-1 e a TNF que estão vindo do processo agudo, mas vão fazer a troca 
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por IL-4 e IL-13 que estimula a produção de colágeno. Eles fazem também um decréscimo da atividade 
de proteinases que leva o decréscimo na quebra de colágeno, estimulando a fibrose. 
→ Motivos em que persistem na área inflamada: Por que um agente agressor não é eliminado? Quais 
são os tipos de agentes agressores que vão estimular processo crônico? Se ele for do tipo inerte, ele 
pode ser digerido, mas dificilmente, como por exemplo espinho, material vegetal inalado (celulose é difícil 
de ser quebrado), graveto, fio de sutura, pó de pedra, carvão, amianto, etc. Se for inerte, vai ter entrada 
no organismo, ele vai permanecer e estimular uma inflamação crônica, pois é difícil de ser digerido. Outro 
grupo que pode estimular inflamação crônica são os agentes agressores insolúveis. Entrou no organismo 
e não vai sair jamais, como por exemplo a sílica (pessoas que trabalham em marmoraria, pedreiras), vai 
causar fibrose provocada pelo processo de inflamação crônica; deposito de uratos, bala de revolver, entre 
outros. Outro mecanismo que vai estimular processo crônico é a dificuldade anatômica como por exemplo 
um tumor cerebral, um cisto ovariano, um abscesso cerebral, não conseguem ser drenado pois está 
numa área anatômica difícil. Nós temos os astrocitos que vão envolver formando os chamados 
pseudocistos, que geram processos crônicos. Enquanto tiver o agente agressor, vai permanecer a 
inflamação crônica. A esquistossomose cerebral, pois a casca do ovo é difícil de ser eliminada; a 
esquistossomose hepática, quando esses ovos param no fígado do hospedeiro; abscessos ovarianos, 
também são exemplos. Então, áreas de difícil acesso também podem estimular um processo crônico. Os 
que são biológicos complexos, intracelulares, como os protozoários. A toxoplasmose, pois o toxoplasma 
é difícil de ser eliminado, pois ele fica dentro das células. A leishmaniose pois vive dentro dos 
macrófagos. O trypanossoma cruzi que consegue sobreviver dentro dos miocitos cardíaco; e o plasmódio 
que é o protozoário da malária que consegue viver dentro das hemácias, por isso que ele tem que passar 
por várias fases, pois hemácia é uma célula diferenciada. São biológicos ou complexos porque vivem 
dentro de uma célula ou são biológicos complexos onde a estrutura deles é muito difícil de ser eliminada. 
Outras informações importantes sobre a inflamação crônica: na maior frequência das vezes ela ocorre 
depois de uma aguda, que não deu conta de eliminar o agente agressor. Porém, a inflamação crônica 
também pode acontecer sem nunca ter tido inflamação aguda nenhuma. Ela pode começar de forma 
insidiosa, silenciosa, como acontece com trabalhadores de marmoraria, de pedreiras, que inalam o pó de 
pedra há anos e não sente nada, depois de alguns anos de exposição ele começa a sentir falta de ar, 
porque a sílica inalada não estimula reação inflamatória aguda. Ela consegue chegar ao alvéolo 
pulmonar, o macrófago fagocita, mas ela é uma partícula insolúvel, ou seja, vai estimular deposito de 
colágeno nas áreas que tem o macrófago com o estimulo agressor. Então, o pulmão do paciente vai 
ficando todo fibrosado. Na frequência, a crônica acontece depois da aguda, porem pode acontecer sem 
nunca ter havido nenhuma inflamação aguda, como uma resposta de baixo grau, latente, muitas vezes 
assintomáticas. Exemplo de inflamações crônicas podem ser artrite reumatoide, tuberculose, doenças 
pulmonares crônicas, as pneumoconioses, principalmente as silicoses, etc. O asbesto além de induzir a 
inflamação crônica quando inalado ele também induz a neoplasia. 
