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* * * DO ESTADO DE PERIGO O Estado de Perigo está previsto num único artigo do Código Ci -vil: Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. Seis são seus elementos: a) Uma situação de necessidade. Tra-ta-se da necessidade de salvar-se ou pessoa de sua família de grave da- no. b) O dano deve ser iminente e grave. O perigo de dano deve ser a-tual e o dano de que a vítima quer salvar-se deve estar prestes a ocorrer. Ex. – a pessoa deve estar se afogando; ou na iminência de morrer queima do. E o dano deve ser grave, a ser avaliado conforme as circunstâncias. c) Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de dano. A pessoa só fez a declaração que lhe causa grande prejuízo por -que estava em perigo. * * * d) O perigo de dano deve ameaçar o declarante ou pessoa de sua família. Aqui a situação é igual à prevista para a coação: se a pessoa for da família do declarante ( esposa, pai, filho ) nada mais precisa ser pro vado; se não for ( noiva, amigo íntimo ), a vítima deve provar que tal pes- soa lhe era muito querida. e) Conhecimento do perigo pela outra parte: A parte que é benefi- ciada pela declaração da vítima deve saber do perigo que a vítima ( ou pessoa querida sua ) corria. Há no caso um aproveitamento da situação da vítima para obtenção de vantagem. f) Assunção de obrigação excessivamente onerosa. A vítima as-sume uma obrigação muito grande em proporção ao serviço prestado pe-lo salvador. Tal obrigação normalmente será uma promessa de recompen sa muito elevada; ou a realização de um contrato com enorme vantagem para o salvador. EFEITOS DO ESTADO DE PERIGO Se presentes todos os requisitos previstos na lei, a consequência será a anulação do negócio jurídico ( art. 171, inciso II, do Código Civil ). Mas se não houver má fé do salvador, se não agiu ele para apro -veitar-se da situação da vítima, mesmo sabendo do perigo, entende a Dou * * * trina que o Juiz não deve anular o negócio, limitando-se a reduzir o valor da recompensa a um valor justo e adequado às circunstâncias ( Ex.- o ca- so do nadador que, atendendo aos gritos da vítima, atira-se à água quase instintivamente, arriscando a própria vida. O mesmo deverá ser feito quando o salvador não sabia do perigo que a vítima corria. Contudo, se houver má fé, se a parte, sabendo do perigo que a ví- tima corre, quiser se aproveitar dessa situação, o negócio será certamen- te anulado ( Ex. – o Hospital que exige grande depósito de dinheiro para o paciente ser internado numa UTI de urgência; o Médico que exige honorá rios excessivos para operar um paciente em perigo de vida; a pessoa que exige uma quantia exagerada para praticar um salvamento ). .
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