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Características da Amoeba Entamoeba

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Daniele Longo 
 AMEBÍASE 
 
1 
 
→ Classificação: Todas as espécies do gênero Entamoeba vivem no intestino grosso de humanos ou de 
animais, à exceção da Entamoeba moshkoviskii, que é uma ameba de vida livre. Esse gênero se 
caracteriza por possuir núcleo esférico ou arredondado e vesiculoso, com a cromatina periférica formada 
por pequenos grânulos justapostos e distribuídos regularmente na parte interna da membrana nuclear, 
lembrando uma roda de carroça; o cariossoma é relativamente peque- no, central ou excêntrico. As 
espécies de ameba pertencentes ao gênero Entamoeba foram reunidas em grupos diferentes, segundo o 
número de núcleos do cisto maduro ou pelo desconhecimento dessa forma. São eles: 1) Entamoeba com 
cistos contendo oito núcleos, também chamada grupo coli: E. coli (homem), E. muris (roedores). E. 
gallinarum (aves domésticas). 2) Entamoeba de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo 
hystolytica: E. histolytica (homem), E. dispar (homem), E. ranarum (sapo e rã), E. invadens (cobras e 
répteis), E. moshkoviskii (vida livre). 3) Entamoeba de cisto com um núcleo: E. polecki (porco, macaco e, 
eventualmente, humanos), E. suis (porco, para alguns sinonímia de E. polecki). 4) Entamoeba cujos cistos 
não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gingivalis (humanos e macacos). 
→ Morfologia: As amebas citadas se distinguem umas das outras pelo tamanho do trofozoíto e do cisto, 
pela estrutura e pelo número dos núcleos nos cistos, pelo número e formas das inclusões citoplasmáticas 
(vacúolos nos trofozoítos e corpos cromatóides nos cistos). Trofozoito: Geralmente tem um só núcleo, 
bem nítido nas formas coradas e pouco visível nas formas vivas. Examinando a fresco, apresenta-se 
pleomórfico, ativo, alongado, com emissão contínua e rápida de pseudópodes, grossos e hialinos; o 
trofozoíto não-invasivo ou virulento apresenta bactérias, grãos de amido ou outros detritos em seu 
citoplasma, mas nunca eritrócitos. O citoplasma apresenta-se em ectoplasma, que é claro e hialino, e 
endoplasma, que é finamente granuloso, com vacúolos, núcleos e restos de substâncias alimentares. O 
núcleo é bem visível e destacado, geralmente esférico. A membrana nuclear é bastante delgada e a 
cromatina justaposta internamente a ela é formada por pequenos grânulos, uniformes no tamanho e na 
distribuição, dando ao núcleo um aspecto de anel (aliança de brilhante). Na parte central do núcleo 
encontra-se o cariossoma, também chamado endossoma. E pequeno e com constituição semelhante à 
cromatina periférica. Às vezes, o cariossoma apresenta-se formado por pequenos grânulos centrais, dando 
uma configuração, com a cromatina, de "roda de carroça". Pre-cisto: É uma fase intermediária entre o 
trofozoíto e o cisto. É oval ou ligeiramente arredondado, menor que o trofozoíto. O núcleo é semelhante ao 
do trofozoíto. No citoplasma podem ser vistos corpos cromatóides, em forma de bastonetes, com pontas 
arredondadas. Metacisto: É uma forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, onde 
sofre divisões, dando origem aos trofozoítos. Cistos: São esféricos ou ovais. Em preparações sem 
coloração ou a fresco, eles aparecem como corpúsculos halinos, claros, às vezes de coloração palha, com 
as paredes refringentes. Os núcleos são pouco visíveis. A membrana nuclear é mais escura devido ao 
revestimento da cromatina, que é um pouco refringente; o cariossoma é pequeno, situado no centro do 
núcleo. Os corpos cromatóides, quando presentes nos cistos, têm a forma de bastonetes ou de charutos, 
com pontas arredondadas. Às vezes apresentam-se como massas de formas regulares; seu número é 
variável, mas, em geral, de um quatro. Na microscopia eletrônica, os trofozoítos da E. histolytica se 
caracterizam pela ausência de mitocôndria, aparelho de Golgi, retículo endoplasmático, centríolos e 
microtúbulos que são organelas diferenciadas e encontradas nas células eucariotas. 
Daniele Longo 
 AMEBÍASE 
 