As autoimunidades também estão no grupo de doenças crônicas, que ai o organismo vai ver essas 
células como estranhas. Então, em uma artrite reumatoide, num lúpus eritematoso, porque o processo 
finaliza, cicatriza e reinicia a inflamação, ou seja, é o ciclo que vai tendo as perdas ao indivíduo. A gente 
vê muito plasmocito principalmente em inflamação crônica persistente. Se for uma esquistossomose, uma 
tuberculose, uma infecção por fungo, o agente agressor ainda persiste, é muito comum além de 
macrófagos e plasmocitos, ver linfócitos também. Destruição tecidual continuada e tentativa de 
cicatrização, levando fibrose e angiogenese. Lembrar que plasmocito era linfócito B, que pra ele produzir 
e secretar anticorpo ele vira plasmocito, porque ele aumenta a produção de reticulo endoplasmático 
rugoso, que é a organela de síntese proteica, pra produzir e secretar anticorpo. Tem área esbranquiçada 
que mostra o colágeno no corte histológico, e áreas avermelhadas que mostram os novos vasos 
sanguíneos. Os macrófagos são capazes tanto de produzir TNF-alfa e IL-1 pra gerar o processo 
inflamatório, ele serve como apresentador de antígeno, e ele faz ativação dos linfócitos, está sempre 
presente por interferon, pra resposta viral, junto com linfócito, então o macrófago está sempre agindo em 
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várias atividades vinculadas ao processo inflamatório agudo, processo inflamatório crônico, mecanismo 
de cura, etc. O macrófago ativado fica aumentado, por isso nos vimos no corte histológico ele com um 
núcleo mais avantajado, e ele pode adquirir diversas formas, ele pode emitir pseudopodos pra poder 
fagocitar, ele quando ativado, o núcleo dele fica aumentado porque está produzindo ou proteínas de 
crescimento, ou citocinas, está em maior atividade; e ele pode ficar com um formato longitudinal, que são 
células epitelioides; ainda pode unir vários macrófagos num único citoplasma formando o que é chamado 
de célula gigante. Ele aumenta volume, aumenta metabolismo, aumenta capacidade de fagocitose, 
aumenta produção de espécies reativas de oxigênio, aumenta produção de citocinas. Ele tanto atua em 
processo inflamatório agudo quanto estimula processo crônico, a partir de fibrose, estimulo aos 
fibroblastos na produção de colágeno, ativação dos fatores de crescimento ativando estimulo de 
angiogenese, ele é uma célula “coringa”. 
→ Tipos: Essa reunião de macrófagos no tecido faz com que a inflamação crônica tenha 2 modelos. 
Um é chamado de inflamação crônica especifica. Especifica porque vai montar uma estrutura de 
isolamento que é chamada de granuloma de corpo estranho. Se é uma inflamação crônica, a gente sabe 
que persiste o agente agressor, se ela é especifica eu sei o que está ali, eu tenho condição de saber que 
é, por exemplo, um graveto. A especifica gera um diagnóstico diferencial. Mostra quem é o agente 
agressor e vai formar um granuloma. O outro modelo é a inflamação crônica inespecífica, nós não vamos 
identificar quem é o agente agressor. Por exemplo, a silicose. Você vai diagnosticar pela anamnese, pela 
história do paciente, mas numa biopsia você não tem como saber. Portanto, se é inespecífica, significa 
que não vai ter produção de granuloma. A fibrose que acontece na silicose não é granuloma, é só jogar 
colágeno para isolar. O granuloma é uma estrutura de isolamento e ela é justificada, ou seja, só vai 
produziro granuloma se tiver um agente agressor pra ser isolado. Se tiver um vidro, se tiver um graveto, 
se tiver um ovo de schistosoma, por exemplo. Tem um objeto que é maior do que o macrófago consegue 
fagocitar. Os granulomas são agregações microscópicas de macrófagos, ele vai ficar com um núcleo 
alongado. São cercados por linfócitos e plasmocitos, que são células do plasma. Os plasmocitos podem 
fazer parte do granuloma e outra célula chama-se fibroblasto, que sintetiza o colágeno, vai ser o “papel 
de embrulho”. A parte mais externa de um granuloma vai ser o colágeno. Os granulomas são resultados 
da resposta celular mediada por linfócitos T pois produzem linfocinas estimulando os macrófagos. 
Ocorrem na tuberculose, na lepra, na sífilis, infecções provocadas por fungos, presença de corpo 
estranho (vidro, graveto). Quando está cheio de eosinófilo tentando destruir um agente agressor, não 
consegue pois o ovo é muito difícil de ser digerido. Então, além de eosinófilos, está sendo formado 
macrófagos e linfócitos. Ai ele é chamado de granuloma exsudativo, porque se retrata ao infiltrado 
leucocitário diante de um agente agressor. Só que a carapaça do ovo é difícil de ser eliminada, então eles 
migram mas ai não acontece nada. O ovo persiste, a 
larva com o tempo morre. Ele é uma estrutura de 
isolamento que vai ser construído de acordo com a 
presença e persistência de um agente agressor, sai de 
um processo mais inflamatório para uma fibrose. O 
macrófago é a célula principal de um granuloma. O 
padrão molecular, quando é fio de sutura, quando é 
espinho, graveto, inerte, é não biológico e não 
imunológico, o macrófago forma células gigantes com 
núcleos centralizados. Quando é imunológico, na 
tuberculose, lepra, hanseníase, os macrófagos formam 
células gigantes com núcleo periférico. Até no aspecto 
você consegue saber se é só um produto inerte ou um 
agente agressor imunológico. A inflamação crônica 
inespecífica já diz que tem um agente agressor mas não se sabe qual agente. Não há a produção de 
granuloma.

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