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Programa Hospitais de Excelência a Serviço do SUS Capacitação dos Profissionais de APH Móvel (SAMU 192) e APH Fixo SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS PARTE II Coordenadora: Dra. Lucimar Aparecida Françoso Módulo III – SUPORTE BÁSICO DE VIDA – EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS E NEONATAIS Dra. Renata D. Waksman Tema Aula Prática Atividade Aspectos gerais da anatomia e fisiologia da criança 1 0 1 Aspectos epidemiológicos de eventos envolvendo crianças e recém- nascidos 1 0 1 Avaliação primária e secundária da criança 1 1 1 Obstrução das vias aéreas por corpo estranho em pediatria 1 1 1 Parada respiratória e cardiorrespiratória em pediatria 1 1 1 Emergências clínicas cardiorrespiratórias 1 0 1 Emergências clínicas gastrointestinais e metabólicas 1 0 1 Emergências clínicas neurológicas e toxicológicas 1 0 1 Assistência ao recentemente nascido fora do ambiente hospitalar 1 1 1 SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS 1 0 1 PROGRAMA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS Ao final desta aula, o participante deverá ser capaz de: • Conhecer as formas de violência contra crianças e adolescentes; • Reconhecer os sinais sugestivos de violência contra crianças e adolescentes; SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS OBJETIVOS • Conhecer o papel das equipes de APH móvel diante da suspeita ou evidência de casos de maus tratos contra crianças e adolescentes; • Saber qual conduta deve ser tomada pela equipe; • Conhecer como se dá a notificação desses casos. SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS OBJETIVOS Como reconhecer os sinais sugestivos de maus tratos? Aspecto geral da criança: • Triste • Apática • Sonolenta • Agressiva • Atitudes de defesa • Desnutrição e/ou atraso de desenvolvimento VIOLÊNCIA FÍSICA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS Fonte: Arquivo pessoal 1. Cefalohematoma 2. Hematoma do pavilhão auricular 3. Hemorragia ocular 4. Hematoma de face 5. Lesões orais 6. Hematoma por estrangulamento 7. Hematomas 8. Fraturas com reações periostais 9. Pronação dolorosa 10.Fraturas 11.Arranhões 12.Lesões por flagelo (cinto) 13.Ruptura hepática 14.Ruptura esplênica 1 23 45 6 7 8 9 10 11 12 13 14 SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS 6. Hematoma por estrangulamento 12. Lesões por flagelo (cinto) 15. Alopécia traumática 16. Queimadura por cigarro 17. Mordedura 18. Contusões (socos, pontapés) 19. Ulcerações 20. Cicatrizes acidentais por negligência 6 12 15 1617 18 19 20 SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS Pele: • Hematomas • Escoriações • Queimaduras • Mordidas Fonte: Arquivo pessoal SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS EXAME FÍSICO Fonte: Arquivo pessoal SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS EXAME FÍSICO Lesão amarelada e amarelo - amarronzada (entre 7 e 30 dias) Lesão roxa (< 3 dias) Fonte: Arquivo pessoal SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS HEMATOMAS Lesão pardo-esverdeada (entre 3 e 7 dias) SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS - TRATOS Fonte: Arquivo pessoal QUEIMADURAS SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS EXAME FÍSICO - FACE Fonte: Arquivo pessoal EXAME FÍSICO Hemotórax Pneumotórax Tórax Abdome Fonte: Google Images SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Fonte: Arquivo pessoal SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS FRATURAS EM FASES DISTINTAS DE EVOLUÇÃO • Metafisárias por “arrancamento” • Múltiplas, bilaterais, em diferentes estágios de consolidação • Em costelas posteriores e escapulares • De crânio: múltiplas, complexas, de região occipital ou parietal posterior • Espiralares, em crianças que ainda não andam • Ossos dos pés e mãos por “pisoteamento” FRATURAS DECORRENTES DE MAUS TRATOS SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Síndrome do bebê sacudido/chacoalhado (Shaken Baby) • Criança violentamente sacudida • Geralmente menores de 1 ano (6 meses) • Com frequência motivada por: - irritação com o choro da criança ou - criança realiza algum ato (sobre o qual não tem domínio) mas que desagrada a quem cuida dela VIOLÊNCIA FÍSICA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • 90% são homens • Pai biológico é o mais comum • Quando do sexo feminino: babá mais do que a mãe biológica SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS AGRESSOR NA SÍNDROME DO BEBÊ SACUDIDO Consequências: • Hemorragias oculares • Cegueira ou lesões oftalmológicas • Lesões encefálicas • Atraso do DNPM • Convulsões • Lesões da medula espinal • Morte SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS SÍNDROME DO BEBÊ SACUDIDO Fraturas em arcos costais posteriores Fonte: Arquivo pessoal Hemorragias retinianas SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Arco costal posterior é a mais comum • Se a história for de queda, considerar: - Se DNPM da vítima é compatível - Altura e superfície da queda - Queda do berço não provoca hemorragia retiniana - Fraturas de crânio com lesões difusas do cérebro = queda > 150 cm sobre uma superfície dura FRATURAS NA SÍNDROME DO BEBÊ SACUDIDO SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Negligência: omissão de cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social da criança • Privação de alimentos • Privação de medicamentos • Falta de atendimento aos cuidados necessários com a saúde • Descuido com a higiene • Ausência de proteção • Falta de estímulo para escolarização NEGLIGÊNCIA E ABANDONO SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Abandono: Forma extrema de negligência Fonte: Arquivo pessoal NEGLIGÊNCIA E ABANDONO SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Intencional • Social: provocada por privação sócio-cultural • Ambas colocam em risco a vida física e emocional da criança • As duas situações devem ser notificadas • Intencional: para tratamento da vítima e familiares • Social: para tratamento clínico e social FORMAS DE NEGLIGÊNCIA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Submissão a atos ou atitudes de omissão do cuidar, de forma crônica, intencional (consciente) ou não (social ou cultural), com prejuízos de: • Higiene • Nutrição • Saúde • Educação • Estímulo ao desenvolvimento • Proteção • Afetividade Física Educacional Emocional FORMAS DE NEGLIGÊNCIA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Fonte: Google Images Negligência Física: Não prevenção de doenças/ alimentação inadequada SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Fonte: Google Images Emocional : Comportamento de risco / responsabilização excessiva SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Situação na qual a criança é trazida para cuidados médicos, mas os sintomas e sinais que apresenta são inventados, provocados ou induzidos por seus pais ou responsáveis. SÍNDROME DE MÜNCHAUSEN POR TRANSFERÊNCIA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Impõe sofrimentos físicos, com exigências de exames complementares desnecessários, uso de medicamentos e ingestão forçada de substâncias • Provoca danos psicológicos, multiplicação de consultas, internações sem motivo • Tempo médio para o diagnóstico: 15 meses SÍNDROME DE MÜNCHAUSEN POR TRANSFERÊNCIA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Asfixia com travesseiro: “relato de convulsão ou apnéia ou quase parada” • Administração de drogas por via oral: laxantes, anticonvulsivantes, benzodiazepínicos, etc • Intoxicação não acidental com produtos domésticos ou plantas • Administração intravenosa: sedativos, insulina, anticoagulantes, corticóides, urina, fezes, saliva - febre, bacteremia MANIFESTAÇÕES SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Sangue retirado da mãe ou dacriança: “hemorragias de repetição” • Uso de laxante: diarréia • Adição de açúcar na urina: glicosúria • Simulação de vômitos fecalóides • Simulação de paralisias (crianças maiores e adolescentes) MANIFESTAÇÕES SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Ato ou jogo sexual • Intenção: estimular sexualmente ou obter satisfação sexual • Agressor em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado • Relação hetero ou homossexual • Práticas eróticas e sexuais impostas por violência física, ameaças ou indução Fonte: Google Images VIOLÊNCIA SEXUAL SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Transgressão de ordem moral • Atinge crianças e adolescentes • Geralmente crônica • Raras evidências clínicas • Agressor intra ou extra-familiar VIOLÊNCIA / ABUSO SEXUAL SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Fonte: Google Images • Toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à auto estima, à identidade ou ao esenvolvimento da pessoa • Rejeição • Depreciação • Cobranças exageradas • Discriminação • Desrespeito • Punições humilhantes • Alterações bruscas de comportamento • Tiques ou manias • Depressão • Sinais de ansiedade ou medo • Auto estima baixa VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: Sinais mais comuns SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Dificuldade de fala ou gagueira • Enurese e/ou encoprese • Distúrbios alimentares:obesidade, anorexia/bulimia • Uso de drogas • Tentativa de suicídio VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: Sinais mais comuns SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Trauma intencional ou acidental? • Incompatibilidade entre dados da história e do exame físico • Omissão de toda ou de parte da história de trauma • Mudança da história toda vez que questionada • Histórias diferentes quando contadas por pessoas diferentes • Crianças maiores que não querem relatar o que aconteceu (com medo de represálias) Indicadores de Risco - Serviços de Emergência SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Indicadores de Risco - Serviços de Emergência SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • História de acidentes repetitivos ou com frequência acima da esperada • Ausência de medidas domésticas de segurança, levando a lesões de repetição e/ou acidentes graves • História de internações frequentes Avaliar de acordo com o ABCDE da reanimação: Avaliar responsividade A: permeabilidade das vias aéreas B: avaliação da respiração e oferta de oxigênio se necessário C: avaliação da circulação D: déficit neurológico E: exposição (procurar por lesões sugestivas) ABORDAGEM EM SBV SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS • Sempre que houver qualquer suspeita: levar a criança para o hospital • No hospital: relatar a suspeita ao plantonista, fornecendo maior número possível de detalhes • Anotar na Ficha de Atendimento • Internação muitas vezes é necessária ABORDAGEM EM SBV SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Informar o Médico-Regulador sobre a avaliação da vítima e aguardar orientação sobre condutas adicionais e o hospital de destino Notificação: idealmente realizada pelas unidades hospitalar ou de APH fixo SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS Notificação é compulsória: artigo 245 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “todos os casos suspeitos ou comprovados de qualquer forma de violência devem ser comunicados às autoridades, sob risco de punição nos casos de omissão” SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS ASPECTOS ESSENCIAIS • Identificação dos principais sinais de violência doméstica contra crianças e adolescentes • Reconhecimento do papel das equipes de APH na detecção desses sinais • Encaminhamento dos casos suspeitos para uma unidade hospitalar visando à proteção da vítima • Comunicação da suspeita ou evidência de violência ao médico da unidade hospitalar e anotação na Ficha de Atendimento • Assistir à aula • Ler texto disponibilizado na biblioteca virtual SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM 1. Pfeiffer L, Waksman RD. Injúrias intencionais (violências): reconhecimento da violência. In: Lopez FA, Campos Jr D. Tratado de Pediatria. 2ª ed. Barueri, Manole, 2009, p.127-33. 2. Cardoso ACA. Maus tratos infantis: estudo clínico, social e psicológico de crianças internadas no Icr do HC/USP. Tese de Doutorado, FMUSP, 2002. 3. Pfeiffer L, Waksman RD. Violência na infância e adolescência. In: Manual de Segurança da Criança e do Adolescente. São Paulo, Sociedade Brasileira de Pediatria/Nestlé Nutrition, 2004, p.193-288. 4. Brasil. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Segurança Infantil. Crianças e Adolescentes Seguros. SBP/Nestlé, 2005. 5. Kipper DJ. Maus tratos na infância. Jornal do Conselho Federal de Medicina, v. X, n. 79, 1999, p. 8-9. 6. Brasil. Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Caderno de violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes. São Paulo, 2007, 60p. Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br/saude_crianca_adolescente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS 7. Minayo MCS. O significado social e para a saúde da violência contra crianças e adolescentes. In: Westphal MF (org). Violência e Criança. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo (USP); 2002 p. 95-114. 8. Carmo CJ, Harada MJCS. Violência física como prática educativa. Rev. Latino Am. Enfermagem 2006, 14(6):849-56. 9. Azevedo MA. Pesquisando a violência doméstica contra crianças e adolescentes - a ponta do iceberg – Brasil 1996 a 2006. Disponível em: http://www.ip.usp.br/laboratorios/lacri/index2.htm, acessado em fev 2007. 10. Azevedo M A, Guerra VNA. Crianças Vitimizadas: A Síndrome do Pequeno Poder. São Paulo, Iglu, 1989. 11. Kemp CH, Silverman FN, Steele BF, Droegemueller W, Silver HK. The battered-child syndrome. JAMA 1962; 181. SUSPEITA OU EVIDÊNCIAS DE MAUS-TRATOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Programa Hospitais de Excelência a Serviço do SUS Capacitação dos Profissionais de APH Móvel (SAMU 192) e APH Fixo
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