2 
 
→ Ciclo biológico: Os trofozoítas da E. 
histolytica normalmente vivem na luz do 
intestino grosso podendo, 
ocasionalmente, penetrar na mucosa e 
produzir ulcerações intestinais ou em 
outras regiões do organismo, como 
fígado, pulmão, rim e mais raramente, no 
cérebro. No ciclo, encontramos uma série 
de estágios: trofozoíto, pré-cisto, cisto e 
metacisto. O ciclo se inicia pela ingestão 
dos cistos maduros, junto de alimentos e 
água contaminados. Passam pelo 
estômago, resistindo à ação do suco 
gástrico, chegam ao final do intestino 
delgado ou início do intestino grosso, 
onde ocorre o desencistamento, com a saída do metacisto, através de uma pequena fenda na parede 
cística. Em seguida, o metacisto sofre sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a 
quatro e depois oito trofozoítos, chamados trofozoítos metacísticos. Estes trofozoítos migram para o 
intestino grosso onde se colonizam. Em geral, ficam aderidos à mucosa do intestino, vivendo como um 
comensal, alimentando-se de detritos e de bactérias. Sob certas circunstâncias, ainda não muito bem 
conhecidas, podem desprender da parede e, na luz do intestino grosso, principalmente no cólon, sofrer a 
ação da desidratação, eliminar substâncias nutritivas presentes no citoplasma, transformando-se em pré-
cistos; em seguida, secretam uma membrana cística e se transformam em cistos, inicialmente 
mononucleados. Através de divisões nucleares sucessivas, se transformam em cistos tetranucleados, que 
são eliminados com as fezes normais ou formadas. Geralmente não são encontrados em fezes liquefeitas 
ou disentéricas. 
→ Transmissão: O mecanismo de transmissão ocorre através de ingestão de cistos maduros, com 
alimentos (sólidos ou líquidos). O uso de água sem tratamento, contaminada por dejetos humanos, é um 
modo frequente de contaminação; ingestão de alimentos contaminados (verduras cruas - alface, agrião; 
frutas - morango) é importante veículo de cistos. Alimentos também podem ser contaminados por cistos 
veiculados nas patas de baratas e moscas (essas também são capazes de regurgitar cistos anteriormente 
ingeridos). Além disso, falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos dentro da família. 
Os "portadores assintomáticos" que manipulam alimentos são os principais disseminadores dessa 
protozoose. 
→ Patogenia: Amebíase é a infecção do homem causada pela Entamoeba histolytica, com ou sem 
manifestação clínica. Um dos mais intrigantes aspectos da biologia dessa ameba é sua inexplicada 
variabilidade quanto ao potencial patogênico e diferença de virulência. Este fato parece estar diretamente 
ligado à natureza de fatores que determinam a virulência do parasito, principalmente o que faz mudá-lo de 
um tipo comensal para um agressivo, invasor. Parece que o início da invasão amebiana é resultante da 
ruptura ou quebra do equilíbrio parasito-hospedeiro, em favor do parasito. Com relação ao parasito, sabe-
se que a evolução da patogenia ocorre através da invasão dos tecidos pelos trofozoítos invasivos e 
virulentos. Na submucosa, as amebas podem progredir em todas as direções, determinando inicialmente a 
típica ulceração chamada "botão de camisa" ou "colo de garrafa". As lesões amebianas são mais 
frequentes no ceco e na região retossigmodiana. As úlceras variam muito em tamanho e forma e podem 
estender-se a grandes proporções do intestino grosso. Ocasionalmente, os trofozoítos podem induzir uma 
resposta inflamatória proliferativa com formação de uma massa granulomatosa, chamada "ameboma". 
Essa formação não é comum na amebíase. As amebas podem penetrar nos vasos sanguíneos e, através 
da circulação porta, atingir primeiramente o fígado, que é o principal órgão com acometimento extra-
intestinal, formando abscessos ou, mais propriamente, "necrosecoliquativa". Podem também atingir o 
Daniele Longo 
 AMEBÍASE 
 
3 
 
pulmão e mais raramente o cérebro. Atingem ainda, em certas circunstâncias, a pele e as regiões anal ou 
vaginal (períneo). A colite não-disentérica é uma das formas clínicas mais frequentes no nosso meio. A 
colite não-disentérica se manifesta por duas a quatro evacuações, diarreicas ou não, por dia, com fezes 
moles ou pastosas, às vezes contendo muco ou sangue. Pode apresentar desconforto abdominal ou 
cólicas, em geral localizadas na porção superior. Raramente há manifestação febril. O que caracteriza esta 
forma no nosso meio é a alternância entre a manifestação clínica e períodos silenciosos, com 
funcionamento normal do intestino. A disenteria amebiana aparece mais frequentemente de modo agudo, 
acompanhada de cólicas intestinais e diarreia, com evacuações mucossanguinolentas ou com 
predominância de muco ou de sangue, acompanhadas de cólicas intensas, de tenesmo ou tremores de 
frio. O paciente apresenta inúmeras evacuações mucossanguinolentas, prostrações e grave desidratação. 
Frequentemente ocorrem perfurações do intestino. As mais comuns complicações da amebíase intestinal 
são: perfurações e peritonite, hemorragias, colites pós-disentéricas e, mais raramente, estenose, 
apendicite e ameboma. 
→ Diagnostico: O diagnóstico só deverá ser considerado definitivo pelo encontro de parasitos nas fezes. 
O diagnóstico laboratorial usualmente é feito com fezes, soros e exsudatos. Embora o exame de fezes seja 
cansativo, consuma muito tempo na sua execução e dependa da competência do microscopista, é, sem 
dúvida, o mais usado. Tem como objetivo identificar trofozoítos ou cistos. Fezes formadas: Nas fezes 
formadas ou normais, o diagnóstico laboratorial é feito através do encontro dos cistos, utilizando-se 
técnicas de concentração. São muitas as técnicas de concentração; estão baseadas em dois princípios: 1) 
flutuação em solução de alta densidade, como a solução de sulfato de zinco. Esta técnica é usada no 
método de Faust e cols. 2) centrifugação em éter. Como a eliminação dos cistos é intermitente e irregular, 
aconselha-se coletar as fezes em dias alternados e coloca-las em conservadores. 
→ Profilaxia: Está intimamente ligada à engenharia e à educação sanitária. Contudo, mesmo nos países 
desenvolvidos, ainda encontramos grande disseminação da E. histolytica, indicando ser o "portador 
assintomático" o grande responsável. Portanto, seria de grande valia o exame frequente dos 
"manipuladores de alimentos" para detecção e tratamento de algum possível "portador assintomático" que 
estivesse atuando como fonte de infecção. Entretanto, isto só será conseguido após uma intensa e 
extensa campanha de educação sanitária, envolvendo-se todo o pessoal responsável pela área de saúde 
pública. Com finalidade doméstica, é possível evitar a ingestão de cistos viáveis, procurando lavar bem e 
tratar todos os alimentos crus.

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